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LIVRO DOS

PRECEITOS DE

OURO

108 ENSINAMENTOS

PARA UMA FILOSOFIA

DA NOVA ERA

1
Sumário

Prefácio ............................... 7

Livro dos Preceitos de

Ouro...........................................15

Epílogo..................................94

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LIVRO DOS

PRECEITOS DE

OURO

108 ENSINAMENTOS

PARA UMA FILOSOFIA

DA NOVA ERA

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4
Dedicado a Helena Campos

Motta, minha amada

sobrinha

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PREFÁCIO

A ideia de divindade do homem,

consoante o que se pode observar

socialmente, perdura como um enigma

até os dias de hoje. Tentar desvendar

seus respectivos escopos é,

efetivamente, algo ainda mais

impenetrável. Sem embargo,

conquanto duvidemos dos insignes

mestres do passado, trajados nos

mistérios sacrossantos do oculto e do

7
hermético, eles são aqueles que,

proeminentemente, obtiveram êxito

na busca pelo conhecimento dos

arcanos celestes sob a égide de seres

espirituais que os escoltaram com

magistral tutela. Outrossim, se

refletirmos um tanto mais afundo, a

essência real da natureza humana

está atrelada de algum modo aos

estados deiformes da consciência e,

ademais, tal afirmação é

impreterivelmente algo veraz; face aos

que os mestres e sábios iluminados do

8
passado diziam, como Buda, Jesus,

Lao Tzé, Zoroastro, Krishna,

Tiruvalluvar, Nagarjuna,

Chandrakirti, Shankacharya, Kapila

e &c., o itinerário inequívoco para

atingir as condições supremas e

universais da mente está localizado

dentro do próprio ser. A fim de

alcançar tal realidade, deve o homem,

por conseguinte, possuir uma apurada

autoconsciência do que seu ontos é de

verdade, saber para onde ele se

guiará, descobrir qual o seu múnus

9
fundamental na existência terrena,

desfrutar de um conhecimento

inefável de suas experiências

anteriores e assim por diante; além

disso, deve trabalhar e proceder suas

ações diárias juntamente ao seu

Paratman, i.e., o seu Eu superior, a

Alma absoluta de sua espécie ôntica,

com o propósito de que os resultados

da busca pela iluminação tenham

preclara fortaleza para com o baluarte

sagrado de Ishvara. Conforme os

legítimos Adeptos asseveram, o

10
homem se origina por uma fonte

produtiva cuja geratriz tem como

estro a beleza vista com magnitude no

Cosmos; dessarte, coligimos que o

homem, porventura, sempre tenha

caminhado junto tanto a Prakriti, a

matriz de todos os fenômenos, e

quanto a Purusha, a testemunha dos

fenômenos (malgrado ambas sejam

imprescindivelmente cósmicas,

espirituais e divinas), as quais são os

dois pilares súperos de Brahma; o

desvio da consciência do Eu excelso do

11
ente humano, como deve ser apontado

incontinenti, aconteceu na grande

Queda da humanidade, quando o

mesmo deixou de ser clarividente e

transcendente e passou a ser

imanente e praticamente obliterado

da sua grandeza verdadeiramente

celestial. Em suma, nós somos, na

realidade, deuses que perderam a sua

divindade e converteram-se em seres

profanos e terrícolas; no entanto, estes

estão, apesar de inconscientemente,

sempre à procura de caminhos para

12
retornar a esta sublime realidade, a

qual sempre esteve conosco, embora

não a vivamos com intensidade em

nossas vidas cotidianas. Então, após

todo esse discurso ser transcorrido,

agora, leitor, te interrogo: "Tu almejas

recuperar tua divindade ou

permanecer em teu estágio primitivo e

insciente de mero ser humano?".

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14
LIVRO DOS

PRECEITOS DE

OURO

COMEÇA AQUI

...............................†..........................

1. A magnitude da vida deve

confortar-te ao mesmo tempo em que

deve surpreender-te, de tal modo com

que possas mudar-te e conformar-te,

com efeito, na real magnitude não da

15
vida, mas de ti mesmo, viz., de tua

alma.

2. As palavras dum sábio não são

poderosas em face de quem as

transmite, mas sim, do que se

transmite quando são faladas. A

transmissão da sabedoria não vem à

mente com o simples mover dos lábios,

senão com a própria vontade do

coração e, outrossim, com o próprio

estado d'espírito. Aquele que não

possui o estado d'espírito equilibrado

com a vontade do coração, pode

16
converter a sabedoria em escopo para

fins egoístas, o que é, na pior das

hipóteses, a sua ruína. A sabedoria

destrói o Ego, não o incentiva, pois a

sabedoria é algo importante para o Eu

divino, que vê a criação humana como

universal, não para o Eu humano, que

vê apenas como universo, a criação

humana.

3. Aquele que atravessa a ponte e

chega num destino, deve estar

preparado para quaisquer eventos. A

ponte é fácil de se prever e difícil

17
d’eternizar, mas o destino é fácil

d'eternizar e difícil de se prever.

Destarte, aquele que atravessa o

destino, alcança a eternidade dos seus

próprios passos, e aquele que só

atravessa a ponte, só alcança a

previsibilidade destes.

4. Tudo é, efetivamente, parte de

uma realidade superior, porquanto

todas as cousas então criadas, nunca

vêm dum acaso, senão dum projeto

diligentemente suportado para serem

geradas, cuja origem deve advir de

18
algo de consciência divinamente

superior. Vede a harmonia

estabelecida. Vede a Mãe-Gaia

operando em sinergia com os seres

vivos. Tudo isto não é simples obra do

acaso, visto que o acaso forma cousas

perecíveis, não cousas duradouras. Os

mundos foram projetados para

durarem e perecerem quando não

houver mais chance de durar, mas, a

despeito disto, eles duram e deveras

fazem-no. Assim, tudo o que

discernimos como cousa na Terra, não

19
é fruto do que pode tornar-se

perecível, em virtude daquilo que cria,

cria para durar. E se cria para durar,

o criador deve ser igualmente

duradouro. Mas a obra nunca imita o

criador, dado que sua obra é uma

manifestação que existe ou tornou-se

para ser, ao passo que o criador é.

