Você está na página 1de 36

Capítulo 1

Funções e grácos
Denição 1. Sejam X e Y dois subconjuntos não vazios do conjunto dos
números reais. Uma função de X em Y ou simplesmente uma função é uma
regra, lei ou convenção que associa a cada elemento x do conjunto X um
único elemento y do conjunto Y. O conjunto X é chamado de domínio da
função e o conjunto Y de contradomínio da função.
Usualmente denotamos a regra pelo símbolo x 7−→ y e indicamos a função
por uma letra latina minúscula. Assim, denotamos uma função pelo símbolo
f : X −→ Y, x 7−→ y.
Neste caso, indica-se o domínio de f pelo símbolo Df (= X) e o único
elemento y, de Y, associado ao elemento x, de X, pelo símbolo f (x) (lê-
se: "f de x"), chamado de elemento imagem de f em x ou simplesmente a
imagem de f em x. Diremos que x é a variável independente de f e que y é
a variável dependente de f.
Notação 1. Uma outra notação para uma função f é dada por:
f : Df 7−→ Y, x 7−→ y = f (x).
Denição 2. Seja uma função f : X(= Df ) 7−→ Y, x 7−→ y = f (x).
Denimos o gráco da função f como o subconjunto, do conjunto produto
cartesiano X × Y, dado por
Gf = {(x, y) | y = f (x), para x ∈ X}.

Denição 3. Seja uma função f : X(= Df ) 7−→ Y, x 7−→ y = f (x).


Denimos o conjunto imagem de f ou simplesmente a imagem de f como o
subconjunto, do contradomínio Y, dado por
Im(f ) = {y ∈ Y | y = f (x), para x ∈ X}.

1
2 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES E GRÁFICOS

Figura 1.1: Gráco de uma função, com lei de correspondêencia y=f(x).

Assim, y ∈ Im(f ) se, e somente se, existe um x ∈ Df tal que y = f (x).


Denição 4. Seja uma função f : X(= Df ) 7−→ Y, x 7−→ y = f (x).
Dizemos que a função f é uma função injetora em um subconjunto I de Df
ou simplesmente que f é uma função injetora em I, se
quaisquer que sejam x1 , x2 ∈ I tais que x1 6= x2 , então f (x1 ) 6= f (x2 ),
ou equivalentemente, se
quaisquer que sejam x1 , x2 ∈ I tais que f (x1 ) = f (x2 ), então x1 = x2 .
Quando I = Df , diremos que f é injetora.
Dizemos que a função f é uma função sobrejetora se o conjunto imagem de
f coincide com o contradomínio de f, isto é, se
Im(f ) = Y,
ou equivalentemente, se
para todo y ∈ Y, existe um elemento x ∈ Df tal que y = f (x).
Dizemos que a função f é uma função bijetora se ela é uma funçção injetora
e sobrejetora.
Proposição 1. Seja uma função f : X(= Df ) 7−→ Y, x 7−→ y = f (x). Se f
é bijetora, então a lei de correspondência
 dada por
g : Y = Im(f ) −→ X(= Df ), y 7−→ x = g(y),
onde x = g(y) se, e somente se, y = f (x), dene uma função de Y em X,
de variável independente y e variável dependente x.
Neste caso, chamaremos a função g de função inversa de f e a denotare-
mos pelo símbolo f −1 . Assim, escrevemos a função inversa de f na forma
3

f −1 : Y −→ X, y 7−→ x = f −1 (y),
onde x = f −1 (y) se, e somente se, y = f (x).

Figura 1.2: Relação dos pontos do Gráco da função f com a sua inversa
f −1 .

