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CINCO ELEMENTOS

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Juntamente com a Teoria do Yin e do Yang, a Teoria dos Cinco Elementos,


constitui a base da Teoria da Medicina Chinesa, e a primeira referência registrada é do
período de guerra entre os estados (476 a 221 a.C.).
Os Cinco Elementos (a Madeira, o Fogo, a Terra, o Metal e a Água) são, na
realidade, os cinco elementos básicos que constituem a natureza. Existe entre eles uma
interdependência e uma inter-restrição que determinam seus estados de constante
movimento e mutação.
A Teoria dos Cinco Elementos ocupa um lugar importante na Medicina Chinesa,
porque todos os fenômenos dos tecidos e órgãos, da fisiologia e da patologia do corpo
humano, estão classificados e são interpretados pelas inter-relações desses elementos. Essa
teoria é usada como guia na prática médica.
A maioria dos autores não considera a palavra Hsing como indicativo de
“elemento” como se fosse um constituinte básico da Natureza.
Originalmente, na China, se designava os Cinco Elementos de Wu-Hsing; sendo
que:

Alguns filósofos gregos concebiam os elementos como qualidades dinâmicas da


natureza, de maneira similar à filosofia chinesa. Os filósofos gregos utilizavam palavras
diferentes para indicar os elementos, os quais comprovam sa falta de uma visão unificada
dos mesmos. Para Empédocles, a natureza era a síntese de quatro elementos ou deuses:
Água (Néstis, um eufemismo para Perséfone), Ar (Hera), Fogo (Zeus) e Terra (Hades).
Sua imagem da natureza não estava numa unidade de essência, biológica ou espiritual: era a
própria pluralidade dos elementos que constituíam a natureza - o todo - relacionando-se por
duas forças que também eram deusas: Amizade (philia - igual a Afrodite, deusa do amor) e
o Ódio (neikos - Éris, a deusa da discórdia).
Para Platão a matéria ganha algum grau de ser ao lhe ser imposta uma forma
(idéia). Como há apenas cinco sólidos perfeitos (isto é, figuras geométricas tridimensionais
com todas as faces iguais), pode haver, no máximo, cinco elementos: ao tetraedro (4
faces), forma mais simples e “pura”, corresponde o fogo; ao octaedro (8 faces), o ar; ao
icosaedro (20 faces), a água; ao cubo (6 faces), o mais difícil de mover, a terra. Restou o
dodecaedro (12 faces): inicialmente, não foi associado a um elemento, mas ao “Todo”. O
éter aparece como elemento apenas no Epinomis, possivelmente o último escrito de Platão,
que também trata dos gênios dos elementos. Até então era considerado como uma forma de
ar.
Aristóteles definiu quatro elementos como sendo constituintes da Natureza e os
denominou de “Formas Primárias“. Ele disse: “Terra e Fogo são opostos também por
causa da oposição das qualidades respectivas com as quais são revelados aos nossos
sentidos: Fogo é quente, Terra é fria”. Além da oposição fundamental de quente e frio, há
uma outra, ou seja, seco e úmido. Havia quatro combinações possíveis:
Achava-se que os mesmos elementos podiam misturar-se entre si e mesmo
transformarem-se uns nos outros. Portanto, para Aristóteles, os quatro elementos se
transformam nas quatro qualidades básicas do fenômeno natural, classificados como
combinações das quatro qualidades: Quente – Frio – Seco e Úmido. Como definição
geral, temos os Cinco Elementos, portanto não são os constituintes básicos da Natureza,
mas os Cinco Processos Básicos, as qualidades, as fases de um ciclo, ou a capacidade
inerente de modificação de um fenômeno.

CINCO ELEMENTOS DA NATUREZA

“GREAT TRANSMISSION OF THE VALVED BOOK” – Livro Ocidental da


Dinastia HAN (206 a.C. – 24 d.C.) diz: “A Água e o Fogo proporcionam o alimento; a
Madeira e o Metal providenciam a prosperidade e a Terra faz as provisões”. Desta
forma, a Teoria dos Cinco Elementos e sua aplicação na Medicina marcam o início do que
podemos chamar de “Medicina Científica”. Os números e a numeração são amplamente
aplicados na interpretação da natureza e do organismo:

 Duas polaridades básicas: Yin e Yang


 Estrutura cosmológica de três camadas: Céu, Pessoa e Terra
 Quatro estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno
 Cinco Elementos: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água
 Cinco Sistemas Yin: Fígado, Coração, Baço-Pâncreas, Pulmão e Rim
 Seis Sistemas Yang: Útero, Cérebro, Medula, Ossos, Vasos Sangüíneos e Vesícula
Biliar
 O número 5 e os Cinco Elementos: Fenômenos terrestres
 O número 6 e os Fenômenos Celestiais ou os Seis Climas: Vento, Frio, Calor de
Verão, Umidade, Secura, Fogo
 Cinco Orifícios: Boca, nariz, olhos, língua e orelhas
 Cinco Cores: Amarelo, branco, verde, vermelho e preto
 Cinco Notas: Do, ré, mi, fá, sol.
 Cinco Órgãos Maciços: Baço, Pulmão, Fígado, Coração e Rim
 Cinco Órgãos Ocos: Estômago, Intestino Grosso, Vesícula Biliar, Intestino Delgado e
Bexiga
 Cinco Princípios: Confiança, Justiça, Decoro, Sabedoria e Cortesia.

Há cinco janelas conectando o mundo exterior aos principais sistemas do


organismo. A Medicina Tradicional Chinesa as chama de “aberturas” ou “bocas”. Desta
forma, a janela para o Baço é a boca. Para o Pulmão, é o nariz. Para o Fígado, são os olhos.
Para o Coração, é a língua. Para os Rins, são os ouvidos. Os seres humanos
aprendem sobre o mundo exterior através desses orifícios. As cinco cores, as cinco notas e
os cinco princípios, todos transmitem a mesma coisa: só quando as notas são puras é que
podem inspirar as pessoas a se conectar com o Tao e despertar a consciência.

CINCO ELEMENTOS COMO QUALIDADES BÁSICAS

O SHANG SHU, escrito durante a Dinastia Ocidental Zhou (1000 a 771 a.C.) disse:
“Os Cinco Elementos são Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra. A Água umedece em
descendência. O Fogo chameja em ascendência. A Madeira pode ser dobrada e
esticada. O Metal pode ser moldado e endurecido. A Terra permite a disseminação, o
crescimento e a colheita”.
Aquilo que absorve e descende (a Água) é salgado; o que chameja a
ascendência (o Fogo) é amargo; o que pode ser dobrado e esticado (a Madeira) é
azedo; o que pode ser moldado e enrijecido (o Metal) é picante e o que permite
disseminar, crescer e colher (a Terra) é doce. A Teoria dos Cinco Elementos foi
desenvolvida pela mesma escola filosófica que desenvolveu a Teoria do Yin-Yang, ou seja:
a “Escola do Yin-Yang”, algumas vezes chamada de “Escola Naturalista”.
O expoente principal desta escola foi Zou Yan (350 a 270 a.C.). Inicialmente, a
Teoria dos Cinco Elementos tinha implicações políticas, tanto quanto naturalistas. Os
filósofos desta escola eram muito estimados e talvez, até temidos, pelos antigos soberanos
chineses, pois eles davam a entender que eram capazes de interpretar a Natureza sob a ótica
do Yin-Yang e dos Cinco Elementos, tirando conclusões políticas destes acontecimentos.
Por exemplo, um determinado soberano foi associado com um determinado Elemento e
cada cerimonial tinha que se ajustar à cor do determinado Elemento, estação, etc. Além
disto, estes filósofos rogavam que podiam prever a sucessão dos soberanos pelos vários
ciclos dos Cinco Elementos. Zou Yan disse: “Cada um dos Cinco Elementos é seguido
por outro que não pode dominar”.
A dinastia Shun dominada pela virtude da Terra. A dinastia Xi dominada pela
virtude da Madeira. A dinastia Shang dominada pela virtude do Metal. E a dinastia Zhou
dominada pela virtude do Fogo. Quando alguma dinastia nova está para se formar, o céu
exibe sinais propícios para as pessoas.
Durante a ascensão da Dinastia Huang Ti (o Imperador Amarelo), vermes e
formigas grandes aparecerão. Ele disse: “Isto indica que o Elemento Terra está em
ascensão; então a cor deve ser amarela, e nossos negócios devem estar identificados de
acordo com os sinais da Terra”.
Durante a ascensão de Yu, o Grande, o céu produziu plantas e árvores as quais não
murcham no outono nem no inverno. Ele disse: “Isto é uma indicação de que o Elemento
Madeira está em ascensão, então nossa cor deve ser verde e nossos negócios devem
estar identificados de acordo com os sinais da Madeira ...”. Poder-se-ia dizer que os
filósofos da Escola Naturalista desenvolveram uma ciência primitiva natural e exerceram
uma posição social respeitada comparável aos cientistas modernos.
A RELAÇÃO DOS CINCO ELEMENTOS E O HOMEM

