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2.

Parte Teórica
2.1 Movimentos Periódicos
Um fenômeno é periódico quando se repete, identicamente, em intervalos de tempos
iguais. O período T é o menor intervalo de tempo da repetição do fenômeno. A unidade do
período no SI é em segundos (s) e o inverso do período é denominado frequência, que é o
número de vezes que um fenômeno se repete na unidade de tempo, a unidade da frequência é
hertz (Hz).
T = 1/f
f = 1/T
2.2 Movimento Harmônico Simples (MHS)
Diz-se que um ponto material efetua um movimento harmônico simples linear (MHS)
quando, numa trajetória retilínea, oscila periodicamente em torno de uma posição e equilíbrio
sob a ação de uma força cuja intensidade é proporcional à distância do ponto de equilíbrio.
Essa força é sempre orientada para a posição de equilíbrio e se chama força restauradora. O
movimento do oscilador harmônico deste relatório é um MHS onde a força elástica Fel= -kx é
a força restauradora.

Figura 2.1: Oscilador harmônico massa mola vertical.


Fonte:<http://fisicaevestibular.com.br/novo/mecanica/dinamica/mhs/mhs-sistema-massa-mola/>.

A mola sem carga está inicialmente na posição de equilíbrio, quando a carga é


adicionada puxa-se a mola e a abandona, a mola então oscila, efetuando um MHS de amplitude
A em torno da posição de equilíbrio O.
Tendo em vista que para atingir uma situação de equilíbrio o módulo da força elástica
deve ser igual ao da força resultante temos que:
Fr = Fel
ma = kx
Como o MHS é um movimento periódico, pode ser comparado à projeção do MCU,
tendo em vista que Amplitude é igual ao deslocamento da mola e igual ao raio da projeção,
A=x=R, w é a velocidade angular e a aceleração centrípeta.

Figura 2.2. MHS como a projeção do MCU. Fonte: <http://pir2.forumeiros.com/t152423-mhs-angulo-de-fase>.

a= wR
x= R
Sendo assim, tem-se que:
mwR/t = kRt
Cancelando-se o Tempo e o Raio e isolando w, tem –se:
w= √k/m
Levando em consideração que:
w= 2π/T
T = 2π/w
Chega-se à conclusão que:
T = 2π/√(m/k)
O período do MHS depende da massa m do ponto material em movimento e da
constante elástica k, mas não depende da amplitude da oscilação. Ou seja, quanto maior for a
massa, maior será o período. A expressão do período também pode ser escrita da forma:
T=B.m^(a), onde B = 2π/√k, e a=½.
Aplicando logaritmo natural dos dois lados da equação teremos:
Ln(T) = Ln(B) + aLn(m)
Ln(T) = b +aLn(m), sendo b=Ln(2π/√k)
Com os valores de a e b conhecidos é possível aplicar a regressão linear e encontrar a
imagem de uma reta.
3. Parte Experimental

O experimento tinha como objetivos gerais: o estudo do movimento harmônico simples


no sistema massa mola, além de identificar uma curva para o período T da oscilação em função
da massa, e para alcançar esses objetivos, teve-se que utilizar alguns materiais:

 1 mola;
 Apoio de Sustentação;
 1 balança;
 1 apoio de pesos;
 6 pesos de 50 g.

Figura 3.1: Mola e apoio de sustentação. Fonte: Autores.


Figura 3.2: Apoio de pesos e 6 pesos em discos de 50g. Fonte: Autores

Para iniciar o experimento, primeiro foi realizada a medição das massas dos pesos
juntamente com o apoio de pesos, para evitar maior erro, com a utilização da balança.
Lembrando que a balança utilizada tem uma incerteza fixa de ±0,1g. Após a medição das
massas, pegou-se a mola, colocou-se no apoio de sustentação e um peso foi colocado sobre a
mola, afim de se averiguar o período de oscilação da mola e estudar o comportamento do
movimento.

Esse peso foi justamente o apoio de pesos acrescido primeiramente de 2 pesos de 50 g.


Com o peso colocado, o sistema foi puxado para baixo, deste modo esticando a mola em 2 cm,
após o alongamento de 2 cm ser feito na mola, o sistema foi solto e o movimento harmônico
simples no sistema massa-mola iniciou-se. O objetivo até então era medir o período de
oscilação, porém, como o período é bem curto, foi realizado a medição de tempo de 10
oscilações da mola, desta forma, para se obter o período, bastava dividir por 10.

Então as medidas foram realizadas com o auxílio de um cronometro de celular, os


tempos de 10 oscilações foram obtidos para 5 pesos distintos, e para se ter uma noção melhor
do tempo, foram realizadas 5 medidas de cada tempo com o mesmo peso, de forma que a
medida final tomada foi a média tomada das medidas.

O primeiro peso colocado sob a mola, foi o apoio acrescido de 2 discos de pesos, o
segundo peso, foi acrescido ao conjunto mais 1 disco de peso, ou seja, o apoio de pesos mais 3
discos de pesos, e assim por diante, até chegar na última medida, que estava com o apoio de
pesos mais os 6 discos de pesos.

