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Robótica

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o
r

ensino fundamental
anos finais
Distribuição gratuita,
venda proibida
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

MATERIAL DE APOIO
AO PROGRAMA ENSINO INTEGRAL
DO ESTADO DE SÃO PAULO

ROBÓTICA
ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS
CADERNO DO PROFESSOR

Primeira edição

2014

São Paulo
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Secretária-Adjunta
Cleide Bauab Eid Bochixio
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Raquel Volpato Serbi Serbino
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Ione Cristina Ribeiro de Assunção
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Dione Whitehurst Di Pietro
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
Prezado(a) professor(a),
Em dezembro de 2011, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo instituiu o Programa Educação – Com-
promisso de São Paulo, que tem como um de seus pilares expandir e aperfeiçoar a política de Educação Integral,
como estratégia para a melhoria da qualidade do ensino e, portanto, para o avanço na aprendizagem dos alunos.
Nesse contexto, foi criado, em 2012, o Programa Ensino Integral, com o objetivo de assegurar a formação de
jovens autônomos, solidários e competentes por meio de um novo modelo de escola. Esse novo modelo, entre
outras características, prevê jornada integral de alunos, currículo integrado, matriz curricular diversificada,
Regime de Dedicação Plena e Integral dos educadores e infraestrutura que atenda às necessidades pedagógicas do
Programa Ensino Integral. Essa estrutura visa proporcionar aos alunos as condições necessárias para que planejem
e desenvolvam o seu Projeto de Vida e se tornem protagonistas de sua formação. O Programa, inicialmente direcio-
nado a escolas de Ensino Médio, teve sua primeira expansão em 2013, quando passou a atender também os anos
finais do Ensino Fundamental. O Programa deverá continuar sua expansão nos segmentos que já atende e ampliar
sua atuação na Educação Básica, compreendendo também escolas dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Esta série de cadernos contempla um conjunto de publicações que se destina à formação continuada dos
profissionais que atuam no Programa Ensino Integral e também ao apoio dos adolescentes e jovens em busca
de uma aprendizagem bem-sucedida. Os cadernos ora apresentados têm um duplo objetivo: por um lado,ofe-
recer subsídios para otimizar o uso dos laboratórios, com base nas diretrizes que fundamentam este Programa;
por outro, destacar estratégias metodológicas que, em todos os componentes curriculares, concorrem para
que os estudantes possam ampliar suas competências na área de investigação e compreensão – para observar,
descrever, analisar criticamente os diferentes fenômenos de cada área, levantar hipóteses que os expliquem e
propor iniciativas para mudar a realidade observada. A série é composta pelas seguintes publicações:
• Biologia: atividades experimentais e investigativas
• Ciências físicas e biológicas: atividades experimentais e investigativas
• Física: atividades experimentais e investigativas
• Manejo e gestão de laboratório: guia de laboratório e de descarte
• Matemática – Ensino Fundamental – Anos Finais: atividades experimentais e investigativas
• Matemática – Ensino Médio: atividades experimentais e investigativas
• Química: atividades experimentais e investigativas
• Pré-iniciação científica: desenvolvimento de projeto de pesquisa
• Robótica – Ensino Fundamental – Anos Finais
• Robótica – Ensino Médio
Pretende-se, dessa maneira, contribuir para que as escolas desenvolvam atividades experimentais e
investigativas nos laboratórios, nos segmentos a seguir:
• Ensino Fundamental – Anos Finais: nas aulas de Ciências Físicas e Biológicas e de Matemática; nas aulas
de Práticas Experimentais e nas aulas de disciplinas eletivas, dependendo da especificidade dos temas e
conteúdos selecionados.
• Ensino Médio: nas aulas de Biologia, Física e Química, da 1a a 3a séries; nas aulas de Prática de Ciências,
na 1a e 2a séries; nas aulas de disciplinas eletivas, da 1a a 3a série, dependendo da especificidade dos
temas e conteúdos selecionados; e em atividades para o desenvolvimento de Projetos de Pré-iniciação
Científica dos alunos.
Bom trabalho!
Equipe do Programa Ensino Integral
SUMÁRIO
Orientações sobre os conteúdos do Caderno.................................................................5

As possibilidades de uso da robótica na Educação Básica................................................7

A plataforma Arduino ...............................................................................................9

Introdução............................................................................................................... 9

O nascimento do Arduino............................................................................................ 9

Microcontrolador: o coração do Arduino ...................................................................... 10

A placa Arduino UNO (rev. 3)..................................................................................... 10

O software do Arduino.............................................................................................. 12

Kit de robótica básico............................................................................................... 15

As possibilidades de trabalho com o Arduino.............................................................. 21

Projeto 1: Meu primeiro contato com o Arduino............................................................. 21

Projeto 2: Monitoramento de faixa de temperatura ambiente........................................... 27

Projeto 3: Medir a diminuição de luz natural e promover o acendimento gradativo


de iluminação artificial............................................................................................. 33

Projeto 4: Medida de tremor de terra (sismógrafo)......................................................... 39

Projeto 5: Usina eólica.............................................................................................. 44

Projeto 6: Urna eletrônica......................................................................................... 48

Para saber mais...................................................................................................... 54


ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

ORIENTAÇÕES SOBRE OS CONTEÚDOS DO CADERNO


Neste Caderno busca-se orientar o desenvolvimento de projetos que possam abarcar um grupo
de conceitos fundamentais do ensino da robótica.

São abordados os conceitos essenciais de eletrônica e de programação de uma forma obje-


tiva e prática, retomando-se, quando necessário, alguns conceitos de Física. A ideia central é
a de que, ao longo do desenvolvimento dos projetos, por meio de uma proposta metodológica
baseada na resolução de problemas, possam ocorrer aprendizados significativos. O intuito é criar
uma atmosfera de aprendizado colaborativo em que todos aqueles que estão envolvidos no pro-
grama – estudantes, professores e gestores do Programa Ensino Integral – aprendam e ensinem,
ao mesmo tempo.

As atividades serão desenvolvidas com os estudantes para que estes possam realizar projetos
com os materiais do kit de robótica. No entanto, nada impede que sejam utilizados outros compo-
nentes, para que as ideias “ganhem asas” e “lancem voos” cada vez mais altos.

De forma geral, todos os projetos deste material foram organizados da seguinte forma: inicial-
mente, cria-se um problema a ser resolvido a partir do tema proposto; este problema pode ser solu-
cionado conforme o esquema indicado a seguir.

1. Sensor que
capta algo do
ambiente

Sistema composto
por circuito 2. Processa
4. Faz atuação
para controlar
eletrônico e a informação
processador de captada
informações

3. Trans-
forma a
informação em
alguma ação

Figura 1 – Esquema geral de resolução dos problemas propostos nos projetos deste material.

De início, apresenta-se algum tipo de sensor que pode captar informações do ambiente. De
forma breve, explica-se como o sensor pode trabalhar. Em seguida, monta-se o circuito eletrô-

5
nico que pode articular o funcionamento do sensor ao tipo de atuação que se deseja. Digita-se o
código e, por meio de comentários, procura-se compreender a lógica do programa que irá controlar
o sistema.

Para finalizar os projetos, procura-se sempre analisar os resultados e ampliar o que foi feito
pensando em novos projetos e outras soluções possíveis para o problema que foi resolvido. Além
disso, são indicadas as Situações de Aprendizagem dos Cadernos de Ciências de apoio ao Currículo
do Estado de São Paulo (São Paulo faz escola) que se relacionam aos conteúdos dos projetos deste
Caderno.

O trabalho em robótica tem uma tendência natural para ser desenvolvido em equipes de traba-
lho, e muitas tarefas devem ser feitas para que um projeto se materialize: montagem de circuitos,
concepção e escrita de softwares, construção de maquetes e dispositivos mecânicos, teste, che-
cagem etc. Nesse contexto, poderão ser organizados os grupos de estudantes de forma que estes
encontrem a posição na qual possam se sentir mais à vontade e mais produtivos. A avaliação das
equipes pode se dar no momento da síntese final dos projetos, em que os estudantes apresentam o
que fizeram para os outros estudantes. Pode-se aproveitar este momento para incentivá-los a fazer
autoavaliações de seus desempenhos.

Quando os estudantes se sentem produtivos e criativos, cria-se um ambiente favorável na escola


que motiva a criação de novos projetos que possam sugestionar novos espaços e formas de apren-
dizado. Vale a pena conversar com os estudantes sobre o tema e pensar em oferecer estes espaços
que são bastante diferentes dos espaços tradicionais de aprendizados da escola.

Neste Caderno são oferecidos seis projetos que podem ser desenvolvidos com estudantes dos
Anos Finais do Ensino Fundamental. Eles não precisam necessariamente ser desenvolvidos na
ordem em que são apresentados, exceto o primeiro projeto, que tem a intenção de fazer uma intro-
dução geral à plataforma Arduino e a algumas técnicas de montagem de circuitos eletrônicos. Os
demais projetos irão: monitorar temperaturas, tocar alarmes, compensar a diminuição de luz natu-
ral por meio de acendimento de luz artificial, produzir energia elétrica, sentir as vibrações da terra
e contabilizar votos numa urna eletrônica. Espera-se que estes projetos sejam a base de lança-
mento de muitos outros, com os quais todos possam aprender e desenvolver suas habilidades de
forma divertida e profunda!

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ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

AS POSSIBILIDADES DE USO DA ROBÓTICA


NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Hoje há um crescente desejo, por parte dos educadores, de conseguir maior integração dos
currículos de Ciências Naturais e Matemática, abrindo possibilidades de também acrescentar con-
teúdos de tecnologia. Também há o desejo de que esses saberes sejam articulados por meio da abor-
dagem de problemas mais concretos e reais, permitindo desenvolver nos estudantes uma ampla
gama de habilidades, permeada por conceitos que tenham valor de uso imediato, em contraposição
aos conteúdos tradicionais, muitas vezes áridos e isolados pelas diversas disciplinas.

O ensino da robótica, à primeira vista, pode parecer distante da realidade do Ensino Funda-
mental. No entanto, se for analisado com mais cuidado, é possível perceber que ele oferece poten-
cialmente a possibilidade de trabalhar com problemas úteis e próximos da vida dos jovens, de uma
forma prática, e com uma metodologia de aprendizado baseada na resolução de problemas. Além
disso, os projetos nessa área se desenvolvem em equipes cooperativas de trabalho, que só serão
capazes de obter êxito por meio da mobilização de conceitos e conhecimentos das mais variadas
disciplinas, todos articulados entre si. Por essas razões, o ensino da robótica oferece uma ampla
possibilidade de realizar a tão desejada transformação do Currículo escolar, necessária para o cida-
dão do século XXI.

No Brasil, o ensino da robótica ainda está concentrado no Nível Superior, sendo incipiente e
realizado em poucos locais, no caso do Ensino Fundamental. No entanto, este cenário tem se trans-
formado rapidamente nos últimos anos. Alguns obstáculos tradicionais, do passado recente do
país, podem explicar o atraso nesta área: como se sabe, o custo dos equipamentos eletrônicos e
seus periféricos sempre foi alto. Além disso, por conta da escassez de empresas nacionais dedica-
das a este ramo, era difícil obter equipamentos apropriados para a prática da robótica nas escolas;
soma-se a isso a carência de profissionais de ensino habilitados para desenvolver cursos desse tipo.

Graças à recente alteração de algumas variáveis nesse cenário, hoje o ensino da robótica está em
franco crescimento nas escolas. Algumas dessas alterações podem ser destacadas: a popularização
e o barateamento de equipamentos de informática em geral, a ampliação da oferta de acesso à
internet de alta velocidade (banda larga), o crescimento do número de usuários que usam frequen-
temente computadores para os mais variados fins etc. Mas, apesar de tudo isso, um dispositivo de
fundamental importância para a prática da robótica ainda era de difícil obtenção: os microcontro-
ladores. Esse dispositivo, que pode processar sinais dos mais variados tipos de sensores eletrônicos
e ser programado por computador, teve seu uso restrito a atividades tecnológicas protegidas por
patentes das indústrias. Assim, além de seu alto custo, o uso era de difícil operação, e somente
profissionais especializados das áreas tecnológicas eram capazes de lidar com eles.

O surgimento da plataforma Arduino, em 2005, que é composta de uma placa eletrônica com um
microprocessador, além de um software que permite programá-la, impulsionou de vez a prática do
ensino de robótica nas escolas.

7
O Arduino foi desenvolvido segundo a licença open source license, ou seja, seu projeto não é pro-
tegido por patentes e pode ser utilizado livremente por quem o desejar. Dessa forma, por baratear
significativamente os custos do equipamento, ele se popularizou e proliferou rapidamente pelo
mundo. No entanto, a logomarca “Arduino” é registrada e não pode ser utilizada sem autorização.

Hoje há uma grande comunidade de usuários e desenvolvedores do Arduino, que compartilham


e disponibilizam seus projetos de forma gratuita na internet, formando assim uma comunidade de
conhecimento livre. E é claro, alguns dos estudantes também fazem parte dessa rede de entusias-
tas, então fica aqui o convite: em vez de formar consumidores de tecnologia, por que não se juntar
a essa rede e possibilitar aos estudantes que se tornem também desenvolvedores de tecnologia?

