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Gino Gehling
6. DECANTAÇÃO EM ETA
No projeto de decantadores devem ser dimensionadas as suas zonas de entrada e saída. A zona
de entrada engloba o canal de acesso aos decantadores, suas comportas de acesso e a cortina
distribuidora do fluxo. A zona de saída envolve o dimensionamento dos coletores da água
decantada.
O canal distribuidor de água floculada ao decantador deve distribuir a vazão o mais uniforme
possível entre as suas comportas de acesso.
U L2
h hE (1)
2g
Sendo:
h = perda de carga da água no canal que se desvia na comporta;
hE = perda de carga na entrada da interligação;
1
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
A perda de carga na entrada da interligação pode ser expressa em termos de energia cinética
da água que passa pela interligação Equação 2.
U 2L
hE (2)
2g
U
2
U2
h E m L (4)
U L 2 g
U
2
U2 U2
h m L L (5)
U L 2 g 2 g
U 2L
2
Um
h 1 (6)
2g UL
U 2L
h (8)
2g
2
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
Tabela 1: Valores de e
Comprimento da interligação
Longa 0,4 0.90
Curta 0,7 1,67
A vazão “Q0” que entra no canal distribuidor deve ser igual à soma das vazões “q” que saem
através das saídas laterais (interligações).
Q0 = q1 + q2 + .....+qi (11)
1 1
Q0 A (U L )1 1 ....... (15)
2 i
3
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
Exemplo:
Solução
A vazão desejada em cada comporta será 200 L/s/8 comportas = 25 L/s. A velocidade média
através das comportas deve situar-se em torno de 0,20 m/s. Usando-se dimensões 0,40 m x
0,40 m nas comportas, a velocidade será:
3
0,025 m
(U L ) i s 0,156 m
0,40 m 0,40 m s
A seguir apresenta-se o método iterativo para solução do problema, utilizando uma planilha
Excel (vide arquivo “Planilha Exemplo Canal de distribuição.xls”, cuja tabela está
inserida na página 8 deste doc.)
Iteração 1
Coluna 1: Corresponde a vazão total dividido pelo número de comportas
200 L / s L
qi 25
8 s
Coluna 2: Corresponde a velocidade da água através da comporta (saída lateral)
4
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
3
0,025 m
(U L ) i s 0,0156 m
0,40 m 0,40 m s
( U L )12 (0,156) 2
Para 1 = 2,545, (UL)i = 0,156, h 1 1 2,545 0,00316 m
2g 2 9,81
Iteração 2:
Coluna 2: Calcula-se a velocidade na primeira interligação lateral (comporta)
utilizando-se os valores de i determinados na primeira iteração.
1
Q n 1
( U L )1
A 1 i 1 i
5,071 0,155
0,200 1 m
( U L )1
(0,4 m 0,4 m) 2,544 s
5
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
1
( U L ) i ( U L )1
i
Para a comporta 3,
1 2,544 m
( U L ) 3 ( U L )1 0,155 0,156
3 2,485 s
0,517
( U L )1 0,155
Coluna 6: Corresponde ao valor de i
2
U
m 1
UL
Para = 1,67, = 0,7, (Um)1 = 0,111 m/s, (UL)1 = 0,156, [(Um)1/(UL)1]2 = 0,517,
1 1,67 0,517 0,7 1 2,563
Coluna 7: corresponde ao inverso da raiz quadrada de .
1 1
0,625
1 2,563
6
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
U 2L
h
2g
( U L )12 (0,155) 2
Para 1 = 2,563, (UL)i = 0,155, h 1 1 2,563 0,00316 m
2g 2 9,81
Iteração 3
Adota-se o mesmo procedimento detalhado para a iteração 2. Os cálculos prosseguem até que
uma condição pré-determinada seja atendida. Por exemplo, pode-se estabelecer que as razões
entre as diferenças entre as perdas de carga extremas (máxima e mínima) e a média sejam
menores que 1%. No exemplo, tem-se:
Perda de carga média = hmédio = 0,31205 m; hmáx = 0,31473 m; hmín = 0,31122 m
Assim, [(hmáx - hmédio) / hmédio]*100 = [(0,31473 – 0,31205)/0,31205]*100 = 0,86%
[(hmín - hmédio) / hmédio]*100 = [(0,31122 – 0,31205)/0,31205]*100 = 0,27%
Pode-se também estabelecer que as diferenças relativas entre as vazões nas comportas sejam
inferiores a 1%.
