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ISBN: 978-85-8132-308-4
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
CDD: 234/.1
Prefácio
Agradecimentos
Apresentação
Iain Duguid
agradecimentos
UM MOMENTO DE DISCERNIMENTO
De repente, do nada, um pensamento surgiu em
minha mente: Barbara, você é uma farejadora de
glória e amante de holofotes, não é? Essa história
não é sua; é minha, e todo o crédito e glória
pertencem a mim. Nunca em minha vida eu tivera
um pensamento como esse. Não foi uma voz; foi
um pensamento, mas um pensamento tão poderoso
e emocionante que repentinamente me senti tomada
por uma luz que me expunha à essência de minha
alma.
Quatro anos antes, eu tinha ouvido palavras como
essas, vindas da boca de minha colega de quarto da
faculdade, quando, no campus, competíamos
descaradamente pela posição de presidente de um
dos grupos evangélicos de comunhão cristã. Ela
tinha visto em mim coisas para as quais eu estava
completamente cega e escolheu um momento na
escadaria do refeitório para me bombardear. Ela me
disse: “Barbara, você ama os holofotes e sempre tem
de ser o centro das atenções”. Naquele dia, eu não
fui detida por nenhum pensamento repentino. Ao
invés disso, a ira cresceu dentro de mim como uma
tempestade violenta, e dei um empurrão maldoso em
minha colega que quase a fez cair escada abaixo.
Não houve nenhuma luz que deteve meus
pensamentos; houve apenas ódio amargo e
repugnante para com uma garota que não gostava de
mim e ameaçou a elevada visão que eu tinha a
respeito de mim mesma.
Com Heather, porém, o caso foi completamente
diferente. Senti-me como o apóstolo Paulo
provavelmente se sentiu na estrada para Damasco,
quando Jesus o confrontou e lhe disse: “Saulo,
Saulo, por que me persegues?” (Atos 9.4). Foi
como se tivesse sido jogada mentalmente ao chão e
cegada por uma glória tão reluzente que eu não
podia suportar. Agora o Senhor estava me
perguntando: “Barbara, Barbara, por que você está
roubando a minha glória?” Imaginei Jesus pregado à
cruz, esmagado e sangrando, olhando para mim,
conhecendo meus pensamentos e indagando-me:
“Como você poderia receber crédito por aquilo que
eu fiz? Você morreu pela Heather? Você lhe deu fé e
vida? Abriu os olhos dela para que enxergasse?” Por
um breve instante me senti profundamente
condenada; e a repugnância desses pecados
ameaçavam me consumir. Estava chocada e
arruinada pela feiura dos meus pensamentos, uma
vez que eu não tinha ideia de que era capaz de
crimes tão nojentos contra Deus e contra a
humanidade! Ainda que fosse verdade o tempo
todo! Eu vinha pecando desse modo havia anos,
pois minha colega de quarto tinha visto isso
claramente muitos anos antes.
Aos poucos, entretanto, outro pensamento
despontou em minha mente. Em vez de sentir
desespero e rejeição, comecei a me sentir ricamente
estimada. Deus não estava sequer surpreso com a
minha alma que ama glória e busca atenção. Eu
estava cega sobre a verdade acerca de mim mesma,
mas Jesus foi pregado naquela cruz por mim, por
causa desse pecado específico. Enquanto visualizei a
mim mesma diante de Jesus sangrando, nu,
envergonhado e exposto, eu esperava e merecia
repreensão, rejeição e desapontamento da parte do
meu Salvador. Mas não era isso que eu estava
recebendo. Em vez disso, ele estendeu amor,
compaixão e infinita paciência sobre a minha
fragilidade e fraqueza. Eu me senti amada e
valorizada por Deus, embora nada em mim
houvesse mudado ainda. Eu era como um fariseu
orgulhoso naquele momento e ainda o sou de muitas
maneiras. Naquele dia, tristeza e gratidão
percorreram juntas meu coração como se fossem
alegres companheiras pela primeira vez. Respondi:
“Senhor, perdoa-me por apressar-me em querer
roubar a tua glória; verdadeiramente esta é quem eu
realmente sou. Obrigada por me amar e me perdoar
diante de tamanha traição”. Até aquele momento,
sempre acreditei que Deus tinha sorte em me ter do
lado dele. Agora, eu finalmente me via como uma
inimiga amarga a quem Deus escolhera para amar e
receber como uma filha preciosa. Pela primeira vez
na minha vida, a graça me pareceu maravilhosa, de
uma maneira completamente inesperada à luz de
meu comportamento rebelde para com Deus.