Notação 2. Seja uma função bijetora f : X(= Df ) −→ Y = Im(f ) , x 7−→




y = f (x). Usualmente, escrevemos a função inversa, de f, tomando a letra


x como sua variável independente, em lugar de y, e y como sua variável de-
pendente, em lugar de x. Assim, escreveremos a função inversa de f como
f −1 : Y −→ X, x 7−→ y = f −1 (x),
onde y = f −1 (x) se, e somente se, x = f (y).
Denição 5. Seja uma função f : X(= Df ) −→ Y, x −→ y = f (x) e I ⊆ Df
um intervalo. Dizemos que a função f é uma função crescente em I se
quaisquer que sejam x1 , x2 ∈ I tais que x1 < x2 , então f (x1 ) < f (x2 ).
Dizemos que a função f é uma função decrescente em I se
quaisquer que sejam x1 , x2 ∈ I tais que x1 < x2 , então f (x1 ) > f (x2 ).
Quando I = Df , diremos que f é crescente ou decrescente, respectivamente.
Dizemos que a função f é uma função não-crescente em I se
quaisquer que sejam x1 , x2 ∈ I tais que x1 < x2 , então f (x1 ) ≥ f (x2 ).
Dizemos que a função f é uma função não-decrescente em I se
quaisquer que sejam x1 , x2 ∈ I tais que x1 < x2 , então f (x1 ) ≤ f (x2 ).
Quando I = Df , diremos que f é não-crescente ou não-decrescente, respec-
tivamente.
4 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES E GRÁFICOS

Figura 1.3: Gráco de uma função crescente.

Proposição 2. Seja uma função f : X(= Df ) −→ Y, x −→ y = f (x) e


I ⊆ Df um intervalo. Se f é uma função crescente em I ou decrescente em
I, então f é uma função injetora em I.

Figura 1.4: Gráco de uma função decrescente.

Denição 6. Seja uma função f : X(= Df ) −→ Y, x 7−→ y = f (x), tal


que o domínio Df verique a seguinte condição: para todo x ∈ Df , temos
−x ∈ Df .
Dizemos que a função f é uma função par se, f (x) = f (−x), para todo
x ∈ Df .
5

Dizemos que a função f é uma função impar se, f (−x) = −f (x), para
todo x ∈ Df .

Figura 1.5: Gráco de uma função par.

Figura 1.6: Gráco de uma função impar.

Denição de função composta

Denição 7. Sejam funções


f : Df ⊆ X → Y, x 7→ y = f (x),
6 CAPÍTULO 1. FUNÇÕES E GRÁFICOS

e
g : Dg ⊆ Y → Z, y 7→ z = g(y),
vericando a condição Im(f ) ⊆ Dg .
Denimos a função composta, de f com g, por
g◦f :D  f ⊆ X → Z, x 7→ z = (g ◦ f )(x),
onde (g ◦ f )(x) = g f (x) , para todo x ∈ Df .
Observação 1. Salvo se houver menção explicita, tomaremos X = Df e
Y = R. Assim, usualmente denotaremos uma função f, nas formas

f : Df ⊆ R −→ R, x 7−→ y = f (x),
ou mais simplesmente
f : Df −→ R, y = f (x).

1.1 Operações com funções

Denição 8. Sejam funções f, g : D ⊆ R → R, y = f (x) e y = g(x).


i) Denimos a função soma f + g : D ⊆ R → R, y = (f + g)(x), como a
função (f + g)(x) = f (x) + g(x), para todo x ∈ D.
ii) a função produto por um escalar (c ∈ R) cf : D ⊆ R → R, y = (cf )(x),
como a função (cf )(x) = cf (x), para todo x ∈ D.
iii) a função produto f g : D ⊆ R → R, y = (f g)(x), como a função
(f g)(x) = f (x)g(x), para todo x ∈ D.

iv) se a função g(x) 6= 0, para todo x ∈ D, então a função quociente


f f  f  f (x)
: D ⊆ R → R, y = (x), onde (x) = , para todo x ∈ D.
g g g g(x)
Capítulo 2
Funções Algébricas

2.1 Funções Polinomiais

Denição 9. Uma função f é chamada de função polinomial se sua lei de


correspondência é dada por
f (x) = an xn + . . . + a1 x + a0 ,
onde n é um inteiro positivo e a0 , a1 , . . . , an , são números reais quaisquer
com an 6= 0.
Um número real a é chamado de raíz de f se f (a) = 0.
Naturalmente, temos que Df = R.
Proposição 3. Seja f uma função polinomial. Então, para todo número real
a, existe uma função polinomial g , tal que

f (x) − f (a) = (x − a)g(x),

para todo número real x.

