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2019 – APOSTILA DE FILOSOFIA/SOCIOLOGIA – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

SOCIOLOGIA

Prof. Robson

CAPÍTULO 1

DESIGUALDADE SOCIAL

A desigualdade social é um problema que vem afetando a maioria dos países do globo na atualidade. A
pobreza existe em todas as nações, pobres ou ricas, mas se dá em maiores proporções nos países menos
desenvolvidos e pelo fato da distribuição de renda ser desigual entre uma população. Cada sociedade gera formas
de desigualdade específicas.
Não existe uma definição de desigualdade social. Ela é um fato que abrange vários tipos de desigualdade, desde
desigualdade de renda, como de escolaridade, saúde, racial, cultural e várias outras. Contudo, num aspecto mais
genérico, o conceito de desigualdade social refere-se à privação de direitos ou de acesso para um grupo ou uma
pessoa, o que cria distinções entre os indivíduos. Há várias formas de desigualdade: econômica, de gênero, racial,
digital etc., por isso, nas Ciências Sociais, falamos em desigualdades sociais, no plural. Essas diferentes possibilidades
de privação de direitos não se apresentam sempre separadas. Ao contrário, em muitos casos estão relacionadas e se
reforçam. Portanto, para combater uma forma de desigualdade, é preciso combater também as outras.
As desigualdades que ocorrem em nossa sociedade estão longe de ser acidentais. Elas são a consequência
de um conjunto de relações da vida social no nível político e econômico. Diferentes sociedades, em momentos
diversos da história da humanidade, produziram diferentes formas de desigualdades.
A desigualdade social ocorre quando existem diferenças de vantagens entre grupos que compõem uma
sociedade. Essas diferenças são marcadas pelas discrepâncias de oportunidades e de recursos entre os indivíduos.
Para estudar a desigualdade social, é importante estar atento a três elementos centrais: a estrutura, a
estratificação e a mobilidade social.

● Na estrutura social é determinado como se organizam os aspectos econômico, cultural, social, político e
histórico de uma sociedade. É por meio da análise dessa estrutura que as Ciências Sociais buscam
explicação para os fenômenos da sociedade.
● A estratificação diz respeito ao modo com a sociedade está dividida. São as camadas que superpõem.
Essa divisão ocorre de acordo com diferentes critérios sociais e históricos, estabelecem uma hierarquia. De
acordo com a posição que um indivíduo ocupa na hierarquia, vai ter mais ou menos acesso a direitos e a
recursos.
● A mobilidade social é determinada pela possibilidade de um indivíduo mudar de posição na
hierarquia social.

1. De acordo com a teoria sociológica, o que é desigualdade social?


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2. Em qual contexto a sociologia prioriza o termo “desigualdades sociais” no plural?


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3. Aponte e descreva os três elementos centrais no campo do estudo da desigualdade social.


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2019 - APOSTILA FILOSOFIA/SOCIOLOGIA – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Desigualdade: como ela acontece?


A estratificação social e as desigualdades produzidas por ela não são naturais. Ao contrário, elas são geradas
históricas e socialmente, emergem de uma diversidade de situações e influenciam diretamente as ações e as
relações estabelecidas na vida em sociedade. A grande questão é que, desde as construções das civilizações
durante o período neolítico, quando as sociedades passaram a viver dos excedentes que produziam, as
diferenças sociais começaram a surgir. O problema, nesse caso, é a intensificação da pobreza e da falta de
equidade nas condições oferecidas para que os diferentes indivíduos possam produzir suas próprias condições de
sobrevivência.
Podemos afirmar que a estratificação social é fruto das desigualdades sociais entre os indivíduos de uma
determinada sociedade, que apresentam disparidades em relação a riqueza, poder, prestígio e até mesmo em
relação a coisas básicas como escolaridade. É evidente, portanto, que essas diferenças são marcadas pela posse
de bens materiais e este fator se relaciona diretamente a partir das classes sociais.
De acordo com algumas teorias sociológicas, nas classes sociais, as distribuições entre pessoas são
produzidas pelos seguintes fatores:
a) relação dos seres humanos com os meios de produção (a diferença entre proprietário de terras, um
industrial, um comerciante, um trabalhador, etc.);
b) a posição ocupada pelos indivíduos dentro de um processo produtivo (alguns profissionais ganham mais
que outros dentro do mercado de trabalho, resultando em diferenças de rendas).
Basicamente, são essas condições que vão estabelecer, na sociedade, categorias que classificam as
pessoas a partir de seu poder aquisitivo, fazendo com que identifiquemos as classes sociais, com: classe alta,
situação intermediária e pobres. Essa classificação (estratificação social) corresponde a diferentes graus de poder,
riqueza e prestígio.
Numa sociedade complexa, como a capitalista contemporânea, as posições sociais são determinadas
basicamente pela situação dos indivíduos no desempenho de suas atividades produtivas. Dessa forma, os
grandes empresários, donos de terras, banqueiros e grandes comerciantes estão no topo da sociedade por
disporem de uma grande quantidade de capital. Desse modo, os trabalhadores estão na parte inferior da
sociedade, por disporem unicamente de sua força de trabalho.
Dentro dessa mesma sociedade, os indivíduos podem desempenhar outros papeis e alcançar novas posições
sociais, relacionados com a religião que praticam, o partido político em que militam, as funções sociais que
desempenham, a profissão que exercem e outras atividades. Muitas vezes, ainda, as posições estão interligadas,
no entanto, podemos basicamente dividir a estratificação em três tipos:

PRINCIPAIS TIPOS DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

 ESTRATIFICAÇÃO ECONÔMICA: É definida pela posse de bens materiais, isso faz com quer
haja pessoas ricas, pobres e em situações intermediárias.
 ESTRATIFICAÇÃO POLÍTICA: É estabelecida pela posição de mando na sociedade (grupos
que têm poder e grupos que não têm).
 ESTRATIFICAÇÃO PROFISSIONAL: É baseada nos diferentes graus de importância atribuídos
a cada profissional pela sociedade. Ex.: Uma profissão de um médico é muito mais valorizada
que a de um pedreiro.

4. Em que sentido a sociologia questiona o processo de naturalização das desigualdades sociais?


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5. Quais são e como se caracterizam os três tipos de estratificação social?


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Desigualdade Social e Exclusão Social


A desigualdade e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza
existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente
em países não desenvolvidos.
A desigualdade acontece quando a distribuição de renda é feita de forma desigual, fazendo com que a “maior
parte” fique nas mãos de poucos. No Brasil, por mais que a Constituição de 1988 garanta o combate a
desigualdade e pobreza por meio das políticas públicas, como forma de direito, a situação de exclusão e
dificuldade ao acesso às questões essências ao direito humano e à vida, ainda é muito ínfimo em termos de
quantidade e qualidade, e ainda é muito grande o numero de desvalidos vivendo abaixo da miséria.
Por esses acontecimentos existem jovens vulneráveis hoje principalmente na classe de baixa renda, pois a
exclusão social os torna cada vez mais supérfluos e incapazes de ter uma vida digna. Muitos jovens de baixa
renda crescem em “lares conflituosos” devido a uma série de consequências causadas pela falta de recursos,
principalmente o financeiro, tais com: briga entre pais, discussões diárias, falta de estudo, ambiente familiar
precário, educação precária, más instalações, alimentação ruim, entre outros.
A desigualdade econômica acaba por ser o fator que determina, também, os outros tipos de desigualdades.
Em uma economia onde pessoas não possuem condições financeiras nem para suprir o básico, como alimentação
e vestuário, quem dirá para suprir a educação adequada. Ou ainda, o fator econômico afeta diretamente a
desigualdade entre os gêneros, pois os maiores salários ainda se concentram nas mãos dos homens. Sendo
assim, o carro-chefe de uma avalanche de desigualdades é o dinheiro, que cria múltiplas variantes da exclusão
social, sobretudo o direito à cidadania plena.
A exclusão então se define por uma situação de não realização de várias dimensões sociais, que são: o não
ser, não estar, não fazer, não criar, não saber e não ter. Em contrapartida, poderíamos pensar em estratégias de
inclusão através de dois processos interagindo positivamente entre indivíduos excluídos e sociedade. O primeiro é
tornar os indivíduos cidadãos plenos, recuperando as competências do ser, estar, fazer, criar, saber e ter. O
segundo é ter uma sociedade que permita e acolha a cidadania.

6. A partir do texto “Desigualdade social e Exclusão social”, explique por que esse tema é importante para a
análise sociológica.
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7. Identifique uma das “múltiplas variantes” que podem determinar a reprodução das desigualdades sociais.
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8. A partir dos textos deste capítulo lidos até aqui, responda de forma sensata a seguinte indagação:
“Desigualdade: como ela acontece?”.
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Dominação Social – Como ela é encarada pela Sociologia?

O conceito de dominação

Entre tantas formas de desigualdade ocorre o fenômeno da dominação social. Em sociologia, a dominação é
uma situação que gera relações assimétricas de comando entre os indivíduos. Existem múltiplas dominações inscritas
nas relações de poder. Quando falamos de “dominação” podemos pensar nas palavras de poder, autoridade, classes
sociais, colonização, racismo, sexo e gênero, etc. Diferentes famosos sociólogos falam desse conceito, como Karl
Marx, Max Weber ou Pierre Bourdieu. Os três sociólogos têm visões muito diferentes relativas ao conceito de
“dominação”. Karl Marx fala de dominação da burguesia sobre o proletariado. Max Weber apresenta três formas que
explicam porque um indivíduo pode ser dominado. E, Pierre Bourdieu é o autor do conceito de dominação simbólica,
explicaremos o que é, e o papel das mulheres como indivíduos dominados a seguir.