Muitos anos se passariam até que eu pudesse
entender o que aconteceu naquele dia. O Espírito
Santo estava começando a abrir meus olhos para
que eu visse mais claramente a mim mesma, a fim
de me libertar da escravidão do meu eu! A verdade
estava começando a substituir a frustração, e o sabor
da condenação começava a se tornar doce, em vez
de simplesmente amargo e humilhante.
No entanto, esses pensamentos bons e verdadeiros
ficaram para um momento posterior, pois vergonha
e humilhação reinaram naquela noite em particular,
enquanto minha compreensão do amor paciente de
Deus desapareceu. Minha companheira de quarto
estava certa a meu respeito, e eu estava
envergonhada. Como pude não perceber? Como
pôde uma garota cristã de uma família com forte
tradição missionária ser tão egoísta em busca de
glória pessoal? Como fui capaz de tamanho ódio
para com pessoas que eram meus irmãos e irmãs em
Cristo? Como pude ser assim tão pecadora, mesmo
sendo cristã há mais de vinte anos? Que sujeira era
essa que brotava de mim, e como eu sobreviveria a
ela?
ANATOMIA DA ALMA
IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
O PAPEL DO CONFLITO
Como Deus nos liberta de um espírito legalista e
imaturo que se orgulha de seu desempenho? Como
ele nos capacita a firmar nossos corações cada vez
mais na obra consumada de Cristo? A resposta de
Newton foi que Deus ordenou que aprendêssemos
sobre a depravação de nosso coração e a imensidão
de sua graça por meio da experiência. Ele lamenta
que, se pudéssemos verdadeiramente entender e
manter uma visão adequada a respeito de nós
mesmos a partir do que lemos na Escritura, seríamos
poupados de grande quantidade de sofrimento e dor.
Todavia, Newton comenta que “a experiência é a
escola do Senhor, e aqueles que são ensinados por
ele aprendem geralmente que não têm nenhuma
sabedoria, haja vista os erros que cometem, e
nenhuma força, a julgar pelos escorregões e quedas
com os quais se deparam”.16
Certamente, essa foi a experiência dos israelitas.17
Tal como a descrição de Newton acerca do novo
crente, os israelitas devem ter experimentado um
período de emoção e aventura quando viram Deus
infligir pragas sobre os egípcios e abrir o Mar
Vermelho diante de seus olhos. Eles experimentaram
a presença de Deus no meio deles, de maneiras
dramáticas e inquestionáveis. Deus poderia
facilmente tê-los guiado diretamente à terra
prometida, dando-lhes a fé e o coração de que
precisavam para adentrá-la e conquistá-la. Ao invés
disso, passaram quarenta longos e dolorosos anos
vagueando pelo deserto. Jamais poderiam esperar
que passariam por tal experiência depois de Deus tê-
los guiado através do Mar Vermelho e destruído o
exército de Faraó, mas agradou ao Senhor guiá-los
por caminhos de adversidades a fim de mostrar-lhes
o que realmente estava em seus corações. Este
período ilustra perfeitamente a descrição de Newton
acerca da vida do crente que está amadurecendo:
um deserto de conflitos no qual a pecaminosidade
de seu coração está sendo exposta repetida e
amavelmente por Deus.
