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Introdução ......................................................................................................................... 1
Estudo da Crónica............................................................................................................. 2
Conclusão ......................................................................................................................... 9
Neste presente trabalho que tem como tema principal, o estudo do texto narrativo ( A
Crónica) na qual será abordado de forma directa e clara seguindo os principais pontos
essências: Conceito de crónica, Características da Crónica, A linguagem da Crónica,
Tipologia da Crónica e Exemplo de uma Crónica.
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Estudo da Crónica
Conceito de crónica
Martins (1985, p. 3) nos diz que a crónica é um fazer em trânsito entre o jornalismo e a
literatura, e ainda “nutre-se do instigante dialogo com o leitor”.
A crónica se confunde com aquilo que nas literaturas de língua inglesa, se conhece pelo
nome de ensaio pessoal, informal ou familiar. Género menor, cujas fronteiras imprecisas
confinam com o ensaio de ideias, do memorialismo, do conto e do poema em prosa, a
crónica se caracteriza pela extensão limitada.
Outros conceitos como Gomes (2003, p. 39-40) que argumenta que a crónica se
expressa em linguagem pouco formal na qual as ideias são encadeadas menos por nexos
lógicos que imaginativos. Já Roncari (1985, p. 14) adverte que a crónica retracta o
tempo, traz a imagem do turbilhão, remexe a ordem do mundo e não deixa nada fixo no
lugar. Por outro lado, Oliveira (1973, p. 16) assevera que a crónica é um modo
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inventado ninguém sabe como, no jornalismo, de deixar o leitor respirar, pensar um
pouco.
A crónica é também uma espécie de mundo e por isso, mundo do próprio narrador e
não poderia fugir à comunicação directa: de cronista para leitor através de amenidades,
lembranças, fantasias. Conforme a etimologia da palavra, o género define tentativa,
experiência sobre vários assuntos em tom íntimo e familiar.
Martins (1985, p. 4) admite que o termo crónico tem múltiplos conceitos, porém, na
passagem do jornal para o livro, sua primitiva significação etimológica perdeu-se. A
evolução do significado de crónica histórica na Idade Média se mantém até o século
XVIII e XIX quando se transforma em artigo de consumo. Com o surgimento dos
jornais, mudanças acontecem na vida literária e a visão de mundo modifica-se, sob
influência do sistema capitalista.
Características da Crónica
Considerando que a crónica é um género literário misto, porque engendra uma fusão
entre a Literatura e o Jornalismo. Moisés (1983, p. 248) assegura que:
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Esse autor reconhece no género um estilo marcado pela oralidade, que se caracteriza por
apresentar ambiguidade, subjectividade, diálogo, temas do cotidiano, ausência de
transcendência e efemeridade. Já Lima (2001, p. 05) argumenta:
A crónica transita entre estes dois pólos, entre ser no jornal e para o
jornal. Diferencia-se do texto jornalístico, por não visar à informação,
pois seu objectivo (declarado ou não) é ultrapassar o mero comentário
diário, a banalidade dos acontecimentos humanos, e atingir a
universalização, mesmo que sua temática se utilize do fait divers e do que
se costuma considerar trivial.
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Sendo assim os autores têm uma dupla colaboração, isto é, uma colectiva na
comunidade de autores e outra acontece na sua expressão pessoal.
Para o cronista Fernando Sabino (1980, p. 21- 22) a crónica é “a busca do pitoresco ou
irrisório no cotidiano de cada um”. Declara ainda que a descrição da crónica
compreende “a vida diária, o disperso conteúdo humano”. Sabino como autor torna-se
um simples espectador e a temática adequada para sua crónica é “leve e breve”.
Por tudo que expusemos, conclui-se que a crónica é um género produzido para ser
veiculado na imprensa, nas páginas das revistas ou dos jornais, podendo depois se
transformar em livro. Actualmente, o género crónica apresenta identidade própria, entre
os limites do jornalismo e da literatura e o que realmente vai distingui-lo são os
artifícios de linguagem.
A linguagem da Crónica
A crónica é uma narrativa breve que registra o circunstancial, cuja linguagem é a soma
do estilo literário e do estilo jornalístico. O cronista pretende, através da crónica, uma
provocação, uma atitude / resposta no leitor.
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vertiginosamente a fisionomia e a alma de seu tempo”. A autora complementa sua ideia
acrescentando a autonomia da espécie com linguagem peculiar e formas próprias que
resultam em um maior comprometimento do género crónica com a literatura.
Conforme Sérgio Farina (1994, p. 13), temos: “a crónica, pelo visto, é uma
composição breve e livre que faz florescer, no pistilo do instante, algum momento do
nosso cotidiano”. Para o autor há uma proximidade da crónica com o poema,
vinculando-a a uma consanguinidade literária.
A crónica pode também ser chamada de “conversa fiada” uma forma figurativa que
estimula mais assunto, pois quem lê comenta com quem leu ou vai ler, pede opinião,
concorda, discorda e assim acontece a interlocução mesmo com a ausência do autor.
Contudo, as palavras não são dispostas livremente, mas na relação de força entre o eu e
o outro, em todos os níveis como propõe Martins (1985, p. 4): “no material, na forma,
no conteúdo, num todo inseparável”.
Tipologia da Crónica
A crónica passa: pelo poema, pelo conto, pelo debate e pela argumentação,
aproximando-se da reportagem e do comentário, então se impõe como género através de
sua imprecisão. Assim a crónica jornalística, de tratamento literário desloca-se do jornal
para o livro.
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Crónica – reportagem: que não seja apenas linguagem de referência ou informação,
mas a notícia lírica, o fato coruscante de subjectividade, favorecendo o desbordamento
da alma do cronista ou sua crítica irónica à sociedade. O exercício do autor nesta
crónica será desfolhar o relato de jornal – simples notícia – um acontecimento avulso
que transcende o cotidiano e transformá-lo em literário;
Crónica – poema: também chamada de poema em prosa, caracteriza-se por trazer uma
nova dimensão à linguagem. São as crónicas em que o lirismo e a sonoridade chegam a
cunhar versos, exercício natural de intimidade do poeta com o leitor e consigo mesmo.
Por outro lado, Afrânio Coutinho (1988) propõe uma classificação dos cronistas
brasileiros distribuindo-os em “cinco categorias”. As categorias seriam as seguintes:
crónica do tipo narrativo, crónica do tipo informativo, crónica de inclinação filosófica e
a crónica poema – em – prosa, contudo o autor nos adverte que a classificação não é
estanque, sendo possível uma tendência a mistura dos tipos.
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Exemplo de uma Crónica
Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando
sorrateiramente no quintal de casa.
Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até
ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.
Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas
portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,
espiando tranquilamente.
Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar,
mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. Um minuto depois, liguei de
novo e disse com a voz calma:
— Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter
pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que tenho guardado em
casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no caro!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um
helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos,
que não perderiam isso por nada neste mundo.
Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de
assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da
Polícia. No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
Eu respondi:
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Conclusão
Com o trabalho o grupo chegou a conclusão que a crónica é um tipo de texto narrativo
curto, geralmente produzido para meios de comunicação, jornais, revistas, etc. Além de
ser um texto curto, possui uma "vida curta", ou seja, as crónicas tratam de
acontecimentos corriqueiros do cotidiano.
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Referências bibliográficas
FARINA, Sérgio. Quando o texto é uma crónica. Revista Palavra Como Vida, ano 3, n.
19, maio 1994.
MEYER, Marlise. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
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