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DE INVESTIGAÇÃO SOCIOLÓGICA
Departamento de Sociologia
2019/2020
Docentes : O Ilustre Professor Doutor Manuel Lisboa
Breve Reflexão.
DICTOMIAS DA SOCIOLOGIA
Índice :
1-INTRODUÇÃO: 2
2-A DESCONSTRUÇÃO DO MITO: 4
3-O QUE NÃO É A AMAZONIA: 6
4-O MICRO E O MACRO NA ABORDAGEM GLOBAL: 7
5-AS NOVAS SOCIOLOGIAS: 10
6- BIBLIOGRAFIA: 12
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1. INTRODUÇÃO
Amazônia é uma área na América do Sul que ocupa boa parte do espaço dos noticiários
da Europa e dos Estados Unidos e também das preocupações de ambientalistas e pessoas
comuns .É percebida como sendo uma imensa floresta com grande diversidade biológica
, praticamente desabitada e que vem sendo ameaçada nos últimos tempos pela ocupação
desordenada e predatória causadas por sujeitos que promovem seu desmatamento ,
derrubam suas árvores , promovem queimadas para transformá-las em campos
latifundiários da agropecuária num processo de acumulação do sistema capitalista que
busca incansavelmente expandir suas fronteiras . AWB Almeida, (2011) Condúru(2011).
Uma ação predatória que causa enorme prejuízo ao clima da Terra e a sustentabilidade
do planeta tudo isso feito com anuência de políticas publicas de desenvolvimento
equivocadas de sucessivos governos nacionais nos diversos países que o bioma se estende
em especial o do Brasil onde se encontra a maior parte desse vasto ecossistema a partir
do qual restringiremos nossa narrativa , devido a sua vastidão pan-americana por 9 países
. Nos últimos 20 anos o processo se acelerou causando uma comoção mundial para
questão, e a certeza de algo precisa ser feito para deter a catástrofe antes que seja tarde de
mais. Celentano D. (2018),
Mas afinal o que é a Amazônia, o que estão lá fazendo os brasileiros de tão grave que a
põem em risco? Por que isso acontece? Quais medidas macroestruturais precisam ser
adotadas pelo governo do Brasil para ser interrompido esse processo? De que forma a
comunidade internacional interfere nesse processo positiva ou negativamente? Essas e
outras questões vem sendo ultimamente levantadas de forma recorrente por várias
entidades e personalidades em favor da causa, algumas com propriedade e cientificismo,
outras nem tanto, uns preocupados com dados outros apenas o número de “likes” do
instagram .
Penso que ,antes de mais nada a Amazônia precisa ser perscrutada de forma quase
arqueológica para que sejam revelados suas nuances mais profundas que subjazem aos
preconceitos e prenoções do senso comum que se tornaram credíveis através dos arautos
da ecologia que defendem a causa .Agem racionalmente com o mesmo afinco naturalista
dos titãs da antropologia que do alto dos seus pomposos e distantes gabinetes museus da
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Europa no fim do século XIX, juntavam fragmentos de culturas passadas através de
relatos e objetos recolhidos por amadores nas horas vagas . Esses amadores lá estavam
em geral em missão colonialista como padres, administradores e empreendedores,
geralmente não conheciam a língua vernácula, nem o sentido do uso daqueles objetos na
cultura em questão acumulando, dados e objetos quantitativamente.
O exposto nos faz lembrar a celebre semelhança do “Paradise Lost” de Milton em relação
a Amazônia feita por Euclides da Cunha(1905-2000:79) , o grande romancista brasileiro
que escrevia com ares de cientista social no começo do século XX, mesma época acima,
quando apontou que :
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E são tantos cientistas sociais que tomam modelos de analises naturalistas como suas
generalidades determinísticas emprestadas dos físicos , biólogos , geógrafos que se
aventuram a expressar seus conceitos e definições através de observações que parecem
ser obvias , mas que são tão distantes , macroscopicamente turvas focados na estrutura
, como se possível fosse abarcar num olhar de longo alcance a “ Floresta” (sic) como
um todo . A partir de uma única visão de regras gerais na busca de um holismo puro e
simples diante do aspecto da sua imensidão imputando-lhe forçosamente a
homogeneidade. Dando origem apenas e tão somente a uma forma ontônica de
fragmentos múltiplos e concretos separados através de um objetivismo metódico através
do qual não poderemos construir o conhecimento da realidade.