Cada movimento se relaciona com um aspecto ou um órgão do ser humano, assim


como tudo aquilo que entra em contato com ele. Algumas dessas relações são importantes
sob o ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa. Todas essas relações têm uma lógica
que pode ser entendida a partir da compreensão das qualidades e peculiaridades de cada
movimento. Desta forma, temos:
 Madeira: É o ponto de início da vida, onde o ciclo de geração dos movimentos
começa a rodar, portanto a sua característica é iniciar a ação, dar vida e movimento às
coisas, influenciada pelo Yang que cresce em seu interior. Por isso relaciona-se, por
exemplo, com as partes do corpo que tem mobilidade própria. Em termos de tecidos, a
Madeira rege os músculos e tendões (no que concerne ao movimento), em termos de
órgão, relaciona-se com o Fígado, que na Medicina Tradicional Chinesa dá o movimento a
Qi, energia que flui no corpo. Além disso, todas as substâncias absorvidas pela economia
são conduzidas ao Fígado, onde são metabolizadas, caracterizando o colocar em
movimento metabólico. Das emoções, a raiva é a que causa agitação psicomotora e a que
melhor se identifica com a Madeira. Sendo o Vento, a força da natureza que dá movimento
às coisas, ele também representa a Madeira (acrescentando-se que a Primavera na China é
muito ventosa).
 Fogo: O Fogo representa o auge do Yang no ciclo dos movimentos e por isso, a
sua característica básica é a expansão. Os tecidos que são influenciados pelo Fogo são os
vasos, que permitem a expansão do sangue e irradiam calor pelo corpo impulsionado pelo
órgão Fogo – o Coração (que se expande na diástole, passivamente, e gasta energia para se
contrair). A emoção que leva ao caráter expansivo é a alegria. Com o calor, força da
natureza que representa o Fogo, a matéria se dilata, e é representado nos ciclos naturais
pelo meio dia e pelo Verão. Dos órgãos dos sentidos é representado pela língua, pois essa
articula as palavras que representam o movimento de expansão do ser humano, na visão
oriental, o falar é considerado um sentido.
 Terra: A Terra evoca uma noção de transformação, onipresença e fixação. A
energia Yang do cosmos e do Sol, ao chegar a Terra encontra um anteparo que fica. Durante
as precipitações de chuva na canícula, a água é retida pelo solo e crescem os arrozais.
Como o movimento Terra encontra-se no centro, ela influencia de certa forma, todos os
movimentos. Por esse motivo, por exemplo, encontramos vísceras da digestão (Intestino
Delgado e Intestino Grosso) regidas por outros movimentos; é que a Terra participa de
todos os processos de transformação, e elas representam esta influência. O movimento
Terra relaciona-se com a digestão porque este é um processo que transforma os alimentos
em moléculas básicas, e os órgãos responsáveis por isso na Medicina Tradicional Chinesa
são o Estômago e o Baço-Pâncreas. O tecido conjuntivo disperso no organismo, identifica-
se com o movimento Terra, assim como o volume muscular. A emoção que caracteriza a
Terra é a meditação, que pode transformar a idéias. A Umidade é a força da natureza
relacionada à Terra, pois só a terra é úmida e fértil. No mais, com a umidade dá-se a
fermentação, que é a transformação biológica de moléculas orgânicas. Órgão dos sentidos,
a boca, que desestrutura os alimentos; e sentido, o paladar, relacionado à alimentação.
 Metal: Caracteriza-se pela sensação de tomada de forma, movimento de
contração para o centro. O Pulmão gasta energia para se expandir, mas se contrai
passivamente seguindo sua tendência natural (ao contrário do coração, que gasta energia
para se contrair, se distendendo passivamente em função do movimento). A emoção
relacionada é a tristeza, que causa uma tendência psíquica introspectiva. Olfato, sentido
exercido somente quando o ar está em movimento para o centro (para dentro). A força da
natureza que se identifica com o Metal é a Secura. Quando a roupa seca, ela encolhe (os
objetos desidratados reduzem de tamanho). Como o Intestino Grosso é que reduz o
tamanho das fezes secando-as e moldando-as, relaciona-se com este movimento. No
Outono, estação do ano que representa o Metal, o início do frio faz com que as famílias
voltem a ficar dentro de casa, caracterizando o movimento para dentro. A pele, que dá
forma ao corpo é o tecido relacionado.
 Água: Movimento no qual predomina o movimento para baixo, inércia, e a perda
da forma. O Rim produz líquido ininterruptamente e o descende até ser armazenado na
Bexiga, correspondendo, portanto, ao movimento Água. A idéia de inércia relaciona-se com
o medo, emoção que leva à paralisação; e ao frio que diminui o movimento da Natureza (o
que ocorre no inverno). As orelhas são os órgãos dos sentidos que tem água no seu interior
e a audição é o sentido mais passivo. Os ossos, por serem completamente inertes, são
relacionados com esse movimento. Uma das características do Yin é moldar-se e ser
maleável. A Água é o extremo do Yin e relaciona-se com tecidos muito delicados como a
medula óssea, cérebro e medula espinhal.

CINCO ELEMENTOS COMO MOVIMENTOS

O termo Cinco Elementos representa os constituintes ou substâncias básicas da


Natureza, porém não denota os processos evolutivos, sua influência no ser humano e nem
traz a conotação filosófica. Por isso, emprega-se o termo Cinco Elementos para traduzir
melhor as fases de um ciclo ou a capacidade de mudança de um fenômeno, indicando sua
função e qualidade. Os Cinco Elementos (Movimentos) são símbolos (arquétipos) da
constituição básica bem como dos processos de transformação contínuo pelo qual passa um
ciclo em todas as coisas e fenômenos do Universo. Desta forma, temos:
 Movimento Madeira: O movimento Madeira é o ressurgimento do Yang, e o
aparecimento da vida na Terra. Simboliza o movimento, a entrada em movimento, e o
movimento para cima.
 Movimento Fogo: O movimento Fogo é denominado pelo Yang. É o Yang em
toda sua plenitude, quando o seu excesso vai determinar o seu enfraquecimento. Isto é
simbolizado pela sua expansão.
 Movimento Terra: O movimento Terra simboliza a transformação, e se manifesta
pela onipresença, pois está em todos os movimentos. O movimento Terra tonifica e fixa.
Tonifica porque a transformação renova e a renovação reforça. Fixa porque é a base
material para que as transformações ocorram em cada movimento.
 Movimento Metal: O Metal em geral é frio, pois perde calor com facilidade, e
simboliza a diminuição do Yang com crescimento do Yin. Associados a isso, temos as
idéias de resfriamento, encolhimento, movimento para baixo e tomada de forma.
 Movimento Água: A Água desce até encontrar o local mais baixo, quando fica
estática. É dominado pelo extremo Yin, que leva a imobilidade. Portanto suas qualidades
são movimento para baixo e inércia.

