Luiz Albuquerque*
ÍNDICE
Pág.
1. INTRODUÇÃO 02
2. ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO 03
3. OS PRINCIPAIS TEMAS E PROBLEMAS DA ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO 06
3.1 Análise de Impacto Econômico 06
3.2 Análise Econômica Normativa 07
3.3 Análise Econômica Explicativa. 10
4. NOÇÕES BÁSICAS DE ECONOMIA APLICADA AO DIREITO 11
4.1 Economia e Análise Econômica do Direito 11
4.2 Conceitos básicos 12
4.2.1 Economia 13
4.2.2 Microeconomia 13
4.2.3 Macroeconomia 14
4.2.4 Recursos ou fatores de produção 14
4.2.5 Bens 14
4.2.6 Serviços 15
4.2.7 Eficiência 15
4.2.8 Custo de oportunidade 15
4.2.9 Mercado 15
4.2.10 Curva de Demanda 16
4.2.11 Curva de Oferta 16
4.2.12 Preço de Equilíbrio e Mecanismo de Mercado 17
4.2.13 Intervenção do governo 18
4.2.14 “Mão Invisível” 18
4.2.15 Liberalismo Econômico 19
4.2.16 Pressupostos do Liberalismo. 19
4.2.17 Falhas de mercado: Condições para intervenção do Estado 20
4.3 Conclusões acerca da fundamentação econômica 23
5. APLICAÇÕES PRÁTICAS DA ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO 24
5.1 Aplicações genéricas da Análise Econômica do Direito 24
5.2 Critérios específicos: Riscos, incentivos e custos de transação 30
5.2.1 Incentivos 30
5.2.2 Riscos 32
5.2.3 Custos de Transação 34
5.3 Aplicação dos critérios específicos em estudo de casos: O arrendamento chinês (sharecropping) 35
5.3.1 Incentivos 36
5.3.2 Custos Transacionais 37
5.3.3 Riscos 37
5.3.4 Conclusões 37
5.3.5 Novas aplicações 38
5.4 Análise Econômica da Regulação 38
5.4.1 Regulação por Interesse Público 39
5.4.2 Regulação por Interesse Privado (Public ChoiceTheory) 40
5.5 Análise Econômica do Mercado de Ações 44
5.5.1 Análise Comparativa 44
5.5.2 Controle Concentrado e Difuso 45
5.5.3 Custos e conflitos da separação entre controle e propriedade (acionista e administrador) 45
5.5.4 Conclusões sobre o mercado de ações 46
6. Aplicações Indevidas da Análise Econômica do Direito 47
7. Auto- crítica da Análise Econômica do Direito 48
8. BIBLIOGRAFIA 49
*
José Luiz Singi Albuquerque é mestre em Análise Econômica do Direito (Law & Economics) pela
Universidade de Utrecht, Holanda; professor de Direito Internacional Público e Privado da Universidade Federal
de Ouro Preto; professor de Direito Econômico da Faculdade Mineira de Direito (PUC – Minas, Unidade
Coração Eucarístico) em 2005; professor de Direito Internacional Econômico e Direito Internacional Público da
Faculdade de Direito Milton Campos; consultor em Direito do comércio internacional e em projetos de
articulação interinstitucional. E-mail: albuquerque.int@adv.oabmg.org.br
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 2
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
1. INTRODUÇÃO
dificultada pela lacuna existente sobre o tema na literatura em língua portuguesa.1 Neste
sentido, o presente artigo foi concebido para servir de texto-base de apoio às aulas, sem
O artigo será dividido em seis partes, a saber: 1º.) apresentação geral do tema e dos
principais autores envolvidos nesta linha de investigação; 2º.) introdução aos objetos de
estudo da Análise Econômica do Direito; 3º.) revisão de alguns conceitos básicos das
1
A lacuna que se discute aqui não se refere à falta de artigos científicos que utilizam a Análise Econômica do
Direito como marco teórico, e sim de carência de textos didáticos voltados para a introdução deste tema para
estudantes de graduação.
2
Este artigo é carinhosamente dedicado a todos os meus alunos, particularmente aos que me estimularam a
escrever.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 3
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
criação e aplicação do direito. Sendo mais preciso: algumas normas influenciam certos
entanto, não é óbvia qual seria, exatamente, esta tal “influência” (o que?); nem tampouco a
maneira pela qual um influenciaria o outro (como?); nem muito menos as razões pelas quais
esta influência ocorreria (por que?). Diferentes normas têm diferentes efeitos sobre a
economia. Entretanto, estes efeitos econômicos não são facilmente percebidos pelo jurista.
Parece, então, ser necessário dominar estes dois campos do conhecimento para
arriscarmos qualquer tipo de resposta a estas questões. Contudo, a relação entre estas duas
matérias parece ser tão ampla e complexa que as tentativas de proceder a uma análise
metodológicas.
Mas estas dificuldades não impediram que Ronald Coase3 e Richard Posner4
barreiras paradigmáticas entre Direito e Economia nas décadas de 1960 e 1970 lançando as
3
Os doutrinadores são unânimes em considerar que o ponto de partida da Análise Econômica do Direito foi a
publicação do artigo “The problem of social cost”em 1960.
4
Richard Posner Publicou em 1972 o livro “Economic Analysis of Law” que foi o primeiro com uma abordagem
generalista sobre o tema. Este livro teve o mérito de popularizar a matéria dentro e fora dos Estados Unidos. No
Brasil, Posner talvez seja o único autor conhecido fora dos círculos de Direito Econômico. Infelizmente, pouco
ou nada se conhece da extensa obra em Análise Econômica do Direito que foi produzida desde então.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 4
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
ambos se tornaram influentes juízes nos Estados Unidos. A partir de então, a Análise
Econômica do Direito, ou “Law and Economics” como ficou conhecida, passou a ser
compreender que tipo de impacto econômico teriam as normas que estavam sendo criadas.
aproveitada por inúmeros pensadores que perceberam a fertilidade deste casamento entre
Direito e Economia e aplicaram este insight nos mais variados campos do conhecimento,
Direito:6
▪ 1986 – James Buchanan: pelos estudos sobre as bases contratuais e constitucionais das
Theory) ;
funcionamento da economia;
5
O famoso Prêmio Nobel foi criado em 1901 por Alfred Nobel para homenagear grandes conquistas no campo
da física, química, medicina, literatura e paz. Em 1968, o Sveriges Riksbank (Banco da Suécia) instituiu o
Prêmio em Ciências Econômicas, em memória a Alfred Nobel. Note-se que não há Prêmio Nobel em Direito.
