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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina:

Desenho à Mão Livre

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Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Design de Interiores das Escolas
Estaduais de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado pela professora Jéssika Ricarte Serafim Ferreira -
2018
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Curso Técnico em Design de Interiores – Disciplina: Desenho à mão livre 1


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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................3
1.1- programa curricular.............................................................................................................................3
2. CONCEITOS BÁSICOS ...........................................................................................................................4
2.1- Histórico..............................................................................................................................................4
2.2- Desenho à mão livre...........................................................................................................................4
3. INSTRUMENTOS.....................................................................................................................................5
3.1- Lápis................................................................................................................................................5
3.2- Papel................................................................................................................................................6
3.3- Esfuminhos.....................................................................................................................................7
3.4- Outros Materiais.............................................................................................................................8
4. COMPOSIÇÃO..........................................................................................................................................9
5. PROPORÇÃO..........................................................................................................................................12
5.1- Técnica do Lápis...............................................................................................................................13
5.2- Eixos centrais....................................................................................................................................14
5.2- Analogia dos pontos..........................................................................................................................14
6. LINHAS: VALORES E EXPRESSÃO....................................................................................................16
6.1- Tipos de Traço...................................................................................................................................16
7. TÉCNICAS DE DESENHO....................................................................................................................19
7.1- forma geometricas: base de tudo......................................................................................................19
7.2- volume dos corpos - Traços..............................................................................................................20
7.3- Pontilhismo.......................................................................................................................................21
7.4- Papel Quadriculado...........................................................................................................................21
8. LUZ E SOMBRA.....................................................................................................................................22
9. CORES.....................................................................................................................................................24
10. PERSPECTIVA .....................................................................................................................................27
10.1- Perspectiva Paralela (1 pontos de fuga)..........................................................................................29
10.1- Perspectiva Oblíqua (2 pontos de fuga)..........................................................................................31
10.1- Perspectiva Aérea (3 pontos de fuga).............................................................................................32
11. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................33

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1. INTRODUÇÃO

“Através dos milênios o ser humano tem buscado no desenho um meio de


comunicação direta de seus medos, seus objetivos, sonhos, projetos e de suas memórias. Não
há barreiras de idioma, etnia ou classe econômica que dificulte ou impeça a comunicação.
Ainda nos seus primeiros passos, se expressa através do desenho daquilo que o rodeia.
Atualmente com a constante descoberta e avanço constante no aperfeiçoamento de
equipamentos e ferramentas digitais temos relegado a plano secundário a prática do desenho a
mão livre. A prática do Croqui como forma rápida e objetiva de expressar uma ideia ou de
desenvolvê-la não pode ser abandonada.
Entende-se que o conhecimento e desenvoltura no uso das técnicas de representação
tradicionais devem somar-se ao das novas ferramentas, como fundamentais, para a o exercício
das diversas profissões que delas se utilizam como a arquitetura, o design e as engenharias.
Segundo CARVALHO (2001) o novo instrumental da informática de maneira alguma elimina o
desenho, não diminui a importância do gesto criativo e da estática bidimensional, apenas lhe
traz novos desafios.
O que costuma ser mais importante nos croquis é o registro gráfico de uma ideia
instantânea, através de uma técnica de desenho rápida e descompromissada (Wikipédia,
2007). O esboço, como ressaltam Bornancini, Petzold e Orlandi (1981), é aceito como um meio
universal e eficaz de comunicação, tanto entre técnicos, como entre leigos, exercendo uma
função primordial na atividade criativa do projeto quando as associações são ainda vagas e
imperfeitas, ao registrá-las rapidamente, auxiliando a memória e a imaginação. Segundo
BERMUDEZ e KING (1999), as interações múltiplas entre os meios análogos e digitais,
enriquecem o processo de desenho.”
(Fonte: http://www.ufrgs.br)

O texto acima, retirado do site da UFGS, nos fala sobre a importância do desenho em
nossa profissão e o porquê de continuarmos a estudar as técnicas de desenho à mão livre,
após o avanço tecnológico dos softwares de desenho.
Nesta disciplina você aprenderá tais técnicas, exercitando o uso das ferramentas e a
composição do desenho à mão livre. Cada capitulo foi pensado para desmistificar a ideia de
que é preciso talento para desenhar, utilizando como metodologia o “passo-a-passo” do
desenho.

1.1- PROGRAMA CURRICULAR

Disciplina: Desenho à mão livre 2° SEMESTRE


1°ANO
Curso: Técnico de Nível Médio em Design de Carga 80
Interiores Horária: horas/aulas.

Ementa: Técnicas de desenho à mão livre. Instrumentos no desenho à mão livre.


Composição. Proporção. Luz e Sombra. Estudo das cores. Noções em
perspectiva à mão livre.
Conteúdo 1° BIMESTRE
Programático:
UNIDADE I:
• O que é o desenho à mão livre?
• O uso de instrumentos e outros materiais.
• Composição.
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UNIDADE II:
• Técnicas de proporção.
• Técnicas de desenho – parte 01.
2° BIMESTRE
UNIDADE III:
• Técnicas de desenho – parte 02.
• Luz e Sombra.
UNIDADE IV:
• Cores
• Noções em perspectiva.
Objetivo: Apresentar ao aluno os instrumentos e técnicas utilizadas no desenho
de observação, usando a percepção do espaço.
Metodologia: A disciplina será ministrada por aulas teóricas e práticas, em espaços
abertos ou laboratório de pranchetas sem o uso de instrumentos, com
exercícios programados de acordo com os conteúdos a ser ministrado,
podendo se valer de outras metodologias para adaptar as
características da turma e da disciplina.
Bibliografia • BRIAN, Curtis. Desenho de Observação. 2° Ed. Mc Graw Hill/
Básica: Bookman, 2015. 368 páginas.
• PARAMON, Tradutor: BENEDETTI, Ivone C. Fundamentos do
Desenho Artístico. 2° Ed. WMF Martins Fontes, 2014.
Bibliografia • HALLAWELL,Philip. A Mão Livre, a linguagem e as Técnicas do
complementar:
Desenho. Melhoramentos, 2006.
• SILVA, Antônio Carlos Rodrigues. Desenho da Vegetação em
Arquitetura e Urbanismo. 1°Ed. Blucher,2009. 154 páginas.
• CHING, FRANCIS D. K.. Desenho para Arquitetos. 2° Ed.
Bookman, 2012. 424 páginas.

