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ESPIRITUALIDADE CRISTÃ EM TEMPOS MODERNOS

Penso que aqui se faça necessário um esclarecimento a respeito do termo em evidência: espiritualidade
cristã.
A maioria dos dicionários define espiritualidade como “qualidade daquilo que é espiritual”. Confesso que tal
conceito ainda me deixa nas trevas a respeito do significado deste termo, portanto, ao fazer uma análise etimológica
da palavra espiritualidade, encontramos outra derivação que é “espiritual”. Buscando o significado desta,
encontramos: “Da natureza do espírito. Do espírito ou a ele relativo.”. Começo a ver brilhar uma luz tênue sobre o
termo em questão, o que me faz deduzir que, espiritualidade cristã é a qualidade daquilo que é próprio do espírito
cristão ou tudo aquilo que diz respeito aos princípios e valores do espírito cristão, logo, todo aquele que conhece o
que é próprio deste Espírito Cristão e anda segundo estes princípios, possui um modo característico de viver,
buscando alcançar a plenitude de sua relação com o mesmo.
O livro na verdade é um compêndio de estudos, aliás, mais do que isso, é um compêndio de experiências da
atividade pastoral e acadêmica baseados na fé em Jesus Cristo.
Vivemos um tempo de mudanças acentuadas que geram nas comunidades cristãs, incertezas quanto ao
sentir, julgar e mais ainda no agir. O livro busca não respostas prontas a estas questões, mas, baseado na
experiência, busca nos encher de ideias estruturadas e conhecimento de causa para que com nossas próprias
conclusões cheguemos às respostas. O livro busca ser uma resposta à vivência cristã nos nossos dias de abruptas
mudanças.

O DESAFIO DE SEGUIR JESUS CRISTO NO SÉCULO XXI


O autor começa por frisar que as mudanças ocorridas nas diversas áreas das ciências exatas e humanas
atingiram praticamente o mundo inteiro afetando tudo e todos. Essas mudanças afetam também nosso modo de
compreender os mistérios de Deus, contudo, precisamos encarar o fato com o coração nos céus e os pés na terra.
Na verdade, isso é um convite a compreender estes tempos e discernir entre 1) o que é essencial à vivência cristã,
2)o que são marcas culturais de tempos que não voltam mais e 3) o que sendo atual, não condiz com a Boa Nova da
Salvação.
O autor ressalta o pluralismo religioso como marca dos tempos pós-modernos em que vivemos. Igrejas e
evangelhos para todos os gostos. Citar o exemplo da mudança de pessoas de comunidades tradicionalmente
estabelecidas para outras recém-constituídas e dizendo ter encontrado Jesus Cristo. Citar o exemplo da overdose de
curas e exorcismos que têm invadido os meios de comunicação e também a mudança dos quesitos de avaliação do
mistério eucarístico (a santa ceia; primeira comunhão), onde a quantidade de palmas, efeitos luminosos e lágrimas
vertidas passaram a ter tanta importância.
O que vem ocorrendo efetivamente é uma mudança cultural, ou seja, uma mudança no critério último de se
compreender a vida no seu conjunto e a dimensão religiosa dentro dela. O Evangelho permanece o mesmo, muda o
instrumento pelo qual o Evangelho é transmitido. O desafio em tempos de mudança é distinguir o que é essencial
para a vivência cristã e o que são marcas culturais de tempos que não voltam mais.
O Evangelho não se subordina à cultura, é imutável. Esta sim necessita ser constantemente revisada,
atualizada. Apegos históricos excessivos podem causar sequelas e danos irreparáveis, mais ainda quando acontecem
em nome da religião, em nome de Deus, em nome do Evangelho. Por isso é tão importante não se confundir o que é
próprio do Evangelho com o que é dado cultural. Citar o exemplo do melhor instrumento para se louvar a Deus:
Órgão de Tubos do século XVIII, violino do aprendiz, aguda guitarra de roqueiro? R: Sl 51: 50.
Apegos culturais são antropologicamente importantes por dizerem respeito à identidade de pessoas, grupos
e povos. Em nome do Evangelho, todavia, se faz necessário assumir uma postura de discernimento entre o que
realmente pode e deve permanecer e o que deve, necessariamente, ser deixado para trás. Devemos caminhar entre
o respeito cultural e a interpelação evangélica.

A RELIGIÃO DE NOSSOS DIAS


Quem não se lembra do tempo em que a salvação da alma era o valor religioso maior? O empenho pela
transformação das estruturas sociais econômicas e políticas tomava conta da cena religiosa também.
E hoje? O que temos? A volatilidade do tempo e do espaço coloca em crise os mecanismos socioculturais
para a transmissão dos valores. Se aqueles não são mais fixos, isso significa que estes também podem mudar. Hoje,
num tempo em que palavras como mobilidade, movimento e mudança tornaram-se valores em si e indispensáveis
neste tempo. O crente de hoje torna-se mais o navegador do que o residente no porto. É o nômade cuja paixão é o
deserto e para quem os oásis são apenas momentos, necessários, mas, passageiros.
São características dos novos crentes: tende á emocionalidade, ao imediato, à palpabilidade. Não afeito a
projetos de longo prazo, a causs cujos resultado não possa sentir sem delongas.

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