CINCO ELEMENTOS COMO ESTÁGIOS DE UM CICLO SAZONAL

Cada um dos Cinco Elementos representa uma estação, no ciclo anual. A posição da
Terra requer alguns esclarecimentos e sendo que esta não corresponde a nenhuma estação,
uma vez que é o centro, o termo neutro de referência, ao redor do qual as estações e os
outros elementos giram.
ZHANG JIE BING diz: “O Baço (Pi) pertence a Terra, a qual pertence ao
Centro, cuja influência se manifesta por 18 dias até o fim de cada uma das quatro
estações, e não pertence a nenhuma estação por si mesmo”.
O DISCUSSION OF PRESCRIPTIONS FROM THE GOLDEN CHEST (220 d.
C.) de Zhang Zhong Jing, diz: “Durante o último período de cada estação, o Baço (Pi)
é forte o suficiente para resistir aos fatores patogênicos”.
A Terra corresponde à estação anterior e está associada à transformação. Desta
maneira, no ciclo das estações, a Terra corresponde de fato ao estágio anterior de cada
estação. Em outras palavras, ao fim de cada estação, as energias celestiais retornam a Terra
para serem reabastecidas. Nos livros ocidentais, a terra está freqüentemente associada ao
“Verão Anterior” ou “Verão Indiano”. Desta forma, seria correto afirmarmos que a Terra
corresponde ao “Verão Anterior”, mas também corresponde ao “Inverso Anterior”,
“Primavera Anterior” e “Outono Anterior”.

INTER-RELACIONAMENTOS DOS CINCO ELEMENTOS

Trinta e seis disposições diferentes dos Cinco Elementos são matematicamente


possíveis. As mais comuns são cinco:
 Seqüência Cosmológica: A referência mais antiga dos Cinco Elementos, os
enumera das seguintes forma; “Assim, para os Cinco Elementos, o primeiro é chamado
de Água, o segundo de Fogo, o terceiro de Madeira, o quarto de Metal e o quinto de
Terra”. A ordem na qual os Cinco Elementos estão enumerados está intimamente
relacionada à sua numerologia. Se designarmos números para cada um dos Cinco
Elementos com a finalidade de enumerá-los, teremos: 1. Água; 2. Fogo; 3. Madeira; 4.
Metal e 5. Terra. Se adicionarmos cinco para cada um destes números, teremos:
Estes números são freqüentemente associados com os Cinco Elementos na lista de
correspondências. Se organizarmos os Cinco Elementos na ordem descrita anteriormente,
eles estariam dispostos como na figura abaixo:

Nesta organização, a Água assume um lugar importante, uma vez que ela é a base, o
início da seqüência. Lembrando-se a correspondência do Rim (Shen) à Água, reflete-se o
princípio importante do Rim (Shen) sendo o fundamento de todos os outros sistemas.
 OBS: O número 5 é adicionado porque este úmero era associado ao fenômeno
terrestre na filosofia chinesa, enquanto que o número 6 era associado ao fenômeno
celestial. Desde que a cosmologia dos Cinco Elementos descreve o fenômeno terrestre, o
número 5 é utilizado.

 Seqüência de Geração: Em uma análise simples de evolução aonde, depois do


nascimento vem a infância, a adolescência, a maturidade e a velhice respectivamente, fica
fácil de se entender que um elemento gera o outro e conseqüentemente é gerado. Portanto, a
Madeira gera o Fogo que gera a Terra que gera o Metal que gera a Água que gera madeira
reiniciando o ciclo. Desta forma dizemos que Madeira é mãe de Fogo e filha de Água
surgindo aí a Regra Mãe-Filho, muito importante na seleção dos pontos. A tonificação da
Mãe gera a tonificação do Filho e a sedação do Filho gera a sedação da Mãe. Ex: A
tonificação do Metal leva à tonificação da Água. A sedação do Fogo leva à sedação da
Madeira.
 Seqüência do Controle: Nesta seqüência, cada Elemento controla o outro ao
mesmo tempo em que é controlado. Assim, a Madeira controla a Terra, a Terra controla a
Água, a Água controla o Fogo, o Fogo controla o Metal e o Metal controla a Madeira. Por
exemplo, a Madeira controla a Terra, mas é controlada pelo Metal. A seqüência de controle
assegura que um equilíbrio seja mantido entre os Cinco Elementos. Há, também, uma inter-
relação entre as seqüências da Geração e do Controle. Por exemplo, a Madeira controla a
Terra, mas a Terra gera o Metal que controla a Madeira. Além disto, a Madeira controla a
Terra, mas por outro lado a Madeira gera o Fogo que, por sua vez, gera a Terra.

Conseqüentemente, um equilíbrio de autocontrole é sempre mantido. Os


relacionamentos de geração e controle mútuos entre os Elementos são um bom modelo de
alguns processos auto-reguladores de equilíbrio que podem ser encontrados na Natureza e
no organismo.
 Seqüência de Excesso de Trabalho: Esta segue a mesma seqüência do Controle,
mas neste caso, cada Elemento controla excessivamente o outro, de maneira que provoca a
sua diminuição. Isto acontece quando o equilíbrio é quebrado e, sob tais circunstâncias, o
relacionamento quantitativo entre os Elementos é afetado, de maneira que, em determinado
tempo, um Elemento é excessivo em relação ao outro.

 Seqüência da Lesão: Esta seqüência é literalmente chamada de “lesão” em


chinês. Acontece na ordem inversa da seqüência do Controle.

Assim, a Madeira lesa o Metal, o Metal lesa o Fogo, o Fogo lesa a Água, a Água
lesa a Terra e a Terra lesa a Madeira. Isto também acontece quando o equilíbrio é afetado.
Desta forma, as duas primeiras seqüências lidam com o equilíbrio normal entre os Cinco
Elementos, enquanto as duas segundas referem-se aos relacionamentos anormais entre os
Cinco Elementos que ocorrem quando o equilíbrio é quebrado.

CORRESPONDÊNCIAS DOS CINCO ELEMENTOS


O sistema de correspondência é uma parte importante da Teoria dos cinco
elementos. Este sistema é típico do pensamento da China anciã, ligando vários fenômenos e
qualidades diferentes dentro do microcosmo e macrocosmo debaixo de égide de um certo
Elemento. Os filósofos Chineses viram a ligação entre aparentemente fenômenos não
relacionados como uma espécie de “ressonância” entre eles. Um dos aspectos mais típicos
da Medicina Chinesa é a ressonância comum entre fenômenos na Natureza e no organismo
humano. Algumas dessas correspondências são geralmente verificadas e experimentadas a
toda a hora na prática clínica. Este conjunto de correspondências, especialmente as
relacionadas com o corpo humano, mostra como os órgãos e os seus fenômenos
relacionados formam um todo inseparável.
Deve ser feita uma menção especial ao Elemento Fogo. Os dois órgãos pertencentes
ao elemento Fogo são o Coração (Yin) e o Intestino Delgado (Yang). Contudo, o elemento
Fogo corresponde também a outros dois órgãos: o Pericárdio (Yin) e o Triplo Aquecedor
(Yang). Estes dois órgãos juntos são conhecidos como os “Ministros do Fogo” enquanto
que o Coração e o Intestino Delgado pertencem ao “Imperador Fogo”. Isto ocorre porque
o Pericárdio e o Triplo Aquecedor têm o papel de servir e proteger o Coração de uma
maneira semelhante à do Primeiro-ministro (na China antiga) seguindo as ordens do
Imperador. As principais correlações referentes à Medicina são encontradas no SIMPLE
QUESTIONS, nos Capítulos 4 e 5. Algumas das correspondências são exibidas abaixo:

OS CINCO ELEMENTOS NA FISIOLOGIA

Os relacionamentos entre os Cinco Elementos são como um modelo de relações


entre os Sistemas Internos e entre estes e os vários tecidos, órgãos dos sentidos, cores,
odores, sabores e sons.