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ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

A PLATAFORMA ARDUINO
INTRODUÇÃO
Um Arduino pode “sentir” e atuar sobre um ambiente. Por meio do recebimento de dados
vindos de uma variedade de tipos de sensores, é possível monitorar diversas variáveis de um
ambiente, tais como temperatura, nível de iluminação, ruído, movimento e muitas outras,
bem como controlá-las por meio de luzes, motores e outros atuadores. O microcontrolador,
que é o “coração” do Arduino, possui uma linguagem de programação própria. Os projetos rea-
lizados com o Arduino podem funcionar com ou sem um computador ligado a ele. A plataforma
Arduino é composta de uma placa eletrônica e o software que permite programá-la.

Vale a pena passear um pouco pela internet e apreciar os mais variados projetos que as pessoas
estão desenvolvendo com o uso dessa plataforma. Alguns exemplos são: casas inteligentes que
controlam iluminação, ventilação, abertura de portas e muitas outras coisas; plantações automa-
tizadas em que são feitas rega, controle de temperatura e umidade do ar, além de reposição de
nutrientes no solo; instalações artísticas que interagem com os visitantes, tocando sons, produ-
zindo imagens ou, ainda, sensações táteis; estações meteorológicas que transmitem dados auto-
maticamente pela internet e mais uma infinidade de outros projetos interessantes que as pessoas
das mais variadas idades e formações têm desenvolvido.

Mas, para que projetos como esses possam ser realizados, é necessário desenvolver algumas
habilidades básicas, iniciando com projetos menores e mais circunscritos a um número menor
de possibilidades. A boa notícia é que, apesar de num primeiro momento parecer que tudo isso
é muito difícil, com um tanto de calma e método de trabalho o aprendizado acontece de forma
rápida e na medida das necessidades que vão sendo satisfeitas a partir de cada novo desafio.

Não é preciso ter conhecimento prévio de eletrônica nem de programação de computadores.


Além disso, conta-se sempre com uma grande quantidade de informações disponíveis na internet,
em particular o site oficial do Arduino (disponível em: <http://arduino.cc>; acesso em: 18 jul.
2014), que é muito completo e bem documentado.

O NASCIMENTO DO ARDUINO
No ano de 2005, na Itália, um grupo de estudantes e professores do Instituto de Design Inte-
rativo de Ivrea desenvolveu o Arduino, buscando possibilitar que as pessoas pudessem desen-
volver projetos de tecnologia e design de forma fácil e com baixos custos. Alguns princípios
orientaram a criação desse projeto: como já dito anteriormente, o primeiro deles foi o conceito
de open source, que permite que tanto o hardware (a parte física de projetos de circuito) como
o software (a parte de programas de computador) possam ser utilizados de forma livre, sem ter
de pagar por licenças de uso; outro conceito é o de do it yourself, conhecido pelo acrônimo DIY,
que quer dizer, literalmente, “faça você mesmo”, ou ainda pela posterior reformulação deste,
do it together (DIT), ou façamos juntos; e, por último, a vontade de possibilitar que as pessoas
se apropriem mais do saber tecnológico, em vez de serem apenas consumidoras de tecnologias,
tornando-o menos enigmático e aumentando sua acessibilidade às pessoas comuns.

9
MICROCONTROLADOR: O CORAÇÃO DO ARDUINO
Um microcontrolador é composto por três partes principais: unidade central de processamento,
memória e periféricos de entrada e saída.

Os microcontroladores, além de serem capazes de fazer processamento de dados em geral, tal


qual um processador de computador – que realiza operações lógicas e cálculos aritméticos –, per-
mitem também, por meio de suas diferentes memórias internas, o armazenamento de dados que
os habilitam a gravar programas e substituir os existentes por outros, quando necessário. Além
disso, podem também armazenar dados de operação, produzidos pelos dispositivos que eles con-
trolam. Seus principais periféricos internos são os conversores analógicos/digitais (ADC) e os
conversores digitais/analógicos (DAC). Esses conversores, tanto o ADC quanto o DAC, permitem
que sinais analógicos, captados por sensores, sejam convertidos em sinais digitais e vice-versa.
Por exemplo, uma medida de luminosidade, que pode assumir qualquer valor numérico, por-
tanto constituindo-se como um sinal analógico, tem esse valor convertido em um sinal binário,
composto por sequências de números escritos em código binário, ou seja, formados apenas por
zeros e uns.

Após essa conversão, o processador é capaz de operar com esses dados e devolver uma res-
posta em sinal binário, que poderá, dependendo do caso, ser reconvertido novamente em sinal
analógico. De forma resumida, o microcontrolador, com suas partes internas, compõe o “cora-
ção” do Arduino.

A PLACA ARDUINO UNO (REV. 3)


© Fernando Genaro/Fotoarena

A seguir, serão vistos os 1


2
principais elementos da placa
12
do Arduino UNO (rev. 3), que é a
que acompanha os kits de robó- 3
tica de sua escola.

A placa Arduino UNO (rev. 3)


é um dos vários modelos dis- 4
11
poníveis no mercado, bastante 10
utilizada pelos desenvolvedores
9
de projetos. Ela possui diversas
funcionalidades que serão des-
critas a seguir, assim como suas 8
características técnicas. 7 6 5

1 GND (ground) ou pino Figura 2 – Placa original Arduino UNO (rev. 3) e os seus principais componentes.
terra – referência com voltagem
0 V para os circuitos, de tal forma
que a corrente possa passar pelos elementos do circuito e retornar a eles passando por este pino.

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ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

2 Entradas/saídas digitais, numeradas de 0 a 13 – servem como entrada ou saída de sinais


digitais para os sensores ou atuadores. Os pinos grafados com o símbolo “~” ao lado são saídas do
tipo PWM (pulse width modulation ou modulação por largura de pulso). Esse tipo de saída é útil em
diversas situações, pois habilita o Arduino a emitir sinais com nível de tensão variável, utilizados,
por exemplo, para controlar velocidade de motores.

3 LED indicador de estado ligado/desligado do Arduino – fica aceso sempre que o Arduino
está conectado a uma fonte de energia.

4 Microprocessador – realiza o processamento dos sinais que entram e saem do Arduino. É o


elemento programável da plataforma.

5 Entradas analógicas, numeradas de 0 a 5 – servem como entrada de dados vindos de senso-


res analógicos.

6 GND (ground) ou pinos terra – referência com voltagem 0 V para os circuitos, de tal forma que
a corrente possa passar pelos elementos dos circuitos e retornar a eles, passando por estes pinos.

7 Pino de alimentação de 5 V para os elementos dos circuitos – permite alimentar os sensores


e/ou atuadores dos circuitos com um nível de 5 V de tensão.

8 Conector para alimentação externa – permite que o Arduino, após ser programado, funcione
independentemente do computador. Pode usar qualquer fonte externa com tensões entre 6 V e 20 V.
Por exemplo, uma fonte de notebook ou um carregador de bateria de celular.

9 LED RX, de recepção de dados – acende todas as vezes que o Arduino recebe dados do
computador.

10 LED TX, de transmissão de dados – acende todas as vezes que o Arduino transmite dados
para o computador.

11 LED associado ao pino 13.

12 Porta USB – faz a recepção e a transmissão de dados com o computador. Também é respon-
sável por alimentar com energia o Arduino.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA PLACA ARDUINO UNO (REV. 3)


MICROCONTROLADOR ATmega328

VOLTAGEM DE OPERAÇÃO (V) 5

VOLTAGEM DE ENTRADA RECOMENDADA (V) 7 a 12

LIMITES DA VOLTAGEM DE ENTRADA (V) 6 a 20

PINOS DE ENTRADA E SAÍDA DIGITAIS 14 (dos quais 6 produzem saída PWM)

11
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA PLACA ARDUINO UNO (REV. 3)
PINOS DE ENTRADA ANALÓGICOS 6

CORRENTE CONTÍNUA POR PINO DE ENTRADA/SAÍDA (mA) 40

CORRENTE CONTÍNUA PARA O PINO DE 3,3 V (mA) 50

MEMÓRIA FLASH (kB) 32, dos quais 0,5 usado pelo bootloader

SRAM (kB) 2

EEPROM (kB) 1

CLOCK (MHz) 16
Tabela 1 – Características técnicas da placa Arduino UNO (rev. 3).

O SOFTWARE DO ARDUINO

Ambiente de programação
O software de código aberto do Arduino1 pode ser instalado em diversos sistemas operacionais, entre
eles Windows, MacOs X e Linux. Essa flexibilidade contribuiu para a popularização do uso do Arduino.

Esse software permitirá a comunicação entre o computador e o Arduino, que exigirá, inicial-
mente, a configuração do software, que é simples e será explicada na seção “Configurando e
testando seu Arduino”.

Para que o Arduino funcione como desejado, é preciso desenvolver seus próprios programas,
chamados de códigos, que são escritos diretamente no software do Arduino instalado em seu com-
putador. Depois de escrito, o código é transferido ao Arduino. A tela em que são escritos os códigos
é conhecida como ambiente de programação ou IDE (do inglês integrated development environment
ou, traduzindo livremente, ambiente de desenvolvimento integrado).

A instalação do software para os diferentes sistemas operacionais


Após ter feito o download da versão mais atual do software correspondente ao seu sistema ope-
racional, execute o arquivo de instalação e siga as instruções. A forma mais conveniente de fazer
a instalação é aceitar todas as configurações padrão sugeridas. Se tiver dúvidas, o site oficial do
Arduino contém informações mais detalhadas sobre a instalação. Mas não se preocupe, em geral
esse procedimento é de fácil execução.

1
No site oficial do Arduino (disponível em: <http://arduino.cc>; acesso em: 18 jul. 2014), é possível fazer o download e instalar a
última versão disponível do software.

12
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

No caso de utilizar um sistema operacional Windows, você deverá instalar também o driver que
permitirá que ele reconheça o Arduino, conforme descrito a seguir.

Conecte a placa Arduino ao seu computador por meio do cabo USB A/B. Normalmente, o LED verde
marcado PWR acenderá, indicando que a placa foi ligada. Em seguida, o Windows tentará instalar os
drivers. Ele falhará nesse processo, se você estiver usando o Windows 7, Windows Vista ou Windows XP
(essa falha já é esperada). Para fazer a instalação apropriada, abra o Painel de Controle do Windows e
escolha a seção “Hardware e Sons”. Então, selecione “Dispositivos e Impressoras”. A seguir, opte por
“Gerenciador de Dispositivos”. Você verá o Arduino na lista de dispositivos. Clique com o botão direito
do mouse sobre ele e escolha a opção “Atualizar driver”. Selecione a opção “Procurar software de driver
no computador”. Localize no diretório “Drivers”, situado no diretório de instalação do Arduino em seu
computador, o arquivo “arduino.inf”. Avance e termine o processo. O Windows fará então a instalação
correta do driver. Ao terminar o processo, verifique na lista de dispositivos o número da porta COM que
foi associada ao Arduino. Pode ser necessário configurar esse número ao utilizar o IDE pela primeira vez.

No caso de usar o sistema Mac OS X, não é necessário instalar um driver.

Para o sistema Linux, siga as instruções apresentadas anteriormente.

Configurando e testando seu Arduino


Para habilitar o uso e testar o Arduino, será preciso inicialmente fazer a configuração de sua
placa e da porta de comunicação no software do Arduino (IDE).

As imagens a seguir mostram a aparência da tela de interface do IDE do Arduino. Nelas podem
ser vistos os principais elementos deste ambiente de programação e a função de cada botão da
barra de ferramentas.

Menu principal
Barra de ferramentas

Janela de código

Novo sketch Monitor da


Carregar Salvar porta serial

Abrir
Verificar

Figuras 3 e 4 – 3) Tela da IDE


do Arduino com seus principais
componentes; 4) Barra de
Janela de mensagens
ferramentas com seus botões
(http://arduino.cc).

13
Para configurar sua placa, clique no item de menu “Tools -> Board” e selecione a placa Uno.
Para configurar a porta de comunicação, clique no item de menu “Tools -> Serial Port” e selecione
a porta que você anotou durante a instalação do driver (para o Windows). Finalmente está tudo
pronto para realizar o primeiro teste!

É recomendado que você carregue um programa exemplo chamado Blink. No IDE do Arduino
os códigos que você escreve são chamados de sketch. Esse sketch faz um LED, ligado à porta 13
do Arduino, piscar de forma repetitiva. Ele é muito útil para verificar se tudo anda bem com seu
equipamento. Note que você não precisa conectar um LED externo, pois já há um na placa que está
ligada a essa saída (porta 13). A imagem a seguir mostra como localizar o Blink no menu da IDE do
Arduino.

Figura 5 – Localização do programa de teste Blink da sua placa (http://arduino.cc).

Após abrir o exemplo Blink, você precisará fazer a transferência dele para a placa. Faça isso cli-
cando no botão “carregar” ( ). Observe se, durante o carregamento do programa na placa, os LEDs
RX e TX piscarão. Após transferir o programa, você verá o LED grafado na placa com a letra L piscar.
Se tudo deu certo, você está pronto para transferir outros programas.

Estrutura mínima de um sketch do Arduino


Os sketches do Arduino devem ter no mínimo duas estruturas básicas: um conjunto de
comandos que está dentro das chaves da função “setup()” e um conjunto de comandos que está
entre chaves da função “loop()”. Você pode ver essa estrutura carregando nos exemplos da IDE
o sketch chamado BareMinimum.