2. CONCEITOS BÁSICOS

2.1- HISTÓRICO
Desde suas origens o homem comunica-se através de grafismos e desenhos. As
primeiras representações que conhecemos são as pinturas rupestres, em que o homem
representava não apenas o mundo que o cercava, mas também as suas sensações: alegrias,
medos, danças, etc.
Estudaremos no curso técnico várias formas de desenho, o desenho à mão livre, o
desenho técnico, além das disciplinas onde aplicaremos nos softwares 2D e 3D nosso
conhecimento acerca de técnicas de representação gráfica vistas nas demais disciplinas de
desenho à mão.

2.2- DESENHO À MÃO LIVRE


Segundo a Wikipédia a definição de “À mão livre é um termo utilizado em áreas como
artes gráficas e design para designar um desenho ou pintura conduzido de modo totalmente
manual, ou seja, com as mãos, sem necessidade de qualquer outro tipo de artefato como
decalque, tecnologia digital, estêncil ou outro suporte. O termo também é frequentemente
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utilizado em diversas áreas como bordado e tricô, aerografia, grafite, e desenho em geral para
referir-se à execução sem necessidade de suporte, e usando apenas as mãos e a inspiração
do artista. Seria como desenhar com apenas um papel e lápis e sem ter nenhuma referência
visual ou manual presente, usando somente a mente e a imaginação. ”
Logo, entendemos podemos concluir que a definição de desenho, trata-se do uso de
um instrumento comum, como o lápis por exemplo, que marcar um meio bidimensional (Papel,
Tecido, Lona, Parede, etc.).
Em nosso curso, não só exercitaremos a criatividade, oriunda da mente e a
imaginação, como também a referência visual aplicada ao design de interiores.

3. INSTRUMENTOS

Para estudantes, no início da aprendizagem, o material utilizado basicamente é


lápis, borracha (branca), papel, estilete e apontador.
No entanto, esses simples materiais, possui uma variedade que nos permite,
através de diversas técnicas desenvolver vários estilos de desenho.
Vamos então, estudar cada um desses materiais, e ao longo dessa apostila
veremos outros, para desenhos avançados.

3.1- LÁPIS

O mais importante instrumento utilizado para o desenho é o lápis, quem não o


conhece, não é mesmo? Bem, o lápis que normalmente utilizamos para escrever, trata-se de
tipo de lápis chamado HB. Nem é “duro”, nem é “macio”, é esses adjetivos que utilizamos para
dizer quando um grafite é mais claro e marca mais o papel, ou mais escuro e não marca tão
facilmente o papel. Um exemplo disso, que acabei de descrever é quando escrevemos no
nosso caderno com o lápis e ao apagarmos com a borracha, fica aquela “marcação” da letra
apagada no papel. Quanto mais marcado o papel ficar mais duro é o lápis. Mas vamos explicar
isso tecnicamente, ok?
Os lápis possuem uma nomenclatura que varia de 9H até 9B, incluindo ainda o “F” e
“HB”.
Os lápis com nomenclatura “H” possuem o grafite mais fino e uma mina (conhecida
como carvão do lápis) mais dura, servindo para esboços (tendo cuidado com a pressão
exercida sobre o lápis). Já os lápis com nomenclatura “B” possuem o grafite mais macios, com
minas mais grossas e suaves, sendo muito bons para sombras e enchimentos.
E os números são relacionados a quanto mais aguçada é a característica do lápis.

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Portanto, quanto maior o número ao lado da letra “H”, mais duro será o lápis. E quanto
maior o número ao lado da letra “B”, mais macio é o lápis.

3.2- PAPEL

O formato básico de papel designado de


A0 (A zero) considera um retângulo de 841 mm
(x) por 1189 mm (y) correspondente a 1 m² de
área. Deste formato derivam-se os demais
formatos na relação y=x⋅√ 2 .
;

Referência X (mm) Y (mm)


2 A0 1189 1682
A0 841 1189
A1 594 841
A2 420 594
A3 297 420
A4 210 297
A5 148 210

Os tipos de papeis são essenciais para o


resultado do desenho assim como a marca que o fabrica. Existem tipos de papeis que são
fabricados por diversas empresas, mas existem alguns que só uma empresa o fabrica. Por
exemplo: Só a marca Schoeller comercializa os tipos de papéis Hammer 1G/1R, Hammer
3G/3R etc. As principais características que definem o um papel são o tipo de fibra, a textura, a
gramatura, o pH e a goma ou colagem. Os mais comuns são:
Sulfite (75 g/m²) - São indicados para lápis comum HB ou 2B, rascunhos.
Sulfite (90 e 120 g/m²) - Iguais ao anterior, mas suportam lápis de grafite mais macios
como 4B e 6B.
Opaline ou Westerprint (90 a 120 g/m²) - Ótimo para lápis (grafite de todas as
espessuras), canetas de base líquida e tintas de secagem rápida.
Canson (diversas cores e gramaturas) – Para pintura em geral. Suporta bem tintas
com base de água, com secagem rápida a média. São indicados para aguadas, Ecoline,
Aquarela, Acrílico, etc. Bom também para lápis de cor, pastel seco e crayon.
Papel manteiga – Indicado para arquitetura entre outros. É um papel semi-translúcido
de superfície áspera que pode ser utilizado para copiar um desenho ou esboço e transpassá-lo
a um papel melhor. Não utilize caneta nanquim neste papel, pois por ser áspero, gasta a ponta
da caneta.
Papel vegetal - Também utilizado em arquitetura e cartografia. É um papel, também
semi-translúcido, que serve para se fazer arte-final sobre o rascunho, com a caneta nanquim,
por exemplo. É possível fazer o desenho em um papel qualquer e terminá-lo no papel vegetal,
o que elimina a mesa de luz.
Schoeller – Esta marca de papel alemã faz suas próprias especificações para as
diferenças de cada tipo de papel que comercializa. A ser:
• Hammer 1G / 1R (150g/m2)*
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• Hammer 3G / 3R (200g/m2)*
• Hammer 4G / 4R (250g/m2)*
• Hammer 6G / 6R (300g/m2)*
• Hammer 4G Dick / 4R Dick (1.300g/m2)*
* G = papel liso e R = Áspero
Os papéis Schoeller são muito caros aqui no Brasil, mas são sem dúvida nenhuma os
melhores existentes. Pessoalmente, aconselho a todos os desenhistas a utilizar o papel
Schoeller em todos os trabalhos. São ideais para quase todas as técnica e materiais, incluindo
aerógrafa e tinta acrílica.

