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SEMINARIO TEOLOGICO BATISTA DO NORTE DO BRASIL

CURSO LIVRE DE TEOLOGIA

ROBERTO FARIAS

FICHAMENTO: PSICOLOGIA DA RELIGIÃO

RECIFE, 2017
SEMINARIO TEOLOGICO BATISTA DO NORTE DO BRASIL

CURSO LIVRE DE TEOLOGIA

ROBERTO FARIAS

Trabalho apresentado a Professora Maria Betânia, da


disciplina psicologia da religião, como um dos pré-re-
quisitos para obtenção da média.

RECIFE, 2017
As dimensões cognitivo – emotivo - motivacional e sociorreli-
giosa na religiosidade infantil.

LIBÓRIO, L. A. Psicologia e religiosidade nas fases evolutivas.


Recife, Editora FASA – 2014, 231 p.

Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma (2001),


Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Salesiana (1997) de Roma. Espe-
cialização em Psicologia Cognitiva pela UFPE. Especialização em Metodologia do En-
sino Superior pela UNICAP e Psicologia da Religião pela UPS. Licenciado em Filosofia
pela Universidade Católica do Salvador (1970), Licenciado em Teologia pela Univer-
sidade Católica do Salvador (1973) e Licenciatura em Psicologia e Formação de Psi-
cólogo pela Faculdade Frassinetti do Recife -FAFIRE - UFPE (1990). Atualmente é
Professor Adjunto II da Universidade Católica de Pernambuco, l, Membro da Socie-
dade Brasileira de Teologia Moral - Conselheiro e Assessor Internacional de Teologia
da Sexualidade das Equipes de Nossa Senhora (ENS), membro da Congregação dos
Missionários da Sagrada Família (MSF). Membro do Comitê de Ética do IMIP (Instituto
de Medicina Integral Prof. Figueira). Tem experiência na área de Teologia, com ênfase
em Ciências da Religião, atuando principalmente nos seguintes temas: ética e práticas
sociorreligiosas, cristianismo e modernidade, identidade e pluralismo religioso, identi-
dade religiosa, dinâmica familiar e juventude.

A obra trata da abordagem a religiosidade infantil nas quatro dimensões evolu-


tivas humanas: infância, pré-adolescência, adolescência e juventude. E analisa a di-
nâmica das fases evolutivas por base nos fatores psicológicos: dimensão cognitiva,
emotiva, motivacional e sociorreligiosa.