 Seqüências da Geração e do Controle: Assim como a “Madeira gera o Fogo e


é gerada pela Água”, podemos dizer que o “Fígado (Gan) é a mãe do Fogo (Xin) e é
filho do Rim (Shen)”. Por outro lado, cada sistema é mantido sob controle pelo outro para
que haja um equilíbrio entre os mesmos, sendo este fenômeno denominado de seqüência do
Controle.

Quanto à seqüência da Geração, temos algumas observações:

 O Fígado (Gan) é a mãe do Fogo (Xin): O Fígado (Gan) estoca o Sangue (Xue)
e o Sangue (Xue) abriga a Mente; portanto, se o Sangue (Xue) do Fígado (Gan) estiver
debilitado, o Coração (Xin) sofrerá.

 O Coração (Xin) é a mãe do Baço/ Pâncreas (Pi): O Qi do Coração (Xin)


empurra o Sangue (Xue) e, conseqüentemente ajuda a função de transporte do Baço/
Pâncreas (Pi).
 O Baço/ Pâncreas (Pi) é a mãe do Pulmão (Fei): O Qi do Baço/ Pâncreas (Pi)
proporciona o Qi dos Alimentos para o Pulmão (Fei), onde interage com o ar para formar o
Qi Torácico.

 O Pulmão (Fei) é a mãe do Rim (Shen): O Qi do Pulmão (Fei) descende para


encontrar o Qi do Rim (Shen). O Pulmão (Fei) também envia os fluidos em descendência
para o Rim (Shen).

 O Rim (Shen) é a mãe do Fígado (Gan): O Yin do Rim (Shen) nutre o Sangue
(Xue) do Fígado (Gan).

Assim como para a seqüência do Controle, não se deve considerar a palavra


“controle” literalmente, uma vez que os sistemas de fato apóiam mais di que reprimem as
funções dos outros ao longo da seqüência de Controle. Na verdade cada sistema auxilia na
função, uns dos outros, o que é considerado o suposto “controle”, e desta forma,
poderemos considerar o seguinte:

 O Fígado (Gan) controla o Estômago (Wei) e o Baço/ Pâncreas (Pi): O Fígado


(Gan) realmente auxilia o Estômago (Wei) a decompor e digerir os alimentos e o Baço/
Pâncreas (Pi) a transformar e transportá-los. Quando há descontrole na função do Fígado
(Gan), chamado “Excesso de Trabalho”, é que o Fígado (Gan), de fato, interfere e obstrui
as funções do Estômago (Wei) e do Baço/ Pâncreas (Pi).

 O Coração (Xin) controla o Pulmão (Fei): Há uma íntima relação entre o


Coração (Xin) e o Pulmão (Fei), pois ambos estão localizados no Aquecedor Superior
(Jiao Superior). Desta maneira, o Coração (Xin) governa o Sangue (Xue) e o Pulmão (Fei)
governa o Qi; O Qi e o Sangue (Xue) auxiliam-se e nutrem-se mutuamente.

 O Baço/ Pâncreas (Pi) controla o Rim (Shen): O Baço/ Pâncreas (Pi) e o Rim
(Shen) transformam os Fluidos Corpóreos (Jin Ye); o Baço/ Pâncreas (Pi) transforma e
transporta os fluidos, função essencial para que ocorram as transformações no Rim (Shen) e
este possa excretar os fluidos.

 O Pulmão (Fei) controla o Fígado (Gan): Neste caso, ao contrário, dos outros,
há um elemento determinado de “controle” do Fígado (Gan) pelo Pulmão (Fei). O Pulmão
(Fei) envia o Qi em descendência, uma vez quer o Fígado (Gan) dissemina o Qi em
ascendência. Se o Qi do Pulmão estiver debilitado e não puder descender, o Qi do Fígado
tende a ascender muito. Este achado é muito comum na prática clínica, quando há uma
Deficiência do Pulmão que resulta na ascendência do Yang do Fígado (Gan), ou na
Estagnação do Qi do Fígado (Gan).
 O Rim (Shen) controla o Coração (Xin): Rim (Shen) e o Coração (Xin)
auxiliam-se e suportam-se mutuamente.

 Seqüência Cosmológica: A primeira referência sobre os Cinco Elementos


os coloca nesta ordem: Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra. A designação numérica para
cada elemento seria (1) Água, (2) Fogo, (3) madeira, (4) para o Metal e (5) para a Terra.
Adicionando-se o número 5 para cada um dos elementos teríamos: (6) para a Água, (7) para
o Fogo, (8) para a Madeira, (9) para o metal e 10 (ou 5) para a Terra.

 OBS: O número 5 é adicionado porque este úmero era associado ao fenômeno


terrestre na filosofia chinesa, enquanto que o número 6 era associado ao fenômeno
celestial. Desde que a cosmologia dos Cinco Elementos descreve o fenômeno terrestre, o
número 5 é utilizado. Os climas, ao contrário, são fenômenos celestiais, classificados com
o número 6.

 Água como o Fundamento: Nesta seqüência, a Água é o início, o


fundamento dos outros Elementos. Corresponde ao Rim (Shen) e sua importância como o
fundamento do Yin e do Yang, a base para todo o Yin e o Yang em todos os Sistemas. Eles
pertencem ao Elemento Água e estocam a Essência (Jing), mas também armazenam o Fogo
no Portão da Vitalidade. São, portanto, a fonte da Água e do Fogo, além de serem
denominados de Yin e Yang Originais. Este princípio é constantemente aplicado na prática
clínica, como Deficiência do Yin do Rim (Shen) e esta deficiência induz facilmente a uma
Deficiência do Yin do Fígado (Gan) e do Yin do Coração (Xin), e a Deficiência de Yang do
Rim (Shen), induz facilmente a uma Deficiência do Yang do Baço-Pâncreas (Pi) e do Qi do
Pulmão (Fei). Além disto, o Rim (Shen) estoca a Essência (Jing), que é o fundamento
material do Qi e da Mente.

 Relacionamento entre o Rim (Shen) e o Coração (Xin): O Rim (Shen) e o


Coração (Xin) estão relacionados ao longo do eixo vertical. Há uma comunicação direta
entre os mesmos e a Madeira. Este é um relacionamento fundamental entre a Água e o
Fogo; é provavelmente, o equilíbrio mais importante e básico do organismo, uma vez que
reflete o equilíbrio básico entre o Yin e o Yang. Na relação entre a nutrição e assistência
mútua, o Rim (Shen) controla a Água, que não precisa fluir em ascendência para nutrir o
Coração (Xin). O Coração (Xin) governa o Fogo que, por sua vez, flui em descendência
para o Rim (Shen). Este relacionamento também reflete a mesma coisa entre a Essência
(Jing) e a Mente; a Essência (Jing) é a base material para a Mente; se a Essência (Jing)
estiver debilitada, a Mente sofrerá. Se o Yin do Rim (Shen) for deficiente, o Yin Qi não será
suficiente para atravessar o Coração (Xin) e o Yin do Coração (Xin) tornar-se-á deficiente e
o Calor-Vazio dentro do Coração (Xin) aumentará. Esta é uma situação muito comum na
prática clínica, particularmente nas mulheres na menopausa.