3.3- ESFUMINHOS

Um esfuminho nada mais é do que um rolo de papel fortemente comprimido na forma


de um lápis com pontas dos dois lados, sendo numerados de 1 a 9. Quanto maior o número
mais grosso o esfuminho.
Servem para marcar e sombrear desenhos. Outro material que pode substituir em
alguns casos o esfuminho é o algodão, ou seja, serve para esfumar os traços.
O esfuminho deve ser usado com a ponta SEMPRE limpa, não se deve esfregá-lo
sobre o desenho, mas somente pressionar levemente a ponta sobre o desenho em estocadas
curtas, levemente inclinado (cerca de 30°), sobre a área a ser esfumada, girando-o para que a
parte em contato com o desenho seja sempre a parte limpa. Segure-o como se segura um lápis
e use pouca pressão a princípio, até descobrir a força ideal. Após cada etapa, afaste-se um
pouco do desenho para apreciar o efeito proporcionado pelo uso desse instrumento.
Procure usar o esfuminho sempre no mesmo sentido da textura que está sendo
esfumada, como por exemplo nos cabelos, passe-o sempre no mesmo sentido dos fios, com
cuidado para não levar o grafite de uma área muito escura para áreas mais claras pois é essa
diversidade de tons que dá volume e realismo à textura dos cabelos. Em todos os lugares, siga
sempre a direção da textura, como se estivesse contornando a maçã do rosto, as ranhuras dos
lábios, a parte esférica da íris ou o contorno arredondado do nariz.
Eu uso cerca de 20 esfuminhos n.º 3 para finalizar meus trabalhos, assim não tenho
que interromper o trabalho de esfumar para limpá-los com muita frequência.
Para limpá-los basta friccionar a ponta suja de grafite sobre uma lixa não muito grossa,
com cuidado para manter sempre o formato cônico da ponta, de preferência o mais parecido
possível com o que vem de fábrica. Não use apontador pois deixa a superfície irregular.

Importante:

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 Lembre-se, o esfuminho é um instrumento apenas para acabamento. Todo o desenho,


incluindo todos os detalhes e todas as nuanças de tons deve ser feito com os lápis.
 Faça todo o seu desenho como se não existisse esfuminho, capriche nos mínimos
detalhes, mostre todos os tons presentes no original e no final, e somente no final, use o
esfuminho para dar aquele toque especial (profissional) no seu trabalho.
 Vale lembrar que esta é uma operação delicada, posto que todo o seu desenho já estará
terminado quando você for usar o esfuminho, portanto, use-o com muito cuidado para
não fazer sumir pequenos detalhes que você desenhou com muito esforço.
 Após aplicar o esfuminho, é possível que alguns tons fiquem mais baixos (mais claros)
que o original, pois o esfuminho acaba roubando um pouco de grafite, daí é só vir com o
lápis e adicionar um pouco mais de tom (grafite), não havendo mais a necessidade de
esfumar essa área.

3.4- OUTROS MATERIAIS

Limpa Tipos: Também chamada borracha putty é uma espécie de borracha muito
maleável que consegue absorver os traços do lápis sem danificar o papel.
Borracha plástica: Também utilizado no desenho, mas com moderação pois ela pode
“borrar” as partes mais escuras do desenho.Nos serve para criar efeitos de luz no desenho.
Estilete: Para os lápis de desenho não se utiliza o apontador escolar e sim o estilete.
Lixa de unhas: Utilizado para lixar a ponta do lápis.
Spray Fixador: Spray que é passado após a finalização do desenho, para que não
borre e proteja o desenho.

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4. COMPOSIÇÃO

Seja qual for o estilo artístico a que pertence uma obra, a técnica de execução da
mesma ou a vertente artística do autor, todas elas tem em comum certos
elementos como: linha, tons, cor, luz, sombras, etc.
Entende-se por composição a colocação ou distribuição desses
elementos que conformam a superfície do quadro de uma forma perfeita e
equilibrada, seja eles objetos ou espaços vazios, seguindo padrões e
princípios.
Podemos dividir a composição em dois tipos básicos:
 A COMPOSIÇÃO CLÁSSICA: Onde os elementos procuram
equilíbrio com o uso da simetria.
 A COMPOSIÇÃO LIVRE: Supõe uma ruptura desse
equilíbrio das obras.
Ou seja, como afirma PHILIP HALLAWELL no livro À MÃO
LIVRE(2006), “Compor é organizar os elementos do desenho, as linhas, os
pontos, as manchas, as cores e os espaços vazios de maneira equilibrada
no espaço disponível.” De forma mais prática, podemos comparar tal
definição ao ato de fotografar, sempre procuramos um “equilíbrio”, ao
enquadra o assunto da fotografia.
Esses elementos são o ponto, a linha, o contorno, a forma, a
textura, o tom, a cor e a luz.
Quanto ao equilíbrio basta compararmos o desenho com uma
gangorra, observe essas imagens; na 1° imagem, observamos o equilíbrio
adquirido através do contrapeso, isso acontece quando desenhamos
objetos longe do centro. Na 2° imagem, temos o equilíbrio adquirido através do objeto maior
localizado mais ao centro. E na última imagem, observamos um caso de desequilíbrio, causado
pelo acumulo de objetos de um único lado da folha.
Outro ponto que devemos observar é a noção dos limites impostos pelas margens do
papel, e o senso de peso que a colocação de elementos no papel, ou seja o
ENQUADRAMENTO DO DESENHO. O tamanho do desenho deve ser suficientemente grande
para evitar espaços vazios, tendo cuidado no entanto para não invadir as margens da folha.
Para evitar essa invasão, aconselha-se primeiramente utilizar uma régua reta, e traçar
uma margem.