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A dominação segundo os sociólogos (Karl Marx, Max Weber e Pierre Bourdieu)


Karl Marx falou da luta das classes entre a burguesia e o proletariado. Esta desigualdade entre as duas
classes sociais se dividem em duas características principais. Primeiro, pela consciência de pertencer a esta
classe (Karl Marx chama isso de “a classe como sendo a sua”). Segundo, pela posição social que ocupa o
indivíduo. A burguesia explorou os proletariados, assim, se podia ver um tipo de dominação através de conflitos
sociais. Porém, para lutar contra este poder da burguesia, os proletariados, em situação de pobreza, decidiram
fazer uma revolta a fim de melhorar este contexto relativamente inaceitável segundo eles. Para Marx, o
proletariado é uma classe revolucionária.
Max Weber apresenta a dominação como uma “sorte de encontrar pessoas determinadas e prontas para
obedecer a uma ordem de conteúdos determinados”. De acordo com seu pensamento, a dominação está
envolvida por interesses econômicos e pela dominação estabelecida pela autoridade. A dominação é sempre
resultado de uma relação social de poder desigual, onde se percebe claramente a existência de um lado que
comanda (domina) e outro que obedece (dominado). Podemos assemelhar assim a dominação a qualquer
situação em que encontremos indivíduos subordinados ao poder de outros. Mas a dominação difere das relações
de poder em geral por apresentar uma tendência a se estabilizar, a procurar manter-se sem provocar confrontos.
Assim, as relações de dominação dentro de uma sociedade se caracterizam por buscar formas de legitimação, de
ser reconhecidas como necessárias para a manutenção da ordem social.
Para que um indivíduo obedeça, a dominação tem que ser legitimada por uma crença social. Max Weber
apresenta três tipos de dominações em função de diferentes legitimidades: a dominação carismática, a dominação
legal racional e a dominação tradicional.

OS TRÊS TIPOS PUROS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA:

 A dominação carismática se explica pelas virtudes de um indivíduo. Se um indivíduo nos parece como
um “herói”, vamos ter mais confiança nele, e ser mais facilmente dominados. Nela, a relação se sustenta
pela crença dos subordinados nas qualidades superiores do líder. Essas qualidades podem ser encaradas
tanto como dons sobrenaturais, quanto pela coragem e a inteligência inigualável. Os homens políticos
utilizam este carisma para ter um poder de convicção. Podemos tomar como exemplo qualquer grupo
religioso centrado na figura do profeta, que apenas por meio de suas habilidades e conhecimentos
pessoais, sem o uso da força, consegue arregimentar um grande número de seguidores.
 A dominação legal racional depende da crença nas legalidades das regras, ou seja, por meio das leis.
Nessa situação, um grupo de indivíduos submete-se a um conjunto de regras formalmente definidas e
aceitas por todos os integrantes. Essas regras determinam ao mesmo tempo a quem e em que medida as
pessoas devem obedecer. Nesse sentido, os indivíduos pensam respeitar as leis, mas, na verdade,
respeitam também o indivíduo que gera as leis. Um exemplo ilustrativo é o do empregado que acata as
ordens de um superior, de acordo com as cláusulas (regras, leis) do contrato assinado.

 A dominação tradicional se explica pelo caráter sagrado da tradição. Em outras palavras, situação em que a
obediência se dá por motivos de hábito porque tal comportamento já faz parte dos costumes. É a relação de
dominação enraizada na cultura da sociedade. Por exemplo, a dominação do chefe de família na sociedade
patriarcal é um exemplo de tipo de dominação tradicional. Os filhos obedecem aos pais por uma relação de
fidelidade há muito estabelecida e respeitada.
Segundo Pierre Bourdieu, na sociedade, os indivíduos ocupam diferentes posições sociais no espaço
social: existem dominantes e dominados. Pode ser que em um momento você seja dominante, e depois
dominado. Assim você muda de “lado”. Essas posições sociais são definidas em função do capital econômico
(dinheiro, salário), cultural (conhecimento, saber fazer) e social (relações). Para o pensador, os indivíduos têm
estes três “capitais”, mas em proporções diferentes. Em função dessas diferenças, é criada a estratificação social.
Pierre Bourdieu fala de “dominação simbólica”. A dominação simbólica é, por exemplo, o controle da língua.
Um indivíduo que tem um capital cultural alto faz um comentário legítimo (um “bom” comentário) sobre uma
exposição de pintura, por exemplo. É um meio para mostrar a sua dominação simbólica.
Também, Pierre Bourdieu fala das mulheres como indivíduos dominados. Este sociólogo escreveu um livro
que se intitula “A dominação masculina”. Nesta obra, ele tenta explicar porque as mulheres são tão dominadas.
Neste caso, Bourdieu explica que esta dominação é uma violência simbólica, tendo em vista que esta dominação
é invisível. Segundo ele, a mulher incorporou as normas sociais relativas ao seu gênero desde a sua infância.

9. De que maneira o conceito de dominação social é aplicado na Sociologia?


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10. Apresente a ideia central do conceito de dominação presente na teoria de cada uma dos pensadores abaixo.
a) Karl Marx:
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b) Max Weber:
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c) Pierre Bourdieu:
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11. Aponte e caracterize os três tipos puros de dominação legal de Max Weber.
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ARRASE NO ENEM
1. Observe os quadrinhos:

(QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1992).

Os quadrinhos ilustram uma forma comum de explicar a pobreza e as desigualdades sociais. Assinale a
alternativa que apresenta pressupostos utilizados pela teoria liberal clássica para compreender a existência da
pobreza e que foram também assumidos pela personagem Susanita em suas falas.
a) As desigualdades sociais podem ser compreendidas através da análise das relações de dominação entre
classes, que determinam o sucesso ou o fracasso dos indivíduos.
b) A existência da pobreza pode ser compreendida a partir do estudo das relações de produção resultantes da
exploração de uma classe sobre a outra.
c) A divisão em classes sociais no capitalismo está baseada na liberdade de concorrência; assim, a pobreza
decorre das qualidades e das escolhas individuais.
d) O empobrecimento de alguns setores sociais no capitalismo decorre da apropriação privada dos meios de
produção, que dificulta a ascensão social da maioria da população.
e) O empobrecimento de grande parte da população mundial decorre da definição pelo imperialismo de políticas
econômicas discriminatórias.

2. Contardo Calligaris publicou um artigo em que aborda a prática social brasileira de denominar como doutores
os indivíduos pertencentes a algumas profissões, dentre eles médicos, engenheiros e advogados, mesmo na
ausência da titulação acadêmica. Segundo o autor, estes mesmos profissionais não se apresentam como
doutores no encontro com seus pares, mas apenas diante de indivíduos de segmentos sociais considerados
subalternos, o que indica uma tentativa de intimidação social, servindo para estabelecer uma distância social,
lembrando a sociedade de castas. A questão levantada por Contardo Calligaris aborda aspectos relacionados
à estratificação social, estudada, entre outros, pelo sociólogo alemão Max Weber.

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De acordo com as ideias weberianas sobre o tema, é correto afirmar que


a) as sociedades ocidentais modernas produzem uma estratificação social multidimensional, articulando critérios
de renda, status e poder.
b) médicos, engenheiros e advogados são designados de doutores porque suas profissões beneficiam mais a
sociedade que as demais.
c) a titulação acadêmica objetiva a intimidação social e a demarcação de hierarquias que culminem em uma
sociedade de castas.
d) a intimidação social perante os subalternos expressa a materialização das castas nas sociedades modernas ocidentais.
e) nas sociedades modernas ocidentais, a diversidade das origens, das funções sociais e das condições
econômicas são critérios anacrônicos de estratificação.

3. De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica


a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu trabalho.
b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não-proprietários
dos meios de produção.
c) pelas diferenças de inteligência e habilidade inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente.
d) pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos históricos, marcados
pela igualdade de oportunidades.

4. A sociedade brasileira obteve várias conquistas durante o período da redemocratização e, ao longo desses
anos, implantou mudanças positivas em relação à cidadania e aos direitos civis dos brasileiros, porém [...]
ainda há muito a ser melhorado. Apesar do crescimento econômico e da diminuição do número de pessoas
que vivem abaixo da linha da pobreza nos últimos anos, as desigualdades sociais ainda são profundas e estão
entre os principais problemas enfrentados pela sociedade.
(PELLEGRINI, M. C. Novo olhar história. São Paulo: FTD, 2010, p. 263, v. 3. – Texto adaptado.)

Considere as seguintes afirmações sobre a sociedade brasileira.


I) Segundo pesquisas, pequena parte da população brasileira detém a maior parte da riqueza nacional,
enquanto os demais ficam com a menor parcela.
II) A exploração da mão de obra infantil ocorre da mesma forma em todas as regiões brasileiras. O menor
trabalha em pedreiras, na colheita de amendoim e em carvoarias, sendo seu trabalho trocado apenas por
arroz e farinha.
III) As crianças em situação de rua perambulam pelas cidades, dormem sob pontes, viadutos ou marquises,
alimentam-se mal e não frequentam escolas. Vivem uma realidade que ressalta a brutalidade, a violência, o
desamparo, além do problema com a drogadição.

Das afirmações acima,


a) apenas I está correta. c) apenas I e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas.
b) apenas II está correta. d) apenas II e III estão corretas.

5. O texto que segue é do poeta cearense Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, cantador do drama
dos caboclos nordestinos e dos pobres do Brasil.

BRASI DE CIMA E BRASI DE BAXO

Meu compadre Zé Fulô, Eu pude vê neste crima, Reina o mais soave crima
Meu amigo e companhêro, Que tem o Brasi de Baxo De riqueza e de opulença;
Faz quage um ano que eu tou E tem o Brasi de Cima. Só se fala de progresso,
Neste Rio de Janêro; Brasi de Baxo, coitado! Riqueza e novo processo
Eu saí do Cariri Maginando que isto aqui É um pobre abandonado; O de De grandeza e produção.
Era uma terra de sorte, Cima tem cartaz, Porém, no Brasi de Baxo
Mas fique sabendo tu Um do ôtro é bem deferente: Sofre a feme e sofre o macho
Que a miséria aqui do Su Brasi de Cima é pra frente, A mais dura privação.
É esta mesma do Norte. Brasi de Baxo é pra trás. (PATATIVA DO ASSARÉ. Cante lá que eu
canto cá. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1978. p.
Tudo o que procuro acho. Aqui no Brasi de Cima,
271-272.)
Não há dô nem indigença,

Segundo a interpretação do poeta sobre o problema da pobreza, é correto afirmar que


a) a pobreza atinge principalmente os moradores da região Nordeste, chamada por ele de “Brasi de baxo”.
b) na origem da pobreza está o domínio do acaso e do azar, predominando a riqueza em regiões privilegiadas
como o Rio de Janeiro.
c) a pobreza deve-se às diferenças de características pessoais (físicas, psíquicas e raciais, entre outras) que
existem entre os brasileiros do sul e os do norte.
d) no Brasil, a pobreza atinge tanto a população nordestina como a do sul do país, dividindo os brasileiros em
duas categorias de pessoas.
e) a pobreza no Nordeste e na região Sul do país decorre do mau aproveitamento dos seus recursos
naturais e humanos.