 Estômago (Wei) e Baço/ Pâncreas (Pi) como o Centro: O Estômago (Wei)


e o Baço/ Pâncreas (Pi) são a Raiz do Qi Pós-Celestial, e a Origem do Qi e do Sangue
(Xue), portanto eles nutrem todos os outros Sistemas e ocupam naturalmente, um lugar
central na fisiologia humana. Desta forma, a seqüência cosmológica reflete precisamente a
importância do Qi Pré-Celestial (assim como a Água é o fundamento) e do Qi Pós-
Celestial (assim como a Terra é o Centro). A organização dos Cinco Elementos em círculo
ao longo da seqüência da Geração não realça estes dois importantes conceitos. Por esta
razão, quando tonificarmos o Estômago (Wei) e o Baço/ Pâncreas (Pi), estaremos
tonificando, indiretamente, todos os outros sistemas.

 Estômago (Wei) e Baço/ Pâncreas (Pi) como suporte para o Coração


(Xin): Se examinarmos o diagrama da seqüência Cosmológica, perceberemos como a Terra
[Estômago (Wei)-Baço/ Pâncreas (Pi)] está entre a Água [Rim (Shen)] e o Fogo [Coração
(Xin)], sendo o suporte para o Fogo [Coração (Xin)]. Desta forma, concluímos que o
Estômago (Wei) e o Baço/ Pâncreas (Pi) são, na prática, os suportes para o Coração (Xin).
Desta forma, em todos os casos de Deficiência crônica do Qi ou do Sangue (Xue) do
Coração (Xin) (particularmente quando o ritmo coração é irregular) é essencial
tonificarmos o Estômago (Wei). O Baço/ Pâncreas (Pi) também produz Sangue (Xue), do
qual depende o Coração (Xin).

 Papel da Terra no Ciclo das Estações: A Terra, não pertencendo a


nenhuma das estações (pivô neutro ao longo do desdobramento das mesmas) têm um papel
de reabastecimento ao final de cada estação. Portanto, desta forma, no final de cada
estação, o Qi volta para a Terra, para regeneração. Em analogia, no organismo humano,
confirmamos a importância do Baço/ Pâncreas (Pi) e do Estômago (Wei), como o centro,
sendo que estes poderiam ser tonificados no final de cada estação, particularmente no final
do Inverno, para regenerar o Qi.

 Eixo vertical como Símbolo da Essência (Jing-Qi-Mente):


O importante eixo vertical da Água, Terra e Fogo pode ser visto como símbolo da
Essência (Jing) – Qi – Mente, que é um complexo de energias, física e mental, nos seres
humanos. A Essência (Jing) pertence ao Rim (Shen), o Qi é derivado do Estômago (Wei) e
do Baço/ Pâncreas (Pi) e a Mente é abrigada pelo Coração (Xin).

OS CINCO ELEMENTOS NA PATOLOGIA

No relacionamento dos Cinco Elementos, duas das seqüências possíveis aplicam-se


somente em casos patológicos: a seqüência do Excesso de Trabalho e da Lesão. A
seqüência da geração também pode originar condições patológicas quanto estiver em
desequilíbrio em duas situações:

a) A Mãe-Elemento não está nutrindo o Filho-Elemento


b) O Filho-Elemento consome muito da Mãe-Elemento

A Essência (Jing) dos relacionamentos dos Cinco Elementos está no equilíbrio; as


seqüências da Geração e do Controle mantêm um equilíbrio dinâmico entre os Cinco
Elementos e quando este equilíbrio for afetado por um período prolongado de tempo,
patologias poderão ocorrer.
 Seqüência do Excesso de Trabalho: Esta segue a mesma seqüência do
Controle, mas neste outro caso, cada Elemento controla excessivamente o outro, de maneira
que provoca a sua diminuição. Isto acontece quando o equilíbrio é quebrado e, sob tais
circunstâncias, o relacionamento quantitativo entre os Elementos é afetado, de maneira que,
em determinado tempo, um Elemento é excessivo em relação ao outro.

 O Fígado (Gan) superage sobre o Estômago (Wei) e o Baço/ Pâncreas


(Pi): Se o Qi do Fígado (Gan) estagna, “invade” o Estômago (Wei) dificultando a função
de digestão e amadurecimento, e as funções do Baço/ Pâncreas (Pi) de transformação e
transporte. Esta alteração impede que o Qi do Estômago (Wei) descenda, causando náuseas,
além de evitar que o Qi do Baço/ Pâncreas (Pi) ascenda, causando diarréia.

 O Calor superage sobre o Pulmão (Fei): O Fogo do Coração (Xin) pode


secar os Fluidos do Pulmão (Fei), causando Deficiência do Yin do Pulmão (Fei).

 O Baço/ Pâncreas (Pi) superage sobre o Rim (Shen): Quando o Baço/


Pâncreas (Pi) mantiver a Umidade, poderá obstruir a função do Rim (Shen) de
transformação e excreção dos fluidos.

 O Pulmão (Fei) superage sobre o Fígado (Gan): Isto raramente ocorre na


prática, pois é um caso de Deficiência do Pulmão (Fei) desencadeando a Estagnação do Qi
do Fígado (Gan).

 O Rim (Shen) superage sobre o Coração (Xin): Se o Yin do Rim (Shen)


for deficiente, forma-se o Calor-Vazio e este pode ser transmitido ao Coração (Xin).

 Ciclo de Geração dos Elementos: No Ciclo de Geração, Madeira alimenta Fogo,


que produz cinzas (representada pela Terra), que gera minerais (representados pelas rochas
de onde deriva o Metal), que gera Água a partir da sua fusão fluindo como água, Água
nutre as árvores, gerando Madeira.
 Ciclo de Destruição dos Elementos: No Ciclo de Destruição o Fogo derrete o
Metal, que destrói a Madeira, que se nutre da Terra, que vence a Água, a qual apaga o Fogo.
 Seqüência da Lesão: Estes relacionamentos ao longo da seqüência da Lesão
também ocorrem em situações patológicas. Desta forma, temos:
 O Fígado (Gan) lesiona o Pulmão (Fei): O Qi do Fígado (Gan) pode
estagnar, em ascendência, e obstruir i tórax e a respiração.

 O Coração (Xin) lesiona o Rim (Shen): O Fogo do Coração (Xin) pode


penetrar, em descendência no Rim (Shen) e causar uma Deficiência do Yin do Rim (Shen).

 O Baço/ Pâncreas (Pi) lesiona o Fígado (Gan): Se o Baço/ Pâncreas (Pi)


retiver a Umidade, poderá haver um fluxo abundante e obstruir o livre fluxo do Qi do
Fígado (Gan).

 O Pulmão (Fei) lesiona o Coração (Xin): Se o Pulmão (Fei) for obstruído


pela Fleuma, poderá ocorrer prejuízo na circulação do Qi do Coração (Xin).

 O Rim (Shen) lesiona o Baço/ Pâncreas (Pi): Se o Rim (Shen) falar ao


transformar os fluidos, o Baço/ Pâncreas (Pi) sofrerá e se tornará obstruídos pela Umidade.

 Seqüência da Geração: A seqüência da Geração também pode causar os


estados patológicos quando estiver em desequilíbrio. Neste caso, há duas possibilidades:
 O Fígado (Gan)-(Mãe) afetando o Coração (Xin)-(Filho): Isto acontece
quando o Fígado (Gan) falhar ao nutrir o Coração (Xin). Especificamente, quando o Sangue
(Xue) do Fígado (Gan) for deficiente, freqüentemente afeta o Sangue (Xue) do Coração
(Xin), o qual torna-se também deficiente e poderão ocorrer sintomas, tais como:
palpitações e insônia. Há um outro modo particular pelo qual o Elemento Madeira afeta o
Elemento Fogo, sendo este o caminho pelo qual a Vesícula Biliar (Dan) afeta o Coração
(Xin), utilizando, para isso, o plano psicológico. A Vesícula Biliar (Dan) afeta a capacidade
de tomar decisões, não tanto no sentido de distinguir e avaliar o que é certo ou errado, mas
no sentido de ter coragem para tomar uma decisão. Assim sendo, diz-se na Medicina
Tradicional Chinesa que uma Vesícula Biliar (Dan) forte faz a coragem.