3cm – 5cm

3cm – 5cm ÁREA PARA O DESENHO

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Outra dica, é observar antes a posição dos objetos e adequar a posição do papel.
Objetos organizados horizontalmente, para melhor se
ajustar ao enquadramento compositivo, precisam ser
representados num papel em posição horizontal.
Vale ressaltar que numa composição com diversos
objetos, o artista pode escolher a posição que
pretende usar o papel de desenho. Para isso, basta
redistribuir os motivos, como mostra o exemplo ilustrativo ao lado. No
interior do papel vertical estão representados os objetos organizados
verticalmente.
Mesmo depois de ter feito as margens e ter organizado
adequadamente a posição dos objetos, ainda é necessário observar a
proporção do desenho com relação ao espaço disponível para o desenho. Segue algumas
dicas, dadas pelo site “Sobrearte”.
1. Quando representados muitos pequenos os objetos ficam
desvalorizado, sem destaque no contexto compositivo. Além de não
se harmonizar figura e fundo, também não há aproveitamento do
espaço disponível.
2. Objetos exageradamente grandes no enquadramento, violando os
limites das margens, tornam-se agressivos visualmente. Parecem
sufocados, inadequados ao espaço que ocupam.
3. A harmonia do conjunto em relação ao espaço de representação torna-se evidente
quando a proporção dos motivos se ajustam ao enquadramento. A ilustração acima é um
exemplo ideal de proporção figura e fundo.
E para finalizarmos a composição temos como nosso aliado, a linha de fundo, que se trata
da linha que nos permite nos orientar, localizando a base de onde o objeto se encontra e o
efeito em perspectiva.

1. Por representar a borda posterior do suporte que sustenta os objetos, a linha de


fundo sempre deve estar atrás de todos os elemento do conjunto compositivo.

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2. Nenhum componente da composição deve ser representado sobre a linha de fundo.


Assim transmitirá a ideia de que estão prestes a cair.

3. Em alguns casos, um ou outro motivo pode aproximar-se da linha de margem inferior


ou ser cortado por ela. Só não é indicado ficar sobre a mesma como mostra a
ilustração a baixo.

O efeito de profundidade é quando criamos uma perspectiva que nos permite notar o
objeto mais próximo ao observador e o objeto mais distante. Ele é adquirido através de alguns
recursos compositivos que o site “Sobrearte”, nos resume de forma prática:

1. Planos compositivos: Estão localizados entre a margem inferior ea linha de fundo


da composição. Quando um objeto se distancia do observador sua base parece
ocupar um degrau acima (efeito degrau) saindo do primeiro deslocando-se para o
segundo ou terceiro plano até se aproximar da linha de fundo.
2. Sobreposição de formas: Com os objetos menores na frente a sobreposição de
formas é um recurso fundamental para ajudar na ilusão de profundidade do espaço
compositivo. Facilita na percepção dos elementos que estão no primeiro, segundo ou
terceiro plano.
3. Variação de escala: É percebida quando vários objetos com dimensões iguais estão
dispostos em distâncias diferentes em relação ao observador. Os mais próximos
parecem maiores e os distantes menores como se a escala de suas proporções
fosse alterada.
4. Quando aplicado conjuntamente o efeito degrau, gerado pelos planos compositivos,
a sobreposição de formas, e a variação de escala, estes recursos proporcionam ao
espectador a ideia de maior profundidade na composição.
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IMPORTANTE!!!
 Evitar objetos sobrepostos e enfileirados lateralmente sem o uso do efeito degrau.
Este procedimento passará, ao observador, a ideia de que os objetos estão
ocupando o espaço físico uns dos outros.
 Se o objeto do primeiro plano estiver com sua base acima da base do objeto do
segundo plano, dará a ideia de que está flutuando.

Figura 1 Figura 2

5. PROPORÇÃO

É o resultado da comparação da altura da figura


com a largura da figura. Para profissionais mais
experientes é possível notar a proporção de um objeto ou
uma figura. Mas para adquirir medidas mais precisas,
podemos utilizar algumas técnicas, como a técnica do
lápis, mostraremos os detalhes desse método logo mais.
Segundo Philip Hallawel, “...as medidas são
tomadas sempre na vertical ou horizontal, quando
possível. Se for necessário medir uma linha ou um plano
inclinado, assegure-se de que seu lápis esteja num plano
paralelo aos seus olhos, para não ser surpreendido por
distorções causadas pelo efeito da perspectiva.” (Á mão
livre, 4°Ed., 2012).
Devo salientar que a proporção existe não
apenas na figura geral, existe proporção no corpo, no
rosto e em tudo o que contenha uma altura e largura. Um
rosto desenhado com as proporções erradas fica
caricaturado. Se esta for a intenção do desenhista não
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há problema, mas se a pessoas ainda é um aprendiz, melhor aprender o correto para depois
distorcer propositalmente sabendo o que está fazendo. Do contrário, pode acabar se
acostumando a enxergar errado, virando um vício difícil de ser corrigido. Valendo para qualquer
outro objeto ou figura que esteja sendo representado no desenho.

5.1- TÉCNICA DO LÁPIS


Trata-se de utilizar o instrumento de desenho, o lápis, para adquirir referências métricas
do objeto ou figura que se deseja desenhar. Isto, se é conseguido através do seguinte passo a
passo.
Você segura o lápis pela ponta, estendendo seu braço, o posiciona a frente do seu
olho. Fechando um olho, você faz uma extremidade do lápis coincidir, visualmente com uma
das extremidades do objetos. Em seguida, coloca o dedo, no lápis, onde ocorre esse encontro.
O espaço que fica da extremidade do lápis para seu dedo é a medida que deve utilizar no
papel, isso deve ser feito com todas as medidas, altura, largura, profundidade. Repita esse
processo quantas vezes quiser.
Vamos para um exemplo mais
prático.

1. Após escolher o objeto ou figura a ser


desenhado, você deve primeiro verificar
sua medida vertical usando o lápis como
referência.

2. Em seguida, repetir a técnica para


conseguir a medida horizontal.

3. Repete o mesmo procedimento com o


lápis, nos outros objetos e faz a marcação
no papel.

4. Após altura, largura marcados no papel, você deve


verificar se existe alguma inclinação, e repetir o
processo para saber sua medida.

5. Em seguida só, ligar os pontos, e dá o acabamento


na imagem.