Tudo que se torna para ser, é

imperfeito. Tudo que é, é perfeito. Eis

então o perecimento dos mundos, e

não do seu criador.

20
5. Não basta ter diamantes físicos

(i.e., possessões grandiosas, de valores

inestimáveis materialmente) se não

tens teus diamantes metafísicos. Os

diamantes físicos, a qualquer

momento, podem se desfazer, colapsar

ou serem desmanchados em qualquer

cataclismo cuja natureza possa-lhes

profligar. Sem embargo, teus

diamantes metafísicos, são aqueles

que se conservam durante toda a vida,

são os que são capazes de fazer-te

enxergar a luz interior, enquanto que

21
os diamantes físicos, só são capazes de

fazer-te enxergar o externo da luz, que

é a própria treva. A distinção

fundamental entre o diamante físico e

aquele metafísico não está

necessariamente nas suas origens e

causas, senão nos seus efeitos e

consequências. A causa concede

somente o que está fronte a face,

enquanto o efeito concede, em

contrapartida, o que está detrás da

face.

22
6. Nem tudo que é fogo, é inferno,

bem como que nem tudo que é água, é

oceano. Nem tudo que queima,

incendeia, bem como que nem tudo

que molha, inunda. Portanto, nem

tudo que existe, o é mau por natureza,

assim como nem tudo que é mau por

natureza, existe assim por natureza.

7. A única autoridade que deve ser

respeitada no mundo é o próprio

respeito que se deve a este. O próprio

respeito que se deve a este não é

cultuar as suas forças, mas sim

23
cultivar e preservar o que há nele e

estar em uníssono com o que ele é.

Conseguintemente, a maior

autoridade do mundo é, pois, o mundo

estando autorizado a ser o maior dele

mesmo.

8. Tu tens de ser a ti mesmo, pois

sendo a ti mesmo, conheces a ti

mesmo, e conhecendo a ti mesmo,

conhecerás a Deus e ao universo, e

conhecendo a Deus e o universo, serás

Deus e o próprio universo.

24
9. O equilíbrio sempre vem de lados

opostos, pois tudo que é oposto, sente

as necessidades das propriedades

doutro (que é, com efeito, oposto) para

completar as suas próprias.

Completando as necessidades,

completa-se a vontade do ser, e

completando-se a vontade do ser,

completa-se o ser, e completando-se o

ser, perfaz-se o equilíbrio entre os dois

agentes que, outrora, configuraram

tal incidência de poder não só

equilibrante, mas também unificador.

25
10. Tudo que existe no céu, existe

na terra. A diferença é a consciência

de que existe efetivamente o povo do

céu, do povo do terra. Se a terra

percebesse profundamente as cousas

que existem no céu, ela seria o próprio

céu. O céu, para terra evoluir, deve

fazer com que, paulatinamente, esta

enxergue as cousas que há em seu

interior; e, pois, enxergando a terra as

cousas do interior do céu, ela agrega

estas mesmas ao seu próprio interior.

Agregando estas cousas ao seu próprio

26
interior, ela obtém as marcas do céu; e

obtendo as marcas do céu, ela se torna

o próprio céu, como dantes inferido.

11. Sê devagar como uma

tartaruga, para caminhar. Sê forte

como um elefante, para resistir. Sê

perspicaz como uma coruja, para

saber. Caminhando, resistindo e

sabendo, como estes três animais,

terás a mais resistente, sábia e

peremptória recompensa: a

Iluminação da mente. A Iluminação

da mente, pois, exige que tudo se faça

27
paulatinamente, como o caminhar

duma tartaruga; exige que tudo se

faça com vontade, como o resistir dum

elefante; exige que tudo se faça com

sabedoria, como a perspicácia duma

coruja.

12. A Lei da Natureza nos outorga

que alcancemos o estágio divino da

sabedoria, mas o mesmo não se aplica

a Lei Humana que nos outorga que

não sejamos tampouco sábios. Tudo

que é humano, perece (sic), e tudo que

é natural, se eterniza. Sabemos que a

28
sabedoria genuína e, outrossim,

natural se conserva e é, dessarte,

imortal. (Contanto que os

materialistas objetem este asserto

com veemência, não podemos negar

que a natureza é divina, por isso, a

associação direta entre os vocábulos

"natural" e "divino"). Logo, o que

perece, não guarda sabedoria, e logo, a

Lei Humana também não a armazena.

Para ser e ser sábio, é preciso

entender completamente as Leis da

Natureza. Entendendo

29
completamente as Leis da Natureza,

começa a viver sob as Leis da

Natureza. Vivendo sob as Leis da

Natureza, começa-se a viver (já que se

alcançou) a sabedoria divina.

Alcançando (e vivendo) a sabedoria

divina, vive-se, pois, no estado divino

da Lei Total.

13. A fortuna dos homens é o

próprio reconhecimento de que para

eles, existe oportunidades para se

criar uma fortuna não humana, e sim

divina. A fortuna humana apenas dá

30
prazer, e este prazer, sobremais, é

algo sem ventura, que não está

uníssono com o Cosmos, pois sempre

tende a lascívia, a promiscuidade e a

aleivosia da própria alma. A fortuna

divina, por outro lado, traz a

verdadeira felicidade, e esta faz com

que o indivíduo se sinta num lhano

paraíso, pois justamente, este é o

efeito sumo da verdadeira felicidade.

O indivíduo, na fortuna divina,

reconhece o seu Eu (i.e., o Eu

transcendente e generoso), enquanto

31
que na fortuna humana, reconhece o

seu Ego (i.e., o Eu imanente e

egoísta).