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6. “A pobreza e a desigualdade são construções sociais que se desenvolvem e consolidam a partir de estruturas,
agentes e processos que lhes dão forma histórica concreta. Os países e regiões da América Latina moldaram,
desde os tempos coloniais até nossos dias, expressões desses fenômenos sociais que, embora apresentem as
peculiaridades próprias de cada contexto histórico e geográfico, compartilham um traço em comum: altíssimos
níveis de pobreza e desigualdade que condicionam a vida política, econômica, social e cultural. O conceito de
construção é praticamente similar ao de produção, sendo utilizado aqui para enfatizar que a pobreza é o resultado
da ação concreta de agentes e processos que atuam em contextos estruturais históricos de longo prazo.”
(Produção de pobreza e desigualdade na América Latina. Antonio David Cattani, Alberto D. Cimadamore (orgs.) ; tradução: Ernani Ssó. —
Porto Alegre : Tomo Editorial/Clacso, 2007, p. 07.)

De acordo com o texto, é correto afirmar que


a) a pobreza sempre existiu e é da natureza das sociedades organizadas que ela ocorra.
b) a pobreza não pode ser considerada característica presente em toda a América Latina.
c) a desigualdade social não condiciona a vida política, econômica, social ou cultural.
d) a pobreza não pode ser considerada fruto da desigualdade.
e) a pobreza e a desigualdade são construções sociais que se desenvolvem na história e por isso são
absolutamente reversíveis.

7. De acordo com o caput do artigo 5º da Constituição Federal/1988 “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade"... Contudo, quando
confrontamos com a realidade concreta, podemos enxergar que esses direitos e garantias fundamentais não
se materializam na vida cotidiana de vários brasileiros. Assim, fazendo uma relação com o estudo das
desigualdades sociais, podemos afirmar que
a) a desigualdade social por ser um fenômeno natural de toda sociedade, na prática, o Estado não tem o dever
de acabá-las.
b) a norma jurídica em questão entra em confronto diretamente com a realidade efetiva, demonstrando assim
que, mesmo assegurada por lei, a igualdade social não é efetivada de forma tão simples.
c) as sociedades são naturalmente desiguais, os dispositivos jurídicos são os únicos mecanismos capazes de
diminuir as desigualdades sociais.
d) a desigualdade social não tem relações com as injustiças, já que os mecanismos jurídicos a condenam,
retirando a possibilidade de haver uma relação entre as relações desiguais e as injustiças sociais.

8. Sobre o processo de Desigualdades Sociais, é incorreto afirmar que


a) de uma forma bastante ampla, as desigualdades que se manifestam em uma sociedade pode ser muito bem
explicada ao analisarmos as suas raízes históricas, culturais e econômicas.
b) as desigualdades sociais não são acidentais, mas produzidas por um conjunto de relações que abrangem as
várias esferas da vida social. Esses fatores não somente contribuem para o surgimento dessas
desigualdades, como também contribuem para que essas se multipliquem.
c) a má distribuição de renda e a omissão do Estado podem ser consideradas como fatores relevantes para a
propagação das desigualdades sociais.
d) as desigualdades sociais podem ser consideradas como produto de um conjunto de relações pautado na
propriedade e na dominação e hegemonia de uma classe social sobre as demais.
e) no contexto político e social, o entendimento sobre as desigualdades sociais ultrapassam os limites culturais e
somente devem ser explicados pelos critérios econômicos.

9. As sociedades modernas são complexas e multifacetadas. Mas é com o capitalismo que as divisões sociais se
tornam mais desiguais e excludentes. Marx já observara que só o conflito entre as classes pode mover a história.
Assim sendo, para o referido autor, em qual das opções se evidencia uma característica de classe social?
a) O status social e cultural dos indivíduos.
b) A função social exercida pelos indivíduos na sociedade.
c) A ação política dos indivíduos nas sociedades hierarquizadas.
d) A identidade social, cultural e coletiva.
e) A posição que os indivíduos ocupam nas relações de produção.

10. Assinale a alternativa que corresponde ao conceito de “Dominação Legítima”, formulada pelo sociólogo alemão
Max Weber.
a) Capacidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social.
b) Capacidade de liderar numa determinada situação social.
c) Probabilidade de impor a sua vontade numa determinada situação social.
d) Probabilidade de operar através de atos ou uso da violência.
e) Probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato.

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11. Alguns autores recentes afirmam que se deve avaliar a posição de classe do indivíduo também em relação a
fatores culturais, como estilo de vida e padrões de consumo. Em relação a esse assunto, assinale
a opção correta.
a) De acordo com as abordagens recentes sobre a posição de classe, as identidades individuais estruturam-se,
em maior escala, em torno do modo de se vestir, do que comer, de como cuidar do corpo e de onde relaxar e
menos em torno de indicadores de classe mais tradicionais, como o emprego.
b) O sociólogo francês Pierre Bourdieu entende que os grupos de classe são identificáveis, cada vez mais, com
base em fatores econômicos ou ocupacionais.
c) Para Savage e colaboradores, os profissionais do serviço público buscam um estilo de vida baseado em
padrões de consumo que implicam médios ou baixos níveis de exercício, pouco empenho em atividades
culturais e uma preferência por estilos tradicionais nos móveis da casa e na moda.
d) A estratificação dentro das classes e entre as classes depende unicamente de diferenças ocupacionais.
e) Segundo Bourdieu, em uma sociedade consumista, as diferenças de classe são completamente ignoradas.

12. Um dos principais conceitos elaborados por Max Weber para analisar as relações de mando e obediência na
sociedade é o de "dominação". Quais os três tipos de dominação de uma ordem legítima definidos pelo autor?
a) Moderna, patrimonialista e demagoga.
b) Racional legal, tradicional e carismática.
c) Capitalista, socialista científica e socialista utópica.
d) Moderna, tradicional e demagoga.
e) Burocrática, patrimonialista e gerencial.

CAPÍTULO 2

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E DIFERENCIAÇÃO SOCIAL


A estratificação social indica a existência de diferenças, de desigualdades entre pessoas de uma
determinada sociedade. Ela indica a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes. Como já
foi mencionado no capitulo anterior, são três os principais tipo de estratificação social: Estratificação econômica;
Estratificação política e Estratificação profissional.
A estratificação social é a separação da sociedade em grupos de indivíduos que apresentam características
parecidas, como por exemplo: negros, brancos, católicos, protestantes, homem, mulher, pobres, ricos, etc. A
estratificação é fruto das desigualdades sociais, ou seja, existe estratificação porque existem desigualdades.
Podemos perceber a desigualdade em diversas áreas: Oportunidade de trabalho, cultura, lazer, acesso aos meios
de informação, acesso à educação, gênero, raça, religião, economia. Por isso, é importante ressaltar que todos os
aspectos de uma sociedade – economia, política, social, cultural, etc. – estão interligados. Assim, os vários tipos
de estratificação não podem ser entendidos separadamente.
A estratificação social é um fenômeno histórico, pois esteve presente em todas as épocas: desde os
primeiros grupos de indivíduos até nossos tempos. Ela apenas mudou de forma, de intensidade, de causas; ou
seja, as diferenciações sociais e a formação de suas características ocorrem em função de processos históricos
explicáveis dentro de suas próprias lógicas. Portanto, não são fenômenos "naturais", derivados de alguma lógica
exterior ao próprio ser humano. São processos construídos por agentes humanos que se opõem, sob a forma de
grupos, no campo do conflito.
A Revolução Industrial e a transformação dos sistemas econômicos contribuíram para que as questões
sobre a desigualdade social fossem mais bem visualizadas, discutidas e percebidas, principalmente depois do
advento do capitalismo, tornando-as mais evidentes. Umas das características fundamentais que distingue nossa
sociedade das antigas é a possibilidade de mobilidade social. Diferentemente da sociedade medieval na qual
quem nascesse servo, morreria servo, e na qual não era possível lutar por direitos e por uma oportunidade de
mudar de classe. Na sociedade ocidental contemporânea, por exemplo, isto já é possível, e a mobilidade social se
dá especialmente como consequência dos investimentos em educação, dos investimentos de formação e
capacitação para o trabalho, que podem vir tanto do Estado quanto da própria iniciativa social. Em muitas
ocasiões, a mobilidade social pode ser reivindicada por meio de movimentos sociais que, em sua maioria,
reivindicam legitimidade diante da posição marginal de poder em que se encontram na sociedade.

1. Explique o que é estratificação social.


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Formas de estratificação
Há inúmeros modelos de estratificação no mundo, mas analisaremos três: castas (Exemplos: Índia; Egito Antigo;
Grécia Antiga), estamentos (Exemplo: Europa Ocidental durante o feudalismo) e classes sociais (Exemplo:
sociedades capitalistas). Essa tríade apresenta nuances, subdivisões e, por vezes, “camadas” constitutivas que
representam elementos políticos, econômicos e culturais determinantes para o curso da vida cotidiana.

Castas
Apesar de ser identificado em outras sociedades, aqui, destacaremos o sistema de castas da Índia.
O sistema de castas (e de subcastas) da Índia é uma divisão social importante na sociedade Hindu, não
apenas na Índia, mas no Nepal e outros países e populações de religião Hindu. Embora geralmente identificado
com o hinduísmo, o sistema de castas também foi observado entre seguidores de outras religiões no
subcontinente indiano, incluindo alguns grupos de muçulmanos e cristãos. A Constituição Indiana de 1950 (devido
à pressão de políticos ocidentalizados) rejeita a discriminação com base na casta, em consonância com os
princípios democráticos e seculares que fundaram a nação. Barreiras de casta deixaram de existir nas grandes
cidades, mas persistem principalmente na zona rural do país.
Em geral, as castas constituem comunidades fechadas e de compartilhamento de características sociais
hereditárias e endogâmicas, apesar de não serem delimitadas territorialmente. A hereditariedade é a base para a
divisão da sociedade, sem qualquer possibilidade de ascensão social: aqueles que pertencem às castas inferiores
não podem manter contatos sociais com os grupos superiores. Normalmente, a estratificação é reconhecida pelo
sobrenome, mas, em algumas regiões, pode-se perceber a casta de um indivíduo por meio do dialeto falado,
ocupação profissional, pelos alimentos que consomem ou por suas vestimentas.
Todo modelo de estratificação social apresenta características próprias de controle social. No sistema de
castas indiano, o hinduísmo institui a regulação social pelo comportamento do indivíduo em uma vida anterior: se
sua conduta foi considerada boa, será recompensado nascendo em uma casta mais elevada na próxima vida; se
não, será punido nascendo em casta mais baixa.