6
Disponível em: http://nobelprize.org/economics/laureates/index.html . Acesso em 11 out. 2005
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 5
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
▪ 1992 – Gary Becker: por ter estendido os domínios da análise microeconômica para
mercado;
▪ 2005 – Robert Aumann & Thomas Schelling: pelas pesquisas sobre conflito e
Como se vê, Análise Econômica do Direito tem sido utilizada não apenas em
direito processual, ambiental e ou mesmo penal.7 Por tudo isto, vários doutrinadores, dentre
século XX.
Para uma visão panorâmica dos diversos temas abordados pela Análise Econômica
7
Contudo, vale ressaltar que, para o autor, a aplicação de critérios econômicos para avaliação de questões
penais, dentre outras, merece sérias reservas e só parece merecer consideração em um número reduzido de
situações.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 6
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
DIREITO
análise de diferentes aspectos do direito que têm natureza econômica, e cujas principais
múltiplas relações entre direito e economia, este artigo dividirá – por razões didáticas –
objetivo aqui é justamente o de familiarizar o leitor com os temas enfrentados pela Análise
Qual seria o tipo de influência que uma determinada norma poderia ter sobre o
É importante esclarecer desde o início que quando neste artigo for utilizado o termo
“norma”, ele deve ser interpretado de maneira ampla enquanto uma manifestação do direito.
Por isto “norma” vai ser usada como uma referência genérica que engloba a noção de lei,
sentença, contrato, medida de política econômica, etc. Neste mesmo sentido, a palavra
tem por objetivo descrever relações de causa e efeito, de maneira a prover explicações e
Ao aplicar uma análise positiva ao estudo de uma determinada norma com o intuito
Impacto Econômico” ou “Análise de Efeito”.8 Este tipo de análise muitas vezes revela que
vezes até conseqüências contrárias aos objetivos pretendidos com tal norma. (DE GEEST,
2001a, p.2)
Uma análise de impacto econômico pode ser utilizada, por exemplo, por um governo
aumento? Poderíamos indagar, a título de ilustração, se este aumento seria repassado para
econômica, etc.
pretender saber que tipo de norma seria mais adequada para a obtenção de determinados
8
Tradução da expressão em inglês: “Effect Analyses”.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 8
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
objetivos econômicos. Suponhamos que o governo9 tenha um objetivo social10 que ele
norma que poderia atingir este objetivo de maneira a se obter o máximo benefício e o
dentro do qual se deseja atingir certo objetivo através da criação de uma norma, pergunta-
se: que características deveria ter ou como deveria ser esta norma para que se atingisse tais
escolher a alternativa mais eficiente de todas. Ou seja, uma vez comparadas diferentes
possibilidades, a análise normativa sugere qual deveria ser escolhida segundo o critério da
eficiência econômica. É claro que na tomada de decisões há um juízo de valor que deve
levar em consideração este critério juntamente com tantos outros que se relacionam ao tema.
implicaria avaliar vários tipos de normas que poderiam, em tese, atingir o mesmo objetivo
social, comparando-as no que diz respeito ao critério do custo econômico, para então
defender a escolha que represente a melhor relação custo-benefício. É claro que nesta
9
O exemplo poderia ser feito com relação a um juiz que emite uma sentença, empresas que celebram um
contrato, países que negociam um tratado ou qualquer outro processo no qual se cria uma norma com intuito de
se atingir certos objetivos.
10
Objetivo social aqui significa uma meta política do governo para com a sociedade que pode ter natureza
econômica, cultural, ambiental, etc.
11
Tradução da expressão em inglês: “Normative Economic Analyses”.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 9
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
escolha deve-se também levar em consideração outros valores e fatores além da questão
Tomemos como exemplo de possível aplicação deste tipo de análise uma situação
em que o governo tenha interesse em promover a construção de uma grande obra de infra-
estrutura, mas careça dos recursos necessários para fazê-lo. Podendo se valer do direito em
todas as suas modalidades para atingir seu objetivo, como o governo poderia agir de
maneira mais eficiente? Como estamos conjeturando em uma situação hipotética sem dispor
de números ou valores reais, não é possível oferecer uma resposta concreta. Contudo nosso
argumentos a favor e contra cada uma das alternativas e depois escolham a que parece ser
a) aumentar tributos gerais incidentes sobre toda população ou aumentar tributos específicos
b) destinar estes recursos para que empresas estatais conduzam as obras ou fazer uma
licitação e usar os recursos para pagar as empresas privadas que se mostrarem mais
eficientes?
c) conceder incentivos fiscais para empresas privadas construir com seus próprios recursos?;
perspectiva de sugerir como deveria ser uma norma para que ela possa produzir os
dedica a tentar compreender qual seria a racionalidade econômica por trás de normas já
existentes.12 Acredita-se que muitas vezes o legislador tem, direta ou indireta, explicita ou
Explicativa, em geral, tentaria dar uma explicação “econômica” para certas normas. (DE
Para o autor deste artigo, a aplicação mais interessante deste tipo de análise se
interação que ocorre entre governantes e eleitores no processo político que leva à adoção de
agentes legislativos (representantes do governo) que desejam atingir certo objetivo junto ao
eleitorado através da edição de normas. E por outro lado, entender como tende a ser o
12
Tradução da expressão em inglês: “Explanatory Economic Analyses”
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 11
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
comportamento dos eleitores que desejam provocar a adoção de certas normas por parte do
governo.
legislativos que desejam provocar certo efeito no domínio econômico através de medidas de
obter dos agentes legislativos a edição de certas medidas de política econômica visando a
Este tema será aprofundado abaixo, mas só para ilustrar com um exemplo uma
aplicação desta linha de investigação, sugere-se uma reflexão nos termos esboçados acima
sobre a maneira como o processo de privatização se deu no Brasil nos anos 1990.
critérios das ciências econômicas. Por isto faz-se necessário proceder a uma breve revisão
Isto significa, acima de tudo, enxergar os custos e benefícios por trás das normas que nem
sempre são tão evidentes aos olhos dos juristas. Uma vez sabendo quais tendem a ser os
verdadeiros custos gerados pelo direito, seria possível trabalhar com normas de maneira a
Neste sentido, vai-se aplicar a metodologia científica das ciências econômicas para
determinadas normas. Daí se poderia supor quais tenderiam a ser os resultados concretos de
ressaltar que parece ser mais seguro e eficaz não exagerar no alcance desta aplicação e ficar
qual as pessoas são racionais, e por serem racionais sempre tentam agir de maneira a
aumentar sua riqueza adotando condutas que ofereçam a melhor relação custo-benefício.