Quando Deus nos leva para o deserto de tentações
e pecado, descobrimos quem realmente somos. Por
causa de nossa natureza depravada, somos
igualmente capazes de distorcer os melhores dons do
Espírito com nossas idolatrias e desprezá-lo em
tempos de aridez estéril. Experiências de deserto são
tempos de necessidade, aflição, sofrimento e dor
genuínos que nos tentam a murmurar contra Deus e
a nos afastar dele. Quando as dificuldades nos
esmagam, temos dificuldade de nos lembrar daquilo
que o Senhor fez por nós no passado e de confiar
nele no presente e quanto ao futuro.
MARA
HUMILDADE
TERNURA
O cristão maduro possui também um espírito
amoroso para com seus companheiros cristãos. Ele
deve, às vezes, avaliar a conduta deles, mas o
conhecimento que tem a respeito da fraqueza e da
pecaminosidade de seu próprio coração faz com que
seja gentil e tenha toda a tolerância possível com a
fraqueza dos outros. Em outras palavras, ele está
mais consciente da trave em seu próprio olho do que
do argueiro nos olhos de seus irmãos e irmãs
(Mateus 7.3-4). Sabe que, assim como ele, todos os
seres humanos são fracos e feitos do pó.
Compreende que vivemos em um mundo repleto de
tentações que constantemente nos atraem para
satisfazermos, saborearmos, provarmos e nos
saciarmos com prazeres pecaminosos. Entende que
há um poderoso inimigo espiritual que é um perito
em tentação e experimenta frequentemente o
tormento da fúria de Satanás. Ele também conhece
seu próprio histórico de erros, e isso o qualifica a
admoestar e a restaurar outros com um espírito de
mansidão e benignidade.
Nesta área, Newton observa que o novo na fé é
frequentemente propenso a pecar. O impulso de
seus sentimentos acalorados, ainda não equilibrados
por um verdadeiro senso de suas próprias
imperfeições, leva-o a repreender os outros com um
espírito orgulhoso e de censura. Porém, o cristão
maduro pode tolerar pacientemente o cristão mais
novo porque ele mesmo já passou por isso e não
espera que o fruto fique maduro antes da estação
adequada.
Na verdade, Newton compara o novo crente a um
pêssego ainda verde.23 Seria ridículo ir até um
pessegueiro no início do inverno e colher seus
frutos, simplesmente porque eles ainda estão todos
verdes. Sabemos que com apenas mais alguns dias
de chuva e outros de sol, este fruto amadurecerá,
tornando-se deliciosamente doce. Isso também se
aplica ao cristão que é novo na fé. Hoje, seu fervor
mal orientado pode ser irritante e até mesmo nocivo
para si mesmo e para os outros ao seu redor, mas o
Senhor conhece aqueles que são seus e jamais os
abandonará. Não poderão escapar da poda e da
formação do Senhor e alcançarão inevitavelmente a
maturidade — se não nesta vida, sem dúvida na
vindoura.
Esse é um dos motivos pelos quais eu sei que não
sou uma cristã madura. Cada vez que tento
parabenizar a mim mesma a respeito de quanto
cresci, esquecendo-me completamente de que todo
o crescimento é obra de Deus, ele envia um cristão
novo na fé para cruzar o meu caminho, e logo eu
fico muito irritada. Há dois meses, uma jovem
mulher, cheia de alegria e entusiasmo para ler as
Escrituras, passou um tempo conosco. Ela amava ler
a Bíblia e amava falar para todo mundo o quanto
gostava de fazer isso e que momentos maravilhosos
e tranquilos ela tinha. E quanto a mim? Você acha
que comemorei, com e por ela, regozijando-me com
o fato de que Deus lhe havia dado tão doce dom
nesse ponto de sua caminhada com ele? Não! Fiquei
muito irritada, porque acho difícil ler a Palavra de
Deus e raramente quero fazê-lo. Tenho um apetite
tão pequeno pela Escritura que preciso programar
atividades em minha semana que me forcem a lê-la
ou jamais a teria em minhas mãos. Então, dou aulas
de estudos bíblicos, preparo cultos de louvor e,
conforme vou fazendo essas coisas, sou sempre
abençoada pela Escritura e, com frequência, sou
levada às lágrimas. Contudo, ainda acho difícil
querer ler a Bíblia.