Castas e divisões na Índia

Define-se casta como grupo social hereditário, no qual a condição do indivíduo passa de pai para filho. O
grupo endógamo, isto é, cada integrante só pode casar-se com pessoas do seu próprio grupo.
Sendo que os grupos são:
 A cabeça (Brâmanes) representa os sacerdotes, filósofos e professores;
 Os braços (Xátrias) são os militares e os governantes;
 As pernas (Vaixás) são os comerciantes e os agricultores;
 Os pés (Sudras) são os artesãos, os operários e os camponeses [ex-servos].
 A "poeira sob os pés" não foram originados do corpo de Brahma, por isso não pertencem às castas, mas
tem um nome: são os Dalit ou párias, chamados de intocáveis (a quem Mahatma Gandhi deu o nome de
Harijan, "filhos de Deus"). Os Dalit são constituídos por aqueles (e seus descendentes) que violaram os
códigos das castas a que inicialmente pertenciam. São considerados impuros e, por isso, ninguém ousa
tocar-lhes. Fazem os trabalhos considerados mais desprezíveis: recolha de resíduos, coveiros, talhantes, etc.
Na sequência das invasões mongóis da Índia (século XIII), milhões de párias converter-se-iam ao islamismo,
uma religião que não os marginalizava. Com o passar do tempo, ocorreram centenas de subdivisões, que não
param de se multiplicar. Atualmente, no hinduísmo, existem mais de 3.000 subcastas não-oficiais.
A origem do sistema de castas é incerta. Segundo o hinduísmo, vem de Brahma, a divindade criadora do
universo, mas parece ser proveniente da divisão entre os migrantes arianos — subgrupo dos indo-europeus que
povoou a Península da Índia por volta de 2000 a.C - 1600 a.C., vindo do norte, pelo Punjabe - e os nativos
(dasya), que se tornaram escravos. As primeiras referências históricas sobre a existência de castas se encontram
em um livro sagrado dos indianos, o Manu, possivelmente escrito entre 800 a.C. e 250 a.C.

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2. Apresente as principais características do sistema de castas.


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3. Disserte, brevemente, sobre a relação religião x mobilidade social.


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Estamentos

A sociedade feudal da Europa na Idade Média foi um


exemplo típico de uma sociedade estratificada em estamentos.
A sociedade estamental feudal pode ser explicada pela
estrutura de poder e apropriação em que a terra é o elemento
central. Ela define o prestígio de cada um e todos os outros são
subordinados a quem detém a terra.
O estamento mais importante corresponde à nobreza
detentora da terra. O clero tem a supremacia ideológica devido à
igreja, e os servos trabalham na terra. Esses últimos são o estado
subordinado aos outros dois.
Os estamentos são sustentados por um conjunto de
direitos, deveres e privilégios reconhecidos publicamente por
todos e aceitos como naturais. Ninguém considera o sistema
injusto, pois acreditam ser a predestinação de cada um. As
pessoas não conseguem pensar o mundo sem esses
estamentos assim como não conseguimos hoje pensar o mundo
sem o Estado de direito. Num período marcado pelo
Teocentrismo, as pessoas aceitavam as condições em que viviam uma vez que para eles, “Deus” havia escolhido
aquele destino.
Como vimos o estamento ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na sociedade
estamental, a mobilidade social ascendente é difícil, porém não impossível, como na sociedade de castas.
Na sociedade feudal, os indivíduos só muito raramente conseguiam ascender socialmente. Essa ascensão
só era possível em alguns casos: quando a Igreja recrutava, em certas ocasiões, seus membros entre os mais
pobres, caso o rei conferisse um título de nobreza a um homem do povo, ou ainda se a filha de um rico
comerciante casasse com um nobre, tornando-se, assim, membro da aristocracia. Essas situações eram difíceis
de acontecer e normalmente as pessoas permaneciam no estamento em que haviam nascido.

4. Apresente as principais características do sistema de estamentos.


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5. Aponte as principais formas de mobilidade social no sistema de estamento.


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Classes sociais

Classe social significa um grupo de indivíduos com características em comum do ponto de vista econômico,
comportamental e de representação ideológica do mundo que o rodeia. Ao longo da história das ciências sociais
existiram diversas reflexões e definições sobre uma classe social e das implicâncias de pertencer a uma ou outra.
Encontrar uma definição de classe social não é tarefa nada fácil, ainda mais quando o tema não gera uma
definição consensual entre estudiosos das mais diferentes tradições políticas e intelectuais. Porém, uma coisa é
certa! Todos estão de acordo com o fato de as classes sociais serem grupos amplos, em que a exploração
econômica, opressão política e dominação cultural resultam da desigualdade econômica, do privilégio político e da
discriminação cultural, respectivamente. Assim, as divisões em classes se da na forma que o indivíduo esta
situado economicamente e sociopoliticamente em sua sociedade.
Considerando que a estrutura social da sociedade capitalista está dividida em classes, a apropriação
econômica é o principal definidor da estratificação social. As outras distinções oriundas de diferenciações (religião,
hereditariedade, ocupação profissional/intelectual, entre outras) são secundárias se comparadas à distinção
econômica. Portanto, a hierarquia na sociedade capitalista é determinada pela posição que o indivíduo ou grupo
ocupa na produção e no mercado, ou ainda a capacidade individual de consumo de cada sujeito. Se um indivíduo
ocupar posição importante no mercado, automaticamente ocupará posição importante na sociedade. Por isso,
normalmente se divide os indivíduos em classes de acordo com a capacidade de consumo: ex: classe alta, média
e baixa; classe A, B, C, D e E.
A sociedade capitalista é a mais desigual se comparada a outros tipos. Uma minoria de pessoas se apropria
de quase toda a riqueza produzida, expressa na renda, nas propriedades e também nos bens simbólicos
expressos no acesso à educação e aos bens culturais como museus, livros, teatro, etc. A desigualdade pode ser
observada na miséria de uns e na riqueza de outros.

Principais características do sistema de classes:


 Classes não são estabelecidas por providências legais ou religiosas.
 Não se baseia em posição herdada (como nos estamentos ou castas). As pessoas podem ascender ao topo da
pirâmide social sem pertencer a uma família considerada tradicional.
 Não existe restrição formal quanto ao casamento interclasse.
 A mobilidade social é maior (mesmo com dificuldades, a classe pode ser conquistada).
 No sistema de classes os fatores econômicos preponderam sobre todos os outros.
 As desigualdades se expressam na diferença de trabalho e arrecadação de cada um.

Teorias sobre a estratificação de classes nas sociedades modernas


As duas principais definições de classe dentro da sociologia correspondem a Marx e a Weber, definições que
muitas vezes se apresentaram como antagônicas.

Perspectiva Marxista
Os marxistas explicam a desigualdade social a partir do pensamento de Marx. A desigualdade advém da
divisão do trabalho. A teoria marxista das classes sociais diz que: a organização social depende da econômica; o
grupo dominante socialmente é o que controla as forças de produção e detém o capital; o grupo dominado detém
apenas força de trabalho; esta desigualdade gera descontentamento social e gera conflitos (estes conflitos,
chamado de luta de classes por Marx, são o motor que faz mudar a sociedade); a posição de classe é
independente da consciência de pertença a essa mesma classe; as principais classes sociais são os capitalistas e
os proletários, mas um grande número de posições intermédias é responsável por um sistema complexo e de
grande conflitualidade.

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Perspectiva Weberiana
A teoria de Max Weber parte da de Max, mas introduz alguma complexidade: as classes resultam da
distribuição desigual do poder; o poder é variável quer a nível econômico, quer a nível social e político; a posição
de classe é determinada na esfera econômica (existe uma enorme variedade de posições de classe que refletem
as diversas capacidades econômicas e de acesso a bens materiais); a localização dos indivíduos numa classe é
determinada pela sua posição face ao mercado, a sua capacidade econômica para aceder a saberes, títulos,
qualificações, prestígio, honra, bens, empregos e propriedades; a combinação destes critérios resulta numa
grande variedade de estatutos sociais (status); exemplos de classes podem ser os proprietários, intelectuais, etc.;
a posição de classe não é herdada e deriva dos recursos que o indivíduo desenvolve ao longo da sua vida, o
processo é fluido e flexível; as classes não são permanentes, os indivíduos entram e saem delas; o conflito de
classes surge do desejo de equidade social.
Atualmente, as diferenças de classes têm vindo a esbater-se, no entanto, a desigualdade social permanece.
O gênero é uma das grandes dimensões da desigualdade. Não existem sociedades modernas em que as
mulheres tenham mais riqueza e status que os homens.

6. Quais são os principais modelos de estratificação? E em qual modelo o Brasil melhor se encaixa? Justifique.
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7. Aponte as principais características do sistema de classes.


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8. Diferencie a teoria de Marx da teoria de Weber referente à estratificação de classes. Aponte qual delas explica
melhor a realidade social que vivenciamos hoje. Por quê?
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9. De forma bem sucinta, e considerando a teoria de Karl Marx, defina com suas palavras o que é Luta de classes.
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ARRASE NO ENEM

1. Em termos sociológicos, assinale o que não for correto sobre o conceito de classes sociais.
a) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as desigualdades se estruturam e se reproduzem nas sociedades.
b) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes sociais transformam-se ao longo da história conforme
a dinâmica dos modos de produção.
c) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, pelas relações de cooperação que se desenvolvem
entre os diversos grupos envolvidos no sistema produtivo.
d) A formação de uma classe social, como os proletários, só se realiza na sua relação com a classe opositora, no
caso do exemplo, a burguesia.
e) A afirmação “a história da humanidade é a história das lutas de classes” expressa a ideia de que as
transformações sociais estão profundamente associadas às contradições existentes entre as classes.

2. Em relação ao sistema de castas de uma sociedade, assinale a alternativa correta.


a) Existe mobilidade social dentro de uma sociedade de castas.
b) A exogamia faz parte dos casamentos realizados em sociedades de castas.
c) Não existe mobilidade social dentro de uma sociedade de casta.
d) Dentro de um sistema de castas não é importante a hereditariedade.
e) Em um sistema de casta não existe a divisão entre castas superiores e inferiores.