14. O homem é um rei e seu reino é

aquele angélico e celestial, pois é lá

donde realmente veio e para onde

deveras voltará. Se o Altíssimo, o

divino dos divinos, criou o homem à

sua imagem e semelhança (cujas

palavras necessariamente implicam a

similitude dos poderes d'homem aos

poderes do Altíssimo), como resultado,

o homem é a imagem do Altíssimo e

32
possui o mesmo semblante que ele;

logo, o homem é o próprio Altíssimo

na sua natureza mais íntima. Tendo

isto como a premissa, e a outra que

agora dir-vos-ei, que se refere ao fato

de que o Altíssimo é por obviedade

angélico e celestial, porquanto ele

comanda os céus e os anjos; por

conseguinte, o homem é angélico e

celestial, e logo, seu verdadeiro reino é

este, e não aquele puramente

humano, efêmero e mundano.

33
15. A magia do mundo não está nas

ações em si, mas em suas intenções. A

intenção, consoante a sua própria

inferência prístina, é a vontade, logo a

magia do mundo se dá pela vontade

que se coloca n'ação, e não na própria

efetivação desta. Assim, falar-vos-ei

que o homem é um mago, porque se

ele está conectado com as forças da

natureza, e ele é celestial, e sabemos

que o celestial controla como pontífice

potestade as forças da natureza, logo o

homem controla as forças da natureza

34
em sua grandeza mais íntima.

Devemos ter em mente que o mago

controla as forças da natureza, e se o

homem o faz com exatidão, como de

antanho apontado, logo, todo homem é

um mago e é capaz de ser,

efetivamente, um mago do mundo.

16. A aquisição de mais sabedorias

não leva ao reconhecimento de que o

indivíduo é sábio, mas à condição

mister de que ele é um ignorante. O

sábio tem em mente de sua

ignorância, pois ele sabe que a

35
unidade é muito maior do que ele. A

unidade sendo muito maior do que o

homem, logo, o homem é ignorante

desta e a unidade, sábia deste.

Entretanto, o sábio é, pois, sábio, não

devido à sua sabedoria da unidade,

mas sim de seu entendimento de que

a unidade é sábia, e não ele. Destarte,

qualquer tentame do homem ser

considerado univocamente sábio é

irrisório, insustentável e beira a

bazófia das bazófias.

36
17. Ouve o teu Deus Interior; se

ouvi-lo, porventura, terás de

desdobrar a ti mesmo e tentar não

alcançar o Deus interior em si, mas ao

Deus existente em todas as dimensões

da consciência cósmica. Teu Deus

interior é Aquele que todos têm no

íntimo supremo; contudo, nem todos

têm a consciência do Deus cósmico

internamente. É preciso lutar contra a

própria corrente para atingir tal nível

de conhecimento e conseguir entender

37
a Deus; entendendo a Deus, entendes

a Tudo, sobretudo, a ti mesmo.

18. Honra-te e sê! Eu ta concedo a

dádiva das dádivas! Agora, brilha

como o crepúsculo, amacia-te como um

rio de leite e mel, sacraliza-te como

um bhikku, e sacralizando-se,

brilhando e amaciando-se, serás

verdadeiramente de honra, porquanto

esta requer a virtude sacra dum

bhikku, a flexibilidade dum

movimento suave do rio de leite e mel,

e a inteligência fulgurante dum

38
crepúsculo. Se fizeste-lo, com efeito, és

o honrado dos honrados!

19. Tem cuidado, ó Discípulo, com

os obstáculos na tua jornada

espiritual! Tenta atravessá-los não

com tua força física, mas sim com a de

teu pensamento. Tudo o que pensas

com relação à realidade, a realidade

faz para ti de retorno. Se tua mente

estiver boa, os obstáculos serão menos

duros. Se tua mente estiver má, os

obstáculos serão mais tortuosos. Tem

cuidado, então, ó Discípulo,

39
novamente, pois o Universo gira em

torno da mente e a mente gira o

Universo!

20. O melhor caminhante, quiçá,

não é aquele que melhor logra cruzar

os caminhos, senão o que consegue

tornar o caminho ele mesmo. Tu és

teu caminho! Tu andas, e se andas,

vais para alguma direção. Não deixes

que a direção te leve, porquanto tu

hás de levar a direção a favor de ti.

Este é o nobre caminho. Depois de

tudo controlado, quando cruzares com

40
uma obstância, não deixe que a

obstância te sobresteja, porquanto tu

hás de sobrestá-la de te sobrestar.

Assim, feito as duas cousas, caminha.

Caminha e perceberás que tu tornaste

não só um mero viajor do caminho,

mas o próprio caminho, pois tu fizeste

deste, o teu viajor. Se conseguiste, a

Iluminação, pois, já foi proporcionada,

visto que, precisamente, este é o

caminho da Iluminação.

21. O desejo é inimigo do Eu divino.

"Por quê?", tu me interrogas. Pois

41
bem. Vejamos que tudo o que desejas,

cria uma realidade. E esta realidade,

vinda do teu desejo, serve unicamente

a ti, a mais ninguém. Se isto serve

unicamente a ti, logo, somente tu

poderás usufruir. Se somente tu podes

usufruir, portanto, estimula o teu

egoísmo. Estimulado o teu estímulo,

estimular-se-á a ganância e assim por

diante. Nós sabemos que o egoísmo é

adversário do divino. E seu efeito, a

ganância, também o é. E se o desejo

desenvolve ambos, portanto, este

42
também se opõe claramente ao Eu

divino. Assim, para alcançar o Eu

divino, a vontade de desejar deve ser

extremadamente rejeitada, e, daí,

eliminada.