A função “setup()” é executada uma única vez, quando o programa começa a rodar. Use essa fun-
ção para inicializar suas variáveis, os modos dos pinos, declarar o uso de bibliotecas de funções2 etc.

A função “loop()” é executada repetidamente, enquanto a placa estiver em funcionamento.


Aqui fica o código principal do seu sketch.

2
Bibliotecas de software são conjuntos de funções pré-programadas para estender as funcionalidades do código. Uma biblioteca espe-
cífica tem um conjunto de funções úteis para que se trabalhe com determinado dispositivo.

14
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Figura 6 – No retângulo azul


aparece a função “setup()”,
executada uma só vez, e
no retângulo vermelho,
a função “loop()”,
executada repetidamente,
enquanto a placa estiver em
funcionamento
(http://arduino.cc).

KIT DE ROBÓTICA BÁSICO

© Fernando Genaro/Fotoarena
O kit de robótica disponível
na sua escola contém, além de
uma placa Arduino UNO (rev. 3) e
seu cabo USB de conexão com o
computador, uma diversidade de
sensores, atuadores e acessórios
em geral.

Vale a pena ressaltar que a


plataforma Arduino foi pensada
para que os projetos sejam cria-
tivos e desenvolvidos com recur-
sos diversos. Assim, uma maneira
de se fazer isso é desmontando e
aproveitando partes dos equipa-
mentos eletrônicos que já estão
fora de uso. Por exemplo, pode-
-se desmontar o controle remoto Figura 7 – Kit de robótica com microcontrolador, sensores, atuadores e
de TV e aproveitar o LED emissor acessórios.

15
de luz infravermelha ou, ainda, desmontar um aparelho de videocassete antigo e reaproveitar seus
motores, enfim, a sua imaginação é o limite!

Segue uma classificação dos componentes do kit, bem como uma breve descrição de cada um.
Fotos: © Manoel José dos Santos Sena

8 9 10

Figuras 8 a 10 – Componentes do kit de robótica: sensores. 8) Termistor NTC, 10 kΩ; 9) Sonorizador piezo; 10) LDR.

O termistor é um sensor de temperatura. O dispositivo tem uma resistência elétrica que varia
em função da temperatura. Assim, conhecendo-se essa relação, é possível utilizá-lo para medir
temperaturas numa faixa que vai de –40 oC a +125 oC. Há uma biblioteca3 com funções pré-progra-
madas bastante útil, que deverá ser utilizada nos projetos que adotam este sensor.

O sonorizador piezo é um sensor constituído de um material piezoelétrico. Este material tem


uma característica interessante: quando é deformado mecanicamente, gera um pulso elétrico.
O contrário também acontece, ou seja, quando submetido a pulsos elétricos, ele se deforma.
Por conta dessa característica, pode ser utilizado como sensor de batidas ou de deformações ou
ainda como um elemento que emite som. Ao se deformar e voltar à forma original, ele pode gerar
uma onda sonora.

LDR é a sigla para light dependent resistor, ou seja, este componente é sensível à luz, pois é
feito de um material que altera sua resistência elétrica em função da intensidade luminosa. Assim,
conhecendo sua resposta em função da intensidade luminosa de determinado ambiente, é possível
calibrá-lo para que envie respostas sobre a luz de um ambiente específico.
Fotos: © Manoel José dos Santos Sena

11 12

Figuras 11 e 12 – Componentes do kit de robótica: atuadores operados pelo


usuário. 11) Pushbutton; 12) Potenciômetro de 10 kΩ.

3
Biblioteca Thermistor.h. Disponível em: <http://code.google.com/p/thermistor10k/>. Acesso em: 28 ago. 2014.

16
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Fotos: © Manoel José dos


Santos Sena
13 14

Figuras 13 e 14 – Componentes do kit de robótica: atuadores operados pelo


Arduino. 13) Motor de corrente contínua; 14) Buzzer.

Pushbutton é uma chave que, quando pressionada, conecta dois pontos de um circuito. Muitos
projetos podem utilizar uma chave, pois quando alguma ação é requerida, ela pode ser dispa-
rada pressionando-se o botão.

Potenciômetro é um dispositivo que possui um eixo que, ao ser girado, causa a variação da
resistência elétrica em seus terminais. Sempre que se deseja regular a intensidade de algum pro-
cesso controlado pelo Arduino, um potenciômetro pode ser utilizado.

Motores de corrente contínua são amplamente utilizados nos mais diversos projetos. Sempre
que se deseja gerar movimento de algo, esse motor é utilizado com ou sem engrenagens associa-
das a ele. Em particular, em robôs com rodas, motores de corrente contínua são utilizados para
movimentá-las. Esse motor funciona com fonte de energia externa, pois com potência máxima o
Arduino não dispõe de corrente suficiente para alimentá-lo.

Buzzer é um elemento que internamente possui um material piezoelétrico que pode, ao ser
submetido por um sinal elétrico pulsado, emitir som. Ele é capaz de reproduzir sons numa faixa de
frequência que vai de 2 000 Hz a 4 000 Hz, aproximadamente. Um dispositivo que emite sons pode
ser utilizado de várias formas diferentes em seus projetos (por exemplo, ele funciona como um
alarme ou até como um pequeno alto-falante que reproduz notas musicais).
© Fernando Genaro/Fotoarena

© Manoel José dos Santos Sena


15 16
© Manoel José dos Santos Sena

© Manoel José dos Santos Sena

© Manoel José dos Santos Sena

17 18 19

Figuras 15 a 19 – Acessórios e dispositivos eletrônicos. 15) Protoboard; 16) Jumpers; 17) Díodo; 18) LED;
19) Transistor.

17
Fotos: © Manoel José dos Santos Sena

20 21

Figuras 20 e 21 – 20) Display de LCD; 21) Resistor.

A plataforma conhecida como protoboard e os fios jumpers são muito utilizados para a
montagem de protótipos de circuitos eletrônicos, permitindo conectar os terminais dos compo-
nentes entre si, formando assim um circuito. A placa de protoboard estrutura-se internamente da
seguinte forma:

aa Os furos das linhas horizontais indicadas em azul e vermelho na figura a seguir, tanto na parte
superior quanto na parte inferior, são ligados entre si.
aa Da mesma maneira, as sequências de cinco furos verticais são internamente conectadas
entre si, como mostra a sequência de pontos amarelos na imagem.
aa Ao ligar um furo de uma sequência ao furo de outra, utilizando fios jumpers, uma sequência
é interligada na outra.
© Fernando Genaro/Fotoarena

Figura 22 – Parte de uma protoboard: os pontos amarelos


mostram as conexões internas da placa. Um fio jumper (em
preto) pode interligar sequências de furos.

Díodo é um dispositivo que permite a passagem de corrente apenas em um sentido. Se a tensão


no ânodo for maior do que no cátodo, a corrente flui no sentido do ânodo para o cátodo. Entretanto,
se a tensão no cátodo for maior do que no ânodo, a corrente não passa do cátodo para o ânodo. O
cátodo é representado no díodo por uma listra de cor clara, no corpo dele. Esse tipo de componente
é muito utilizado para proteger o circuito contra a passagem indesejada de altas intensidades de
corrente. Faz-se uma montagem na qual ele impede o fluxo de corrente em determinada direção.

18
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

O LED (amarelo, vermelho e verde e alto brilho), sigla para light emitting diode, ou díodo emissor
de luz, pode emitir luz com um comprimento de onda específico, diferentemente de lâmpadas con-
vencionais de bulbo colorido. Além disso, consome pouca energia e apresenta longa vida útil. Por
conta dessas características, é amplamente utilizado em quase todos os equipamentos eletrônicos.

aa Para que seja convenientemente ligado, além de estar em série com um resistor – que faz o papel
de limitar a corrente elétrica que passa por ele –, a polaridade também deve ser observada. Veja
como ligá-lo de forma correta na imagem seguinte.

Visto de cima – +

Resistor

+
Ânodo (+) Visto de lado

– Cátodo (–) –
LED
+

Simbologia – +

Figura 23 – Circuito com polarização para acendimento de um LED: é


preciso observar bem o componente para não inverter o ânodo com
o cátodo.

O transistor é basicamente uma chave eletrônica de alta velocidade de chaveamento. Ampla-


mente utilizado em quase todos os equipamentos eletrônicos, ele pode fazer a função de amplificar
a corrente elétrica em determinado circuito ou, ainda, apenas realizar o chaveamento de algum
sinal elétrico. Ele possui três terminais: o emissor, o coletor e a base. A corrente elétrica pode ou
não circular entre o emissor e o coletor, dependendo da intensidade da corrente na base, ou seja, o
sinal de corrente na base do transistor é que controla seu funcionamento.

O display de cristal líquido de 16 colunas por 2 linhas é um dispositivo bastante útil, pois per-
mite escrever na tela mensagens que podem ser atualizadas em tempo bastante curto, com infor-
mações sobre monitoramento de sensores. Por exemplo, é possível programar o Arduino de forma
que o display escreva informações sobre a temperatura captada pelo termistor. Esse tipo de display
de LCD funciona em modo de 4 e 8 bits. Para utilizá-lo em modo de 4 bits, ocupa-se um menor
número de entradas digitais do Arduino. Em contrapartida, a comunicação entre os dispositivos é
mais lenta do que se for utilizado no modo de 8 bits, que ocupa mais 4 pinos de entrada digital. Para
não ocupar quase todas as entradas digitais disponíveis na placa, a maior parte dos projetos acaba
utilizando o modo de 4 bits. Há uma biblioteca de funções (a LiquidCrystal) que já vem na IDE do
Arduino, específica para controlar esse dispositivo. Além disso, há na IDE do Arduino programas
que servem como exemplos para ser utilizados com esse display.

19
Os resistores são utilizados para limitar a corrente ou a tensão elétrica de componentes do
circuito. Ao ser atravessado por corrente elétrica, o resistor dissipa energia em forma de energia
térmica. Dependendo do arranjo do circuito, ele pode assumir diferentes funções, ora pode desviar
a corrente, ora pode limitar seu valor etc.

aa O valor da resistência elétrica de um resistor é identificado pela sequência de cores dos anéis
coloridos grafados lado a lado no corpo do componente. As duas primeiras cores formam o
primeiro e o segundo dígitos do valor em ohms da resistência. A terceira cor representa
o fator multiplicador, em potências de dez, dos dois primeiros valores. A quarta cor é a tole-
rância do valor de resistência, que varia de acordo com a qualidade do processo de ­fabricação
do resistor.

Código de 4 listras 25 kΩ  ± 5%

Código de 5 listras 460 kΩ  ± 1%

Código de 6 listras 276 Ω  ± 5%

Multiplicador Tolerância
1o dígito 2o dígito 3o dígito 0,01 Prata ± 10% Prata
0 0 0 0,1 Ouro ± 5% Ouro
Coeficiente de
1 1 1 1 temperatura
2 2 2 10 ± 1% 100 ppm
3 3 3 100 ± 2% 50 ppm
4 4 4 1k 15 ppm
5 5 5 10 k 25 ppm
6 6 6 100 k ± 0,5%
7 7 7 1M ± 0,25%
8 8 8 10 M ± 0,1%
9 9 9

Fonte de dados: International Electrotechnical Commission norma 60062.


Figura 24 – Exemplos de valores de resistores e seus respectivos códigos de cores.

20
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

AS POSSIBILIDADES DE TRABALHO COM O ARDUINO


PROJETO 1: MEU PRIMEIRO CONTATO COM O ARDUINO
Professor, este primeiro projeto cumpre algumas funções importantes para a introdução de con-
ceitos iniciais e fundamentais para que se possam desenvolver quaisquer outros projetos futuros.
Dessa forma, sugere-se que os estudantes sejam incentivados para que falem sobre alguma expe-
riência anterior com o uso da plataforma Arduino, com eletrônica e com programação. Isso será
necessário para que o grupo de estudantes se reconheça e possa falar sobre suas habilidades e
interesses.

Outra característica desse tipo de trabalho é que os projetos se desenvolvem melhor quando se
formam equipes de trabalho que são organizadas e colaborativas. Nesse sentido, converse com os
estudantes sobre a importância do trabalho em equipe.

Embora o desafio técnico deste projeto seja de nível inicial, eles se sentirão muito contentes ao
montar seus circuitos, digitar seus programas e fazê-los funcionar.

Habilidades que se pretende que os estudantes desenvolvam

aa Montar e checar circuitos eletrônicos, suas conexões e polaridades dos componentes.


aa Digitar o código e checar a sintaxe dele.
aa Observar o funcionamento do circuito, relacionando-o à lógica de programação.

Parte 1: Acendimento de LEDs


A primeira parte do projeto propõe a montagem de um circuito básico de acendimento de um
LED, que pisca com um tempo que será definido pela equipe de trabalho.

Problema a ser resolvido


Como fazer acender um LED que pisque em um intervalo de tempo determinado pela equipe de
estudantes?

Tempo previsto
Uma aula.

21
Como resolver o problema?
Material necessário
Arduino, protoboard, resistor de 330 Ω ou de maior valor (faixas: laranja, laranja, marrom, dou-
rado) e 2 fios jumpers.

É possível iniciar apresentando o circuito aos estudantes, orientando-os para a realização da


montagem. Um cuidado a ser tomado é em relação à polaridade correta do LED.