2.1.1 Função am


Denição 10. Uma função polinomial f é chamada de função am, se sua
lei de correspondência é dada por
f (x) = ax + b,
onde a e b são números reais quaisquer.
Observação 2. Uma função am f (x) = ax + b, na qual a = 0, é chamada
de função constante.

7
8 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES ALGÉBRICAS

Proposição 4. Seja uma função am f (x) = ax + b. Então:


i) se a = 0, então Im(f ) = {b};
ii) se a 6= 0, então Im(f ) = R;
ii) se a > 0, então f é crescente em R;
iii) se a < 0, então f é decrescente em R.

Figura 2.1: Grácos da função constante, f(x)=b, onde a=o.

Figura 2.2: Grácos da função am, f(x)=ax+b, onde a>o


2.2. FUNÇÃO VALOR ABSOLUTO 9

Figura 2.3: Grácos da função am, f(x)=ax+b, onde a<o

2.2 Função Valor Absoluto

Denição 11. Chamamos a função f : R → R, denida por


f (x) = |x|,
para todo x ∈ R, de função valor absoluto.
A função valor absoluto é uma função par e Im(f ) = [0, +∞[.

Figura 2.4: Gráco da função valor absoluto.


10 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES ALGÉBRICAS

2.2.1 Função Quadrática


Denição 12. Uma função polinomial f é chamada de função quadrática,
se sua lei de correspondência é dada por um polinômio quadrático
f (x) = ax2 + bx + c,
onde a (6= 0), b e c são números reais quaisquer.
Proposição 5. Sejam números reais a (6= 0), b e c. Então, a lei de corres-
pondência da função quadrática pode escrita na forma

2
b2 − 4ac

2 b
f (x) = ax + bx + c = a x + − ,
2a 4a

para todo x ∈ R. Além disso:


i) se a > 0, então f possui valor mínimo em x = − 2ab , com valor imagem
b 2 −4ac
= −b

f − 2a 4a
;

ii) se a < 0, então f possui valor máximo em x = − 2ab , com valor imagem
b 2 −4ac
= −b

f − 2a 4a
.
Nesse caso:
iii) se a > 0, então Im(f ) = − b

 2 −4ac
, +∞ ; 4a

iv) se a < 0, então Im(f ) = − ∞, − b −4ac


 2 
4a
;

v) para todo c ≥ 0, temos f − 2ab − c = f − b


 
2a
+c .

Proposição 6. Sejam números reais a (6= 0), b e c tais que b2 − 4ac ≥ 0.


Então, a lei de correspondência da função quadrática admite uma decompo-
sição do tipo

f (x) = ax2 + bx + c
" 2 #
b b2 − 4ac
= a x+ −
2a 4a2
 √  √ 
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
= a x− x− ,
2a 2a
2.2. FUNÇÃO VALOR ABSOLUTO 11

para todo x ∈ R. Assim, f (x) = 0 se, e somente se,


√ √
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
x= ou x = .
2a 2a
Além disso, se b2 − 4ac < 0, então:
i) a > 0 implica em f (x) > 0, para todo x ∈ R;
ii) a < 0 implica em f (x) < 0, para todo x ∈ R.

Figura 2.5: Grácos da função quadrática, f (x) = ax2 + bx + c, onde a>o

2.2.2 Função Potência


Denição 13. Seja n um inteiro positivo. Uma função polinomial f é cha-
mada de função potência, se sua lei de correspondência é dada pela relação
f (x) = xn .

Proposição 7. Seja n um inteiro par positivo. Então:


i) a função potência é uma função par;
ii) Im(f ) = [0, +∞[;
iii) f é decrescente em ] − ∞, 0] e crescente em [0, +∞[.
12 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES ALGÉBRICAS

Figura 2.6: Grácos da função quadrática, f (x) = ax2 + bx + c, onde a<o

Proposição 8. Seja n um inteiro impar positivo. Então:


i) a função potência é uma função impar;

ii) Im(f ) = R;

iii) f é crescente em R.

Figura 2.7: Grácos da função potência, f (x) = xn , onde n é um inteiro par


2.3. FUNÇÃO RACIONAL 13

Figura 2.8: Grácos da função potência, f (x) = xn , onde n é um inteiro


impar

2.3 Função Racional

Denição 14. Uma função f é chamada de função racional se sua lei de


correspondência é dada pela relação
p(x)
f (x) = ,
q(x)

onde p = p(x) e q = q(x) são polinômios não nulos que não têm fatores em
comum e com grau de q ≥ 1.
O domínio de uma função racional é dado por Df = {x ∈ R | q(x) 6= 0}.