riqueza. Normas eficientes seriam aquelas que fazem com que pessoas racionais se
riqueza.
conceitos e noções importantes para uma familiarização com a Economia. Trata-se apenas
da apresentação destas idéias tendo em vista tão somente a facilitação da leitura deste artigo.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 13
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
deste artigo.
escassos para produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros
da sociedade (TROSTER & MOCHÓN, 2002, p. 5). Este conceito é baseado no princípio
da escassez, segundo o qual os bens são escassos porque os indivíduos desejam muito mais
necessidades dos indivíduos não são. Supõe-se que nunca haverá recursos suficientes para
atender a todos os desejos de todas as pessoas. Até porque, sempre se quer mais do que se
tem. Ou seja, os desejos não são estáticos, e sim dinâmicos. (TROSTER & MOCHÓN,
2002, p. 6).
liberal (ou neoliberal) se tornou de tal maneira hegemônica que a maioria dos livros nem
liberal. Como a Análise Econômica do Direito se desenvolveu dentro deste marco teórico,
este artigo trabalhará com a perspectiva liberal, sem, contudo, deixar de fazer críticas de
propósito é obter uma visão global simplificada da economia que permita conhecer suas
seu funcionamento. Neste sentido, ela inclui também análises normativas. (TROSTER &
MOCHÓN, 2002, p. 6)
categoria;
p. 9)
4.2.5 Bens são os meios materiais que servem para satisfazer os desejos e necessidades
- Livres: ilimitados e não-apropriáveis. Por serem não apropriáveis, estes bens são tidos
- Econômicos: escassos e apropriáveis. São os bens que consistem no objeto de estudo das
ciências econômicas.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 15
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
humanas, mas que são indispensáveis à produção dos bens de consumo; (TROSTER &
MOCHÓN, 2002, p. 8)
4.2.6 Serviços são atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou
2002, p. 9)
recursos na produção de bens e serviços, provendo o máximo destes bens e serviços com os
pode ter diversas aplicações diferentes; (TROSTER & MOCHÓN, 2002, p. 383)
esboçado acima. Como os recursos são escassos mas os desejos e necessidades humanas
não são, só se pode satisfazer uma necessidade se deixar de satisfazer outra. A alternativa de
para obtê-los.
388)
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 16
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
4.2.10 Curva de Demanda é a relação entre a quantidade de um bem ou serviço que tende
a ser demandada em função do seu preço, expressa através de um gráfico (veja figura 1
abaixo). Trata-se de uma curva decrescente, pois: quanto maior o preço menor tende a ser a
quantidade que o consumidor estaria disposto a comprar. Quanto menor o preço maior tende
Preço
0 Quantidade
4.2.11 Curva de Oferta é a relação entre a quantidade de um bem ou serviço que tende a
ser oferecido pelos fornecedores em função do seu preço, expressa através de um gráfico
(veja figura 2 abaixo). Trata-se de uma curva crescente, pois: quanto maior o preço, maior
tende a ser a quantidade que o fornecedor estaria disposto a ofertar. Quanto menor o preço
menor tende a ser a quantidade que o fornecedor estaria disposto a oferecer. (PINDYCK &
Preço
0
Quantidade
que exista uma tendência no mercado pela qual fornecedores e consumidores interagem de
consumida. O ponto de equilíbrio seria o preço marcado pela interseção entre a curva de
oferta e a curva de demanda. Para os economistas este é o equilíbrio ideal que não deveria
ser afetado pela intervenção do Estado, uma vez que qualquer interferência “distorceria” as
da procura vale tanto para o mercado de bens e serviços, quanto também para os mercados
Preço
Preço de
equilíbrio
0
Quantidade
através de normas qual deve ser o preço mínimo ou máximo de um bem ou serviço tende a
ilustra uma situação em que há oferta excedente. Poder-se-ia imaginar como exemplo a
oferta de serviços de táxis, em que a bandeirada é regulada pelo governo e há mais oferta do
com vários produtos que tiveram seus preços máximos tabelados pelo governo durante o
Mínimo
0 Q.Demandada.< Q.Ofertada
Q
Excedente
Máximo
4.2.14 “Mão Invisível” foi uma metáfora criada por Adam Smith para ilustrar como oferta
argumento é que, na busca pessoal pela obtenção do maior lucro possível no trabalho de
cada um, os indivíduos tentam ser mais eficientes, e assim acabam beneficiando toda a
racionais que buscam ser mais eficientes para aumentar os seus lucros acarreta uma
dinâmica geral no mercado que gera resultados econômicos melhores do que os obtidos
quando o Estado se propõe a substituir esta racionalidade de mercado por uma racionalidade
influenciada pelas idéias de “laissez faire, laissez passer”13 dos fisiocratas franceses e pela
obra de Adam Smith – que se tornou hegemônica após o fim da bipolarização capitalismo x
face a intervenção do Estado. Para esta linha de pensamento, a economia funcionaria melhor
(de maneira mais eficiente) quando o mercado é deixado a sua própria racionalidade e
condições que são pressupostos necessários para que os conceitos e explicações deste
paradigma tenham coerência interna, possibilitando então a sua aplicação. Dentre vários
13
A tradução da expressão em francês significa: “Deixe fazer, deixe passar (comercializar)”
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 20
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
maneira pela qual eles utilizam os recursos escassos. Enquanto seres racionais, os homens
almejam aumentar sua riqueza e por isto tentam agir de maneira economicamente eficiente.
como alocar seus recursos escassos de maneira eficiente, maximizando assim sua riqueza.
benéficos que uma empresa/pessoa impõe à sociedade e que não são incorporados ao preço
tem, por si, força suficiente para afetar o preço praticado no mercado (poder de mercado),
sobre os quais este marco teórico é construído muitas vezes não se verificam na prática.
Quando alguma destas condições não ocorre, temos o que se chama de “falha de mercado”.