22. Misteriosa é a existência do

próprio mistério, porquanto se o

criador deixara conosco toda a divina

sabedoria, total e ubíqua, ora, porque

há ainda mistérios circulando n'alma

do mundo? Pois bem. Aquele que só vê

a matéria como realidade máxima, é

óbvio, subsequentemente, que haverá

43
mistérios, devido ao fato que nem

todas as cousas podem ser elucidadas

materialmente. Deste modo, se nem

todas as cousas podem ser elucidadas

materialmente, estas mesmas devem

ser elucidadas de uma forma em que

supere a matéria bruta e densa, que é

a elucidação através do espírito. Se

elucidamos as cousas puramente

materiais por meio da matéria e

também do espírito, se porventura for

algo insustentável materialmente, e

as cousas espirituais mediante o

44
espírito, logo, não haverá mais

mistério. O mistério do mundo se

resolve quando o espírito, a alma e o

corpo são usados associadamente

amiúde na resolução das cousas

pertencentes a sua real natureza.

23. Trabalha conjuntamente com a

Mãe-Natureza; ela te verá não só

como seu preservador, senão como um

verdadeiro criador e, ela te prestará,

pois, obediência. Aqueles que cuidam

genuinamente da Mãe-Natureza, com

efeito, são-lhe fidos e, outrossim, são

45
seres genuínos da Mãe-Natureza. Em

adição a tal asserto, devo declarar que

os seres genuínos da Mãe-Natureza

são, além de cooperadores supremos

desta, representantes da supremacia

natural d'homem, pois o homem

supremo está frequentemente

uníssono com a supremacia da Mãe-

Natureza, e, pois, a sua consciência,

da mesma forma, está supremamente

em uníssono com a própria.

24. Nas águas da verdadeira

renúncia, ninguém pode ser

46
sacrificado senão o espírito a favor de

Deus. A verdadeira renúncia é, pois,

aquela feita à matéria, a qual deve ser

o ato que permite com que o ser seja

acedido ao espírito, ou a realidade de

Deus. Por conseguinte, todo o ser que

se banha nas águas da verdadeira

renúncia, banha nas águas do

verdadeiro homem que é, destarte, o

verdadeiro Deus.

25. O homem deve ser puro como

uma criança, forte como um leão,

sagaz como uma raposa e instruído

47
como uma serpente. A criança é o

corpo d'homem, o leão é alma

d'homem, a raposa é o espírito

d'homem e a serpente é a coroa arcana

e divina d'homem. Por isso, a

sabedoria, somente ela lha oferece e

mais ninguém.

26. O amor inspira, visto que ele é

a inspiração de si mesmo, i.e., o amor

faz inspirar o amor.

27. É preciso buscar a verdade em

liberdade, pois a verdade, sendo livre

por natureza, e o livre, verdadeiro por

48
natureza, logo, a verdade deve ser

livre e seu buscador, também.

28. As virtudes são as bases

centrais do êxito espiritual de toda a

criatura. O êxito espiritual de todas as

virtudes se concentra na criatura

reconhecer que ela é naturalmente

virtuosa. E reconhecendo que ela é

naturalmente virtuosa, ela intentará

a todo custo alcançar as virtudes

espirituais. Alcançando as virtudes

espirituais, ei-las como êxito vital.

Sendo êxito vital, e sendo, outrossim,

49
êxito espiritual, logo, a luz da

sabedoria divina, através da devoção

virtuosa, é, da mesma maneira,

atingida.

29. A menos que estejas

colapsando, avondosamente enfermo

ou com a carne putrefata, tu não

poderás, de algum modo, ver a ti

mesmo no Bem Supremo.

Desdenhadas estas condições

embaraçosas em alguns de vossos

casos, porventura, podereis ver o Bem

Supremo. O Bem Supremo é como o

50
Sol coruscando com nímio radiante

nos templos e nas choupanas. É a

total igualdade da ciência do

Provimento para todos os seres vivos.

O Bem Supremo, na verdade, é a Lei.

Para se atingir o Bem Supremo (ou a

Lei) neste mundo tão pérfido, iníquo,

filaucioso e apegado sobejamente aos

objetos dos sentidos, é preciso

abandonar todas estas malezas

herdadas da dualidade e tentar

compreender completamente o Bem

Supremo da Unidade. Interpretando

51
completamente o Bem Supremo da

Unidade, alcança-se o Bem Supremo.

Alcançando-se o Bem Supremo, a

carne putrefata se cura, a

enfermidade é curada do mesmo modo

que ela foi ocasionada, e o colapso,

então, não existe mais; logra-se, com

efeito, a Imortalidade d'Alma!

30. A proporção do que tu fazes é a

mesma daquela que tu recebes

ulteriormente aos teus atos.

52
31. Sê-Te, vê-Te e conhece-Te. Ser,

ver e conhecer o Eu divino é ser, ver e

conhecer a Deus e ao Universo.1

32. O verdadeiro amigo não é

aquele que, por amizade, declina e te

acompanha em que tua queda, mas

que, pela mesma razão, te ergue e te

reanima nos teus infortúnios (os

quais, ademais, são uma espécie de

queda).

1 Vide preceito §8.

53
33. O santuário de tuas sensações

deve ser o ar que tu respiras, a

palavra que tu dizes, o olor que tu

trescalas e o som que tu ouves. Se

respirares o ar do santuário, se

dizeres a palavra do santuário, se

trescalares o olor do santuário, se

ouvires o som do santuário, tu não só

terás as sensações do sagrado em ti,

como tu serás sagrado e o próprio

sentido do sagrado. Eis então o lídimo

sacramento.

54
34. Ora no fundo do teu quarto,

solitário; ora para evitar sons

exteriores; ora, pois, em silêncio. Se

orares meditando, os sumos efeitos da

oração meditativa (ou da meditação

per se) aparecerão irrefragavelmente.

Se os sumos efeitos da oração

meditativa aparecerem, isto significa

que a luz de teu Deus interior,

provavelmente, alcançar-te-á.

