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SÉRIE MECÂNCIA

FUNDAMENTOS
DE USINAGEM
VOLUME 1
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE MECÂNICA

FUNDAMENTOS
DE USINAGEM
VOLUME 1
© 2015. SENAI – Departamento Nacional

© 2015. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Inovação e Tecnologias Educacionais – ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491f
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Fundamentos de usinagem / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial,
Departamento Nacional, Departamento Regional da Bahia. - Brasília: SENAI/
DN, 2015.
216 p.: il. - (Série Mecânica, v. 1).

ISBN 978-85-7519-876-6

1. Usinagem - materiais. 2. Operações. 3. Técnico. I. Serviço Nacional


de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. II. Departamento
Regional da Bahia. III. Fundamentos de Usinagem. IV. Série Mecânica, v. 1.

CDU: 621.98

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Lista de ilustrações
Figura 1 -  Traçagem de um material...........................................................................................................................22
Figura 2 -  Riscador utilizado na operação de traçagem......................................................................................23
Figura 3 -  Cintel..................................................................................................................................................................23
Figura 4 -  Operação de traçagem com o compasso.............................................................................................24
Figura 5 -  Compasso mais utilizado............................................................................................................................24
Figura 6 -  Utilização do punção manual...................................................................................................................25
Figura 7 -  Punção de centrar.........................................................................................................................................25
Figura 8 -  Punção de marcar e peça marcada.........................................................................................................26
Figura 9 -  Graminho simples.........................................................................................................................................26
Figura 10 -  Traçadores de altura analógico..............................................................................................................27
Figura 11 -  Partes que compõem a lima...................................................................................................................28
Figura 12 -  Formas geométricas das limas...............................................................................................................28
Figura 13 -  Tipos de picado da lima............................................................................................................................29
Figura 14 -  Serra manual com único sentido de corte.........................................................................................30
Figura 15 -  Serra manual realizando corte na superfície do material............................................................30
Figura 16 -  Alargador manual.......................................................................................................................................30
Figura 17 -  Operação de alargar furo.........................................................................................................................31
Figura 18 -  Macho número 1.........................................................................................................................................32
Figura 19 -  Macho número 2.........................................................................................................................................32
Figura 20 -  Macho número 3.........................................................................................................................................33
Figura 21 -  Cossinete........................................................................................................................................................33
Figura 22 -  Material fixado na morsa..........................................................................................................................34
Figura 23 -  Desandador para a fixação dos machos.............................................................................................35
Figura 24 -  Fixação do macho no desandador.......................................................................................................35
Figura 25 -  Desandador para a fixação dos cossinetes........................................................................................35
Figura 26 -  Fixação do cossinete no desandador..................................................................................................36
Figura 27 -  Morsa de base fixa......................................................................................................................................36
Figura 28 -  Morsa de base giratória............................................................................................................................37
Figura 29 -  Grampo ou morsa de mão tipo “C”.......................................................................................................37
Figura 30 -  Placa de três castanhas.............................................................................................................................38
Figura 31 -  Utilização da furadeira portátil..............................................................................................................42
Figura 32 -  Furadeira portátil elétrica e ferramenta de corte - broca.............................................................42
Figura 33 -  Partes que compõe uma furadeira portátil ......................................................................................43
Figura 34 -  Operações realizadas com esmerilhadeira/lixadeira.....................................................................44
Figura 35 -  Discos abrasivos utilizados nas operações com lixadeira/esmerilhadeira.............................45
Figura 36 -  Lixadeira angular........................................................................................................................................45
Figura 37 -  Lixadeira vertical.........................................................................................................................................45
Figura 38 -  Lixadeira orbital...........................................................................................................................................46
Figura 39 -  Esmerilhadeiras...........................................................................................................................................46
Figura 40 -  Parafusadeira elétrica................................................................................................................................47
Figura 41 -  Utilização da retificadeira elétrica .......................................................................................................48
Figura 42 -  Componente de uma retificadeira manual.......................................................................................48
Figura 43 -  Acessório rebolo tipo ponta montada em vários formatos........................................................49
Figura 44 -  Acessório rebolo tipo ogivais.................................................................................................................49
Figura 45 -  Relação passo do fuso (P), com deslocamento do anel graduado...........................................54
Figura 46 -  Traço de referência.....................................................................................................................................54
Figura 47 -  Manípulo........................................................................................................................................................55
Figura 48 -  Penetração radial da ferramenta na peça (Pn) ................................................................................58
Figura 49 -  Torno mecânico universal........................................................................................................................61
Figura 50 -  Torno mecânico horizontal.....................................................................................................................62
Figura 51 -  Torno revólver, torre porta-ferramenta em destaque....................................................................63
Figura 52 -  Torno vertical................................................................................................................................................64
Figura 53 -  Torno placa....................................................................................................................................................64
Figura 54 -  Peça usinada no torno placa...................................................................................................................65
Figura 55 -  Torno tipo CNC.............................................................................................................................................65
Figura 56 -  Furar e alargar no torno mecânico ......................................................................................................67
Figura 57 -  Operação de recartilhar no torno.........................................................................................................68
Figura 58 -  Polia e eixo....................................................................................................................................................68
Figura 59 -  Componente do torno mecânico horizontal....................................................................................69
Figura 60 -  Cabeçote fixo do torno.............................................................................................................................70
Figura 61 -  Caixa norton ou câmbio...........................................................................................................................71
Figura 62 -  Carro principal do torno mecânico......................................................................................................71
Figura 63 -  Carro transversal.........................................................................................................................................72
Figura 64 -  Carro longitudinal.......................................................................................................................................72
Figura 65 -  Torre porta-ferramenta ............................................................................................................................73
Figura 66 -  Barramento do torno.................................................................................................................................73
Figura 67 -  Cabeçote móvel..........................................................................................................................................74
Figura 68 -  Recâmbio.......................................................................................................................................................75
Figura 69 -  Características do torno mecânico.......................................................................................................75
Figura 70 -  Funcionamento do torno mecânico....................................................................................................76
Figura 71 -  Diferentes perfis de ferramenta para variadas aplicações...........................................................77
Figura 72 -  Segurança no torno mecânico...............................................................................................................78
Figura 73 -  Placa universal.............................................................................................................................................79
Figura 74 -  Fixação do material na placa..................................................................................................................80
Figura 75 -  Placa de castanhas independentes......................................................................................................80
Figura 76 -  Aplicação da placa de castanhas independentes...........................................................................81
Figura 77 -  Placa lisa.........................................................................................................................................................81
Figura 78 -  Operação com placa arrastadora..........................................................................................................82
Figura 79 -  Arrastadores.................................................................................................................................................82
Figura 80 -  Torneamento entre pontas .....................................................................................................................83
Figura 81 -  Ponta fixa ......................................................................................................................................................83
Figura 82 -  Ponta giratória.............................................................................................................................................83
Figura 83 -  Ponta rebaixada .........................................................................................................................................84
Figura 84 -  Aplicação da luneta...................................................................................................................................85
Figura 85 -  Utilização da luneta fixa...........................................................................................................................85
Figura 86 -  Utilização da luneta móvel......................................................................................................................86
Figura 87 -  Bucha cônica de redução.........................................................................................................................87
Figura 88 -  Mandril ..........................................................................................................................................................87
Figura 89 -  Fresadora.......................................................................................................................................................91
Figura 90 -  Fresadora horizontal..................................................................................................................................92
Figura 91 -  Fresadora vertical........................................................................................................................................93
Figura 92 -  Fresadora universal....................................................................................................................................94
Figura 93 -  Operação na fresadora pantográfica...................................................................................................94
Figura 94 -  Controle da operação na fresadora pantográfica...........................................................................95
Figura 95 -  Fresadora copiadora..................................................................................................................................95
Figura 96 -  Fresadora ferramenteira...........................................................................................................................96
Figura 97 -  Fresadora CNC..............................................................................................................................................97
Figura 98 -  Operação de fresagem frontal...............................................................................................................98
Figura 99 -  Operação de fresagem tangencial.......................................................................................................98
Figura 100 -  Fresagem de superfícies côncavas e convexas..............................................................................99
Figura 101 -  Fresagem de ranhuras............................................................................................................................99
Figura 102 -  Fresagem de engrenagens................................................................................................................ 100
Figura 103 -  Partes da fresadora ferramenteira................................................................................................... 102
Figura 104 -  Coluna e guias de movimento vertical da fresadora................................................................ 103
Figura 105 -  Cabeçote da fresadora ferramenteira............................................................................................ 103
Figura 106 -  Eixo-árvore da fresadora ferramenteira........................................................................................ 104
Figura 107 -  Banco da fresadora ferramenteira................................................................................................... 104
Figura 108 -  Guia da fresadora ferramenteira...................................................................................................... 105
Figura 109 -  Mesa de trabalho da fresadora......................................................................................................... 105
Figura 110 -  Eixos de orientação da fresadora..................................................................................................... 106
Figura 111 -  Comando manual.................................................................................................................................. 106
Figura 112 -  Comando automático da fresadora................................................................................................ 107
Figura 113 -  Comando de acionamento da máquina....................................................................................... 107
Figura 114 -  Características principais da fresadora.......................................................................................... 108
Figura 115 -  Princípio de funcionamento da fresadora.................................................................................... 109
Figura 116 -  Movimentos de corte concordante e discordante.................................................................... 109
Figura 117 -  Técnico operando a fresadora.......................................................................................................... 110
Figura 118 -  Parafusos e grampos............................................................................................................................ 111
Figura 119 -  Cantoneira de ângulo fixo e de ângulo ajustável...................................................................... 111
Figura 120 -  Morsa para fixação do material........................................................................................................ 112
Figura 121 -  Mesa divisora.......................................................................................................................................... 113
Figura 122 -  Cabeçote divisor.................................................................................................................................... 113
Figura 123 -  Mandril universal................................................................................................................................... 114
Figura 124 -  Mandril porta-pinça............................................................................................................................. 114
Figura 125 -  Mandril porta-ferramenta.................................................................................................................. 115
Figura 126 -  Furadeira portátil................................................................................................................................... 120
Figura 127 -  Furadeira de coluna.............................................................................................................................. 121
Figura 128 -  Furadeira de bancada.......................................................................................................................... 122
Figura 129 -  Furadeira radial...................................................................................................................................... 123
Figura 130 -  Furadeira múltipla................................................................................................................................. 124
Figura 131 -  Furadeira de fusos múltiplos............................................................................................................. 124
Figura 132 -  Furação com uma broca..................................................................................................................... 125
Figura 133 -  Furo escareado....................................................................................................................................... 126
Figura 134 -  Rebaixar furo........................................................................................................................................... 126
Figura 135 -  Rebaixadores.......................................................................................................................................... 127
Figura 136 -  Alargamento cilíndrico e cônico...................................................................................................... 127
Figura 137 -  Componentes de uma furadeira...................................................................................................... 128
Figura 138 -  Traçagem e puncionamento............................................................................................................. 130
Figura 139 -  Fixação de uma peça na morsa........................................................................................................ 130
Figura 140 -  Fixação no mandril............................................................................................................................... 131
Figura 141 -  Medição de um furo............................................................................................................................. 132
Figura 142 -  Segurança no trabalho........................................................................................................................ 132
Figura 143 -  Broca de centro...................................................................................................................................... 133
Figura 144 -  Partes de uma broca............................................................................................................................ 134
Figura 145 -  Mandril universal ou porta-broca.................................................................................................... 134
Figura 146 -  Bucha cônica........................................................................................................................................... 135
Figura 147 -  Cunha (saca-mandril)........................................................................................................................... 135
Figura 148 -  Utilização do moto esmeril................................................................................................................ 139
Figura 149 -  Moto esmeril de coluna...................................................................................................................... 140
Figura 150 -  Moto esmeril de bancada................................................................................................................... 141
Figura 151 -  Partes do moto esmeril....................................................................................................................... 142
Figura 152 -  Moto esmeril com disco de feltro.................................................................................................... 143
Figura 153 -  Componente para apoio do material............................................................................................ 143
Figura 154 -  Afiação da broca.................................................................................................................................... 144
Figura 155 -  Rebarbar peças através do moto esmeril..................................................................................... 145
Figura 156 -  Desbaste de superfície........................................................................................................................ 146
Figura 157 -  Polimento de superfície através do moto esmeril.................................................................... 146
Figura 158 -  Rebolos..................................................................................................................................................... 149
Figura 159 -  Rebolo óxido de alumínio.................................................................................................................. 150
Figura 160 -  Rebolo de óxido de alumínio branco............................................................................................. 151
Figura 161 -  Rebolo de carboneto de silício......................................................................................................... 151
Figura 162 -  Rebolo de carboneto de silício verde............................................................................................ 151
Figura 163 -  Rebolo de CBN....................................................................................................................................... 152
Figura 164 -  Rebolo diamantado.............................................................................................................................. 152
Figura 165 -  Remoção de material através de ferramentas abrasivas......................................................... 153
Figura 166 -  Características do rebolo.................................................................................................................... 156
Figura 167 -  Dressagem do rebolo.......................................................................................................................... 157
Figura 168 -  Formatos de rebolo.............................................................................................................................. 158
Figura 169 -  Rebolo ponta montada....................................................................................................................... 158
Figura 170 -  Operação de retificação...................................................................................................................... 159
Figura 171 -  Acabamento de superfície................................................................................................................. 160
Figura 172 -  Restauração de ferramentas.............................................................................................................. 161
Figura 173 -  Armazenamento dos rebolos........................................................................................................... 162
Figura 174 -  Serra alternativa..................................................................................................................................... 166
Figura 175 -  Modo de avanço da serra Circular................................................................................................... 167
Figura 176 -  Serra fita vertical.................................................................................................................................... 168
Figura 177 -  Serra fita horizontal.............................................................................................................................. 169
Figura 178 -  Travamento dos dentes das lâminas.............................................................................................. 171
Figura 179 -  Dentes chanfrados para serra circular........................................................................................... 172
Figura 180 -  Contato da serra com a peça............................................................................................................. 172
Figura 181 -  Tamanho dos dentes das serras....................................................................................................... 173
Figura 182 -  Serra na marcenaria.............................................................................................................................. 176
Figura 183 -  Serraria móvel......................................................................................................................................... 176
Figura 184 -  Serra na indústria alimentícia........................................................................................................... 177
Figura 185 -  Retificadora cilíndrica.......................................................................................................................... 181
Figura 186 -  Operação com retifica cilíndrica...................................................................................................... 181
Figura 187 -  Placa magnética para fixação de peça........................................................................................... 182
Figura 188 -  Retifica plana tangencial.................................................................................................................... 183
Figura 189 -  Retifica plana vertical........................................................................................................................... 184
Figura 190 -  Retifica cilíndrica universal................................................................................................................ 185
Figura 191 -  Princípio do funcionamento da retifica center less.................................................................. 185
Figura 192 -  Retificadora CNC.................................................................................................................................... 186
Figura 193 -  Componentes de movimentação da mesa.................................................................................. 187
Figura 194 -  Movimentos da máquina retificadora plana............................................................................... 187
Figura 195 -  Movimentos da retificadora cilíndrica........................................................................................... 188
Figura 196 -  Operação de retificação...................................................................................................................... 189
Figura 197 -  Tolerâncias dimensionais alcançadas pela retificadora........................................................... 190
Figura 198 -  Plaina limadora horizontal................................................................................................................. 196
Figura 199 -  Movimentos da plaina limadora...................................................................................................... 197
Figura 200 -  Plaina limadora horizontal................................................................................................................. 198
Figura 201 -  Plaina vertical.......................................................................................................................................... 198
Figura 202 -  Peça com rasgo de chaveta............................................................................................................... 199
Figura 203 -  Plaina de mesa....................................................................................................................................... 199
Figura 204 -  Plaina de dois cabeçotes.................................................................................................................... 200
Figura 205 -  Fixação por barras de aperto............................................................................................................ 201
Figura 206 -  Fixação com morsa............................................................................................................................... 202
Figura 207 -  Aplainar estrias em uma peça plana.............................................................................................. 203
Figura 208 -  Aplainamento vertical em superfícies planas............................................................................. 203
Figura 209 -  Aplainar rasgos....................................................................................................................................... 204
Quadro 1 - Matriz curricular............................................................................................................................................18
Quadro 2 - Operações realizadas no torno...............................................................................................................67
Quadro 3 - Abrasivos utilizados no rebolo............................................................................................................. 150
Quadro 4 - Granulação dos rebolos.......................................................................................................................... 153
Quadro 5 - Tipos de aglomerantes............................................................................................................................ 154
Quadro 6 - Dureza dos rebolos................................................................................................................................... 155
Quadro 7 - Estrutura do rebolo.................................................................................................................................. 155

Tabela 1 - Relação altura/espessura da lamina..................................................................................................... 170


Tabela 2 - Número de dentes por material............................................................................................................ 174
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................17

2 Ferramentas manuais: tipos,características e aplicações.................................................................................21


2.1 De traçagem...................................................................................................................................................22
2.2 De corte...........................................................................................................................................................28
2.3 De fixação........................................................................................................................................................34

3 Ferramentas portatéis elétricas usadas na mecânica: tipos e aplicações..................................................41


3.1 Furadeira..........................................................................................................................................................42
3.2 Lixadeira/esmerilhadeira...........................................................................................................................44
3.3 Parafusadeiras................................................................................................................................................47
3.4 Retificadeira portátil....................................................................................................................................47

4 Anéis graduados em máquinas ferramentas........................................................................................................53


4.1 Tipos e características.................................................................................................................................54

5 Torno mecânico...............................................................................................................................................................61
5.1 Tipos .................................................................................................................................................................62
5.2 Aplicações ......................................................................................................................................................66
5.3 Nomenclatura................................................................................................................................................69
5.4 Características ...............................................................................................................................................75
5.5 Funcionamento ............................................................................................................................................76
5.6 Recomendações no uso.............................................................................................................................77
5.7 Acessórios.......................................................................................................................................................79

6 Fresadoras.........................................................................................................................................................................91
6.1 Tipos..................................................................................................................................................................92
6.2 Aplicações.......................................................................................................................................................98
6.3 Nomenclatura............................................................................................................................................. 101
6.4 Características............................................................................................................................................. 108
6.5 Funcionamento.......................................................................................................................................... 108
6.6 Recomendações no uso.......................................................................................................................... 110
6.7 Acessórios.................................................................................................................................................... 110

7 Furadeiras....................................................................................................................................................................... 119
7.1 Tipos............................................................................................................................................................... 120
7.2 Aplicações.................................................................................................................................................... 125
7.3 Nomenclatura............................................................................................................................................. 128
7.4 Características............................................................................................................................................. 129
7.5 Funcionamento.......................................................................................................................................... 129
7.6 Recomendações no uso.......................................................................................................................... 132
7.7 Acessórios.................................................................................................................................................... 133
8 Moto esmeril.................................................................................................................................................................. 139
8.1 Tipos............................................................................................................................................................... 140
8.2 Características............................................................................................................................................. 142
8.3 Aplicações.................................................................................................................................................... 144

9 Rebolos............................................................................................................................................................................ 149
9.1 Tipos............................................................................................................................................................... 150
9.2 Características............................................................................................................................................. 153
9.3 Aplicações.................................................................................................................................................... 159

10 Serra mecânica .......................................................................................................................................................... 165


10.1 Tipos............................................................................................................................................................. 166
10.2 Características.......................................................................................................................................... 170
10.3 Aplicações.................................................................................................................................................. 176

11 Retificadoras ............................................................................................................................................................... 181


11.1 Tipos............................................................................................................................................................. 182
11.2 Características.......................................................................................................................................... 186
11.3 Aplicações.................................................................................................................................................. 189

12 Plainas .......................................................................................................................................................................... 195


12.1 Tipos............................................................................................................................................................. 196
12.2 Características.......................................................................................................................................... 200
12.3 Aplicações.................................................................................................................................................. 202

Referências......................................................................................................................................................................... 207

Minicurrículo das autoras............................................................................................................................................. 211

Índice................................................................................................................................................................................... 213
Introdução

Prezado aluno,

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
Livro Didático Fundamentos de Usinagem, volume I.
O objetivo geral desse livro é aprimorar os seus conhecimentos sobre a área de mecâni-
ca, através da abordagem de informações e conteúdos sobre os elementos envolvidos nos
processos de usinagem, para que você possa interpretar desenho técnico mecânico. Isso te
habilitará a atuar no planejamento e execução de atividades mecânicas, considerando padrões
de qualidade, de saúde, segurança no trabalho e meio ambiente. Serão adquiridos conheci-
mentos específicos da área de usinagem de materiais, que lhe proporcionará competências
técnicas, visando a sua atuação na área de fabricação e a aquisição e aprimoramento de res-
ponsabilidades individuais e coletivas que permitirão o aprimoramento da convivência social
e profissional durante as atividades de trabalho.
Os conteúdos analisados nesse material didático permitem compreender que as operações
de usinagem são tão vastas que englobam não apenas o universo da fabricação mecânica, mas
também o nosso dia a dia.
Esse livro está dividido em 2 volumes. Nesse primeiro volume, serão abordados os con-
ceitos referentes às operações de usinagem e suas características, bem como as máquinas
operatrizes responsáveis por cada processo, as ferramentas adequadas, suas características e
aplicações; já no segundo volume, serão apresentadas as Normas Regulamentadoras (NRs) que
determinam condições seguras para a realização das operações de usinagem, e os riscos que
são comuns ao respectivo ambiente de trabalho, afinal a segurança em todo e qualquer pro-
cesso de fabricação é um requisito indispensável.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
18

Veja a seguir a unidade curricular que estudaremos:

Técnico em Mecânica
CARGA
CARGA HORÁRIA
MÓDULOS UNIDADE CURRICULAR
HORÁRIA DO
MÓDULO
• Fundamentos de Mecânica 160h
Básico 320h
• Fundamentos de Usinagem 160h
• Processos de Fabricação Convencional 160h
Específico I 320h
• Processos de Fabricação CN 160h
• Manutenção de Máquinas e
200h
Específico II Equipamentos Mecânicos 320h
• Automação de Processos Industriais 120h
Específico III • Desenvolvimento de Projetos Mecânicos 320h 320h
Total 1.280h
Quadro 1 - Matriz curricular
Fonte: SENAI DN, 2014.

Durante nosso estudo, veremos assuntos que lhe permitirão desenvolver:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS:

a) Organizar e transmitir, com clareza, dados e informações técnicas;


b) Demonstrar organização nos próprios materiais e no desenvolvimento das atividades;
c) Identificar as orientações dadas ao grupo de trabalho;
d) Utilizar as ferramentas, os instrumentos e os insumos colocados à sua disposição em procedi-
mentos técnicos, além das recomendações recebidas;
e) Demonstrar iniciativa no desenvolvimento das atividades sob a sua responsabilidade.

CAPACIDADES TÉCNICAS:

a) Identificar processos de fabricação mecânica;


b) Reconhecer métodos e processos industriais de fabricação;
c) Reconhecer ferramentas manuais aplicáveis à mecânica;
d) Analisar alternativas propostas;
e) Integrar os princípios da qualidade às atividades sob a sua responsabilidade.
1 INTRODUÇÃO
19

Pronto para iniciar mais uma etapa do seu processo de formação como técnico em mecânica?
Para sucesso nos seus estudos, atente para os seguintes passos:
a) Consulte o seu professor/tutor sempre que tiver dúvida;
b) Estabeleça e cumpra um cronograma de estudos realista;
c) Separe um tempo para o seu descanso.

Bons estudos!
Ferramentas manuais:
tipos,características e aplicações

O homem pré-histórico desenvolveu ferramentas manuais que evoluíram diante das ne-
cessidades de melhorar o modo de vida. Naquela época, a pedra era a matéria-prima utilizada
para confeccionar as ferramentas; com ela, nossos antepassados fabricaram utensílios que fa-
cilitaram a sua sobrevivência durante milhares de anos.
À medida que foram sendo descobertos novos materiais e novas técnicas, evoluíram as
ferramentas e os processos de fabricação até o que temos atualmente. Neste capítulo, estuda-
remos as ferramentas manuais utilizadas nos processos de fabricação.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
22

2.1 DE TRAÇAGEM

Quando temos um desenho mecânico a fabricar, precisamos seguir as especificações do projeto e, para
isso, existem ferramentas que nos auxiliarão para uma execução eficaz do produto.
A traçagem é uma operação que nos permite desenhar no material que será usinado. Ela deixa marcas
que servirão de referência para entender melhor o produto no momento da fabricação.

15
15

plano e superfície
de referência

Figura 1 -  Traçagem de um material


Fonte: SENAI, 2014.