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No caso do desenho de um espaço, podemos comparar tamanhos dos espaços entre


os objetos, e, dai, poderemos saber as proporções de todo o conjunto. Utilizando assim, um
pensamento analógico, ou seja, não pensamos matematicamente, mas comparativamente,
para adquirir medidas VISUAIS reais daquilo que observamos. Por isso, não devemos NUNCA,
utilizar uma régua!

5.2- EIXOS CENTRAIS


Quando desenhamos objetos simétricos, ou seja, que quando divididos ao meio,
possuem exatamente a mesma medida e forma, podemos imaginar um eixo atravessando seu
centro, em volta do qual o objeto gira.

5.3- ANALOGIA DOS PONTOS


Como temos visto, o desenho é uma tarefa analógica. Por isso, iremos ensinar aqui o
fundamento da teoria da analogia dos pontos, que trata-se primeiramente de imaginar uma
grade quadriculada, nos objetos, figuras ou cenas em observação.

Os arames da grade formarão eixos horizontais e verticais, ou seja, linhas horizontais e


linhas verticais, sobre toda a área observada e, poderemos ver quais pontos estão no mesmo
eixo (linha) vertical ou horizontal. E utilizar estes pontos da mesma forma no desenho,
garantindo assim a não distorção da forma.
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Inicialmente, será difícil observar todos os pontos, por falta de costume; mas a prática,
adquirida com os exercícios, fará você conseguir fazer isso naturalmente.
A dica é olhar a cena inteira primeiro, sem se ater aos detalhes. Depois procurar como
referência um ponto central. Pois a medida visual do objeto central, será utilizada para
comparar com as medidas visuais dos demais objetos na cena. Essa seria a analogia feita
partindo de um ponto central.
Logo, a ANALOGIA DE PONTOS E EIXOS é “feita traçando-se uma linha imaginária
horizontal ou vertical através de um ponto de referência, observando quais são os pontos, no
resto da cena, que coincidem com o ponto de referência.” (PHILIP HALLAWELL, 2012)
Caso tenha dificuldade de imaginar tal linha, poderá fazer o mesmo processo da
técnica do Lápis, vista anteriormente, só que com o intuito de comparar com a proporção de um
ponto com outro.
Vamos ver agora alguns exemplos, para entender na prática, a teoria que vimos.

Fonte: Imagens retiradas do Google Imagens.

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Através das linhas imaginárias, podemos encontrar os eixos horizontais e verticais nas
imagens acima. Exercite-se e o faça.

6. LINHAS: VALORES E EXPRESSÃO

A intensidade dos tons do grafite e à grossura das linhas, são importantes para dar
expressão aos desenhos.
Uma linha muito controlada, continua, pode dar o aspecto “duro” ao desenho, enquanto
uma linha com traços variados ao longo do desenho, nos dar um aspecto de “bonito”, mais
“interessante”.
Ou seja, ao traçarmos linhas, definimos tanto a intensidade tonal como a grossura
dessas linhas. Em outras palavras, estabelecemos o que chamamos de Valor Linear. Quando
aplicamos um mesmo Valor Linear em um desenho, entendemos que ele fica inexpressivo, sem
expressar emoções, como no exemplo da águia da esquerda. Observe como foi variado o Valor
Linear no desenho da segunda águia, deixando-o mais bonito.
Isto porque o desenho tem Expressão Linear. Quando desenhamos com expressão
linear (variando o Valor Linear), expressamos emoções.

6.1- TIPOS DE TRAÇO


Para desenhar com espontaneidade e variedade de traços é necessário treinar os
movimentos da mão. Conhecendo a maneira de segurar o lápis, controlar a pressão que
deverá exercer sobre o papel. Então apresento-lhes uma série de traços básicos, para poder
iniciarmos nossos desenhos de observação.
1) Detalhes: Trabalhos que nos exige precisão e maior detalhismo, devemos
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segurar o lápis da maneira como o seguramos para escrever, pois facilita a


flexão dos dedos e os movimentos da mão.
2) Tornando Cinzento: Seguramos o lápis mais acima, colocando sua
extremidade dentro da mão. Conseguimos fazer vários tons de cinza, com um
ritmo de vaivém do punho. Usaremos muito para trabalho com sombras leves,
que não necessitam de muita pressão sobre o papel.
3) Esboço: É quando estamos criando os estudos, o rascunho. Devemos segurar o
lápis com a ponta inclinada para os traços fracos(tênues), sendo portanto, fácil
de apagar, no caso de alguma modificação (o que sempre ocorre).
4) Traços finos: Conseguimos com a ponta do grafite afiada.
5) Traços Grossos: Através da inclinação do grafite (ponta do lápis).
6) Hachuras Paralelas: Hachuras já consiste numa técnica para criar efeitos de
tons ou sombras. Neste caso, estamos nos referindo ao traçado de linhas
paralelas muito próximas adquirindo um efeito de diferentes tons.
7) Hachuras de linhas grossas: Ao inclinarmos o lápis para obter um traço mais
largo, traça-se uma sucessão de linhas curtas, paralelas e verticais,
procurando-se criar distância idêntica entre uma linha e outra.
8) Hachuras cruzadas: Neste caso, as linhas paralelas se cruzam em ângulo.
Podendo ser retas, livres, imprecisas. O detalhe é que quando mais apertado for
o trançado, mais escuro será o efeito de sombreado, o que nos possibilitará
trabalhar com diferentes tonalidades de sombra num mesmo desenho.
9) Alças: A leve inclinação do lápis, cria uma série de alças de forma rápida e de
uma só vez. O interessante que se fizermos um dégradé sem levantar a ponta
do lápis, obteremos traços espirais.
10)Cinzas com Volutas: Trata-se de um sombreado feito com pequenos círculos
ou volutas espirais. Se quiser um dégradé deve ir controlando a pressão sobre o
papel e regular o espaço para que seja homogêneo.

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Hachuras feitas
Na caneta nanquim, por
Marcelo G. para o site
“Desenheirosoficial”.

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7. TÉCNICAS DE DESENHO

7.1- FORMA GEOMETRICAS: BASE DE TUDO.