Como resultado, eu quis fazer aquela neófita cair
na realidade e ouvir umas verdades. Mas depois, por
mais irônico que pareça, um de meus filhos refletiu
sobre o zelo dessa jovem e mencionou quão doce e
maravilhoso era o fato de que ela se regozijava na
leitura da Bíblia. Isso piorou ainda mais as coisas!
Eu me considerava muito mais madura
espiritualmente do que meu filho, mas lá estava ele,
comportando-se de uma forma muito mais madura
do que eu! Embora eu possa me classificar como
uma cristã em fase de amadurecimento e tenho
estado nesse processo há alguns anos, a facilidade
com que retrocedo a esse tipo de legalismo crítico é
preocupante. Tenho hoje a mesma carência da graça
de Deus para permanecer em obediência ao Senhor
que tinha aos seis anos de idade, quando aceitei
Cristo pela primeira vez. Deus é tão bondoso e
misericordioso, que toda vez que começo a roubar a
glória de sua obra, ele me deixa cair, apenas para eu
me lembrar de quão fraca e falha realmente sou.
ESPIRITUALIDADE
NA SAÚDE E NA DOENÇA...
ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
UM MOTIVO DE ALEGRIA
NO DESERTO
UM DESERTO DE DOR
O QUE APRENDI
SANTIFICAÇÃO COOPERATIVA
INCAPAZ DE FICAR EM PÉ
EXEMPLOS BÍBLICOS
A HISTÓRIA DE JIM
E AGORA?
E VOCÊ?
GRAÇA IMERECIDA
A HISTÓRIA DE DAVI
A HISTÓRIA DE PEDRO
A ATITUDE DE GRATIDÃO
SOMOS DECLARADOS
INOCENTES
A doutrina de nossa união em Cristo é outra
verdade que tem implicações que transformam a
vida. A doutrina da imputação é fabulosa. O fato de
que nossos pecados foram imputados a Cristo e
resolvidos por completo na cruz é
inimaginavelmente maravilhoso. Mas não é o
suficiente. A imputação é apenas metade do
evangelho, oferecendo grande conforto em relação
aos pecados que você já cometeu, mas faz
deixando-o sentir-se desanimado e desesperançado
por continuar pecando. Ela quase piora toda a coisa.
Saber que Jesus desceu do céu para viver na terra e
sofrer tamanha crueldade em seu lugar é uma carga
emocional muito pesada para ser levada em face de
tamanha fraqueza e incapacidade contínua. Os
verdadeiros crentes devem lutar contra a tristeza
trágica de que “Foi meu pecado que o colocou lá”,74
e essas emoções comoventes levam muitas vezes a
promessas extremas de mudança de vida e
obediência.
No entanto, corações tristes e culpados não
costumam achar a obediência alcançável; de fato,
eles a acham mais evasiva. Somos pessoas que
querem se sentir bem, e sentimentos reais de
verdadeira incapacidade raramente nos levam à
adoração. Em vez disso, nos levam a idolatrias e
vícios favoritos, a fim de encontrarmos um pouco de
conforto antes de iniciar novamente todo o processo
de culpa. Isto não é a alegria transbordante do
evangelho de Jesus Cristo.