Função Hipérbole
Denição 15. Uma função racional f é chamada de função hipérbole sua
lei de correspondência é dada pela relação
ax + b
f (x) = ,
cx + d
onde a, b, c e d são números reais com c 6= 0 e ad 6= bc.
Proposição 9. Se f é uma função hipérbole (descrita como na denição
15), então:
14 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES ALGÉBRICAS

d
i) Df = R − {− };
c

a
ii) Im(f ) = R − { }.
c

x−1
Figura 2.9: Gráco da função hipérbole f (x) =
x+1

x+3
Figura 2.10: Gráco da função hipérbole f (x) =
2x − 5
2.3. FUNÇÃO RACIONAL 15

2.3.1 Sugestões para a construção do gráco de uma


função racional
No caso geral, de uma função racional f (x) = p(x)/q(x), para a construção
do gráco, sugerimos determinar os seguintes itens:
i) o domínio Df ;
ii) o comportamento das imagens f (x), quando a variável x toma valores
próximos das raízes do polinômio q = q(x).
Nesse caso, f (x) = p(x) q(x) toma valores crescentes e ilimitados,


a medida que a variável x toma valores sucientemente próximos de


qualquer raiz do polinômio q = q(x). Além disso, quanto mais próximo
for o valor
que x toma de uma raiz do polinômio q = q(x) maior é o
valor de f (x) .
iii) os pontos de cortes nos eixos coordenados ox e oy (se existirem);
iv) análise do sinal das imagens f (x), para x ∈ Df ;
v) o comportamento das imagens f (x), quando a variável |x| toma valores
crescentes.
Nesse caso, temos:
v-i) se grau de p(x) < grau de q(x), então a imagem f (x) = p(x) q(x)


toma valores cada vez mais próximo de zero, a medida que a va-
riável |x| toma valores sucientemente grandes;
v-ii) se grau de p(x) ≥ grau de q(x), então escreva
p(x) = q(x)t(x) + r(x),
onde grau de r(x) < grau de q(x), e conclua que
p(x) r(x)
f (x) = = t(x) +
q(x) q(x)
toma valores cada vez mais próximo de t(x), a medida que a variá-
r(x)
vel |x| toma valores sucientemente grandes, em função de
q(x)
vericar as condições do item v-i);
vi) determinar os pontos de máximos ou mínimos bem como seus valores
máximos ou mínimos, da função f, se existirem e quando possível.
16 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES ALGÉBRICAS

1
Figura 2.11: Gráco da função racional f (x) =
x2 +x+1

2.4 Função Raíz n-ésima

Teorema 1. Seja n um inteiro par positivo. Então, para todo número real
não-negativo x, existe um único número real não-negativo y, chamado de raiz
n-ésima de x, tal que y n = x.
Teorema 2. Seja n um inteiro impar positivo. Então, para todo número
real x, existe um único número real y, chamado de raiz n-ésima de x, tal que
y n = x.
Notação 3. Para todo inteiro positivo n, denotaremos as raízes n-ésima de
um número real x, obtidos nos Teoremas 1 e 2, pelo símbolo

n
y= x.

Corolário 1. Seja n um inteiro par positivo. Então:


√ n
i)n
x = x, para todo número real não negativo x;

ii) n xn = |x|, para todo número real x.
Corolário 2. Seja n um inteiro impar positivo. Então:
√ n
i)n
x = x, para todo número real x;

ii) n xn = x, para todo número real x.
2.4. FUNÇÃO RAÍZ N-ÉSIMA 17

5
Figura 2.12: Gráco da função racional f (x) =
−x2 + 4x − 3

Denição 16. Seja n um inteiro positivo. Uma função f é chamada de


função raiz n-ésima, se sua lei de correspondência
√ é dada pela relação
f (x) = n
x.

