Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ROBERTO FARIAS
RECIFE, 2017
SEMINARIO TEOLOGICO BATISTA DO NORTE DO BRASIL
ROBERTO FARIAS
RECIFE, 2017
As dimensões cognitivo – emotivo - motivacional e sociorreli-
giosa na religiosidade infantil.
O autor descreve no capitulo dois que a dinâmica das concepções infantis so-
bre Deus progride à medida que a criança vai amadurecendo biopsiquicamente. A
concepção infantil de Deus evolui do Deus construtor ao Deus criador, a criança de 3-
5 anos acha que Deus construiu materialmente as coisas do mundo como se fosse
um artesão ou um mágico que fabrica as coisas do mundo de modo milagroso.
Outra concepção infantil é do Deus fantasma ao Deus Espírito, a criança passa
a conceber lá pelos 9 -10 anos, Deus como “espirito”, exprimindo, assim, uma con-
cepção mais madura de sua religiosidade. A terceira concepção é a do Deus sobre as
nuvens ao Deus vizinho, entre os 3-6 anos passando a localizá-lo “sobre as nuvens
ou na igreja”. Logo a criança passa a ver Deus como os pais e outras pessoas o
buscam. A quarta concepção é a evolução do Deus juiz, visto na experiencia prática
da criança na idade pré-escolar em razão do contato com o mundo e suas leis.
A quinta concepção evolutiva é de Deus autor da morte, quando a criança inte-
rage com as coisas vivas a sua volta e logo percebe o desaparecimento dos entes
queridos como também uma planta e o animal de estimação.
O autor Luiz Alencar Libório, afirma que o conceito de realismo infantil, permite
reelaborar a realidade, conferindo-lhe finalidades que permitem um maior contato com
as coisas e as situações. Assim a criança personaliza o mundo real, inclusive o mundo
religioso. Segundo Libório, o Deus da bíblia para a criança estará em constante evo-
lução da concepção divina. No início, a criança amadurece a própria representação
humana do divino, influenciada pelos relatos e fatos bíblicos com as quais entra em
contato. E que a criança fará generalizações do conceito de Deus, baseada sempre à
relação cognitiva direta que ela tem com as coisas e, à percepção concreta que ela
tem de tais termos abstratos.
Para Libório, o desenvolvimento da religiosidade infantil pressupõe não so-
mente um simples desenvolvimento cognitivo, mas também o apropriar-se da lingua-
gem religiosa típica e suficiente para entrar com contato com a realidade proposta
pelas palavras evangélicas. E que a emotividade da criança é enriquecida, pelo amor,
carinho e atenção que os pais e circunstantes lhe dão, nos primeiros anos de vida,
facilitando a ligação religiosa. A criança consciente ou inconsciente, vai estruturando
dentro de si esquemas afetivos, e o que viveu afetivamente com os pais e projeta isso
em Deus, formando d’Ele uma concepção antropomórfica afetiva de cunho protetor,
amoroso ou punitivo. A criança modela a realidade externa em cima de suas experi-
ências afetivas. Sendo assim, a criança passa uma assimilação passiva pela relação
afetiva religiosa que modela o seu ego. Através dos processos intelectivos, típicos de
sua idade, a criança tende a formular um modo seu de sentir-se afetivamente envol-
vida, no próprio relacionamento com Deus, principalmente, por meio dos aspectos
práticos de sua religiosidade.
Segundo Libório, a criança não tem suas próprias motivações no que diz res-
peito a religiosidade. Ela vive um mundo de imitação do que vê ao seu derredor, sendo
imantada lentamente pelos exemplos daqueles que a cercam, em nível de vivências
religiosas: pais, avós, amigos, entre outras pessoas que ativam as suas potencialida-
des. O autor afirma que o papel do ambiente na religiosidade da criança é um fato não
ainda interiorizado, porém mais exterior e de imitação das pessoas que a circundam.
A socialização da criança, pois, é um fator essencial para a maturação da dimensão
religiosa. Portanto, o papel dos pais nesse desenvolvimento religioso da criança é
fundamental para o seu crescimento da fé. É através do comportamento religioso que
a criança amadurecerá os diversos aspectos de sua própria religiosidade. É muito
significativa a educação religiosa dada nos primeiros anos de vida: à medida que ela
cresce cognitivamente e os pais vão lhe ensinando o credo religioso.
De acordo com Libório, a influência da instituição religiosa na religiosidade da
criança deve ajudar no crescimento e amadurecimento através de conteúdos teológi-
cos e metodologias especificas para esta idade.