 O Fígado (Gan)-(Filho) afetando o Rim (Shen)-(Mãe): O Sangue (Xue)


do Fígado (Gan) nutre e reabastece a Essência (Jing) do Rim (Shen). Se o Sangue (Xue) do
Fígado (Gan) for deficiente por um longo período de tempo, poderá provocar uma
Deficiência da Essência (Jing) do Rim (Shen), causando zumbidos, tonturas, sudorese
noturna e debilidade sexual.

 OBS: Este traço psicológico da Vesícula Biliar (Dan) influencia o Coração (Xin),
assim como a Mente [abrigada pelo Coração (Xin)] necessita do suporte de um objetivo
forte e coragem, fornecidos por uma Vesícula Biliar (Dan) forte. Neste sentido, uma
Vesícula Biliar (Dan) deficiente pode afetar a Mente [do Coração (Xin)], causando
debilidade emocional, timidez e insegurança.

 O Coração (Xin)-(Filho) afetando o Fígado (Gan)-(Mãe): Se o Sangue


(Xue) do Coração (Xin) for deficiente, poderá levar a uma Deficiência generalizada do
Sangue (Xue) que afetará o estoque de Sangue (Xue) dói Fígado (Gan), causando sintomas
tais como: menstruação escassa ou amenorréia.

 O Coração (Xin)-(Mãe) afetando o Baço/ Pâncreas (Pi)-(Filho): A Mente


do Coração (Xin) necessita suportar as faculdades mentais e a capacidade de concentração
que pertencem ao Baço-Pâncreas (Pi). Outro aspecto deste relacionamento está da
Deficiência do Fogo do Coração (Xin) que, sendo incapaz de aquecer o Yang do Baço-
Pâncreas (Pi), pode provocar sensação de frio e diarréia. Finalmente, todavia, o Fogo
fisiológico do Coração (Xin) é em si mesmo derivado do Yang do Rim (Shen).
 O Baço-Pâncreas (Pi)-(Filho) afetando o Coração (Xin)-Mãe: O Baço-
Pâncreas (Pi) faz o Qi e o Sangue (Xue) do Coração (Xin) necessitarem de um suprimento
forte de Sangue (Xue). Se o Baço-Pâncreas (Pi) não fornecer Sangue (Xue) suficiente, o
Coração (Xin) sofrerá os seguintes sintomas: palpitações, insônia, memória fraca e
poderá ocorrer uma ligeira depressão.

 O Baço-Pâncreas (Pi)-(Mãe) afetando o Pulmão (Fei)-(Filho): Se as


funções de transformar e transportar os fluidos do Baço-Pâncreas (Pi), forem obstruídas, a
Fleuma (Tanyin) formar-se-á. A Fleuma (Tanyin) freqüentemente se instala no Pulmão
(Fei) causando dispnéia e asma.

 OBS: A fleuma ou flegma ou ainda fleugma é um muco secretado pelas membranas


mucosas de humanos e outros animais. Sua definição é limitada aos mucos produzidos pelo
sistema respiratório, excluindo as “cacas de nariz” e o fluido da tosse. Sua composição
varia, dependendo do clima, da genética, e do estado do sistema imunológico, mas é
basicamente um gel d’água consistindo de glicoproteínas, leucócitos, lipídeos. A fleuma
pode ter muitas cores.

 O Pulmão (Fei)-(Filho) afetando o Baço/ Pâncreas (Pi)-(Mãe): O Pulmão


(Fei) governa o Qi e se o Qi do Pulmão for deficiente, o Qi do Baço-/ Pâncreas (Pi) será
afetado, causando cansaço, anorexia e diarréia.

 OBS: Na prática, as Deficiências de Qi do Pulmão (Fei) e do Baço/ Pâncreas (Pi)


freqüentemente ocorrem ao mesmo tempo.

 O Pulmão (Fei)-(Mãe) afetando o Rim (Shen)-(Filho): O Qi do Pulmão


(Fei) normalmente descende em direção ao Rim (Shen) para “mantê-lo” baixo. Além disso,
o Pulmão (Fei) envia os Fluidos Corpóreos (Jin Ye), em descendência para o Rim (Shen).
Assim, se o Qi do Pulmão (Fei) for deficiente, o Qi dos fluidos não pode descender para o
Rim (Shen), e causa dispnéia [Rim (Shen) incapaz de receber o Qi] e secura do Rim
(Shen).

 O Rim (Shen)-(Filho) afetando o Pulmão (Fei)-(Mãe): Se o Qi do Rim


(Shen) for deficiente, falhará em manter o Qi em descendência, o Qi se rebelará ascendendo
e obstruindo o Pulmão (Fei), causando dispnéia.

 O Rim (Shen)-(Mãe) afetando o Fígado (Gan)-(Filho): O Yin do Rim


(Shen) nutre o Yin do Fígado (Gan) e o Sangue (Xue) do Fígado (Gan). Se o Yin do Rim
(Shen) for deficiente, o Yin do Fígado (Gan) e/ ou o Sangue (Xue) do Fígado (Gan) se
tornará deficiente e causará zumbidos, tonturas, cefaléia e irritabilidade.
 OBS: Este relacionamento particular é um dos mais importantes e comuns na prática
clínica.
Em suma, cada Elemento pode sair do equilíbrio de quatro maneiras:

OS CINCO ELEMENTOS NO DIAGNÓSTICO

O modelo de correspondências dos Cinco Elementos é amplamente utilizado no


diagnóstico, sendo baseado, sobretudo, na correspondência entre os Elementos e o odor,
cor, sabor e sons.

CLASSIC OF DIFFICULTIES
Capítulo 61 diz: “Pela observação podem-se distinguir as cinco cores,
identificando-se, assim, a patologia; pela audição podem-se distinguir os cinco sons,
identificando-se, assim, a patologia; por meio da anamnese podem-se distinguir os
cinco sabores, identificando-se, assim, a patologia”.

CORES

A observação das cores é o mais importante de todos os esquemas de diagnóstico


dos Cinco Elementos. A cor da face é observada na maior parte das vezes e a prevalência
de uma das cinco cores indica um desequilíbrio num determinado elemento (Excesso
ou Deficiência).

 Verde: Indica um desequilíbrio da Madeira, o qual poderia ser uma Estagnação


de Qi no Fígado (Gan).

 Vermelha: Indica um desequilíbrio no Fogo e poderia ser um excesso de Fogo


do Coração (Xin).

 Amarela: Ou seja, aspecto amarelado e indica um desequilíbrio da Terra e que


poderia ser decorrente da Deficiência do Qi do Baço-Pâncreas (Pi).
 Branca: Indica um desequilíbrio do Metal e poderia ser uma Deficiência do Qi
do Pulmão (Fei).

 Púrpura: Considerada escura ou algumas vezes cinza, quase preta, indica um


desequilíbrio na Água e poderia ser decorrente de uma Deficiência do Yin do Rim (Shen).

Podem ocorrer interações complexas entre dois Elementos:

 Face branco-pálida com as maçãs da face avermelhadas indica Fogo (maçãs da


face avermelhadas) superagindo sobre o Elemento Metal (face branco-pálida).
 Um indivíduo, com aspecto amarelado, com cor esverdeada ao redor da boca pode
indicar um distúrbio do Elemento Madeira [cor esverdeada ao redor da boca, superagindo
sobre o Elemento Terra (aspecto amarelado)].