As ferramentas de traçagem marcam a superfície de um material bruto através de linhas e pontos, for-
mando representações das dimensões preestabelecidas no desenho mecânico. Conheceremos aqui al-
guns utensílios utilizados para realizar essas marcações.
2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
23

RISCADOR

O riscador é uma haste cilíndrica de aço que pode ser comparado ao lápis. Ele possui uma extremidade
pontiaguda que realiza a marcação. Assim como o lápis risca o papel, esta ferramenta marca a superfície do
material, realizando a traçagem.

Figura 2 -  Riscador utilizado na operação de traçagem


Fonte: SENAI, 2014.

CINTEL

O cintel é uma ferramenta de traçagem que permite fazer o desenho de grandes circunferências sobre a
superficie de uma peça. Ele é composto por uma barra cilindrica de aço e possui acessórios que permitem
que esta ferramenta atue em diferentes aplicações.

Figura 3 -  Cintel
Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
24

COMPASSOS

Ao realizarmos um desenho, utilizamos o compasso que nos auxilia na representação de arcos e circun-
ferências no papel. Na usinagem, a operação de traçagem de arcos e raios também tem esta função.

compasso

centro

arco

Figura 4 -  Operação de traçagem com o compasso


Fonte: SENAI, 2014.

Fabricados em aço, os compassos possuem duas pernas articuláveis com pontas que realizam a mar-
cação e a transferência de medidas. Existem alguns tipos de compasso que são utilizados na operação
de traçagem, são eles: o compasso de medida externa ou de espessura; pernas retas ou de pontas; e o de
medida interna ou de interiores.

Compasso de
pontas
Figura 5 -  Compasso mais utilizado
Fonte: BINI, 1976. (Adaptado).
2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
25

PUNÇÃO

O punção é uma haste cilíndrica com ponta fina em ângulo, que realiza a traçagem através da marcação
de pontos.
Para puncionar a superfície de um material, é necessária a utilização de um martelo que irá gerar pres-
são no sentido perpendicular, ou seja, formando 90 graus em relação à peça, o que gera a marcação. Existe
um tipo de punção que dispensa a utilização do martelo, adiante o conheceremos.

Martelo

Punção

Figura 6 -  Utilização do punção manual


Fonte: SENAI, 2014.

Os punções podem ser:


a) De centrar: utilizado para marcar o centro da localização de furos ou raios. O ângulo de sua ponta
varia de 60 a 70 graus;

.3
50
-5

Figura 7 -  Punção de centrar


Fonte: SENAI, 2014.

b) De marcar: utilizado no auxílio de marcações efetuadas para orientação. Ex: posição de um furo
quadrado. O ângulo de sua ponta varia de 30 a 60 graus; As marcações efetuadas com o punção
devem ser executadas de forma a serem removidas no ato da usinagem, ou seja, as marcações
com o punção não devem permanecer na peça final.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
26

5
0-
35
.

Figura 8 -  Punção de marcar e peça marcada


Fonte: SENAI, 2014

Cada tipo de punção possui características que o direciona ao tipo de operação a ser realizada.

GRAMINHO

O graminho é uma ferramenta manual utilizada para realizar traçagem. O graminho simples é compos-
to de uma base em ferro com uma haste cilíndrica. Na haste é fixado o riscador, que já estudamos. Essa
ferramenta depende do auxílio de outro instrumento graduado, como a régua, para realizar as marcações
com as medidas corretas.

Figura 9 -  Graminho simples


Fonte: SENAI, 2014.
2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
27

TRAÇADOR DE ALTURA

O traçador de altura é uma ferramenta mais completa que o graminho, ele possui uma haste para reali-
zar a traçagem, além de graduação própria, que pode ser analógica ou digital.

Figura 10 -  Traçadores de altura analógico


Fonte: SENAI, 2014.

Lembra que em fundamentos de mecânica, estudamos sobre o paquí-


CURIOSIDADES metro de altura? Esse instrumento também é conhecido como traçador
de altura, por possuir uma ponta de traçagem.

FIQUE As operações de traçagem devem ser feitas com o auxílio de instrumentos de con-
trole (régua, bloco prismático, mesa de desempeno) para garantir que o traçado saia
ALERTA de acordo com a especificação do desenho.

Agora que já analisamos algumas ferramentas manuais utilizadas para realizar traçagem, vamos conhe-
cer algumas ferramentas que realizam o corte de forma manual.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
28

2.2 DE CORTE

Já imaginou o que utilizamos para cortar um material bruto a ser usinado, de modo a evitar o desperdí-
cio ou o que fazemos quando desejamos realizar algum detalhe no produto já usinado?
Muito bem! Você já deve ter pensado em algumas ferramentas de corte que atuam na realização desses
procedimentos.

LIMA

As limas são ferramentas de corte fabricadas em aço com alto teor de carbono. Elas passam por trata-
mento térmico para garantir a característica de rebaixar e dar acabamento em determinadas superfícies
dos materiais.

borda
picado anel metálico
talão
ponta

corpo
face espiga
cabo de madeira
Figura 11 -  Partes que compõem a lima
Fonte: SENAI, 2014.

A lima possui um corpo formado de dentes, os quais podem estar dispostos de maneiras diferentes,
chamados de picado. Essa ferramenta é classificada pelo seu formato, comprimento, inclinação do picado
e espaçamento dos dentes.
a) Formato: na imagem, a seguir, podemos visualizar os diversos formatos em que a ferramenta
lima é classificada;

chata serrilhada lanceteira retangular quadrada

redonda meia cana triangular de canto elítica faca

Figura 12 -  Formas geométricas das limas


Fonte: SENAI, 2014.
2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
29

b) Comprimento: essa ferramenta existe em tamanhos variados. Geralmente varia entre 4 e 12 po-
legadas;
c) Inclinação do picado: a lima pode ser encontrada com inclinação do picado simples ou cruzado (duplo);

Simples

Duplo (cruzado)

Figura 13 -  Tipos de picado da lima


Fonte: SENAI, 2014.

d) Espaçamento dos dentes: a quantidade de dentes por centímetro de comprimento da lima varia
em função de seu comprimento. A partir do espaçamento dos dentes, as limas são classificadas
em:
-- Grossa: poucos dentes por centímetro, utilizada em operações de desbaste;
-- Bastarda: quantidade intermediária de dentes por centímetro, quando não é necessária grande
precisão e acabamento, nem grandes remoções de material;
-- Murça: grande quantidade de dentes por centímetro. São utilizadas para garantir maior pre-
cisão e melhor acabamento.
Algumas limas têm finalidades especiais, como as diamantadas, que realizam a operação em superfícies
de materiais mais resistentes como o metal duro, e as limas rotativas, que simplificam as operações de
rebarbar1 e polir.

1 Rebarbar: operação que remove das arestas, os resíduos de material da operação de usinagem.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
30

SERRA

As serras são lâminas de aço com dentes, que realizam o corte em um único sentido (Figura 14). Elas são
fixadas a um arco de serra para facilitar a operação e podem realizar cortes, abrir fendas e iniciar rasgos na
superfície dos materiais.

Figura 14 -  Serra manual com único sentido de corte


Fonte: SENAI, 2014.

Figura 15 -  Serra manual realizando corte na superfície do material


Fonte: SENAI, 2014.

ALARGADOR
Os alargadores são ferramentas utilizadas para alargar furos (Figura 16), garantindo maior exatidão na
medida, melhor acabamento e correção de algumas irregularidades como a ovalização2 . Eles geralmente
são fabricados em aço rápido e podem ser utilizados de forma manual ou em máquinas.

Figura 16 -  Alargador manual


Fonte: SENAI, 2014.

2 Ovalização: irregularidade na dimensão do furo, tornando-o oval.


2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
31

Os machos podem ter o corpo cilíndrico ou cônico e são escolhidos através das características dos furos
e do material a ser alargado. As dimensões dos alargadores são padronizadas e seus diâmetros são espe-
cificados na haste da ferramenta.

Figura 17 -  Operação de alargar furo


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
32

MACHO

As ferramentas de corte manual, machos, são destinadas a produzir rosca interna numa superfície ci-
líndrica ou cônica. Eles são compostos por filetes externos e rasgos que possibilitam a saída do cavaco3 .
Os machos para roscas cilíndricas, que são as mais comumente usadas, são fornecidos em um conjunto
de três unidades.
a) Macho número 1: utilizado para desbastar4. Possui uma conicidade na ponta que permite a entra-
da no furo. Sua rosca externa vai aumentando o diâmetro ao longo da haste;

Filete de rosca

Ranhura

Cabeça
(encaixe quadrado)
-4º Corpo roscado
Rasgo
1º macho
Figura 18 -  Macho número 1
Fonte: SENAI, 2014.

b) Macho número 2: é uma ferramenta intermediária. Apresenta conicidade menor, com o intuito
de dar um pré-acabamento aos filetes formados;

haste cilíndrica
-10º

2º macho

Figura 19 -  Macho número 2


Fonte: SENAI, 2014.

c) Macho número 3: é o último macho a ser utilizado do conjunto, o mesmo já possui o diâmetro
final da rosca, não possui mais a inclinação na ponta uma vez que os machos anteriores iniciaram
a rosca, e o 3 macho vai dar o acabamento na rosca.

3 Cavaco: resíduos do material liberados na usinagem.


4 Desbastar: usinar removendo grande quantidade de material da peça, sem preocupações com o seu acabamento.
2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
33

-20º
3º macho
Figura 20 -  Macho número 3
Fonte: SENAI, 2014.

Os machos para rosquear são padronizados e suas especificações e características


SAIBA podem ser encontradas nas Normas: ABNT NBR 8191 de 1997, dispõe sobre o Macho
MAIS retificado para roscar de aço rápido: Especificação que é baseada na Norma Alemã DIN
2197.

COSSINETE

Ao contrário dos machos, o cossinete produz roscas externas numa determinada superfície cilíndrica.
A rosca externa do parafuso, por exemplo, pode ser produzida através da ferramenta cossinete. As roscas
externas também podem ser produzidas em máquinas, com o auxílio de outras ferramentas de corte que
estudaremos mais à frente.

Figura 21 -  Cossinete
Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
34

CASOS E RELATOS

Colocando em prática as operações manuais


Em um laboratório de usinagem, ambiente destinado à realização dos processos de fabricação, um
técnico mecânico precisa ajustar um componente mecânico que funciona acoplado à outra peça.
Ele observou as características do produto e percebeu que havia em uma barra quadrada, uma cavi-
dade em formato triangular, dois furos com especificações de ajuste e mais um furo onde seria for-
mada uma rosca. Em um dos furos com indicação de ajuste, seria acoplado um eixo onde deveria ser
feito rosca externa. Então, foi até o armário e, na sequência dos detalhes que observou, separou as
ferramentas que seriam utilizadas: lima murça de formato triangular, dois alargadores, um conjunto
de machos e o cossinete. Posteriormente, separou também os acessórios auxiliares do processo e
iniciou seu trabalho com cautela, para que todas as especificações saíssem como planejado.
Depois de observar todos os detalhamentos do produto a ser ajustado, o técnico relembrou suas
aulas de ferramentas manuais e percebeu a importância de estudar e conhecer as ferramentas e os
acessórios, para saber discernir o que usar no ambiente de trabalho.

2.3 DE FIXAÇÃO

Quando vamos realizar algumas operações de usinagem, sejam elas manuais ou através de máquinas,
precisamos que a peça fique fixa. Esta fixação pode ser garantida por meio de diferentes ferramentas. Nas
operações de limagem, por exemplo, para que a lima efetue o corte no material, é necessário que ele esteja
bem fixado na morsa.

Figura 22 -  Material fixado na morsa


Fonte: SENAI, 2014.
2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
35

Existem algumas ferramentas que nos darão subsídios para que essa fixação ocorra, vamos estudá-las?

VIRA MACHO

O vira macho é uma ferramenta utilizada para fixar os machos, alargadores (Figuras 23 e 24) e os cossi-
netes (Figuras 25 e 26) nas operações de alargamento ou rosqueamento.

Castanha móvel
Braço fixo Castanha fixa
Punho

Braço móvel
Corpo

Figura 23 -  Desandador para a fixação dos machos


Fonte: SENAI, 2014.

desandador

macho

Figura 24 -  Fixação do macho no desandador


Fonte: SENAI, 2014.

alojamento

corpo
parafuso de fixação
parafuso de fixação
parafuso de regulagem
Figura 25 -  Desandador para a fixação dos cossinetes
Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
36

cossinete

Figura 26 -  Fixação do cossinete no desandador


Fonte: SENAI, 2014.

MORSA

Grande parte das operações manuais utilizam as morsas de bancada para realizar a fixação. Elas são
ferramentas que funcionam por meio de um manípulo que, ao ser acionado de forma manual, desloca a
mandíbula móvel da ferramenta para posterior fixação do material.
Elas são produzidas geralmente em ferro fundido e podem ter base fixa ou móvel, observe as Figura 27
e 28 e conheça as partes que compõem as ferramentas morsas.

Figura 27 -  Morsa de base fixa


Fonte: SENAI, 2014.
2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
37

Figura 28 -  Morsa de base giratória


Fonte: SENAI, 2014.

GRAMPOS

Os grampos são utilizados para prender as peças com o intuito de realizar a operação de ajustagem.
Essas ferramentas geralmente são fabricadas em aço e são conhecidas como morsa de mão.
Os grampos tipo “C” são os comumente utilizados, eles fixam as peças pela sua extremidade.

Figura 29 -  Grampo ou morsa de mão tipo “C”


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
38

PLACA DE TRÊS CASTANHAS

É uma ferramenta utilizada para fixar materiais de superfícies cilíndricas ou com número de lados mul-
tiplo de três. Geralmente ela é utilizada no torno mecânico, mas também pode ser utilizada em outras
máquinas, como a furadeira e a fresadora, para fixar a peça cilíndrica a ser trabalhada.
Ela funciona através de um mecanismo em que todas as castanhas que compõem a placa se movimen-
tam simultaneamente, permitindo a fixação da peça de forma central. Ela funciona com o deslocamento
simultânea das castanhas fazendo a faixação da peça no centro.

Figura 30 -  Placa de três castanhas


Fonte: SENAI, 2014.

À medida que as necessidades de produzir foram evoluindo, desenvolveram-se máquinas que facilita-
riam os processos antes realizados manualmente. A fabricação manual não está em desuso, no entanto, as
máquinas têm sido utilizadas em larga escala nos processos de fabricação.
Nos capítulos seguintes, conheceremos algumas máquinas-ferramentas que aperfeiçoaram os proces-
sos de produção, antes realizado somente de forma manual.
2 FERRAMENTAS MANUAIS: TIPOS,CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
39

RECAPITULANDO

Aprendemos que as ferramentas evoluem com o homem, ao passo que suas necessidades progri-
dem. Essa evolução se dá de forma progressiva e garante aos processos de fabricação mecânica uma
gama de possibilidades para desenvolver seus métodos de trabalho.
Percebemos que as ferramentas estudadas podem cortar, furar, desenhar, auxiliar a fixação de um
material em determinada operação, gerar acabamento em uma superfície, entre outras funcionali-
dades pertinentes à ação de produzir.
Sobretudo, precisamos saber, dentro do ambiente de trabalho, qual utensílio selecionar para cada
aplicação e a maneira correta de utilizá-lo para obter um melhor resultado final.
Ferramentas portatéis elétricas
usadas na mecânica:
tipos e aplicações

Ao passo que as ferramentas manuais evoluem, surgem as máquinas-ferramentas. A prin-


cípio, elas tinham funcionamento rudimentar, mas já otimizavam os processos de fabricação.
As máquinas-ferramentas, além de robustas - o que impossibilita sua mobilidade -, restrin-
gem a aplicação de algumas operações devido à inflexibilidade da posição de trabalho. Tendo
em vista essa necessidade de agregar maior mobilidade e funcionalidade aos processos de
fabricação, a indústria desenvolveu as ferramentas portáteis, as quais são utensílios que além
de facilitar as operações, realizam variadas aplicações, atribuindo aplicabilidade e praticidade
às operações de trabalho.
Nesse capítulo, conheceremos algumas ferramentas portáteis utilizadas na mecânica e en-
tenderemos como se deu a evolução desses processos.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
42

3.1 FURADEIRA

Quando precisamos realizar um furo em uma parede para que seja fixado algum objeto, logo lembra-
mos que a furadeira é a ferramenta portátil que nos dará subsídios para realizar essa operação. A broca é a
ferramenta de corte utilizada nesse processo.

Figura 31 -  Utilização da furadeira portátil


Fonte: SENAI, 2014.

Figura 32 -  Furadeira portátil elétrica e ferramenta de corte - broca


Fonte: SENAI, 2014.

As furadeiras funcionam através de um motor que gera movimentos rotativos e os transmite ao eixo,
que está ligado ao mandril, ao qual é fixada a ferramenta de corte. Como podemos observar na Figura 33,
esta máquina é composta basicamente de:
a) Punho: parte destinada a segurar o equipamento para que ele realize sua função;
b) Apoio: este componente proporciona ao operador maior estabilidade durante a operação;
3 FERRAMENTAS PORTATÉIS ELÉTRICAS USADAS NA MECÂNICA: TIPOS E APLICAÇÕES
43

c) Interruptor: funciona como um botão de acionamento para a rotação da ferramenta e movimen-


ta o utensílio de corte, produzindo o orifício;
d) Mandril: um acessório da furadeira onde é fixada a ferramenta a ser utilizada. Ele garante o aperto
necessário para que a broca não solte durante a operação.

Linha de centro o eixo


Mandril
Apoio

Broca

Punho Interruptor

Figura 33 -  Partes que compõe uma furadeira portátil


Fonte: SENAI, 2014.

A furadeira portátil tornou viável a realização de operações em locais onde a máquina não seria capaz
de operar, por isso, ela é utilizada em grande escala por alguns setores na indústria.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
44

3.2 LIXADEIRA/ESMERILHADEIRA

Já sabemos que as furadeiras portáteis nos permitem a obtenção de cavidades cilíndricas e cônicas
em um material. E quando desejamos obter uma superfície polida ou, até mesmo, desbastar um material,
quais ferramentas podemos utilizar?
As lixadeiras e esmerilhadeiras são ferramentas que nos proporcionam a realização das operações de
polir, desbastar e cortar materiais. Vamos conhecer a aplicação desses utensílios dentro dos processos de
fabricação mecânica.

1 2

1 - Corte
2 - Desbaste
3 - Polimento

Figura 34 -  Operações realizadas com esmerilhadeira/lixadeira


Fonte: SENAI, 2014.

Tanto as esmerilhadeiras como as lixadeiras utilizam o disco abrasivo5 como acessório que define o tipo
de operação que será realizada. Os discos podem ser de corte, desbaste e acabamento e podem variar de
acordo com o material da peça. São ferramentas abrasivas, escolhidas a partir da granulometria6 do disco.

LIXADEIRA

As lixadeiras são mais utilizadas para realizar acabamento na superfície de um determinado material,
porém também é possível efetuar desbastes. A sua aplicação varia de acordo com o disco de lixa escolhido,
cujas características indicarão se a operação será de desbaste ou de acabamento.

5 Abrasivo: material que pode ser sintético ou natural e compõe algumas ferramentas que realizam operações de desbaste,
acabamento e polimento de superfície através de atrito.
6 Granulometria: medida de comprimento que foi usada por diversas civilizações antigas. era baseado no comprimento do
antebraço, da ponta do dedo médio até o cotovelo.
3 FERRAMENTAS PORTATÉIS ELÉTRICAS USADAS NA MECÂNICA: TIPOS E APLICAÇÕES
45

Figura 35 -  Discos abrasivos utilizados nas operações com lixadeira/esmerilhadeira


Fonte: SENAI, 2014.

Os tipos de lixadeiras mais conhecidos são:


a) Angular, a mais utilizada pela indústria. Permite realizar o lixamento de superfícies de formatos
diferentes;

Figura 36 -  Lixadeira angular


Fonte: SENAI, 2014.

b) Vertical, caracterizada pela posição do eixo em relação à superfície lixada;

Figura 37 -  Lixadeira vertical


Fonte: SENAI, 2014.

c) Orbital, mais utilizada em trabalhos suaves. Tem esse nome devido ao movimento que realiza,
o que proporciona um acabamento mais fino. Elas podem ter formato quadrado ou retangular.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
46

Figura 38 -  Lixadeira orbital


Fonte: SENAI, 2014.

ESMERILHADEIRA

As esmerilhadeiras se distinguem das lixadeiras não somente pelas diferentes operações que realizam,
mas também pelo fato de que a esmerilhadeira trabalha com faixas de rotação mais elevadas e possui uma
proteção (Figura 39) adicional para o operador.
Essas ferramentas realizam operações como cortar, desbastar e remover resíduos de materiais resultan-
tes dos processos de fabricação.

Protetor de
segurança

Figura 39 -  Esmerilhadeiras
Fonte: SENAI, 2014.

FIQUE Deve-se ter bastante cuidado com o manuseio das esmerilhadeiras. Nunca se posi-
cione diante do disco abrasivo e sempre verifique as condições de uso e os compo-
ALERTA nentes de proteção da ferramenta.
3 FERRAMENTAS PORTATÉIS ELÉTRICAS USADAS NA MECÂNICA: TIPOS E APLICAÇÕES
47

3.3 PARAFUSADEIRAS

As parafusadeiras elétricas, bastante utilizadas na indústria, têm a funcionalidade de acelerar processos


realizados com a fixação de elementos através de parafusos, garantindo que eles não fiquem folgados
ou com aperto excessivo. Suponha que um técnico precisa montar um conjunto mecânico com grande
quantidade de parafusos. Caso ele decida montá-lo com uma chave comum, tal serviço demandaria muito
tempo. Então, para otimizar o tempo dessa montagem, ele recorre à ferramenta elétrica parafusadeira.

Figura 40 -  Parafusadeira elétrica.


Fonte: SENAI, 2014.

Já existem no mercado parafusadeiras de maior impacto, que realizam


CURIOSIDADES também a função de furadeira, produzindo furos em um material.

3.4 RETIFICADEIRA PORTÁTIL

Vamos imaginar que temos um desenho mecânico a fabricar, o qual especifica que a superfície esteja
com bom acabamento. No entanto, o produto tem alguns detalhes que impossibilitam a utilização das
máquinas-ferramentas torno mecânico ou fresadora, que conheceremos adiante. Então, pensamos: o que
fazer para garantir as especificações do projeto nas partes detalhadas do produto?
Para facilitar a realização de trabalhos como o citado anteriormente, podemos utilizar a ferramenta
portátil retificadeira, que tem a função de retificar a superfície de um material, conferir a flexibilidade ao
serviço e garantir bom acabamento.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
48

Figura 41 -  Utilização da retificadeira elétrica


Fonte: SENAI, 2014.

A retificadeira funciona através de movimentos rotativos que são transmitidos do eixo ao acessório
abrasivo, que é fixado em sua extremidade.

2
1 4

1. Pinça de aperto;
2. Porca de aperto;
3 3. Eixo;
6 4. Interruptor de segurança liga/desliga;
5. Chave fixa sextavada para travamento do eixo;
5 6. Chave fixa sextavada para porca da pinça;
Figura 42 -  Componente de uma retificadeira manual
Fonte: SENAI, 2014.

Os acessórios abrasivos, que possuem diferentes características, possibilitam a execução do serviço das
ferramentas portáteis retificadeiras. Esses acessórios possuem diversos formatos, podendo ser utilizados
em variadas superfícies. Eles são conhecidos como rebolos de pontas montadas e rebolos ogivais7.

7 Ogivais: forma geométrica simétrica, formada de dois arcos que formam um ângulo em formato de ogiva.
3 FERRAMENTAS PORTATÉIS ELÉTRICAS USADAS NA MECÂNICA: TIPOS E APLICAÇÕES
49

Figura 43 -  Acessório rebolo tipo ponta montada em vários formatos


Fonte: REBOLIXA, 2010. (Adaptado).

Figura 44 -  Acessório rebolo tipo ogivais


Fonte: REI ABRASIVOS, 2014?

SAIBA A ferramenta retificadeira também pode utilizar o acessório limas rotativas nas
operações de ajustagem. Conheça mais sobre as limas rotativas de metal duro na
MAIS ABNT NBR ISO 7755 - 1:2014..

