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Como dito, segundo Axel Honneth, Hegel mostra que o individuo apesar
de desenvolver sua vontade livre, ele só ira se realizar de forma mais plena, na
medida em que sua ação livre resultar numa autodeterminação racional, a qual
ele porá em prática na sociedade.
De acordo com a filosofia do direito o “espírito objetivo” tem como
competência de poder saber que é necessário a reconstrução da auto-reflexão
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do que acontece nas instituições e nas práticas sócias, aos olhos de Axel
Honneth a sua interpretação da filosofia hegeliana, o espírito objetivo reconstrói
sistematicamente tudo que é necessário para realizar a vontade livre de cada
um de seus indivíduos, ou como podemos chamar “vontade livre universal”.
A vontade livre seria também uma ação reflexiva por parte do individuo,
que pode se autodeterminar, e assim se satisfazer sua vontade através de uma
reflexão em si mesmo podendo dessa forma se reconhecer no outro em si
mesmo.
Também na teoria hegeliana na Filosofia do direito Axel Honneth a
existência de uma vontade livre está ligada às relações comunicativa, no qual o
sujeito individualmente tem sua liberdade própria, isso faz com sua capacidade
de se relacionar com os demais membros de sua sociedade e capacitando
melhor para participar de forma igual nas discussões sociais, e assim
proporcionando uma autorrealização pessoal nas esferas do reconhecimento
intersubjetivo.
Vemos então que é na vida pública que o individuo pode alcançar sua
libertação do sofrimento e realiza sua vontade livre, pois é através das relações
intersubjetivas que o sujeito social reconhece o outro em si mesmo. Com isso
Axel Honneth opõe-se ao pensamento atomista individual do pensador
estadunidense John Rawls que em sua obra Uma Teoria da Justiça, que ele
afirma que o caminho a ser desenvolvido pela sociedade partiria de dois
princípios que seriam: o primeiro princípio é que todos os indivíduos que fazem
parte dessa sociedade teriam direito a liberdade mais ampla possível, esse
princípio chama-se de princípio de liberdades iguais; outro princípio é o
princípio da igualdade, Rawls vai afirmar que existem desigualdades inevitáveis
numa sociedade, entretanto ela pode ser amenizada de uma forma que
promova a equidade de oportunidade que aqui ele chamará de princípio de
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En tanto que, como el mismo Hegel dice en el §4: la base del derecho […] es la voluntad, que es
libre, detal manera que […] [el sistema jurídico] es el reino da libertad realizada. Con esta expresión,
Hegel ya da conocer que quiere algo más que una mera determinación o de la protección o de la garantía
de la libertad individual; el sistema del derecho debe más bien un reino , en el que pueda realizarse
la libertad de los individuos, de tal manera que tenga que incluir determinaciones o elementos públicos
que puedan valer como metas de esa autorrealización libre. . (Honneth, 2016, p. 30; trad. minha)
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Esse processo de construção social para Axel Honneth seria algo que
daria ao indivíduo a capacidade de reflexiva de agir pelo dever ético, isso faria
com que as patologias tais como alienação, anomia e reficação perdurasse na
sociedade e ameaçasse a autorrealização do sujeito e sua vontade livre, o que
o incapacitaria de reconhecer intersubjetivamente a vontade do outro. Será que
poderíamos abrir um parêntese aqui no escrito dessa monografia e poder
imaginar (visto que Axel Honneth apesar de propor uma teoria normativa, mas
ela tem que ser algo que possa se realizar na práxis social) nossos filósofos
alemães analisando e tentando por em prática a filosofia do reconhecimento
intersubjetivo em nossa sociedade civil brasileira, onde impera o pluralismo
étnico, religioso, ideológico e etc; sociedade essa que o abismo social e a
estratificação social mostram a abrupta diferença de classes sociais e grupos
sociais diversos. Mas vamos sair do devaneio e voltar à análise da teoria do
reconhecimento intersubjetivo de Axel Honneth.
O diagnóstico que a teoria crítica de Axel Honneth faz é uma crítica das
patologias sociais ditas anteriormente, patologia essas que prejudicam a
formação social normativa de uma sociedade, por isso o dever ético, o
reconhecer o outro-em-si-mesmo, são tijolos na construção social do indivíduo
moderno, e porque não podemos dizer também do sujeito social
contemporâneo, através da ação ética e da experiência do “ser-consigo-
mesmo”.
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Nosso autor diz que as relações sociais esta de uma forma tripartida
onde ela contempla as ações sociais na primeira esfera que é a “família” em
sua singularidade do indivíduo; na segunda esfera social que é a “sociedade
civil” e sua pluralidade da pessoa e a terceira esfera social que é o “Estado” na
sua universalidade do sujeito social.
[...] Entre a “família”, a “sociedade civil” e o “Estado” não deve
haver relações de nivelamento normativo, mas uma relação
hierárquica; as esferas individuais encontram-se aí dispostas
ao longo de uma linha ascendente para cuja escala deixam-se
encontrar na Filosofia do direito uma série de razões que
podem ser mantidas sem referência ao silogismo
(Schlussformen) lógico. (Honneth, 2007, p. 117)
são dispostas através de uma carência natural, ou a relação intima entre esses
indivíduos que confiam uns nos outros: “[...] amar uma outra pessoa significa
comporta-se em face desta tendo consciência de que eu sem ela ‘eu me’
sentiria insuficiente e incompleto (§ 158, Adeno); (HONNETH, 2007, p. 125),
na sociedade civil o reconhecimento dar-se através das relações de mercado
de trabalho podendo assim o indivíduo se autorrealizar desenvolvendo sua
autonomia tornando-se uma pessoa de direito individualizado; no Estado a
universalidade do sujeito social seus interesses particulares não se sobre põem
ao interesse coletivo, surgindo assim o conceito de “liberdade pública”, no qual
as relações políticas tem interesses da “vontade” democrática.
Conclusão
quando Charles Taylor ou Jürgen Habermas, por exemplo, perseguem de maneiras distintas o
projeto de um diagnóstico das patologias sociais. É típica dessa forma de diagnóstico de
época, ou seja, da tentativa de uma crítica das patologias sociais, sua construção conceitual
essencialmente exigente: ela começa categorialmente pelas pretensões normativas de uma
determinada época para em seguida se perguntar se no processo de realização dessas
pretensões não surgiram fendas ameaçadoras na autorelação e na relação social humanas,
para as quais são empregados conceitos tão diversos como "alienação", "reificação", "anomia"
ou, justamente, "patologia".