Figura 25 – Montagem do circuito para que o LED possa piscar (software Fritzing – uso livre).

Análise do circuito
Este circuito liga um LED em série com um resistor. Nesse caso, o resistor tem o papel de limitar
a corrente que passa pelo LED, protegendo-o de sobrecorrente.

Circuitos série e paralelo

A imagem a seguir mostra dois circuitos, ambos montados com uma fonte de tensão elétrica (V) e
dois resistores, R1 e R2. A diferença entre eles é a maneira como os resistores estão ligados.
A R1 B

iT A C
i
+ i C + i1 i2
R1 R2
V V
– R2 –
B D
D

Figuras 26 e 27 – 26) Circuito com dois resistores ligados em série; 27) Circuito com os resistores
associados em paralelo.

22
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

O circuito da esquerda liga um resistor depois do outro em sequência, por isso é chamado de cir-
cuito série. O circuito da direita monta os resistores paralelos um ao outro, por isso é chamado de
circuito paralelo. Ambos os circuitos são amplamente utilizados em projetos de eletrônica. Veja as
principais características de cada um deles:

Série

aa A corrente elétrica (i) que atravessa um resistor é a mesma que atravessa o outro (ou outros, em
caso de ligar mais de dois resistores).
aa A tensão elétrica entre os pontos A e B é diferente da tensão entre os pontos C e D. Seu valor
pode ser calculado utilizando-se a lei de Ohm: V = R · i, em que V é a tensão no resistor, R a sua
resistência em ohms e i a corrente em amperes.
aa Por conta dessas características, é comum montar circuitos que associam em série um resistor e
um outro componente, como um LED, para que o resistor faça o papel de limitar a corrente que
atravessa o outro componente.

Paralelo

aa A corrente elétrica que circula em cada um dos resistores, i1 e i2, é inversamente proporcional ao
valor do resistor, assim resistores de pequeno valor serão atravessados por correntes de grandes
valores, e vice-versa. Conhecendo-se o valor da tensão e do resistor, pode-se determinar o valor
da corrente utilizando-se também a lei de Ohm: i = V / R.
aa A tensão elétrica entre os pontos A e B, e C e D tem o mesmo valor.

Após a montagem do circuito, oriente-os a carregar o programa exemplo Blink da IDE do


Arduino.

Código comentado
/*
Blink
Acende um LED por um segundo, depois desliga por um segundo, repetitivamente.
*/

// Pin 13 terá o LED conectado a ele


// Define-se uma variável que dê um nome ao LED, nesse caso, led
int led = 13;

// A sequência de comandos de setup é executada apenas uma vez, quando o programa


começa a funcionar
void setup() {
// Inicializa o pino digital 13 como de saída de dados.
pinMode(led, OUTPUT);
}

23
// A função “loop” será executada de forma repetitiva, sempre que o equipamento estiver
ligado.
void loop() {
digitalWrite(led, HIGH); // Faz que o pino 13 fique no nível HIGH, ou seja, com 5 V, acen-
dendo o LED.
delay(1000); // Aguarda 1 segundo (1000 milésimos de segundo)
digitalWrite(led, LOW); // Faz que o pino 13 fique no nível LOW, ou seja, com 0 V, apa-
gando o LED
delay(1000);
}

Análise do código
Este código é bastante simples, mas podem-se observar algumas partes importantes dele:

aa Certificar-se de perceber as estruturas mínimas: as funções “void setup” e “void loop”.


aa Dentro da função “loop” o programa comanda que o pino 13, onde está ligado o LED, fique com
alto nível de tensão (5 V) por 1 segundo, acendendo o LED. Depois, fique com baixo nível de
tensão (0 V) por 1 segundo, apagando o LED. Por fim, o loop se repete.
aa Atentar para o fato de que no código o tempo aparece entre parênteses, como argumento da
função “delay ( )”, e em milésimos de segundo.

Sugere-se que os estudantes sejam incentivados a fazer uma leitura do código. Ajude-os a per-
ceber as estruturas mínimas4, as sintaxes (uso de parênteses, chaves, ponto e vírgula etc.) e, prin-
cipalmente, a localizar o que define os intervalos de tempo de aceso e apagado dentro do código.

Feito isso, eles podem se divertir alterando os valores desses intervalos de tempo de aceso e
apagado.

Parte 2: Acendimento de LEDs


Nesta segunda parte, propõe-se que o circuito seja acrescido de um segundo LED e que a equipe
de trabalho planeje uma lógica sequencial para que os LEDs se acendam e apaguem. Para isso,
terão de fazer modificações no programa utilizado na primeira parte.

Problema a ser resolvido


Como acender dois LEDs que pisquem em uma sequência de tempos previamente planejada pela
equipe?

Tempo previsto
Uma aula.

4
Ver seção: “Estrutura mínima de um sketch do Arduino”.

24
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Figura 28 – Montagem do circuito para que dois LEDs possam piscar.

Como resolver o problema?


Material necessário
Arduino, protoboard, 2 resistores de 330 Ω ou de maior valor (faixas: laranja, laranja, marrom,
dourado), 3 fios jumpers e 2 LEDs.

Análise do circuito
Este circuito é o mesmo utilizado anteriormente, a única modificação é que o segundo LED será
alimentado pelo pino 12 do Arduino.

Após a montagem do circuito, podem-se incentivar os estudantes a planejar uma sequência de


acendimento dos LEDs. O desafio fica mais divertido quando eles pensam em acender e apagar os LEDs
de forma independente, ou seja, nem sempre o acendimento de um LED é simultâneo ao de outro.

Após o planejamento da sequência, oriente-os a carregar novamente o programa exemplo Blink,


da IDE do Arduino, e a fazer modificações nele a fim de realizar a sequência planejada. Logo eles per-
ceberão que, se a sequência é muito complexa, o programa também o será. O ideal é que eles pensem,
inicialmente, em sequências simples e depois, aos poucos, planejem sequências mais complexas.

Código comentado
// Dois LEDs piscando em uma sequência
int ledPin1 = 12; // Declara uma variável para o LED1
int ledPin2 = 13; // Declara uma variável para o LED2
void setup() {
pinMode(ledPin1, OUTPUT); //Configura o LED1 como uma saída
pinMode(ledPin2, OUTPUT); //Configura o LED2 como uma saída
}
void loop()
{

25
digitalWrite(ledPin1, HIGH); //Envia sinal de 5 V no pino 11, acendendo o LED1
digitalWrite(ledPin2, HIGH);// E no pino 12, para o LED2
delay(250); // Aguarda 250 milissegundos
digitalWrite(ledPin1, LOW); // Envia sinal de 0 V no pino 11, apagando o LED1
digitalWrite(ledPin2, LOW); //E no pino 12, apagando o LED2
delay(2000); //Aguarda 2 000 milissegundos
digitalWrite(ledPin1, HIGH); //Sinal de 5 V no pino 11, acende LED1
delay(250); //Aguarda 250 ms
digitalWrite(ledPin1, LOW); //Apaga LED1
digitalWrite(ledPin2, HIGH);//Acende LED2
delay(250); //Aguarda 250 milissegundos
digitalWrite(ledPin2, LOW); //Apaga LED2
delay(750); //Aguarda 750 milissegundos
}

Análise do código
Este novo código apresenta algumas novidades: inicialmente é preciso declarar mais uma variá-
vel, agora para o novo LED. Na função “void setup”, também se define o pino 12 como o de saída,
no qual será ligado o novo LED.

No corpo da função “void loop”, há nova sequência de comandos que fazem que o LED1 e o
LED2 acendam e apaguem respeitando certa lógica. Os códigos feitos pelos estudantes podem ter
sequên­cias diferentes desta apresentada aqui; o importante é que o código funcione conforme a
equipe de trabalho planejou.

Como discutir os resultados?


Pode-se pedir às equipes de trabalho que mostrem para as demais como organizaram o programa
para acendimento dos dois LEDs, destacando as dificuldades que sentiram durante o trabalho.

Este primeiro projeto tem o objetivo principal de familiarizar o grupo com a montagem de circui-
tos e a lógica de programação. A análise de resultados obtidos pode ser realizada com uma síntese
do que foi aprendido.

Deve-se ressaltar que circuitos mal planejados e montados sem cuidado apresentam mais possi-
bilidades de não funcionar. Da mesma maneira, programas com erros de digitação e mal planejados
na sua lógica sequencial conduzirão a resultados inesperados.

A conexão entre as atividades de robótica e os Cadernos de apoio ao


Currículo do Estado de São Paulo
O LED, além de muito durável, produz luz de forma bastante diversa da que faz uma lâm-
pada incandescente. Os LEDs emitem radiação luminosa com cores muito bem definidas, ao

26
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

passo que as lâmpadas incandescentes emitem radiação luminosa e uma grande quantidade de
radiação térmica, o que as faz ter baixa eficiência energética, ao contrário do LED, que pratica-
mente não desperdiça energia em forma de calor. Outra característica que particulariza o LED é que
ele faz a emissão de luz em uma frequência de onda bastante específica, diferente das lâmpadas
incandescentes, que emitem uma ampla gama de frequências.

Por conta dessas características, pode-se conectar o que foi aprendido, ao longo do trabalho
neste projeto, com contextos e conceitos estudados em sala de aula, nos seguintes anos:

aa Ciências 8 ano – volume 2: nas Situações de Aprendizagem 5 a 9, há possibilidade de tematizar


o

o uso do LED ligado ao consumo de energia e sua eficiência. Por exemplo: quais são as vanta-
gens de utilizar uma lâmpada LED, em comparação com as lâmpadas incandescentes?
aa Ciências 9 ano – volume 2: nas Situações de Aprendizagem 7 a 13, discute-se o mecanismo
o

da produção de luz por um LED, em que comprimento de onda é bem definido. Uma lâmpada
LED, ao contrário de uma lâmpada incandescente, emite luz em frequências bem definidas; o
resultado é uma iluminação sem desperdício de energia. Uma lâmpada incandescente emite luz
branca, composta por diversas frequências; quando se deseja uma cor específica, utiliza-se um
filtro de cor, pintando-se, por exemplo, o bulbo da lâmpada de determinada cor. O resultado é
que, ao emitir diversas frequências (cores) e só utilizar uma delas, o desperdício de energia
é grande.

PROJETO 2: MONITORAMENTO DE FAIXA DE TEMPERATURA AMBIENTE


Problema a ser resolvido
É possível monitorar a temperatura de um ambiente e receber um aviso quando ela estiver fora
da faixa de valores predefinidos?

Em diversas situações, fazer o monitoramento e controle de temperatura é bastante impor-


tante; por exemplo, no processo de fermentação para fazer iogurtes ou queijos industriais. Neste
projeto a ideia é convidar os estudantes a montar um sistema que possa fazer o monitoramento
de temperatura de um ambiente e que avise quando ela estiver fora de determinada faixa de
temperatura.

Habilidades que se pretende que os estudantes desenvolvam

aa Montar e checar o circuito eletrônico.


aa Digitar e checar o código que controla o alarme.
aa Desenvolver procedimentos de teste de funcionamento do circuito e do programa que
o controla.
aa Alterar o código para que o alarme funcione da forma desejada.
aa Trabalhar de forma cooperativa, em equipe.
aa Propor novos usos para os mesmos componentes eletrônicos.

27
Tempo previsto
Duas aulas.

Como resolver o problema?


Professor, pode-se introduzir o problema questionando os estudantes sobre as formas tradicio-
nais de se determinar uma temperatura.

Se houver possibilidade, convide-os a medir temperaturas com o uso de termômetros


convencionais.

Em seguida, pode-se mostrar aos estudantes o termistor e explicar que se trata de um compo-
nente eletrônico sensível à temperatura.

Neste último caso, a resistência elétrica do componente varia em função da temperatura. Basi-
camente, pode-se resolver o problema utilizando esse componente ligado a um circuito elétrico.

Este circuito elétrico irá submeter o termistor a uma tensão (5 V) e, dependendo do valor da
resistência, uma determinada corrente elétrica fluirá através dele. Conhecendo-se o valor da cor-
rente e sua relação com a temperatura, o problema estará resolvido!

Material necessário
Arduino, protoboard, termistor de 10 kΩ, resistor de 1 kΩ (faixas: marrom, preto, laranja, dou-
rado), sonorizador piezoelétrico (buzzer) e 7 fios jumpers.

Para testar o funcionamento do monitor de temperatura, será importante ter formas de esfriar e
aquecer o termistor. Sugere-se, por exemplo, colocar em contato com esse componente um frasco
plástico com água congelada em seu interior para esfriá-lo, e um frasco com água quente em seu
interior para aquecê-lo.

Figura 29 –
Montagem do circuito
do monitor de faixa
de temperatura.

28
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Análise do circuito
Podem-se observar alguns pontos importantes deste circuito. Um dos terminais do termistor
está ligado ao 5 V e o outro está associado em série ao resistor, que, por sua vez, está conectado
ao pino GND (terra), que equivale a 0 V. O resistor limita a passagem da corrente neste circuito.
O buzzer tem um de seus terminais ligado ao pino 3, que irá alimentá-lo quando for o caso, e o outro
ligado ao GND, para fechar o circuito.

Mas propõe-se algo mais elaborado: não se trata apenas de realizar a medida da temperatura;
gostaríamos de monitorá-la e fazer disparar um alarme no caso de ela estar fora de uma faixa de
temperatura preestabelecida (por exemplo, de 25 oC a 40 oC).