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3. Os sistemas de estratificação estão divididos em três tipos diferentes:


a) A casta, o estamento e a classe.
b) As castas, os estamentos, a democracia.
c) A monarquia, o estamento e a classe.
d) A escravidão, a casta, o regimentalismo.

4. A expressão estratificação deriva de estrato, que quer dizer camada. Por estratificação social entendemos, exceto:
a) A distribuição de indivíduos em grupos e grupos em camadas hierarquicamente superpostas dentro de
uma sociedade.
b) O processo de aquisição é assimilação dos valores, das normas, regras, leis, costumes e as tradições do
grupo humano do qual fazemos parte.
c) Que essa distribuição dos indivíduos se dá pela posição social, a partir das atividades que eles exercem e dos
papéis que desempenham na estrutura social.
d) Que em determinadas sociedades podemos dizer que as pessoas estão distribuídas pelas camadas alta (classe A),
média (classe B) ou inferior (classe C), que correspondem a graus diferentes de poder, riqueza e prestígio.
e) Por exemplo, que na sociedade capitalista contemporânea, as posições sociais são determinadas
basicamente pela situação dos indivíduos no desempenho de suas atividades produtivas.

5. Acerca das ideias desenvolvidas por Karl Marx e Max Weber, que formam a base da maioria das análises
sociológicas de classe e estratificação, assinale a opção correta.
a) Para Marx, uma classe é um grupo de pessoas que se encontra em uma relação comum com os meios de
produção, isto é, os meios pelos quais elas extraem seu sustento.
b) Para Karl Marx, nas sociedades pré-industriais, as duas classes principais eram a burguesia e o proletariado.
c) De acordo com Marx, existe, entre as classes sociais, uma relação de perfeita harmonia.
d) Para Max Weber, a estratificação social é simplesmente uma questão de classe.
e) Max Weber acreditava que a posição de mercado do indivíduo não tinha influência sobre suas opções de vida

6. Os fatores da estrutura social que devem ser levados em consideração para analisar uma sociedade estão na
alternativa:
a) Somente o fator cultural, pois este elemento é que definirá a estrutura de uma sociedade.
b) Econômico, político, histórico, social, religioso e cultural.
c) Esportivo, político, alimentar e econômico.
d) Cultural, filosófico, religioso e esportivo.
e) A felicidade e a união da população.

7. Podemos entender que estratificação social é


a) a economia dividida entre os operários.
b) a igualdade entre todos os indivíduos na sociedade
c) divisão da sociedade em camada social.
d) a riqueza que cada um possui.

8. Conceito fundamental de Marx no entendimento da sociedade capitalista:


a) harmonia de classes
b) luta de classes
c) divisão de classes
d) manipulação de classes

9. No capitalismo moderno, a sociedade é dividida em


a) classe social
b) mobilidade social
c) estratificação social
d) estamento social

10. Em 2009, uma emissora de TV brasileira exibiu, no horário nobre, uma telenovela chamada “Caminho das
Índias”, que mostrava um pouco dos costumes e hábitos dos indianos. A sociedade indiana está
estratificada em
a) classe social
b) castas sociais
c) estamentos sociais
d) estados sociais

11. Para Karl Marx, os dois grupos contraditórios na sociedade capitalista são
a) patrícios e plebeus
b) burgueses e proletários
c) senhores e servos
d) livres e escravos

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CAPÍTULO 3

MOBILIDADE SOCIAL
Mobilidade social é um termo da sociologia que descreve a transição e a possibilidade de transição de
indivíduos e grupos sociais de uma classe social para outra, como também descreve as transições sociais que
acontecem dentro de uma mesma classe social. Serve para medir a igualdade de oportunidades em uma
determinada sociedade. Portanto, é uma ferramenta que procura interpretar essa conjugação de mobilidade
com desigualdade.
Mobilidade social se refere ao fato de que, em uma sociedade, os pobres ficam ou podem ficar mais pobres
ou mais ricos, assim como os mais abastados podem empobrecer ou ficarem ainda mais ricos. Contudo, a
mobilidade social não se refere somente à ascensão e ao declínio entre classes sociais, a mobilidade social pode
se referir também a uma mudança de status ou prestígio social sem, contudo, significar uma mudança de classe.
E, nesse sentido, os sociólogos apontam dois tipos de mobilidade social: mobilidade social vertical e
mobilidade social horizontal.

Mobilidade Social Vertical

Na mobilidade social vertical o indivíduo não só tem melhoras nas suas condições de vida, prestígio e status
social, como também o aumento da sua renda é tal que este passa a entregar uma outra classe social. Da mesma
forma que o inverso acontece, a pessoa sofre um declínio e pode vir a integrar uma classe social inferior àquela
que antes ocupava. Nesse sentido, dizemos que existe a mobilidade social ascendente e a mobilidade
social descendente.
a) Mobilidade social vertical ascendente (ascensão social): o indivíduo passa a integrar um grupo
economicamente superior ao seu grupo anterior. Ou seja, quando a pessoa melhora sua posição no sistema
de estratificação social.
b) Mobilidade social vertical descendente (queda social): o indivíduo passa a integrar um grupo
economicamente inferior ao seu grupo anterior. Ou seja, quando a pessoa piora de posição no sistema de
estratificação social.

É o caso do indivíduo que abre um mercadinho na periferia, seu negócio prospera, e se transforma em um
mercado e ele passa a ter um padrão de vida de classe média; do rapaz que se forma na faculdade e passa a
ganhar um salário quatro vezes maior do que ganhava; ou do rico empresário que num momento de crise faz más
escolhas e leva o seu empreendimento à falência, descendendo, assim, socialmente, e etc.

Mobilidade Social Horizontal


A Mobilidade Social horizontal é aquela em que um indivíduo ou grupo social tem uma alteração no seu nível
social sem, contudo, migrar para outra classe social. Portanto, ocorre quando a mudança de uma posição a outra
se opera dentro da mesma camada social.
Exemplos de mobilidade social horizontal podem ser:
 o caso de um trabalhador que foi promovido;
 do estudante que arrumou o seu primeiro emprego;
 da pessoa que passou no concurso e passará a receber um salário maior;
 do empresário que abriu uma nova filial para a sua empresa;
 um indivíduo que se muda do interior para a capital e muda suas ideias políticas, mas seu nível de renda
não se altera substancialmente; etc.
Em todos esses exemplos, vemos pessoas melhorando suas condições de vida, o prestígio e o status social,
por assim dizer, sem significar uma mudança de classe social.

Mobilidade social intrageracional e intergeracional


Agora que vimos os principais tipos de mobilidade, podemos ver como os sociólogos analisam essas
dinâmicas. Como possibilidade de estudo, podemos fazer um estudo da mobilidade social de várias gerações
diferentes ou a partir da mesma geração. Para isso, temos abordagem intrageracional e intergeracional.
a) Mobilidade Intergeracional: comparação da posição social entre as gerações passadas e a geração atual.
Por exemplo, a condição de um filho em relação à condição de seu pai.
b) Mobilidade Intrageracional: compara-se o desempenho social de uma determinada pessoa ou grupo de
pessoas com características comuns, durante um período de tempo. Ou seja, em relação às posições
ocupacionais anteriores, desde a entrada no mercado de trabalho, até a posição ocupacional presente.

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Mobilidade Social estrutural e circular

De acordo com José Pastore, em seu livro Mobilidade Social no Brasil, o Brasil, ao longo de várias décadas
mostrou que a maioria dos brasileiros sobe pouco na escala social, e a minoria sobe muito. Daí a coexistência de
mobilidade e desigualdade.
No passado, a maioria da mobilidade era do tipo estrutural – ou seja, as pessoas subiam na estrutura social
porque se abriam novos postos de trabalho com melhores oportunidades para as pessoas que os preenchiam –
estivessem elas preparadas ou não para as funções. Hoje, já desponta a mobilidade circular – aquela em que, para
uma pessoa ocupar uma posição mais alta, outra tem de desocupá-la (por troca, aposentadoria ou morte). Em outras
palavras, a mobilidade social começa a ser determinada por elementos de competição no mercado de trabalho, o que é
comum nos países mais avançados, onde é grande o papel da educação.

A mobilidade social nas democracias


A mobilidade social ascendente é mais frequente numa sociedade democrática aberta, que estimula e
enaltece a escalada rumo ao topo de indivíduos de origem humilde como nos Estados Unidos. Entretanto, vale
esclarecer que, mesmo na sociedade capitalista mais aberta, a mobilidade social vertical não ocorre de maneira
igual para todos os indivíduos. A ascensão social depende muito da origem étnica. No Brasil, as pessoas brancas
pertencentes às camadas sociais mais elevadas têm mais oportunidades e condições de se manter nesse nível,
ascender ainda mais se sair melhor do que as originárias das classes inferiores, sobretudo se são negras.

Igualdade de oportunidades x desigualdade de condições


Hoje, apesar do contexto de consolidação da democracia, é possível constatar que a desigualdade
socioeconômica está muito associada à desigualdade de oportunidades e de condições. Ou seja, existem
diferenças nas circunstâncias que afetam o sucesso das pessoas e que não dependem de seus esforços ou
decisões pessoais. Essas circunstâncias incluem o grau de escolaridade e ocupação dos pais; a qualidade da
escola que o indivíduo frequenta; seus ambientes de socialização; além de outros elementos, como cor de pele,
gênero e o tempo de escolaridade.
A situação de desigualdade tem sido, por muitas vezes, considerada natural, dada a sua longa existência na
historia. Um fator que deve ser destacado, porém, é o binômio igualdade de oportunidades/desigualdade de
condições. Em boa parte das nações vigora o pressuposto de que a igualdade de oportunidade, ou seja, todos os
cidadãos têm o direito idêntico pela lei. Entretanto, essa proposição de igualdade esbarra na imensa desigualdade
de condições para manter os estudos (em razão da necessidade de dividir o tempo com o trabalho remunerado
para complementar a renda da família) e garantir uma alimentação adequada, para citar apenas dois elementos
de impacto de possibilidade de desenvolvimento pessoal e profissional reguladores e qualitativos.
Em linhas gerais, seria o aprimoramento das políticas e programas sociais que possam redistribuir rendas,
fundados em regras de funcionamento claras e abrangentes, e que, sobretudo, sejam políticas de Estado, e não
de governo, ou seja, que tenham continuidade, independentemente de quem ocupe o Poder Executivo.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E REVISÃO


1. O que é mobilidade social?
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2. Quais os tipos de mobilidade social? Descreva-as.


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3. Estabeleça uma análise crítica sobre a mobilidade social em países democráticos.