A coligação da face nem sempre está de acordo com as manifestações clínicas: em


algumas situações, a cor da face pode contradizer o padrão apresentado pelas manifestações
clínicas. Nestes casos, a coloração da face usualmente mostra a causa não aparente do
desequilíbrio. Por exemplo:
Shen ou Espírito ou Mente
Jing ou Essência
Qi ou Energia

Para a Medicina Tradicional do Extremo-oriente, a vida é a união do Céu e da Terra, uma


criação do Universo, em um ciclo eterno de idas e vindas, perdas e ganhos, resultando no
estágio presente que chamamos de agora.

Os Três Tesouros da Vida são o que torna possível nossa existência no mundo. Uma
explicação mais simples é a ilustração da união das Três forças, inseparáveis e distintas:
Quando o espermatozóide une-se ao óvulo formando um óvulo fecundo, há apenas Jing, a
Essência. Esta permite a entrada de Qi, a Energia, possibilitando o acontecimento da vida,
circulando na formação do embrião. Com o tempo, com a vivência, a prática, a inteligência,
construímos o Shen, a Mente.

Shen, mente: Revela-se através dos olhos, do estado de espírito em que o indivíduo se
encontra. A mente influencia as emoções chegando ao corpo. A mente desordenada é o
espírito confuso, o corpo perdendo o controle. A mente virtuosa é a paz de espírito e o
corpo em estado alegre.

Jing, corpo: A essência da vida, a origem que nos acompanha pelo decorrer da vida. O
corpo que cresce e chega à maturidade conosco. O corpo que possibilita a criação de outras
vidas reproduzindo-se. Podemos cuidar do nosso corpo com hábitos saudáveis ou ignorá-lo
a uma existência vazia, através de maus tratos e maus hábitos.

Qi, energia: A corrente elétrica que passa por nossos corpos e que nos anima. A energia que
nos movimenta, que sentimos circular, nos aquecer. A mesma corrente que pode passar dos
alimentos para nós, dos outros seres para nós, dos elementos para nós e vice-versa.

Os três tesouros, três preciosidades ou três jóias (chinês: 三宝; pinyin: sānbǎo; Wade-
Giles: san-pao) são pilares teóricos na medicina tradicional chinesa e práticas como neidan,
qigong e tai chi chuan. Eles também são conhecidos como jing qi shen (chinês: 精气神;
pinyin: jing-qi-shen; Wade-Giles: ching shen ch'i; "essência, qi e espírito").

Jing, qi e shen são três das principais noções compartilhadas pelo taoismo e pela cultura
chinesas. Eles são muitas vezes referidos como os três tesouros (sānbǎo, 三宝), uma
expressão que revela imediatamente a sua importância e a estreita ligação entre eles. As
idéias e práticas associadas com cada termo, e com os três termos como um todo, são
complexos e variam consideravelmente em diferentes contextos e períodos históricos.1
Em tradições chinesas estabelecidas há muito tempo atrás, os "três tesouros" são as energias
essenciais à manutenção da vida humana:

 Jing (精): "essência nutritiva, essência; refinado, aperfeiçoado, extrato; espírito,


demônio; esperma, semente".

 Qi (气): "energia, vitalidade, força, ar, vapor, respiração, espírito, vigor, atitude".

 Shen (神): "espírito; mente, alma, deus, divindade; ser sobrenatural".

As Três preciosidades são:

• Jing- Essência
• Chi- Energia Vital
• Shen- Espírito

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Segundo a visão taoísta, estes três tesouros integram o corpo físico, material e visível e o
corpo energético, imaterial e invisível.

• Corpo
• Coração
• Mente

São essenciais para a produção dos três
Os Três Tesouros - Jing, Chi e Shen

A medicina chinesa é baseada na observação da natureza, a partir deste


contexto os mestres taoístas designaram três tipos de energia como as
mais importantes a serem cultivadas e desenvolvidas para que o ser
humano atinja um estado e uma qualidade de vida chamado “Saúde
Além do perigo”, sendo este estado, o idealmente presente em todos os
momentos da vida. As três energias são:

Jing: Vitalidade constitucional


Chi: Energia Vital e metabólica
Shen: Consciência/ Espírito
Entendendo os três tesouros a partir da
teoria da vela:
A analogia da vela é uma maneira que nos faz entender com perfeição
como o sistema dos três tesouros funciona em cada ser.

Ao imaginarmos uma vela acessa a primeira parte que devemos


perceber é a sua base, ou seja, cera e pavio, que representa em nós o
Jing, ela é a nossa essência e substância física. A densidade e qualidade
da vela irá determinar por quanto tempo ela vai queimar, sendo assim,
por quanto tempo uma pessoa viverá em bem-estar.

A chama da vela é a parte que representa o Chi, no qual, dentro de nós


concebe nosso metabolismo e energia a ser queimada diariamente. É
importante termos o Chi em equilíbrio, pois ao mesmo tempo em que
produz energia, produz calor que irá derreter a cera da vela e queimar o
seu pavio. Ter o Chi balanceado é essencial para determinar a
velocidade em que o Jing será queimado.

Shen, o espírito, é representado pela luz da vela. É através dele que


obtemos a sensação de presença, a sabedoria e o entendimento
espiritual, o Shen é a luz da consciência .

Se a cera e pavio da vela (Jing) estiverem fracos, apenas uma pequena


chama (Chi) se ascenderá, gerando uma luz (Shen) medíocre. Se a
chama estiver muito forte ela irá gerar uma luz muito forte também,
mas por pouco tempo, pois irá consumir rapidamente a cera e o pavio. A
luz é obviamente dependente da qualidade da chama, e qualidade da
chama vai determinar a qualidade e longevidade da cera e do pavio.
Diante da analogia da vela para os três tesouros, é possível notar a
importância em tê-los funcionando em equilíbrio e harmonia, para que
possamos otimizar o nosso propósito de vida. Reconhecemos que:
devemos cultivar o Shen pela conservação do Jing e balanceamento do
Chi.

Conhecidos simplesmente como “os três tesouros”, eles se referem a três conceitos de
energia da medicina tradicional chinesa que são essenciais para o desenvolvimento da vida:
jing, qi (chi ou ki), e shen.

Jing, escrito com mesmo kanji “sei” de Yousei, é a essência, a energia primordial única de
cada pessoa, com a qual ela nasce, e que é passada pelos pais através da concepção. É a
energia vital essencial no sistema reprodutor que permite a procriação da espécie humana.
Ela está intimamente relacionada ao conceito de DNA, e governa o processo de
crescimento e de desenvolvimento do corpo.

Qi, também conhecido como chi ou ki, é a energia vital do corpo. Ela resulta da interação
das energias yin e yang no corpo humano e seu fluxo constante proporciona um corpo
saudável. Bloqueios no fluxo de qi geram doenças, que podem ser curadas através da
acupuntura ou do reiki, ou de ervas medicinais.

Shen, escrito com o mesmo kanji de “kami” significa “mente” ou “espírito”, e relaciona-se
com os processos mentais que ocorrem nos planos superiores. Não se restringe apenas ao
sistema nervoso do corpo humano, mas também ao aspecto espiritual do indivíduo.
Enfraquecida, a energia Shen se manifesta como ansiedade, depressão leve ou inquietação
crônica. Quando muito fraca, é um indício de problemas psicológicos. A energia Shen pode
ser fortalecida através da meditação e de exercícios físicos como o Tai Chi e o Chi Kung.

OS TRES TESOUROS

JING Traduzido por Essência por ser considerada uma "substância” preciosa para a
preservação da vida. É formada a partir da junção da Essência da mãe com a do pai no
momento da concepção, conferindo, portanto, as características genéticas e a força
constitucional. Este Jing é chamado de Pré Celestial, ou do Céu Anterior, pois é adquirido
antes do nascimento e, segundo os textos clássicos de MTC, ele não pode ser reposto ao
longo da vida, mas sim preservado. Ele determina a longevidade,

Após o nascimento, começamos a adquirir Jing extraído dos alimentos e do ar, chamado de
Jing ou Essência Pós Celestial, ou do Céu Posterior, que é renovável e vai influir na
preservação do Pré Celestial e se somar a ele.