Estas “falhas” invalidam ou limitam a capacidade explicativa das teorias liberais e ainda por
cima geram resultados ineficientes para a sociedade. Neste contexto então se justifica a
afirmar que poucas vezes as condições teóricas se aplicam satisfatoriamente à realidade. Isto
implica dizer que o Estado/direito – apesar da resistência dos liberais – acaba ainda tendo
situações em que o Estado deve intervir para sanar uma falha de mercado relacionada aos
destes casos o Estado intervém na nossa liberdade, pressupondo que às vezes nos
comportamos de maneira irracional, e nos impõe obrigações como usar cintos de segurança
que precisamos saber sobre os bens que consumimos, os recursos que dispomos, as
sociedade fazem com que muitas vezes tomemos decisões economicamente ineficientes. Por
isso parece ser importante o governo intervir criando normas que obrigam os fornecedores a
informar os acionistas sobre o real desempenho das companhias etc., reduzindo os casos em
efeitos colaterais que ocorrem quando empresas ou pessoas que fornecem bens ou serviços
no mercado impõem custos (ou benefícios) a terceiros que não se relacionam com estas
operações comercias. Ou seja, pessoas que se situam fora deste mercado acabam sendo
indiretamente oneradas por efeitos externos gerados por operações de compra e venda. Este
efeito negativo gera um ônus, e este ônus significa um custo. Esses custos para a sociedade
não são computados no preço dos bens e serviços, pois são custos que não são arcados pelo
fornecedor, que por isto não vai repassá-los ao consumidor. São, portanto, externos aos
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 22
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
preços, mas deveriam ser computados (internalizados) no valor dos bens ou serviços, pois
Tomemos como exemplo uma fábrica de pneus que polui o ar com fumaça e o rio
com resíduos tóxicos. A poluição causa externalidades, pois a fumaça provoca doenças
respiratórias em crianças que estudam por perto, e os resíduos matam os peixes do rio.
Tantos os custos com as despesas médicas com as crianças, quanto o prejuízo dos
pescadores poderiam ser evitado se a fábrica instalasse filtros nas chaminés e nas saídas de
esgotos. Ela poderia diluir os gastos com estes investimentos no preço dos pneus de maneira
a repartir esta despesa com o consumidor. Mas como a fábrica não quer aumentar o preço
do pneu para não perder clientes, ela não o faz. E isto gera resultados ineficientes para
sociedade. Neste contexto então o Estado deve intervir criando normas que proíbam a
nenhum fornecedor ou comprador ter, por si, força suficiente para afetar o preço praticado
no mercado . É muito comum que uma ou algumas empresas detenham este poder de
mercado e disto resultam falhas de mercado como monopólios, oligopólios, cartéis, etc. que
geram perdas de eficiência e por isso precisam ser regulados e fiscalizados pelo governo.
4.2.17.5 Bens públicos. Além dos casos vistos acima, existem ainda várias outras
situações em que a intervenção do Estado seria desejada. Dentre elas, uma das mais
importantes seria o fornecimento de bens públicos 14, que são aqueles cujo consumo por um
indivíduo não reduz a quantidade disponível para o outro. Ninguém pode ser excluído do
uso deste tipo de bem e não é fácil designar um preço para sua utilização. A doutrina sempre
14
Vale lembrar que o significado de “bens públicos” em economia e Análise Econômica do Direito não tem
absolutamente nada em comum com a noção clássica de “bens públicos” tradicionalmente adotada em direito
administrativo.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 23
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
menciona como exemplos: farol do mar, defesa nacional, estradas e pontes em lugares
ermos (como a famosa ponte ligando a região do “Capa Bode” com a do “Capa Jegue” na
cidade de Itinga, MG, exemplo sempre lembrado em aula), pesquisa básica, etc.. Como
estes bens e serviços não são lucrativos, não há incentivos para que a iniciativa privada os
forneçam. Contudo, não é porque não são lucrativos que não sejam importantes. E por isto é
fundamental que o Estado intervenha fornecendo bens e serviços essenciais para os quais
não existe um mercado constituído uma vez que não são lucrativos.
Pode parecer estranho e até contraditório que a Análise Econômica do Direito seja
baseada em um paradigma que tem por princípio a idéia de que o Estado (leia-se: o direito)
não deve intervir na economia. Ora, uma leitura superficial poderia levar a crer que uma
análise econômica do direito concluiria que o direito não deve reger a economia, uma vez
que se entende que o mercado deve ser deixado as suas próprias forças (lei da oferta e da
procura, etc.) .
Contudo, esta conclusão só seria correta se o mundo real fosse tal qual o universo
teórico ideal dos economistas onde todos os pressupostos se verificam e onde a teorias
fariam sentido. Sendo realista e pragmático é possível aproveitar várias idéias dos
economistas, mas – como vimos acima – não é plausível descartar o papel do Estado e do
direito. Até porque, o mercado sempre é regulado de várias maneiras: contratos, relações de
permeia tudo isso e não é mais possível pensar a civilização sem este tipo de organização
econômicos.
grande importância para a sociedade e para a economia. E é justamente por isso que ele
deve ser criado de maneira a incentivar o comportamento mais eficiente possível dos
econômico pura e simplesmente nas “mãos invisíveis” do mercado não garante sempre a
Por isto o direito precisa interagir com a economia. O papel da Análise Econômica do
aplicação prática destas idéias a casos concretos. Contudo, este exercício terá apenas
objetivos didáticos e por isso se preocupará com a utilização de conceitos, e não com a
15
Itens 3.1, 3.2 e 3.3 respectivamente.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 25
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
A taxa de juros fixada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) é a meta para a
taxa Selic, que consiste na taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos
referência no sistema bancário nacional e os juros cobrados pelos bancos são profundamente
influenciados pelo que é estipulado pelo COPOM. Neste sentido, parece válido proceder a
uma análise econômica do direito de maneira a estudar como esta taxa – cuja estipulação
por um órgão do Governo será aqui interpretada genericamente como uma “norma” –
influencia a economia.
Começando pela análise de impacto econômico, pode-se afirmar que uma norma que
estipula uma taxa de juros muito elevada17 dificulta o endividamento e o financiamento por
parte de consumidores e empresários. Com a taxa de juros muito elevada, o empresário que
precisa buscar fontes de financiamento junto ao setor bancário tem maior dificuldade para
produtos e, enfim, ampliar seus negócios. Juros altos, então, impedem o empresário de
aumentar sua margem de lucro através destes investimentos que lhe trariam ganhos com
economia de escala.18 Isto o constrange a ter que cortar gastos para aumentar os lucros. Ou
seja, ele tenderá, dentre outras coisas, a não contratar novos funcionários ou até mesmo
demitir empregados. Como este fator afeta todos os empresários que precisam de recorrer
aos bancos para buscar recursos, é válido dizer que, de maneira geral, tende a haver um
aumento na taxa de desemprego. Neste contexto, a taxa de juros gera grandes incentivos
para que o investidor aplique seu dinheiro no mercado financeiro e não no setor produtivo,
16
Para maiores informações sobre a taxa Selic, ver o sítio eletrônico do Banco Central do Brasil:
http://www.bcb.gov.br/?COPOM .