Uma das técnicas de desenho mais fácil, rápido e simples de utilizar por "encaixe" é o
procedimento de desenho que consiste em encerrar numa figura geométrica ou combinação de
várias formas simples, a figura de qualquer objeto seja ele plano ou corpóreo. Normalmente é a
base da maioria dos desenhos que vemos. Observe a seguir:

O círculo, triangulo, eclipse servem como base para as imagens acima, nos facilitando
reproduzi-las com proporção, já que temos a base para enquadrar nosso desenho.
Isso vale, para qualquer desenho, imagem, objeto ou figura que iremos reproduzir. Veja
abaixo, as imagens e reconheça as formas geométricas que serviram como base para sua
composição.

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7.2- VOLUME DOS CORPOS - TRAÇOS


Como vimos, as linhas podem expressar a emoção. Agora veremos que ela também
pode representar o volume dos corpos também.
Através da direção do traço, podemos representar seu volume. De acordo, com o livro
“Fundamentos do desenho artístico”, existe uma norma entre os desenhistas, “a direção do
traço deve envolver ou seguir e representar, na medida do possível, o volume do motivo. ” Ou
seja, na representação de superfícies planas o traço deve ser reto, em superfícies curvas ele
deverá ser curvo. E em casos especiais, como vegetação, um simples arabesco é suficiente,
ou ainda quando estiver no chão ou em uma parede será reticulado.
Considerando também que o fato de agrupar ou dispersar (afastar) esses traços irão
representar a sombra e luz desse objeto, no próximo capitulo esclarecerei melhor sobre
Sombra e Luz.
Mas algo, que deve ficar claro, é que os traços têm objetivos, e ele é definido pelo
desenhista. Ele pode ser usado para sombrear, modelar, criar valores de tons e simplesmente
representar um papel de descrever ou ornamentar.

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7.3- PONTILHISMO
Como o nome sugere, trata-se da utilização de pontos sobre a superfície, de forma
que, a uma determinada distância, o observador identifique uma imagem.
Essa técnica surgiu na França, durante o movimento artístico do Impressionismo, pelos
artistas George Seurat e Paul Signac, os dois utilizavam a lei das cores complementares
(Estudaremos no capitulo de Cores) para causar nos observadores suas próprias impressões
(diversas).
Em nosso caso, iniciaremos primeiro com a técnica sendo aplicada aos diferentes tons
do grafite, para se conseguir reproduzir a imagem observada. Como nas imagens abaixo.

Esses diferentes tons, são obtidos com a combinação de pontos ou pequenos traços
de tamanhos e distâncias variáveis. Ao alternar o tamanho dos pontos, a pressão do lápis ou a
distância entre eles, conseguirá criar uma gama de tons completa.

7.4- PAPEL QUADRICULADO


Essa técnica de desenho, é uma das mais eficazes quando se trata de proporção. Já
que ela permite a interpretar a direção das linhas do modelo e a estruturar melhor o desenho
do quadro.
Vale ressaltar, que quanto maior o número de divisões no modelo realizado no papel,
mais exata será a orientação e menor a possibilidade de erro no desenho. Por isso,
recomenda-se a utilização da técnica na representação de figuras humanas, garantindo uma
maior semelhança com a imagem real.
Interessante, não? Pois vamos aprender agora como funciona a técnica.
Primeiro devemos colocar sobreposta a imagem uma trama de quadrículas (grade),
desenhando-a com a régua ou utilizando um gabarito que ensinaremos em uma das oficinas
dessa disciplina. Feito isso, você deve desenhar na outra superfície quadriculada, os traços
correspondentes a cada quadrícula observada na imagem real.
Não recomendamos, o uso continuo dessa técnica, já que modelos naturais deixam o
desenho mais interessante, no entanto, se tem problemas com proporção, esse método lhe
ajudará, pois, o objetivo é aprender a desenhar com desenvoltura e exatidão, através da
observação e entendimento da composição da imagem.

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Fonte: Retirada do Google Imagens.

8. LUZ E SOMBRA

Agora que sabemos conceitos básicos, vamos utilizá-los para criar o efeito de luz e
sombra.
O desenho feito por linhas é chamado de desenho linear, que com as linhas é capaz de
representar formas, e marcam os limites entre dois planos distintos. Agora, vamos mostrar o
desenho de volume, que são os próprios planos desenhados. Apesar de para iniciar o desenho
de volume, necessitamos do desenho de linhas.
Mas o que é a Luz? E a sombra?
Bem, um objeto iluminado por todos os lados ou sombreado ou escuro por todo os
lados, ele não aparece, ou seja, você verá tudo claro ou tudo escuro.
Então é necessário determinar uma fonte de luz para iluminar o objeto, iniciando assim a
forma do mesmo.

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Com essa fonte de luz pronta, você precisará texturizar, escolher os lados e as faces do
objeto que não receberão a luz para poder escurecer essas faces juntamente com essas
texturas, formando assim, o volume. Ou seja, com o sombreamento, a ilusão mágica de
realidade tridimensional aparece em seu papel de desenho.

A luz age sobre qualquer forma tridimensional. Precisamos treinar nossos olhos para
visualizar os diferentes tons para conseguir o efeito realista do objeto.

O fundo do espaço onde está o objeto influencia nesta luz. Por exemplo, quando temos
um fundo escuro, existirá uma meia sombra no objeto oposto a direção da luz, além de uma
sombra projetada na superfície base. E se o fundo for claro, existirá uma luz refletida, entre a
meia sombra e a sombra projetada na superfície base. Essa sombra projetada, neste último
caso, será num tom mais escuro que a sombra do fundo.

IMPORTANTE!!!!
O Dégradé será mais fácil de ser feito se o desenho iniciar do claro para o escuro. Pois é
mais fácil escurecer uma área clara, do que tentar colocar uma área clara em volta de uma
área mais escura.
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Caso vá pintar o objeto, não servirá fazer essa técnica com lápis grafite monocromático.
Você deverá utilizar o lápis de cor, ou instrumento que deseja transpor a cor a superfície para
executar a técnica.