A verdade emocionante de nossa vindicação
espiritual salta, com clareza, das páginas das
Escrituras, remontando ao livro de Zacarias. Com o
benefício da retrospectiva no Novo Testamento,
podemos obter um vislumbre cintilante da direção
em que a história está seguindo, mesmo nas sombras
da antiga aliança. Em Zacarias 3, deparamo-nos com
a cena de um tribunal em que o juiz é o Anjo do
Senhor, e o promotor é o próprio Satanás. O réu é
Josué, o sumo sacerdote, mediador entre Deus e seu
povo, que acabara de retornar do exílio na
Babilônia. A acusação contra Josué é de que o
homem que deveria ser justo e limpo está na
verdade coberto de imundícia.75 O povo de Deus
está em sérios apuros. Se o sumo sacerdote é uma
bagunça desastrosa e culpado, como será capaz de
implorar por misericórdia em nome de seu povo
extremamente culpado? A culpa de Josué é tão
evidente que podemos sentir o cheiro dela sobre ele.
Satanás não precisa dizer nada!
O veredito é igualmente óbvio: o sumo sacerdote é
claramente culpado das acusações. Josué precisa de
ajuda e rápido! No entanto, naquele silêncio tenso e
dramático, palavras de graça e misericórdia
outorgadoras de vida são proferidas: “Não é este um
tição tirado do fogo?…Tirai-lhe as vestes sujas... Eis
que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade e te
vestirei de finos trajes” (Zacarias 3.2-4).
Você entendeu isso? Sem que fosse permitido a
Satanás proferir uma única palavra, o Anjo do
Senhor falou em favor de Josué. Satanás tinha um
caso legítimo contra este, mas nem ao menos teve
um momento para descrever a acusação antes de ser
totalmente silenciado e Josué, resgatado. Josué não
foi apenas absolvido por falta de provas claras ou de
uma acusação incompetente. Não, ele tinha sido
escolhido para ser salvo e resgatado do fogo, de um
modo que nunca precisaria enfrentar as
consequências mortais de seu pecado. Suas vestes
imundas foram removidas, o que significa a
remoção de todo o seu pecado e toda a sua culpa.
Mas a história surpreendente continuou! Josué foi
vestido de roupas limpas que ele não possuía nem
merecia.
Assim como a roupa imunda representava seu
pecado, a roupa limpa que recebeu representa a
justiça de Cristo que nos foi dada pela fé. Não
somente a culpa e o pecado de Josué foram
removidos, mas também ele foi vestido com as
roupas perfeitas e impecáveis de uma bondade
ganhas para ele por outro. Com esse acontecimento,
a história passa de maravilhosa para
espetacularmente feliz. Tullian Tchividjian chama
isso de “a hilaridade da graça incondicional”.76 É
inimaginável e além da razão o fato de que Deus
possa amar dessa maneira pecadores imundos.
Todos nós somos exatamente como Josué,
culpados e fedendo uma podridão tão profunda e
abrangente que ameaça constantemente nos dominar
e nos enterrar vivos. Não pecamos somente um
pouco, dia após dia; pecamos constantemente em
nossos pensamentos, nas coisas que fazemos e nas
incontáveis coisas que deveríamos fazer mas não
fazemos. Devemos a Deus amor perfeito,
obediência e adoração, cada minuto de cada dia. No
entanto, até o cristão mais maduro é incapaz de
aproximar-se deste tipo de bondade por um minuto
sequer de qualquer dia. Nosso problema é
abrangente e sem esperança, porque precisamos não
somente de um registro criminal parcialmente limpo,
precisamos de uma história de perfeita bondade para
satisfazer às exigências das leis de Deus. Zacarias 3
nos mostra uma visão da verdade espiritual que
possuímos em Cristo. Ele pagou o preço por todos
os nossos pecados, ao morrer na cruz, e agora nos
envolve a cada momento com toda a sua justiça, que
nos foi dada. Ele é tudo que precisamos, não apenas
para a nossa salvação, mas também para todos os
dias de nossa vida.