17
Quando este artigo foi escrito, em outubro de 2005, a taxa selic era de 19, 50%. A mais elevada do mundo.
18
Fala-se em economia de escala quando o custo de cada unidade produzida reduz ao se aumentar a quantidade
produzida. Assim, quanto mais se produz menor fica o custo de cada unidade, e consequentemente, maior será o
lucro do produtor.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 26
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
dificultando assim ainda mais a captação de recurso por parte das empresas. Por outro lado,
o consumidor também é prejudicado pela dificuldade de crédito, pois para comprar uma
mercadoria a prazo, ele passa a ter que pagar parcelas muito mais caras em virtude da taxa
de juros elevadas. Como muitos consumidores não podem comprar os produtos mais caros –
como bens de consumo duráveis – à vista, a taxa de juros elevada tende a reduzir a
quantidade de mercadorias vendidas. Por sua vez, isto reduz os lucros das empresas que
podem ter que demitir funcionários, o que aumento o desemprego e reduz o consumo num
ciclo vicioso. Este efeito recessivo para o qual a taxa de juros elevada contribui, acaba por
conter pressões inflacionárias. Ou seja, ao mesmo tempo em que esta elevada taxa de juros
Para proceder a uma análise econômica normativa, é preciso, antes de tudo, saber
qual é o “objetivo social” que se tem previsto para uma norma. Só é possível saber qual
seria a norma mais adequada para atender certos fins depois de saber quais são estes fins.
Se, e somente se, o objetivo do Governo/COPOM ao estabelecer uma taxa tão elevada for
manter a inflação em um patamar bastante reduzido, então uma taxa elevada de juros tende
a ser mais eficiente do que uma taxa de juros baixa. Contudo, deve-se questionar se, além da
determinação da taxa de juros de acordo com as metas de inflação, haveria outras medidas
econômico. Por outro lado, se, hipoteticamente, o objetivo do Governo fosse o crescimento
econômico, então uma taxa de juros baixa, que estimulasse o investimento produtivo e a
compra a prazo, seria muito mais eficiente do que juros altos. A questão de qual seria a
norma mais eficiente, então, é relativa, pois depende essencialmente do objetivo social que
interesses privados por trás desta norma – trará a tona o profundo conflito de interesses
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 27
Prof. Ms. Luiz Albuquerque
uma redução da taxa de juros, já o segundo goza de uma margem de lucro fabulosa devido
aos juros altos. Portanto parece óbvio quem vem vencendo a queda de braço até aqui. A
pergunta é: por que? Por que o poder de barganha do setor financeiro parece ser maior do
capitais especulativos estrangeiros que podem deixar o país se a margem de lucro não for
econômica tornam os governos nacionais temerosos que uma crise internacional possa
afetar suas economias e por isto o setor financeiro – o mais “globalizado” da economia –
devesse ser privilegiado? Seria por que os bancos foram um dos principais contribuintes das
campanhas dos políticos vitoriosos? Seria por que o Governo acredita já ter o apoio do setor
produtivo, e por isto pode sacrificá-lo para obter o apoio do setor financeiro que via o
partido do Governo Federal com desconfiança? Seria por que o Governo valoriza muito as
setores poderosos do “Mercado”?19 Seria por que o Governo realmente acredita no mérito
desta política macroeconômica, independentemente de que ganha e quem perde com ela?
Ou seria um pouco de cada uma destas questões? O autor não tem estas respostas. Talvez
ninguém as tenha. Mas ainda que seja tão difícil respondê-las, é sempre melhor indagar
sobre as razões por trás das decisões do que aceitar passivamente qualquer norma que nos
seja imposta. Se soubermos quais são as motivações que sustentam uma norma, podemos
19
A grafia de “Mercado” com “M” maiúsculo e em negrito traz em si uma ironia com a maneira pela qual o
mercado tem deixado de ser percebido como um espaço institucional de interação econômica para ser
considerado um sujeito único onipotente e onipresente a reger e fiscalizar os agentes econômicos ao redor do
globo, quase como se o mercado fosse um deus como os da mitologia grega, cheio de caprichos e vontades.
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i.e. não regulamentado/permitido pelo Governo – que visava atender a uma demanda
insatisfeita com os serviços de transporte urbano prestados pelos ônibus coletivos e táxis (o
primeiro pela qualidade e o segundo pelo preço). Os “perueiros”, como ficaram conhecidos,
ônibus e táxis. Mas por outro lado, eles atendiam clientes que não podiam pagar táxis ou
não queriam passar pelo desconforto e demora dos usuários dos ônibus. Contudo, as kombis
mecânica precária e motoristas não habilitados, dente outras ligadas à segurança do usuário.
Neste contexto, depois de um polêmico debate social, muitas manifestações e até conflitos
transporte alternativo.
que o transporte urbano já era um mercado fechado que se tornou mais concentrado ainda.
Não é qualquer empresa de ônibus que pode prestar o serviço de transporte. É preciso obter
uma concessão do governo municipal para operar em determinadas linhas. Isto torna este
mercado ainda mais oligopolista do que já era (muitas empresas do setor são controladas por
poucos grupos econômicos). Também não é qualquer motorista que pode se tornar taxista,
uma vez que a profissão é regulamentada. Neste contexto, a proibição acaba por contribuir
para uma concentração ainda maior deste mercado nas mãos das empresas e profissionais
20
Há quem alegue que este tipo de transporte nunca foi permitido. Mas como ele se tornou cotidiano, para fins
didáticos, aqui se presumirá que ele foi proibido a partir da edição da norma sob análise.
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concorrência é fundamental21 para estimular a máxima eficiência por parte dos agentes
restringir o número de fornecedores ela teve um efeito anti-concorrencial. Isto significa que
Quanto à análise normativa, não há muita clareza sobre quais são os verdadeiros
objetivos por trás da proibição. Se, e somente se, o objetivo da norma fosse garantir a
alternativo, assim como deveria ser feito para os ônibus e táxis. Ou seja o governo pode,
através de regulamentação específica, regular este tipo de transporte, por exemplo através da
de funcionários, fiscalização dos veículos, obtenção de licenças para poder operar, etc. E
esta regulamentação poderia cobrar impostos e taxas para financiar todos os gastos que o
problemas suscitados pelo transporte alternativo sem restringir a concorrência, e por isto
parece ser um tipo de norma mais eficiente do que a simples proibição. Por outro lado, se o
objetivo da norma fosse proteger empresas de ônibus e taxistas – eventualmente tidos como
que estava reduzindo os seus lucros, então esta norma atingiria exatamente este resultado.