Alcançando-te a luz do teu Deus

interior, tu entrarás dentro Dele e sê-

55
Lo-ás. Este é o escopo supremo da

oração e nada mais.

35. A humildade não é somente a

chave para o reconhecimento da

ignorância humana, senão a que guia

o homem ao reconhecimento da

inteligência divina, e também, ao

líbito para a sua busca infinda.

36. Existem duas doutrinas

principais no mundo: a Doutrina

d'Olho e a Doutrina do Coração. A

Doutrina d'Olho diz: "Tu, ó, homem,

deves experimentar as cousas

56
somente material e tangivelmente

para criar conhecimento!". A Doutrina

do Coração afirma: "Tu, ó, homem,

deves cultivar teu corpo, tua alma e,

mormente, teu espírito, a fim de criar

conhecimento!" Aquele que busca a

sabedoria, deve transcender a d'Olho e

se configurar em consonância com a

do Coração. A do Coração, sente o

Universo no seu interior, mas não

ignora o exterior; o Olho, somente vê o

Universo no exterior, e ignora o seu

interior. É preciso sentir mais as

57
cousas profundamente do que

somente vê-las superficialmente. Não

obstante, os homens mundanos,

infortunadamente, praticam amiúde o

segundo ato. É preciso reverter este

quadro e somente tu podes fazê-lo! Tu

e tua verdadeira Doutrina Secreta!

37. A Roda do Karma é guiada por

Deus e consumada pelos homens; o

Cerne do Karma é marcado pelas

revoluções humanas e proteções

divinas. Destarte, dever-se-á

examinar que o Karma é de ação

58
divina e reação humana, ao passo que

o Dharma é de ação humana e reação

divina. O Dharma é evolucionário; o

Karma é revolucionário. A conjunção

dos dois significa a fusão entre a ação

e reação humanas e a ação e reação

divinas, terminando, pois, o ciclo de

reencarnações daqueles que sofreram

tais influências.

38. O Dharma primordial é a

incorporação do Buddha na

permanência e na imortalidade. O

Buddha primordial, portanto, é a

59
incorporação permanente e imortal do

Dharma.

39. Ó, Lanoo, dir-te-ei: É mais fácil

se perder ao lado duma multidão nas

cidades do que solitário num obscuro

souto. Numa multidão, tu não és o Eu

divino, mas o Eu humano. Lá, não se

pode esplandecer a sublime

consciência d’homem, porquanto não

há espaço para tal. A perdição, nesse

sentido, é o afastamento d'homem de

Deus em face do contato tumultuoso e

angustiante do corpo social nestas

60
condições extremadamente avóis e

lancinantes. Num obscuro souto,

solitário, tu podes, quiçá, acomodar-te

no relvado neste existente, e meditar

em uníssono com Deus. Não há

ninguém para poder estorvar-te. Daí,

resulta que tu podes esplandecer e

desenvolver teu Eu divino. Aí, tua

perdição espiritual já não existe mais.

A diferença entre a multidão nas

cidades e o ermo no souto é o simples

fato do espaço para demonstrar quem

é tu mesmo, não no grau espacial dos

61
outros "eus" 2 ambientalmente

existentes. Assim, eu te digo, ó,

Lanoo.

40. Para alcançar o

Autoconhecimento, é preciso amar-te

e amar o conhecimento. É preciso

observar o teu interior e do

conhecimento. É preciso impulsionar

teu Eu divino e o do conhecimento. É

mister, na realidade, ver a luz que

existe dentro de ti e também dentro do

2 Malgrado seja gramaticalmente errôneo,


mister asseverar que o plural de “eu” é
entendimento como o “eu” coletivo a fim de dar
sentido e prossecução ao ensinamento então
soerguido.
62
conhecimento. Feitas estas quatro

cousas, terás prerrogativas suficientes

para alcançar com plenitude o tão

esperado Autoconhecimento.

41. Olhai para o Nyima 3 , fixai

vossos olhos no seu âmago radiante e

descobri o Nyima dentro de vós. Assim

que despertar vossos poderes

mediante esta autodescoberta,

inferireis que Nyima é divino e vós,

também.

3 Significa “Sol”.
63
42. A alegoria da estrela da manhã

menciona a radiação sempiterna do

ser, até mesmo na luz solar matutina,

pois aquele que brilha,

incondicionalmente fá-lo. Se

incondicionalmente fá-lo, não há

condições para poder parar de brilhar.

Se não há condições para poder parar

de brilhar, por conseguinte, pode-se

brilhar a todo o momento, até mesmo,

de manhã. A alegoria da estrela da

manhã, ei-la elucidada.

64
43. Os candidatos da luz são vários,

mas seus verdadeiros discípulos (ou

mestres) são poucos.

44. A salvação não é credo, oração

ou meditação; a salvação é o ato do

discípulo da Luz se converter em

mestre da Luz. Aquele que excede a

sua função de subordinado em relação

às cousas e se torna seu comandante,

é, pois, o verdadeiro salvo.

45. O revestimento das trevas se

situa sobre a matéria negra ao passo

que o revestimento da luz se situa

65
sobre o espírito de Luz, e,

conseguintemente, o espírito de luz

cobre a matéria negra e o

revestimento da luz cobre o

revestimento das trevas nos processos

nirvânicos ou de Iluminação. A

Iluminação é a vitória da emanação

da Luz contra a desarmonia

emanadora da Treva e, pois, a

harmonia emanadora da Luz em favor

da inexistência da Treva é a Ascensão.

66
46. A chave para o Gnyana 4 não

está no céu ou na terra, senão dentro

do teu céu e de tua terra. É um oceano

profundo a desbravar, a tua própria

alma. É preciso vontade, é preciso

força. Mister afirmar que é necessário

a ajuda daqueles que dominaram

dantes o Gnyana. Nada se resolve

sozinho senão o Autogerado, e nada se

gera nas criaturas per natura senão o

próprio Gnyana.