As medidas das massas dos pesos colocados sobre as molas foram:


m1=107,1 g

m2=157,2 g

m3=207,2 g

m4=257,2 g

m5=307,2 g

A incerteza vinculada aos valores das massas foi de ±0,1g, então os valores de massas
foram:

m1=107,1±0,1 g

m2=157,2±0,1 g

m3=207,2±0,1 g

m4=257,2±0,1 g

m5=307,2±0,1 g

A tabela a seguir informa a medição realizada, a massa sobre a mola e as medidas de


tempos.

Tabela 1: Dados de massa e tempo.

Tempo (s) (10 Oscilações)


Medida Massa (g) 1◦ Medida 2◦ Medida 3◦ Medida 4◦ Medida 5◦ Medida
1 107,1±0,1 4,99±0,01 4,97±0,01 4,68±0,01 4,48±0,01 4,55±0,01
2 157,2±0,1 6,61±0,01 6,54±0,01 6,34±0,01 6,65±0,01 6,24±0,01
3 207,2±0,1 6,55±0,01 6,97±0,01 6,46±0,01 6,99±0,01 6,58±0,01
4 257,2±0,1 7,52±0,01 7,69±0,01 7,70±0,01 8,02±0,01 7,55±0,01
5 307,2±0,1 7,94±0,01 8,27±0,01 8,69±0,01 8,19±0,01 8,09±0,01
Para efeito de melhor visualização dos dados de tempo, uma incerteza arbitraria foi
tomada em relação aos mesmos, valendo esta ±0,01s. Com as medições de tempo e de massa,
pode-se avançar o experimento. O próximo passo a ser tomado foi o cálculo da média dos
tempos, e suas respectivas incertezas. O cálculo da média é o cálculo de uma média simples,
onde somou-se todos os valores e dividiu-se por 5, agora o valor da incerteza associada a essa
média, esse foi obtido através da calculadora, dividindo o desvio padrão populacional por raiz
do número de medidas subtraído de 1. Ou através da expressão:

𝛴(𝑡𝑖−< 𝑡 >)2
𝜎(𝑡) = √
𝑛(𝑛 − 1)

Os valores então encontrados para as médias e suas respectivas incertezas, foram:

<t1>=4,734s

<t2>=6,476s

<t3>=6,71s

<t4>=7,696s

<t5>=8,236s

σ1=0,105479855s

σ2=0,079536155s

σ3=0,112026782s

σ4=0,088690472s

σ5=0,12615863s

Aplicando a regra do arredondamento e pegando o valor da incerteza com a primeira


casa não-nula afim de ajustar o número principal, tem-se a tabela:

Tabela 2: Médias dos tempos de 10 oscilações.

Medida Média
1 4,7±0,1s
2 6,48±0,08s
3 7,7±0,1s
4 7,70±0,09s
5 8,2±0,1s
Para realizar o cálculo do período então basta apenas dividir o valor da média por 10,
pensando que se tem o tempo de10 oscilações, então se dividindo esse valor por 10, tem-se o
tempo de uma oscilação, ou seja, do período.
A tabela a seguir mostra os períodos das medições, dividindo tanto o número principal
quanto a sua incerteza por 10.

Tabela 3: Períodos de Oscilação (T)

Medida Média
1 0,47±0,01s
2 0,648±0,008s
3 0,77±0,01s
4 0,770±0,009s
5 0,82±0,01s
Observando estes valores de período, percebe-se que com o aumento da massa, há um
aumento no período. Então o objetivo a partir deste momento passou a ser a busca por uma
equação que que relacione massa com período de oscilação. Sabe-se que a relação geral de
período e massa é:

𝑇 = 𝐵 ∗ 𝑚𝑎

Onde ao se aplicar logaritmo natural em ambos os membros, e suas respectivas


propriedades, tem-se:

ln(𝑇) = ln(𝐵) + 𝑎 ∗ ln(𝑚) (1)

E como B é uma constante, pode-se substituir ln(B) por uma outra constante ‘b’, por
fim a equação a ser encontrada é do tipo:

ln(𝑇) = 𝑎 ∗ ln(𝑚) + 𝑏

Como se trata de uma reta o método escolhido para encontrar os valores de ‘a’ e ‘b’ foi
o método da regressão linear. Porém antes de iniciar a aplicação do método, sabe-se que em
um sistema massa-mola se tem a seguinte relação para o período:

𝑚
𝑇 = 2𝜋 ∗ √
𝑘

Onde m é a massa e k é a constante elástica da mola. Aplicando-se logaritmo natural


em ambos os membros e suas respectivas propriedades, tem-se:

1 1
ln(𝑇) = ln(2𝜋) + ∗ ln(𝑚) − ∗ ln(𝑘) (2)
2 2
Portanto, comparando-se as equações (1) e (2), tem-se que:

1
𝑎=
2

1
𝑏 = ln(2𝜋) − ∗ ln(𝑘)
2

Ou seja, esses resultados são os esperados pela regressão linear. Para aplicar a mesma,
foi calculado os logaritmos naturais das massas e dos períodos, onde os logaritmos dos períodos
se comportam como y e os logaritmos das massas se comportam como x, sabendo que a
equação da reta é da forma y=a*x+b.