21
Exceto nos casos de monopólio natural, como setor de energia elétrica, em que a concorrência direta pode
inviabilizar a prestação de um serviço.
22
Isso para não falar de um grupo desorganizado mas muito poderoso que é o dos proprietários de automóveis
que se sentiam prejudicados pela aumento do movimento e do caos nas avenidas da cidade.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 30
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coletivos e potencial influência política dos taxistas que interagem com milhares de pessoas
diariamente, podendo fazer uma propaganda negativa do governo – não deveria surpreender
que estes setores pressionassem por medidas protecionistas e conseguissem obter esse tipo
efeitos que esta norma tende a causar à sociedade no que se refere a incentivos, riscos e
custos de transação. Mais especificamente, deve-se tentar identificar quais tendem a ser os
custos que esta norma impõe aos agentes econômicos no que se refere aos gastos com
incentivos, riscos e custos de transação. Vejamos o que seria cada uma destas categorias
5.2.1 Incentivos
De maneira geral, uma norma – seja uma lei, sentença ou contrato – cria um
são provocados fazem com que as pessoas não se comportem de maneira eficiente – por
desmotivando o trabalho – isto gera um custo para a sociedade. Estes custos relacionados
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 31
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aos (des)incentivos gerados por uma norma poderiam ser evitados se eles fossem previstos
antes da norma ser criada. Por isto deve-se atentar para os incentivos que uma norma gera
para verificar se são bons, ou seja, estimulam um comportamento eficiente por parte de
quem é regulado pela por ela, ou se são ruins, i.e. se implicam custos para a sociedade em
Dentre vários temas que são estudados à sombra da questão dos incentivos se
encontram os seguintes:
(agente) trabalha para outra (principal) na qual se verifica a necessidades dos incentivos
serem bem trabalhados sob pena desta relação gerar resultados ineficientes. O principal tem
que incentivar o agente a fazer um serviço bem feito, e o agente tem que incentivar o
resultados desta relação também tendem a não ser. Os exemplos clássicos desta relação são
Dentre os exemplos que vimos acima, a questão dos incentivos pode ser claramente
observada quando a definição de uma taxa de juros muito elevada gera incentivos muito
fortes para que os investidores apliquem seus recursos no mercado financeiro e não no setor
tendência geral de zelar menos pelo que temos quando existe algum tipo de seguro ou algo
que nos dê segurança. Por exemplo: se o carro está na garantia tendemos a não tomar o
mesmo nível de cuidado com ele que tomaríamos se ele não estivesse; se temos um grande
23
A expressão “moral hazard” ainda não recebeu uma tradução consolidada em português, razão pela qual
optou-se neste artigo pela adoção do termo no original em inglês.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 32
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expediente às seis da tarde tendemos a não nos preocupar em parar o carro em lugares
proibidos no final da tarde, etc. Todos este comportamentos são ineficientes, e nós só
tendemos a agir assim por causa do tipo de (des)incentivo que o moral hazard gera.
pagar o preço correspondente e sem (ou pelo menos com baixo risco de) sofrermos sanções,
os incentivos para “pegarmos uma carona” no trabalho dos outros são grandes. O que a
não. Um dos exemplos mais famosos é o famoso “gato” na t.v. a cabo do vizinho.
situações em que a pessoas têm que decidir o seu curso de ação considerando
situação atingiu seu ápice na Teoria do Jogo. Este campo tem sido tão bem explorado que já
ganhou dois prêmios Nobel (1994 e 2005). Estas teorias têm sido amplamente aplicadas,
mas suas utilizações mais freqüentes são relacionadas à interação nos mercados
dilema dos prisioneiros, jogo da galinha e o jogo do divide 100. (SAMUELSON &
5.2.2 Riscos
A maioria das pessoas não gosta de riscos. O risco pra elas é uma coisa negativa, um
problema, algo que representa um custo. Daí surge a questão de como uma norma pode
reduzir os custos relacionados a uma determinada atividade que gera risco. Uma norma
eficiente no que se refere a riscos é aquela que vai reduzir ao máximo os custos gerados
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 33
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com a tentativa de reduzir ou eliminar os riscos da atividade que está sendo regulada pela
norma.
Em geral uma análise sobre os custos do risco envolve verificar se existe seguro
disponível (seguro aqui considerado a partir de uma perspectiva ampla). Se houver, o seguro
deverá ser pago por quem tiver melhores condições de arcar com ele. Se não houver, a
norma deve concentrar o risco na parte ou parcela da sociedade que tiver melhores
Contudo nem todo mundo tem aversão ao risco. Há os que são neutros quanto ao
risco e os que têm atração ao risco (os apostadores). Relembrando um exemplo citado em
sala por um aluno, uma bela oportunidade para saber qual é o perfil de risco de uma pessoa
se dá em uma situação na qual o autor de uma ação recebe uma proposta do réu para desistir
do processo. Contudo a oferta – apesar de segura e certa, ou seja, sem risco nenhum –
consiste em um valor muito abaixo do que poderia ser ganho caso houvesse uma vitória ao
final do processo. Neste contexto o dilema é: aceitar a oferta de uma quantia pequena,
porém certa (sem risco), ou arriscar mover a ação até o final podendo ganhar muito mais ou
não ganhar nada (com risco). Dependendo da escolha de cada um nesta situação pode-se
dizer se a pessoa tende a ser avessa ou atraída pelo risco. Qual seria a sua opção, a
segurança ou o risco?
paga um seguro contra qualquer tipo de prejuízo provocado pela instabilidade econômica ou
projetos que promovam o desenvolvimento. Assim esta norma – qual seja: este programa
privado. E com isto o próprio Banco sai ganhando, pois o que ele vai gastar com seguro é
pagamento pelo qual o indivíduo pode obter um empréstimo que será pago através do
desconto direto no salário. Este programa reduz os riscos de inadimplência, ou seja, o banco
todos os custos envolvidos em uma transação. Transação deve ser considerada aqui de
qualquer outro tipo de contratação envolvendo bens, serviços, capitais, trabalho ou recursos
naturais. Estes custos abrangem, dentre outros, os custos difusos (gasolina, telefone, papel)
e os custos de difícil avaliação (como tempo, paciência, raciocínio, etc), além do custo de
(se for um bem ou serviço mais valioso exija um contrato). Também temos os “Custos Pós-
transação mais ou menos complexa que você precisa fazer e imagine o seguinte: se você
pudesse pagar uma pessoa competente e de confiança para fazer isso por você, quanto você
pagaria? Agora coloque-se na outra perspectiva: se alguma pessoa quisesse pagar você para
resolver esta mesma transação por ela, quanto você cobraria para fazer? Note que
geralmente – mas nem sempre – a gente tende a querer receber mais por um serviço do que
Minas” que consiste em um pacote de medidas que visa reduzir a burocracia excessiva com
Portanto Análise Econômica do Direito, não apenas no que tange aos custos de
transação, mas de uma maneira geral, vai ser um instrumental analítico para se poder
enxergar qual a capacidade de diferentes normas reduzirem o custo transacional dos inter-
tipos de normas – descobrir-se qual alternativa seria a mais economicamente eficiente para
um determinado contexto.