Os rebolos do tipo ponta montada são mais utilizados para desbastes e rebarbação de materiais, en-
quanto os ogivais são mais aplicados a acabamentos e ajustes internos do processo de fabricação.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
50

CASOS E RELATOS

Ajustando com qualidade


Ana, técnica em mecânica do laboratório de ajustagem, é responsável por realizar os ajustes perti-
nentes ao conjunto mecânico que sai do processo de fabricação. Ela foi designada para este setor
por demonstrar uma postura atenciosa e cautelosa na realização das operações, pois sempre utiliza
o equipamento de proteção, zelando pela segurança de todos.
As atividades que ela realiza precisam de habilidade, concentração e atenção para que os compo-
nentes mecânicos sejam alinhados de maneira adequada e atinjam os melhores desempenhos. No
seu ambiente de trabalho, Ana utiliza ferramentas manuais em larga escala e faz uso de alguns equi-
pamentos elétricos que permitem a obtenção de superfícies com bom acabamento.
Os componentes a serem ajustados possuem superfícies e orifícios de difícil acesso e, por isso, a
técnica utiliza as retificadoras e seus acessórios para os trabalhos minuciosos, e as lixadeiras do tipo
orbital para dar acabamento às superfícies paralelas e planas. Devido à eficiência e dedicação de
Ana, os componentes ajustados são aprovados pelo setor de qualidade, o que lhe garante o reco-
nhecimento da execução de um bom trabalho, e aos clientes a obtenção de um bom produto.
3 FERRAMENTAS PORTATÉIS ELÉTRICAS USADAS NA MECÂNICA: TIPOS E APLICAÇÕES
51

RECAPITULANDO

Neste capítulo, conhecemos ferramentas que aprimoram algumas operações executadas de forma
manual. Vimos que as ferramentas portáteis elétricas proporcionam mobilidade ao operador e que,
com elas, obtêm-se bons resultados de trabalho.
Entendemos que as furadeiras nos permitem produzir furos em diversos materiais e as parafusadei-
ras aceleram e agregam mais qualidade à fixação de componentes. Compreendemos que as lixadei-
ras e esmerilhadeiras são muito similares, podendo ter a mesma aplicação a depender das condições
de trabalho, porém têm suas diferenças e aplicações específicas e, por fim, analisamos a retificadeira
que possibilita a produção de bom acabamento em superfícies complexas.
De modo geral, desenvolvemos a habilidade de identificar qual ferramenta utilizar para determina-
da situação e não podemos esquecer que, para realizar as operações, é necessário cautela e atenção
a fim de evitar acidentes.
Anéis graduados em máquinas-ferramenta

Todos os projetos que passam pelos processos de fabricação mecânica têm, em suas espe-
cificações, formas e dimensões estabelecidas que devem ser seguidas. Para atender a estas es-
pecificações durante a usinagem, é de suma importância que em cada operação controlemos
a quantidade de material removido da peça.
Os anéis graduados foram desenvolvidos para nos dar o suporte de controlar o desloca-
mento da ferramenta ou da peça, dependendo da máquina, garantindo, assim, com o auxílio
de um instrumento de medição, as medidas especificadas. Eles estão presentes em máquinas-
-ferramentas convencionais, como a retificadora, o torno mecânico e a fresadora.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
54

4.1 TIPOS E CARACTERÍSTICAS

Os anéis graduados são cilíndricos, compostos de uma escala graduada, com divisões de dimensões
iguais e sua leitura pode ser feita pelo sistema métrico de medidas, em milímetros ou em polegadas. O
deslocamento do anel é determinado pelo passo do fuso da máquina-ferramenta utilizada.

Anéis
graduados

40

Figura 45 -  Relação passo do fuso (P), com deslocamento do anel graduado


Fonte: SENAI, 2014.

Os anéis são fixados ao fuso da máquina que realizará o deslocamento e são proporcionais ao passo da
rosca existente nesse eixo, ou seja, se a distância entre os filetes é equivalente a 5 mm, a cada volta com-
pleta do anel graduado, teremos o avanço de 5 mm na mesa ou na ferramenta.
Para avançar a medida desejada, adota-se um dos traços do anel como referência e, a partir desta orien-
tação, avança-se o desejado.

90 0 10 10 20

Traço de referência

Figura 46 -  Traço de referência


Fonte: SENAI, 2014.
4 ANÉIS GRADUADOS EM MÁQUINAS-FERRAMENTA
55

FIQUE Ao realizar o deslocamento utilizando o anel graduado, deve-se prestar atenção à


ALERTA relação que esse anel possui, ou seja, quanto ele avança a cada volta completa.

Anel graduado

Manípulo

Figura 47 -  Manípulo
Fonte: SENAI, 2015.

Nos anéis graduados é indicada a quantidade de divisões e o deslocamento que cada


SAIBA parte proporciona, por exemplo, 100 – 0,02 mm, ou seja, o anel está divido em 100
MAIS partes que medem 0,02 mm cada. Para saber mais sobre os anéis graduados, consulte
a apostila de cálculo técnico, aula 10, do Telecurso 2000.

Geralmente, os anéis graduados estão baseados no sistema interna-


cional de medidas. Nesse sistema, sua leitura é dada em milímetros,
CURIOSIDADES unidade derivada do metro. Porém, há casos em que a leitura é dada em
polegadas.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
56

CALCULANDO O DESLOCAMENTO NO ANEL GRADUADO

Existem algumas fórmulas que - quando aplicadas - garantem as respostas que precisamos para pros-
seguir com a operação. Vamos conhecer primeiro a fórmula para obter o deslocamento para cada divisão
do anel graduado.
pf
A=
no div.
Onde:
A - refere-se ao avanço por divisão do anel;
Pf - é o passo do fuso.
Lembra quando estudamos que o deslocamento é proporcional ao passo do fuso? Então, para saber
quanto vale cada divisão do anel graduado, basta ter a informação do passo do fuso (pf) e do número de
divisões do anel graduado.
Vamos imaginar que o seu torno mecânico tem o passo do fuso de 4 mm e o anel graduado está dividido
em 200 partes iguais, para descobrimos o deslocamento de cada parte vamos aplicar a seguinte fórmula:
4 mm
A= = 0,02 mm por divisão
200 mm
Para cada divisão do anel graduado temos o deslocamento de 0,02 mm.
Agora que já sabemos quanto vale cada divisão, quantas divisões precisaremos avançar para deslocar 3
mm? Para encontrar o resultado, aplicamos a fórmula:
Pn.
X=
A
Onde:
X é a quantidade de divisões a serem avançadas;
Pn é a quantidade a ser penetrada ou o deslocamento que se deseja fazer;
A é avanço por divisão do anel.
Sabendo que A equivale a 0,02 mm e Pn é 3 mm, substituímos:

3 mm
A= = 150 divisões do anel graduado
200 mm

Através da fórmula podemos descobrir que, para deslocar 3 milímetros, é necessário avançar 150 divi-
sões neste anel graduado.
4 ANÉIS GRADUADOS EM MÁQUINAS-FERRAMENTA
57

CASOS E RELATOS

Quanto avançar?
Na empresa em que Lúcio trabalha, ainda são utilizadas máquinas-ferramentas convencionais em
larga escala. Algumas têm o painel digital para representar os deslocamentos realizados; em outras
é necessário o uso dos anéis graduados para garantir a exatidão das medidas.
Lúcio é técnico mecânico e estava trabalhando em uma máquina-ferramenta em que os anéis gra-
duados tinham 50 traços iguais com a medida de 0,1 mm entre eles. Lúcio precisava avançar a mesa
em 26 mm para que a distância entre os furos que estavam sendo produzidos fosse a especificada no
desenho. Ele sabe que a cada volta completa do anel graduado avança 5 mm e, a cada 10 divisões,
desloca 1 mm da máquina.
Logo ele percebeu que, para obter o deslocamento desejado, precisaria acionar o manípulo de for-
ma a dar 5 voltas completas, mais 10 divisões do anel graduado. Mas, como era uma operação que
especificava grande precisão, Lúcio utilizou dos cálculos técnicos para confirmar quantas divisões
ele avançaria no anel graduado, confirmando assim a habilidade que a prática diária tinha lhe pro-
porcionado.

Imagine que temos um material a produzir e sua dimensão bruta é de 50 mm de diâmetro. Precisamos
deixá-lo com 38 mm de diâmetro e, para isso, é necessário calcular quantas divisões avançar, tomando
como referência o passo do fuso 4 mm e o anel graduado com 200 divisões.
No torno, o avanço no sentido perpendicular à peça tem uma particularidade. Conforme a figura a
seguir, a penetração ocorre de um lado (raio), porém, como a peça encontra-se girando em torno do eixo,
é removido material em todo o diâmetro. Entende-se que, avançando 2 mm, retiraríamos 4 mm do diâme-
tro da peça, porém o torno tem um sistema de compensação para simplificar a operação. Caso se queira
remover 2 mm do diâmetro, penetramos com a ferramenta, utilizando o anel graduado, exatamente os 2
mm. Com a compensação, a ferramenta percorrerá 1 mm no raio que, consequentemente, retirará 2 mm
no diâmetro.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
58

øD

ød
Pn

Figura 48 -  Penetração radial da ferramenta na peça (Pn)


Fonte: SENAI, 2014.

Sabendo o valor do passo do fuso e do número de divisões do anel graduado, aplicamos a fórmula e
descobrimos que cada parte do anel equivale a 0,02 mm.
Substituindo na fórmula, temos:

12
X= = 600
0,02 mm

Precisamos avançar 600 divisões do anel graduado, ou seja, três voltas para remover 12 milímetros de
material.
4 ANÉIS GRADUADOS EM MÁQUINAS-FERRAMENTA
59

RECAPITULANDO

Para saber como lidar melhor com as operações que necessitam de maior controle e precisão, apren-
demos sobre a utilização, as características dos anéis graduados e as técnicas que aprimoram o pro-
cesso de fabricação mecânica.
À medida que avançarmos, conhecemos fórmulas e métodos que tornaram possível a utilização do
anel graduado para a obtenção das dimensões especificadas no projeto.
Para o manuseio adequado das ferramentas estudadas nesse capítulo, é preciso realizar cálculos cor-
retos, com atenção às relações e marcas de referência, para que o seu trabalho não seja inutilizado.
Torno mecânico

As máquinas utilizadas no processo de fabricação mecânica são denominadas máquinas-


-ferramentas ou máquinas operatrizes. Elas funcionam através de movimentos mecânicos
que proporcionam ao material bruto8 a obtenção das especificações definidas de um projeto,
como garantia da forma, dimensão e acabamento, através da retirada progressiva de material,
efetuando assim a operação de usinagem.
A primeira máquina-ferramenta desenvolvida para realizar processos de fabricação mecâ-
nica, foi o torno mecânico e dele se originaram muitas das outras operatrizes utilizadas pela
indústria. Neste capítulo, conheceremos o torno mecânico, suas principais características e
aplicabilidades, compreendendo seu funcionamento e algumas operações por ele realizadas.

Figura 49 -  Torno mecânico universal


Fonte: SENAI, 2014.

8 Material bruto: material ainda não trabalhado.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
62

5.1 TIPOS

A máquina operatriz torno é utilizada para fabricar diversos componentes mecânicos que serão utili-
zados em diferentes aplicações, no entanto, alguns produtos possuem características que os tornos co-
mumente utilizados não conseguem produzir. A indústria naval, por exemplo, possui componentes de
grandes dimensões e, para produzi-los, são necessários tornos com atributos especiais.
Observando a necessidade da utilização do torno para a fabricação de peças de variadas características,
foram desenvolvidos diferentes tipos de tornos. O modelo a ser utilizado é escolhido de acordo com as
dimensões do material bruto a ser usinado.
Vamos conhecer os tipos de torno mecânico?

TORNO MECÂNICO HORIZONTAL

Esta máquina operatriz é a mais utilizada nas operações de fabricação mecânica e é conhecida como
o torno de mecanismos mais simples. A posição do eixo-árvore e do barramento caracteriza-o como um
torno mecânico horizontal, conhecido também como torno mecânico universal.

Eixo-árvore

Barramento

Figura 50 -  Torno mecânico horizontal


Fonte: SENAI, 2014.
5 TORNO MECÂNICO
63

TORNO REVÓLVER

O torno do tipo revólver possui características semelhantes ao torno horizontal, tais como o eixo e bar-
ramento que também estão dispostos de forma horizontal; o que os diferencia é a torre porta-ferramenta.
Neste caso, a torre geralmente é hexagonal, possibilitando a fixação de mais de uma ferramenta (Figura
51). Essa fixação deve acontecer de maneira lógica, ou seja, devem ser fixadas todas as ferramentas que
serão utilizadas na sequência em que as operações serão realizadas, a fim de facilitar a operação, sem des-
pender tempo com a troca da ferramenta.
Esse tipo de torno é utilizado quando são produzidas peças de mesmas características em grandes
quantidades.

Figura 51 -  Torno revólver, torre porta-ferramenta em destaque


Fonte: SENAI, 2014.

TORNO VERTICAL

Esse tipo de torno possui o eixo-árvore posicionado verticalmente. Essa máquina operatriz é utilizada
quando se fabrica peças de grandes diâmetros e pesos elevados, por isso o posicionamento da placa é
horizontal, que além de mais adequado para esse tipo de peça, facilita a fixação do material a ser usinado.
Os tornos verticais não possuem cabeçote móvel e são compostos basicamente por:
a) Carro porta-ferramenta vertical;
b) Carro porta-ferramenta horizontal;
c) Placa;
d) Travessão;
e) Montante;
f) Guia.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
64

a e

b f

Figura 52 -  Torno vertical


Fonte: SENAI, 2014.

TORNO PLACA

Os tornos tipo placa também são conhecidos como tornos platô. Eles são utilizados para fabricar peças
de grandes diâmetros com pouco comprimento, como um flange.

Figura 53 -  Torno placa


Fonte: SENAI, 2014.
5 TORNO MECÂNICO
65

Figura 54 -  Peça usinada no torno placa


Fonte: SENAI, 2014.

TORNO CNC

Os tornos tipo comando numérico computadorizado (CNC) surgiram devido à necessidade de rapidez
e precisão na fabricação dos produtos. Eles funcionam através de comandos programados através de um
conjunto de símbolos e códigos, que são decodificados pela operatriz.
Essa máquina operatriz realiza operações mais complexas do que os tornos convencionais. O controle
da operação é feito através do computador, o que garante eficiência, grande agilidade na usinagem do
material e proporciona com maior precisão a execução de superfícies de diversas geometrias.

Figura 55 -  Torno tipo CNC


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
66

5.2 APLICAÇÕES

O torno é a operatriz mais versátil das máquinas utilizadas nos processos de fabricação. Você verá que
algumas operações realizadas por outras máquinas ferramentas, como as furadeiras, podem também ser
feitas pelo torno mecânico.
A operatriz torno é utilizada para produzir superfícies cônicas, cilíndricas, excêntricas9 e concêntricas10,
que podem ser produzidas interna ou externamente nas peças, através do processo de torneamento. Esse
processo é destinado às mais diversas aplicações desde que se obtenham superfícies de revolução.
Através da combinação dos movimentos de avanço da ferramenta e da rotação do eixo-árvore, realiza-
dos pelo torno, é possível realizar as diferentes operações visualizadas a seguir.

Torneamento cilíndrico interno ou externo

Torneamento Torneamento
cilíndrico externo cilíndrico interno

Torneamento cônico interno ou externo

Torneamento cônico interno Torneamento cônico externo

Rosquear superfícies internas ou externas

Rosqueamento interno Rosqueamento externo

Tornear perfis externos e internos na superfície da peça

9 Superfícies excêntricas: superfícies de revolução que se afastam do eixo central de determinada peça.
10 Superfícies concêntricas: superfícies de revolução que possuem o mesmo eixo.

Perfilamento externo Perfilamento interno

Ferramenta de corte
Torneamento cônico interno Torneamento cônico externo

Rosquear superfícies internas ou externas


5 TORNO MECÂNICO
67

Rosqueamento interno Rosqueamento externo

Tornear perfis externos e internos na superfície da peça

Perfilamento externo Perfilamento interno

Ferramenta de corte

Sentido de rotação da peça

Sentido de corte da ferramenta

Quadro 2 - Operações realizadas no torno


Fonte: SENAI, 2014.

O torno também pode furar, alargar, recartilhar e roscar com o auxílio de acessórios e ferramentas que
atuam como facilitadores desses processos de fabricação.
Na figura a seguir, observe que para realizar a furação é utilizada uma broca, enquanto para alargar a
ferramenta utilizada é o alargador. Em ambas as operações, a ferramenta é fixada ao cabeçote móvel do
torno, que irá avançar em direção à peça, realizando a usinagem.

FURAR ALARGAR
Figura 56 -  Furar e alargar no torno mecânico
Fonte: SENAI, 2014.

Na figura, a seguir, podemos ver uma operação de recartilhar, que é uma operação de torneamento
que visa gravar na superfície da peça o padrão de estrias dado pela ferramenta do processo, a recartilha. A
principal finalidade desta operação é o aumento da rugosidade superficial, facilitando assim o manuseio
da peça.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
68

Figura 57 -  Operação de recartilhar no torno


Fonte: SENAI, 2014.

Se observarmos os conjuntos mecânicos, veremos que eles possuem ao menos um componente que
pode ser produzido através do torno, alguns como polias, eixos ou quaisquer outros produtos com combi-
nações em formato de revolução.

Polia Eixo

Figura 58 -  Polia e eixo


Fonte: SENAI, 2014.

Você sabe o que é um eixo virabrequim? É um componente interno dos


motores a combustão, formados por superfícies cilíndricas de distintas
CURIOSIDADES combinações excêntricas, que podem ser produzidas através do torno
mecânico.
5 TORNO MECÂNICO
69

5.3 NOMENCLATURA

Vamos conhecer as principais partes constituintes de um torno mecânico horizontal. Esses componen-
tes são básicos e podem ser identificados em outros tipos de tornos.

A B G
i
F E
H

Figura 59 -  Componente do torno mecânico horizontal


Fonte: SENAI, 2014.

Com base na Figura 59, atente para o fato de que o torno mecânico horizontal é composto basicamen-
te de:
a) Cabeçote fixo;
b) Árvore ou eixo-árvore;
c) Caixa câmbio ou caixa norton;
d) Carro principal;
e) Carro transversal;
f) Carro longitudinal;
g) Torre porta-ferramenta;
h) Barramento;
i) Cabeçote móvel;
j) Recâmbio.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
70

CABEÇOTE FIXO

O cabeçote fixo é formado internamente pelo eixo-árvore e pelo conjunto de polias e engrenagens11.
Esses elementos proporcionam a troca de velocidade de rotação da placa fixada ao eixo-árvore.
O acionamento da combinação das engrenagens ocorre a partir de alavancas que ficam na parte exter-
na do cabeçote. Cada ajuste determinará a velocidade na qual a placa irá rotacionar, além do local em que
o material é fixado. Esse movimento inicia quando a máquina é ligada.

Figura 60 -  Cabeçote fixo do torno


Fonte: SENAI, 2014.

EIXO-ÁRVORE

O eixo-árvore ou simplesmente eixo é o componente principal do cabeçote fixo. É um eixo vazado12 que
recebe a movimentação transmitida pelo cabeçote, rotacionando a placa e, consequentemente, o material
que esteja nela fixado.

FIQUE O eixo-árvore trabalha com elevadas rotações por minuto (RPM). Para se proteger
e evitar ficar preso às partes rotativas do torno, mantenha uma distância segura ao
ALERTA operá-lo.

11 Engrenagens: elementos mecânicos circulares dotados de dentes, cujas funções é transmitir movimento.
12 Eixo Vazado: superfície oca, furada.
5 TORNO MECÂNICO
71

CAIXA NORTON

A caixa norton ou câmbio é um conjunto de engrenagens que tem a função de transmitir o movimento
mecânico do recâmbio para o eixo-árvore e proporcionar o deslocamento automático do carro principal.
Através da caixa norton são estabelecidas diferentes combinações de avanços do torno, possibilitando a
realização de diferentes operações.

Figura 61 -  Caixa norton ou câmbio


Fonte: SENAI, 2014.

CARRO PRINCIPAL

Conjunto formado pelo carro transversal e longitudinal, que se movimenta de forma manual ou auto-
mática. O carro principal se desloca manualmente, através do acionamento do volante, ou automatica-
mente, através da combinação das engrenagens da caixa norton.

Figura 62 -  Carro principal do torno mecânico


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
72

CARRO TRANSVERSAL

Esse carro é responsável pelo movimento de avanço transversal ou movimento de penetração da fer-
ramenta sobre o material usinado. Desloca-se de forma manual ou automática, e o seu avanço pode ser
medido pelo anel graduado. A seta na figura a seguir indica exatamente o carro transversal.

Figura 63 -  Carro transversal


Fonte: SENAI, 2014.

CARRO LONGITUDINAL

O carro longitudinal também é conhecido como carro porta-ferramenta ou carro superior. Ele é forma-
do por uma base graduada que permite realizar inclinações para usinagens em ângulo. Assim como o carro
principal, o carro longitudinal é o responsável pelo movimento de avanço longitudinal da ferramenta.

Figura 64 -  Carro longitudinal


Fonte: SENAI, 2014.
5 TORNO MECÂNICO
73

TORRE PORTA-FERRAMENTA

A torre porta-ferramenta ou castelo é o componente que fica na parte superior do carro transversal. É o
responsável pela fixação das ferramentas de corte. As torres podem ser de diferentes tipos, com o intuito
de assegurar a melhor fixação da ferramenta em relação ao tipo de torno. Observe, na imagem a seguir, o
sentido de movimentação da torre porta-ferramenta.

TRAVA

Figura 65 -  Torre porta-ferramenta


Fonte: SENAI, 2014.

BARRAMENTO

Barramento é uma superfície plana e paralela que sustenta os elementos do torno (cabeçote móvel, ca-
beçote fixo e carro principal). Ele possui trilhos prismáticos na parte superior, que são utilizados para guiar
a movimentação do carro principal e do cabeçote móvel de forma alinhada.

Figura 66 -  Barramento do torno


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
74

CABEÇOTE MÓVEL

O cabeçote móvel é o componente do torno que desliza sobre o barramento para apoiar a peça através
de pontas, furar, alargar etc. Para cada uma dessas operações é necessária a fixação de um acessório dife-
rente. Ele é composto basicamente por base, mangote e volante.

Mangote
Corpo Volante

Base

Figura 67 -  Cabeçote móvel


Fonte: SENAI, 2014.

Observe na Figura 68 que as partes do cabeçote móvel são assim definidas:


a) Base: representa o apoio ao corpo e é a parte que deslizará pelo barramento para que o cabeçote
realize sua função;
b) Volante: utilizado para deslocar o mangote durante operações como furar, alargar e outras. Ele
possui um anel graduado para orientar o operador sobre a quantidade de avanço da ferramenta;
c) Mangote: tubo cilíndrico que possui em sua extremidade um cone onde são colocados os aces-
sórios que auxiliarão no processo de usinagem. O deslocamento deste elemento ocorre através
do mecanismo porca e fuso.

RECÂMBIO

O recâmbio transmite o movimento de rotação do cabeçote fixo para a caixa norton, consequentemen-
te, possibilitando a movimentação automática dos carros principal e transversal.
5 TORNO MECÂNICO
75

Figura 68 -  Recâmbio
Fonte: SENAI, 2014.

5.4 CARACTERÍSTICAS

Como já sabemos, o torno pode realizar diversas operações, e a variação de tipos permite a essa máqui-
na operatriz uma gama ainda maior de aplicação na indústria. Para a utilização adequada do torno mecâ-
nico, é preciso observar sua capacidade de fabricação através das características que aprenderemos agora.
Quando recebemos um projeto, logo avaliamos as dimensões em que ele será fabricado para a escolha
do material bruto e da máquina-ferramenta com características adequadas à operação. Para isso, é obser-
vado o seguinte:
a) Comprimento entre pontas;
b) Altura da ponta.

A
B

Figura 69 -  Características do torno mecânico


Fonte: SENAI, 2014.

Na Figura 69, observe que a letra A representa o comprimento entre pontas, o que delimitará o tama-
nho máximo do material que a máquina consegue fabricar; a letra B, por sua vez, equivale à altura até o
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
76

centro da placa de três castanhas, e isso determina o diâmetro máximo do material que pode ser usinado
pela máquina.
O comprimento entre as pontas e a altura são as características principais em um torno mecânico, por-
que elas definem as dimensões do material bruto que a máquina pode usinar. No entanto, existem outras
características pertinentes, que são:
a) Diâmetro do furo do eixo principal;
b) Número de avanços automáticos do carro;
c) Velocidades do eixo principal;
d) Potência do motor.

5.5 FUNCIONAMENTO

A peça ou material bruto se movimenta em torno do seu próprio eixo, produzindo o corte através da
ferramenta que avança progressivamente em direção à peça.
O princípio de funcionamento de um torno mecânico consiste na atuação de três movimentos, o de
corte, o avanço e a penetração. De maneira combinada, esses movimentos dão ao material bruto forma e
dimensões predefinidas.

2
3

Figura 70 -  Funcionamento do torno mecânico


Fonte: SENAI, 2014.