Como todas as medidas do laboratório necessitam de incerteza, a expressão utilizada


para calcular a incerteza dos logaritmos calculados foi:

ln(𝑥 + 𝜎(𝑥)) − ln(𝑥 − 𝜎(𝑥))


𝜎(ln(𝑥)) =
2

Onde x é a medida com a qual se deseja a incerteza do logaritmo, podendo para este
caso ser o período, assim como pode ser massa, e σ(x) é a incerteza da medida. Após se calcular
os valores dos logaritmos, encontrou-se para os períodos:

ln(T1)=−0,747814581s

ln(T2)=−0,434482057s

ln(T3)=−0,398986142s

ln(T4)=−0,261884379s

ln(T5)=−0,19400303s

σ(ln(T1))=0,022285026s

σ(ln(T2))=0,012282296s

σ(ln(T3))=0,016697048s

σ(ln(T4))=0,011524739s

σ(ln(T5))=0,015319147s

E para as massas:

ln(m1)=4,673762977g
ln(m2)=5,05751888g

ln(m3)=5,33368451g

ln(m4)=5,549853992g

ln(m5)=5,727499001g

σ(ln(m1))=9,387070874*10−4g

σ(ln(m2))=6,361324013*10−4g

σ(ln(m3))=4,826255201*10−4g

σ(ln(m4))=3,888025079*10−4g

σ(ln(m5))=3,255208448*10−4g

Com os valores calculados, para melhor visualização, esses dados foram utilizados para
preencher uma tabela, onde também foi aplicada a regra do arredondamento e o valor do
número principal foi ajustado de acordo com a primeira casa não-nula da incerteza.

Tabela 4: Logaritmos da massa e período.

Medida Ln(Período) (s) Ln(Massa) (g)


1 −0,75±0,02 4,6738±0,0009
2 −0,44±0,01 5,0575±0,0006±
3 −0,40±0,02 5,3337±0,0005
4 −0,26±0,01 5,5499±0,0004
5 −0,19±0,02 5,7275±0,0003
Com os valores obtidos, os dados foram colocados no computador, para então se obter
o gráfico e o valor de ‘a’ e ‘b’, sendo mostrada a regressão linear a seguir:
Figura 3.3: Regressão linear aplicada e gráfico do sistema massa mola. Fonte: Origin.

Pode-se então concluir que os valores ‘a’ e ‘b’, juntos das incertezas foram:

a=0,50213

b=−3,0528

σ(a)=0,06535

σ(b)=0,34514

Então, fazendo os devidos ajustes se tem:

a=0,50±0,07

b=−3,1±0,4

Percebe-se que o valor de ‘a’ obtido pela regressão linear é bem próximo do esperado
e calculado, e ‘b’ seria uma constante. Então a relação entre massa e período é dada pela
expressão, onde por fim, observa-se uma reta:

ln(𝑇) = (0,50 ± 0,07) ∗ ln(𝑚) + (−3,1 ± 0,4)


Conclusão
Com os experimentos realizados no laboratório foi possível constatar o funcionamento
do Movimento Harmônico Simples do oscilador massa mola vertical. A cada peso adicionado
deveriam ser tomadas dez medidas de tempo e posteriormente calcular a sua média para
encontrar o período, após isso a incerteza do período, que também dependia do cálculo de
incerteza da média. Para relacionar os valores encontrados foram calculados os Ln(T), Ln(B)
e Ln(M), o Ln(M), pois a equação Ln(T) = Ln(B) + aLn(M) tem como imagem uma reta, ao
fazer o gráfico Ln(T)xLn(M), encontramos uma dispersão de pontos que possibilitaram o
cálculo da Regressão Linear, que foi feita através do software Origins.
Na equação que relaciona período e massa o Ln(M) ficou multiplicado por uma
constante a = 0,5, já na regressão linear o coeficiente A, que deveria ter o mesmo valor de a
por se tratar do coeficiente angular da reta, teve o valor A= 0,5±0,07, demonstrando que a
equação da reta determinada pela regressão tinha uma inclinação muito próximo daquela
determinada pela equação dos logaritmos. O valor B= −3,1±0,4 da regressão linear seria uma
constante e a equação da reta determinada pela regressão seria Ln(T) = Ln(M)*(0,5±0,07) +
Ln(−3,1±0,4). Pelo fato de ser uma reta crescente, pode-se concluir que o período é diretamente
proporcional a massa, de forma que quanto mais a massa aumenta, mais o período aumenta,
quando a massa diminui, o período diminui, fato este que já era esperado e que pode ser
comprovado experimentalmente através do gráfico da regressão linear.
Referências Bibliográficas
NICOLAU; RAMALHO; TOLEDO. Os Fundamentos da Física 2: 6ªed. São Paulo: Editora
Moderna, 1993.

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