Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Flauta Mágica
A Flauta Mágica
institutoruthsalles.com.br/a-flauta-magica-2/
peça de W. A. Mozart
“A Flauta Mágica” consta ter sido a última obra de Mozart, composta no ano de sua
morte. Ela conta a história de um príncipe, Tamino, que, acompanhado de Papageno, um
caçador de pássaros, vai em busca de sua amada Pamina, filha da Rainha da Noite e do
grão-sacerdote Sarastro. Depois de várias peripécias, Papageno encontra uma velha que
se transforma na jovem Papagena, enquanto Tamino e Pamina passam por provas de
fogo e água, protegidos pela flauta mágica, a fim de serem purificados e de merecerem
um ao outro. No fim, a Rainha da Noite, suas damas e Monostatos são expulsos,
enquanto Tamino e Pamina recebem as bênçãos de Sarastro e de todos os sacerdotes do
Círculo do Sol de Ísis e Osíris.
Ruth Salles
Esta versão, feita em 1983, consta da ópera completa. No entanto, há também uma nova
versão, feita em 1999 a pedido da professora de classe Maria Cristina Ciocchi, onde os
trechos falados são encurtados, e algumas partes cantadas passam a ser faladas, mas
não em versos; a escolha das partes a serem cantadas ficou a critério da professora de
música da classe, Isabel Galan Matas Lüders.
PERSONAGENS:
(As vozes para acompanhamento ou apoio de algum canto individual ficam a critério da
professora de música).
PRIMEIRO ATO
Região rochosa – O jovem príncipe Tamino é perseguido por uma serpente. Ele
desmaia, e as três Damas da Rainha da Noite matam o monstro e saem. Voltando a si,
Tamino vê chegar Papageno, um simplório caçador de pássaros, vestido de penas de
2/13
aves, que afirma ter matado a serpente. Ao ouvirem isso, as três Damas reaparecem e
fecham sua boca com um cadeado. A seguir, mostram a Tamino o retrato de Pamina,
filha da Rainha da Noite. Tamino se apaixona. A Rainha surge como por encanto e lhe diz
que sua filha foi raptada por Sarastro – um espírito maligno – e incita o príncipe a ir
salvá-la. As três Damas entregam a Tamino uma flauta mágica que o protegerá, e dão a
Papageno sininhos mágicos. Três Gênios da floresta deverão guiá-los.
Bosque sagrado, onde estão o templo da Sabedoria e mais dois outros templos, que são
o da Razão e o da Natureza – Tamino procura por Pamina. Do templo da Sabedoria surge
um sacerdote que lhe fala da bondade de Sarastro, que Tamino julgava ser um homem
mau. Tamino ouve soar a flautinha-de-Pã de Papageno e corre à sua procura. Papageno,
por sua vez, vem trazendo Pamina, mas Monostatos agarra-os. Papageno e Pamina se
libertam fazendo soar os sininhos mágicos. Sarastro chega com seu séquito. Ele explica
porque mantém Pamina em seu palácio: para afastá-la da influência maléfica da Rainha
da Noite.
SEGUNDO ATO
Amplo vestíbulo – Tamino e Papageno são postos à prova do silêncio. Vem uma velha
tentar conversar com Papageno, que não se contém e fala com ela. Tamino enfrenta
corajosamente a tentação de falar com Pamina. Os Gênios surgem antes de Pamina
aparecer e os encorajam e alimentam, devolvendo-lhes a flauta e os sininhos.
Pequeno jardim perto do templo – Pamina tenta matar-se com o punhal que a mãe lhe
3/13
deu, mas os três Gênios aparecem para dissuadi-la.
Montanha da cachoeira e montanha por onde sai fogo – Dois homens de couraça
conduzem Tamino, que vai enfrentar as grandes provas do fogo e da água. Surge
Pamina, e lhe é permitido partilhar das provas. A flauta os protege e, terminadas as
provas, o coro os saúda.