(sharecropping)
outros tipos de contrato entre proprietários de terra e fazendeiros usados na Europa à luz da
24
A tradução para o português mais próxima do termo “sharecropping” seria “compartilhamento da safra”.
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transação individualmente.
qual o proprietário cede a terra e o fazendeiro emprega o seu trabalho, e ambos dividem
igualmente o lucro ou prejuízo da safra. Quando a safra for boa é bom para os dois, quando
→ Aluguel: o fazendeiro paga um aluguel fixo para o proprietário pela utilização das terras
e fica com o lucro ou prejuízo da safra. Se a safra for boa, o fazendeiro colhe os lucros. Se a
safra for ruim o fazendeiro arca com o prejuízo, sendo em ambos casos indiferente para o
proprietário;
→ Salário: o proprietário paga um salário fixo para o fazendeiro trabalhar nas suas terras e
fica com o lucro ou o prejuízo da safra Se a safra for boa, bom para o proprietário, se for
5.3.1 Incentivos. Com relação aos incentivos para que o fazendeiro trabalhar de maneira
→ Aluguel: fazendeiro tem incentivo para trabalhar muito, pois só ele se beneficia com o
seu esforço extra. Pago o aluguel, o que ganhar a mais é lucro pra ele. Portanto os incentivos
são ótimos;
fazendeiro. De todo o fruto do trabalho extra metade vai para o fazendeiro, por isso o
incentivo é médio;
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monitoramento que o proprietário tem para se assegurar que o fazendeiro está devidamente
→ Aluguel: o proprietário não tem que monitorar o fazendeiro, pois este já tem os
→ Arrendamento Chinês: o proprietário tem monitorar um pouco, não demais, uma vez
5.3.3 Riscos. No que se refere aos riscos envolvidos na plantação, como, por exemplo,
uma seca, geada, enchente ou praga, que podem levar a perda da safra, que arca com o risco
em cada caso é:
5.3.4 Conclusões
É verdade que na região da China estudada, havia de fato muitas enchentes que
acarretavam perdas totais. E por isto Cheung, tentando fazer uma análise econômica
explicativa, achou que a razão pela qual este tipo de arrendamento era tão comum na China
residia no fato de o risco ali ser compartilhado. Esta pode ser uma das causas. Mas talvez a
principal explicação seja não de natureza econômica, e sim uma questão de tradição. De
qualquer maneira, o verdadeiro mérito deste exercício para o autor é o de servir de modelo
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 38
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Agora seria interessante testar o seu aprendizado aplicando este tipo de análise a um
caso mais próximo da nossa realidade. Imagine uma situação em que o proprietário de um
sala comercial quer obter uma renda deste imóvel, e um empresário quer ter uma sala para
trabalhar. Poder-se-ia cogitar uma relação em que 1) o proprietário paga um salário fixo
para o empresário trabalhar nas sua sala e fica com o lucro ou prejuízo do seu serviço; 2) o
empresário paga um aluguel fixo para o proprietário pela utilização da sala e fica com o
trabalho, e ambos dividem igualmente os lucros ou prejuízos desta parceria. Neste sentido,
recomenda-se que o leitor tente, a título de exercício, analisar separadamente quais das três
c) dos riscos (quem arca com os riscos de um incêndio, falência, roubo, etc.).
Um dos campos em que a Análise Econômica do Direito tem sido mais fértil –
Poder Executivo e Legislativo que tem a competência e a função de criar o direito, a optar por
“interesse público”. Dentre as normas que são editadas visando a atender interesses públicos,
temos algumas que têm objetivos econômicos e outras que têm objetivos não-econômicos. As
normas ou medidas de política econômica que tem objetivos econômicos seriam aquelas que,
conforme já visto acima.25 Dentre diversos exemplos de regulação por interesse público com
relacionadas à:
dedica a entender melhor como a riqueza pode ser gerada, e não a estudar como a riqueza
deve ser distribuída. Este tema é objeto de debates insolúveis e infindáveis na Filosofia, no
Políticas e normas que tentam atender a este objetivo de distribuição de riqueza podem
ter resultados sabidamente ineficientes do ponto de vista econômico. Mas a relação justiça x
eficiência deve ser pesada caso a caso de acordo com a ideologia adotada em cada momento;
etc. O Estado cuida destas questões porque são avaliadas pela sociedade como importantes e
direito, economistas famosos como Buchanan e Stigler, (ambos ganhadores do prêmio Nobel)
25
Item 4.2.17
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 40
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além de Wilson e Olson, desenvolveram um sofisticado método analítico para avaliar de que
maneiras os políticos (para ser mais exato: agentes do governo, tanto do Poder Executivo
quanto do Legislativo,) – que também são seres humanos com interesses privados – tendem a
se comportar nos processos de criação do direito. O método desenvolvido por eles pode
parecer um pouco chocante para os estudiosos que ainda têm uma visão muito romântica do
direito e da democracia. Contudo, as idéias que foram aqui levantadas têm, pelo menos, o
mérito de aguçar nossa capacidade crítica e de nos fornecer um marco teórico para avaliarmos
“esquemões” e jeitinhos que tornaram públicas certas relações suspeitas entre agentes do
Esta teoria admite que muitas vezes os agentes do governo agem com as melhores
intenções pensando no bem comum. Estes casos acabaram de ser mencionados acima.
Contudo, admite-se também que às vezes os agentes do governo agem com interesses
econômicos que interagem no mercado – também agem por interesses privados próprios,
individuais e egoístas, como riqueza, fama, poder, prestigio. Além disso, considera-se que
todos os políticos (com as melhores ou piores intenções) precisam do mandato para atingir
seus objetivos e por isto se comportam tendo em vista a possibilidade de eleição ou re-eleição.