Observe, na Figura 70, que o número 1 representa a rotação do eixo em sentido anti-horário, realizando
o movimento de corte; o número 2 refere-se ao movimento de avanço longitudinal da ferramenta; e o 3 é
o movimento de penetração.
5 TORNO MECÂNICO
77

Para realizar os movimentos de torneamento, o eixo principal do torno transmite rotação uniforme13
para a placa, numa velocidade que é estabelecida pela combinação de engrenagens do cabeçote fixo,
selecionadas através de alavancas.
Os avanços da ferramenta são realizados através dos carros principal e transversal, que podem ser acio-
nados de forma manual (volante ou anel graduado) e automática (Caixa Norton). O carro longitudinal tam-
bém realiza o avanço da ferramenta, porém apenas de forma manual.
Modificando-se as movimentações de avanço e as ferramentas de corte, é possível produzir diferentes
características em um material.

Figura 71 -  Diferentes perfis de ferramenta para variadas aplicações


Fonte: SENAI, 2014.

5.6 RECOMENDAÇÕES NO USO

Como estudado, o torno funciona através de movimentos rotativos, além disso, alguns dos seus com-
ponentes podem ser acionados automaticamente, então todo cuidado é pouco. Para a sua utilização, o
operador deve estar atento e tomar cuidados, como manter sempre uma distância segura em relação a
alguns componentes a fim de evitar graves acidentes.
Antes de operar a máquina não se deve utilizar nenhum acessório que durante a operação possa ficar
preso aos elementos da máquina, como luvas, jaleco de manga longa, anéis, pulseiras, relógio etc. Deve-se,
no entanto, fazer uso de touca para prender o cabelo de modo a evitar que eles desprendam e se envolvam
nos componentes em rotação.
Os acidentes relacionados ao torno mecânico podem ser graves e, para evitá-los, é necessário tomar
medidas que protejam todos da equipe de trabalho.

13 Rotação uniforme: constante, sem variação.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
78

Figura 72 -  Segurança no torno mecânico


Fonte: SENAI, 2014.

FIQUE Lembre-se sempre de que a segurança é fundamental, e não deixe de utilizar os EPIs
obrigatórios, como protetores auditivos, óculos de proteção e bota resistente a im-
ALERTA pacto.

CASOS E RELATOS

Definindo estratégia
Marcos, técnico recém-formado em mecânica, foi contratado há pouco tempo por uma empresa
especializada em realizar usinagem através do processo de torneamento de peças. No galpão de
produção é possível encontrar tornos de diferentes tipos e aplicações, para atender aos projetos de
diferentes empresas. O gestor tem o hábito de trocar os profissionais de máquinas a cada quinze
dias, com o intuito de que todos os colaboradores adquiram habilidades com cada uma delas.
Recentemente, foi estipulada a fabricação de um projeto em grande quantidade, que tinha como
produto um eixo com duas seções circulares excêntricas, com um perfil cônico na primeira revolução
e rosca na segunda. Para designar o serviço, o gestor reuniu a equipe de trabalho a fim de estabele-
cer a melhor estratégia de produção, e o técnico que executaria a operação.
Maurício, técnico experiente em mecânica, sugeriu a utilização do torno revólver, justificando que,
como serão produzidas grandes quantidades de uma mesma peça, a utilização desse tipo de ope-
ratriz se torna mais viável e deixará a operação mais rápida. Também indicou Marcos para ser o
operador, justificando que apesar do pouco tempo na empresa, ele era um profissional cauteloso
5 TORNO MECÂNICO
79

e habilidoso com a máquina, que fazia dos cuidados com a segurança um hábito. O gestor, sempre
atento aos seus colaboradores, concordou com as observações de Maurício e pediu que Marcos
assumisse a operação.

5.7 ACESSÓRIOS

Como toda máquina operatriz, o torno mecânico precisa de alguns utensílios para exercer sua função
com eficiência e garantir que algumas operações sejam realizadas. A placa, por exemplo, é indispensável
para fixar o material a ser usinado, enquanto a luneta e a ponta possibilitam usinar um material de grande
comprimento. Vamos conhecer melhor os acessórios do torno mecânico e entender suas aplicações.

PLACA UNIVERSAL

A placa universal é a mais utilizada para trabalhos no torno e tem a função de fixar peças com perfis
cilíndricos, fixando também alguns polígonos regulares. Seu mecanismo de funcionamento ocorre através
do acionamento das castanhas, que se movimentam simultaneamente de modo a centralizar o material.

Figura 73 -  Placa universal


Fonte: SENAI, 2014.

Essas placas têm a capacidade limitada, não fornecem fixação a materiais com diâmetros elevados. São
compostas de três castanhas que possibilitam diferentes fixações.
Com base na Figura 74, observe que a fixação do material na placa pode acontecer de três maneiras:
quando se tem um eixo de diâmetro pequeno, a peça é presa através da parte interna das castanhas (A);
caso o material seja vazado, é utilizada a parte externa da castanha, fixando o material através da sua su-
perfície interna (B); para as peças com dimensões maiores, o material é fixado com as castanhas posiciona-
das de forma invertida (C).
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
80

A B C
Figura 74 -  Fixação do material na placa
Fonte: SENAI, 2014.

PLACA DE CASTANHAS INDEPENDENTES

O torno mecânico produz superfícies de revolução de diferentes formatos, no entanto, o material bruto
a ser usinado também pode ter formas variadas, como um quadrado. Pensando nisso, para deixar o torno
mecânico ainda mais versátil, foi desenvolvido o acessório placa de castanhas independentes ou placa de
quatro castanhas.
As castanhas dessa placa são movimentadas de forma independente de modo a garantir a fixação e
centralização de peças com características diferenciadas. As castanhas são utilizadas quando se produz
eixos excêntricos e superfícies de formato irregular.

Figura 75 -  Placa de castanhas independentes


Fonte: SENAI, 2014.
5 TORNO MECÂNICO
81

Figura 76 -  Aplicação da placa de castanhas independentes


Fonte: SENAI, 2015.

PLACA LISA

Caso o material bruto que você utilizará possua formato irregular e ambas as placas conhecidas não se
apliquem, você ainda poderá utilizar a placa do tipo lisa.
As placas lisas são compostas de ranhuras14 que permitem a utilização de parafusos e cantoneiras para
auxiliar a fixação da peça. Se o material a ser usinado for muito pesado ou a velocidade a ser utilizada for
elevada, faz-se uso de um contrapeso para equilibrar a operação a fim de evitar vibrações.

Contra peso

Cantoneiras

Peça

Ranhuras

Figura 77 -  Placa lisa


Fonte: SENAI, 2014.

14 Ranhuras: detalhe, rasgo ou canal produzido num determinado material.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
82

PLACA ARRASTADORA

Esse tipo de placa é utilizado quando a operação acontece entre pontas. Com essa placa, é necessária a
utilização da ponta e do arrastador para transmissão do movimento de rotação da peça.

Figura 78 -  Operação com placa arrastadora


Fonte: SENAI, 2014.

Todas as operações que utilizam a placa arrastadora usam os arrastadores como acessórios, os quais
funcionam como mediadores na transmissão de movimento da placa para a peça.

Figura 79 -  Arrastadores
Fonte: SENAI, 2014.

PONTAS E CONTRAPONTAS

As pontas e contrapontas são superfícies de revolução cônica com dimensões padronizadas, utilizadas
para apoiar e centralizar o material a ser usinado através do furo de centro. São definidas quanto à posição
de trabalho, como pontas ou contrapontas.
5 TORNO MECÂNICO
83

Ponta

Contra-ponta

Figura 80 -  Torneamento entre pontas


Fonte: SENAI, 2014.

Como contrapontas, são alojadas no mangote do cabeçote móvel, e suas extremidades são colocadas
no furo de centro da peça para apoiá-la. As pontas são fixadas ao eixo principal junto à placa para se reali-
zar o torneamento entre pontas.
As pontas podem ser do tipo:
a) Ponta fixa;

Figura 81 -  Ponta fixa


Fonte: SENAI, 2014.

b) Pontas giratórias ou pontas rotativas, as quais diminuem o atrito entre a ponta e o material usi-
nado; por serem rotativas, são utilizadas apenas como contraponta;

Figura 82 -  Ponta giratória


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
84

c) Ponta rebaixada, com a qual é possível facear completamente a extremidade da peça.

Figura 83 -  Ponta rebaixada


Fonte: SENAI, 2014.

SAIBA A conicidade e as dimensões das pontas são estabelecidas mediante tabela de padro-
MAIS nização de cada acessório, através da Norma DIN 228 CONE MORSE.

As pontas são comumente utilizadas:


a) Para apoiar peças compridas em operações nas quais a ferramenta produzirá muito esforço sobre a
peça ou quando for necessária uma usinagem entre pontas.
b) As pontas estão expostas a atrito com o material durante as operações. A fim de evitar o desgaste
precoce do acessório, é utilizado lubrificante na ponta e no furo de centro do material.

LUNETA

A luneta é um acessório utilizado quando o material a ser usinado é de grande comprimento e peque-
nos diâmetros. Ela serve de apoio para diminuir a vibração e a flexão da peça no momento da usinagem,
podendo ser fixa ou móvel.
5 TORNO MECÂNICO
85

Luneta

Castanha
Figura 84 -  Aplicação da luneta
Fonte: SENAI, 2014.

A luneta fixa é presa ao barramento do torno de forma conveniente. É formada por três castanhas
reguláveis nas quais é apoiada a peça que deve estar, de antemão, torneada; caso não esteja, deve ser lu-
brificada a extremidade das castanhas para diminuir o atrito entre o material e o componente.

Luneta

Figura 85 -  Utilização da luneta fixa


Fonte: SENAI, 2014.

A luneta móvel é fixada no carro principal e acompanha a peça durante os movimentos longitudinais
realizados. Ela é composta de duas castanhas e é geralmente utilizada quando todo o comprimento da
peça necessita ser usinado.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
86

Luneta móvel

Figura 86 -  Utilização da luneta móvel


Fonte: SENAI, 2014.

As pontas das castanhas da luneta são produzidas em material macio,


CURIOSIDADES com o intuito de não danificar a superfície do material usinado.

CASOS E RELATOS

Selecionando os acessórios do torno


Carlos, técnico mecânico em uma empresa de grande porte, é reconhecido por ser um profissional
responsável e comprometido com os serviços que lhes são designados. Percebendo essa habilidade,
seu supervisor pediu que ele auxiliasse um novo colaborador a realizar uma operação de usinagem.
Carlos e o novo funcionário, Pedro, observaram o desenho mecânico e identificaram que o diâ-
metro do material tinha 25,4 mm, 700 mm de comprimento e seriam feitos perfis diferenciados ao
longo da peça. Carlos salientou que antes de iniciar qualquer operação era importante analisar o
desenho e selecionar os acessórios que seriam utilizados ao longo do processo.
Juntos eles analisaram a melhor maneira de usinar o produto, decidindo por utilizar o torno mecâ-
nico horizontal. A partir daí, separaram a placa de três castanhas, uma ponta rotativa e uma luneta
fixa que auxiliaria nas operações, além das ferramentas de corte que dariam formato e dimensão ao
produto.
5 TORNO MECÂNICO
87

BUCHA CÔNICA DE REDUÇÃO

A bucha cônica é um acessório, para a fixação de ferramentas ou pontas que não tenham as mesmas di-
mensões do cone interno do mangote. Ela é colocada no mangote do cabeçote móvel, junto à ferramenta
ou ponta que será adaptada, permitindo que seja realizada a operação.

Mangote
Ponta rebaixada

Bucha

Figura 87 -  Bucha cônica de redução


Fonte: SENAI, 2014.

MANDRIL

O mandril é o acessório utilizado para fixar algumas ferramentas, tais como brocas, alargadores e ma-
chos. O princípio de funcionamento dele é similar ao da placa universal. Suas castanhas se movimentam
simultaneamente de modo a centralizar e prender a ferramenta de corte.

Figura 88 -  Mandril
Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
88

RECAPITULANDO

Neste capítulo, desenvolvemos a capacidade de reconhecer atributos pertinentes ao torno mecâni-


co e seus tipos, conhecendo suas características, algumas das suas operações, aplicações e compo-
nentes principais.
Compreendemos que essa máquina operatriz tem diversas aplicabilidades na indústria e, por isso, é
utilizada em larga escala para a obtenção dos mais variados produtos, desde que sejam constituídos
de superfícies cilíndricas, cônicas, excêntricas etc.
Vimos que para utilizar o torno, são imprescindíveis alguns acessórios que proporcionam funcionali-
dade à máquina operatriz. Sem as placas, por exemplo, como seriam fixados os materiais a ser fabri-
cados? Percebemos a importância de estarmos atentos ao ambiente de trabalho, tomando cuidados
no manuseio e nas operações realizadas com essa máquina-ferramenta, com o intuito de realizar um
bom trabalho associado à saúde e à segurança do operador.
5 TORNO MECÂNICO
89

Anotações:
Fresadoras

A usinagem é um processo que possibilita a obtenção de peças com formatos variados


e suas operações são desenvolvidas a partir da utilização de máquinas-ferramentas. Com as
novas necessidades da indústria de desenvolver peças com geometrias cada vez mais comple-
xas, o uso exclusivo do torno mecânico tornou-se limitado na obtenção de alguns formatos e
superfícies.
Ao longo do tempo, foram desenvolvidas máquinas-ferramentas, que, de um modo geral,
tornaram os processos de fabricação muito versáteis. Disso surgiram as fresadoras, que são
operatrizes derivadas do torno mecânico, as quais possibilitam a execução de operações com
variados tipos de faces, viabilizando em um material detalhes e características até então não
conseguidos.
As operações de usinagem realizadas com as fresadoras são denominadas de fresagem e
ocorrem por meio da ferramenta de corte multicortante chamada fresa. Através desse proces-
so, pode-se usinar peças de superfícies planas de diferentes formatos. Na imagem a seguir,
observe que as setas indicam a movimentação da mesa de trabalho.

Fresa

Peça

Mesa de trabalho

Figura 89 -  Fresadora
Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
92

6.1 TIPOS

As máquinas-ferramentas fresadoras são classificadas de acordo com a posição do eixo-árvore em re-


lação à mesa de trabalho, podendo ser horizontais ou verticais. Existem fresadoras de diferentes tipos,
utilizadas para variadas aplicações, e algumas delas são destinadas a operações especiais, como copiar
formatos ou realizar gravações na peça.
Vamos conhecer os tipos mais utilizados de fresadoras:
a) Fresadora horizontal;
b) Fresadora vertical;
c) Fresadora universal;
d) Fresadora pantográfica;
e) Fresadora copiadora;
f) Fresadora ferramenteira;
g) Fresadora CNC.

FRESADORA HORIZONTAL

As fresadoras horizontais têm o eixo-árvore da máquina posicionado paralelamente à mesa de trabalho


e são muito utilizadas para produzir ranhuras15 e engrenagens.

Fresa

Eixo-árvore

Figura 90 -  Fresadora horizontal


Fonte: PORTAL METALICA, 2014.

15 Ranhuras: detalhe, rasgo ou canal produzido em um determinado material.


6 FRESADORAS
93

FRESADORA VERTICAL

Essa operatriz diferencia-se da fresadora horizontal pela posição do eixo-árvore, que neste caso é per-
pendicular à mesa de trabalho. No entanto, o princípio de funcionamento das máquinas é similar e algu-
mas operações, como facear e fazer alguns rasgos, podem ser feitas em ambos os tipos.

Figura 91 -  Fresadora vertical


Fonte: SENAI, 2014.

FRESADORA UNIVERSAL

As fresadoras universais executam serviços com posicionamentos horizontais e verticais do cabeçote


em relação à mesa de trabalho. A escolha do posicionamento se dá de acordo com o tipo de operação que
será realizada.
Existem fresadoras universais em que o cabeçote vertical, quando não está em uso, fica posicionado
lateralmente, sustentado por uma alavanca, que facilita a movimentação para a montagem no eixo-árvore
no momento da utilização.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
94

Alavanca

Eixo-árvore
vertical Eixo-árvore
Cabeçote horizontal
vertical

Figura 92 -  Fresadora universal


Fonte: SENAI, 2014.

FRESADORA PANTOGRÁFICA

Essa máquina-ferramenta possui o eixo-árvore posicionado perpendicularmente16 em relação à mesa


de trabalho, e possui dois cabeçotes. Em um cabeçote está a ferramenta que realizará a usinagem, e no
outro o modelo da peça que será copiado.

Eixo-árvore

Fresa

Figura 93 -  Operação na fresadora pantográfica


Fonte: SENAI, 2014.

16 Perpendicularmente: um elemento que está posicionado a um ângulo de 90° em relação a outro.


6 FRESADORAS
95

As fresadoras pantográficas são comumente utilizadas quando se deseja realizar gravações e cópias de
peças já produzidas seguindo gabaritos17. Sua movimentação é controlada manualmente pelo operador.
À medida que ele movimenta a ferramenta apalpadora sobre o modelo, a fresa realiza os mesmos movi-
mentos na peça.

Figura 94 -  Controle da operação na fresadora pantográfica


Fonte: SENAI, 2014.

FRESADORA COPIADORA

A fresadora copiadora, assim como a pantográfica, utiliza do eixo perpendicular e dois cabeçotes para
a realização da fresagem. Em um cabeçote é fixada a ferramenta, e no outro, o relógio apalpador. Nessa
operatriz, a movimentação ocorre de forma automática, e as dimensões e formatos da peça copiada são
controlados através da utilização do relógio apalpador.

• Eixo-árvore
• Mandril porta pinça
• Fresa
• Peça
• Parafusos e grampos de
fixação
• Mesa de trabalho
• Relógio apalpador

Figura 95 -  Fresadora copiadora


Fonte: SENAI, 2014.

17 Gabaritos: medida padrão utilizada como modelo para guiar o perfil a ser produzido na peça.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
96

A indústria diminuiu consideravelmente o uso das máquinas-ferramenta fresadora pantográfica e fre-


sadora copiadora, uma vez que as máquinas por Comando Numérico computadorizado (CNC), que conhe-
ceremos adiante, podem executar as mesmas operações de maneira mais eficaz.

FRESADORA FERRAMENTEIRA

A fresadora ferramenteira é muito utilizada. Ela permite a realização de diversas operações e produz
peças de perfis variados. O eixo-árvore desta máquina é posicionado verticalmente em relação à mesa de
trabalho, e o cabeçote na localização do eixo pode trabalhar com inclinações em diferentes ângulos no
momento da usinagem do material.

Figura 96 -  Fresadora ferramenteira


Fonte: SENAI, 2014.
6 FRESADORAS
97

FRESADORA CNC

Os eixos dessa fresadora são movimentados através de comandos programados pelo computador,
através de um sistema de coordenadas. Na programação estão inseridos símbolos que serão decodificados
pela máquina, para sucessivamente realizar as operações.
O comando CNC promove à operatriz versatilidade, possibilitando a produção de peças com diversos
tipos e formatos. As fresadoras CNC, também conhecidas como Centros de Usinagem, são muito utilizadas
para produzir grande quantidade de peças do mesmo perfil (produção em série), superfícies de formatos
complexos ou para obter maiores precisões em um produto.

Figura 97 -  Fresadora CNC


Fonte: SENAI, 2014.

Existem ainda outros tipos de fresadoras utilizadas para aplicações di-


CURIOSIDADES versas, que são empregadas para trabalhos especiais, como a fresadora
de dentes, utilizada para produzir engrenagens.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
98

6.2 APLICAÇÕES

Como já estudamos, a máquina fresadora é uma operatriz de várias funcionalidades, o que a torna mui-
to utilizada nos processos de fabricação mecânica, para obtenção de diferentes perfis.
A partir do tipo da operatriz, da ferramenta e dos acessórios pode-se ter a execução de operações dis-
tintas. Dentre as aplicações mais realizadas temos:
a) Fresagem frontal: uma das operações mais simples do processo de fresagem, que pode ser reali-
zada por diversos tipos de fresadoras. Nesse caso, o eixo de rotação da fresa está posicionado de
forma perpendicular em relação à superfície que está sendo usinada;

Movimento de corte

Fresa
Eixo de rotação
Superfície usinada

Peça
Avanço

Figura 98 -  Operação de fresagem frontal


Fonte: SENAI, 2014.

b) Fresagem tangencial: nesse tipo de operação, o eixo de rotação da fresa está posicionado de
forma paralela à superfície que está sendo usinada. Assim como a fresagem frontal, esse tipo de
operação pode ser realizado em diversos tipos de fresadoras;

Ferramenta de corte
Movimento de
(fresa)
corte

Avanço
Eixo de rotação
Peça

Figura 99 -  Operação de fresagem tangencial


Fonte: SENAI, 2014.
6 FRESADORAS
99

c) Fresagem de superfícies côncavas18 e convexas19: para as superfícies côncavas, a operação pode


ser frontal ou tangencial; já para superfícies convexas, apenas tangencial. Essas operações utili-
zam fresas com perfis específicos.

Eixo de
Eixo de rotação
rotação

Peça Peça
Avanço Avanço

Eixo de rotação

Avanço

Peça
Figura 100 -  Fresagem de superfícies côncavas e convexas
Fonte: SENAI, 2014.

d) Fresagem de ranhuras, canais ou rasgos: essa operação produz detalhes de formatos e dimen-
sões distintas no material, inclusive de perfil côncavo que já estudamos;

Eixos de rotação

Avanço

Peça

Figura 101 -  Fresagem de ranhuras


Fonte: SENAI, 2014.

18 Superfícies côncavas: superfície formada de cavidade raiada.


19 Superfícies convexas: superfície formada de saliência raiada.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
100

e) Fresagem de engrenagens: através do perfil da ferramenta e do acessório utilizado na operação


de fresagem, é possível obter engrenagens de diferentes tipos e aplicações, que também podem
ser obtidas através de fresadoras específicas para esse tipo de operação.

Fresa

Peça

Figura 102 -  Fresagem de engrenagens


Fonte: SENAI, 2014.

SAIBA O processo Fellows e Renânia são operações de fresagem peculiares, realizadas por
fresadoras especiais, utilizadas na fabricação de engrenagens. Para aprender mais so-
MAIS bre esse processo, verifique as aulas 51 e 52 do Telecurso 2000.

CASOS E RELATOS

Como fixar?
Durante o expediente de trabalho, em um galpão de fabricação mecânica, foi solicitado que a téc-
nica mecânica Laura realizasse a fresagem em esquadro de um bloco com dimensões de 40x40x30
mm, utilizando a fresadora ferramenteira para esquadrejar20 o material.
Laura separou os acessórios e ferramentas que utilizaria, colocou seus equipamentos de proteção
e direcionou-se à máquina para iniciar a usinagem. Como hábito, seguiu os procedimentos neces-
sários para iniciar a usinagem quando percebeu que o material bruto que seria esquadrejado tinha
forma irregular, deixando a peça mal fixada na morsa.

20 Esquadrejar: operação em que se obtêm superfícies perpendiculares entre si numa determinada peça.
6 FRESADORAS
101

Como boa profissional, Laura nunca omitiu suas dúvidas e estava sempre em busca da realização de
um bom trabalho. Então, fez o seguinte questionamento a Carlos, técnico em fabricação mecânica:
- Carlos, como posso garantir a melhor fixação de um material que possui superfícies irregulares?
- Ora, é simples! Sempre que precisar fixar melhor o material, você deve fazer uso dos calços e ele-
mentos cilíndricos, que irão te ajudar a garantir a melhor fixação da peça na morsa.
Satisfeita, Laura seguiu para a máquina com os calços e elementos indicados por Carlos, os ajustou
à peça, fixando-a melhor, dando assim continuidade à operação de fresagem com mais segurança.

6.3 NOMENCLATURA

Alguns componentes das fresadoras podem variar de acordo com o tipo utilizado. No entanto, como
em toda máquina-ferramenta, existem partes principais que são comuns a todos os tipos de fresadora.
Vamos conhecer esses componentes principais através da fresadora ferramenteira?
Suas principais partes são:
a) Base ou corpo;
b) Coluna;
c) Cabeçote;
d) Árvore;
e) Consolo;
f) Sela;
g) Mesa;
h) Comandos.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
102

Comandos de
acionamento
da máquina

Cabeçote

Eixo-árvore
Coluna

Comandos manuais
(Manípulos)
Mesa

Banco
Comando Base
automático

Figura 103 -  Partes da fresadora ferramenteira


Fonte: SENAI, 2014.

BASE OU CORPO

Fabricada em ferro fundido, a base é o componente responsável por sustentar todas as outras partes da
máquina e geralmente está unida à coluna. Em alguns casos, a base serve também de reservatório para o
fluido refrigerante21 que será utilizado na operação.

COLUNA

A coluna é o componente que aloja os elementos responsáveis pelo mecanismo de funcionamento da


máquina. Na parte frontal desse componente encontram-se as guias retificadas, que servem para guiar o
movimento vertical do consolo. Junto a base, esse componente faz o suporte de todos os elementos da
máquina.

21 Fluido refrigerante: óleo especial utilizado para resfriar a ferramenta e a peça no momento da usinagem.
6 FRESADORAS
103

Figura 104 -  Coluna e guias de movimento vertical da fresadora


Fonte: SENAI, 2014.