Após a digitação do código e sua transferência para o Arduino, pode-se monitorar a temperatura
na tela do computador acionando o botão “Monitor da porta serial” (Serial monitor), na barra de
botões da IDE do Arduino. Veja imagem a seguir.

Figura 30 – Barra de botões da IDE do Arduino. Em destaque, o botão do monitor da porta serial (Serial
monitor) (http://arduino.cc).

Professor, você pode questionar os estudantes sobre como seria fazer essa tarefa de forma
manual. Nesse caso, seria importante incentivá-los a descrever como seria fazer esse monitora-
mento passo a passo, pois isso será muito útil para que entendam e sejam capazes de planejar um
código de programação. Um exemplo de rotina:

aa Checar a temperatura no termômetro a cada 3 minutos.


aa Certificar-se se a temperatura está dentro ou fora do valor esperado.
aa Caso esteja dentro do valor esperado, nada deverá se feito.
aa Caso a temperatura esteja fora do intervalo, deve-se tomar uma providência, por exemplo, tocar
uma sirene.

Após esse exercício, pode-se mostrar o código e pedir para que seja digitado na IDE do Arduino.

Atenção, a digitação deve ser feita com cuidado e checada, de preferência, por outra pessoa,
diferente da que fez a digitação. É bastante comum haver erros de digitação, o que impedirá a
transferência do código para o Arduino.

29
Veja agora o código comentado, mas atenção: as letras maiúsculas que aparecem destacadas
com o círculo não podem ser digitadas, pois são as referências para os comentários explicativos
que virão logo a seguir.

Código comentado
// Monitoramento de faixa de temperatura ambiente

#include <Thermistor.h> A

//Define as temperaturas, em graus Celsius, máxima e mínima para a faixa que se pretende
monitorar

#define TEMP_MAX 40 B
#define TEMP_MIN 25

//Define o pino onde o buzzer vai estar conectado

#define buzzer 3 C

//Define o pino A0 para conectar o sensor de temperatura


Thermistor temp(0); D

void setup()
{
//inicializa a porta serial
Serial.begin(9600); E
Serial.println(“Monitor de temperatura”); F
}

void loop()
{
int temperatura = temp.getTemp(); G
delay(2000); // Delay para garantir no mínimo 2 000 milissegundos (2 s)
// entre cada uma das leituras
if (temperatura > TEMP_MIN && temperatura < TEMP_MAX)
{
noTone(buzzer);
}
else
{
tone (buzzer,440,1000);
Serial.println(“TEMPERATURA FORA DA FAIXA: ALARME!”);
} H
Serial.print(“Temperatura: “);
Serial.print(temperatura);
Serial.println(“ oC\n”); I
}

30
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Figura 31 – Tela do Serial monitor da IDE do Arduino mostrando o


monitoramento da temperatura ambiente (http://arduino.cc).

Análise do código
AFaz a inclusão de uma biblioteca chamada “Thermistor.h”, que contém comandos pré-pro-
gramados que facilitam o uso do termistor5.

B Observe que as temperaturas mínima e máxima que formam a faixa que se deseja monitorar
são definidas, em graus Celsius, nesta parte do código.

C Define-se no código que o buzzer está ligado ao pino digital 3. Este pino é uma saída PWM
que pode emitir um sinal pulsado para que se tenha um toque de alarme com uma frequência espe-
cífica, no caso 440 Hz. Observe que as saídas 5, 6, 9, 10 e 11 também são PWM.

D Define-se o pino A0 como a entrada de dados do termistor. O Arduino monitorará o sinal do


termistor por esse pino.

E Com este comando inicia-se a comunicação pela porta serial. O número 9 600 se refere à
velocidade de comunicação dos dados entre o Arduino e o computador; são 9 600 bits por segundo.

F O comando “Serial.println” (“Monitor de temperatura”) envia a mensagem que está entre


aspas para ser impressa pela porta serial. Essa mensagem aparecerá no Serial monitor sempre que o
programa for inicializado.

G O comando “temp.getTemp()” faz a leitura da temperatura por meio da leitura na porta A0 e


armazena este valor na variável temperatura. Note que esse comando está dentro da estrutura do looping,
portanto ele será realizado de forma repetitiva enquanto o programa estiver em funcionamento.

H Note que neste bloco do programa há uma estrutura conhecida como “if/else”. Neste caso, o
comando “if” verifica simultaneamente duas condições: se a variável temperatura tem valor maior
que o valor de “TEMP_MIN, e (&&)” se a variável temperatura tem valor menor do que “TEMP_MAX”.

5
Consulte o site do Arduino (http://arduino.cc) para saber mais sobre bibliotecas e sua instalação.

31
aa Em caso de resposta verdadeira para ambos os testes, o programa executa a função “noTone”,
que significa que nada será enviado ao buzzer.
aa Em caso de resposta falsa para qualquer um dos testes, o programa executa o que está no bloco
“else”, ou seja, a função “tone” (buzzer,440,1000) que executa um som de 440 Hz de frequência
por 1 000 ms (1 segundo) no pino onde estão ligados o buzzer e o comando de impressão que
escreve na tela a mensagem: “TEMPERATURA FORA DA FAIXA: ALARME!”.

I Após a realização do teste condicional “if/else”, o programa imprime na tela (do Serial moni-
tor) a temperatura em oC. O comando “\n” faz que uma linha seja pulada para imprimir a próxima
leitura de temperatura na linha abaixo da linha anterior.

Como discutir os resultados?


Pode-se estimular os estudantes a realizar pequenas alterações no código e no circuito, a fim de:

aa Alterar a faixa de temperatura a ser monitorada.


aa Alterar a frequência com que o buzzer toca – a faixa de frequência audível vai de 20 a 20.000 Hz.
aa Alterar as frases que são impressas na tela.
aa Alterar os pinos de saída e entrada utilizados no Arduino etc.

A ideia é estimulá-los a apropriar-se do código e do circuito, fazendo alterações neles e testan-


do-as posteriormente.

Além disso, pode-se estimulá-los a realizar uma síntese da lógica de funcionamento do pro-
grama; veja um exemplo na imagem a seguir.

Definir faixa de
temperatura

Iniciar loop

Repetir rotina Medir temperatura Repetir rotina

Imprimir temperatura na tela

Está dentro da faixa de Aguardar um pequeno


temperatura tempo

Imprimir mensagem
Sim Não Alarme!

Aguardar um pequeno
Tocar alarme
tempo

Figura 32 – Esquema de sequência de funcionamento do software para o monitoramento de temperatura.

32
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

A conexão entre as atividades de robótica e os Cadernos de apoio ao


Currículo do Estado de São Paulo
Professor, o controle de temperatura de processos de fabricação em geral é de fundamental
importância. Alguns exemplos são: fabricação de materiais cerâmicos, culturas de plantas em
ambientes controlados, controle de temperatura de operação em motores de automóveis etc.
Pode-se estimular os estudantes a pensar no controle de temperatura necessário para processos
que foram trabalhados no âmbito das aulas de Ciências. Como já citado anteriormente, um exemplo
é a fabricação de queijos.

Também pode-se estimular os estudantes a fazer modificações no projeto, a fim de que, em


vez de tocar o alarme, o sistema possa atuar, por exemplo, ligando uma sequência de LEDs, que
vai gradativamente indicando o aquecimento de uma substância. Um sistema como o que foi pro-
posto neste projeto pode ser adaptado para o controle de sistemas de refrigeração ou aquecimento.
Exemplos: otimização do uso de aparelhos de ar-condicionado, economia de energia etc.

Por conta dessas características, pode-se conectar o que foi aprendido, ao longo do trabalho
neste projeto, com contextos e conceitos estudados em sala de aula, nos seguintes anos:

aa Ciências 7 ano – volume 2: particularmente, a Situação de Aprendizagem 2 propõe investigar


o

os diferentes métodos de conservação de alimentos. Uma maneira de fazer a conservação de


alimentos é mantendo-os frescos com sistemas de refrigeração. Tais sistemas de refrigeração
precisam fazer controles de temperatura. Pode-se relacionar esse tema aos aprendizados con-
quistados ao longo da realização deste projeto.
aa Ciências 8 ano – volume 2: nas Situações de Aprendizagem 5 a 9, há a possibilidade de temati-
o

zar o uso do monitoramento de temperatura ligado à otimização do uso de sistemas de refrige-


ração, que impactam o consumo de energia.
aa Ciências 9 ano – volume 1: na Situação de Aprendizagem 1, utiliza-se um termistor no projeto –
o

componente eletrônico que, ao ser aquecido, altera uma propriedade de seu material, a resis-
tência elétrica. Essa interessante propriedade pode ser discutida no âmbito do trabalho com as
propriedades dos materiais, estudadas nessa Situação de Aprendizagem.

PROJETO 3: MEDIR A DIMINUIÇÃO DE LUZ NATURAL E PROMOVER O


ACENDIMENTO GRADATIVO DE ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL
Professor, pode-se introduzir o problema questionando os estudantes sobre o que eles sabem
sobre o acionamento da iluminação pública de ruas.

De forma geral, as luminárias são equipadas com um sensor, do tipo LDR, que detecta a queda
na intensidade da luz natural e liga, de forma automática, as lâmpadas das luminárias ao cair
da noite. Pode-se problematizar a eficiência desse sistema, conduzindo uma discussão sobre
­formas mais inteligentes de funcionamento. Neste caso, a queda de luz natural será compensada
com o acendimento gradativo da luz artificial.

33
Problema a ser resolvido
É possível construir um sistema que compense gradativamente a queda de luz natural?

Habilidades que se pretende que os estudantes desenvolvam

aa Montar e checar o circuito eletrônico.


aa Digitar e checar o código que monitora a luminosidade.
aa Desenvolver procedimento de testes de funcionamento.
aa Definir parâmetros de funcionamento do equipamento.
aa Alterar o código para que a compensação de luz funcione da forma desejada.
aa Trabalhar de forma cooperativa em equipe.
aa Propor novos usos e possibilidades utilizando os mesmos componentes eletrônicos.

Tempo previsto
Duas aulas.

Como resolver o problema?


Depois de feita a problematização em torno da questão do acionamento da iluminação pública,
pode-se mostrar aos estudantes o LDR e explicar que se trata de um componente eletrônico sensível
à luz.

Neste caso, a resistência elétrica do componente varia em função da intensidade da luz do


ambiente. Basicamente, o problema pode ser resolvido utilizando esse componente ligado a um
circuito elétrico.

Esse circuito elétrico submeterá o LDR a uma tensão (5 V) e, dependendo do valor da intensi-
dade da luz, determinada corrente elétrica fluirá através dele. Conhecendo o valor da corrente e
sua relação com a intensidade de luz, pode-se encaminhar a solução do problema.

Neste projeto, será utilizado um LED para simular as lâmpadas do ambiente que seria ilumi-
nado. Para utilizar lâmpadas de maior potência, seria preciso fazer o Arduino alimentar a base de
um transistor de potência, que por sua vez proveria a lâmpada ligada à rede elétrica do ambiente.
Considera-se completamente inadequado utilizar lâmpadas ligadas à rede elétrica, pois é muito
perigoso operar com tais níveis de tensão elétrica.

Material necessário
Arduino, protoboard, LDR, resistor de 1 kΩ (faixas: marrom, preto, vermelho, dourado), resistor
de 220 Ω (faixas: vermelho, vermelho, marrom, dourado), LED e 4 fios jumpers.

34
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Figura 33 – Montagem do circuito de compensação da iluminação natural.

Análise do circuito
Pode-se observar alguns pontos relevantes nesta montagem. Primeiro, é importante notar que
são dois circuitos independentes. Um deles é o circuito que detecta a intensidade da luz e o outro
circuito é responsável por acender o LED.

No circuito que mede a intensidade de luz, um dos terminais do LDR está ligado ao pino GND
(terra), que equivale a 0 V, e o outro está ligado em série ao resistor, que por sua vez está conectado
ao pino 5 V. O sinal que será medido na entrada analógica A0 é a tensão elétrica entre os terminais
do LDR. O resistor limita a passagem da corrente nesse circuito, protegendo o LDR de sobrecarga.

O outro circuito é composto por um LED, ligado em série a um resistor. Um dos terminais do
resistor está conectado ao pino GND e o outro, a um dos terminais do resistor. O outro terminal
do resistor está ligado ao pino 11, que, por ser do tipo PWM, pode oferecer tensões variáveis num
intervalo de 0 a 5 V. O valor de tensão que alimentará o LED será definido em função da luminosi-
dade natural do ambiente. Quando a luminosidade natural diminuir, a intensidade com que brilha
o LED irá aumentar.

Pode-se questionar os estudantes sobre como seria fazer essa tarefa de forma manual. Nesse
caso, seria importante incentivá-los a descrever como fariam este monitoramento passo a passo.
Por exemplo:

aa Checar a luminosidade com uma determinada periodicidade.


aa Avaliar se a luz natural é suficiente.
aa Em caso afirmativo, nada deverá ser feito.
aa Caso não seja, será preciso ligar luzes artificiais gradativamente.
aa Na manhã seguinte, quando nascer o Sol, a luz deverá ser apagada.

35
Após esse exercício, pode-se mostrar o código e pedir que o digitem na IDE do Arduino.

Lembre-se de que este é um ponto que exige cuidado e paciência, pois, se digitarem o código
equivocadamente, o projeto não segue adiante.