O autor também trabalha a religiosidade e a espiritualidade na adolescência
através do desenvolvimento do comportamento religioso. Num primeiro momento, os
adolescentes generalizam o conceito de Deus. E em outro momento, há algo mais
pessoal e individual, na relação com Deus que escuta os próprios desejos e necessi-
dades e que, ao mesmo tempo, é percebido como um ideal de vida. Os adolescentes
vivem um relacionamento com Deus, de modo mais individualizado e subjetivo, com
uma sensibilidade que depende da constituição própria de cada adolescente.
Segundo Libório a religiosidade e espiritualidade respondem, antes de tudo, a
impulsos interiores que, com o tempo podem torna-se um comportamento, uma ati-
tude mais constante. A percepção de Deus, é definido pelo “eu individual” relacional.
O autor afirma que a adolescência é um período privilegiado de discernimento
da religião, em vista de uma escolha mais convicta e madura. É um período em apa-
rece, com mais clareza, a religião do grupo, graças à mediação significativa dos ami-
gos e ao desaparecimento lento das velhas formas de religiosidade institucional.
O Doutor Libório, afirma que as experiências religiosas para os adolescentes
servem para a formação de uma espiritualidade baseada em um envolvimento emo-
tivo com Deus. A religiosidade do adolescente é, portanto, um mundo de emotividade
em transformação e que não leva muito a uma mudança estrutural do comportamento.
O autor cita Hyde, para descrever os diversos níveis de experiências de con-
versão: nível momentâneo, nível progressivo e conversão inconsciente. Todavia, des-
creve o autor que se essas experiências forem bem analisadas, poderão ajudar imen-
samente a pessoa do adolescente, levando-o a uma fé adulta, amadurecida e realiza-
dora, mostrando o verdadeiro sentido da vida.
Sobre a abertura existencial na religiosidade e na espiritualidade do adoles-
cente. O autor deixa claro que o adolescente subjetiviza o próprio relacionamento com
Deus e procura viver a própria religiosidade, como relação pessoal. E chama atenção
para o cuidado da educação religiosa recebida no ambiente, como é praticada pela
família. Logo o adolescente vai percebendo que o comportamento ético previsto na
religião não é somente o pedido pela instituição religiosa, mas ele mesmo reforça a
convicção da importância de seus comportamentos que respondem às novas aquisi-
ções valorativas que estão amadurecendo nele.
Outro fator importante para o amadurecimento e crescimento da maturidade
religiosa do adolescente, segundo Libório, são alguns componentes motivacionais da
religiosidade: vivência intensa, estado de bem-estar e consciência de si mesmo e um
maior envolvimento na dimensão social.
Em sua descrição sobre a dimensão sociorreligiosa da fé adolescente, salienta
que a socialização tanto pode fortalecer como fragilizar a construção e formação da
maturidade religiosa do adolescente. Os componentes sociais adquirem significado
particular durante a adolescência, pois é nesta fase da vida que o indivíduo procura
projetar-se, o mais possível, para fora do círculo familiar.
Segundo Libório, os pais exercem forte influência na religiosidade do adoles-
cente como figura parental. Em geral, se, no adolescente, permanece a ideia da figura
paterna, percebida como rival, o adolescente tende a ter atitudes agressivas para com
os outros e refletirá atitudes imitativas no confronto com as atitudes paternas idealiza-
das, incluindo o modo de viver a religiosidade e a espiritualidade. O grupo de amigos
na adolescência também tem bastante influência. E a influência pode ser positiva na-
queles grupos que permitem uma real partilha da experiência religiosa, ou negativa
quando se trata de grupos que não favorecem os valores e as experiências religiosas.
Em síntese, Libório, chama atenção para o adolescente e sua busca pela cha-
mada experiência religiosa forte, ou espiritualidade. É de total responsabilidade dos
líderes espirituais inspirar, motivar e servi de exemplo com verdade. Mister se faz,
através dos relatos aqui colocados, que se tenha um novo olhar para a dimensão
religioso-espiritual da criança, do pré-adolescente, do adolescente e do jovem na
construção de uma maturidade religioso-espiritual integradora, em seu deslocar-se
existencial entre os parâmetros do nascer e do morrer!
Uma vez mais, vemos que o aconselhamento deve sempre ser dado com amor,
com um desejo profundo de contribuição para a melhora, para o endireitamento da-
quele que precisará ser aconselhado.
O aconselhamento deve ser uma aplicação do conhecimento das Escrituras,
do amor divino em relação ao próximo, a começar dos nossos irmãos. Exige que te-
nhamos comunhão com Deus, santidade, exemplo e uma atitude de humildade e de
submissão ao Espírito Santo. São qualidades que estão escassas nos dias em que
vivemos, mas temos de nos esforçar para tê-las.