Proposição 10. Para todo inteiro par positivo n, a função raiz n-ésima,
satisfaz as propriedades:
i) Df = [0, +∞[;
ii) f é crescente, em todo o seu domínio Df ;
iii) Im(f ) = [0, +∞[.
Proposição 11. Para todo inteiro impar positivo n, a função raiz n-ésima,
satisfaz as propriedades:
i) Df = R;
ii) f é crescente, em todo o seu domínio Df ;
iii) Im(f ) = R.
18 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES ALGÉBRICAS

x+3
Figura 2.13: Gráco da função racional f (x) =
x2 − 6x + 5

x2 − 6x + 5
Figura 2.14: Gráco da função racional f (x) =
x+3
2.4. FUNÇÃO RAÍZ N-ÉSIMA 19

x2 − 4x − 5
Figura 2.15: Gráco da função racional f (x) =
x−2

x−2
Figura 2.16: Gráco da função racional f (x) =
x2 − 4x − 5
20 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES ALGÉBRICAS


Figura 2.17: Grácos da função raiz n-ésima, f (x) = n
x, onde n é um
inteiro par


Figura 2.18: Grácos da função raiz n-ésima, f (x) = n
x, onde n é um
inteiro impar
Capítulo 3
Potência de um número real.
Continuação

3.1 Potências com expoentes racionais


p
Denição 17. Seja a (6= 1) um número real qualquer positivo e r = , onde
q
p ∈ Z e q ∈ N, um número racional. Denimos a potência de base a e
expoente r ou simplesmente a potência de a como sendo o número real dado
por √
ar = q
ap .

Proposição 12. Seja a um número real e r, s números racionais. Então:


i) ar+s = ar as ;
ii) (ar )s = ars ;
iii) se a > 1, então r < s implica em ar < as ;


iv) se 0 < a < 1, então r < s implica em ar > as .




21
22CAPÍTULO 3. POTÊNCIA DE UM NÚMERO REAL. CONTINUAÇÃO
Capítulo 4
Funções Exponênciais e
Logarítmicas

4.1 Funções Exponenciais. Potências de Expo-


entes Reais

Teorema 3. Para todo número real a (> 0, 6= 1), existe uma única função
bijetora

fa : R →]0, +∞[, x 7→ y = fa (x),

denominada de função exponêncial de base a, tal que



fa (r) = ar (= q
ap ),
p
para todo número racional r = , onde p ∈ Z e q ∈ N.
q
Neste caso, denotaremos os valores imagens da função fa pelo simbolo

fa (x) = ax ,

para todo número real x.


Em particular temos a0 = 1 e a1 = a.
Teorema 4. Seja a (> 0, 6= 1) número real. Então, quaisquer que sejam os
números reais w e x, temos:

23
24 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES EXPONÊNCIAIS E LOGARÍTMICAS

i) aw+x = aw ax ;
x
ii) aw = awx ;
ii) Se a > 1, então a função exponencial de base a é crescente em R;
iv) Se 0 < a < 1, então a função exponencial de base a é decrescente em
R.
Grácos das funções exponenciais de base a

Figura 4.1: Gráco da função exponêncial, f (x) = ax , onde a>1

Figura 4.2: Gráco da função exponêncial, f (x) = ax , onde 0<a<1


4.2. FUNÇÃO LOGARÍTMICA 25

4.2 Função Logarítmica

Denição 18. Para todo número real a (> 0, 6= 1), denimos a função
logarítmica de base a como sendo a função inversa da função exponêncial de
base a fa . Assim, a função logarítmica de base a é a função

fa−1 :]0, +∞[→ R, x 7→ y = fa−1 (x),

onde y = fa−1 (x) se, e somente se, fa (y) = x, para todo x ∈]0, +∞[.
Neste caso, denotaremos os valores imagens da função logarítmica de base
a, pelo símbolo fa−1 (x) = loga x, para todo x ∈]0, +∞[. Assim,
y = loga x se, e somente se, ay = x, para todo x ∈]0, +∞[.