A primazia do macro para observar os fenômenos sociais que dão respostas as questões
que motivam os desmatamentos objetivamente, quando remetem a questão simplesmente
para estrutura, penso ser esta ser uma prescrição com mesmo efeito de um diálogo
recomendado para surdos , que sabem se comunicar mas só observam os sinais .
2. A Desconstrução do Mito
Em primeiro lugar Amazônia deve deixar de ser estereotipada como uma estufa a escala
planetária de espécies tropicais da biodiversidade , ou seja num reducionismo ecológico
estruturante , apenas uma “Floresta” que precisa ser preservada para humanidade .Para
ser desnudada como uma sociedade humana , com densidade demográfica significativa ,
estando sujeita a fenômenos e também a interações sociais , políticas e econômicas de
aspecto local a partir das relações de sentido que os grupos e indivíduos que lá habitam
dão as questões de ordem social global .
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reforços dos migrantes brasileiros, acentuados com a grande seca do nordeste em 1870
que se tornaram ribeirinhos, pescadores , seringueiros, castanheiros e mais recentemente
garimpeiros, além de grande numero espanhóis , japoneses , sírios , armênios , libaneses
que pra lá imigram a pelo menos 150 anos . Emmi, Marília Ferreira (2013).
Dessa maneira é preciso compreender que não são apenas índios que por lá vivem
espaçadamente num território colossal num vazio demográfico de forma incivilizada
caçando e pescando a sua sobrevivência.
A Amazônia Legal , como é chamada sua região para efeitos administrativos , ocupa 9
estados brasileiros com uma área total de 5.217.423 km2 é uma região com cerca de 30
milhões de habitantes estimado para 2020 segundo IBGE o INE brasileiro , numero este
superior ao de habitantes da Austrália com cerca de 26.000.000 e com área de quase 50
% maior de 8.000.000.m2 e o Canada com cerca de 36.000.000 pessoas em 10.000.000
m2 de território com dobro da Amazônia mas com praticamente a mesma população .
Portanto se fossemos fazer uma comparação empírica de dados forma macroestrutural a
analisar correlações e estatísticas de forma simplistas entre esses 2 países e a região
amazônica , os revelaríamos equivocadamente como grandes áreas desérticas
demograficamente , que por ventura precisariam ser internacionalizadas por estarem em
risco de serem ocupadas desordenadamente , com números inferiores a aos da ocupação
demográfica da Amazônia legal Brasileira .
Manaus por exemplo é uma de cidade global com grande polo técnico-industrial de
informática e eletrônicos como Televisores , Telemóveis , Computadores e com
montadoras como Honda e Yamaha , que assim funciona com essas características a pelo
menos 50 anos e que segundo autores que desenvolveram pesquisas no campo de forma
compreender o problema em profundidade a implantação dessas industrias no coração da
Amazônia evitou o desmatamento florestal ao invés de aumenta-lo COSTA J.B. (2016),
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o que desmonta de certa forma coralalio da causas da crise ambiental na Amazônia. É
preciso aprofundar e perceber essas relações a nível micro por dentro da estrutura.
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Uma aproximação qualitativa através de uma observação participante com a perspectiva
a partir das populações que lá habitam e que se adaptaram a magnitude da floresta ao
perceber sua imensidão indevassável numa perspectiva etnográfica de maneira
microssociologia, pode ser uma maneira ao menos para compreender o fenômeno
inicialmente a partida.
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De uma maneira geral essas distinções nos deixam mais esclarecidos, deparamo-nos com
questões de interação entre indivíduos, visões de mundo, disposições, habitus cognitivos,
ação e sujeito. Por outro lado, as questões macros podem ser entendidas a partir do campo,
da estrutura, da coerção institucional e das perspectivas sistêmicas que vem um todo
interdependente de partes.