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4. Qual critica pode ser feita ao discurso da meritocracia, a partir do texto “Igualdade de oportunidades x
desigualdade de condições”?
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ARRASE NO ENEM
1. Existem sociedades em que os indivíduos nascem numa camada social mais baixa e podem alcançar, com o
decorrer do tempo, uma posição social mais elevada. Esse fenômeno é conhecido como
a) estamentação c) estratificação social
b) mobilidade social d) castação

2. Entre os fenômenos sociais estudados pela Sociologia, a mobilidade social é um indicador do nível de
desigualdade e de mudança social. Sabendo disso, ao falarmos em mobilidade social, estamos nos referindo
a) à frequência com a qual as famílias de uma sociedade deslocam-se ou mudam suas residências em um
determinado período de tempo.
b) ao número de migrantes e imigrantes que passam pelo território de um país em determinado tempo. Assim,
quanto maior for o número de migrantes e imigrantes, mais “movimentada” uma sociedade será.
c) ao índice de pessoas que conseguem ascender ou que caem na escala socioeconômica de uma sociedade,
observando os meios e os mecanismos que os indivíduos dispõem para tanto.
d) ao desenvolvimento dos meios de transporte públicos responsáveis pela movimentação das pessoas em uma
sociedade justa e desenvolvida.
e) à quantidade de carros ou veículos que circulam em uma cidade, tendo em mente que, quanto maior for a
quantidade de veículos em uma cidade, mais móvel ela se tornará.

3. Entre os fatores que influenciam a mobilidade social, estão


a) a vontade de trabalhar, a preguiça e o nível educacional.
b) o nível econômico familiar, o nível educacional familiar e as políticas que asseguram igual acesso aos meios
de formação educacional.
c) a comodidade, o nível educacional e a vontade de trabalhar.
d) o nível econômico familiar, a comodidade e as políticas que asseguram igual acesso aos meios de
formação educacional.

4. A estratificação social é uma realidade em todas as sociedades do mundo. Dentro do conceito de


estratificação, a mobilidade social existe quando
a) o indivíduo muda-se de um bairro ou região.
b) uma família ou indivíduo migra para outra região do país.
c) um grupo ou um indivíduo ascende ou descende na escala social.
d) um grupo social imigra para outro país.
e) uma grande quantidade de famílias desloca-se do campo para o meio urbano.

5. “A maioria dos que se encontram abaixo da linha de pobreza, nos países não-desenvolvidos, é constituída
por famílias que subsistem em microunidades agrícolas, em atividades artesanais, no comércio ambulante,
através de trabalho sazonal ou uma combinação de atividades desta natureza. Estas famílias não se
beneficiam do salário-mínimo nem de outras medidas de proteção do trabalhador formal. Para ajudá-las,
torna-se necessário capitalizá-las e dar aos seus membros treinamento básico em tecnologia produtiva e em
procedimentos contábeis e financeiros” Paul Singer.
Perspectivas de Desenvolvimento da América Latina. In: Novos Estudos CEBRAP, n. 44, mar. 1996, p. 163.

Partindo da análise do texto transcrito acima, assinale a alternativa incorreta.


a) As políticas de renda mínima buscam criar condições básicas de sobrevivência para uma parcela da
população que não possui acesso a nenhuma forma de proteção trabalhista.
b) Os trabalhadores informais e aqueles inseridos na pequena agricultura familiar encontram-se entre a parcela
da população economicamente mais vulnerável, necessitando de políticas públicas específicas.
c) A qualificação do trabalhador, que garante o domínio tecnológico e dos procedimentos contábeis necessários
para o controle da renda familiar, é fundamental no processo de melhoria das condições de vida dos
trabalhadores que se encontram fora do mercado formal.
d) As rápidas transformações na economia e na organização do mundo do trabalho exigem da população
economicamente ativa uma constante adaptação às novas configurações do mercado.
e) Os trabalhadores excluídos do mercado de trabalho formal e carentes de uma rede de proteção social são
derivados da falta de educação pessoal e do excesso de comodismo, não possuindo nenhuma relação com
as configurações adquiridas pelo mercado no seu processo de expansão.

6. Leia o trecho da reportagem retirada da revista Exame.


“As chances de um filho da elite permanecer em sua classe são 20 vezes maiores do que as de um filho de
um trabalhador ultrapassar um degrau na escala social”, afirma o sociólogo Carlos Costa Ribeiro, do Instituto
Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ).
Gustavo Poloni. Exame, 10/10/2007
A possibilidade de mudança de posição dentro da estrutura social é definida pela
a) ascensão social. c) inclusão social. e) segregação.
b) desigualdade social. d) mobilidade social.

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7. Em 1840, o francês Aléxis de Tocqueville (1805-1859), autor de “A democracia na América”, impressionado


com o que viu em viagem aos Estados Unidos, escreveu que, nos EUA, “a qualquer momento, um serviçal
pode se tornar um senhor”. Por sua vez, o escritor brasileiro Luiz Fernando Veríssimo, autor de O analista de
Bagé, disse, em 1999, ao se referir à situação social no Brasil: “tem gente se agarrando a poste para não cair
na escala social e sequestrando elevador para subir na vida”.

As citações anteriores se referem diretamente a qual fenômeno social?


a) Ao da estratificação, que diz respeito a uma forma de organização que se estrutura por meio da divisão da
sociedade em estratos ou camadas sociais distintas, conforme algum tipo de critério estabelecido.
b) Ao de status social, que diz respeito a um conjunto de direitos e deveres que marcam e diferenciam a posição
de uma pessoa em suas relações com as outras.
c) Ao dos papéis sociais, que se refere ao conjunto de comportamentos que os grupos e a sociedade em geral
esperam que os indivíduos cumpram de acordo com o status que possuem.
d) Ao da mobilidade social, que se refere ao movimento, à mudança de lugar de indivíduos ou grupos num
determinado sistema de estratificação.
e) Ao da massificação, que remete à homogeneização das condutas, das reações, desejos e necessidades dos
indivíduos, sujeitando-os às ideias e objetos veiculados pelos sistemas midiáticos.

8. Entre os fatores que influenciam a mobilidade social estão:


a) A vontade de trabalhar, a preguiça e o nível educacional.
b) O nível econômico familiar, o nível educacional familiar e as políticas que asseguram igual acesso aos meios
de formação educacional.
c) A comodidade, o nível educacional e a vontade de trabalhar.
d) O nível econômico familiar, a comodidade e as políticas que asseguram igual acesso aos meios de
formação educacional.

CAPÍTULO 4

AS SOCIEDADES INDUSTRIAIS E O DESENVOLVIMENTO DO SOCIALISMO

Sociedade Industrial
Historicamente, um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento do mundo moderno foi a ascensão de
uma economia industrial que tem seu período marcante entre 1760 e 1850. Ainda vivendo um modelo feudal de
Idade Média, mas com um crescente movimento de urbanização, a Inglaterra inicia a moderna industrialização, e
as fábricas se instalaram principalmente nos aglomerados urbanos. O trabalho artesanal, onde o homem era
detentor de todo o processo, dá lugar a um processo industrial com profundas modificações sociais. Entre elas:
êxodo rural, problemas de moradia, problemas de saneamento e saúde, novas relações e condições de trabalho,
entre outros.
As cidades do século XIX, como Londres ou Paris, cresceram em torno das fábricas sem planejamento. Os
trabalhadores moravam junto às fábricas, enquanto os patrões moravam nos subúrbios mais distantes e
arborizados. As ruas eram estreitas e formavam labirintos; as casas dos operários eram pequenas e miseráveis,
grudadas umas às outras. Os cômodos não tinham janelas. O ar sufocava com os gases das chaminés e não
havia serviços públicos básicos, como água limpa ou rede de esgotos. Essas cidades industriais eram feias, sujas
e “tristes”; seus rios, imundos. Essa situação favorecia a disseminação de epidemias e doenças; cólera, varíola,
escarlatina e tifo eram frequentes entre os trabalhadores.
Outra situação provocada pela Revolução Industrial era a condição do trabalhador em ambientes fechados,
às vezes confinados, a que se chamou de fábricas. A literatura dessa época fala de personagens pálidos, quase
sem vida. As péssimas condições de trabalho (e do ambiente de trabalho) provocava adoecimento dos operários,
que passaram a sofrer acidentes e desenvolver doenças nas áreas fabris, como por exemplo, o tifo europeu (na
época chamado febre das fábricas); as jornadas nas fábricas consumia cerca de 15 horas por dia de homens,
mulheres e crianças – algumas com apenas cinco anos; os salários eram muito baixos, e o trabalho de mulheres e
crianças, em média, era a metade do que se pagava a um homem adulto; o trabalho infantil era útil, pois os dedos
finos das crianças eram adequados para a manutenção das máquinas, assim como seu porte físico para o espaço
apertado entre as instalações. Algumas crianças trabalhavam sobre pernas de pau, para alcançarem os teares. Se
adormecessem, podiam ter seus dedos estraçalhados nas engrenagens.

1. Aponte as principais mudanças sociais provocadas pela Revolução Industrial, entre o final do século XVIII e
início do século XIX.
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2. Discorra sobre as condições dos trabalhadores na fase inicial da Revolução Industrial.


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A Organização Sindical

Movimento operário no século XIX: à esquerda, o anarquista Bakunin; e à direita, o comunista Marx

Nos primeiros anos do século XIX, os trabalhadores começaram a se organizar em sindicatos, apesar de não
serem admitidos pela legislação. Consequentemente, surgiram as relações sociais entre donos das fábricas
(exploradores) e trabalhadores das fábricas (explorados) que permearam o dia a dia das indústrias.
Dessas relações nem um pouco amistosas entre capitalistas e trabalhadores surgiram na Inglaterra dois
movimentos, os ludistas e os cartistas, que tinham um objetivo em comum: encontrar soluções para os problemas
enfrentados pelos operários, principalmente o desemprego (decorrente da introdução nas fábricas de máquinas
que substituíram diversas forças de trabalho humana). Tanto ludistas quanto cartistas reivindicavam, através de
ações (como a quebra de maquinarias das indústrias), o retorno ao emprego dos trabalhadores desempregados.
Outra forma de reivindicação operária que não surtiu tanto efeito foi a tentativa de alcançar melhores
condições de trabalho solicitando-as ao governo. Geralmente, o poder público não atendia a essas reivindicações,
pois o próprio governo era dono de indústrias.
Com o decorrer das décadas, o capitalismo foi agregando novas feições, a sociedade passou por crescentes
transformações e, assim, os operários necessitavam articular novas formas de lutar por suas causas. Dessa
maneira, surgiram os movimentos socialistas, a partir da organização dos trabalhadores. Os principais movimentos
socialistas que surgiram no século XIX foram o anarquismo e o comunismo. Embora antagônicos, tanto o
anarquismo quanto o comunismo pautavam suas metas em transformações sociais profundas.
A luta trabalhadora havia apenas começado. O movimento sindical reunia grupos de diversas tendências,
desde os que lutavam a favor das reivindicações da classe trabalhadora, até aqueles que usavam o movimento
como uma atividade política, que poderia desencadear para uma revolução social. Muitos acreditavam que a luta
dos trabalhadores estava inserida num contexto social e político mais amplo. Na segunda metade do século XIX,
vários direitos trabalhistas já haviam sido conquistados graças à força dos movimentos sindicais e a adesão de
alguns segmentos da sociedade.