Então, o que isso significa para você e para mim
dia após dia? Significa que, embora pequemos a
cada momento, ao mesmo tempo possuímos em
Cristo toda a perfeição que precisamos para agradar
a Deus. Jesus teve sucesso em todas as maneiras em
que fracassamos. E, embora fiquemos
tremendamente aquém da obediência que
precisamos e desejamos, ele obedeceu em nosso
lugar e nos deu sua bondade para substituir nossa
maldade. No final de um dia em que posso olhar
para trás e ver os muitos momentos específicos em
que pequei por fraqueza ou por rebelião intencional,
também posso ver Jesus obedecendo por mim e me
dando sua justiça perfeita em cada uma dessas áreas
específicas. Não há outra maneira de sobreviver ao
meu fracasso. Eu fui resgatada, os meus pecados
foram pagos decisivamente na cruz, e agora Deus
me vê como vê o seu próprio Filho, como alguém
que cumpriu a lei perfeitamente. Essa não é uma
graça extravagante e prazerosa?
Desfrute essa verdade doutrinária. Mergulhe nela.
Delicie-se e deleite-se nela. É maravilhosa demais
para ser acreditada, mas é absolutamente verdadeira.
Vou avisá-lo de que é improvável que você pense
nisso com tanta frequência quando está firme e forte
na fé. Você não pensará que precisa dela nesses
momentos. Quando estiver severamente
desencorajado pelo seu pecado e pela falta de
crescimento, pense nos acontecimentos daquele dia
e lembre-se dos pecados que cometeu. Confesse-os
a Deus e peça-lhe o maravilhoso dom do
arrependimento e da fé. Em seguida, celebre.
Embora cada um desses pecados seja digno de
morte, você ainda está vivo! Deus não o destruiu.
Em vez disso, ele esmagou o Filho em seu lugar.
Você ainda está aqui, ainda é bem-vindo e querido
por seu pai, apesar de todo o seu pecado. Você está
seguro, e ele está preparando um lugar para você ao
lado dele, para toda a eternidade.
Às vezes, quando você olha para a história da vida
de Jesus, pode vê-lo ou ouvi-lo obedecendo em seu
lugar. Por exemplo, eu tenho problemas alimentares.
Uso a comida para me sedar pecaminosamente e
anestesiar meus sentimentos dolorosos e raivosos.
Apesar de já ter crescido substancialmente nessa
área, ainda sou uma glutona e propensa a me
medicar com alimentos. Hoje comi muitas coisas de
maneira pecaminosa — duas tigelas de cereal,
quando uma seria suficiente; uma enorme barra de
chocolate Cadbury; um lanche que eu não precisava;
e a lista não termina. Tenho vergonha de mim
mesma, e, como resultado, sinto-me horrível,
inclinada a ser má com as pessoas ao meu redor e a
comer ainda mais! Mas a verdade da bondade de
Cristo que me foi dada tem poder real para me
salvar em meio aos meus vergonhosos sentimentos
de fracasso. Cristo foi um exemplo de perfeição à
mesa, e essa perfeição é minha. Ele nunca usou
comida pecaminosamente, mesmo quando Satanás
tentou induzi-lo a transformar pedras em pães
(Mateus 4:3-4.). Ele comia em casamentos e jejuava
em oração, agradecendo a seu Pai pela boa comida
que lhe fora dada. Agora, hoje, a sua obediência
substituiu o meu pecado, e eu permaneço diante de
Deus limpa e pura. Como nenhuma outra, esta
doutrina tem o poder de transformar a vergonha e o
fracasso em adoração. Não há nada parecido com
isso.
O PRAZER PERMANENTE
DE DEUS
Muitas das pessoas que eu aconselho querem
saber, desesperadamente, como Deus se sente em
relação a elas quando pecam. Geralmente, elas
presumem que Deus fica satisfeito quando
obedecem e desejariam poder viver mais de acordo
com o padrão do irmão mais velho. No entanto,
quando a obediência exterior parece estar além do
alcance delas, convencem-se de que devem passar a
maior parte do tempo sob o justo desprazer de
Deus. Se você está muito consciente de seu pecado
e acha que Deus fica bravo toda vez que você peca,
então, a vida se torna verdadeiramente miserável. Eu
me sensibilizo com a tristeza destas pessoas. Visto
que também peco constantemente com meu coração
explodindo muitas vezes ao longo de cada dia, se a
maneira de pensar delas estivesse correta, eu seria
condenada a uma vida de depressão. Esta
perspectiva está expressa claramente no hino
“Confiar e Obedecer”.77
Quando andamos com o Senhor à luz de sua
Palavra,
Que glória ele derrama em nosso caminho!