Código comentado
// Compensador de luz natural

int intensLum; // Declara variável que armazena o valor da luminosidade


int ledPin = 11; // Declara variável que determina o pino onde estará
// ligado o LED

void setup() {
Serial.begin(9600); // Inicia porta serial na velocidade de 9 600 bits por
// segundo
pinMode(ledPin, OUTPUT); // Define o pino do LED como saída de dados
}
// inicia rotina loop
void loop() {
intensLum = analogRead(A0); // Armazena valor lido na porta A0 na variável
// intensLum A
//Serial.println(intensLum); // TIRAR as barras no início da linha para
// calibrar o LDR. Imprime na tela do Serial
// monitor o valor lido no LDR

if(intensLum < 810) // Faz um teste condicional: quando a intensidade de luz for
// suficiente, mantenha a luz apagada B
{
digitalWrite(ledPin, LOW); // LED apagado
}
else // Quando a intensidade cai abaixo do valor definido
{
analogWrite(ledPin, ((intensLum-800)*1.13)); //Envia um sinal no pino do LED C
//com intensidade que varia
//conforme a luminosidade
}
delay(200); // Aguarda 0,2 segundo e executa o loop novamente
}

Análise do código
Serão analisados apenas os pontos que diferenciam este código dos anteriores.

A Logo após o comando “analogRead(A0)”, que faz o Arduino ler a intensidade de tensão no
LDR, há a seguinte linha de comando: “Serial.println(intensLum)”, que está com uma dupla barra
na frente (“//”), portanto ela não é executada, pois o programa a interpreta como um comentário.

36
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Essa linha, porém, sem a dupla barra no início, será bastante útil para que seja possível monitorar o
valor desta variável em diferentes condições de intensidade luminosa, fazendo o procedimento de
calibragem do sensor LDR. Mais adiante se falará desse procedimento de calibragem.

B Utiliza-se novamente a estrutura de comandos “if/else” para fazer um teste condicional.


Nesse caso, se o valor da leitura do pino A0 for menor que 810 (valor definido no procedimento
de calibragem), o comando dentro das chaves define que o LED deve ficar apagado, mas caso seja
maior, significando que a iluminação natural do ambiente já atingiu um nível que pede por uma
iluminação artificial, o programa executará o que se segue ao comando “else”, entre chaves.

C A função “analogWrite(ledPin, ((intensLum-800)*1.13))” faz o Arduino definir um valor de


tensão no pino de saída onde está ligado o LED (“ledPin”). Esse valor será definido em função da
intensidade luminosa, como pode ser visto na expressão matemática: (intensLum – 800) ∙ 1,13.
Esse valor deve variar entre 0 e 255, que equivale a 0 e 5 V, respectivamente. Portanto, quando o
resultado do cálculo for 255, o LED terá o maior brilho possível.

Veja um exemplo: quando o LDR estiver no escuro, com total ausência de luz, a leitura do LDR no
pino A0 será de 1 024. Ao executar a linha de código, o programa fará o seguinte cálculo: (1 024 -
800) ∙ 1,13 = 253,12. Ou seja, o Arduino enviará para o pino 11 um valor inteiro mais próximo deste,
254, que resultará em praticamente o máximo brilho do LED.

Calibragem

A expressão matemática utilizada no programa, bem como os seus valores, foi definida a partir da
calibragem do LDR. Em diversos casos, quando se utiliza um sensor analógico, como nesse caso, é preciso
conhecer os valores mínimos e máximos que ele produz. Esses valores definem seu intervalo de operação.

Aqui, esse intervalo será utilizado para comandar o valor de tensão que alimentará o LED. No
entanto, como o intervalo de valores de operação do LDR é diferente do de operação do LED, a expres-
são matemática faz a conversão do valor lido no LDR para o valor que alimentará o LED.

A imagem a seguir mostra o procedimento de calibragem. O LDR deve ser colocado nas condições
extremas de iluminação do ambiente. Com o Serial monitor ligado, é possível ler os valores máximo e
mínimo que definem o intervalo de operação.

Iluminação natural
Máxima Mínima

LDR LDR Figura 34 – Calibragem


do LDR: circuito com
sensor exposto em
condições de máxima
Protoboard Protoboard e mínima iluminação
natural, para a definição
Serial monitor 1 024 do intervalo de valores
800
lidos pelo Arduino.

37
Para conhecer os valores máximo e mínimo produzidos pelo LDR, faça o seguinte:

aa 1 passo: leve o circuito com o computador para o ponto mais claro do ambiente que se deseja
o

calibrar. Lembre-se de expor a face superior do LDR diretamente à luz natural. Observe na janela
aberta na tela do computador pelo Serial monitor o menor valor e anote-o.
aa 2 passo: agora leve o conjunto circuito-computador para o local mais escuro do ambiente (se
o

preciso, feche as cortinas e apague as luzes). Observe o maior valor na tela do Serial monitor
e anote-o.

Uma vez definida a faixa de operação do sensor, pode-se fazer a conversão entre escalas. Nesse
caso, dispõe-se dos valores máximo e mínimo da faixa de operação do LDR e do LED e quer-se converter
um valor qualquer da escala LDR, y, para um valor equivalente na escala LED, x. Poderá ser feita uma
regra de proporção. Assim:

LDR LED C D
=
1 024 255 A B
1 024 – 800 255 – 0
=
y – 800 x–0
C D
y x 224 ∙ x = (y – 800) ∙ 255
A B
(y – 800) ∙ 255
x =
800 0
224
x = (y – 800) ∙ 1,13

Como y equivale à intensidade luminosa, a expressão utilizada no programa foi:

Intensidade do LED = ((intensLum-800)•1,13)

Como discutir os resultados?


Pode-se estimular os estudantes a realizar pequenas alterações no código e no circuito, a fim de:

aa Alterar a faixa de operação do LDR.


aa Alterar os pinos de saída e entrada utilizados no Arduino.
aa Realizar a calibragem do LDR em diferentes ambientes.
aa Perceber que o circuito é capaz de “sentir” o ambiente e atuar sobre ele.

A ideia é estimulá-los a apropriar-se do código e do circuito, fazendo alterações neles e testando­


‑as posteriormente.

38
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

A conexão entre as atividades de robótica e os Cadernos de apoio ao


Currículo do Estado de São Paulo
O método utilizado neste projeto, produzir um sinal que se altera gradativamente (tensão no LED)
em função da alteração de outro sinal (intensidade luminosa do ambiente), pode ser transferido para
o sensor de temperatura, por exemplo, ou ainda para qualquer outro processo que exija controle.

O monitoramento de luminosidade, temperatura, umidade do ar e outros, como um dado de


entrada, e o controle que pode ser exercido a partir desses dados tornam a utilização de sistemas
desse tipo muito ampla e com possibilidades de aplicação igualmente amplas.

Por conta dessas características, pode-se conectar o que foi aprendido, ao longo do trabalho
neste projeto, com contextos e conceitos estudados em sala de aula, nos seguintes anos:

aa Ciências 7 ano – volume 2: a Situação de Aprendizagem 2 propõe investigar os diferentes méto-


o

dos de conservação de alimentos. Uma maneira de fazê-lo é mantendo os alimentos isolados da


luz. Pode-se relacionar este tema aos aprendizados conquistados ao longo da realização deste
projeto. Como monitorar a iluminação de um ambiente?
aa Ciências 8 ano – volume 2: nas Situações de Aprendizagem 5 a 9, há possibilidade de discutir o
o

uso do monitoramento de intensidade luminosa para a otimização dos sistemas de iluminação,


o que impacta o consumo de energia.
aa Ciências 9 ano – volume 1: na Situação de Aprendizagem 1, utiliza-se no projeto um LDR – com-
o

ponente eletrônico que, ao receber luz, altera uma propriedade de seu material, a resistência
elétrica. Essa interessante propriedade pode ser discutida no âmbito do trabalho com as pro-
priedades dos materiais estudadas nessa Situação de Aprendizagem.

PROJETO 4: MEDIDA DE TREMOR DE TERRA (SISMÓGRAFO)


Professor, inicie este projeto perguntando aos estudantes o que eles sabem a respeito de ter-
remotos. Ao longo da discussão, podem-se questioná-los se eles acham que é possível prever a
ocorrência deles. Para finalizar essa introdução, lança-se o desafio.

Problema a ser resolvido


É possível construir um dispositivo capaz de monitorar os tremores de terra?

Habilidades que se pretende que os estudantes desenvolvam

aa Montar e checar o circuito eletrônico que pode medir as vibrações de um terreno.


aa Digitar e checar o código que monitora níveis de vibração do terreno.
aa Construir uma escala de níveis de tremor de terra.
aa Alterar o código para que a montagem funcione conforme a calibragem.
aa Propor novos usos e possibilidades utilizando os mesmos componentes eletrônicos.

39
Tempo previsto
Duas aulas.

Como resolver o problema?


Após a problematização inicial, pode-se apresentar aos estudantes o sonorizador piezo. Esse
dispositivo é feito de um material piezoelétrico que, ao ser deformado mecanicamente, gera uma
tensão elétrica. Por conta dessa propriedade, esse dispositivo pode ser utilizado para monitorar
movimentos. Neste caso particular, se o dispositivo é colocado de forma conveniente entre rochas
que estão no solo, quando elas se movimentarem, em razão do movimento da terra, irão transferir
essa oscilação ao dispositivo, permitindo que se meça a intensidade do tremor. Ao ajustar a sen-
sibilidade da medida, é possível detectar desde pequenos tremores até aqueles de maior intensi-
dade. Um circuito que utilize esse sonorizador piezo ligado a uma entrada analógica do Arduino
pode resolver o problema. Um dispositivo como esse simula o funcionamento de um sismógrafo:
equipamento que detecta abalos sísmicos.

Figura 35 – Montagem do circuito do sismógrafo.

40
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Material necessário
Arduino, protoboard, sonorizador piezo, resistor de 1 MΩ (faixas: marrom, preto, verde, dou-
rado), 3 resistores de 330 Ω (faixas: laranja, laranja, marrom, dourado), 3 LEDs e 7 fios jumpers.

Após a montagem do circuito, o código a seguir deverá ser digitado.

Código comentado
//Sismógrafo - mede tremores de terra

int intensidade; //Variável que irá guardar valor do sensor piezo


int ledPin1 = 6; //Pinos onde estão ligados os LEDs indicadores de
int ledPin2 = 5; //Intensidade do tremor
int ledPin3 = 4;
void setup() {

Serial.begin(9600);
pinMode(ledPin1, OUTPUT);
pinMode(ledPin2, OUTPUT);
pinMode(ledPin3, OUTPUT);
}

void loop() {
//Faz leitura do valor do sensor piezo
intensidade = analogRead(A0);
//Apaga todos os LEDs
digitalWrite(ledPin1, LOW);
digitalWrite(ledPin2, LOW);
digitalWrite(ledPin3, LOW);

//Caso a intensidade do tremor seja grande, acende os três LEDs


if(intensidade > 900)
{
digitalWrite(ledPin1, HIGH);
digitalWrite(ledPin2, HIGH);
digitalWrite(ledPin3, HIGH);
delay(200);

}else{
//Caso a intensidade do tremor seja média, acende os dois
// primeiros LEDs
if(intensidade > 600)
{
digitalWrite(ledPin1, HIGH);
digitalWrite(ledPin2, HIGH);
digitalWrite(ledPin3, LOW);

41
delay(200);

}else{
// Caso a intensidade seja baixa, acende apenas o primeiro LED
if(intensidade > 300)
{
digitalWrite(ledPin1, HIGH);
digitalWrite(ledPin2, LOW);
digitalWrite(ledPin3, LOW);
delay(200);
}else{
digitalWrite(ledPin1, LOW);
digitalWrite(ledPin2, LOW);
digitalWrite(ledPin3, LOW);
}
}
}
//Aguarda 2 milésimos de segundo e volta a fazer a leitura do piezo
delay(2);
}

Análise do código
Este código utiliza estruturas “if/else” encadeadas. Um primeiro teste condicional é feito; caso
sua resposta seja falsa, um segundo teste condicional será feito; em caso de resposta falsa, um ter-
ceiro e último teste condicional é feito. Esses três testes encadeados servem para escalonar o nível
de intensidade da batida identificada no sonorizador piezo. Quando a batida é forte, o primeiro
teste responde verdadeiro, então todos os três LEDs se acendem; quando a batida é média, apenas
dois LEDs serão acesos; quando fraca, apenas um LED se acende. No caso de não haver qualquer
batida no sensor, todos os LEDs se apagam. Claro que o circuito e o código poderiam ser alterados
para criar outros níveis de escalonamento, por exemplo, com cinco LEDs.

Como discutir os resultados?


Para utilizar o protótipo do sismógrafo, coloque algo pesado em cima do sensor, como a cabeça
de um martelo, simulando uma rocha sobre ele. Depois, dê batidas na mesa onde está apoiado o
protótipo, e você deverá ver os LEDs se acenderem, de acordo com a intensidade da batida.