Outros fatores também contribuem para a preservação do Jing, como ritmo diário de
repouso e atividade, equilíbrio entre atividade mental e atividade física e, sobretudo, uma
vida sexual regrada. Como a quantidade e qualidade deste Jing é que determina nossa
longevidade, pois ele estabelece os cicios de desenvolvimento e declínio de nossa vida
física, é interessante, para a preservação do mesmo, que os excessos sejam evitados.

Ele configura a vida física, influindo nos processos de crescimento (ossos e cabelos por
exemplo), desenvolvimento e maturação (especialmente das gônadas), o que vai
determinar, não somente a constituição e a duração do corpo físico, mas também a
qualidade da vida reprodutiva, a fertilidade e todas as habilidades necessárias à reprodução
e ao exercício da sexualidade.

QI Na dificuldade de uma tradução precisa optou-se pela preservação da expressão do


ideograma. Este é composto de duas partes; uma que significa arroz e a outra, vapor, o que
nos permite a interpretação de que ele tanto pode ser uma coisa concreta e material como o
arroz, quanto algo sutil que emana dele, como o vapor. O vapor pode ainda ser visto como o
substrato energético que emana do arroz em seu cozimento e o arroz a principal fonte de
nutriente para o corpo.

Em suma Qi é algo que pode variar de densidade, dependendo de sua agregação, indo das
manifestações mais concretas e materiais, às mais sutis e imateriais, mas, sobretudo é algo
que anima a dinâmica do Yin/Yang permitindo que as transformações inerentes à vida se
sucedam em fluxos e ciclos ininterruptos.

Alguns autores colocam que mesmo antes da criação das 10.000 coisas, que simboliza o
surgimento do universo manifesto, o Qi já existia em forma latente no vazio absoluto (Wu
Shi) e a partir da dinâmica do Yin/Yang as coisas puderam se manifestar no mais variado
grau de densidade.

Durante algum tempo foi traduzido por Energia, mas isso só está correto se considerarmos
a matéria como uma forma agregada da mesma.

É a imanência de tudo que existe, expresso em sua cor, aroma, forma, sabor, emoção,
consistência, textura, mas também a dinâmica das funções inerentes de transformação,
transporte, distribuição, impulsão, etc.

Ele acaba por interligar todas as coisas numa rede que vibra em permanente transformação,
mas manifesta em níveis de densidade variada, compondo um mosaico de possibilidades
infinitas.

SHEN Esta expressão é freqüentemente traduzida como Mente, Consciência ou Espírito.


Certamente todas elas encerram uma parcela de sua significação, mas nenhuma é capaz de
traduzi-Ia integralmente.
O que podemos afirmar com certeza é que Shen seria, entre os 3 tesouros, a qualidade mais
sutil e imaterial no organismo, portanto a mais Yang e é sobretudo aquilo que confere
características singulares expressas pelo brilho de cada olhar.

É ele que vai falar das qualidades individuais, da força criativa, do psiquismo e das punções
de realizações, pois é marca registrada impressa em tudo que fazemos.

As traduções utilizadas demonstram que ele tanto significa as nossas habilidades ligadas à
abstração e raciocínio, a nossa percepção e ainda tudo aquilo em nós que, apesar de
imaterial, seja genuinamente nós mesmos.

Estas 3 "substâncias" ocupam lugares distintos no organismo e tem características análogas


a sua fonte: o Jing armazena-se no Mingmen (Portal da Vitalidade), preenchendo todo o
espaço interno entre o mesmo e o Tan Tien, está ligado a Terra, que fornece os componentes
necessários a esta configuração física; o Qi é especialmente processado, refinado e
distribuído a partir do centro do tórax, está ligado ao Homem e relaciona-se as trocas no
âmbito horizontal; e o Shen ocupa a cabeça, recebendo as emanações sutis provenientes do
Céu.

São conhecidas como os 3 tesouros por se constituírem em elementos fundamentais à


existência, mas também pelas qualidades alquímicas intrínsecas que os tornam passíveis de
transmutações.

(O Amarelo e o Branco in Blofeld, ). Taoismo: A busca da Imortalidade. São Paulo: Cultrix,


1988.)

No Livro do elixir áureo lemos:

"Com a transmutação de Jing [Essência] em Qi [Vitalidade], a primeira barreira é rompida,


sobrevindo a perfeita serenidade do corpo. Com a transmutação de Qi em Shen [Espírito], a
barreira intermediária cai, sobrevindo a completa serenidade do coração. Com a
transmutação de Shen em Vazio, a barreira final desmorona, e a mente se une à Mente.
Assim se compõe o elixir e se obtém a imortalidade. Tal a verdadeira significação [de tudo
quanto foi dito e escrito a esse respeito] da sagrada prática de cultivar e nutrir [Jing, Qi e
Shen] ela não diz respeito de forma alguma à composição de uma pílula concreta".

"Em suma, alimentar o Qi implica serenar as paixões, tranqüilizar a mente e praticar a


respiração iogue, não porque o estoque total de Qi do iogue dependa da inalação, mas por
ser pelo respirar que o Qi sutil contido no corpo se agita e assim se torna apto a cumprir o
seu papel na transmutação do Jing e do Shen”

“Resumindo: A plenitude do Jing, com o qual nosso corpo será preservado durante o tempo
necessário para se completar o ioga, requer tranqüilidade física; só com o desaparecimento
do desejo o Jing chegará à plenitude. A plenitude do Qi, com o qual o corpo é
adequadamente nutrido, exige a tranqüilidade da mente só quando já não surge nenhum
pensamento o Qi chegará à plenitude. A plenitude do Shen, com o qual se pode voltar à
Fonte, requer dedicação absoluta; só quando o corpo e a mente estão em perfeita harmonia
é que ambos retomarão ao Vazio possível. Por isso, os três são conhecidos como "os três
medicamentos misteriosos". Corpo, coração e mente são essenciais para a produção dos
três.

(Eyssalet, lean-Marc Shen e o Instante Criador. Rio de Janeiro: Gryphus, 2003.)

"JING, o Princípio Vital, QI, o Sopro e SHEN, O Espírito Criador são fases inseparáveis de
uma mesma realidade no centro da experiência humana, resumindo toda a energética."

Primeiro texto taoísta: "Palavras Importantes diante da Porta do DAO"

"Que voltemos da velhice, e que retornemos à infância para rematar a autenticidade e


afirmar a Santidade.

Para isto, devemos purificar o Princípio Vital e metamorfoseá-lo em Sopro, purificar o


Sopro e metamorfoseá-lo em Espírito Criador individual, a fim de que retorne ao vazio e se
una ao DAO"

"O importante no exercício do Princípio Vital não é apenas exercer o JING de cruzamento e
de interação...

Para purificar o Sopro, não basta apenas o exercício do Sopro da Respiração...

Para purificar o Espírito individual, não basta apenas exercer o Espírito do pensamento e da
reflexão..."

"...o que é absolutamente necessário encontrar, no próprio centro do apego à vida do corpo,
é de onde ganha vida, o Principio Vital autêntico do Céu Anterior...

É de onde se propaga de si mesma a Energia autêntica do Céu Anterior , e de onde se


estabelece por si mesmo o Espírito Criador autêntico do Céu Anterior..."

" ... Para purificar o principio Vital, deve-se antes de tudo exercer o Principio Vital original
e o Principio Vital de crescimento e de interação do Céu Posterior, também é necessário que
ele não falte!... Para purificar o Sopro, deve-se exercer o Sopro original e o Sopro da
respiração do Céu Posterior, tampouco é preciso feri-lo... Para purificar o Espírito, deve-se
exercer o Espírito original e o Espírito do pensamento e da reflexão do Céu Posterior,
assim, é preciso não eliminá-lo..."

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