Enquanto fazemos sua boa vontade, ele permanece
conosco
E com todos que confiarão e obedecerão.
AS VANTAGENS DO PECADO
REMANESCENTE
Magnificar a glória de Deus
Newton afirma categoricamente que nem o nosso
estado de segurança como crentes, nem a honra e a
glória da reputação de Deus são diminuídos pelo
pecado remanescente nos cristãos, visto que eles são
ensinados a combatê-lo.78 As implicações desta
afirmação nos fazem refletir de muitas maneiras.
Deus não vinculou sua própria glória ao nosso
desempenho e sim ao desempenho de seu Filho
amado. O acordo feito dentro da Trindade, antes
dos tempos eternos, visava revelar a glória da
Divindade, e ao homem nunca foi dado o poder de
diminuir essa glória com seu pecado. Pelo contrário,
a pecaminosidade implacável do homem só poderia
ampliar o imenso, maravilhoso, determinado e
inabalável amor que Deus fixou em seu povo para
seu próprio prazer. A glória não foi planejada para
residir na criatura, e sim, totalmente, na bondade e
santidade do Criador.
Embora haja um sentido em que cristãos que usam
o evangelho como desculpa para desfrutar do
pecado trazem desonra ao nome do Senhor aqui na
terra (Romanos 2:23), esse fato não se aplica
àqueles que odeiam seu pecado e continuam a lutar
contra ele, dia após dia. Pelo contrário, Newton
afirma que há uma glória única na luta deles, e cada
tentativa é preciosa para Deus, independentemente
do sucesso ou fracasso que ele tenha atribuído a
isso.79 Deus ensina seu povo a lamentar seu pecado
e a lutar contra ele. No entanto, eles são chamados a
fazer isso com a certeza de que, embora o pecado
guerreie contra os crentes, ele nunca reinará.
Embora o pecado possa abalar a paz e a alegria
deles, nunca poderá separá-los de Deus ou arrancá-
los de seu coração ou de sua mão. Em pouco tempo,
quando os cristãos estiverem livres da fraqueza por
meio da morte, eles serão completamente perfeitos.
As boas razões que Deus tem para nos fazer sentir
a nossa própria depravação são muitas. Por nos
mostrar o nosso pecado, o poder de Deus é
magnificado; e a sabedoria, a fidelidade e o amor de
Deus são revelados de maneira mais dramática para
nós e para o mundo espectador. O poder de Deus
para salvar e guardar seus próprios filhos, em meio a
tanta oposição, é ampliado. Newton compara isso a
um fogo que queima sob a água ou a uma sarça
ardente que não é consumida pelo fogo.80 O fato de
que Deus pode realizar facilmente a sua vontade,
sem levar em conta as probabilidades que se
acumulam contra o crente, é nada menos do que um
milagre.
Satanás também é afligido e colocado em seu
devido lugar pelo poder de Deus, que estabelece
limites para a fúria e os danos que Satanás pode
causar. Embora Satanás ataque, não pode vencer.
Quando ele nos derrubar, sempre nos levantaremos
em arrependimento, porque o Senhor está do nosso
lado. O fracasso de Satanás em nos vencer é ainda
mais impressionante devido à nossa fraqueza e
incapacidade de resistir-lhe. Satanás é humilhado e
despojado de seu suposto poder diante das hostes
celestes, enquanto Deus nos guarda, apesar de todo
o sucesso e influência do inimigo. Que coisa
engraçada para imaginarmos!
VIVENDO EM COMUNIDADE
DESCANSANDO E CORRENDO
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