4 Significa “conhecimento”.
67
47. A paciência é uma virtude que

muitos aconselham a ter e poucos têm

de modo aconselhável.

48. A indiferença ao prazer e à dor

é a ilusão conquistada através da

verdade por si só despercebida e pela

percepção por si só falsa.

49. Antes de se abrirem os portões

d'alva dourada, tu deves separar teu

corpo de tua mente, dissipar as

sombras e viver, pois, no eterno. Tu

tens, previamente, de viver, meditar e

respirar sobre tudo; ver-te em todas as

68
cousas e todas as cousas em Ti. Daí,

tu poderás ver a alva dourada sobre ti

e, sobretudo, em Ti.

50. Antes que tu pares no limiar do

itinerário; antes de cruzares com o

Portal Primordial, tu hás d'estar

preparado para reagir ao Dharma, ao

Prajñā e à Lei Dourada. Então, se

feito, tu poderás ecoar tua alma como

um Vina e estar conectado, numa

respiração entonada, com a Alma

Universal.

69
51. A Chave Suprema, alguns

chamam de Jeová, outros de Zeus,

outros de Brahma, alguns outros de

Amaterasu, mas a Chave Suprema,

na verdade, és Tu mesmo com tua

Chave e tua Supremacia que tas

foram dadas pelo Supremo Eu na

Gênese do Todo de Ti mesmo.

52. O portal da sabedoria é amplo e

largo, de grande acesso. A estrada que

leva até lá é reta, víride e suave. É a

marca espelhada do paraíso do

Amittaba. Para chegar lá, é preciso ter

70
consciência de que a realidade interior

de Ti é ampla e larga; que as suas

formas de manifestação, sobretudo,

aquelas d’andança d’energias, são

retas, vírides e suaves; que seus

vestígios são efetivamente a marca

espelhada do paraíso do Amittaba.

Feito isto, o portal da sabedoria já foi,

com efeito, cruzado, alcançado e

desfrutado por Ti.

53. Na essência de Kshanti 5 ,

salvanor! banha tua alma! E,

5 Significa “paciência”.
71
doravante a isso, sê peregrino do

Verbo e do Princípio e, outrossim,

atravessa o portão da fortaleza e da

paciência!

54. Quanto mais tu avanças, mais

teus pés conhecerão as armadilhas. E

quanto tu mais conheces as

armadilhas, mais sabes o quanto tu

tens ainda de avançar nesta longa

jornada que é o

Madhyamāpratipada6.

6É o caráter principal pelo qual se dá o


caminho que leva ao Nirvana.
72
55. O caminho que te guia, quando

tu mais avanças, é iluminado por um

fogo, o qual deve ser a luz d'audácia,

queimando no coração. Dessarte,

quanto mais tu atreves, mais cousas

tu obterás.

56. Teu corpo é teu escravo, tua

alma é teu patrício e teu espírito é teu

imperador!

57. Hás d'estudar, ó, Lanoo, o vazio

do pleno aparente e a plenitude do

vazio aparente. Depois d'estudar, eu

te indago: "Ó, aspirante destemido,

73
olha profundo no teu coração.

Responda: "Sabes do Eu os seus

poderes?" Se a resposta for negativa,

portanto, tu estás perdido.

58. A mudança do Eterno é não ter

mudança.

59. Sisudez e exigência são os

atributos virtuosos de Virânga7.

60. Tudo é vário e instável

n'homem salvante a pura essência do

seu Alaya8.

7 Significa “paciência”.
74
61. O orgulho decerto frustraria o

trabalho do buscador do Nirvana.

62. Tua Alma há de tornar-se uma

manga sazonada, sabável e

incrivelmente édula.

63. Endurece tua Alma, ó, Lanoo,

contra os aboizes do teu Eu.

64. Tu tens de sentir em ti mesmo o

Pensamento Absoluto e ainda exilar

todos os outros de tua Alma.

8 Significa “substância eterna”.


75
65. O portal para o Dhyâna9 é como

um vaso de alabastro, branco e

transparente; dentro dele vige uma

chama dourada fixa, o lumaréu do

Prajñā que irradia do Atman. Tu és

este vaso.

66. A face de vosso Guardião-

Mestre é como o Sol nascente do

pensamento imortal que lança as suas

prístinas mais gloriosas ondas

radiantes do calor sagrado. Sua mente

é como um pacífico e ilimitado oceano,

9 Significa “estado de meditação


transcendental”.
76
espalha num espaço sem margens. Ele

mantém a vida e a morte em sua forte

mão.

67. Dá luz a todos, mas não tomes

de ninguém.

68. O “Muro-Guardião” que fora

edificado pelos Mestres da

Compaixão, erguido através de seus

brios pungentes, por seu sangue

cimentado, está sempre

salvaguardando a humanidade, desde

que o homem é homem, protegendo-a

de mais miséria e tribulação.

77
69. O Alaya é a essência universal

sem fronteiras, a luz do Direito

sempiterno, a capacidade de todas as

cousas, e a Lei do Amor Imortal e

Incondicional.

70. Tu tens que alcançar a fixidez

de tua mente na qual nenhuma brisa,

por mais que seja forte, possa soprar

um pensamento terreno dentro de ti.

71. Os diamantes enterrados no

fundo dentro do perturbador coração

da Terra pode nunca espelhar as luzes

78
terrenas; estas são tua alma e tua

mente.

72. É o centro d’olhar d’Alma na

Pura Luz, a Luz que é livre d’afeição,

e usa tua Luz dourada.

73. Se tu dominasses o caminho, tu

terias de manter tua mente e tuas

percepções mais livres do que antes da

sua ocisão.

74. Não deixes com que teus

sentidos façam de tua mente um circo

alvorotado.

79
75. Tu não deves separar o teu ser

do SER, e o resto; entretanto, imerge o

Oceano na gota, e a gota dentro

d’Oceano.