A Rainha da Noite, suas Damas e Monostatos tentam invadir o templo, mas são expulsos
por um terrível trovão. Nasce o sol. Coro final de louvor aos vencedores e a Ísis e Osíris.
ABERTURA – ORQUESTRA
PRIMEIRO ATO
A cena se passa numa região rochosa; aqui e ali, algumas árvores; de cada lado, morros
lisos; há também um templo de forma circular.
CENA 1
TAMINO:
“Socorro! Socorro! Ninguém vem salvar-me! (bis)
Morrer sob os dentes fatais da serpente… Ó céus, piedade!
Mais perto já vem… (bis)
É tarde já! Ninguém, ninguém me livrará?
Imploro salvação! Ó deuses, dai-me proteção!”
(Ele desmaia. Mas já se havia aberto o portal do templo, saindo de lá três Damas veladas,
cada uma com uma lança de prata.)
TRÊS DAMAS:
“Nosso poder te livrará! (Elas cortam a serpente em 3 pedaços.)
Morreu… Morreu… E este jovem reviveu.
Só estas mãos, (bis)
valentes, deram-lhe proteção. (bis)
DAMA 1 (contemplando Tamino): Que lindo jovem ele é!
DAMA 2: Assim tão belo nunca vi…
DAMA 3: Encantador e tão gentil…
4/13
TRÊS DAMAS:
Pudesse eu amar alguém,
seria este ou ninguém. (bis)
O que aqui aconteceu contaremos logo à Rainha.
DAMA 1: Depressa ide lá! Eu vou aqui ficar.
DAMA 2: Não, não! Pois ide vós! Eu devo vigiar.
DAMA 3: Não, não! Deixai-me só! Eu dele vou cuidar.
DAMA 1: Eu vou aqui ficar.
DAMA 2: Eu devo vigiar.
DAMA 3: Eu dele vou cuidar.
DAMA 1: Eu fico!
DAMA 2: Eu guardo!
DAMA 3: Eu cuido!
DAMAS 1 e 2: Eu! Eu!
DAMA 3: Eu!
(cada uma para si mesma):
DAMA 2: Eu devo ir?
DAMA 3: Eu devo ir?
DAMA 1: Eu devo ir? (bis)
DAMA 3: Oh, não!
DAMA 2: Oh, não!
DAMA 1: Oh, não!
TRÊS DAMAS: Oh, não! Eu, não! Eu, não! Eu não! Eu, não!
Queriam todas só ficar, aqui ficar. Não vão, não vão, não vão, não vão, mas juntas
partirão, (bis)
mas juntas partirão. (bis)
TRÊS DAMAS:
Daria tudo que eu tenho
para ficar bem junto dele!
Ele seria meu, só meu!
DAMA 1: Seria meu! (bis)
DAMAS 2 e 3: Seria meu, só meu!
TRÊS DAMAS: Mas ninguém vai, ninguém quer ir…
DAMAS 1 e 2: Eu tenho mesmo de partir.
DAMA 3: Eu tenho mesmo de partir. (bis)
TRÊS DAMAS: Eu vou (bis).
Adeus, ó jovem tão gentil,
ó belo jovem tão gentil!
Eu hei de te rever!
Eu hei de te rever! (bis)
Adeus, ó jovem tão gentil!,
ó belo jovem tão gentil!
Eu hei de te rever, (3 vezes)
5/13
rever!
DAMAS 1 e 2: Eu hei de te rever, de te rever!
TRÊS DAMAS: Eu hei de te rever! (6 vezes)”
(As três transpõem o portal do templo, que se abre e fecha por si. Tamino volta a si e
olha ao redor, amedrontado, erguendo um pouco o corpo.)
(Parte falada)
TAMINO: – Onde estou? Será que estou sonhando? Ou será que algum poder mais alto
me salvou? (põe-se de pé e olha em volta) Mas, como? A serpente perversa está morta
aos meus pés? (Ouve-se ao longe uma flauta de Pã, que a orquestra acompanha
baixinho) Pamino fala durante o ritornelo) Que estou ouvindo? Onde estou? Que lugar
será este? Ah… (Um vulto masculino aproxima-se do vale. Pamino se esconde atrás de
uma árvore.)