3. Apresente pelo menos dois fatores essenciais que fortaleceram a ideia de articulação da formação dos
sindicatos no século XIX.
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A crítica de Karl Marx à mais-valia


O conceito mais-valia foi desenvolvido pelo Alemão Karl Marx (1818-1883). Marx considerava que a mais-
valia é o valor que o trabalhador assalariado cria acima do valor da sua força de trabalho. Esse valor, que se pode
definir como sendo o trabalho não pago ao funcionário, é apropriado pelo capitalista. A mais-valia é, portanto, a
base da acumulação capitalista.
Para entender a noção de mais-valia, há que compreender que cada mercadoria engloba um valor que
corresponde ao tempo de trabalho socialmente necessário para a respectiva produção. A força de trabalho
também é considerada pelo marxismo como uma mercadoria, cujo valor se relaciona com o necessário para que o
trabalhador possa subsistir e reproduzir-se. Por exemplo: Se o trabalhador precisa trabalhar quatro horas por dia
para satisfazer as necessidades básicas e as da sua família, e que o seu dia laboral é de nove horas diárias,
então significa que o capitalista se está a apropriar da mais-valia gerada em cinco horas. Esse valor é um novo
valor para além de ser adicional (é uma mais-valia), uma vez que não fazia parte de mais nenhum componente do
processo produtivo.
Esta apropriação da mais-valia é a exploração do capitalismo. Para Marx, o capitalista pode aumentar o nível
de exploração através da maximização da mais-valia absoluta (a partir do alargamento das horas de trabalho) ou
da mais-valia relativa (cortando ao valor da força de trabalho).

4. Explique o que é a mais-valia?


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Visão de social de Émile Durkheim e Max Weber

Da Divisão do Trabalho Social – Durkheim

Na obra "Da Divisão do Trabalho Social",


Durkheim buscou esclarecer que a existência de uma
sociedade, bem como a própria coesão social, está
baseada no grau de consenso produzido entre os
indivíduos. Esse consenso produzido ele chamou de
solidariedade. Para Durkheim existem dois tipos de
solidariedade: a mecânica e a orgânica. Ao lado, são
apresentados os dois tipos de solidariedades, assim
como uma tabela comparativa.

Solidariedade mecânica
Para ele a solidariedade mecânica é característica das sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja,
em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram
compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação
aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo. São justamente essa correspondência de valores
que irão assegurar a coesão social.

Solidariedade orgânica
De modo distinto, existe a solidariedade orgânica que é a do tipo que predomina nas sociedades ditas
"modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser
aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os
interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada.
A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes
profissões e variedade das atividades industriais. Durkheim emprega alguns conceitos das ciências naturais, em
particular da biologia (muito em uso na época em que ele começou seus estudos sociológicos) com objetivo de
fazer uma comparação entre a diferenciação crescente sobre a qual se assenta a solidariedade orgânica.
Durkheim concebe as sociedades complexas como grandes organismos vivos, onde os órgãos são
diferentes entre si (que neste caso corresponde à divisão do trabalho), mas todos dependem um do outro para o
bom funcionamento do ser vivo. A crescente divisão social do trabalho faz aumentar também o grau de
interdependência entre os indivíduos.
Para garantir a coesão social, portanto, onde predomina a solidariedade orgânica, a coesão social não está
assentada em crenças e valores sociais, religiosos, na tradição ou nos costumes compartilhados, mas nos códigos
e regras de conduta que estabelecem direitos e deveres e se expressam em normas jurídicas: isto é, o Direito.

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2019 - APOSTILA FILOSOFIA/SOCIOLOGIA – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

5. Caracterize:
a) Solidariedade mecânica.
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b) Solidariedade orgânica.
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A Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo - Weber

Em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Weber discorre sobre a relevância da reforma


protestante para a formação do capitalismo moderno, de modo que relaciona as doutrinas religiosas de crença
protestante, para demonstrar o surgimento de um “modus operandi” de relações sociais, que favorece e
caracteriza a produção de excedentes, gerando o acúmulo de capital.
Há de se dizer, então, que o mundo outrora dominado pela religião católica, era também concebido a partir
da cultura por ela promulgada. Isso quer dizer que o modo de vida pregado no catolicismo, era propagado para
além dos limites da Igreja, perpassando a vida dos sujeitos. Entretanto, o catolicismo condenava a usura, e
pregava a salvação das almas através da confissão, das indulgências e da presença aos cultos. Desta forma, o
católico enxergava o trabalho como modo de sustentar-se, mas não via prescrição em também divertir-se,
buscando modos de lazer nos quais empenhava seu dinheiro, e produzindo apenas para seu usufruto. Menos
temerário ao pecado que o protestante, e impregnado pela proibição da usura, o católico pensava que pedir
perdão a seu Deus seria suficiente para elevar-se ao “reino dos céus”. Assim, seguindo esta cultura religiosa, a
acumulação de bens não encontrou caminhos amplos, e permaneceu adormecida.
Contudo, com o advento do protestantismo, a doutrina – e, portanto, a cultura – católica modificou-se, e a
salvação passou a ser para alguns, não mais passível de ser conquistada, mas sim uma providência divina, onde
o trabalho era o meio crucial para glorificar-se. Para o protestante, o trabalho enobrece o homem, o dignifica
diante de Deus, pois é parte de uma rotina que dá às costas ao pecado. Durante o período em que trabalha, o
indivíduo não encontra tempo de contrariar as regras divinas: não pratica excessos, não cede à luxúria, não se dá
à preguiça: não há como fugir das finalidades celestiais. E, complementando toda a doutrina protestante, ainda é
crucial pontuar que nesta religião não há espaço para sociabilidade mundana, pois todo o prazer que se põe a
parte da subserviência a Deus, fora considerado errado e abominável. Assim, restava a quem acreditava nestas
premissas, o trabalho e a acumulação, já que as horas estendidas na produção excediam as necessidades destes
religiosos, gerando o lucro.
Portanto, quando se fala em uma concepção tradicional de trabalho, trata-se da concepção católica, que
não acumulava e pensava o trabalho como meio de garantir subsistência. Já a concepção que vê o trabalho como
fim absoluto, é a protestante, que enxerga no emprego de esforços produtivos a finalidade da própria existência
humana, interligada com os propósitos providenciais de Deus.

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2019 – APOSTILA DE FILOSOFIA/SOCIOLOGIA – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

Esta mudança no comportamento social, além do choque de culturas exposto nos parágrafos acima, suscita
uma abrupta mudança no cenário econômico. Isso decorre do seguinte ciclo: O católico trabalha para viver, o
protestante vive para trabalhar. O protestante gera excedente, e o acumula, investindo-o em cadernetas de
poupança, gerando lucro. A finalidade protestante é salvar-se, e se o trabalho é salvador, empregar outros auxilia
na salvação alheia. Logo, o protestante é dono dos meios de produção, detém os funcionários e acumula cada dia
mais excedentes, gerando mais capital. E assim, a gênese do capitalismo moderno é concebida.
De modo geral, esse aspecto do pensamento de Weber, trata-se do gradual processo que o pensador
chamou de "desencantamento do mundo", a forma pela qual o pensamento científico (fortemente influenciado
pelo capitalismo e pela Revolução Industrial) fez desaparecer as forças “sobrenaturais-mágico-sacramental”
(religião, pensamento mágico e crenças diversas) do passado. As interpretações míticas da realidade foram
gradualmente sendo substituídas por uma visão racional. Ele queria mostrar que o protestantismo também tinha
contribuído para eliminar a magia como meio de salvação. Diferente do catolicismo e do luteranismo que
valorizavam os sacramentos, o puritanismo das seitas valorizava apenas o trabalho ascético (consagração a
exercícios espirituais de autodisciplina) e a disciplina moral como formas de assegurar a certeza interior da
salvação. Dessa forma elas tinham esvaziado completamente o papel da magia sacramental. O que importava era
comprovar, do ponto de vista prático, a fé religiosa. Isso levou a uma forma prática de conduta chamada de
racionalismo da dominação do mundo. Com esta leitura Weber desenvolve uma ampla leitura do processo de
racionalização ocidental e moderno, apontando, portanto, a geração de novos costumes, de um comportamento
inusitado e moral, que passa a sustentar a essência do sistema capitalista.