Para que o sismógrafo funcione bem, é necessário calibrar o sensor. Para fazer isso, será neces-
sário enxergar o valor que está sendo lido pelo Arduino, em caso de abalos fortes, médios e fracos.
Pode-se incluir uma nova linha de código abaixo do comando “intensidade = analogRead(A0);”,
com o objetivo de imprimir no Serial monitor o valor dessa variável. A linha seria assim: “Serial.
println(intensidade);”. Depois de incluir a linha, altere também o tempo de delay na última linha
do código, para que demore mais tempo antes de repetir o loop; algo em torno de 500 milissegundos

42
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

resolve o problema. Após transferir o programa, pode-se abrir a janela do Serial monitor e testar as
batidas, anotando os valores que correspondem a cada nível de intensidade. Feito isso, basta alte-
rar os valores nos comandos “if” encadeados.

© Fernando Genaro/Fotoarena
Figura 36 – Cabeça de martelo sobre o sensor sonorizador piezo, simulando uma rocha.

Este projeto pode apenas simular o funcionamento de um sismógrafo.

Esse tipo de sensor pode ser utilizado em outros projetos, por exemplo, é possível montar alar-
mes que percebam quando uma porta foi forçada ou, de forma geral, quando algo se movimentou.

A conexão entre as atividades de robótica e os Cadernos de apoio ao


Currículo do Estado de São Paulo
Pode-se retomar a questão inicial: se seria possível antecipar a ocorrência de tremores de terra.
Ajude-os a imaginar que na verdade um sismógrafo seria útil se pudesse ter bastante sensibilidade,
pois poderia monitorar os abalos que são mais intensos do que o padrão normal. Dessa forma, é
possível conhecer as atividades sísmicas e detectar quando algo diferente está ocorrendo.

Por conta dessas características, pode-se conectar o que foi aprendido, ao longo do trabalho
neste projeto, com contextos e conceitos estudados em sala de aula, nas seguintes séries:

aa Ciências 8 ano – volume 2: nas Situações de Aprendizagem 5 a 9, há possibilidades de tematizar


o

o uso de materiais piezoelétricos para, por exemplo, pavimentar estradas. Quando deformados
pela passagem de automóveis, eles poderiam gerar energia elétrica.
aa Ciências 9 ano – volume 1: na Situação de Aprendizagem 1, utiliza-se no projeto um sono-
o

rizador piezo – componente eletrônico que, ao se deformar mecanicamente, pode emitir um


pulso elétrico. Trata-se de uma propriedade bastante especial desse material. Essa propriedade
interessante pode ser discutida no âmbito do trabalho com as propriedades dos materiais, estu-
dadas nessa Situação de Aprendizagem.

43
PROJETO 5: USINA EÓLICA
Professor, pode-se introduzir o problema questionando os estudantes sobre o que eles sabem
sobre a produção de energia elétrica a partir da energia dos ventos.

O reconhecimento de que diferentes fontes de energia podem ser transformadas em energia elé-
trica é o ponto central desta problematização. Podem-se estimulá-los a perceber que a energia gerada
pelo movimento das hélices de uma turbina, pelo vento, é transformada em energia elétrica.

Problema a ser resolvido


Pode-se então convidá-los ao desafio deste projeto: produzir energia elétrica a partir do movi-
mento de uma turbina movida pelo vento e monitorar sua produção em tempo real.

Habilidades que se pretende que os estudantes desenvolvam

aa Montar e checar um circuito eletrônico básico capaz de medir tensão elétrica produzida pelo
gerador.
aa Digitar e checar o código que monitora a produção de energia.
aa Construir com materiais simples uma réplica de turbina eólica.
aa Trabalhar de forma coordenada e cooperativa em equipe.
aa Detectar momentos que a usina produz ou não energia.

Tempo previsto
Duas aulas.

Como resolver o problema?


Depois da problematização inicial, pode-se mostrar aos estudantes o motor de corrente contí-
nua e explicar que se trata de um dispositivo capaz de gerar movimento a partir da energia elétrica.
A questão natural que se segue é: O motor elétrico pode gerar energia elétrica?

De forma inversa, ao movimentar esse motor, transferindo-lhe energia de movimento, ele gera
energia elétrica. Esse será, portanto, o gerador da usina eólica que se propõe construir neste pro-
jeto. Será necessário construir um cata-vento de cartolina que possa girar com o movimento do ar
e acoplar esse movimento ao eixo do motor. Paralelamente a isso, é preciso um circuito elétrico
simples que seja capaz de medir a tensão elétrica produzida pela usina. Avançando nessas duas
frentes de trabalho, pode-se resolver o problema proposto.

44
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Material necessário
Arduino, protoboard, motor de corrente contínua, resistor de 10 kΩ (faixas: marrom, preto,
laranja, dourado), díodo, LED e 2 fios jumpers.

Figura 37 – Circuito simulador de usina eólica.

Análise do circuito
Esse circuito é bastante simples. No entanto, ele utiliza um díodo, componente que foi empregado
com o intuito de proteger o circuito de correntes reversas que possam ser produzidas pelo motor.

Código comentado
//Usina eólica

const int geradorPin = A0; //Declara variável para ligar o gerador


int ledPin = 13; //Declara variável para ligar LED no pino 13

void setup()
{
Serial.begin(9600); //Inicializa comunicação pela porta serial
pinMode(ledPin, OUTPUT); //Configura pino 13 como saída de dados
}

void loop()
{
int intensidade = analogRead(geradorPin); //Faz leitura de tensão na porta A0
if(intensidade>100) // Faz teste condicional: há tensão gerada pelo motor?
{
Serial.println(“Usina GERANDO”); //Caso afirmativo, imprime a mensagem entre aspas

45
digitalWrite(ledPin,HIGH); //Acende o LED indicativo de que está gerando energia
}
else
{
digitalWrite(ledPin,LOW); //Caso não haja tensão gerada no motor, apaga LED
Serial.println(“Usina PARADA”); //Imprime mensagem entre aspas
}
delay(300); //Aguarda 0,3 segundo e repete loop
}

Professor, neste projeto é importante que a equipe se divida para que, enquanto alguns estu-
dantes trabalham no circuito e na digitação do código, outros possam cuidar da construção do
cata-vento acoplado ao motor. Procure orientá-los para que construam a turbina com boa quali-
dade mecânica, pois ela deverá ser capaz de suportar um fluxo de ar passando por ela, sem que
desmonte. Veja um exemplo nas imagens seguintes.
Fotos: © Fernando Genaro/Fotoarena

Figura 38 – A carga da caneta pode servir como eixo da turbina eólica.


Note que ela se encaixa perfeitamente no eixo do motor.

Figura 39 – Sugestão de como montar a turbina acoplada ao gerador com


materiais simples. A água na garrafa desempenha papel de contrapeso e
pode ser substituída por algo pesado, por exemplo, areia.

46
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

O cata-vento pode ser feito de cartolina ou algum papel mais rígido – folha de papel comum não
deve ser usada. Note que é possível utilizar como eixo do cata-vento uma carga de caneta, pois o
diâmetro interno dela se acopla com bom ajuste ao eixo do motor.

Após isso tudo pronto, é hora de testar a usina. Se ela funcionar, você terá uma tela como a da
imagem a seguir.

Figura 40 – Serial monitor mostrando o resultado do protótipo


da usina hidrelétrica funcionando (http://arduino.cc).

Como discutir os resultados?


Professor, o resultado deste projeto depende bastante da qualidade mecânica da montagem da
réplica da turbina. Oriente os estudantes para que façam a usina produzir energia com vento pas-
sando pela turbina e desafie-os a mostrar sua usina em atividade.

É importante que eles explicitem o que compreenderam sobre a produção de energia. Pode-se
ressaltar que a energia só pode ser transformada, ou seja, ela não pode ser criada. Nesse caso, ela
está no deslocamento do ar, que é transferido para o movimento do motor, que por sua vez a trans-
forma em energia elétrica.

A conexão entre as atividades de robótica e os Cadernos de apoio ao


Currículo do Estado de São Paulo
Este projeto trata de um tema sempre abordado nas aulas de Ciências, que pode ser ampliado de
diversas formas: pesquisando as usinas eólicas brasileiras, a matriz energética do país etc.

47
Pode-se conectar o que foi aprendido, ao longo do trabalho deste projeto, com contextos e con-
ceitos estudados em sala de aula, no seguinte ano:

aa Ciências 8 ano – volume 2: nas Situações de Aprendizagem 5 a 9, podem-se articular os diferen-


o

tes conceitos sobre produção e consumo de energia elétrica com o que foi aprendido durante a
execução deste projeto.

PROJETO 6: URNA ELETRÔNICA


Professor, nos projetos deste Caderno, foram utilizados sensores para captar a luminosidade,
a temperatura, o movimento e a geração de energia. Agora os estudantes vão empregar botões de
pressão para captar a vontade das pessoas.

Problema a ser resolvido


O desafio deste projeto é criar uma urna eletrônica que possa captar a escolha de representantes
para alguma questão da vida escolar pela via democrática, que é o voto.

Pode-se iniciar a atividade conversando com os estudantes sobre a transição do sistema de votos
com cédulas para o voto com uso de urnas eletrônicas, incentivando-os a falar sobre vantagens e
desvantagens de cada um dos métodos.

Habilidades que se pretende que os estudantes desenvolvam

aa Montar e checar o circuito eletrônico básico capaz de detectar o pressionamento de um botão e


contar o número de vezes que ele é pressionado.
aa Digitar e checar o código que monitora um processo de votação.
aa Construir com materiais simples uma réplica de urna eletrônica.
aa Alterar o código para que a urna funcione para qualquer votação que os estudantes desejem fazer.
aa Trabalhar de forma coordenada e cooperativa em equipe.

Tempo previsto
Duas aulas.

Como resolver o problema?


Após essa problematização inicial, pode-se mostrar aos estudantes o pushbutton, explicando
que é possível utilizá-lo em um circuito capaz de detectar quantas vezes determinado botão é pres-
sionado. Multiplicando-se o número de botões pelo número de condições que se quer detectar,

48
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

estará pronta a urna eletrônica. Será construída uma urna que simule um pleito que tenha três
chapas concorrendo à eleição para a comissão que organizará a feira de Ciências.

Pode-se, então, mostrar o circuito aos estudantes e orientá-los para a realização da montagem.
Enquanto alguns membros da equipe de trabalho fazem isso, outros podem digitar o código. Como
de costume, o código deverá ser cuidadosamente digitado e checado.

Após a realização dessas etapas, pode-se testar a urna, monitorando, por meio do Serial moni-
tor, o resultado parcial das votações.

Material necessário
LED de qualquer cor, 3 pushbuttons, 3 resistores de 10 kΩ (faixas: marrom, preto, laranja) e 8
fios jumpers.

Figura 41 – Circuito da urna eletrônica.

Análise do circuito
Este circuito emprega uma técnica amplamente utilizada: o uso de resistores que desempenham
um papel conhecido como pull-up. Trata-se de fazer que a entrada digital do Arduino fique sempre
detectando se o pino está em estado “up”, ou seja, que ele esteja medindo um sinal de tensão de 5 V
na entrada. Para isso, monta-se um circuito simples que tenha um resistor alimentado por tensão,
ligado ao pino. O acionamento do botão causará um desvio desse sinal para o terra do circuito,
propiciando que esse pino detecte a tensão de 0 V. Assim, pode-se fazer a detecção de acionamento
do botão sem erro. Se a técnica não for empregada, o que costuma acontecer é que, se por qualquer
razão houver uma variação de tensão espúria do circuito e o pino detectar uma flutuação na tensão,
ele irá contar, de forma equivocada, que o botão foi acionado.

Se tudo estiver funcionando como esperado, a urna produzirá uma tela de saída no Serial moni-
tor, conforme exemplo a seguir.

49
Figura 42 – Tela de saída da urna eletrônica, mostrando
os resultados parciais de cada chapa e o total de votos
(http://arduino.cc).