CENA 2
PAPAGENO:
“Feliz eu vivo a caçar os passarinhos, tra-la-lá!
E por qualquer lugar eu vou, pois todos sabem quem eu sou.
Eu sei mil modos de chamar as aves com a flauta… (toca a flauta)
Por isso posso ser feliz, pois sempre tive o que quis. (toca)
(Depois da ária, Papageno vai entrar no templo, mas Tamino segura-o pela mão.)
(Parte falada)
7/13
PAPAGENO: – Não digas que me tomaste por um pássaro! Para trás, vamos! E cuidado!
Tenho a força de um gigante quando agarro alguém! (para si mesmo): – Se ele não se
assustar comigo, então eu fujo!
TAMINO: – Força de gigante? (olha a serpente) Então foste tu o meu salvador? Foste tu
que lutaste contra esta serpente venenosa?
PAPAGENO: – Serpente? (olha em volta e dá, trêmulo, alguns passos para trás) Ela está
morta ou viva?
TAMINO: – Por tudo que há no mundo, amigo, como lutaste contra esse monstro? Estás
sem arma!
PAPAGENO: – Não preciso disso! Um bom aperrrtão de minha mão vale mais que uma
arma!
TAMINO: – Quer dizer que tu a estrangulaste?
PAPAGENO: – Estrrrrangulei! (para si mesmo): – Nunca, em minha vida, fui tão forte
quanto hoje…
CENA 3
8/13
DAMA 1: – Queres por acaso saber por que a Rainha te castiga hoje de maneira tão
prodigiosa?
DAMA 2: – É para que, no futuro, não pregues mais mentiras para estranhos.
DAMA 3: – E para que nunca te vanglories de feitos heróicos praticados por outros.
DAMA 1: – Responde! Foste tu que lutaste com esta serpente?
DAMA 3 (a Tamino): – Ó jovem, fomos nós que te salvamos. Nossa grande Rainha te
envia esta pintura, que é o retrato de sua filha. Ela disse que, se esta imagem te cativar, a
felicidade, a honra e a glória serão teu destino. Até breve! (sai)
DAMAS 1 E 2 (saem, rindo): – Adeus, senhor Papageno!
(Papageno continua sua mímica de medo. Tamino olha o retrato e se apaixona a tal
ponto, que nem dá atenção a Papageno. Este ou continua em cena ou, como em outras
versões, sai para retornar só no Quinteto.)
CENA 4
Tamino e Papageno
TAMINO:
“Semblante puro, encantador!
Jamais se viu tal esplendor!
Eu sinto, eu sinto o meu peito
vibrar… Não sei o que será (bis)
Que faz tão doce sentimento
arder qual fogo em meu peito?
Tal sentimento não será (bis)
amor? Somente, sim, amor!
Oh, quem me dera encontrá-la!
Já, a seu lado, contemplá-la!
Ao vê-la… quero… Eu nem sei… Que quero eu?
Com tal fervor, meu peito sente
que quer retê-la ternamente.
Será eterno seu amor (três vezes),
eterno seu amor (bis).”
(Parte falada)
CENA 6
RAINHA DA NOITE:
“Tu não terás nenhum temor!
És inocente, sábio, bom.
Assim consolarás a minha mágoa,
que vês nestes meus olhos rasos d’água.
(Larguetto)
Tão grande é o meu tormento,
a minha filha partiu.
10/13
Não tenho mais contentamento (bis).
Um malfeitor, foi ele quem a levou.
Ainda vi seu rosto em pálido receio;
tão tímida, aflita, tremia de medo.
E eu a ver seu sofrimento: ‘Acorrei! Socorrei’
Foi só o que bradou
Mas meu poder não lhe bastou,
e foi em vão que implorou,
e foi em vão, foi em vão que implorou.
Sim, és tu quem deverá salvá-la.
Sim, sim, tu serás seu salvador.
E, se voltares vencedor, a minha filha te darei (bis)!”