9. CORES

Iniciamos agora, o estudo das cores, ou melhor Teoria das Cores. Visto que em várias
formas de arte e expressão, como pintura, fotografia necessitam compreender essa teoria, para
aplica-la e combina-la corretamente.
Antes de falar em Teoria da cor, devemos primeiro relembrar alguns conceitos físicos e
químicos.
A cor está diretamente ligada a luz, afinal é a luz que nos faz ver a cor de determinado
objeto, afinal sem luz, nada veríamos.
Mas a luz é uma composição de cores, sabia? Isso mesmo, a luz é emitida em várias
ondas eletromagnéticas em diferentes frequências, e cada frequência corresponde a uma cor
especifica. Em cima, dessa informação sobre a Luz, podemos afirmar que a Luz Branca, nada
mais é do que a presença de todas as cores, e que a ausência de Luz é o preto.
Essa afirmação está relacionada a cor-energia. No entanto, a outro tipo de cor,
cor-matéria (cor-pigmento), o pigmento não é cor, mas sim um material que tinge uma
superfície com uma certa cor, e dependendo do material químico contido neste pigmento, pode
ser misturado, resultando em cores diferentes do que você esperava acontecer, segundo a
teoria da cor-matéria.

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Nesta disciplina estudaremos a cor-pigmento, ou seja, cor-matéria.


O pigmento pode ser exemplificado, nos objetos de decoração (cerâmica, madeira,
etc.)
Esses pigmentos são classificados em duas categorias:
 Pigmentos acromáticos, que são o branco, preto e cinza, pois estes não
contêm cor.

 Pigmentos cromáticos, definição para todos os outros pigmentos, pois eles


contêm cor. E são subdivididos em três categorias:
 Primárias: Pigmentos que não podem ser obtidos por meio de
mistura de outros pigmentos, são puros. Sendo eles, o
amarelo-cádmio ou cromo, azul-ultramar e vermelho-magenta. No
entanto, com a mistura deles é possível produzir qualquer outra cor. E
se utilizarmos o branco, adquirimos qualquer tonalidade.

 Secundárias: São
resultado da mistura das cores primárias. Ex.: Roxo,
Verde-esmeralda, etc.

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 Terciárias: São extremamente importantes, pois são


pigmentos neutros, ou seja, não criam contrastes com outras cores ou
entre si. Sua neutralidade as fazem passar despercebidas por nossos
olhos, servindo inclusive para descansar os olhos, depois de um
estimulo causado por um contraste. Por tanto, são indispensáveis
para manter a harmonia da cor. Elas são formadas por uma cor
primária somado a uma cor secundária.

As cores complementares são cores que que mais oferecem contraste entre si.
Formadas da seguinte maneira, a junção de duas cores primárias, formará uma secundária, e
essa cor secundária é a cor complementar da cor primária não utilizada.
Exemplo: O Roxo é complementar da cor primária azul, e o Roxo é formado pelas
cores primárias amarelo e magenta.
As cores análogas são cores que esteja próxima de outra no círculo cromático, e
tenham como base uma mesma cor. Usadas para passar a sensação de uniformidade, e
quando usadas com suas cores complementares pode levar a sensação de equilíbrio.
As cores quentes são cores que têm amarelo na sua composição. E as cores frias
são cores que têm azul na sua composição. Quando associadas aos sentimentos, podem
representar sentimentos distintos, por exemplo, as cores quentes representam alegria, euforia,
fortes emoções; enquanto as cores frias representam tristeza, calmaria, sensações singelas,
leveza.

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No caso, de queremos utilizar técnicas de contrastes, devemos selecionar duas cores


incompatíveis, gerando assim uma vibração visual. No entanto, quando causamos um choque
muito grande, passamos a impressão de desarmonia de cor.
Nós conseguimos causar esse contraste, quando utilizamos cores primárias e
secundárias em graus diferentes de intensidade. No caso de querer diminuir esse contraste
basta clareá-las ou escurece-las. E caso, a intenção seja que ele atinja seu pico, devemos
saturar ou deixa-las puras.
Segue uma planilha para auxilio, durante a composição de contraste:
Tipos de Contrastes Definições
Alto contraste 1 cor primária + cor complementar
Alto contraste 2 cores secundárias
Médio contraste¹ 2 cores primárias
1 cor primária + 1 cor secundária (que não
Leve contraste
seja a complementar desta cor primária.)
Exceção as regras acima, já que as duas
agem como se fossem cores primárias,
¹Verde e Amarelo sendo portanto um médio contraste.
Inclusive, na física, a cor primária é o verde
e não o amarelo.

Existe também outros tipos de contrastes, como por exemplo, o claro e escuro; cores
claras e cores escuras, cores frias e cores quentes.
As cores claras são: amarelo, laranja e verde-amarelado. E as cores escuras são:
vermelho, roxo, azul e verde.

10. PERSPECTIVA

Antes de explicar o que é Perspectiva, observe com atenção a imagem do ambiente


abaixo:

Compare a imagem do ambiente com a imagem do plano cartesiano, ao lado.

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Veja o que acontece se você sobrepor as duas imagens.

Você verá que para desenhar o canto desta sala, basta traçar uma linha vertical e
desenhar partindo da extremidade dela, duas outras linhas, isso formará as paredes e o piso. E
se você puxar da outra extremidade, duas linhas, formará o teto e delimitará as paredes. Isso é
perceber o ambiente com perspectiva.
Agora olhando ainda a imagem, note que o lado do sofá que fica mais próxima da
janela é menor, do que o lado do sofá com as almofadas que está perto de nós, o observador.
Isso nos leva a seguinte conclusão, quanto mais perto do observador o objeto estiver,
maior ele aparecerá no desenho; logo quanto mais longe ele estiver do observador, menor ele
aparecerá no desenho. Isso traduz o princípio da perspectiva linear.
Ou seja, “a perspectiva linear é um artificio que permite ao desenhista criar uma ilusão
de profundidade numa superfície plana, ou seja, criar a ilusão tridimensional numa superfície
bidimensional, como o papel ou até mesmo uma tela.” (HALLAWELL,p.22)

Essa técnica não é só utilizada no desenho de ambientes, mais também no desenho de


objetos.
Para iniciarmos um desenho em perspectiva
primeiro precisamos traçar a linha do horizonte
(LH). Trata-se de uma linha imaginária no plano
horizontal que passa exatamente na altura dos
olhos, sua posição dependerá do posicionamento do
observador e servirá de referência ao longo do
desenho. No desenho de uma paisagem por
exemplo, é a linha que divide o céu da terra.
Quanto mais elevada à linha do horizonte maios será o ângulo de visão da Terra
Observe a imagem abaixo.