Código comentado
//Urna eletrônica

//Variáveis que não se alteram


const int buttonPin1 = 7; //Pinos onde estão conectados os botões
const int buttonPin2 = 8;
const int buttonPin3 = 9;
const int ledPin = 13; //Pino onde está o LED

// Variáveis que sofrerão alteração na execução do programa


int buttonPushCounter1 = 0; // Contador de votos no botão 1
int buttonState1 = 0; // Estado atual do botão 1
int lastButtonState1 = 0; // Último estado do botão 1
int buttonPushCounter2 = 0; // Repete sequência de cima para botão 2
int buttonState2 = 0;
int lastButtonState2 = 0;
int buttonPushCounter3 = 0; // Repete sequência para botão 3
int buttonState3 = 0;
int lastButtonState3 = 0;

void setup() {

50
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

// Inicializa os pinos onde estão os botões como ENTRADA de dados:


pinMode(buttonPin1,INPUT);
pinMode(buttonPin2,INPUT);
pinMode(buttonPin3,INPUT);
// Inicializa pino do LED como SAÍDA de dados:
pinMode(ledPin, OUTPUT);
// Inicializa a porta serial:
Serial.begin(9600);
delay(300); // Aguarda um tempo antes de imprimir a mensagem da próxima linha
Serial.println(“Contador de votos”); // Imprime no cabeçalho, apenas 1 vez
}

void loop() {
// Faz a leitura do estado de cada botão:
buttonState1 = digitalRead(buttonPin1);
buttonState2 = digitalRead(buttonPin2);
buttonState3 = digitalRead(buttonPin3);
// Compara o estado do botão 1 com seu estado anterior
if (buttonState1 != lastButtonState1) {
// Se houve alteração, soma 1 no contador de votos neste botão
if (buttonState1 == LOW) {
buttonPushCounter1++;
//Acende LED por 0,2 segundo e, em seguida, o apaga
digitalWrite(ledPin, HIGH);
delay(200);
digitalWrite(ledPin, LOW);
//Imprime resultado atual da votação:
//Imaginemos que há 3 chapas concorrendo à eleição: verde, vermelha e amarela
Serial.println(“Verde | Vermelha | Amarela | Total”);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter1);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter2);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter3);
Serial.print(“ “);
//Imprime a soma de votos:

Serial.println((buttonPushCounter1+buttonPushCounter2+buttonPushCounter3));
}
//Caso o estado do botão não tenha sido alterado, o programa não faz nada
else {}
}
// Faz que o estado do botão volte ao estado inicial para o próximo loop
lastButtonState1 = buttonState1;

51
//Daqui em diante a rotina se repete para os outros botões, 2 e 3
if (buttonState2 != lastButtonState2) {
if (buttonState2 == LOW) {
buttonPushCounter2++;
digitalWrite(ledPin, HIGH);
delay(200);
digitalWrite(ledPin, LOW);
Serial.println(“Verde | Vermelha | Amarela | Total”);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter1);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter2);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter3);
Serial.print(“ “);

Serial.println((buttonPushCounter1+buttonPushCounter2+buttonPushCounter3));
}
else {}

}
lastButtonState2 = buttonState2;

if (buttonState3 != lastButtonState3) {
if (buttonState3 == LOW) {
buttonPushCounter3++;
digitalWrite(ledPin, HIGH);
delay(200);
digitalWrite(ledPin, LOW);
Serial.println(“Verde | Vermelha | Amarela | Total”);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter1);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter2);
Serial.print(“ “);
Serial.print(buttonPushCounter3);
Serial.print(“ “);
Serial.println((buttonPushCounter1+buttonPushCounter2+buttonPushCounter3));

}
else{}
}
lastButtonState3 = buttonState3;

52
ROBÓTICA – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

Como discutir os resultados?


Professor, o resultado deste projeto é bastante claro. Se tudo funcionou, a urna estará contando
de forma apropriada os votos. Podem-se incentivar os estudantes a perceber as diferenças entre
a urna construída no projeto e a utilizada nas eleições reais. Além do número de candidatos ser
muito maior e a urna permitir outras operações, como votos brancos e nulos, ela possui uma tela
que mostra a imagem dos candidatos. Nossa urna é mais simples, porém preserva o mesmo princí-
pio de funcionamento: contar votos.

Um mau funcionamento pode ocorrer: às vezes, ao pressionar o botão, o circuito pode detectar
pequenas variações e acabar contabilizando um voto a mais. Esse fenômeno é conhecido e pode ser
resolvido. No entanto, a solução de software faz que o código fique maior e mais complexo. Assim,
optou-se por não lançar mão deste recurso neste momento.

53
PARA SABER MAIS
Neste Caderno, foram apresentados alguns projetos que utilizam princípios de fundamen-
tal importância para a prática da robótica, mas, as possibilidades são inúmeras e o nível de
complexidade dos projetos também pode crescer bastante. Nesse sentido, esta seção procura
indicar alguns materiais que podem servir como fonte de pesquisa e aprofundamento do tema.

aa Documentário oficial da criação do Arduino. O filme mostra as pessoas que criaram o pro-
jeto e como elas pensaram nos conceitos que orientaram seu desenvolvimento. Disponível em:
<http://vimeo.com/31389230>. Acesso em: 18 jul. 2014.

aa Site oficial do projeto Arduino. Contém uma grande quantidade de informações sobre ­diversos
aspectos da plataforma. A seção “Learning” é dedicada especificamente a isso. Essa seção é
subdividida em três áreas. A primeira, “Getting Started”, tem informações básicas sobre como
iniciar na plataforma. A segunda, “Examples”, permite que você tenha contato com exemplos
simples. E a terceira, “Playground”, permite que você navegue por projetos e diversas sugestões
de projetos. Site em várias línguas. Uma parte está disponível em português. Disponível em:
<http://arduino.cc>. Acesso em: 18 jul. 2014.

aa Blog oficial do projeto. É uma grande fonte de inspiração e permite que você fique conve-
nientemente informado sobre as últimas notícias envolvendo a plataforma. Verifique periodi-
camente este link e peça que os estudantes também o façam. Site em inglês. Disponível em:
<http://blog.arduino.cc>. Acesso em: 18 jul. 2014.

aa Site do programa Fritzing. Todas as representações esquemáticas deste Caderno foram feitas
usando esse programa, que é gratuito e dá a possibilidade de representar todos os seus projetos
de maneira rápida e fácil. Além disso, o site também traz muitas informações técnicas. Site em
inglês. Disponível em: <http://fritzing.org>. Acesso em: 18 jul. 2014.

aa Site Robótica Simples. Empresa que disponibiliza projetos feitos com Arduino e com eletrô-
nica de uma maneira geral. Site em português. Disponível em: <http://roboticasimples.com>.
Acesso em: 18 jul. 2014.

aa Site Brasil Robotics. Tem muita informação sobre o Arduino e projetos simples, bem como
muitas explicações sobre diversos componentes eletrônicos. Site em português. Disponível em:
<http://brasilrobotics.blogspot.com.br>. Acesso em: 18 jul. 2014.

aa MCROBERTS, Michael. Arduino básico. São Paulo: Novatec, 2011. Este livro é um ótimo ponto de
partida para estudar a plataforma de uma maneira bastante global. É abordada, por capítulo,
uma grande variedade de sensores e de projetos.

aa MONK, Simon. 30 projetos com Arduino. Porto Alegre: Bookman, 2014. Este livro possui uma
descrição muito concisa da plataforma Arduino, bem como projetos que vão dos mais simples
aos mais sofisticados.

54
CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL Letícia Maria Delamare Cardoso, Marina Murphy e Física: atividades experimentais e investigativas
PRIMEIRA EDIÇÃO 2014 Natália Pereira Leal Eugênio Maria de França Ramos, Marcelo Eduardo Fonseca
COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Direitos autorais e iconografia: Denise Blanes Teixeira, Ricardo Rechi Aguiar e Yassuko Hosoume
(CGEB) (coordenação), Beatriz Fonseca Micsik, Érica Marques,
Manejo e gestão de laboratório: guia de laboratório
José Carlos Augusto, Marcus Ecclissi e Vanessa Leite Rios
Coordenadora e de descarte
Maria Elizabete da Costa Produção editorial: Adesign (projeto gráfico) e Casa Solange Wagner Locatelli
de Ideias (diagramação e ilustrações não creditadas)
Diretor do Departamento de Desenvolvimento Matemática: atividades experimentais e
Curricular de Gestão da Educação Básica ELABORAÇÃO DOS CONTEÚDOS ORIGINAIS investigativas – Ensino Fundamental – Anos Finais
João Freitas da Silva
Coordenação do desenvolvimento dos conteúdos dos Maria Silvia Brumatti Sentelhas
Diretora do Centro de Ensino Fundamental dos Anos volumes de apoio ao Programa Ensino Integral
Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF Matemática: atividades experimentais e
Ghisleine Trigo Silveira
Valéria Tarantello de Georgel investigativas – Ensino Médio
Cadernos do Gestor Ruy César Pietropaolo
Coordenação Técnica
Roberto Canossa Avaliação da aprendizagem e nivelamento Pré-iniciação Científica: desenvolvimento de projeto
Roberto Liberato Zuleika de Felice Murrie
de pesquisa
Suely Cristina de Albuquerque Bomfim
Diretrizes do Programa Ensino Integral Dayse Pereira da Silva e Sandra M. Rudella Tonidandel
PROGRAMA ENSINO INTEGRAL Valéria de Souza (coord.), Carlos Sidiomar Menoli,
Dayse Pereira da Silva, Elaine Aparecida Barbiero, Preparação Acadêmica
Coordenação da elaboração dos materiais de apoio Helena Cláudia Soares Achilles, João Torquato Junior, Marcelo Camargo Nonato
ao Programa Ensino Integral Kátia Vitorian Gellers, Maria Camila Mourão Mendonça
Valéria de Souza de Barros, Maria Cecília Travain Camargo, Maria do Projeto de Vida – Ensino Fundamental – Anos Finais
Carmo Rodrigues Lurial Gomes, Maria Silvia Sanchez Isa Maria Ferreira da Rosa Guará e Maria Elizabeth Seidl
Apoio técnico e pedagógico
Marilena Rissutto Malvezzi Bortolozzo, Maúna Soares de Baldini Rocha, Pepita de Machado
Souza Figueredo, Sandra Maria Fodra, Tomás Gustavo
Equipe Técnica Pedro, Vera Lucia Martins Sette, Cleuza Silva Pulice Projeto de Vida – Ensino Médio
Maria Silvia Sanchez Bortolozzo (coordenação), Carlos (colabor.) e Wilma Delboni (colabor.) Isa Maria Ferreira da Rosa Guará e Maria Elizabeth Seidl
Sidiomar Menoli, Dayse Pereira da Silva, Elaine Aparecida Machado
Barbiero, Helena Cláudia Soares Achilles, João Torquato Formação das equipes do Programa Ensino
Junior, Kátia Vitorian Gellers, Maria Camila Mourão Integral – Vol. 1 Protagonismo Juvenil
Mendonça de Barros, Maria Cecília Travain Camargo, Beatriz Garcia Sanchez, Cecília Dodorico Raposo Daniele Próspero e Rayssa Winnie da Silva Aguiar
Maria do Carmo Rodrigues Lurial Gomes, Maúna Soares de Batista, Maristela Gallo Romanini e Thais Lanza
Baldini Rocha, Pepita de Souza Figueredo, Sandra Maria Brandão Pinto Química: atividades experimentais e investigativas
Fodra, Tomás Gustavo Pedro, Vera Lucia Martins Sette, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto e Maria Fernanda
Cleuza Silva Pulice (colabor.) e Wilma Delboni (colabor.) Formação das equipes do Programa Ensino
Integral – Vol. 2 Penteado Lamas
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO EDITORIAL 2014 Beatriz Garcia Sanchez, Cecília Dodorico Raposo Robótica – Ensino Fundamental – Anos Finais
Batista, Maristela Gallo Romanini e Thais Lanza
FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI Alex de Lima Barros
Brandão Pinto
Presidente da Diretoria Executiva
Mauro de Mesquita Spínola Modelo de gestão do Programa Ensino Integral Robótica – Ensino Médio
Maria Camila Mourão Mendonça de Barros Manoel José dos Santos Sena
Vice-Presidente da Diretoria Executiva
José Joaquim do Amaral Ferreira Modelo de gestão de desempenho das equipes Tutoria e Orientação de estudos
escolares Cristiane Cagnoto Mori, Jacqueline Peixoto Barbosa e
GESTÃO DE TECNOLOGIAS EM EDUCAÇÃO Ana Carolina Messias Shinoda e Maúna Soares de Sandra Maria Fodra
Direção da Área Baldini Rocha
Guilherme Ary Plonski Cadernos do Aluno
Cadernos do Professor
Coordenação Executiva do Projeto Projeto de Vida – Ensino Fundamental – Anos Finais
Biologia: atividades experimentais e investigativas
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Pepita de Souza Figueredo e Tomás Gustavo Pedro
Maria Augusta Querubim e Tatiana Nahas
Gestão da Produção Editorial Projeto de Vida – Ensino Médio
Ciências Físicas e Biológicas: atividades
Luis Marcio Barbosa e Renata Simões Pepita de Souza Figueredo e Tomás Gustavo Pedro
experimentais e investigativas
Equipe de Produção Eugênio Maria de França Ramos, João Carlos Miguel
Tomaz Micheletti Neto, Maíra Batistoni e Silva, Maria Apoio
Editorial: Guiomar Milan (coordenação), Bruno Reis, Augusta Querubim, Maria Fernanda Penteado Lamas e Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE
Carina Carvalho, Karina Kempter, Karinna A. C. Taddeo, Yassuko Hosoume
Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas

• Nos cadernos de apoio ao Programa Ensino Integral


são indicados sites para o aprofundamento de
conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos S239r São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
apresentados e como referências bibliográficas.
Todos esses endereços eletrônicos foram checados. Robótica: Ensino Fundamental - Anos Finais; Caderno do Professor/ Secretaria da Educação;
No entanto, como a internet é um meio dinâmico coordenação, Valéria de Souza; textos, Alex de Lima Barros. - São Paulo : SE, 2014.
e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do 56 p.
Estado de São Paulo não garante que os sites indicados
Material de apoio ao Programa Ensino Integral do Estado de São Paulo.
permaneçam acessíveis ou inalterados.
ISBN 978-85-7849-685-2
• Os mapas reproduzidos no material são de autoria
1. Robótica 2. Atividade prática 3. Tecnologia 4. Ensino Fundamental - Anos Finais 5. Programa
de terceiros e mantêm as características dos originais
Ensino Integral 6. São Paulo I. Souza, Valéria de. II. Barros, Alex de Lima. III. Título.
no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e
composição dos elementos cartográficos (escala, CDU: 371.314:681.5(815.6)
legenda e rosa dos ventos).

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educação do país, desde que mantida a integridade da obra e dos créditos, ressaltando
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