Segue disso que:


i) aloga x = x, para todo x ∈]0, +∞[;
ii) loga ay = y, para todo y ∈ R.
Em particular, temos que loga 1 = 0 e loga a = 1.
Proposição 13. Sejam a e b (> 0, 6= 1) números reais. Quaisquer que sejam
os números reais c ∈ R e w, x ∈]0, +∞[, temos que:
i) loga (wx) = loga w + loga x;
ii) loga xc = c loga x;
iii) Se a > 1, então a função logarítmica de base a é crescente em ]0, +∞[;
iv) Se 0 < a < 1, então a função logarítmica de base a é decrescente em
]0, +∞[.
Além disso,
w
v) loga ( ) = loga w − loga x;
x
logb x
vi) loga x = .
logb a
Grácos das funções logarítmicas de base a
26 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES EXPONÊNCIAIS E LOGARÍTMICAS

Figura 4.3: Gráco da função logarítmica, f (x) = loga x, onde a>1

4.3 O número irracional e


Consideremos a sucessão de potências de números reais, denida por
 1  2  3  4  5
1 1 1 1 1
1+ , 1+ , 1+ , 1+ , 1+ ,...
1 2 3 4 5
 n
1
Quando n cresce indenidamente, a expressão 1 + se aproxima de
n
um número irracional que é representado pela letra e, cujo valor aproximado
é 2, 7182 . . . .
A função exponencial que aparece com maior freqüência em modelagem
matemática é a que tem o número e como base. Como e > 1, o gráco da
função exponencial fe (x) = ex é semelhante ao gráco da função fa (x) = ax ,
com a > 1.
Denição 19. Dado um número real x > 0, chamaremos o número real y,
que satisfaz a identidade

y = loge x se, e somente se, y = fe−1 (x)


se, e somente se, fe (y) = x se, e somente se, ey = x,
de logaritmo natural de x, e o denotaremos pelo símbolo
y = ln x.
4.3. O NÚMERO IRRACIONAL E 27

Figura 4.4: Gráco da função logarítmica, f (x) = loga x, onde 0<a<1


28 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES EXPONÊNCIAIS E LOGARÍTMICAS
Capítulo 5
Funções Trigonométricas

5.1 Funções Seno e Co-seno

Teorema 5. Existe um único par de funções, denominadas de funções seno


e co-seno, denotadas por:

sin : R → R e cos : R → R,

respectivamente, vericando as seguintes propriedades:


T1) sin 0 = 0 e cos 0 = 1;
T2) A função seno é uma função impar;
T3) A função co-seno é uma função par;
T4) Quaisquer que sejam os números reais a e b,

sin(a + b) = sin a cos b + sin b cos a;

T5) Quaisquer que sejam os números reais a e b,

cos(a + b) = cos a cos b − sin a sin b;

T6) Existe um menor número real positivo, denotedo pelo simbolo π, tal que
π π
sin = 1 e cos ) = 0;
2 2

29
30 CAPÍTULO 5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

π
T7) A função seno é crescente no intervalo [0, ];
2
π
T8) A função co-seno é decrescente no intervalo [0, ].
2

Lema 1. Para todo número real x temos:

i) sin2 x + cos2 x = 1;

ii) −1 ≤ sin x ≤ 1 e −1 ≤ cos x ≤ 1;

Proposição 14. Quaisquer que sejam os números reais a e b, temos:

i) sin(a − b) = sin a cos b − sin b cos a;

ii) cos(a − b) = cos a cos b + sin a sin b.

Corolário 3. Quaisquer que sejam os números reais a e b, temos:

i) 2 sin a cos b = sin(a + b) + sin(a − b);

ii) 2 sin b cos a = sin(a + b) − sin(a − b);

iii) 2 cos a cos b = cos(a − b) + cos(a + b);

iv) 2 sin a sin b = cos(a − b) − cos(a + b).

Lema 2. Para todo número real x temos:

i) sin(2x) = 2 sin x cos x;

1 1
ii) sin2 x = − cos(2x);
2 2

1 1
iii) cos2 x = + cos(2x).
2 2
5.1. FUNÇÕES SENO E CO-SENO 31

5.1.1 Identidades Fundamentais


Proposição 15. Para todo número real x, temos:
π π
i) sin x + = cos x e cos x + = − sin x;
2 2
ii) sin x + π = − sin x e cos x + π = − cos x;
 

3π  3π 
iii) sin x + = − cos x e cos x + = sin x;
2 2
iv) sin x + 2π = sin x e cos x + 2π = cos x.
 