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Em seguida, desenhamos uma linha na


vertical, que cruzará a linha do horizonte, neste ponto de
cruzamento é o nosso Ponto de vista (PV) ou mais
popularmente chamado Posição do Observador (PO).
Agora posicionamos, o ponto de fuga (PF) no
desenho, onde as linhas de profundidade (fuga)
convergirão.
Em alguns tipos de perspectiva são necessários dois ou mais pontos de fuga. Em
situações como estas poderão ter pontos tanto na linha do horizonte quanto na linha vertical do
ponto de vista. Em alguns casos é possível o ponto ficar fora tanto da linha do horizonte quanto
do ponto de vista.
As linhas de profundidade ou fuga, são as
linhas imaginárias que descrevem o efeito da
perspectiva convergindo para o ponto de fuga (linhas
convergentes pontilhadas). É o afunilamento dessas
linhas em direção ao ponto que geram a sensação
visual de profundidade das faces em desenho/pintura
dos objetos em perspectiva.
A posição visual do objeto está em relação ao observador, interfere em sua
representação em perspectiva, podendo ser aplicada com um, dois ou três pontos de fuga,
recebendo a denominação respectiva de perspectiva paralela, obliqua ou aérea.

10.1- Perspectiva Paralela (1 pontos de fuga)


A mais simples das três. Utilizada quando os objetos
apresentam um lado vertical que nos seja praticamente frontal e
suas linhas laterais convergem para um único ponto de fuga.
Quando fomos desenvolver qualquer forma geométrica
simples, temos de desenhar primeiro a sua face mais frontal, para
depois unir seus vértices a um ponto de fuga situado ou não na
linha do horizonte.
Em seguida, traçamos uma linha horizontal paralela a face
frontal, demarcando a profundidade do objeto, e levantamos duas
retas verticais para terminar o perfil posterior da figura. Finalizamos
então com linhas paralelas que coincidam nos vértices.

No caso do cilindro, devemos adaptar às medidas da caixa ou cubo. Desenhando as


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faces superior e inferior e traçamos o limite dos lados. Caso o mesmo esteja tombado, basta
então prolongar a distância entre as duas faces do cubo e incluir a figura do cilindro em seu
interior.

Quando aplicamos, a perspectiva paralela à representação de ambientes, no desenho


à mão livre, não necessitamos utilizar cálculos, no entanto, devemos observar e encontrar
corretamente os pontos de fuga e a redução dos objetos na distância da sua visão (afinal, você
é o observador!). Veja o exemplo abaixo:

1. Escolha o local onde quer desenhar, e qual sua


posição. Dê preferência para estar no centro, do lado
oposto ao que você quer desenhar, porque isso facilitará
o trabalho.

2. Com o lápis, trace uma linha horizontal no papel, a


linha do horizonte (LH). Depois marque seu ponto de fuga
(PF).

3. Comece a desenhar os móveis a partir das


bases. Todas as linhas paralelas à linha dos seus olhos
se fundem no ponto de fuga.

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4. Dê volume a cada móvel ainda levando suas


linhas ao ponto de fuga.

5. Termine o desenho acrescentando a cada objeto


os detalhes que o caracterizam.

10.2- Perspectiva Oblíqua (2 pontos de fuga)

Trata-se daquela visão que temos, quando olhamos um edifício numa posição mais
lateral (ver a imagem abaixo), onde as linhas de construção são inclinadas; e não, verticais e
horizontais, como na Perspectiva Paralela. Logo as únicas linhas que são paralelas, são as
linhas verticais; isso a difere da perspectiva paralela. São muito utilizadas para representar a
paisagem urbana.

No caso, quando vamos desenhar, uma figura geométrica simples, como nosso cubo,
devemos seguir uma ordem, para que não haja distorções.

1. Traçamos a linha do horizonte (LH).

2. Desenhamos então, a face mais visível da figura geométrica simples, no caso a aresta
mais próxima e visível. E unimos um dos vértices da aresta a um ponto de fuga.

3. Projetamos uma linha paralela à aresta original para definir uma das faces do cubo.

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4. Situamos outro ponto de fuga no lado oposto e traçamos as correspondentes diagonais


perspectivas.

5. Com o mesmo procedimento, levantamos uma


terceira aresta que defina a segunda face do
cubo.

6. Ao traçar as linhas de fuga restantes,


podemos verificar se a representação do
cubo está correta.

Observe na imagem ao lado, que


dependendo do posicionamento dos pontos de
fuga, o desenho se apresentará diferente. Quem irá
determinar isso é a posição do observador.

10.3- Perspectiva Aérea (3 pontos de fuga)

É uma perspectiva que possui três pontos de fuga, dois se situam na linha do horizonte e
o terceiro na vertical, sendo perpendicular à linha do horizonte. Nenhuma linha é paralela, mas
todas convergem para diferentes pontos de fuga. Uma característica importante, é que
algumas perspectivas aérea podem ficar muito deformadas, por isso deve se ter cuidado na
hora de posicionar o objeto. Um objeto baixo, por exemplo, não aparenta tanta deformidade.

Para iniciar um desenho de uma figura geométrica simples, com essa perspectiva:

1. Desenhamos a face superior de um cubo, aplicando a perspectiva obliqua.

2. Traçando uma cruz a partir dos vértices, precisamos procurar um ponto médio.

3. Em seguida traçamos a vertical a partir do centro visual, na intersecção das


medianas.

Veja agora, na imagem abaixo, um comparativo da representação do cubo, nos três tipos
de perspectivas.

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11. BIBLIOGRAFIA

[1] www.sobrearte.com.br
[2] www.amopintar.com
[3] www.ufrgs.br
[4] desenhetudo.blogspot.com.br
[5] www.interiorpik.com
[6] br.pinterest.com
[7] ROIG, Gabriel Martin, Aula de Desenho:Fundamentos do Desenho Artistico, 2ª.
Edição, São Paulo: wmfmartinsfontes, 2014.
[8] MONTENEGRO, Gildo A., Desenho Arquitetônico, 4ª. Edição, São Paulo: Edgard
Blucher, 2006.
[9] HALLAWELL, Philip, A mão livre: A linguagem e as técnicas do desenho, 1ª. Edição,
4ª. Impressão, São Paulo: Editora Melhoramentos, 2012.
[10] Todas as imagens contidas nesta apostila foram retiradas do google imagens.

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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