O autor descreve no capitulo dois que a dinâmica das concepções infantis so-
bre Deus progride à medida que a criança vai amadurecendo biopsiquicamente. A
concepção infantil de Deus evolui do Deus construtor ao Deus criador, a criança de 3-
5 anos acha que Deus construiu materialmente as coisas do mundo como se fosse
um artesão ou um mágico que fabrica as coisas do mundo de modo milagroso.
Outra concepção infantil é do Deus fantasma ao Deus Espírito, a criança passa
a conceber lá pelos 9 -10 anos, Deus como “espirito”, exprimindo, assim, uma con-
cepção mais madura de sua religiosidade. A terceira concepção é a do Deus sobre as
nuvens ao Deus vizinho, entre os 3-6 anos passando a localizá-lo “sobre as nuvens
ou na igreja”. Logo a criança passa a ver Deus como os pais e outras pessoas o
buscam. A quarta concepção é a evolução do Deus juiz, visto na experiencia prática
da criança na idade pré-escolar em razão do contato com o mundo e suas leis.
A quinta concepção evolutiva é de Deus autor da morte, quando a criança inte-
rage com as coisas vivas a sua volta e logo percebe o desaparecimento dos entes
queridos como também uma planta e o animal de estimação.
O autor Luiz Alencar Libório, afirma que o conceito de realismo infantil, permite
reelaborar a realidade, conferindo-lhe finalidades que permitem um maior contato com
as coisas e as situações. Assim a criança personaliza o mundo real, inclusive o mundo
religioso. Segundo Libório, o Deus da bíblia para a criança estará em constante evo-
lução da concepção divina. No início, a criança amadurece a própria representação
humana do divino, influenciada pelos relatos e fatos bíblicos com as quais entra em
contato. E que a criança fará generalizações do conceito de Deus, baseada sempre à
relação cognitiva direta que ela tem com as coisas e, à percepção concreta que ela
tem de tais termos abstratos.
Para Libório, o desenvolvimento da religiosidade infantil pressupõe não so-
mente um simples desenvolvimento cognitivo, mas também o apropriar-se da lingua-
gem religiosa típica e suficiente para entrar com contato com a realidade proposta
pelas palavras evangélicas. E que a emotividade da criança é enriquecida, pelo amor,
carinho e atenção que os pais e circunstantes lhe dão, nos primeiros anos de vida,
facilitando a ligação religiosa. A criança consciente ou inconsciente, vai estruturando
dentro de si esquemas afetivos, e o que viveu afetivamente com os pais e projeta isso
em Deus, formando d’Ele uma concepção antropomórfica afetiva de cunho protetor,
amoroso ou punitivo. A criança modela a realidade externa em cima de suas experi-
ências afetivas. Sendo assim, a criança passa uma assimilação passiva pela relação
afetiva religiosa que modela o seu ego. Através dos processos intelectivos, típicos de
sua idade, a criança tende a formular um modo seu de sentir-se afetivamente envol-
vida, no próprio relacionamento com Deus, principalmente, por meio dos aspectos
práticos de sua religiosidade.
Segundo Libório, a criança não tem suas próprias motivações no que diz res-
peito a religiosidade. Ela vive um mundo de imitação do que vê ao seu derredor, sendo
imantada lentamente pelos exemplos daqueles que a cercam, em nível de vivências
religiosas: pais, avós, amigos, entre outras pessoas que ativam as suas potencialida-
des. O autor afirma que o papel do ambiente na religiosidade da criança é um fato não
ainda interiorizado, porém mais exterior e de imitação das pessoas que a circundam.
A socialização da criança, pois, é um fator essencial para a maturação da dimensão
religiosa. Portanto, o papel dos pais nesse desenvolvimento religioso da criança é
fundamental para o seu crescimento da fé. É através do comportamento religioso que
a criança amadurecerá os diversos aspectos de sua própria religiosidade. É muito
significativa a educação religiosa dada nos primeiros anos de vida: à medida que ela
cresce cognitivamente e os pais vão lhe ensinando o credo religioso.
De acordo com Libório, a influência da instituição religiosa na religiosidade da
criança deve ajudar no crescimento e amadurecimento através de conteúdos teológi-
cos e metodologias especificas para esta idade.
O autor também trabalha a religiosidade e a espiritualidade na adolescência
através do desenvolvimento do comportamento religioso. Num primeiro momento, os
adolescentes generalizam o conceito de Deus. E em outro momento, há algo mais
pessoal e individual, na relação com Deus que escuta os próprios desejos e necessi-
dades e que, ao mesmo tempo, é percebido como um ideal de vida. Os adolescentes
vivem um relacionamento com Deus, de modo mais individualizado e subjetivo, com
uma sensibilidade que depende da constituição própria de cada adolescente.
Segundo Libório a religiosidade e espiritualidade respondem, antes de tudo, a
impulsos interiores que, com o tempo podem torna-se um comportamento, uma ati-
tude mais constante. A percepção de Deus, é definido pelo “eu individual” relacional.
O autor afirma que a adolescência é um período privilegiado de discernimento
da religião, em vista de uma escolha mais convicta e madura. É um período em apa-
rece, com mais clareza, a religião do grupo, graças à mediação significativa dos ami-
gos e ao desaparecimento lento das velhas formas de religiosidade institucional.
O Doutor Libório, afirma que as experiências religiosas para os adolescentes
servem para a formação de uma espiritualidade baseada em um envolvimento emo-
tivo com Deus. A religiosidade do adolescente é, portanto, um mundo de emotividade
em transformação e que não leva muito a uma mudança estrutural do comportamento.
O autor cita Hyde, para descrever os diversos níveis de experiências de con-
versão: nível momentâneo, nível progressivo e conversão inconsciente. Todavia, des-
creve o autor que se essas experiências forem bem analisadas, poderão ajudar imen-
samente a pessoa do adolescente, levando-o a uma fé adulta, amadurecida e realiza-
dora, mostrando o verdadeiro sentido da vida.
Sobre a abertura existencial na religiosidade e na espiritualidade do adoles-
cente. O autor deixa claro que o adolescente subjetiviza o próprio relacionamento com
Deus e procura viver a própria religiosidade, como relação pessoal. E chama atenção
para o cuidado da educação religiosa recebida no ambiente, como é praticada pela
família. Logo o adolescente vai percebendo que o comportamento ético previsto na
religião não é somente o pedido pela instituição religiosa, mas ele mesmo reforça a
convicção da importância de seus comportamentos que respondem às novas aquisi-
ções valorativas que estão amadurecendo nele.
Outro fator importante para o amadurecimento e crescimento da maturidade
religiosa do adolescente, segundo Libório, são alguns componentes motivacionais da
religiosidade: vivência intensa, estado de bem-estar e consciência de si mesmo e um
maior envolvimento na dimensão social.
Em sua descrição sobre a dimensão sociorreligiosa da fé adolescente, salienta
que a socialização tanto pode fortalecer como fragilizar a construção e formação da
maturidade religiosa do adolescente. Os componentes sociais adquirem significado
particular durante a adolescência, pois é nesta fase da vida que o indivíduo procura
projetar-se, o mais possível, para fora do círculo familiar.
Segundo Libório, os pais exercem forte influência na religiosidade do adoles-
cente como figura parental. Em geral, se, no adolescente, permanece a ideia da figura
paterna, percebida como rival, o adolescente tende a ter atitudes agressivas para com
os outros e refletirá atitudes imitativas no confronto com as atitudes paternas idealiza-
das, incluindo o modo de viver a religiosidade e a espiritualidade. O grupo de amigos
na adolescência também tem bastante influência. E a influência pode ser positiva na-
queles grupos que permitem uma real partilha da experiência religiosa, ou negativa
quando se trata de grupos que não favorecem os valores e as experiências religiosas.
Em síntese, Libório, chama atenção para o adolescente e sua busca pela cha-
mada experiência religiosa forte, ou espiritualidade. É de total responsabilidade dos
líderes espirituais inspirar, motivar e servi de exemplo com verdade. Mister se faz,
através dos relatos aqui colocados, que se tenha um novo olhar para a dimensão
religioso-espiritual da criança, do pré-adolescente, do adolescente e do jovem na
construção de uma maturidade religioso-espiritual integradora, em seu deslocar-se
existencial entre os parâmetros do nascer e do morrer!
Uma vez mais, vemos que o aconselhamento deve sempre ser dado com amor,
com um desejo profundo de contribuição para a melhora, para o endireitamento da-
quele que precisará ser aconselhado.
O aconselhamento deve ser uma aplicação do conhecimento das Escrituras,
do amor divino em relação ao próximo, a começar dos nossos irmãos. Exige que te-
nhamos comunhão com Deus, santidade, exemplo e uma atitude de humildade e de
submissão ao Espírito Santo. São qualidades que estão escassas nos dias em que
vivemos, mas temos de nos esforçar para tê-las.

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