7
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
Vide “Planilha (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
Exemplo Canal de It INt qi (UL)i (Qm)i (Um)i [(Um)i/(UL)i]2 i 1/( i)0,5 hi x 10-2
distribuição.xls” (L/s) (m/s) (L/s) (m)
1 25 0,156 200 0,111 0,506 2,544 0,627 0,317
2 25 0,156 175 0,110 0,493 2,523 0,630 0,314
3 25 0,156 150 0,107 0,470 2,485 0,634 0,309
4 25 0,156 125 0,112 0,510 2,552 0,626 0,318
1
5 25 0,156 100 0,119 0,580 2,669 0,612 0,332
6 25 0,156 75 0,096 0,379 2,332 0,655 0,290
7 25 0,156 50 0,104 0,444 2,442 0,640 0,304
8 25 0,156 25 0,100 0,410 2,384 0,648 0,297
Soma = 200 5,071
1 24,72 0,155 200,00 0,111 0,517 2,563 0,625 0,312
2 24,83 0,155 175,28 0,110 0,502 2,538 0,628 0,311
3 25,02 0,156 150,45 0,107 0,472 2,489 0,634 0,310
4 24,69 0,154 125,43 0,112 0,527 2,580 0,623 0,313
2 5 24,14 0,151 100,74 0,120 0,632 2,755 0,602 0,320
6 25,82 0,161 76,60 0,098 0,370 2,318 0,657 0,308
7 25,24 0,158 50,78 0,106 0,450 2,451 0,639 0,311
8 25,54 0,160 25,54 0,102 0,410 2,384 0,648 0,310
Soma = 200,00 5,054
1 24,71 0,154 200,00 0,111 0,517 2,564 0,624 0,31182
2 24,84 0,155 175,29 0,110 0,501 2,537 0,628 0,31164
3 25,08 0,157 150,45 0,107 0,470 2,485 0,634 0,31122
4 24,64 0,154 125,36 0,112 0,528 2,583 0,622 0,31207
3 5 23,84 0,149 100,73 0,120 0,648 2,782 0,600 0,31473
6 25,99 0,162 76,89 0,099 0,368 2,315 0,657 0,31130
7 25,27 0,158 50,90 0,106 0,451 2,453 0,639 0,31191
8 25,63 0,160 25,63 0,103 0,410 2,384 0,648 0,31173
Soma = 200,00 5,052
8
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
A entrada de água floculada no decantador é feita através de uma cortina perfurada, de modo
a uniformizar o fluxo de água em toda a seção transversal do decantador. A cortina é feita de
madeira ou paredes de alvenaria ou concreto. As Figuras 3 e 4 ilustram, respectivamente, a
isométrica e o perfil de uma cortina distribuidora.
9
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
1o) A distância entre orifícios deve ser menor ou igual a 0,5 m. Isto é, pelo menos 4 orifícios
por m2;
2o) A distância entre a parede da comporta e a cortina é calculada de acordo com a Equação
(17);
a
L 1,5 Hu (17)
A
Sendo:
L = distância entre a parede das comportas e a cortina;
a = área de cada orifício;
A = área da seção transversal do decantador;
Hu = altura útil do decantador.
P
G (18)
V
A U hf
G (19)
V
V S2 x (20)
Sendo:
S = distância entre dois orifícios consecutivos;
x = alcance dos jatos até que haja interferência entre eles. A Equação 19 fica:
A U hf
G (21)
S2 x
Q C D a 2g h f (22)
10
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
2 2
Q 1 U 1
h f (23)
CD a 2 g CD 2g
2
g U D2 U 1
G (24)
S2 x 4 CD 2g
D U3
G (25)
S 8 C 2D x
O alcance dos jatos nos orifícios pode ser estimado pelas Figuras 5 e 6.
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
Exemplo
U D 0,265 s 0,05 m
m
Número de Reynolds: N R 13262
10 6 m
2
s
Pelo gráfico da Figura 5, encontra-se x/S = 4,5 Como S = 0,5, x = 2,25
1o) Os canais de coleta de água decantada devem ter escoamento livre e ter bordas horizontais.
Ao longo destas bordas, podem ser dispostas lâminas ajustáveis ou vertedouros triangulares
de modo a uniformizar a coleta de água;
2o) O nível de água no interior do canal deve estar no mínimo a 10 cm da borda vertente;
3o) A vazão por metro de vertedor ou de tubo perfurado deve atender a Equação (26);
q 0,018 H v s (26)
Sendo:
q = vazão unitária, [L/sm];
H = profundidade do decantador, [m];
vs = velocidade de sedimentação, [m3/m2dia]. A velocidade vs deve ser determinada em
ensaios de laboratório.
Na ausência de ensaios de laboratório, a vazão por metro linear nos vertedouros deve ser
menor ou igual a 1,8 L/sm.
Sendo:
13
IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
A hidráulica do canal de coleta de água decantada deve considerar que o canal recolhe água
ao longo de todo seu comprimento (Figura 8). Neste caso, a linha d’água no canal tem a
forma de uma parábola cuja tangente na extremidade de montante é horizontal. Viana (2002)
apresenta o desenvolvimento matemático que permite calcular altura máxima no canal, h o.
Q 1,38 b h 3o (28)
Para o decantador que recebe 50 L/s de água e com calhas dispostas como na Figura 6,
calcule:
Solução
50 L
A extensão total da calha de coleta de água decantada será: L s 28 m
1,8 L / s m
Altura máxima da lâmina d’água no interior da calha é calculada pela Equação (28).
2
Q 3
ho
1,38 b
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IPH 02058: Tratamento de Água e Esgoto, Capítulo 6 Prof. Gino Gehling
Sendo Q = vazão total recolhida por todas as calhas = 50 L/s. No caso da disposição mostrada
na Figura 7, existem duas calhas centrais que recebem vazão pelos dois lados, e duas calhas
junto às paredes que recebem vazão por um lado. Considerando que cada lado recebe a vazão
q, pode-se calcular q pela equação:
As calhas centrais recebem 16,67 L/s cada, e as das paredes, 8,33 L/s. O valor de “b” é dado e
igual a 0,30 m. Assim, a altura máxima do nível de água ocorrerá nas duas calhas centrais.
2
0,01667 m 3 3
s
ho 0,117 m
1 ,38 0,30 m
De acordo com a recomendação da NBR 12.216, o nível de água máxima no interior do canal
deve estar, no mínimo, a 10 cm abaixo da borda vertente. Uma altura na calha de 0,25 m
garantiria o valor mínimo. Assim, as dimensões da calha devem ser 0,30 m x 0,25 m.
1
0,000278 2,5
h 0,032 m
1,46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12216 – Projeto
de Estação de tratamento de Água para Abastecimento Público: Procedimento. Rio de
Janeiro: ABNT, 1992.
RICHTER, C.A. Água. Métodos e Tecnologia de Tratamento. São Paulo: Blücher, 2009.
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