Esta é, sem dúvida, uma visão cética, objetiva e fria de como as pessoas agem na
política. Mas parece razoável dizer que algumas ações e decisões dos agentes de governo têm
por objetivo maximizar o apoio político em torno do seu nome tendo em vista a
possibilidade de atingir seus interesses enquanto representante da sociedade assim como seus
maximizar o seu lucro. Aliás, toda a teoria coloca os agentes do governo na condição de
vários tipos de críticas, e as teorias sobre a escolha pública não pretendem desprezar estas
através de impostos e pode decidir, através da regulação, como os recursos privados poderão
ser alocados, isto significa que para atender ao desejo ou necessidade dos
econômica mais ou menos como se fornecem mercadorias no mercado de bens para satisfazer
promete, se ainda não tiver sido eleito) normas/medidas de política econômica tais como
subsídios, preços mínimos, barreiras à entrada de novas agentes no mercado, etc. Ou seja, os
Neste contexto os setores da sociedade que têm o maior poder de barganha (i.e.
Mas há que se convir que estes grupos que têm grande poder de barganha nem sempre
desejam para si aquilo que necessariamente seria o melhor para a sociedade, como um todo.
Ou seja, considerando que os recursos são escassos, os grupos de interesse mais fortes,
econômica transfira recursos dos setores menos organizados da sociedade para si. Isto é o
política, faz com que um setor da sociedade subsidie outro. Por exemplo: o governo tributa o
grupo “X”, e depois aplica estes recursos arrecadados em projetos, obras e serviços que
atendam os interesses do grupo “Y”. Muitas vezes isto acontece sem que muitas das pessoas
grupos de pressão ou setores da sociedade e o tipo de apoio político (voto, contribuição para
foi amplamente estudado pela doutrina, particularmente pela chamada “Escola de Chicago”.
Dentre diversos autores que trabalharam esta questão se destaca Wilson que organizou
uma grade analítica em que diversos tipos de pressões políticas são comparados.
Custos
Concentrados Difusos
Benefícios Concentrados Lobby, subsídios cruzados Política de Clientela
(drawback) (assistencialismo, Fome Zero)
Difusos Ideológica (ambiental) Majoritária (temas neutros)
diluem, os incentivos para fazer lobby são reduzidos. Por isso é mais comum encontrar
Também de acordo com estas teorias, entende-se ser mais provável que um governante
benefícios evidentes, do que outras que tenham custos evidentes e benefícios escondidos.
Verde” em Belo Horizonte. Comparemos isto com obras relacionadas ao tratamento de água,
chamam de “log rolling” aquela prática pela qual ao invés de aplicar os recursos escassos do
governo apenas na obra mais importante ou eficiente, os agentes do governo fazem uma
acordo para que uns apóiem os projetos dos outros de maneira que todos eles ganhem
tributos obras que muitas vezes são ineficientes ou dispensáveis. É o famoso “uma mão lava a
Outros estudos apontam para as ineficiências muitas vezes geradas pela burocracia
de normas na tentativa de maximizar sua riqueza, prestígio e poder, neste sentido, muitas
vezes pressionam por regulações/medidas de política econômica que são ineficientes para a
sociedade, mas que, no entanto, são convenientes para os funcionários públicos que passarão
particularmente o caso quando se fala de Agências Regulatórias, que são mais afastadas do
controle direto do Governo e do eleitor, mas que são muito próximas dos
A análise Econômica do Direito permite fazer uma análise comparada entre diferentes
sistema. As diferenças entre estes sistemas são frutos das diferenças entre os sistemas legais
Onde não há boa proteção dos direitos dos acionistas minoritários tende a haver
muitas companhias com controle concentrado (i.e. mais de 20% das ações nas mãos de um
Existem diversos tipos de ações com diferentes poderes de voto (ações preferenciais
sem direito a voto; ação de sócio fundador com direitos especiais; ações com direitos
crescentes com o tempo, etc.). Os investidores são mais protegidos quando direitos vinculados
aos dividendos são relacionados ao direito de voto: 1 ação → 1voto. Baixa proteção ao
Leis ruins ou fracas acarretam um custo extra para as empresas, uma vez que elas
precisam recorrer mais ao mercado financeiro (mais caro) do que o mercado de ações para
obter financiamento.
Onde há controle concentrado, a tomada (take over) é geralmente contestada, onde não
administrador)
A fim de poder arrecadar mais recursos para uma empresa, ações são emitidas e
vendidas. Esta facilidade de captação de recursos é uma das principais vantagens da sociedade
por ações.
Em grandes companhias com suas ações distribuídas entre vários acionistas estes
acionista passou de uma posição ativa para uma passiva na condução dos negócios da
empresa.
Os administradores tendem a querer obter o máximo lucro para si e isso nem sempre
corresponde ao que é mais lucrativo para os acionistas. Isso gera o conhecido problema
principal – agente (“problemas de agência” ) já visto acima. Este conflito de interesses entre
coorporativa devem fomentar a liquidez do mercado e a redução dos custos relacionados aos
problemas de agência.
Neste sentido recomenda-se melhorar os direitos dos acionistas minoritários, pois isto
desempenho dos administradores. Por outro lado significa um risco para as famílias e grupos
A lógica da eficiência muitas vezes é invocada para justificar decisões que são
crueldade dos seus objetivos. Estes casos serão apresentados com o intuito de se demonstrar
sabidamente contrários aos direitos do consumidor. A justificação por trás desta opção
conseguirão derrotar os brilhantes advogados dos bancos. Isso significa que é mais
Consumidor, e com isso lucrar às custas dos clientes, do que alterar o modelo-padrão do
“Ford Pinto” e nem tampouco alterar a linha de produção para corrigir uma falha no projeto
do carro pelo qual ele explodia muito facilmente com pequenas batidas. Considerando as
indenizações de todos os processos pelas famílias das vítimas incendiadas e os custos com
as alterações mecânicas, a Ford preferiu deixar as pessoas morrerem para eventualmente ser
comentários.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 48
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questionar qual é a verdadeira importância dos valores econômicos, e como eles podem se
relacionar com outros valores como a ética e a justiça. O critério da eficiência econômica é
apenas mais um a ser considerado juntamente com outros tantos como justiça social,
econômicos privados priorizam de tal forma esta racionalidade econômica sobre outros
condenáveis.
desta abordagem. Será que essas teorias simplistas, todas baseadas em pressupostos
ser o funcionamento da economia e o comportamento dos indivíduos? Será que uma análise
seja: nem sempre. Mas, às vezes, a Análise Econômica do Direito pode ser útil. E o que se
espera com este artigo é que ele possa ajudar o leitor a aplicar estes conhecimentos de
maneira inteligente e justa nos casos em que questões de direito e de economia exijam uma
abordagem interdisciplinar.
Introdução à ao Estudo da Análise Econômica do Direito 49
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