CABEÇOTE

É a parte da operatriz que é fixada à coluna e aloja o eixo-árvore da máquina. Esse componente pode
estar posicionado vertical ou horizontalmente a depender do tipo da fresadora.
No caso da fresadora ferramenteira, o cabeçote pode ser inclinado em diferentes ângulos para atender
a operações de fresagem específicas.

Anel graduado para


inclinação do cabeçote

Figura 105 -  Cabeçote da fresadora ferramenteira


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
104

EIXO-ÁRVORE

Componente que fica posicionado no cabeçote, o eixo-árvore recebe o movimento de rotação transmi-
tido pelo motor e o transfere para a ferramenta de corte.

Eixo-árvore

Figura 106 -  Eixo-árvore da fresadora ferramenteira


Fonte: SENAI, 2014.

BANCO

O banco, conhecido como suporte da mesa, tem a função de sustentar a mesa de trabalho. Ele funciona
sobre as guias da coluna, realizando o movimento vertical da mesa (Figura 107).

Banco

Figura 107 -  Banco da fresadora ferramenteira


Fonte: SENAI, 2014.
6 FRESADORAS
105

SELA

A sela é uma guia que possibilita o deslocamento transversal da mesa de trabalho.

Guia

Figura 108 -  Guia da fresadora ferramenteira


Fonte: SENAI, 2014.

A mesa ou mesa de trabalho é o componente que se movimenta e possibilita as operações de usina-


gem. Ela possui rasgos que permitem aos acessórios atuarem na fixação da peça que será usinada.

Figura 109 -  Mesa de trabalho da fresadora


Fonte: SENAI, 2014.

Tomando como referência o plano horizontal, ela se movimenta verticalmente no eixo Z por intermédio
do consolo e se desloca de forma longitudinal e transversal pelos eixos X e Y respectivamente. Os avanços
podem ser controlados de forma manual ou automática e são medidos pelos anéis graduados.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
106

Eixo Z

Eixo Y

Eixo x

Figura 110 -  Eixos de orientação da fresadora


Fonte: SENAI, 2014.

COMANDOS

Os comandos da fresadora podem variar de acordo com os tipos. Eles podem ser manuais e automáti-
cos ou, ainda, computadorizados, como no caso da fresadora CNC.
Os comandos manuais são acionados através dos manípulos posicionados no fuso.

Figura 111 -  Comando manual


Fonte: SENAI, 2014.
6 FRESADORAS
107

Os comandos automáticos são acionados através de alavancas que ativam o mecanismo elétrico, mo-
vimentando os elementos.

Figura 112 -  Comando automático da fresadora


Fonte: SENAI, 2014.

Existem, ainda, comandos que acionam o motor e o eixo de rotação da máquina. Através de controla-
dores é possível regular a velocidade de rotação do eixo.

Figura 113 -  Comando de acionamento da máquina


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
108

6.4 CARACTERÍSTICAS

As características principais da fresadora são as suas capacidades de dimensão, deslocamento, funções,


tipos e outras especificidades que são definidas a partir do tipo de trabalho que se deseja realizar.
Com base na Figura 114, identifique as seguintes características da fresadora:
a) Comprimento e largura da mesa de trabalho;
b) Deslocamentos máximos da mesa - longitudinal e transversal;
c) Altura máxima da superfície da mesa até o eixo principal.

Figura 114 -  Características principais da fresadora


Fonte: SENAI, 2014.

As dimensões da mesa de trabalho, os deslocamentos máximos e algumas outras características da


máquina, como a faixa de rotação do eixo principal e o peso máximo suportado pela mesa, auxiliarão o
operador a identificar a fresadora que atenda aos requisitos de trabalho de que ele necessita.

6.5 FUNCIONAMENTO

O princípio básico de funcionamento das máquinas operatrizes é a combinação de movimentos e aces-


sórios que irão promover a fabricação de um determinado produto. No entanto, cada tipo de fresadora
pode ter características de operação específicas.
A fresadora utiliza três movimentos básicos para realizar as operações (Figura 115). São eles:
a) O movimento de rotação da ferramenta (R), que se encontra no eixo-árvore e produz o corte;
b) O movimento de avanço (A) da peça fixada sobre a mesa de trabalho;
c) O movimento de penetração (P), relacionado à quantidade de material a ser removido durante
o deslocamento.
6 FRESADORAS
109

Movimento de rotação (R)


Movimento de
Fresa penetração (P)

Peça
Movimento de avanço (A)

Figura 115 -  Princípio de funcionamento da fresadora


Fonte: SENAI, 2014.

Através do acionamento do motor, o eixo-árvore onde a ferramenta é fixada, é rotacionado em sentido


horário ou anti-horário; na mesa de trabalho, é preso o material que irá ser deslocado em direção à ferra-
menta através dos eixos X e Y; e o movimento de penetração irá acontecer através do avanço do eixo Z da
máquina. Esse movimento geralmente é realizado pela mesa de trabalho, no entanto, existem fresadoras
especiais que movimentam o eixo Z através do eixo-árvore.
Observe na Figura 116 que o movimento da fresa sobre o material pode acontecer de forma concordan-
te ou discordante. No primeiro, o sentido de rotação da ferramenta combina com o sentido de avanço da
peça, enquanto no discordante a peça avança em sentido contrário à rotação da ferramenta.

MOVIMENTO CONCORDANTE MOVIMENTO DISCORDANTE


Sentido de rotação Sentido de rotação

5 5

Normal
Avanço da peça Avanço da peça

Figura 116 -  Movimentos de corte concordante e discordante


Fonte: SENAI, 2014.

Para saber qual tipo de movimento está sendo feito, basta observar o sentido de giro da ferramenta.
Para bons acabamentos é necessario o movimento concordante.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
110

6.6 RECOMENDAÇÕES NO USO

A fresadora é uma máquina que requer alguns cuidados ao longo de sua utilização. Assim como o torno
mecânico, ela necessita que o operador esteja devidamente protegido através da utilização dos EPIs.
Antes de iniciar as operações na fresadora, certifique-se sempre de que a peça está bem fixada e alinha-
da para a operação que você realizará, além de verificar se os movimentos automáticos da máquina estão
desativados, de modo a evitar que ocorra algum acidente quando a máquina seja acionada.

Figura 117 -  Técnico operando a fresadora


Fonte: SENAI, 2014.

A NR 12 aborda os procedimentos de segurança relacionados a máquinas e equipa-


SAIBA mentos. Esta norma informa sobre os métodos que protegem a saúde e integridade
MAIS física dos operadores e pode ser encontrada no site do Ministério do Trabalho e Em-
prego (MTE).

6.7 ACESSÓRIOS

Os acessórios da fresadora, assim como os do torno mecânico e de outras máquinas-ferramentas são


componentes que auxiliarão na execução de operações comumente realizadas e possibilitarão outras apli-
cabilidades à operatriz.
Vamos conhecer alguns acessórios que promovem mais funcionalidades à fresadora, conhecendo suas
aplicações dentro das operações de usinagem.
6 FRESADORAS
111

PARAFUSOS E GRAMPOS DE FIXAÇÃO

Os parafusos e grampos são utilizados para auxiliar na fixação de peças sobre a mesa de trabalho.

Figura 118 -  Parafusos e grampos


Fonte: SENAI, 2014.

CANTONEIRAS DE ÂNGULO FIXO OU AJUSTÁVEL

As cantoneiras são utilizadas para fixar peças em posições diferentes das comumente obtidas pelas
morsas. Elas atuam em conjunto com os parafusos e grampos. As cantoneiras podem ser fixadas ou ajustá-
veis, o que possibilita a inclinação da peça para operações em diferentes ângulos.

Figura 119 -  Cantoneira de ângulo fixo e de ângulo ajustável


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
112

MORSAS

Lembra-se das morsas que estudamos no capítulo de ferramentas manuais?


Elas podem ser utilizadas pelas fresadoras com a função de fixar o material que será fresado. Nas fre-
sadoras, as morsas são fixadas sobre a mesa de trabalho por meio de parafusos, sendo alinhadas ao eixo-
-árvore.

Base giratória
com graduação

Figura 120 -  Morsa para fixação do material


Fonte: SENAI, 2014.

FIQUE Deve-se alinhar a morsa em relação ao eixo-árvore com o auxílio do relógio compa-
ALERTA rador, com o intuito de prevenir irregularidades dimensionais no material usinado.

MESA DIVISORA

O acessório mesa divisora também é conhecido como platô. Ela fixa o material que passará por opera-
ções de fresagem especiais, como a realização de furos equidistantes22, contornos e outras aplicações em
uma circunferência. Ela possui graduação ao longo da sua circunferência e utiliza discos para controlar o
avanço. A quantidade de furos avançados determinará o giro do acessório.

22 Furos equidistantes: espaçados igualmente.


6 FRESADORAS
113

Figura 121 -  Mesa divisora


Fonte: SENAI, 2014.

CABEÇOTE DIVISOR

O cabeçote divisor tem o mesmo princípio de funcionamento da mesa divisora, porém a peça é posi-
cionada de forma diferente.
O divisor fixa a peça através da placa de três castanhas e tem o auxílio do cabeçote móvel para apoiar e
centralizar a peça. Com a movimentação do manípulo, a peça gira em torno do próprio eixo e são realiza-
das as fresagens equidistantes de acordo com o especificado.

Figura 122 -  Cabeçote divisor


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
114

MANDRIL

É um acessório formado de superfície cônica padronizada pelo sistema MORSE ou ISO23 , que atua como
suporte para fixação de ferramentas. O mandril é fixado no cone do eixo-árvore, podendo ser do tipo uni-
versal, porta-pinça e porta-ferramentas.
O mandril universal é o tipo mais utilizado em furadeiras, muito útil também na fresadora. Esse aces-
sório realiza a fixação de ferramentas com haste cilíndrica, como as brocas, escareadores, alargadores e
outros.

Figura 123 -  Mandril universal


Fonte: GUIA CNC, 2011.

O mandril porta-pinça fixa ferramentas de pequenos diâmetros formadas por haste cilíndrica. Este
tipo de mandril usa pinças para realizar a fixação.
As pinças são acessórios formados por um furo central, que pode ter diferentes diâmetros. Elas ficam
alojadas no mandril e, ao apertar a porca, a pinça se fecha fixando a ferramenta de corte.

Pinças Mandril porta-pinça


Cone porta-pinça
Pinça

Chave do mandril porta-pinça

Porca

Figura 124 -  Mandril porta-pinça


Fonte: SENAI, 2014.

23 ISO: é a sigla para International Organization for Standardization, em português, Organização Internacional para Padronização.
6 FRESADORAS
115

O mandril porta-ferramentas realiza a fixação através de um parafuso que atravessa o furo contido na
fresa e é roscado no mandril.

Fresa
Mandril Parafuso
de fixação

Figura 125 -  Mandril porta-ferramenta


Fonte: SENAI, 2014.

Todos os acessórios que estudamos têm a finalidade de garantir maior eficiência às operações de fre-
sagem.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
116

RECAPITULANDO

Aprendemos, neste capítulo, que as fresadoras são máquinas-ferramentas responsáveis por realizar
operações de fresagem, sendo capazes de fabricar produtos de diferentes características geométri-
cas e dimensionais.
Entre os assuntos abordados, desenvolvemos a habilidade de reconhecer os tipos de fresadoras, as
partes principais desta máquina e descobrimos a gama de operações que esta operatriz pode reali-
zar.
Compreendemos que as fresadoras utilizam a fresa como ferramenta de corte e que sua rotação
junto ao avanço da mesa torna possível a operação de fresagem. Além disso, sabemos o quanto os
acessórios atribuem mais funcionalidades a essa máquina, sem esquecer que para a utilização das
fresadoras os parâmetros de segurança são indispensáveis a fim de vincular os bons resultados com
a integridade física do operador.
6 FRESADORAS
117

Anotações:
Furadeiras

Em estudos anteriores, você pôde aprender sobre ferramentas portáteis elétricas, seus va-
riados tipos e aplicações de acordo com a operação que se deseja executar. Dentre essas ferra-
mentas está a furadeira, ferramenta portátil que, ao longo dos anos, evoluiu consideravelmen-
te para melhor atender às especificações, tanto de mercado quanto industriais.
A furadeira é uma máquina-ferramenta capaz de fazer furos ou dar acabamento aos mes-
mos. É possível encontrar furadeiras de diversos tipos, com características que atendem a uma
série de exigências de projetos, como as furadeiras de múltiplos fusos que realizam o processo
de furação com furos de diâmetros diferentes em uma mesma peça.
Você já imaginou algum objeto que não tenha pelo menos, um furo, seja ele para qualquer
finalidade? A lista de produtos é bastante grande.
A operação de furar é uma das mais antigas operações executadas pelo homem e, para
realizá-la, é necessário o uso de uma máquina. Este capítulo abordará a máquina-ferramenta
furadeira, suas aplicações, características e funcionamento.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
120

7.1 TIPOS

Para atender a uma diversidade de necessidades e especificações que evoluíram junto aos processos de
fabricação mecânica, foram desenvolvidos diversos tipos de furadeiras, que estudaremos a seguir.

FURADEIRA DE ACIONAMENTO MANUAL (PORTÁTEIS)

Lembra que conhecemos esse tipo de furadeira no capítulo sobre ferramentas portáteis? Ela é comu-
mente utilizada na indústria, em situações nas quais não é possível realizar uma furação com uma furadeira
fixa.

Figura 126 -  Furadeira portátil


Fonte: SENAI, 2014.

FURADEIRA DE COLUNA

Como o próprio nome faz referência, a furadeira de coluna é assim denominada porque fica em uma
espécie de coluna, também conhecida como suporte.
O acionamento dessa furadeira pode ser manual, através da alavanca, ou automático. Sua mesa pode
ser movimentada verticalmente ao se descolar sobre a coluna e adaptar-se ao tipo de peça a ser furada. A
mesa pode ser giratória, possibilitando a execução de furos equidistantes.
7 FURADEIRAS
121

Coluna ou
suporte

Mesa

Figura 127 -  Furadeira de coluna


Fonte: SENAI, 2014.

As furadeiras de coluna são mais robustas, de maior porte e utilizadas para furos de maiores diâmetros,
que não são possíveis de fazer com as furadeiras de bancada.

FURADEIRA DE BANCADA

Na furadeira de bancada, o acionamento da alavanca – que permite o avanço da máquina para realizar
a operação – é feito de forma manual.
Ela é empregada para fazer furos pequenos, geralmente de 1 a 12 mm. É composta por uma base metá-
lica e uma coluna, que é o suporte da máquina e apoia o cabeçote onde está localizado o eixo que, por sua
vez, recebe o movimento de rotação, transferindo-o para a ferramenta.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
122

Alavanca

Mesa

Coluna

Base

Figura 128 -  Furadeira de bancada


Fonte: SENAI, 2014.

FURADEIRA RADIAL

Nesse tipo de furadeira, o avanço da ferramenta se faz de maneira manual ou automática. Essa furadeira
é utilizada para abrir furos de grandes dimensões. É denominada furadeira radial porque possui um braço
horizontal que é capaz de dar uma volta em torno da coluna. Seu cabeçote pode ser movimentado vertical
e horizontalmente quando necessário.
7 FURADEIRAS
123

Figura 129 -  Furadeira radial


Fonte: SENAI, 2014.

FURADEIRAS ESPECIAIS

Existem ocasiões em que as furadeiras convencionais não são as mais indicadas para determinado tipo
de serviço. Para algumas destas situações existem as furadeiras especiais. Veja alguns modelos:
a) Furadeira múltipla
Usada quando se quer obter furos de diversas dimensões em sequência. Essa furadeira possui fusos
alinhados que podem executar a operação simultaneamente ou sucessivamente em uma ou várias peças.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
124

Figura 130 -  Furadeira múltipla


Fonte: SENAI, 2014.

b) Furadeira de fusos múltiplos


Possui vários fusos alinhados em seção circular, que trabalham juntos, e uma mesa que gira em torno de
seu próprio eixo, possibilitando maior agilidade à usinagem de peças com furos equidistantes.

Figura 131 -  Furadeira de fusos múltiplos


Fonte: SENAI, 2014.
7 FURADEIRAS
125

SAIBA A Norma Regulamentadora 12 apresenta medidas de segurança em máquinas e equi-


pamentos no ambiente de trabalho. A leitura dessa norma é altamente recomendada,
MAIS pois as informações são aplicáveis também para as furadeiras industriais.

7.2 APLICAÇÕES

As furadeiras são máquinas-ferramentas tão importantes quanto as outras. Elas diferenciam-se pelas
suas aplicações no processo de fabricação mecânica.
De maneira geral, na furadeira é possível furar com o auxilio de uma broca, podendo também realizar
outras operações com outros tipos de ferramenta. Vamos conhecer cada uma delas?

FURAR

É difícil imaginar um objeto que não possua pelo menos um furo, seja ele pra qualquer finalidade. Olhe
ao seu redor. Observe os objetos que estão por perto. Conseguiu identificar furos nesses objetos?
Percebeu como a furação está presente no nosso dia a dia mesmo que não percebamos?
Na furação, a ferramenta responsável pelo processo é a broca.

Ferramenta (broca)

Cavaco
Peça

Figura 132 -  Furação com uma broca


Fonte: EBAH, 2013. (Adaptado).
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
126

ESCAREAR FURO

A operação de escarear furos nada mais é do que tornar cônico o início de um furo previamente feito
a uma determinada profundidade. Essa operação tem por finalidade acomodar elementos de união ou
fixação com cabeça cônica, como alojar a cabeça de um parafuso. A ferramenta de corte utilizada é o es-
careador.

Escareador

Furo escareador

Figura 133 -  Furo escareado


Fonte: SENAI, 2014.

REBAIXAR FUROS

Consiste em aumentar o diâmetro do início de um furo até uma determinada profundidade, formando
um alojamento para a cabeça de um parafuso, pino etc. Essa operação permite que não fiquem saliências
na superfície de uma peça por conta de um elemento que foi introduzido em um furo.
A ferramenta utilizada neste processo é o rebaixador. Observe as Figuras 134 e 135 para que você possa
entender melhor.

B1 d1
Sendo:
d1: diâmetro da peça
B1: novo diâmetro
A1: profundidade determinada
(rebaixamento)
A1

Figura 134 -  Rebaixar furo


Fonte: MECATRÔNICA ATUAL, 2013. (Adaptado).
7 FURADEIRAS
127

d1

Figura 135 -  Rebaixadores


Fonte: SENAI, 2014.

Você percebeu que as operações de escarear e rebaixar são bem parecidas? Mas existe uma diferença
básica entre elas: apesar de ambas formarem alojamentos para elementos, a operação de escarear torna
cônica a superfície, enquanto a operação de rebaixar aumenta o diâmetro por um todo, tornando o aloja-
mento cilíndrico, por isso, bastante atenção à hora de distingui-las!

ALARGAR FUROS

As operações realizadas pelas furadeiras têm os movimentos de velocidade de corte e avanço determi-
nados pela ferramenta que será utilizada. Com a operação de alargar furos não é diferente.
Esse tipo de operação é feita quando se deseja obter os ajustes de diâmetro e as tolerâncias geométri-
cas especificadas em um projeto, como a cilindricidade, que se obtém com uso do alargador.
O alargamento pode ser cônico ou cilíndrico, dependendo da utilidade do furo. Observe na Figura 136 a
diferença entre o alargamento cilíndrico e o cônico: no primeiro, o furo segue a mesma medida de diâme-
tro até a profundidade determinada na especificação do projeto; no segundo, à medida que se aprofunda,
seu diâmetro aumenta, tornando-se cônico.

Alargamento cilíndrico Alargamento cônico

Figura 136 -  Alargamento cilíndrico e cônico


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
128

7.3 NOMENCLATURA

Mesmo com tipos variados, existem partes comuns a todas as furadeiras industriais, que são de extrema
importância para manter a funcionalidade da máquina.
Vamos conhecer quais são esses componentes?
a) Base: onde a furadeira é apoiada;
b) Coluna: parte que é presa à base da furadeira, apoiando as outras partes da máquina, tais como
o braço e o cabeçote;
c) Mesa: componente da máquina que tem como funcionalidade apoiar e fixar a peça que será tra-
balhada na máquina;
d) Sistema motriz (motor): o motor é o responsável por dar partida na máquina, possibilitando que
ela opere em velocidades determinadas pelo fabricante;
e) Alavanca: a alavanca permite o controle manual do avanço de corte na operação;
f) Eixo-árvore: parte da máquina onde o mandril com a ferramenta é fixado. É este componente que
recebe os movimentos de rotação do motor, rotacionando consequentemente a ferramenta;
g) Mandril: acessório que possibilita a fixação dos elementos de corte.
Observe na figura, a seguir, a máquina-ferramenta furadeira e seus respectivos componentes.

5
7
6
8

3
2

1 - Base;
2 - Coluna; 1
3 - Mesa;
4 - Sistema motriz;
5 - Alavanca de movimentação da ferramente;
6 - Árvore de trabalho;
7 - Mandril;
8 - Broca.
Figura 137 -  Componentes de uma furadeira
Fonte: SENAI, 2014.
7 FURADEIRAS
129

7.4 CARACTERÍSTICAS

Nem todas as máquinas são iguais, não é mesmo? Cada uma tem requisitos próprios de acordo com sua
funcionalidade.
Cada máquina-ferramenta possui características distintas para que possam atender às mais variadas
especificações de projetos do mercado, afinal, a diversidade de processos de fabricação mecânica exige
que as máquinas possam operar de maneira cada vez mais eficaz.
As principais características que diferenciam as furadeiras são:
a) Potência do motor;
b) Variação de rpm;
c) Deslocamento máximo do eixo principal;
d) Deslocamento máximo da mesa;
e) Distância máxima entre a coluna e o eixo principal.

7.5 FUNCIONAMENTO

Você lembra quais operações podem ser feitas em uma máquina-ferramenta furadeira?
Furar, alargar e rebaixar furos são algumas delas. Você já imaginou o princípio de funcionamento que
permite a realização dessas operações?
As furadeiras funcionam através do movimento de avanço e rotação de um eixo principal. A faixa de
rotação é acionada através da combinação de polias, enquanto o avanço pode ser acionado de forma au-
tomática ou manual.
Para que você entenda melhor como funciona uma máquina-ferramenta furadeira, estudaremos um
exemplo de furação.

TRAÇAGEM E PUNCIONAMENTO NA PEÇA

Quando vamos fazer a operação de furação em uma peça, é importante que, primeiro, façamos marca-
ções superficiais no material, sem danificar a superfície da peça. Essa marcação nos dá a referência do local
onde vamos fazer o furo. Observe, na Figura 138, as operações de traçagem e puncionamento respectiva-
mente, que são utilizadas para referenciar peças.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
130

Figura 138 -  Traçagem e puncionamento


Fonte: SENAI, 2014.

FIXAR A PEÇA NA MÁQUINA-FERRAMENTA

Para fixar a peça na máquina, você deve utilizar acessórios, como as morsas, que são responsáveis no
processo de fabricação por garantir que a peça fique presa adequadamente, sem folgas ou mesmo apertos
excessivos.

Figura 139 -  Fixação de uma peça na morsa


Fonte: SENAI, 2014.

FIXAR A BROCA

Após fixação da peça na furadeira por meio de um acessório, o próximo passo é fixar a broca com o
auxilio do mandril que, por sua vez, é fixado no eixo-árvore.
7 FURADEIRAS
131

É importante observar as especificações do projeto para escolher a ferramenta de corte broca, de acor-
do a operação que se deseja executar.

Figura 140 -  Fixação no mandril


Fonte: SENAI, 2014.

De acordo com o mecanismo de fixação, quando montadas em cone


CURIOSIDADES morse, as brocas possuem haste cônica; já quando montadas no mandril,
possuem haste cilíndrica.

ESTABELECER PARÂMETROS DE USINAGEM

Com a ferramenta e a peça já posicionadas e bem firmadas, é hora de definir os parâmetros na furadeira.
A regulagem dos parâmetros da furadeira (RPM e velocidade de avanço) é feita com base em tabelas,
seguindo sempre em especificações do fabricante. Assim como em qualquer outro processo de fabricação,
a velocidade de trabalho deve ser definida levando em consideração o tipo de material a ser usinado e o
tipo da ferramenta. Nesse caso de furar, utiliza-se a broca.
Quando o furo não é passante, ou seja, não ultrapassa totalmente a peça trabalhada, deve-se considerar
o quanto a broca pode avançar no momento da operação.

ACIONAR A FURADEIRA

Ao acionar a furadeira, esteja usando os EPIs. Para começar a furar a peça, avance a ferramenta gradati-
vamente ao local que foi traçado e puncionado. Comece a operação de forma cautelosa, pausando sempre
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
132

que for necessário. Tome cuidado ao operar a máquina e observe se a peça está seguindo as exigências do
projeto que lhe foi dado.
Ao terminar a operação, ou mesmo durante o processo, você pode utilizar um paquímetro para verifi-
car a medida do furo feito e seu posicionamento. Isso possibilita que o operador tenha maior controle do
processo.

