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Fundada em 27 de maio de 2018

ADDF, ADOAL, ADOBA, ADOMATO, ADOPE, ADOSC, ADOSP, ADOSUL, ADOUC, ADOULASRJ e ADPB

Carta aberta ao Governo do Maranhão – Lei das Doulas PL 229/2019

João Pessoa, 19 de novembro de 2019.

Exmo. Sr. Flavio Dino


Governador do Maranhão

Tomamos conhecimento através do Diário Oficial do estado do Maranhão, do


teor do veto ao Projeto de Lei nº 229/2019, que assegura as parturientes o direito
de ser acompanhadas por Doulas, durante o período de trabalho de parto, parto e
pós-parto imediato, nas maternidades ou estabelecimentos de saúde pública ou
privada, proferido pelo Sr. Governador Flavio Dino.

Tal veto, veio lastreado no art. 47, caput, e 64, IV, da Constituição Estadual,
declarando de forma preliminar a inconstitucionalidade da norma por vício formal.

O próprio veto esclarece que a proposta legislativa, em linhas gerais,


VISA GARANTIR ÀS PARTURIENTES O DIREITO DE SER ACOMPANHADAS
POR DOULAS, quando do trabalho de parto, parto e pós-parto, nos
estabelecimentos de saúde públicos ou privados localizados no Estado do
Maranhão, repisa ainda sobre a função da Doula, que fica estabelecida no art. 1º,
§1º, do Projeto de Lei nº 229/2019, como “acompanhantes de parto escolhidas
pelas gestantes e parturientes para prestar-lhes suporte contínuo no ciclo gravídico
puerperal, favorecendo a evolução do parto e bem-estar da gestante”.

Diante deste contexto, resta evidente que a função da Lei não é


REGULAMENTAR A PROFISSÃO nem tampouco definir as atribuições da Doula, já
definidas pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, na CBO 3221-35, independe
da Lei Estadual ou Federal neste sentido. Vejamos:

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DESRIÇÃO SUMÁRIA – DOULA 3221-35 - CBO

Aplicam procedimentos estéticos e terapêuticos


manipulativos, energéticos, vibracionais e não
farmacêuticos. Os procedimentos terapêuticos visam a
tratamentos de moléstias psico-neuro-funcionais, músculo-
esqueléticas e energéticas; além de patologias e
deformidades podais. No caso das doulas, visam prestar
suporte contínuo a gestante no ciclo gravídico
puerperal, favorecendo a evolução do parto e bem-estar
da gestante. Avaliam as disfunções fisiológicas, sistêmicas,
energéticas, vibracionais e inestéticas dos
pacientes/clientes. Recomendam a seus pacientes/clientes
a prática de exercícios, o uso de essências florais e
fitoterápicos com o objetivo de diminuir dores, reconduzir
ao equilíbrio energético, fisiológico e psico-orgânico, bem
como cosméticos, cosmecêuticos e óleos essenciais visando
sua saúde e bem estar. Alguns profissionais fazem uso de
instrumental pérfuro-cortante, medicamentos de uso tópico
e órteses; outros aplicam métodos das medicinas oriental e
convencional.

Portanto, a lei é pedagógica, pois não cria direitos e prerrogativas para


as Doulas, mas sim para as mulheres que solicitem seu acompanhamento, tendo
a Lei das Doulas o animus não de determinar as atividades permitidas pelas
Doulas, que, efetivamente, possuem uma liberdade de abordagem não tecnicista e
não explicitada pela lei.

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Aduz ainda o veto, que a dita inconstitucionalidade, é baseada na


competência legislativa dos estados e da união, defendendo o Governador que as
qualificações profissionais devem ser estabelecidas em lei Federal, fundamentando
que tais exigências e restrições para o exercício de atividades visa resguardar perigo
de dano à coletividade ou prejuízos diretos a direitos de terceiros, a exemplo da
medicina e demais atividades ligadas à área de saúde (em seus diversos
aspectos).