Para Giddens, Antony (2002: 27). A globalização “diz respeito […] ao entrelaçamento
de eventos e relações sociais ‘à distância’ com contextualidades locais” .Ele destaca a
importância da dualidade da estrutura , ao invés dos clássicos dualismos , reconhecendo
a importância da ambiguidade de duas dimensões sociologicamente simultâneas , para
ele não existe “estrutura” mas sim que nas práticas concretas do indivíduo se revelarão
propriedades estruturais .
“O que é importante é ter em conta as ligações, assim como as disjunções, entre situações
de coopresença e conexões intermedias entre indivíduos e coletividades de vários tipos”
(Giddens, 1996: 15)
Já para Norbert Elias os dualismos também são dispensáveis já que por um lado o
individualismo metodológico é falho por idealizar o “ser humano singular como se fora
uma entidade existindo em completo isolamento”. Assim também como o
macroestruturalísmos que veem “a sociedade (...)entendida, quer como mera acumulação,
coletânea somatória e desestruturada de muitas pessoas individuais, quer como objeto que
existe para além dos indivíduos e não é passível de maior explicação.” (ELIAS, 1994,
p.7)
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Essa globalização portanto influencia a conjuntura local mas também recebe influencia ,
assim mesmo que a nossa perspectiva aborde o micro social para responder as questões
que estarão ali presentes, há elementos da macro fundação social que ocorrem fora da
conjuntura e no contexto da reorganização global da produção ,na influencia do sistema
econômico na nova ordem social ( Castells 1999) . A titulo de rigor vale a pena lembrar
que aquilo que é produzido na Amazônia em sua maior parte é consumido fora dali ,
portanto a que se relevar na arquitetura dessa perspectivas as relações de sentindo que
outros grupos dão a condição amazônica para então liga-los a uma teoria mais abrangente
de médio alcance , sem necessariamente ser constitutiva de uma estrutura
macrossociológica de princípios unos .
A globalização operou a racionalidade da era moderna num grau muito mais distintivo
que as relações materialistas e teorias macros , as questões econômicas foram levadas a
uma lógica de acumulação sim , mas além das fronteiras das teorias marxistas e
funcionalistas podiam explicar, e precisam ser constantemente compreendidas a partir
do sentido que lhe dado no local. A aculturação de aldeias indígenas no Matogrosso onde
cultivam as lavouras de soja em larga escala , extensivas de forma mecanizada na
produção , mas mantendo o estilo de vida tribal , é exemplo disso gov.br (2019).
Uma definição aqui a partir de Bourdieu (1980) que postula que a ciência só avança
quando construímos um caminho que comuniquem teorias opostas que se
constituirão umas as outras, pode ser uma perspectiva adequada ao problema.
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Karl Marx do alto da sua fecunda capacidade macro estrutural cientifica nunca percebeu
o ator social de maneira singular , segundo Harvey,(2010:160) um dos seus revisionistas
postula que o capitalismo deriva dos “instintos “ e da “iniciativa” dos empreendedores
individuais operando num tempo e lugares específicos , ou seja vai buscar no
webernianismo e na sua compreessividade os elementos para darem sentido a realidade
que pretende colar para modernizar a visão de estrutura .
Como então podemos afastar da nossa perspectiva uma análise microssociologia onde já
está atestado que para renovo do paradigma das correntes macroestruturais marxianas há
o reconhecimento da centralidade do individuo? Afirma que o neoliberalismo rompeu
com o estado providencial, promovendo a individualização do ator na ordem social e
justificando suas decisões na busca dos seus próprios interesses.
5. As Novas Sociologias
As novas sociologias devem assim convergir para perspectivas teóricas que hibridizam as
interações nas estruturas sociais. É preciso termos em mente as complexas relações do mundo
globalizado, usando este estímulo para ligar os fatores micro e macrossociais segundo
Alexander (1987), que observou esse constructo intelectual até nos pós-marxistas que não
pouparam esforços para anexar a ação com a estrutura. Pois os processos individuais a partir
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dos anos 60 potencializaram na sociologia a cognição das estruturas de forma a obtermos
suas representações sociais simbólicas.