76. Sê o tecedor de tua própria

Liberdade.

77. Sê de bom ânimo, ó, Lanoo, e

domina a Lei Dourada.

78. Teu tempo d’escolhas virá, ó, tu

de ávida Alma, quando tu tiveres

alcançando o fim dos 7 portais para a

80
Eternidade: Dâna10, Shîla11, Kshanti,

Virag12, Virya13, Dhyâna e Prajna.

79. O caminho para a Suma e Final

Liberdade está dentro de Ti.

80. (continuação da seção 79) Este

caminho começa e termina

externamente a Ti.

81. Tudo que se sente das Forças

Cósmicas é, com efeito, o

desdobramento do Mistério Supremo.

10 Significa “caridade e amor imortal”.


11 Significa “chave para a sagrada
harmonia”.
12 Significa “verdade por si só notada”.
13 Significa “intrépida energia”.

81
82. A similitude da glória das

Formas manifestadas em teu ser é,

pois, a Revelação Absoluta do Ser.

83. Tu jamais podes, com a ótica

humana, alcançar o caráter majestoso

dum ser divino.

84. Todo o esplendor, toda a

maravilha e toda a aberração são a

vastidão contemplativa da própria

mente do Todo-Poderoso.

85. (continuação da seção 84) Por

conseguinte, as incontáveis formas

82
místicas envolvem sempre em uma

Forma, em uma Essência e em uma

Condição de Ser.

86. As respirações de cada essência

sutil são provindas dos bálsamos

celestiais, que sustém cada respiração

essencial das sutilezas irrestritas de

substâncias do próprio Céu e,

também, da Terra.

87. Deus, sentado sozinho no Teu

trono de lótus, és o Santo, o Sábio,

protetor da santidade e da sabedoria

de todas as raças e de todos os tronos.

83
88. O Amparo é simplesmente

fornecido com a finalidade de abrigar

as Leis das Virtudes.

89. A fonte donde a correnteza da

Vida traça sua rota é pertencente a

todas as águas de todos os rios de todo

o ser.

90. A força d’Alma é abandonada se

a força do Coração partir da força do

Espírito d’homem.

91. O Egoísta devota a sua vida

para nenhum propósito.

84
92. Com uma poderosa varredura

das ações que não contém errores, a

Grande Jornada da Liberação

Espiritual traz às vidas mortais de

sofrimento ou de bem-estar, a

progênie kármica de todos os nossos

pensamentos e ações.

93. Dá para eles hoje, e tu

receberás deles amanhã.

94. A Renúncia do Eu materialista

gera o doce fruto da Liberação final.

85
95. O homem que não atravessa o

seu caminho apontado na vida, vive,

pois, em vão.

96. Se tu não podes ser o Astro-Rei,

serás apenas um planeta atrasado e

húmil.

97. Aprenda, ó, Lanoo, antes de

querer dar teu primeiro passo no

Grande Caminho da Liberação, a

discernir o real do falso e o sempiterno

do fugaz.

86
98. Na verdade, és Tu mesmo o

escopo do Caminho da Iluminação.

99. (continuação da seção 98) Logo,

tu és o Som do Universo, tu és o

Mestre, tu és Deus!

100. Tu, ó, Lanoo, és o praticante e

a testemunha, és o radiador e a

radiação, és a Luz do Som e o Som da

Luz.

101. Destrua teus pecados, e faze-

los mudos para sempre.

87
102. (continuação da seção 101)

Faze-lo antes que tu alces um pé para

montar-te na Escada para o Paraíso,

pois senão feito, poderás contaminá-lo

e tu serás também; contudo, com

efeitos dobrados.

103. O primeiro mortal dos homens

é aquele que se revolta contra a

realidade de Imortalidade Humana

por meio da Primazia Divina.

104. Mata em ti mesmo as

experiências passadas. Não olhes para

trás ou estarás perdido.

88
105. É por alimentar o vício que

Mara 14 expande e se torna forte,

assim como o verme que aplaina no

coração da inflorescência.

106. Luta amiúde contra o pessoal,

o transitório, o evanescente e o

perecível.

107. Antes que a Kundalini possa

te tornar um deus, tu tens que

conquistar a faculdade de destruir a

tua forma lunar ad libitum.

Antecipadamente a compreensão da

14 Significa “demônio”.
89
mente de tua Alma, o broto da

personalidade deve ser esmagachado e

o verme dos sentidos destruído

passada a ressureição.

108. Ó, Deus. Tu és onipresente,

onisciente e onipotente. Tu estás em

tudo e nada está além de Ti. Tu és

nossa Mãe e nosso Pai e nós todos

somos Teus filhos. O quer que faças,

fazes para nosso bem. Tu és um

oceano de piedade e Tu sempre

perdoas nossos erros. Tu és nosso

mestre e Tu nos guias

90
invariavelmente à perfeição e à

justeza. Agora, nesta grandiosa sala,

estão os representantes eleitos das

pessoas da Terra. Eles estão prontos

para cumprir seus deveres. Ó, Deus,

guia-os em seus pensamentos e ação

para que eles sejam capazes de lograr

e dar o Bem Supremo para todos.

Então: que todos possam ser

sobremodo felizes, que todos sejam

livres das enfermidades, que todos

possam realizar o que é sobremaneira

bom, que ninguém esteja submisso à

91
penúria e à taciturnidade. Paz, Paz,

Paz para todos!

ÔM VAJRAPANI HUM

...........................................................

