MATERIAIS MAGNÉTICOS
Os primeiros fenômenos magnéticos observados foram aqueles associados aos chamados “imãs
naturais” (magnetos) que eram fragmentos grosseiros de ferro encontrados perto da antiga
cidade de Magnésia (daí o termo “magneto”). Esses imãs tinham a propriedade de atrair ferro
desmagnetizado, sendo que esta propriedade era mais acentuada em certas regiões desse
material denominada, depois, de pólos. Descobriu -se então que, quando uma barra de ferro era
colocada perto de um imã natural ela adquiria e retinha essa propriedade do imã natural e que,
quando suspensa livremente em torno de um eixo vertical, ela alinhava com a direção norte-sul.
Surgiram, então, os instrumentos de navegação.
Desde então os materiais magnéticos vêm sendo utilizados em grande volume aproveitando-se
dessa característica desses materiais. Equipamentos como: transformadores, motores,
geradores, auto-falantes, eletroímãs, etc., contém ferro, ou ligas de ferro, em suas estruturas,
com o duplo propósito de aumentar a fluxo magnético e restringi-lo a uma região desejada.
Hoje em dia, pesquisas são feitas para se desenvolver outros tipos de materiais que tenham
essa propriedade ainda mais acentuada e que possam ser manipulados de maneira a permitir novas
configurações e formatos de núcleos reduzindo -se assim as perdas desses núcleos, bem como
seus tamanhos.
O CONCEITO DE DOMÍNIO
Quando André-Marie Ampère descobriu que os efeitos magnéticos também poderiam ser
produzidos por correntes ele propôs a teoria de que as propriedades magnéticas de um corpo
fossem originadas por um grande número de minúsculas correntes circulares dentro desse corpo.
O campo magnético total no material seria, então, a soma do campo gerado pela corrente externa
com o campo gerado por estas correntes microscópicas. Mais tarde, foi desenvolvida a teoria dos
domínios onde se mostra que, os elétrons apresentam uma propriedade chamada spin que faz
com que eles se comportem como pequenos imãs. Nos materiais magnéticos, o campo total devido
aos spins dos elétrons é zero, seja porque eles se anulam naturalmente, seja porque estão
orientados de forma aleatória. Em materiais magnéticos, como o ferro e o aço, os campos
magnéticos dos elétron (grupos de até 1012 elétrons) se alinham (acoplamento de troca) formando
regiões que apresentam magnetismo espontâneo. Essas regiões são chamadas de domínios. Os
domínios são entidades isoladas, isto é, cada domínio é independente dos domínios vizinhos.
Em uma peça não-magnetizada de um material magnético os domínios estão distribuídos de
forma aleatória e o campo magnético total em qualquer direção é zero. Quando esse material
sofre a ação de uma força magnetizante externa, os domínios que estão aproximadamente
alinhados com o campo aplicado crescem à custa dos outros domínios, como mostrado na figura
abaixo. Se o campo externo aplicado for suficientemente intenso, todos os domínios se
orientarão nessa direção e, daí em diante, qualquer aumento do campo externo não causará
nenhum aumento na magnetização da peça. Nesse caso diz-se que o material atingiu a saturação.
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Na prática, uma grandeza magnética classifica esses três tipos de materiais, qual seja, a
permeabilidade magnética (µ). A permeabilidade desses materiais é comparada com a
permeabilidade do vácuo (µ o) e assim tem-se:
• materiais ferromagnéticos (ferro, níquel, cobalto, aço): possuem uma permeabilidade
magnética CENTENAS ou MILHARES de vezes, maior que a do vácuo;
• materiais paramagnéticos: possuem uma permeabilidade magnética LIGEIRAMENTE
MAIOR que a do vácuo;
• materiais diamagnéticos: possuem uma permeabilidade magnética MENOR que a do vácuo;
d) magnetostrição: além do fato acima, o campo magnético aplicado pode também alterar
as dimensões físicas do cristal ferromagnético para tamanho maior ou menor. Esse
fenômeno é denominado de MAGNETOSTRIÇÃO. A grandeza da variação nas
dimensões é função do eixo cristalino sobre o qual incide o campo magnético. Materiais
que sofrem esse fenômeno, quando são submetidos à tração ou compressão sofrem um
aumento ou redução da permeabilidade (níquel). Essa propriedade é utilizada em
sistemas de controle de pressão (prensas hidráulicas).
