ASSOCIAÇÃO DE TRAVESTIS, TRANSEXUAIS E TRANSGÊNEROS DO

ESTADO DO AMAZONAS – ASSOTRAM

NOTA DE REPÚDIO

Nós, travesti, mulheres e homens trans, viemos a público protestar veementemente contra o Projeto de Lei
(PL) nº 203/2019, de autoria do Deputado Estadual João Luiz (PRB-AM), que atinge de forma
discriminatória as pessoas transgêneras que exercem ou pretendem exercer esportes enquanto categoria
profissional.
A Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Amazonas (ASSOTRAM), organização que tem
por uma das suas finalidades combater qualquer ato de homotransfobia, repudia a Proposta de Lei (PL)
apresentada pelo Deputado Estadual João Luiz (PRB) que “Estabelece o sexo biológico como o único
critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais”. Os movimentos sociais
identitários, como é o caso desta organização, ressalta a trajetória do movimento trans na luta contra a
invisibilidade e a discriminação causadas pela sociedade que historicamente busca marginalizar e retirar
sistematicamente os poucos direitos civis já conquistados.
Desde a redemocratização do país, os movimentos LGBTI contribuíram para a construção de políticas
públicas que retira da vulnerabilidade social travestis, mulheres e homens trans que, em grande medida, são
expulsos da família e da Escola. Em muitos casos foram os braços operativos das políticas públicas com toda
eficácia que levam aos resultados como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da população
LGBT (2008); Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde (2008); Decreto do uso do nome
social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional (2016); Retificação do nome e sexo de pessoas
trans nos registros civis com base no Provimento 73/2018, do Conselho Nacional de Justiça (2018).
Estes atos configuram como vitórias para e pelo movimento trans, entidade fundamental na mudança da
realidade social do Brasil como o país que mais mata travestis e transexuais e, para o Amazonas, como um
dos Estados com maiores índices de transfeminicidio e homofobia do país.
Sendo assim, reafirmamos nossa posição contrária aos projetos de lei de natureza preconceituosa que
objetiva impedir a integração e a participação de transgêneros em partidas esportivas, na educação, no
mercado de trabalho, na política, ou qualquer outro âmbito que, constitucionalmente, temos o DIREITO de
EXERCER e USUFRUIR.

Manaus, 13 de Abril de 2019.

Joyce Alves Gomes

Presidente

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