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É possível contratar trabalhadores estrangeiros?

A livre circulação de pessoas é um dos princípios basilares do Tratado sobre o


Funcionamento da União Europeia, existindo regras específicas para a
contratação de trabalhadores europeus.
No entanto as regras diferem quanto à contratação de trabalhadores de outros
países.
Assim, se se pretender contratar um trabalhar estrangeiro terá sempre que se
aferir da sua cidadania.

A um cidadão da União Europeia é permitida a residência em Portugal durante


3 (três) meses, sem quaisquer formalismos, bastando apenas ter o seu
documento de identificação ou passaporte válidos (artigo 6.º n.º 1 da Lei
37/2006 de 9 de Agosto que Regula a Livre Circulação e Residência dos
Cidadãos da UE e Famílias em Território Nacional). Findo esse prazo se o
trabalhador pretender continuar a residir e trabalhar em Portugal tem de
solicitar um Certificado de Registo como Cidadão da União Europeia na
Câmara Municipal da sua área de residência, devendo reunir pelo menos uma
das seguintes condições:
a) exercer no território português uma actividade profissional subordinada ou
independente;
b) dispor de recursos suficientes para si próprio e para os seus familiares, bem
como um seguro de saúde, desde que tal seja exigido no Estado membro da
sua nacionalidade aos cidadãos portugueses;
c) estar inscrito num estabelecimento de ensino público ou privado,
oficialmente reconhecido, desde que comprove, mediante declaração ou outro
meio de prova à sua escolha, a posse de recursos financeiros suficientes para
si próprio e para os seus familiares, bem como disponha de um seguro de
saúde, desde que tal seja exigido no Estado membro da sua nacionalidade aos
cidadãos portugueses;
d) ser familiar que acompanhe ou se reúna a um cidadão da União abrangido
pelas alíneas anteriores.
Ou seja, 30 dias após terem decorrido os primeiros três meses de residência
em território nacional, deve o trabalhador requerer o Certificado mencionado
mediante a apresentação de bilhete de identidade ou passaporte válido e de
uma declaração, sob compromisso de honra, de que preenche uma das
condições referidas nas alíneas a), b) ou c) supra elencadas.

Se estivermos perante um cidadão de um país terceiro os requisitos para a sua


contratação são mais “apertados”, vigorando um princípio de prioridade. A
contratação em Portugal só é possível se não existirem para ocupar o posto de
trabalho:
1. trabalhadores nacionais;
2. trabalhadores nacionais de Estados Membros da União Europeia;
3. trabalhadores do Espaço Económico Europeu;
4. trabalhadores de Estado terceiro com o qual a Comunidade Europeia tenha
acordo de livre circulação de pessoas; ou
5. trabalhadores nacionais de Estados terceiros com residência legal em
Portugal.
Consequentemente se um empregador pretender contratar um trabalhador de
um país terceiro que não esteja inserido num dos 5 (cinco) grupos
mencionados, terá numa primeira fase que publicar no site do Instituto do
Emprego e Formação Profissional, I.P. (IEFP) um anúncio de emprego com
indicação das características do posto de trabalho a ocupar, os dados e o
currículo do potencial candidato.
Decorridos 30 dias após ser publicada a oferta de emprego pelo IEFP, não
sendo o posto preenchido por nenhum outro candidato (nomeadamente
nacionais portugueses, face ao princípio de prioridade), terá a empresa que
solicitar junto do IEFP uma declaração em como o posto de trabalho não foi
preenchido e admitindo a contratação do trabalhador estrangeiro. Saliente-se
que se houver outras candidaturas, a empresa é sempre obrigada em caso de
recusa das mesmas, a justificar junto do IEFP os motivos pelos quais não
preenchem todos os requisitos da oferta apresentada.
A declaração emitida pelo IEFP é um dos documentos necessários para o
trabalhador poder requerer o visto de residência ou de estada temporária (de
referir que quanto à concessão de vistos – a ser requerida pelo trabalhador –
terá que ser feita uma análise concreta tendo em conta o tipo de contrato de
trabalho, duração, etc; sendo naturalmente obrigatório reunir outros
documentos para o efeito).
Importa salientar que uma empresa que contrate e utilize um trabalhador
estrangeiro sem um título válido de autorização de residência ou visto que
permita o exercício de atividade profissional em Portugal fica sujeita ao
pagamento de multa que varia entre os € 2000,00 (dois mil euros) e os € 90
000,00 (noventa mil euros), consoante o número de trabalhadores ilegais
(artigo 198.º-A da Lei 23/2007 de 4 de julho), podendo ainda tal actuação
constituir um dos crimes previstos e punidos pelos artigos 184.º e 185.º da Lei
23/2007 de 4 de julho, que prevê pena de prisão entre 1 a 6 anos.

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