N ⋅I
H = onde: N representa o número de espiras; I o valor da intensidade de
l
corrente que circula pela espiras; l o comprimento magnético do núcleo e,
Φ
B= = µ⋅H onde: F representa o fluxo magnético produzido; A é a área do
A
material magnético; µ a permeabilidade magnética do material
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Analisando a curva de magnetização em função da teoria dos domínios pode-se concluir que:
• antes da magnetização, as forças magnéticas relativas aos domínios, não têm resultante
ativa, ou seja, a soma dos vetores resultantes é nula;
• a orientação dos domínios atinge um grau máximo a partir do qual, mesmo elevando-se H, a
orientação dos domínios não se altera mais;
f) laço de histerese: tendo como base a curva de magnetização, essa curva é usada em
larga escala quando se deseja usar (ou estudar) o comportamento dos materiais
magnéticos. Por isso ela é freqüentemente encontrada em manuais e folhetos
distribuídos pelos fabricantes desses materiais.
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Sua área interna representa a dissipação de energia, dentro dos materiais, cada vez
que esses materiais são levados a percorrer o ciclo completo de magnetização, ou seja,
refletem a dificuldade que a força magnética (H) encontra em orientar os domínios
do material em questão. Reflete, portanto o trabalho realizado por H para obter B.
Assim, essa perda pode ser medida e é dada em watts [W].
Derivado do termo grego HYSTEREIN que significa “estar atrasado” ela mostra que
o fluxo magnético B está sempre atrasado em relação à força magnetizante H.
CONSIDERAÇÕES
Deformação cristalina
A existência de qualquer tipo de “tensão interna” num sistema cristalino de qualquer material
magnético dificulta a orientação dos domínios deste, perante a ação de um campo magnético
externo o que, sem dúvida alguma, afeta a permeabilidade desse material.
Essas tensões aparecem devido ao trabalho mecânico aplicado ao corpo ferromagnético no
ato de se construir um núcleo, quando então as chapas, blocos etc., desse material, são
submetidos a esforços mecânicos (cisalhamento, dobramento, deformação, etc.). Nesses casos,
na região em questão, os domínios não acompanharão mais a orientação normal do corpo alterando
a permeabilidade o que resultará num aumento da perda de energia podendo atingir níveis
inadmissíveis. Para eliminar essas deformações, o que deve ser feito, utiliza-se a técnica de
aquecer o material, denominada de recozimento. Esta técnica é, atualmente, muito utilizada na
fabricação de núcleos laminados.
Correntes parasitas
Os núcleos magnéticos que são envolvidos por bobinas sofrem o efeito da indução de forças
eletromotrizes, quando sujeitos a campos magnéticos variáveis. Essa força eletromotriz induzida
cria, nos núcleos, correntes elétricas de grandeza considerável, se o mesmo possuir baixa
resistividade elétrica, o que provoca um aquecimento na material devido às perdas Joule. A
redução dessas correntes é feita através do aumento da resistência elétrica do material
magnético em questão sob duas formas:
Núcleos laminados
Os núcleos compactados são fabricados com pós metálicos e aditivos colocados em moldes
adequados, que lhe dão a necessária configuração. Esses pós apresentam características de
resistividade bastante elevada, o que reduz aos níveis necessários, as correntes parasitas, sendo
praticamente isolantes elétricos com características ferromagnéticas. Não exigem laminação e
nem recozimento e podem adquirir qualquer formato com grande facilidade.
Apesar dessas facilidades, existem ainda hoje, limitações técnicas de fabricação de tais
núcleos, aliada a uma limitação econômica, devido ao processo que precisa ser colocado em prática
durante sua fabricação.
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Imãs permanentes
Devem apresentar um elevado magnetismo residual, o que é típico dos materiais magnéticos
duros. O laço de histerese deve ser bastante alto. Alem disso, devem manter, por um tempo
suficientemente longo, o magnetismo residual BR, sem alterá-lo sensivelmente perante a variação
de temperatura e ação de forças mecânicas.