Proposição 16. Para todo número real x, temos:


π π
i) sin x − = − cos x e cos x − = sin x;
2 2
ii) sin x − π = − sin x e cos x − π = − cos x;
 

3π  3π 
iii) sin x − = cos x e cos x − = − sin x;
2 2
iv) sin x − 2π = sin x e cos x − 2π = cos x.
 

Figura 5.1: Gráco da função seno, f (x) = sin x


32 CAPÍTULO 5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Figura 5.2: Gráco da função co-seno, f (x) = cos x

5.1.2 Equações Trigonométricas


Lema 3. As relações valem, abaixo:
i) sin x = 0 se, e somente se, x = kπ, para todo inteiro k;
π 3π
ii) sin x = 1 (sin x = −1) se, e somente se, x = + 2kπ (x = + 2kπ),
2 2
para todo inteiro k;
2k + 1 
iii) cos x = 0 se, e somente se, x = π, para todo inteiro k;
2
iv) cos x = 1 (cos x = −1) se, e somente se, x = 2kπ (x = (2k + 1)π), para
todo inteiro k.
Lema 4. As relações valem, abaixo:
i) sin a = sin b se, e somente se, a = b + 2kπ ou a = −b + (2k + 1)π, para
todo inteiro k;
ii) cos a = cos b se, e somente se, a = b + 2kπ ou a = −b + 2kπ, para todo
inteiro k;
iii) sin a = cos b se, e somente se,
4k + 1  4k + 1 
a=b+ π ou a = −b + π,
2 2
para todo inteiro k.
5.2. FUNÇÕES TANGENTE E CO-TANGENTE 33

5.2 Funções Tangente e Co-tangente

Denição 20. Denimos a função tangente e co-tangente, denotadas pelos


simbolos
tan : Dtan ⊂ R → R e cot : Dcot ⊂ R → R,

respectivamente, como as funções trigonométricas cujas regras de correspon-


dências e seus domínios são dados por
sin x
tan x = , para todo x ∈ Dtan ,
cos x
onde Dtan = {x ∈ R | cos x 6= 0} e
cos x
cot x = , para todo x ∈ Dcot ,
sin x
onde Dcot = {x ∈ R | sin x 6= 0}.
Proposição 17. As relações valem, abaixo:
i) tan(−x) = − tan x, para todo número real x ∈ Dtan ;
ii) cot(−x) = − cot x, para todo número real x ∈ Dcot .
Proposição 18. Para todo número real x ∈ Dtan , temos:
π
i) tan x + = − cot x e tan x + π = tan x;

2
π
ii) tan x − = − cot x e tan x − π = tan x.

2

5.3 Funções Secante e Co-secante

Denição 21. Denimos a função secante e co-secante, denotadas pelos


simbolos
sec : Dsec ⊂ R → R e csc : Dcsc ⊂ R → R,

respectivamente, como as funções trigonométricas cujas regras de correspon-


dências e seus domínios são dados por
34 CAPÍTULO 5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Figura 5.3: Gráco da função tangente, f (x) = tan x

1
sec x = , para todo x ∈ Dsec ,
cos x
onde Dsec = {x ∈ R | cos x 6= 0} (= Dtan ) e
1
csc x = , para todo x ∈ Dcsc ,
sin x
onde Dcsc = {x ∈ R | sin x 6= 0} (= Dcot ).
Proposição 19. As relações valem, abaixo:
i) 1 + tan2 x = sec2 x, para todo número real x ∈ Dsec (= Dtan );
ii) 1 + cot2 x = csc2 x, para todo número real x ∈ Dcsc (= Dcot ).
Proposição 20. As relações valem, abaixo:
i) sec x ≤ −1 ou sec x ≥ 1, para todo número real x ∈ Dsec ;
ii) csc x ≤ −1 ou csc x ≥ 1, para todo número real x ∈ Dcsc .
5.3. FUNÇÕES SECANTE E CO-SECANTE 35

Figura 5.4: Gráco da função co-tangente, f (x) = cot x

Figura 5.5: Gráco da função secante, f (x) = sec x


36 CAPÍTULO 5. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Figura 5.6: Gráco da função co-secante, f (x) = csc x

Você também pode gostar