Ocorre que, diferente do que foi alegado, a Doula, não é profissional da


saúde, nem pouco realiza procedimentos técnicos, ademais, resta redundante que
a Lei não veio determinar ou regulamentar, mas sim, garantir um direito à
parturiente como um direito inerente a pessoa gestante, e tão somente, cabendo a
lei estadual regulamentar o seu acesso, sem definir atribuições e competências,
além das que foram definidas na própria CBO.

Ademais os requisitos para sua formação e capacitação já estão


previsto na CBO, tendo a Lei apenas ratificado o que a foi previsto, estabelecendo
normas administrativas para que as instituições de saúde possam lidar com esse
direito, portanto a exigência da apresentação de um certificado de formação
profissional conforme previsto no art. 1º da Lei é apenas uma repetição do
estabelecido na CBO pelo MTE, vejamos:

CONDIÇÕES GERAIS DE EXERCICIO

Atuam na área da saúde, serviços sociais e serviços


pessoais. A grande maioria atua como autônomo,
trabalhando por conta própria, de forma individual,
embora os esteticistas também possam trabalhar em
equipe. Executam suas funções em ambiente fechado, sem
supervisão e em horários diurnos, não obstante os

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esteticistas e as doulas possam, também, trabalhar em


horários irregulares

FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA

A formação requerida para os esteticistas é a de técnico de


nível médio ou graduação em tecnologia. No caso das
Doulas é requerido um curso básico de qualificação
profissional de, até, 200 horas, não sendo necessária
experiência profissional para o desempenho da
ocupação. Já para as demais ocupações exige-se formação
em curso técnico de nível médio na área de atuação. O
exercício pleno das atividades, para os esteticistas, ocorre
após um período de aproximadamente dois anos de
exercício profissional. No caso dos massoterapeutas e
terapeutas holísticos, o exercício pleno das atividades
ocorre em cerca de menos de um ano de experiência
profissional; para os técnicos em acupuntura, quiropraxia
e podólogos não há exigência de experiência anterior. A(s)
ocupação(ões) elencada(s) nesta família ocupacional
demandam formação profissional para efeitos do cálculo
do número de aprendizes a serem contratados pelos
estabelecimentos, nos termos do artigo 429 da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, exceto os casos
previstos no art. 10 do decreto 5. 598/2005

Muito embora, a Lei não tenha a finalidade de regulamentar a


profissão, a intervenção normativa do Estado visa preservar e proteger o interesse
público, principalmente no que diz respeito a saúde das pessoas gestante.

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Não obstante, este país e o estado do Maranhão necessitam promover


políticas que modifiquem a qualidade da assistência obstétrica, a partir de
normativas que ampliem a autonomia e o protagonismo feminino.

Todas as normativas recentes do próprio Ministério da Saúde (2017) e


da OMS (2018), no que tangem à atenção multidisciplinar citam esta profissional
como parte da assistência.

As mais recentes evidências científicas corroboram que Doulas


diminuem procedimentos cirúrgicos e tem impacto positivo no desfecho, tanto do
ponto de vista da efetividade econômica quanto da percepção da mulher sobre o
parto e puerpério.

Trata-se de uma pauta de interesse de toda a sociedade, das mulheres


brasileiras, dos bebês que chegam ao mundo neste país, da necessidade de
melhorar a qualidade da assistência, promovendo partos dignos e respeitosos,
corroborando para que o Brasil alcance uma das metas previstas nos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável 2030 (ODS), no que se refere à redução mortalidade
materna.

Sabemos que, por ser uma profissão organizada recentemente, muita dúvida
ainda existe sobre a realidade da atenção multidisciplinar com Doulas.
Compreendendo tal situação e que esta Federação Nacional de Doulas do Brasil,
se coloca à disposição de V.Exa para esclarecer, colaborar e dialogar sobre a
necessidade de rever o veto à este projeto de lei e seus desdobramentos futuros.

Cléa Fernanda de Aguiar Fassanaro


Presidenta
FENADOULASBR

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Dados para contato:


Fernanda Fassanaro
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Cel.: 82.988885584
E-mail:fenadoulasbr@gmail.com, fernandafassanaro@gmail.com

Morgana Eneile
Diretoria de Relações Institucionais
Cel.: 21.981077658
Email: presidencia@doulasrj.com.br, morgana.eneile@gmail.com

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