6. Apresente a ideia central de Max Weber presente na obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”.
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Socialismo científico
Socialismo é uma doutrina política e econômica que surgiu no final do século XVIII e se caracteriza pela
ideia de transformação da sociedade através da distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, diminuindo a
distância entre ricos e pobres. De acordo com o marxismo, uma sociedade baseada no capitalismo era dividida
em duas classes sociais: os exploradores (donos dos meios de produção, das fábricas, das terras), pertencentes
à burguesia, ou seja, os burgueses; e os explorados (aqueles que não tinham posses e tinha que se sujeitar aos
outros), ou seja, os proletários. Esse duelo entre as classes, que Marx chamou de luta de classes, é aquilo que
transforma e impulsiona a história.
O socialismo científico, criado por Karl Marx e Friedrich Engels, era um sistema ou teoria que tinha como
base a análise crítica e científica do capitalismo. A origem do socialismo tem raízes intelectuais e surgiu como
resposta aos movimentos políticos da classe trabalhadora e às críticas aos efeitos da Revolução Industrial
(capitalismo industrial). Na teoria marxista, o socialismo representava a fase intermediária entre o fim do
capitalismo e a implantação do comunismo.
O socialismo científico, também conhecido como marxismo ou socialismo marxista, se opunha ao
socialismo utópico, e ao capitalismo.
 O socialismo utópico tinha o propósito de entender o capitalismo e suas origens, o acumular prévio de
capital, a consolidação da produção capitalista e as contradições existentes no capitalismo. Contudo,
possuía uma visão pouco transformadora e muito pacífica, porque não tinha a intenção de criar uma
sociedade ideal.
 O capitalismo é um sistema que se baseia na propriedade privada dos meios de produção e no
mercado liberal, concentrando a riqueza em poucos.
 O socialismo científico defendido por Marx e Engels afirmava que o socialismo seria alcançado a partir
de uma reforma social, com luta de classes e revolução do proletariado, pois no sistema socialista não
deveria haver classes sociais nem propriedade privada. Todos os bens e propriedades particulares
seriam de todas as pessoas e haveria repartição do trabalho comum e dos objetos de consumo,
eliminando as diferenças econômicas entre os indivíduos.
Em suma, a intenção do socialismo marxista tinha como fundamento teórico a luta de classes, a revolução
proletária, o materialismo dialético e histórico, a teoria da evolução socialista e a doutrina da mais-valia. O
socialismo científico previa melhores condições de trabalho e de vida para os trabalhadores através de uma
revolução proletária e da luta armada.

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7. Em quais ideais o socialismo científico, o socialismo utópico e o capitalismo eram contrários?


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Socialismo real
Socialismo real é uma expressão que designa os países socialistas que preconizam a titularidade pública
dos meios de produção.
No século XX, as ideias socialistas foram adotadas por alguns países, como por exemplo: União Soviética
(atual Rússia), China, Cuba, Coreia do Norte e Alemanha Oriental. Porém, em alguns casos, revelou-se um
sistema constituído por regimes autoritários e extremamente violentos. Esse socialismo é também conhecido
como socialismo real - um socialismo colocado em prática, que causou uma deturpação semântica do
"socialismo", levando a esses regimes que demonstraram desrespeito pela vida humana.

SOCIALISMO, COMUNISMO e ANARQUISMO

Socialismo Comunismo Anarquismo

O SOCIALISMO é um sistema de Já o COMUNISMO é um sistema O ANARQUISMO pressupõe a


governo que serve como de governo que sucede o AUSÊNCIA DO ESTADO, da
TRANSIÇÃO do capitalismo para o socialismo. Nele NÃO HÁ LÍDER hierarquia e da força coercitiva.
comunismo. No governo socialista, para governar o Estado, pois Teoricamente, a liderança ocorre
um LÍDER assume o comando para todos já têm consciência de temporariamente dentro do grupo
SOCIALIZAR OS MEIOS DE SOCIALIZAÇÃO dos meios de de operação, escolhida pelo grupo,
PRODUÇÃO - fábricas, fazendas... - produção e da produção em si, ou seja, é contrário a qualquer tipo
que no capitalismo eram comandados assim como da DIVISÃO de governo ou autoridade, pois
pelos burgueses. Para implantação IGUALITÁRIA entre os membros essa seria uma forma de
desse sistema tem de haver uma da sociedade e de seus direitos e dominação de um homem sobre os
desapropriação dos meios de deveres sociais. Nele a pessoa demais. Para os anarquistas, uma
produção das mãos dos burgueses, trabalha para a sociedade por um sociedade sem classes e sem
via força se necessário. Nesse período do dia, no outro período estado seria estabelecida por meio
sistema as pessoas começariam a dedica seu tempo ao lazer, assim da “Ação direta”. Em outras
aprender a SOCIALIZAR suas todos seriam felizes e teriam palavras, se há um incêndio, o
produções com toda comunidade, acesso a tudo que quisessem. grupo decide quem vai liderar a
onde todos têm as mesmas coisas, Ou seja, é uma sociedade ação, sendo que essa liderança
sendo TUDO GERIDO PELO utópica - NUNCA EXISTIU - pois varia.
ESTADO, que tem a tarefa de nunca houve uma sociedade sem Isso é apenas um esboço de
coordenar essa divisão. representante de governo. definição, apenas para mostrar que
Para observar o resultado não se deve confundi-los ou mesmo
REAL do processo da julgá-los errado, como comumente o
implantação do sistema socialista anarquismo é classificado como
na Rússia, vejam o filme "A baderna/desordem.
Revolução dos Bichos" que faz
uma alusão cômica ao sistema.

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8. Diferencie: socialismo, comunismo e anarquismo.


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ARRASE NO ENEM
1. O estabelecimento do Socialismo correspondia, em Marx,
a) a uma etapa para a instalação do Comunismo;
b) à superação do capitalismo pelo Socialismo Utópico;
c) à transformação de um regime econômico por um regime social;
d) a uma forma de eliminar a luta de classes pela aceitação da exploração social;
e) à imediata instalação do comunismo, sinônimo de Socialismo.

2. Correlacionando a divisão social do trabalho com o conceito de solidariedade de Durkheim, assinale a


alternativa correta:
a) Quanto maior for a divisão social do trabalho, maior é a solidariedade mecânica, típica de sociedades pré-
capitalistas;
b) Quanto maior for a divisão social do trabalho maior será a solidariedade orgânica, característica de
sociedades capitalistas;
c) A função da divisão social do trabalho é o seu resultado econômico;
d) A função da divisão social do trabalho é a exclusão social.

3. O desenvolvimento do capitalismo esteve associado, principalmente, com o surgimento


a) do islamismo;
b) do protestantismo;
c) do catolicismo;
d) do movimento ortodoxo.

4. “Socialista” surgiu como descrição filosófica em princípios do século XIX. Sua raiz linguística era o sentido
desenvolvido de social. A distinção decisiva entre socialista e comunista, como em certo sentido esses termos
são hoje comumente utilizados, veio com a mudança de nome, em 1918, do Partido Operário Socialdemocrata
Russo para Partido Comunista Panrusso. Dessa época em diante, uma distinção entre socialista e comunista
tornou-se amplamente vigente.
RAYMOND WILLIAMS Adaptado de “Socialista”. In: Palavras-chave: um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo, 2007

Na história europeia, durante o século XX, estabeleceu-se uma diferença entre socialismo e comunismo
relacionada ao seguinte aspecto:
a) crítica dos valores liberais
b) controle da indústria pelo Estado
c) defesa da ditadura do proletariado
d) importância do sentimento patriótico

5. (…) a luta contra o capitalismo e a burguesia é inseparável da luta contra o Estado. Acabar com a classe que
detém os meios de produção sem liquidar ao mesmo tempo com o Estado é deixar aberto o caminho para a
reconstrução da sociedade de classes e para um novo tipo de exploração social.
(Angel J. Capelletti, apud Adhemar Marques et alli, História contemporânea através de textos)

O fragmento define parte do ideário


a) liberal.
b) anarquista.
c) corporativista.
d) socialista cristão.
e) sindicalista.

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6. O “Socialismo Utópico” pode ser definido como um conjunto de ideias que se caracterizaram pela crítica ao
capitalismo, muitas vezes ingênua e inconsistente, buscando, ao mesmo tempo, a igualdade entre os indivíduos.
Em linhas gerais, combate-se a propriedade privada dos meios de produção como única alternativa para se atingir
tal fim. A ausência de fundamentação científica é o traço determinante dessas ideias. Pode-se dizer que seus
autores, preocupados com os problemas de justiça social e igualdade, deixavam-se levar por ideais românticos.

Assinale a alternativa que apresenta o único autor que não pertenceu a este ramo do socialismo.
a) Robert Owen
b) Karl Marx
c) Charles Fourier
d) Prodhoun
e) Claude Saint-Simon

7. No final do século XIX, nos países europeus mais industrializados, a crítica e a oposição operárias à
sociedade burguesa poderiam ser detectadas na
a) quebra das máquinas e nos atentados contra os proprietários e principais acionistas dos grandes
conglomerados fabris.
b) postura da 1ª Internacional de trabalhadores, que se posicionou favoravelmente à guerra imperialista.
c) ascensão do movimento sindical e na expansão das ideias socialistas entre os operários.
d) propaganda anticolonialista feita pelos sindicatos católicos e marxistas.
e) propaganda contrária à implantação dos comitês de fábricas e à participação nos lucros.

8. Na obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, o sociólogo Max Weber analisa a influência de um
tipo de comportamento religioso no desenvolvimento do capitalismo moderno. O autor destaca a relação
particular entre a “ética protestante” e a questão do “trabalho” para mostrar, por exemplo, que: I) o trabalho
deve ser encarado como “um dever” (vocação) e não como “uma obrigação”; e II) “o aumento de salário não
significa aumento da produção”.
Com base no enunciado e afirmações acima é correto afirmar que
a) o surgimento do capitalismo moderno é o produto autêntico de uma mentalidade protestante.
b) o surgimento do moderno capitalismo do ocidente surgiu de modo acidental.
c) a suposta correlação entre aumento de salário e maior produtividade do trabalho nunca pode ser comprovada.
d) a maneira protestante de encarar o trabalho contribuiu para o maior desenvolvimento do capitalismo em
países como a Inglaterra e os EUA.
e) o modo protestante de encarar o trabalho debilitou a expansão da produção econômica nos países de
maioria protestante.

9. Leia o texto a seguir.

Antigamente nem em sonho existiam tantas pontes sobre os rios,


nem asfalto nas estradas.
Mas hoje em dia tudo é muito diferente com o progresso
nossa gente nem sequer faz uma ideia.
Tenho saudade de rever nas currutelas
as mocinhas nas janelas acenando uma flor.
Por tudo isso eu lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha grande dor.
Cada jamanta que eu vejo carregada transportando uma boiada me aperta o coração.
E quando olho minha traia pendurada de tristeza dou risada pra não chorar de paixão.
(Adaptado de: Nonô Basílio e Índio Vago. Mágoa de Boiadeiro.)

O texto aproxima-se sociologicamente da leitura teórica de


a) Comte, que defende a necessidade de formas tradicionais de vida em detrimento da desilusão do progresso.
b) Durkheim, que analisa o progresso como elemento desagregador da vida social ao provocar o
enfraquecimento das instituições.
c) Marx, que condena o desenvolvimento das forças produtivas por seus efeitos alienantes sobre o homem.
d) Spencer, que tem uma leitura romântica da sociedade e vê o passado como mais rico culturalmente.
e) Weber, para quem a modernização e a racionalização são acompanhadas pelo desencantamento do mundo.

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