TERMINA AQUI

92
93
EPÍLOGO

Deliberando com a resolução de que

a unidade está totalmente situada

com desenvolvimento imaculado e seu

engendramento são todos

prosseguidos em uníssono com o bem

ilimitado das leis unívocas, em

conformidade com nossas

contemplações ponderadas feitas fora

do tempo sobre a natureza das cousas,

nossa inteligência nos afirmará

brevemente, que alguma entidade


94
oculta e invisível (ou entidades, cujo

conceito até o momento, passa por

uma mudança nos princípios religioso-

filosóficos de cada pessoa), seja de

forma sutil, seja na aparência física, a

superintende e a inventa com

elevadas destrezas. Além disso, se

presumirmos que a unidade é

totalmente elevada por formas

sapientes e simbolizadas com um

valor arcano interior, e estas

endossam a essência de nossa

percepção, podemos inferir que elas

95
têm um empreendimento de geração

no arranjo sistemático e repartidor de

suas manifestações. Por meio disso,

podemos concluir que existe um

mandamento absoluto segundo o qual

a vida é concedida aos seres que

participam da unidade. Numa leitura

pontifical, seria o Todo-Poderoso

fundado na dogmatologia cristã. Não

obstante, argumentaremos mais a fim

de corroborar e elevar o rigor e a

veracidade de nossa conjectura teórica

sobre esse assunto.

96
Podemos evidenciar a existência de

um ser supremo e sagrado por meio de

pesquisas ontológicas. Considerando

que o ser tem uma disposição corporal

em retidão indiscutível, então

garantiremos que ele não tem de fato

uma origem preservada na afirmação

"ex nihilo", devido ao fato de que ex

nihilo nihil fit.

Essa máxima é verdadeira devido

ao fato de um valor nugatório ou vago

sempre gerar um na mesma

composição. Se fosse assim o universo,

97
cousas com valores inteiros e

eminentes, conferindo vantagens

proeminentes ao desenvolvimento

ambiental, onde estão situadas, não

existiriam, como planetas, seres,

ordem cósmica, &c. Por isso, direi que,

embora Deus fosse uma niilidade ou

uma vacuidade no início, ele geraria

tudo o que existe, porque ele não tem

o requisito de espalhar as substâncias

da forma com forma, volume e

densidade, na medida em que Ele está

longe da constituição material. Ele

98
governa as dimensões espiritual e

carnal; portanto, mostrarei uma

suposição que declara que se pode

deduzir que Deus tem todas as

modalidades de manifestações

propostas a ele. Portanto, podemos

verificar que a disposição sólida do

ser, de acordo com o que ratificamos

até agora, pode afirmar

ontologicamente a existência de Deus.

No entanto, estávamos contemplando

o ser físico ou a variedade corporal da

investigação ontológica. Agora,

99
examinaremos o metafísico com um

tipo de postulado semelhante a

qualquer contradição no modus

operandi de nossas elucidações.

O espírito compreende desde

substâncias etéreas a substâncias

fúlgidas, embora nenhuma delas

esteja relacionada ao volume

compacto como a matéria, uma vez

que são organizadas pela parte da

existência, na qual se pode obter a

perpetuidade da alma e a suprema

importância da perspicácia e da

100
grandeza conscienciais. Devemos ter

em mente que, se Deus é

principalmente espiritual, o principal

ka da unidade (de acordo com o que o

povo egípcio gostaria de doutrinar),

portanto, o espírito é uma expressão

desse movimento energético e

incessante no incorpóreo,

transcendental e tipo extramundano

de realidade. Assim, o espírito existe

devido à providência de sua

substância sutil, quintessencial e não

material, que é consumada

101
normativamente por Deus. Além

disso, devo observar que as realidades

espirituais são mais adjacentes à

natureza divina do que o assunto não

exclusivamente por causa da

superioridade delas; sem embargo,

devido à ciência natural e intuitiva

mais completa dos aspectos principais

de Cosmo e, da mesma forma, aos de

Deus.

Em uma investigação gnosiológica,

mostraremos que os indícios de nossa

formação de conhecimento são

102
classificados na magnitude das ideias,

que, discernivelmente, estão situadas

em um local insensível, intangível e

imaculado, onde podem prosperar e se

propagar livremente. As ideias, como

eu já havia comentado anteriormente,

são metafísicas, transcendentes e

inerentes ao espírito; no entanto, elas

podem ser distorcidas e mostradas em

vão no assunto. Nada obstante, seu

núcleo está localizado no plano

espiritual no qual eles podem

empregar e fornecer sem incômodo.

103
Devemos levar em conta que a

intangibilidade das ideias e seu

esforço perfeito na dimensão carnal

nos mostra que alguém tem a

meticulosidade consciente de conceder

uma conduta justa – e essa é Deus.

Tu perceberás que, para um

conhecimento teleológico, a existência

de Deus é absolutamente necessária.

Temos três classes de raciocínio

apropriado expostas nesta questão. A

primeira classe é sobre o caráter

inevitável da existência de Deus.

104
Desdobrando uma disquisição nesta,

devo dizer que o universo seria um

infortúnio repleto de flagícios e um

desordenamento hediondo se ninguém

pudesse superintendê-lo com

sabedoria e fidelidade e entendê-lo

profundamente para condescendê-lo

como base segura e inviolável da

existência. Portanto, Deus deve

existir. A segunda classe está no que

diz respeito ao elemento inviável da

existência de Deus. Ao fazer uma

exposição para responder a essa

105
pergunta, devo transmitir a ti, meu

leitor, que, para as dimensões dos

eventos da unidade terem triunfo, elas

deveriam, anteriormente, ter a

garantia inatacável de

invulnerabilidade quando estiver

operando. Apenas uma pessoa com

uma aptidão sempre presente para

conferir toda uma realidade universal

à inviolabilidade – esse pode ser o

Todo-Poderoso. Com isso, Deus pode

existir. A terceira classe representa a

imperecibilidade da existência de

106
Deus. Deliberando razoavelmente

sobre esse tema, direi ao meu leitor

que, se a autoridade suprema do

universo morresse, ela também seria

levada ao fim e, em particular, em um

instante fora do tempo casual.

Portanto, o Onipotente deve ser, além

de outros atributos máximos, imortal.

Destarte, Deus existe.

107
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