(A Rainha sai com as três Damas. Com trovões, a cena se transforma novamente no que
era antes.)
CENA 7
Tamino e Papageno.
(Parte falada.)
TAMINO (depois de uma pausa): – Será mesmo verdade o que vi? Ó bondosos deuses,
não me enganeis! Fortalecei meu braço e minha coragem, e o coração de Tamino baterá
por vós em eterna gratidão!
11/13
CENA 8
Papageno, Tamino e as três Damas
(Parte cantada)
DAMA 1 (a Papageno):
“Em nome da Rainha, eu vim aqui te perdoar.
(tira-lhe o cadeado da boca)
PAPAGENO: Já tagarela Papageno! (rodopia)
DAMA 2: Contanto que não mintas mais.
PAPAGENO: Não minto nunca, nunca mais!
TRÊS DAMAS: Do cadeado lembrarás!
(em seguida cantam juntos):
PAPAGENO: Eu não esquecerei jamais, esquecerei jamais!
TRÊS DAMAS: O cadeado não esquecerás.
TRÊS DAMAS, TAMINO e PAPAGENO:
Quem quer amor e compaixão,
em vez de dor e traição,
também terá de impedir TRÊS DAMAS e TAMINO: o mentiroso de mentir. PAPAGENO: de
mentir (bis)
DAMA 1 (dando a Tamino uma flauta dourada):
Um bom presente eis aqui!
É da Rainha para ti.
Pois esta flauta te ajuda
nos maus azares da fortuna.
TRÊS DAMAS: É só tocá-la por momentos,
e mudarás os sentimentos:
o triste feliz será;
quem não amou irá amar.
TRÊS DAMAS, TAMINO e PAPAGENO:
Oh, tão boa flauta bem mais que ouro valerá.
Ao soar,
fará feliz quem está a escutar (bis),
fará feliz, fará feliz a quem a escutar.
PAPAGENO: E agora, lindas Damas, posso já me despedir?
TRÊS DAMAS:
Logo, logo partirás,
mas o jovem seguirás
ao castelo de Sarastro;
desse rumo não te afastes.
PAPAGENO: Agradeço, mas não vou!
De vós mesmas já ouvi
que Sarastro é feroz;
sanguinário poderia
depenar-me e assar-me (bis)
e aos cães me atirar!
12/13
TRÊS DAMAS: Mas tu ao jovem seguirás
e sua proteção terás.
PAPAGENO: Porém eu prezo minha vida! Só ele deve ir.
E, no final, eu vos afirmo, ele há de fugir.
DAMA 1 (dando a ele um conjunto de sininhos):
Eis esta joia para ti.
PAPAGENO: Não sei… Que haverá aqui?
TRÊS DAMAS: Há sons de sinos pequeninos.
PAPAGENO: E posso eu também tocá-los?
TRÊS DAMAS: Tu poderás também tocar!
TRÊS DAMAS, TAMINO e PAPAGENO:
Com os sinos, com a flauta,
proteção jamais vos (nos) falta.
Vamos! Partamos!
Ao dever! Até mais ver! (bis)
(as Damas vão sair, mas são interrompidas)
TAMINO: Mas o castelo qual será?
PAPAGENO: De que maneira encontrar?
TAMINO e PAPAGENO:
Deveis dizer o que fazer. (bis)
(Andante)
TRÊS DAMAS: Três jovens belos, puros, sábios,
irão guiar os vossos passos.
O que disserem ouvireis
e seus conselhos seguireis.
TAMINO e PAPAGENO:
Três jovens belos, puros, sábios,
irão guiar os nossos passos.
TRÊS DAMAS: O que disserem ouvireis
e seus conselhos seguireis.
TAMINO e PAPAGENO:
Assim fará quem quer vencer.
Partamos, pois! Até mais ver!
OS CINCO: Assim fará quem quer vencer.
Partamos, pois. Até mais ver!
AS TRÊS: Até mais ver! OS DOIS: Até mais ver! (bis)”
(continua)
13/13