Figura 141 -  Medição de um furo


Fonte: SENAI, 2014.

FIQUE Mantenha sempre limpa a sua área de trabalho, em especial, a própria máquina-fer-
ALERTA ramenta para evitar acidentes.

7.6 RECOMENDAÇÕES NO USO

A furadeira, assim como todas as outras máquinas-ferramentas, exige que o operador tenha o máximo
de cautela possível. Um descuido pode causar graves acidentes, pois a máquina opera em altas rotações e
com avanços automáticos.

Figura 142 -  Segurança no trabalho


Fonte: SENAI, 2014.
7 FURADEIRAS
133

Atente para as seguintes recomendações que são imprescindíveis para um bom manuseio da máquina:
a) Utilize os EPIs recomendados (óculos, protetor auricular e bota);
b) Retire todo e qualquer acessório pessoal que possa ficar preso às partes móveis da máquina;
c) Antes de ligar a máquina, verifique se a peça está firmemente presa para que não se desprenda
no momento da operação;
d) Sempre utilize as ferramentas de corte em bom estado, observando o nível de desgaste e a afia-
ção da ferramenta a fim de realizar as operações com a máxima eficiência;
e) Mantenha uma distância segura em relação á máquina enquanto ela estiver em trabalho;
f) Evite se apoiar em alguma das partes da máquina.
Seguindo esses procedimentos, você pode evitar muitos acidentes, preservando a sua integridade físi-
ca e a segurança de sua equipe.

7.7 ACESSÓRIOS

Para executar operações, a operatriz furadeira precisa do auxílio de ferramentas e acessórios para faci-
litar o processo de fabricação.
Vamos conhecer essas ferramentas e acessórios?

BROCA DE CENTRO

É uma broca utilizada para realizar o furo que irá guiar as brocas na furação propriamente dita, garan-
tindo que seu posicionamento esteja de acordo com o desejado.

Figura 143 -  Broca de centro


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
134

BROCA

Através desta ferramenta se dá o processo de furação. É a ferramenta de corte do processo e, normal-


mente, possui um formato cilíndrico que pode furar materiais distintos. As brocas são fabricadas em diâ-
metros variados para atender às largas especificações de projetos. Observe na Figura 144 uma broca e as
partes que as compõem.

Espiga Haste Corpo Ponta


Aresta cortante

Guia Canal

Ângulo da ponta

Figura 144 -  Partes de uma broca


Fonte: UNIVERSIDADE DO PORTO; FACULDADE DE ENGENHARIA (FEUP), 2009. (Adaptado).

MANDRIL

Você já percebeu que o mandril é um acessório utilizado em outras máquinas-ferramentas?


O mandril é um acessório que fixa a ferramenta na máquina, utilizando chaves de aperto para facilitar a
fixação e garantir maior firmeza, o que evita folgas, as quais atrapalham no momento da operação.
Nas furadeiras, o mandril universal ou porta-broca é o mais utilizado.

Figura 145 -  Mandril universal ou porta-broca


Fonte: SENAI, 2014.
7 FURADEIRAS
135

BUCHAS CÔNICAS

Utilizadas para fixar a broca ou mandril no eixo-árvore da máquina.

Figura 146 -  Bucha cônica


Fonte: SENAI, 2014.

CUNHA OU SACA-MANDRIL

É um acessório em ângulo usado para extrair os mandris e buchas cônicas do eixo-árvore da máquina.
Ele é inserido em um espaço existente no eixo-árvore, para exercer uma força no mandril ou cone retiran-
do-o do eixo-árvore quando batido com um martelo ou marreta.

Figura 147 -  Cunha (saca-mandril)


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
136

CASOS E RELATOS

Executando furações
Joice, técnica em mecânica, recebeu um projeto pra fazer furos em uma seção circular de uma cha-
pa de metal, com design já estabelecido na peça, faltando apenas os furos sem seção circular. Para
realizar a operação, ela precisava primeiramente avaliar as especificações do projeto e, a partir disso,
estabelecer qual seria a furadeira ideal e o tipo de broca que usaria.
Para ter maior controle sobre a operação e otimizar o seu tempo de trabalho, Joice observou que a
máquina ideal seria a furadeira de fusos múltiplos, a qual permite a realização simultânea de furos
em seção circular numa mesma peça. Então, utilizando os EPIs, ela separou as ferramentas necessá-
rias para a operação, com os diâmetros especificados no projeto.
Joice seguiu as seguintes etapas necessárias para começar a operação: o traçado e o puncionamento
da peça para referenciar os furos; a fixação da peça na morsa; e a ferramenta no mandril. A técnica
verificou os parâmetros da máquina, assegurando que era adequada para a operação. Feito isso deu
inicio à operação e, com cuidado, ela foi fazendo pausas sempre que achava pertinente a fim de ve-
rificar as características definidas no projeto. Seguindo esse ritmo, Joice pôde terminar os furos que
foram exigidos para a peça, aprimorou seus conhecimentos técnicos e garantiu maior qualidade às
suas operações.
7 FURADEIRAS
137

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você pôde conhecer a máquina furadeira, que a cada dia evolui para melhor atender
às necessidades de mercado. Aprendemos que com ela podem ser executadas várias operações de
usinagem, como furar, rebaixar e escarear furos, por isso é uma máquina de grande utilidade.
Cada tipo de furadeira possui características peculiares, mas o princípio de funcionamento é o mes-
mo. Você também reconheceu os principais componentes comuns a todos os tipos de furadeiras.
Lembre-se de que, ao operar uma máquina, você deve estar devidamente protegido, sem qualquer
acessório pessoal que interfira no manuseio de ferramentas e peças. É necessário estarmos atentos
para as especificações do projeto, avaliando o processo de fabricação que será utilizado e as ferra-
mentas mais adequadas para tal.
Moto esmeril

À medida que as ferramentas de corte são utilizadas no processo de usinagem, elas tendem
ao desgaste, com o qual apresentam desempenhos ruins e algumas irregularidades durante as
operações, o que não ocorreria se a ferramenta estivesse em bom estado.
Ao observar esses desgastes, percebeu-se que a qualidade do produto era comprometida,
e que esse problema pode ser resolvido através da afiação das ferramentas de corte. Dessa
necessidade surgiu o moto esmeril, cuja ferramenta mais utilizada, o próprio esmeril, é um ele-
mento abrasivo, de alta dureza, composto essencialmente por ligas minerais. A princípio essa
máquina tinha a função principal de realizar afiação, no entanto, através de alguns acessórios
é possível realizar outras operações.

Figura 148 -  Utilização do moto esmeril


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
140

8.1 TIPOS

O moto esmeril é uma máquina elétrica que realiza alguns trabalhos de fabricação mecânica. Ele pode
ser do tipo de bancada ou de coluna.
Essa máquina é de fácil utilização e funcionamento, encontrada em oficinas e indústrias de diferentes
tipos.

MOTO ESMERIL DE COLUNA

Este tipo de moto esmeril é composto por uma coluna, rígida e fabricada em ferro fundido, que tende a
dar apoio à máquina. Na parte superior deste componente é fixado o moto esmeril.

Figura 149 -  Moto esmeril de coluna


Fonte: SENAI, 2014.

MOTO ESMERIL DE BANCADA

O tipo bancada pode ser fixado em bases de diferentes tipos, de modo a atender aos requisitos das
operações que o moto esmeril realizará.
8 MOTO ESMERIL
141

Figura 150 -  Moto esmeril de bancada


Fonte: SENAI, 2014.

No mercado, o moto esmeril pode ser encontrado com acessórios diver-


sos. Eles agregam a esta máquina diferentes funcionalidades, por exem-
CURIOSIDADES plo, o moto esmeril com lixadeira, que além das aplicações comumente
feitas, realiza também operações de lixamento.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
142

8.2 CARACTERÍSTICAS

O moto esmeril é produzido em ferro fundido e funciona através de um motor elétrico. Esse motor pro-
porciona à máquina distintos valores de potência que variam de acordo com o tamanho do equipamento.
Esse equipamento é composto de duas extremidades onde geralmente são alojados discos abrasivos
de diferentes granulações. Os discos que são fixados à máquina são acessórios que possibilitam a realiza-
ção da operação, e suas granulações indicam qual o tipo de ação poderá ser realizada.

Extremidades
da máquina

Motor

Acionamento Coluna
(liga / desliga)

Figura 151 -  Partes do moto esmeril


Fonte: SENAI, 2014.

Os discos abrasivos são ferramentas que devem ser utilizadas com cuidado, a fim de
SAIBA evitar acidentes. O uso, manuseio, e outras características do disco abrasivo são ba-
MAIS seados nos padrões de segurança e podem ser encontrados na norma da ABNT NBR
15230.
8 MOTO ESMERIL
143

Figura 152 -  Moto esmeril com disco de feltro


Fonte: SENAI, 2014.

O funcionamento do moto esmeril é baseado em movimentos de rotação, que são transmitidos aos
discos fixados nas suas extremidades. Na máquina, existe um componente que é utilizado para o apoio do
material nas operações.

Figura 153 -  Componente para apoio do material


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
144

8.3 APLICAÇÕES

Essa é uma máquina muito utilizada para restaurar o perfil de corte de variadas ferramentas destinadas
às operações de fabricação mecânica, também utilizada em indústrias distintas para diferentes aplicações.
As operações para as quais o moto esmeril é destinado dependerão do tipo de acessório que estará fixo
nele, podendo ser um disco abrasivo, disco de feltro ou disco fabricado de outros materiais.
Vamos conhecer algumas aplicações na qual essa máquina é empregada.

FIQUE Durante as operações com o moto esmeril, é imprescindível a utilização dos óculos
de segurança e protetor facial, pois os resíduos de material advindo dessa operação
ALERTA podem causar lesões irreversíveis.

AFIAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE CORTE

As afiações das ferramentas de corte como brocas, fresas e outros, podem ser feitas através do moto es-
meril, que utiliza o disco abrasivo para realizar essas operações. As características do disco dependerão do
material que será afiado. Geralmente, para essa afiação é utilizada uma ferramenta de abrasivos artificiais,
que garante ao acessório um bom grau de dureza.

Figura 154 -  Afiação da broca


Fonte: SENAI, 2014.
8 MOTO ESMERIL
145

CASOS E RELATOS

Afiar é necessário
Maria é técnica mecânica e estava fabricando um produto com vários furos em sua superfície. Alguns
furos eram passantes, enquanto outros tinham profundidades definidas. Para realizar essa operação,
ela estava utilizando a furadeira de coluna e brocas de diferentes diâmetros.
À medida que a técnica realizava as furações no material, ela percebeu que a ferramenta demorava a
efetuar o corte e, além disso, gerava irregularidades no processo. Então ela decidiu parar a operação
e observar o que estaria causando essas anormalidades. Assim, percebeu que o perfil de corte da
broca estava desgastado, comprometendo a execução da operação. Diante disso, Maria devidamen-
te protegida, realizou a afiação da ferramenta.
Utilizando o moto esmeril de bancada, Maria iniciou a afiação da broca, e com cuidado observava
o perfil a ser restaurado, buscando reproduzi-lo de modo a manter as características da ferramenta.
Após a afiação, ela notou que para realizar um bom trabalho e ser um profissional qualificado é pre-
ciso estar atento aos detalhes pertinentes às operações.

REBARBAR PEÇAS

O moto esmeril também é utilizado para rebarbação de materiais que passaram por um processo de
fabricação.

Figura 155 -  Rebarbar peças através do moto esmeril


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
146

DESBASTE DE SUPERFÍCIE

Através do disco abrasivo é possível realizar o desbaste da superfície de um material. O desbaste reali-
zado através do moto esmeril não garante ao material as mesmas características de outros processos de
fabricação, pois como a ação é executada de forma manual, a superfície da peça tende a ficar de forma
irregular.

Figura 156 -  Desbaste de superfície


Fonte: SENAI, 2014.

POLIMENTO DE SUPERFÍCIE

O moto esmeril pode realizar a operação de polimento na superfície de diferentes materiais. Para isso,
ele utiliza discos com características especiais.
A depender da peça que será polida, o disco poderá apresentar atributos diferentes, sendo produzidos
de acordo com o material. Por exemplo: para polir superfície de material plástico, como o acrílico, é reco-
mendada a utilização do disco de feltro fixado ao moto esmeril.

Figura 157 -  Polimento de superfície através do moto esmeril


Fonte: SENAI, 2014.
8 MOTO ESMERIL
147

RECAPITULANDO

Ao estudarmos o moto esmeril, podemos perceber que este é um equipamento de grande impor-
tância para a garantia da qualidade dos processos de fabricação mecânica e dos produtos. Através
dele é possível realizar operações como desbastar, polir, lixar e afiar.
Conhecemos os tipos de moto esmeril que podem ser facilmente encontrados na indústria e desen-
volvemos a habilidade de reconhecer suas principais partes, entendendo seu princípio de funciona-
mento e as aplicações para os quais são destinados.
Observamos que a maior aplicação do moto esmeril é a afiação das ferramentas de corte. Compre-
endemos que, para essa operação ser realizada, é necessária a utilização dos discos abrasivos. Por
fim, entendemos que estes discos são ferramentas que possuem as características de corte ou de
polimento, e que ao utilizarmos o moto esmeril é imprescindível cuidados com a segurança.
Rebolos

Lembra-se de que o moto esmeril, estudado no capítulo anterior, utiliza ferramenta abrasi-
va? Essa ferramenta abrasiva é um tipo de rebolo.
O rebolo é a ferramenta utilizada em algumas máquinas operatrizes para a realização de
processos de fabricação. Essa ferramenta realiza a usinagem por meio de abrasão24.
O princípio do rebolo deu-se quando o homem utilizava dos métodos rudimentares para
obter suas ferramentas. Mesmo de forma rudimentar, eles davam início ao desenvolvimento
dos processos por meio de abrasão, como a afiação de suas ferramentas com a utilização de
pedras. Com o passar do tempo, obteve-se conhecimentos acerca dos abrasivos naturais e,
com a evolução e os novos conhecimentos, a sua utilização foi aprimorada até o desenvolvi-
mento do rebolo, uma ferramenta que possui características de corte e realiza distintas ope-
rações em um material, além de apresentar atributos que se adequam a diferentes operações.

Figura 158 -  Rebolos


Fonte: SENAI, 2014.

24 Abrasão: consiste na operação de remover material de uma superfície através da fricção de dois materiais, em que um deles
apresenta maior dureza.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
150

9.1 TIPOS

Antigamente, eram utilizados rebolos constituídos de abrasivos de origem natural, como o esmeril, o
diamante e outros materiais. No entanto, devido aos elevados custos, as indústrias desenvolveram os abra-
sivos artificiais que são menos dispendiosos e utilizados largamente na indústria.
O rebolo pode possuir diferentes tipos e formatos característicos, que são classificados de acordo com
o material dos grãos que o formam. Eles são reconhecidos no mercado através de um código normatizado
pelos fabricantes, que identifica os rebolos pelo tipo de abrasivo e outras especificações.
Observe o quadro e conheça as especificações do rebolo quanto aos tipos de abrasivos mais utilizados,
lembrando que esses são os mais utilizados, pois existem outros tipos de abrasivos.

ESPECIFICAÇÃO ABRASIVO

A Óxido de alumínio comum

AA Óxido de alumínio branco

C Carboneto de silício

GC Carboneto de silício verde

CBN Nitreto de boro cúbico

D Diamante

Quadro 3 - Abrasivos utilizados no rebolo


Fonte: MÁQUINA E EQUIPAMENTOS, 2011 (Adaptado).

Vamos conhecer um pouco mais sobre os rebolos constituídos desses materiais.

REBOLO DE ÓXIDO DE ALUMÍNIO COMUM (A)

O rebolo formado de óxido de alumínio é utilizado para realizar operações em materiais que apresen-
tam maior resistência à tração, como o aço e os materiais ferrosos. Essa ferramenta apresenta-se em cor
acinzentada e possui como característica principal a alta tenacidade25.

Figura 159 -  Rebolo óxido de alumínio


Fonte: SENAI, 2014.

25 Tenacidade: capacidade de absorver uma quantidade de energia até o ponto de ruptura.


9 REBOLOS
151

REBOLO DE ÓXIDO DE ALUMÍNIO BRANCO (AA)

De modo geral, esse tipo de abrasivo proporciona características que tornam mais viável a sua utiliza-
ção em materiais formados de aço-liga, e é muito utilizado para operações de afiação de ferramentas.

Figura 160 -  Rebolo de óxido de alumínio branco


Fonte: SENAI, 2014.

REBOLO DE CARBONETO DE SILÍCIO (C)

Os rebolos que possuem grãos de carboneto de silício são mais utilizados para realizar o processo de
retificação de materiais com menor dureza e maior ductibilidade26.

Figura 161 -  Rebolo de carboneto de silício


Fonte: SENAI, 2014.

REBOLO DE CARBONETO DE SILICIO VERDE (GC)

Muito utilizado para a afiação de ferramentas de corte, formadas de material duro, sendo caracterizado
por apresentar cor verde e boa resistência ao desgaste.

Figura 162 -  Rebolo de carboneto de silício verde


Fonte: SENAI, 2014.

26 Ductibilidade: propriedade que os materiais possuem de se formar sem se romper.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
152

REBOLO DE CBN

Esse tipo de rebolo é destinado a trabalhos de retificação e afiação em materiais de alta dureza e difícil
usinabilidade, como exemplos temos: aço rápido, aço carbono com alto teor de carbono, ligas estruturais
etc.

66
DIA 879
MEN 11
TE DIA 079
Figura 163 -  Rebolo de MCBN
ENT
E
Fonte: SENAI, 2014.

REBOLO DIAMANTADO

Os rebolos formados de grãos diamantados são utilizados para operações especiais, e trabalham para
garantir melhores acabamentos em materiais como o metal duro, cerâmicas e outros que apresentem
elevada dureza.

Figura 164 -  Rebolo diamantado


Fonte: SENAI, 2014.
9 REBOLOS
153

9.2 CARACTERÍSTICAS

O rebolo é um aglomerado27 de grãos unidos por meio de aglutinantes. Os tipos dessa ferramenta são
definidos de acordo com os materiais com os quais que são formados, enquanto seu formato irá definir a
sua aplicação. Eles geralmente apresentam formatos de discos cilíndricos e variações desta forma, e suas
características são definidas com base em cinco parâmetros, são eles:
a) Abrasivo: se refere ao tipo de material que compõe os grãos da ferramenta. Eles proporcionam
as características de corte necessárias para a remoção de material da superfície desejada;

Elemento Cavaco
abrasivo

Peça

Figura 165 -  Remoção de material através de ferramentas abrasivas


Fonte: SENAI, 2014.

Os tipos de abrasivos mais utilizados são o óxido de alumínio, carboneto de silício, de diamante e o
CBN. Eles são abrasivos artificiais, desenvolvidos para tornar as operações que utilizam essa ferramenta,
mais barata e eficiente, tanto como eram com a utilização dos abrasivos naturais.
b) Granulação: é o tamanho dos grãos que formam o rebolo, característica que o direciona para o
tipo de operação;
A granulação pode ser classificada como fina, média e grossa, determinando a operação a realizar. O
rebolo de granulação fina, por exemplo, é indicado para acabamento de superfície.
A granulação é expressa através da quantidade de grãos contida em uma polegada quadrada. Quanto
maior for o valor, menor será a granulação do rebolo, observe:

ESPECIFICAÇÃO GRANULAÇÃO

12 a 24 Grossa

25 a 60 Média

61 a 120 Fina

150 a 240 Muito fina

241 a 400 Superfina

Quadro 4 - Granulação dos rebolos


Fonte: MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, 2011.

27 Aglomerado: conjunto formado de dois ou mais elementos.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
154

Além do tipo de operação, a granulação referencia em qual classe de material será realizado um melhor
trabalho. Os grãos mais finos são indicados para materiais de maior dureza e os grãos mais grossos são
recomendados para trabalhar materiais com menor dureza.
A ferramenta rebolo não pode apresentar grandes espaços entre os grãos a fim de evitar que partes do
material usinado fiquem presas durante as operações.
c) Aglomerante: é o elemento que reúne os grãos do material, dando forma e consistência à ferra-
menta rebolo;
Observe, no quadro, os tipos de aglomerados mais utilizados:
ESPECIFICAÇÃO AGLOMERANTE

V Material vitrificado

B Resina orgânica

R Borracha

E Goma laca

S Silicioso

M Metálico

Quadro 5 - Tipos de aglomerantes


Fonte: MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, 2011.

A maioria dos rebolos utilizados na indústria são constituídos de aglomerante vitrificado28 (V), o que dá
ao rebolo alto módulo de elasticidade e resistência à temperatura. Em contrapartida, são frágeis e sensíveis
a choques térmicos.
Cada elemento aglomerante proporciona ao rebolo diferentes características, os principais são:
-- Resina orgânica (B): é mais resistente do que os rebolos vitrificados e promovem grandes retiradas de
material em altas velocidades de avanço;
-- Borracha (R): garante ação suave do rebolo sobre a peça. Também é indicado para operações em altas
velocidades;
-- Goma Laca (E): sua fabricação é mais simples que as demais. É constituído por resíduos de couro;
-- Silicato (S): é um ligante que proporciona facilidade de ser trabalhado e moldado, porém, por possuir
soda cáustica em sua composição, não tem boa aplicação para trabalhos com alta temperatura ou
presença de água;
-- Metálico (M): apresenta alta dureza. São muito utilizados na retificação de cerâmicas.

28 Vitrificado: com aspecto de vidro.


9 REBOLOS
155

d) Dureza: essa característica classifica os rebolos em macio, duro e variações destes dois tipos;

ESPECIFICAÇÃO DUREZA

H,I,J,K Macio

L,M,N,O Médio

P,Q,R,S Duro

Quadro 6 - Dureza dos rebolos


Fonte: MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, 2011.

A ferramenta classificada como dura consegue resistir a maiores tensões durante a operação. A dureza
refere-se à resistência do aglomerante de reter os grãos do rebolo, mesmo com seu desgaste. Nos rebolos,
a resistência dos aglomerantes é de grande importância para a segurança nas operações. Ela indica a quan-
tidade de rotação que a ferramenta suporta sem que ocorra o desprendimento de suas partículas.
e) Estrutura: a estrutura refere-se aos espaços vazios da ferramenta que não são ocupados pelo
abrasivo e pelo aglomerante. A função da estrutura é permitir que, entre os grãos e o elemento
aglomerante, sejam alojados os cavacos advindos da operação. Esses espaços referem-se ao ta-
manho dos poros da ferramenta. Eles são expressos em números que - quanto maiores - indicam
mais espaço entre os grãos. As estruturas podem ser fechadas, médias e abertas, como podemos
ver no quadro.

ESPECIFICAÇÃO ESTRUTURA

1a4 Fechada

5a7 Média

8 a 12 Aberta

Quadro 7 - Estrutura do rebolo


Fonte: MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, 2011.

É feito um balanceamento29 do rebolo antes de colocá-lo na máquina de


CURIOSIDADES trabalho, no intuito de evitar vibrações durante o processo e proporcio-
nar equilíbrio ao movimento de rotação.

29 Balanceamento: equilíbrio proporcionado ao movimento de rotação.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
156

As características que conhecemos são utilizadas para identificar um rebolo. Elas indicam especifica-
ções para que o operador utilize o rebolo de maneira adequada.
O rebolo vem com uma codificação que identifica as suas características, incluindo as dimensões e a
RPM máxima a ser utilizada. Observe na figura, a seguir, a visão geral dessa caracterização.

V - vitrificado
B - Resina orgânica
especificações
dimensões em mm R - Borracha
305 x 25 x 60 A46 - M5V E - Goma laca

rante
rotação máxima diâmetro espessura furo
S - silicato
do rebolo ag =
rpm máx. 2675 lo
me
M - metálico

es
sivo
abra

tru
Fechada 1a4

tu
A-Óxido de alumínio comum

ra
Média 5a7
o
AA-Óxido de alumínio branco grã

du
CBN - Nitreto de boro cúbico Aberta 8 a 12

rez
C-Carboneto de silício

a
Grosso 12 a 24
CC-Carboneto de silício verde
D-Diamante Médio 25 a 60 Macio H, I, J, K
Fina 61 a 120
Muito Médio L, M, N, O
Fina 150 a 240
Duro P, Q, R, S
Superfina 241 a 400

Figura 166 -  Características do rebolo


Fonte: EBAH, 2013. (Adaptado).

FIQUE As características do rebolo são padronizadas segundo normas, portanto, antes de


utilizar essa ferramenta, lembre-se de verificar se ele possui as características ade-
ALERTA quadas ao processo.