Ao juntarmos os vetores micro e macro na constituição dos atores que fazem parte do
ecossistema da investigação de uma forma multidimensional a ação , podemos melhor
enquadra-los mediante os aspectos políticos , emocionais e que se mobilizam para
formular estratégias a partir das propriedades estruturais que organizão suas
reivindicações de mundo tanto de forma local , como global , e que irão se reproduzir
subjacentes nas relações de outros grupos envolvidos com a Amazônia através de um
arquétipo a exemplo dos tipos ideais de Weber , que inspira Goffman, E. (1974)a nos
diz para “ usar o método dos tipos ideias, para estabelecer aspectos em comum para a
posteriori esclarecer diferenças significativas”.
Segundo Homma, A. K. Oyama. (2005) pode trazer muito mais vantagem a preservação
da Amazônia com uma politica agrícola de integração multipluralista de forma que
atenda a pressão globalizante dessa forma a neutralizando , do que uma politica
ambientalista estruturada ideologicamente que declara a a interdição no sujeito pra ação
, a partir de estruturas e instituições extrínsecas rompem negociações das interações e
tratam a solução da questão por decreto , da mesma forma macro, sem observar
qualitativamente os dados e sua valoração intrínseca em relação ao objeto .
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O ideal assim e ir paulatinamente construindo micro teorias e hipóteses locais que serão
testadas e refutadas sem necessariamente se tornarem um guião único uma vez que
existem várias dimensões para Amazônia, cognitivas, territoriais, politica até tipos de
bioma.
Suas áreas também possuem diversas territorialidades em várias escalas que segundo
Becker,B.K(2010) “compreendem as relações pessoais e cotidianas até as complexas
relações sociais ... fundamenta na identidade e pode repousar na presença de um estoque
cultural que resiste à reapropriação do espaço de base territorial .”
Mas também é preciso admitir ser uma quimera compreensiva pressupor que apenas
ensaios micro sociais serão dotados de relevância ao ponto de promover o resgate
sociológico, sem que as mesmas estejam integradas dentro de um aspecto de observação
que também prestigiem a influencia da estrutura na vetorização do agente, se não
coagindo mas dando a ele uma direção e organizando a ação .
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6. BIBLIOGRAFIA GERAL :
Alexander, J. C., Giesen, B., Munch, R., Smelser, n. J. (1987) The Micro/macro Link,
California, University of California Press.
ELIAS, Norbert.(1994)A sociedade dos indivíduos. Riode Janeiro: Jorge Zahar Ed..
HARVEY, D(2010) The enigma of capital: and the crises of capitalism. New York:
OxfordUniversity Press, 2010.
SANTOS, B. S.(2002) Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das
emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, n.63, p.237-280, 2002.
Artigos :
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Becker,B.K(2010) Bertha- Novas territorialidades na Amazônia: desafio às políticas
públicas- Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, vol. 5, núm. 1,
enero-abril, 2010, pp. 17-23 Museu Paraense Emílio Goeldi Belém, Brasil
gov.br(2019)
http://www.agricultura.gov.br/noticias/agricultores-indigenas-plantam-quase-18-mil-
hectares-de-graos-em-mato-grosso (Consuta em 18-12-19)
https://nacoesunidas.org/especialista-defende-desmatamento-zero-na-amazonia-para-
combater-mudancas-climaticas/
https://nacoesunidas.org/brasil-reduziu-desmatamento-mas-ainda-enfrenta-diversas-
ameacas-a-biodiversidade-alerta-pnuma/
https://revistapesquisa.fapesp.br/2008/05/01/a-sociedade-da-floresta/
https://amazonialatitude.com/2019/03/12/o-antropoceno-vantagens-e-desvantagens-de-
uma-ideia-epocal/
https://issuu.com/bibliovirtualsec/docs/introducao_a_sociologia_da_amazonia
http://www.inpe.br/faq/index.php?pai=6
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