DRESSAGEM

Durante as operações, partículas do material usinado ficam retidas na superfície do rebolo. Algumas
dessas partículas se desprendem através da força centrífuga30 gerada pelo movimento de rotação que a
ferramenta realiza, no entanto nem todas as partículas são removidas por esse processo. E também, com o
tempo de uso da ferramenta, os grãos abrasivos que produzem o corte do material ficam gastos.
Para sanar essas irregularidades, existe o processo de dressagem do rebolo, que nada mais é do que
uma forma de desbaste. Através da dressagem, as partículas de material que ficaram retidas na ferramenta
serão removidas, proporcionando aos grãos abrasivos a eficiência de antes.

30 Centrífuga: é o movimento de rotação, onde o objeto tende a sair da trajetória, fugindo do centro.
9 REBOLOS
157

Rebolo

Diamante de retificação

Figura 167 -  Dressagem do rebolo


Fonte: SENAI, 2014.

Com base na Figura 167, perceba que a operação de dressagem geralmente é feita através de um dia-
mante de retificação, que deve ser posicionado de forma alinhada com o centro do rebolo, de modo a
garantir que o mesmo não seja “puxado” ou “empurrado” pelo rebolo, ocasionando a sua própria quebra
e um possível acidente de trabalho.

FORMAS DO REBOLO

Já sabemos que os tipos de rebolo são classificados de acordo com o abrasivo utilizado, e que essa fer-
ramenta possui outros atributos padronizados e reconhecidos através de códigos.
Além das características que conhecemos e aprendemos a identificar no rebolo, temos também as di-
ferentes formas em que essa ferramenta pode ser encontrada no mercado, tornando-a utilizável em dife-
rentes operações.
Os formatos de rebolo mais conhecidos são:
a) Reto;
b) Anel;
c) Rebaixado de um lado;
d) Rebaixado dos dois lados;
e) Copo reto;
f) Copo cônico;
g) Prato;
h) Faca.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
158

Rebolo Reto RT Rebolo Copo Reto CR

Rebolo Anel AN Rebolo Copo Cônico CC

Rebolo Rebaixado de um
Lado UL Rebolo Prato PR

Rebolo Rebaixado dos dois


Lados DL Rebolo Faca

Figura 168 -  Formatos de rebolo


Fonte: SENAI, 2014.

Lembra-se de quando estudamos a retificadeira portátil? Recorda que ela utiliza ferramenta abrasiva
para realizar a operação? Muito bem! Além dos formatos que já conhecemos, existe o rebolo ponta mon-
tada e os rebolos especiais.
O rebolo ponta montada é pequeno e de diferentes formatos, destinados a operações para as quais os
rebolos que já conhecemos não se adequam.

Figura 169 -  Rebolo ponta montada


Fonte: SENAI, 2014.
9 REBOLOS
159

Você pode encontrar na norma da ABNT NBR 15230 mais in-


SAIBA formações sobre as ferramentas abrasivas. Conheça essa nor-
MAIS ma e aprofunde os seus conhecimentos acerca dos rebolos
especiais, suas características e aplicações.

9.3 APLICAÇÕES

Quando imaginamos processos que utilizam a ferramenta abrasiva, logo nos lembramos do processo
de retificação. No entanto, o rebolo pode ser utilizado em máquinas distintas, realizando operações diver-
sas.

Superfície antes
da retificação

Rebolo

Superfície
trabalhada

Figura 170 -  Operação de retificação


Fonte: SENAI, 2014.

Vamos conhecer algumas das aplicações do rebolo.

DESBASTE

A ferramenta rebolo é utilizada em operações de desbaste da superfície de um material e, geralmente,


é realizado através do moto esmeril.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
160

FIQUE Durante a operação, é importante observar se toda a superfície do rebolo está sendo
ALERTA utilizada no intuito de não gerar perfis irregulares.

ACABAMENTO DE PRECISÃO

As operações de acabamento realizadas por um rebolo são feitas através da máquina-ferramenta retífi-
ca, com a qual o rebolo proporciona a uma determinada superfície características que não seriam alcança-
das com outras ferramentas de corte já conhecidas.

Figura 171 -  Acabamento de superfície


Fonte: SENAI, 2014.

O rebolo proporciona a execução de bons acabamentos, com baixa rugosidade31 superficial e boas
precisões dimensionais.

CASOS E RELATOS

Selecionando a ferramenta adequada


Ana, técnica em mecânica, realiza operações de acabamento de precisão na superfície dos produtos
a fim de promover à peça a rugosidade superficial estabelecida como parâmetro de qualidade pela
empresa. Com Ana trabalham mais dois técnicos e um supervisor.

31 Rugosidade: são irregularidades formadas de elevações na superfície de uma peça, com dimensões em escala de
micrometro, está relacionada ao acabamento.
9 REBOLOS
161

Ao iniciar mais uma jornada trabalho, a técnica lembrou que, no dia anterior, tinha observado que
o rebolo precisava ser trocado, pois já estava em seu limite de utilização. Para resolver o problema,
ela pegou um rebolo e analisou suas características para saber se ele se adequava à operação; nele,
tinha a seguinte descrição: AA47K5V. Ana utilizou a tabela de especificações e identificou que o re-
bolo era composto de abrasivo óxido de alumínio branco, com granulação de 47, dureza k estrutura
5 e liga vitrificada.
A partir dos conhecimentos técnicos, Ana observou que as características que compunham o rebolo
atenderiam plenamente ao tipo de serviço que ela iria realizar. Após o dia de trabalho, o supervisor
que a observava desde o início elogiou o seu desempenho como técnica e a parabenizou pela inicia-
tiva de sempre buscar os conhecimentos necessários para realizar o melhor trabalho possível.

RESTAURAÇÃO DE FERRAMENTAS

Os rebolos são utilizados na máquina moto esmeril para realizar modificações e restaurações nas fer-
ramentas de corte utilizadas nos processos de usinagem. Essa operação é imprescindível para manter a
qualidade dos processos.

Ferramenta Rebolo
de corte

Ferramenta
Rebolo
de corte

Figura 172 -  Restauração de ferramentas


Fonte: SENAI, 2014.

Existem rebolos de diferentes formatos, compostos de distintos materiais, que serão escolhidos a de-
pender das características da ferramenta que sofrerá a afiação, modificação ou restauração.

CUIDADOS COM O REBOLO

Os rebolos são ferramentas que precisam ser bem armazenadas e manuseadas a fim de evitar aciden-
tes. Essa ferramenta não deve sofrer pancadas, quedas ou qualquer tipo de choque, evitando-se trincas32 e
quebra, pois, caso isso ocorra, o rebolo deverá ser inutilizado.

32 Trincas: rachaduras.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
162

Existe uma forma de armazenagem para essas ferramentas, e elas não devem ser empilhadas nem ar-
mazenadas junto com outros materiais. Observe uma forma de se armazenar adequadamente os rebolos
de diferentes tipos.

Figura 173 -  Armazenamento dos rebolos


Fonte: EBAH, 2011 (Adaptado).

As operações com os rebolos demandam muitos cuidados. A utilização adequada dos equipamentos
de proteção é imprescindível, mas, além disso, é necessário observar as faixas de rotação que a ferramenta
suporta e se ela possui alguma irregularidade em sua superfície.
9 REBOLOS
163

RECAPITULANDO

Neste capítulo, aprendemos mais sobre as ferramentas abrasivas que algumas máquinas utilizam
para realizar operações. Além disso, pudemos observar as características que os rebolos possuem,
desenvolvendo a habilidade de reconhecê-los para depois designá-los para a aplicação adequada.
Observamos que, para realizar as operações, é necessário saber se as ferramentas estão em bom
estado e, assim, compreendemos que devem ser utilizadas com bastante cuidado, pois qualquer
descuido por parte do operador pode causar graves acidentes.
A ferramenta de corte rebolo agrega aos processos de fabricação a obtenção de características que
até então não eram obtidas, e isso faz com que ela seja muito utilizada para proporcionar bons re-
sultados ao produto final.
Serra mecânica

10

O processo de serramento é um dos mais utilizados no universo de fabricação mecânica,


sendo realizado antes da furação e do fresamento, por exemplo. Tão importante quanto qual-
quer outra operação de fabricação, o serramento tem por principal finalidade dividir o material
bruto que se deseja trabalhar.
Para começar uma operação de produção mecânica, primeiro é necessário realizar o corte
da matéria-prima, respeitando, de acordo com o material, os parâmetros de corte como velo-
cidade e avanço.
O corte pode ser feito em chapas, barras quadradas, retangulares, circulares etc. Isso depen-
de do formato da peça que será usinada. Por exemplo, para fabricar um parafuso, a matéria-
-prima selecionada será de formato cilíndrico.
O serramento, que é realizado com a serra mecânica, é utilizado largamente na indústria,
onde é exigida alta produtividade e respeito às especificações dos projetos de fabricação.
Nesse capítulo, conheceremos as serras mecânicas, bem como seus tipos, características e
aplicações.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
166

10.1 TIPOS

As serras podem ser divididas, quanto ao tipo, em:


a) Serras alternativas
Neste tipo de serra, o material é preso a uma morsa montada no barramento. A lâmina que realiza o
corte fica presa no arco e sua movimentação é feita por uma manivela que transforma o movimento rota-
tivo em movimento linear (para frente e para trás). Nesse tipo de serra, existe um dispositivo regulável o
qual permite que a máquina pare quando a operação de serrar for concluída ou em qualquer momento da
operação.
A pressão33 exercida pela lâmina no decorrer da operação é dada uniformemente. Para que isso aconte-
ça, sem interferir o curso da serra sobre a peça a ser cortada, existem máquinas que possuem um contrape-
so presente na parte superior do arco, que possibilita o aumento ou a diminuição da pressão exercida pela
serra. Observe a Figura 174 para entender melhor o funcionamento dessa máquina.

Contrapeso
Arco

Lâmina
Peça

Serrar

Manivela
de aperto

Figura 174 -  Serra alternativa


Fonte: EBAH, 2011 (Adaptado).

À medida que o arco avança e a serra atravessa a peça, realizando o processo de corte, a pressão torna-
-se uniforme em todo momento, independente do número de dentes que está em contato com a peça.
b) Serra circular
Nesse tipo de serra, a ferramenta de corte utilizada é um disco circular dentado que se movimenta em
relação à peça.
A serra circular é composta por um eixo dotado de movimento de rotação, no qual o disco circular
dentado é disposto e pode se movimentar de duas formas, conforme veremos adiante. As serras circulares
podem ser divididas, quanto ao modo de avanço da ferramenta, em:
-- Máquinas de avanço em guias retilíneas

33 Pressão: força exercida sobre determinada área.


10 SERRA MECÂNICA
167

-- Máquinas de braço oscilante

Cursor
A
Elemento de fixação do braço

2 1 Braço

A
1
2

Figura 175 -  Modo de avanço da serra Circular


Fonte: EBAH, 2001. (Adaptado).

Observe que a Figura 175 representa como os discos circulares podem estar dispostos e se movimentar
para executar a operação de corte. Na ilustração A, o disco, fixo ao cursor, se movimenta de forma linear, da
direita para a esquerda, atravessando a peça e executando o corte. De acordo com esse tipo de movimento
as serras circulares são denominadas de avanço de guias retilíneas.
Na ilustração B, o braço se movimenta em torno do eixo do elemento de fixação do braço. Observe o
sentido da seta em destaque e note que o disco se movimenta de cima para baixo para realizar o corte, são
as serras de braço oscilante.

FIQUE Ao ligar a máquina, nunca esteja com a ferramenta já em contato com a peça. Se isso
acontecer, a mesma pode trincar e ocasionar um grave acidente. Portanto, muita
ALERTA atenção na hora de manuseá-la!

c) Serras fita
Nesse tipo de máquina-ferramenta, a fita de serra tem movimentação contínua em um único sentido,
a qual é possível graças ao motor que transmite rotações para as polias e volantes da máquina, nos quais
está montada a fita de serra.
As serras fita podem ser horizontais ou verticais, de acordo com o posicionamento da fita de serra em
relação à sua base de apoio. As serras de fita horizontais são as mais utilizadas na indústria de fabricação
mecânica. Conheceremos estes dois tipos adiante.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
168

-- Serra fita vertical


Sua operação geralmente é manual, e a peça é manuseada em direção à fita de serra, realizando o corte.
É comumente utilizada no setor de marcenaria, porém tem utilidade na fabricação mecânica, como para
serrar chapas e materiais de pequena espessura.

SERRA
FITA

Figura 176 -  Serra fita vertical


Fonte: SENAI, 2014.

-- Serra fita horizontal


Esse tipo de serra é o mais utilizado na fabricação mecânica devido à sua versatilidade de serrar diver-
sos materiais ferrosos e não ferrosos e obter melhor rendimento que as serras alternativas devido ao seu
movimento contínuo e controle eficiente da operação. A seguir encontram-se algumas características da
serra fita horizontal.
-- Sistema de refrigeração: permite uma ação de corte mais eficaz e aumenta a vida útil da ferramenta;
-- Sensor de quebra da lâmina: permite que o sistema pare caso a fita da máquina quebre;
-- Inversor de velocidade: permite que a velocidade da lâmina seja controlada de acordo com o material
a ser cortado;
-- Regulador de pressão da morsa: permite que o material seja fixado à morsa com uma pressão ad-
equada, para que não haja apertos excessivos nem folgas;
-- Regulador da velocidade de corte da serra.
10 SERRA MECÂNICA
169

Figura 177 -  Serra fita horizontal


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
170

10.2 CARACTERÍSTICAS

A seguir conheceremos algumas características das serras que são de muita importância na execução
do processo. Algumas delas estão relacionadas diretamente com os parâmetros de corte.

ESPESSURA DA LAMINA DA SERRA FITA

A espessura da lamina da serra fita varia em função da sua altura, e quanto mais espessa a serra, maior a
sua durabilidade, em contrapartida o esforço de corte e o material perdido durante a operação será maior.
Observe na tabela, a seguir, a relação entre a espessura e a altura para uma lamina de serra fita em aço
carbono.
ALTURA ESPESSURA

3 0,65

5 0,65
Dimensões em milímetros

6 0,65

8 0,65

10 0,65

13 0,65

16 0,8

20 0,8

25 0,9

Tabela 1 - Relação altura/espessura da lâmina


Fonte: ABNT NBR 15951:2011

SAIBA A ABNT NBR 15951:2011 especifica as dimensões das lâminas de serra fita para metal.
MAIS
10 SERRA MECÂNICA
171

FORMA DOS DENTES DAS SERRAS

Os dentes são construídos de acordo com o tipo de serra. Para a serra fita, eles são travados. O trava-
mento é uma forma de alinhar os dentes de modo que a largura de corte seja maior que a largura da serra.
Isso faz com que o atrito seja reduzido, melhorando, assim, o rendimento da operação de corte.
Existem três tipos de travamento. Observe-os, na Figura 178, da esquerda para a direita:
a) Travamento ondulado: nessa disposição existe um dente alinhado, três dentes à direita, um den-
te alinhado, três dentes à esquerda. É o travamento indicado para materiais como ferro fundido;
b) Travamento ancinho: nesse tipo de travamento, está um dente alinhado, um dente à esquerda,
um dente alinhado, um dente à direita. Indicado para corte em materiais como aços especiais;
c) Travamento alternado: um dente à direita, um dente à esquerda, e assim sucessivamente. Indica-
do para bronze, latão, borracha, alumínio, entre outros.

Alternado

Ancinho

Ondulado

Figura 178 -  Travamento dos dentes das lâminas


Fonte: EBAH, 2011 (Adaptado).

Para as serras circulares, os dentes são chanfrados34 . Mas a finalidade é a mesma que o travamento
nas serras de fita. Eles servem para reduzir o atrito entre a peça e a ferramenta no momento da operação.
Vamos conhecê-los?

34 Dentes chanfrados: com as arestas em ângulo.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
172

Observe a Figura 179 para entender como se dá a disposição dos dentes nos discos das serras circulares.

A ambos lado lado ambos lado lado


os lados direito esquerdo os lados direito esquerdo

B
lado lado lado lado lado
esquerdo direito esquerdo direito esquerdo

Figura 179 -  Dentes chanfrados para serra circular


Fonte: EBAH, 2011 (Adaptado).

Os dentes representados pela letra A, são duplamente chanfrados. Possuem esse nome porque a cada
par de chanfros, existe um chanfro duplo. Ou seja, a ordem é a seguinte: chanfro esquerdo, chanfro direi-
to, chanfro dos dois lados, e assim em diante. O desenho representado pela letra B é o chanfro alternado.
Como o próprio nome expressa, cada dente tem um chanfro de um lado, alternadamente. Um chanfro
esquerdo, um chanfro direito e assim sucessivamente.

SELEÇÃO DAS SERRAS

Existem regras básicas que influenciam a escolha do tipo de serra que será utilizada no processo de
serramento. Vamos aprendê-las a seguir.
Uma regra básica é que devem existir pelo menos três dentes da serra em contato com a parte mais fina
do material.

3 dentes

Figura 180 -  Contato da serra com a peça


Fonte: EBAH, 2009 (Adaptado).
10 SERRA MECÂNICA
173

Em relação à dureza do material a ser serrado, quanto mais duro ele for, menores devem ser os dentes
da serra. Isso faz com que existam mais dentes por unidade de comprimento e, consequentemente, maior
contato com o material. Para materiais mais macios, os dentes devem ser maiores, para facilitar o corte e a
remoção de cavaco resultante da operação (Figura 180).

Material mais duro, Material mais macio,


menores os dentes maiores os dentes
Figura 181 -  Tamanho dos dentes das serras
Fonte: EBAH, 2009 (Adaptado).

As serras devem estar sempre afiadas e não possuir dentes salientes por-
CURIOSIDADES que estes, por estarem em contato direto com a peça, se desgastam mais
rápido que os outros, o que compromete o rendimento da ferramenta.

A seguir, encontra-se a tabela que relaciona o número de dentes por polegada, aplicado aos diferentes
tipos de materiais. Lembre-se de que essa tabela é bem reduzida; para encontrar informações mais deta-
lhadas, deve-se consultar os manuais e catálogos dos fabricantes das serras.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
174

ESPESSURA DO MATERIAL

DE
DE 6mm
DE 13mm ACIMA 13mm A ACIMA
ATÉ 6mm A 13mm ATÉ 13mm
Material A 25mm DE 25mm 38mm DE 38mm
1/4” 1/4”A 1/2”
1/2”A 1” 1” 1/2”A 11/2”
1/2”
11/2”

NÚMERO DE DENTES POR POLEGADA VELOCIDADE m/min

Aços comuns 24-18 14 10-8 6-4 60 50 40

Aço-cromo-
-níquel; aços e 24-18 14 10 8-6 40 35 30
ferro fundidos

Aço rápido,
aço inoxidável
24-18 14 10 8 30 25 20
e aços tipo
RCC

Perfilados e
tubos (parede 24-18 14 10 8-6 60 55 50
grossa)

Tubos (parede
14 14 14 14 75 75 75
fina)

Metais não-
-ferrosos,
alumínio, anti- 10 8 6 4 500 400 300
mônio, latão e
magnésio

Cobre e zinco 14 8 6 4 300 250 200

Tubos de co-
bre, alumínio
18-14 18-14 18-14 18-14 600 500 400
ou latão com
parede fina

Tabela 2 - Número de dentes por material


Fonte: TELECURSO 2000.

Para serrar materiais vazados, o espaçamento entre os dentes da serra deve ser menor que a parede,
caso contrário a serra irá travar durante o processo.
10 SERRA MECÂNICA
175

CASOS E RELATOS

Como serrar?
Antônio é técnico de fabricação e trabalha em um laboratório de usinagem. Ele recebeu a instrução
de serrar um material que futuramente seria uma determinada peça. No projeto estavam especifica-
das características do material, que seriam importantes para a escolha dos parâmetros da operação.
Analisando o projeto, o técnico percebeu que o material era em cobre e seu diâmetro era 20 mm. Ao
consultar as tabelas ele definiu os parâmetros:
Quantidade de dentes por polegada: 6.
Largura da serra: 1/2”.
Velocidade de corte: 250 (m/min).
A máquina escolhida para realizar a operação foi a serra fita horizontal, devido à sua praticidade e
maior controle sobre a operação.
Antônio percebeu que a operação foi realizada com eficiência, atendendo ao projeto e prazo prees-
tabelecidos, colaborando, também, com o prolongamento da vida útil da ferramenta.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
176

10.3 APLICAÇÕES

À medida que os processos de fabricação foram evoluindo para melhor atender às especificações de
mercado, as máquinas-ferramenta tiveram que aperfeiçoar suas funcionalidades para garantir melhor con-
trole às técnicas de fabricação mecânica e maior garantia nos parâmetros de usinagem exigidos.
Além da máquina-ferramenta serra possuir um campo de atuação amplo na área de produção mecâni-
ca, ela também pode ser utilizada em setores presentes no nosso dia a dia. Veremos agora essas áreas de
atuação.
a) Marcenaria
Na marcenaria, as serras são usadas em cortes estreitos, de 10 a 50 mm, para fabricar peças residenciais
(mesa, cadeira) e industriais (balcões).

Figura 182 -  Serra na marcenaria


Fonte: SENAI, 2014.

b) Serrarias móveis
São utilizadas para cortes longos, que exijam maior rendimento da serra. Pode ser instalada em qual-
quer terreno para facilitar a operação.

Figura 183 -  Serraria móvel


Fonte: SENAI, 2014.
10 SERRA MECÂNICA
177

c) Indústria alimentícia
Na indústria alimentícia temos as máquinas serras que ficam nos açougues cortando pedaços de carne.
Você já deve ter visto alguma dessas. Geralmente as serras são de pequeno porte, visto que a utilização
nesse ramo é restrita para cortar alimentos.

Figura 184 -  Serra na indústria alimentícia


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
178

RECAPITULANDO

Nesse capítulo você aprendeu sobre as serras mecânicas, máquina-ferramenta utilizada para cortar
diversos tipos de materiais em dimensões desejadas. Ela pode utilizar três tipos de ferramentas de
corte: a serra circular, serra fita e a lâmina de serrar. Para definir qual dessas ferramentas será usada
no processo, devemos levar em consideração o tipo de material que será cortado, as condições de
trabalho oferecidas, a especificação da peça e o tempo em que a operação será realizada. Parâme-
tros de usinagem como largura das serras e velocidades de corte são critérios que influenciam o tipo
de escolha da serra.
As serras têm um vasto campo de atuação, não só no processo de fabricação mecânica, mas também
em outros ramos da indústria, como no gênero alimentício, em que elas realizam cortes em carnes,
aves e peixes.
Ao manusear as serras mecânicas, assim como em todas as outras máquinas operatrizes, você deve
estar sempre atento, munido dos EPIs e tomando as devidas providências em caso de alguma emer-
gência.
10 SERRA MECÂNICA
179

Anotações:
Retificadoras

11

Devido às necessidades de se trabalhar as peças advindas de processos de fabricação me-


cânica, como o torno e a fresadora, de forma a garantir melhores acabamentos superficiais e
maior precisão dimensional, surgiram as máquinas-ferramentas retificadoras.

Figura 185 -  Retificadora cilíndrica


Fonte: EBAH, 2007 (Adaptado).

A máquina retificadora é caracterizada dentro dos processos de fabricação, como uma usi-
nagem realizada por ferramenta de geometria não definida, denominada rebolo, que remove
o material através da abrasão entre a ferramenta e a peça.

Figura 186 -  Operação com retífica cilíndrica


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
182

Vamos conhecer as máquinas-ferramenta retificadoras utilizadas nos processos de fabricação.

11.1 TIPOS

Já sabemos que as peças apresentam diferentes formas e características e, por isso, temos variações
de uma mesma máquina operatriz, com a intenção de que elas atendam à indústria em suas diferentes
aplicações. No caso das retificadoras não é diferente, elas são classificadas em planas e cilíndricas, além da
retificadora portátil, utilizada para trabalhos especiais que exigem maior versatilidade da máquina.

RETIFICADORA PLANA

A retificadora plana é subdividida em retificadora plana tangencial e plana frontal, as quais se diferen-
ciam pela posição do eixo-árvore.
São utilizadas quando se deseja realizar operações em peças que possuam superfície plana, seja ela
perpendicular ou inclinada. A fixação das peças neste tipo de máquina geralmente é feita através de placas
magnéticas que podem sofrer inclinações ou estar de forma perpendicular.

Figura 187 -  Placa magnética para fixação de peça


Fonte: SENAI, 2014.

Vamos conhecer mais sobre essa retificadora.


11 RETIFICADORAS
183

PLANA TANGENCIAL

A retificadora plana tangencial é caracterizada por ter o eixo-árvore posicionado horizontalmente em


relação à mesa de trabalho. Elas utilizam a ferramenta rebolo do tipo reto para realizar a retificação.

Figura 188 -  Retifica plana tangencial


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
184

PLANA VERTICAL

O tipo plana vertical possui o eixo-árvore posicionado verticalmente em relação à mesa de trabalho e
utiliza rebolos do tipo copo ou anel, que possuem características de corte na sua superfície plana.

Figura 189 -  Retifica plana vertical


Fonte: EUROSTEC, 2012?.

RETIFICADORA CILÍNDRICA

A retificadora cilíndrica trabalha em superfícies externas de revolução.

CILÍNDRICA UNIVERSAL

A retificadora cilíndrica universal tem o princípio de funcionamento similar ao do torno mecânico e com
ela é possível realizar retificações internas, externas e cônicas. A fixação da peça ocorre através de placa e,
se necessário, são utilizados o cabeçote móvel, as pontas e as contrapontas.
11 RETIFICADORAS
185

Figura 190 -  Retifica cilíndrica universal


Fonte: SENAI, 2014.

RETIFICADORA CILÍNDRICA CENTER LESS (SEM CENTRO)

Esse tipo de retificadora cilíndrica é utilizado quando se tem produção seriada; nesse caso, é utilizado
mais de um rebolo, e a retificação só é feita em superfícies cilíndricas externas.

Rebolo de abrasão

Rebolo de
regulagem

Peça

Lâmina

Figura 191 -  Princípio do funcionamento da retifica center less.


Fonte: INTTECHOPEN, 2012.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
186

Nesse tipo de máquina não ocorre fixação da peça como nos outros tipos de retificadoras, a peça fica
apoiada em uma lâmina, e um rebolo de regulação controla a pressão exercida pelo rebolo abrasivo e pela
rotação da peça.

RETIFICADORA CNC

As retíficas CNC funcionam através de comandos numéricos computadorizados, que utilizam coorde-
nadas e símbolos para identificar a operação que deve ser realizada pela máquina.

Figura 192 -  Retificadora CNC.


Fonte: SENAI, 2014.

11.2 CARACTERÍSTICAS

As retificadoras, de modo geral, são caracterizadas pela utilização de uma ferramenta abrasiva cilíndrica
denominada rebolo, que remove material através dos movimentos de sua própria rotação e da movimen-
tação da peça de forma simultânea.
As peças a serem trabalhadas na retificadora, na grande maioria das vezes, vêm do processo de fresa-
gem ou torneamento, o que a caracteriza como uma máquina para serviços finos de precisão e acabamen-
to.
A seguir, conheceremos algumas características das principais retificadoras: a plana e a cilíndrica.
11 RETIFICADORAS
187

RETIFICADORA PLANA

Na retificadora plana, os eixos X e Y da mesa de trabalho se movimentam para realizar o avanço da peça,
e o movimento de penetração é realizado pelo avanço do cabeçote onde está a ferramenta.
A peça a ser usinada é fixada através da mesa magnética.
Perceba, na figura a seguir, os componentes da máquina que promovem os movimentos para realizar
o processo de retificação plana.

1- Válvula reguladora da velocidade longitudinal (X);


2- Acionamento manual do movimento transversal (Y);
3- Acionamento manual do eixo longitudinal (X);
4- Acionamento manual do eixo Z.

3 2
4

Figura 193 -  Componentes de movimentação da mesa


Fonte: SENAI, 2014.

Na Figura a seguir, você pode observar os sentidos de movimentação dos elementos da retificadora
plana.

Rotação Movimentação
Movimentos da ferramenta
da mesa

Figura 194 -  Movimentos da máquina retificadora plana


Fonte: SENAI, 2014.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
188

Caso seja possível, gostaria que a imagem fosse rotacionada para a esquerda, para que a visualização
da máquina seja reta.

RETIFICADORA CILÍNDRICA

A fixação da peça é similar à do torno, possuindo placa e cabeçote móvel.


As movimentações para a execução da operação são:
a) Rotação do rebolo;
b) Rotação da peça em torno do seu próprio eixo;
c) Movimentação de avanço.
O movimento de penetração é dado pelo eixo Y, enquanto o movimento de avanço é dado pelo eixo X.

Figura 195 -  Movimentos da retificadora cilíndrica


Fonte: SENAI, 2014.

As retificadoras podem apresentar diferentes capacidades operacionais, com o objetivo de atender às


características de trabalho de diferentes indústrias.
11 RETIFICADORAS
189

11.3 APLICAÇÕES

De modo geral, é muito vasta a utilização das retificadoras nos processos de fabricação para remover
irregularidades de processos anteriores, garantindo à peça maiores precisões de dimensão, acabamento
e tolerâncias. As peças a serem retificadas vêm do processo anterior com sobremetal35 numa escala de 0,2
– 0,5 mm.

Antes de iniciar as operações de retificação, deve-se afastar o rebolo da peça e, en-


FIQUE tão, acionar a máquina e aproximar lentamente a ferramenta abrasiva da peça. Isso
ALERTA evitará um contato equivocado, o que causaria quebra do rebolo ou o desprendi-
mento da peça, gerando um acidente.

Veja que as operações de retificação são realizadas com diferentes finalidades:


a) Rugosidade superficial
As operações realizadas pelas retificadoras tendem a diminuir a rugosidade superficial do material, que
é dimensionada em escala de micrômetro. Essa característica está relacionada com o acabamento da su-
perfície.

Superfície antes
da retificação

Rebolo

Superfície
trabalhada

Figura 196 -  Operação de retificação


Fonte: SENAI, 2014.

35 Sobremetal: é uma quantidade de material a mais, deixada sobre a superfície da peça.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
190

b) Precisão de dimensões
Observe, na Figura 197, que quando se tem tolerâncias dimensionais estabelecidas no projeto de uma
peça é necessário recorrer à retificadora para garantir a precisão dimensional especificada.

Figura 197 -  Tolerâncias dimensionais alcançadas pela retificadora


Fonte: SENAI, 2014.

As retificadoras também são utilizadas para dar acabamento superficial


CURIOSIDADES a uma peça que passou por um processo de tratamento térmico.

c) Corrigir deformações geométricas.


Algumas peças que saem dos processos de fabricação, como o torneamento e o fresamento, têm a
necessidade de passar pela retificação para adquirir as especificações de projeto. Elas podem apresentar
irregularidades nas tolerâncias geométricas como a cilindricidade, a concentricidade e o perpendicularis-
mo. Através da retificadora e seus dispositivos, é possível garantir o controle do processo a fim de alcançar
essas tolerâncias.

SAIBA Você pode encontrar na norma da ABNT NBR 14646 mais informações sobre as tolerân-
cias que uma peça pode ter, sejam elas geométricas, dimensionais ou outras. Conheça
MAIS esse documento e aprofunde os seus conhecimentos.
11 RETIFICADORAS
191

CASOS E RELATOS

Desenvolvendo habilidades
Luiz e Maria trabalham numa empresa especializada na retificação de motores a combustão. Lá,
realizam o processo de fabricação, para garantir as especificações que o produto precisa ter a fim de
desempenhar bem suas funções. Recentemente, a empresa comprou uma retificadora do tipo plana
vertical, e o gestor pediu que os funcionários a utilizassem, pois ela possuía atributos que aperfeiço-
ariam o trabalho no laboratório.
Luiz, técnico mecânico da área há muitos anos, sabe que muitas das operações utilizadas para retifi-
car o produto usam a retificadora portátil, e a nova máquina tornaria o processo de retificar a super-
fície externa da peça mais rápido e eficiente.
Maria, nova na área, é uma funcionária muito atenta, inteligente e cuidadosa, no entanto ainda esta-
va desenvolvendo as habilidades de trabalhar com os diferentes tipos de retificadora. O gestor, sem-
pre estimulando sua equipe a adquirir novas aptidões, pediu que ela e Luiz revezassem o trabalho,
de modo que ambos desenvolvessem a capacidade de trabalhar com a nova máquina.
Maria, então, consciente de que não tinha habilidades com a máquina, pediu a Luiz que, à medida
que ele realizasse a retificação externa do motor, lhe explicasse o mecanismo de funcionamento da
máquina e suas aplicabilidades. Luiz a ajudou e, juntos, eles realizaram a primeira operação na nova
máquina adquirida pela empresa. O supervisor, satisfeito com o que viu, parabenizou sua equipe
pela inciativa de auxílio mútuo em cada dificuldade para que o serviço fluísse da melhor maneira
possível, proporcionando produtos de qualidade aos seus clientes.

Como abordado no estudo sobre as aplicações, as retificadoras são máquinas que realizam operações
diversas para indústrias de diferentes tipos, tornando-as operatrizes muito utilizadas.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
192

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, aprofundamos os conhecimentos sobre mais uma máquina operatriz e desenvolve-
mos a habilidade de reconhecer os seus diferentes tipos, características e aplicações. A retificadora,
como vimos, é muito aplicada para realizar acabamento de superfície e para garantir algumas tole-
râncias. Percebemos que, para realizar as operações, ela utiliza o rebolo como ferramenta de corte.
Aprendemos que as retificadoras podem ser planas e cilíndricas e classificadas de acordo com a
posição do eixo-árvore da máquina. Essa operatriz é muito utilizada pela indústria e, por isso, pode
apresentar diferentes características quanto à sua capacidade de produção, o que garante mais fun-
cionalidade.
Não podemos esquecer que para utilizar as retíficas existem parâmetros de segurança que devem
ser respeitados.
11 RETIFICADORAS
193

Anotações:
Plainas

12

As plainas surgiram com a finalidade de substituir a operação de limagem, visto que o tem-
po para realizar a operação com a lima era muito grande. Essas ferramentas são responsáveis
pela obtenção de superfícies planas em posição vertical, horizontal ou inclinada, com bons
acabamentos gerados por movimento retilíneo36 da ferramenta ou peça. A ferramenta de corte
do processo de aplainamento possui apenas uma aresta cortante para produzir o corte.
Neste capítulo, conheceremos o processo de aplainamento, os tipos de plainas, suas carac-
terísticas e aplicações.
É importante compreendermos este processo, pois ele é empregado em algumas situações
especiais em que outras máquinas-ferramentas não podem atender.

36 Movimento retilíneo: de modo reto.


FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
196

12.1 TIPOS

Com relação aos tipos, as plainas podem ser limadoras ou de mesa.


Vamos conhecê-las a partir de agora?

PLAINA LIMADORA

A plaina limadora tem função de gerar em uma peça superfícies planas com diferentes características.
A seguir encontra-se a relação de componentes da plaina limadora horizontal, que podem ser identifi-
cados na Figura 198:
a) Corpo: o corpo é a estrutura da máquina;
b) Base: parte que dá apoio aos componentes e permite que a máquina funcione de maneira cor-
reta;
c) Torpedo ou cabeçote móvel: parte da máquina que se movimenta com velocidades variadas de
forma longitudinal, ou seja, realiza movimento linear, da esquerda para a direita ou vice-versa;
d) Cabeçote: parte da máquina que permite o ajuste da altura em que a máquina vai trabalhar, no
qual é fixado o porta-ferramenta;
e) Porta-ferramentas: parte onde a ferramenta é fixada;
f) Mesa: a mesa é o lugar onde a peça será colocada e fixada. Permite movimentos de ajuste e avan-
ço, de acordo com a necessidade no momento da operação.

Figura 198 -  Plaina limadora horizontal


Fonte: SENAI, 2014.
12 PLAINAS
197

Para executar a operação, a plaina limadora realiza três movimentos básicos. São eles:
a) Movimento principal: é o movimento realizado pela ferramenta, que se divide em:
-- Curso útil: quando a ferramenta avança sobre a peça, realizando a operação, com remoção
de material;
-- Curso vazio: quando a ferramenta retorna à posição inicial sem remoção de cavaco;
b) Movimento de avanço: é aquele realizado pela mesa, onde a peça está fixa. Esse movimento é
perpendicular ao movimento da ferramenta;
c) Movimento de ajuste: movimento realizado pela ferramenta em relação à peça.
Observe a Figura 199 para entender esses movimentos. Sendo:
a) Curso útil;
b) Curso vazio;
c) Movimento de avanço;
d) Movimento de ajuste.

Figura 199 -  Movimentos da plaina limadora


Fonte: SENAI, 2014.

Por realizar a operação de usinagem em apenas um sentido, o aplai-


CURIOSIDADES namento se torna um processo mais lento que os outros processos de
usinagem.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
198

Figura 200 -  Plaina limadora horizontal


Fonte: SENAI, 2014.

Observe agora uma plaina vertical.

Figura 201 -  Plaina vertical


Fonte: SENAI, 2014.

As plainas verticais têm o princípio de funcionamento similar ao das plainas horizontais, se diferencian-
do na posição do torpedo ou cabeçote móvel que é disposto de maneira vertical, além disso, possuem
uma mesa giratória que possibilita a usinagem de detalhes equidistantes em uma peça. São mais usadas
quando se quer obter aplainamento em superfícies internas como rasgos de chaveta37

37 Rasgos de chaveta: elemento utilizado para evitar deslizamento de um eixo que é montado em um furo qualquer.
12 PLAINAS
199

Figura 202 -  Peça com rasgo de chaveta


Fonte: SENAI, 2014.

PLAINA DE MESA

O que difere a plaina de mesa da plaina limadora é o elemento de movimentação. Na plaina de mesa, o
que se movimenta de maneira horizontal e retilínea é a mesa onde a peça está fixada, enquanto o cabeçote
porta-ferramenta fica fixo na ponte da máquina.
As plainas de mesa possuem um curso de avanço de até 1 metro, o que possibilita o aplainamento de
peças de grande porte, como os motores utilizados pela indústria naval.

Figura 203 -  Plaina de mesa


Fonte: SENAI, 2014.

As plainas de mesa podem ser divididas entre as que possuem apenas um cabeçote para a operação e
as que possuem dois cabeçotes.
As plainas de mesa que possuem dois cabeçotes possibilitam a realização de operações simultâneas
em mais de uma peça, sendo, por isso, usadas quando se quer mais rapidez no processo de fabricação.
Observe na figura, a seguir, a plaina limadora com dois cabeçotes.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
200

Figura 204 -  Plaina de dois cabeçotes


Fonte: SENAI, 2014.

12.2 CARACTERÍSTICAS

As plainas, assim como outras máquinas operatrizes, possuem características próprias que devem ser
conhecidas para que sejam aplicadas corretamente em cada operação.
Conheça, abaixo, algumas características da plaina:
a) Devido à retirada de material em toda a peça durante uma passada, a plaina apresenta vantagem
na usinagem de guias, bases e barramentos de máquinas;
b) O aplainamento, em geral, é mais econômico que uma operação onde se utiliza ferramentas mul-
ticortantes, pois as ferramentas, geralmente de aço rápido, são mais baratas e mais fáceis de afiar;
c) Visto que o avanço de corte acontece de forma linear, a velocidade no processo de aplainamento
é dada em golpes por minuto (GPM);
d) A plaina executa algumas operações que não são possíveis na fresadora, como rasgos em diâme-
tro interno de peças;
e) Na preparação da plaina para a operação, a peça, que se encontra fixa na mesa, deve ter sua al-
tura regulada e deve estar a aproximadamente 5 mm da ponta da ferramenta. Isto garante que
haverá curso suficiente para realizar a operação;
f) A fixação das peças na plaina pode ser feita através de barras de aperto: parafusos, quando a peça
é de grande porte ou por morsas, quando as peças são pequenas (Figuras 206 e 207).
12 PLAINAS
201

SAIBA Consulte a aula 27 - Processos de Fabricação do Telecurso 2000 Aplainamento - e


MAIS acompanhe as etapas desse processo e as características das suas ferramentas.

CASOS E RELATOS

A eficiência da plaina

Jorge, técnico de fabricação, recebeu um projeto para realizar a abertura de um rasgo numa engre-
nagem, onde será alojada uma chaveta.
Observando as máquinas existentes no laboratório onde trabalhava, Jorge percebeu que a máquina
que atende à operação a ser realizada é a plaina limadora vertical. Com a ferramenta e a peça já fixa-
das na máquina e com os devidos EPIs, ele começou a operação de aplainamento.
Foi necessário realizar os seguintes movimentos: principal, de avanço e de ajuste. Seguindo sempre
as orientações do projeto, o técnico conseguiu terminar a operação e determinar na peça as dimen-
sões que por ele foram especificadas.

Figura 205 -  Fixação por barras de aperto


Fonte: EBAH, 2010.
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
202

Figura 206 -  Fixação com morsa


Fonte: EBAH, 2010 (Adaptado).

FIQUE Na fixação das peças por meio de barras de aperto é necessário que os parafusos
estejam próximos da peça para garantir melhor fixação e aperto, o que evitará que a
ALERTA peça se solte e ocorram acidentes no momento da operação.

12.3 APLICAÇÕES

As plainas são utilizadas por diversos setores de fabricação e realizam aplicações de diferentes tipos,
desde que gerem superfícies planas. Vamos conhecer alguns exemplos de aplicação das plainas.
a) Aplainar estrias
A operação de aplainar estrias consiste em produzir sulcos38 em uma superfície, os quais devem ser
equidistantes, ou seja, possuir a mesma distância de um para o outro, mantendo sempre as especificações
de projetos.
Observe na Figura 207, que a ferramenta deve possuir perfil adequado para cada operação.

38 Sulcos: espécie de rego, com perfil predefinido na superfície de uma peça.


12 PLAINAS
203

Figura 207 -  Aplainar estrias em uma peça plana


Fonte: EBAH, 2009 (Adaptado).

b) Aplainar verticalmente uma superfície plana


Nessa operação, são executados dois movimentos principais. Um movimento perpendicular e um lon-
gitudinal. Ambos podem ser realizados tanto pela ferramenta quanto pela peça. A figura a seguir mostra
como esses movimentos são realizados.

Figura 208 -  Aplainamento vertical em superfícies planas


Fonte: EBAH, 2009 (Adaptado).
FUNDAMENTOS DE USINAGEM - VOLUME I
204

Observe através das setas que, à medida que a operação vai sendo executada, tanto a peça quanto a
ferramenta podem se movimentar para concluir o processo de aplainamento. Essa operação garante per-
pendicularismo entre duas faces da peça.
c) Aplainar rasgos
Nesse processo, é utilizada uma ferramenta chamada bedame, responsável pela operação de aplainar
rasgos. Observe na figura a seguir a ferramenta e o processo de produzir rasgos em uma superfície.

Figura 209 -  Aplainar rasgos


Fonte: SENAI, 2014.

Nessa operação, os movimentos longitudinal e vertical são realizados pelo bedame, que está fixado no
cabeçote porta-ferramenta.
Existem outras operações que são feitas com as plainas. Aplainar superfícies em ângulo é um exemplo
delas.
12 PLAINAS
205

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, você aprendeu sobre os tipos, características e aplicações das máquinas-ferramen-
tas plainas, responsáveis pelo processo de tornar plana a superfície de uma peça. Estudamos que
essa máquina realiza o processo de fabricação mecânica denominada aplainamento, gerando, em
qualquer superfície plana, diferentes características, e que para atribuir as diversas especificidades à
peça, podemos utilizar variadas superfícies de corte, como o bedame para produzir rasgos.
Chegamos ao fim do primeiro volume do livro fundamentos de usinagem. Está na hora de voltar
ao início dos seus estudos e recapitular tudo o que aprendeu até aqui. De um modo geral, você já
é capaz de identificar os processos de fabricação, as suas características, as condições de trabalho
estabelecidas e as ferramentas mais adequadas para cada operação estudada.
Esteja oficialmente convidado para dar início ao segundo volume do livro, onde você terá contato
com conceitos acerca das ferramentas de corte, tipos, características e aplicações; estudará sobre as
roscas – elementos de fixação e transmissão de movimentos e conhecerá o planejamento das ope-
rações de usinagem. Até lá!
REFERÊNCIAS

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abntcolecao.com.br/. Acesso em: 9 nov. 2014.
ABNT NBR 15230: ferramentas abrasivas: uso, manuseio, segurança, classificação e padronização.
Rio de Janeiro, 2008.
ABNT NBR 15951: lâminas de serra de fita para metal: características e dimensões ISO 4875-2:2006,
MOD. Rio de Janeiro, 2011.
ABNT NBR ISO 7755: limas rotativas de metal duro. Parte 1: especificações gerais. Rio de Janeiro,
2014.
ABNT NBR 14646: tolerâncias geométricas: requisitos de máximo e requisitos de mínimo material.
Rio de Janeiro, 2001.
BINI, Edson et al. A técnica da ajustagem: metrologia, medição, roscas, acabamento. São Paulo:
Hemus, 1976.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego Normas Regulamentadoras (NRs). Disponível em:<http://
portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. Acesso em: 08 jan. 2015.
______. NR nº12: segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Disponível em:<http://
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______.______. Granulação dos rebolos. 2011. Quadro 3.
______.______. Tipos de aglomerantes. 2011. Quadro 4.
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+Processos+de+Fabricacao+pdf/PROCESSOS+DE+FABRICA*c3*87*c3*83O+1/10-PF-
Estampagem,76327894.pdf> . Acesso em: 28 ago. 2014.
REI Abrasivos. Acessório rebolo tipo ogivais. Figura 45. Disponível em: <http://reiabrasivos.com.
br/rebolos-linha-industrial.htm>. Acesso em: 28 ago. 2015.
REBOLIXAS Comércio de Abrasivos Ltda. Acessório rebolo tipo ponta montada em vários
formatos. 2010. (Adaptado). Figura 44. Disponível em: <http://www.rebolixas.net/loja/produtos_
descricao.asp?ang=pt_BR&codigo_produto=1985> . Acesso em: 20 nov. 2014.
MINICURRÍCULO DAS AUTORAS

LETÍCIA FIGUEIRÊDO DA SILVA


Letícia Figueirêdo da Silva é técnica em Eletromecânica pelo Instituto Federal de Educação, Ciên-
cia e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Santo Amaro. Trabalhou na área de manutenção mecâni-
ca na Empresa MAVEQ. Desde 2014 atua como conteudista da área de Usinagem de Materiais no
SENAI CIMATEC/BA, desempenhando atividades de elaboração de material didático para cursos
técnicos na área de Fabricação Mecânica.

LUDMILA SOARES CERQUEIRA


Ludmila Soares Cerqueira é técnica em exploração de petróleo e gás natural, formada pelo Insti-
tuto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Campus Simões Filho, e técnica
em Fabricação Mecânica pelo SENAI CIMATEC/BA. Atuou na área de manutenção mecânica de
motores a combustão. Desde 2014 trabalha para o SENAI CIMATEC na elaboração de material
didático para cursos, atuando como conteudista.
ÍNDICE

A
Abrasão 149
Abrasivo 44, 46, 48
Aglomerado 153

B
Balanceamento 155

C
Centrífuga 156

D
Dentes chanfrados 171
Desbastar 32
Ductibilidade 151

E
Eixo vazado 70
Engrenagens 70, 71, 77
Esquadrejar 100

F
Fluido refrigerante 102
Furos equidistantes 112

G
Gabaritos 95
Granulometria 44

I
ISO 114

M
Material bruto 61, 62, 75, 76, 80, 81
Movimento retilíneo 195
O
Ogivais 48
Ovalização 30

P
Perpendicularmente 94
Polias 68, 70
Pressão 166, 168

R
Ranhuras 81, 92, 99
Rasgos de chaveta 198
Rebarbar 29
Rotação uniforme 77
Rugosidade 160

S
Sobremetal 189
Sulcos 202
Superfícies côncavas 99
Superfícies concêntricas 66
Superfícies convexas 99
Superfícies excêntricas 66

T
Tenacidade 150
Trincas 161

V
Vitrificado 154
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

André Costa
Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção

Arilma Oliveira do Carmo Tavares


Coordenação Técnica

Carlos Augusto Alves Conceição


Lucas Antunes Sena
Tiago Oliveira dos Santos
Revisão Técnica

Letícia Figueirêdo da Silva


Ludmila Soares Cerqueira
Elaboração
Geovana Cardoso Fagundes Rocha
Design Educacional

Joseane Maytê Sousa Santos Sousa


Revisão Ortográfica e Gramatical

Alex Romano Lima


Antônio Ivo Lima
Leonardo Silveira
Nelson Antônio Andrade Correia Filho
Ricardo Barreto
Vinicius Vidal
Ilustração

Nelson Antônio Correia Filho


Fotografia

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Vinicius Vidal da Cruz
Leonardo Silveira Santana
Editoração

Rita de Cássia Silva Fonseca - CRB - 5 /1747


Normalização - Ficha Catalográfica

Daiane Amancio
Revisão de Padronização e Diagramação

Ademir Moreira de Araújo


Jupi Veja Diniz
Luiz Mariano Bertissolo
Rodrigo Santos Silva
Comitê Técnico de Avaliação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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