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MANUAL UFCD 3548

SAÚDE – NECESSIDADES
INDIVIDUAIS EM CONTEXTO
INSTITUCIONAL

Curso: Agente em Geriatria

Duração: 50 HORAS

Formador(a): ENF.ª BÁRBARA VILELA

Póvoa de Varzim, outubro de 2019

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Título: Saúde – Necessidades Individuais em Contexto Institucional
Editor: Instituto do Emprego e Formação Profissional, IP
Delegação Regional do Norte
Centro de Formação Profissional de Viana Do Castelo
Ano: 2016

Área de Educação e Formação: 762 – Trabalho Social e Orientação


Formação: 762191 – Agente em Geriatria
Nível de Qualificação do QNQ: 2
Modalidade: Educação e Formação de Adultos

Unidade de Formação de Curta Duração: 3548 – Saúde – Necessidades Individuais em


Contexto Institucional

Objetivos Gerais:
• Executar cuidados de higiene totais e parciais da pessoa idosa.
• Executar medidas de higiene geral relativas ao meio ambiente que
envolve a pessoa idosa.
• Executar as medidas de promoção do bem-estar da pessoa idosa.
• Reconhecer a realidade das instituições de apoio à pessoa idosa.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4
1. CUIDADOS DE HIGIENE.................................................................................. 5
1.1. Cuidados Parciais ....................................................................................... 6
1.2. Cuidados Gerais ......................................................................................... 6
2. HIGIENE GERAL ............................................................................................. 7
2.1. Limpeza e Desinfeção dos Espaços e Instalações ...................................... 12
2.2. Limpeza e Desinfeção dos Equipamentos e Materiais ............................... 14
3. MEDIDAS DE PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR................................................... 15
3.1. Limpeza e Desinfeção Individual e Coletiva .............................................. 16
3.2. Prevenção de Úlceras de Pressão ............................................................. 19
3.3. Prevenção do Risco de Acidente............................................................... 21
3.4. Prevenção do Isolamento e Imobilismo da Pessoa Idosa........................... 28
3.5. Utilização de meios de Primeiros Socorros ............................................... 29
3.6. Adequação de Ementas............................................................................ 30
3.7. Distribuição e Fornecimento das Refeições .............................................. 31
3.8. Situações de Emergência.......................................................................... 32
4. GERIATRIA – PRÁTICAS PROFISSIONAIS ....................................................... 34
4.1. Observação Participativa no Quotidiano .................................................. 35
4.2. Análise e Compreensão das Situações Observadas ................................... 35
CONCLUSÃO ....................................................................................................... 36

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INTRODUÇÃO
O envelhecimento faz parte natural do ciclo da vida. É, pois, desejável que
constitua uma oportunidade para viver de forma saudável, autónoma e independente,
o maior tempo possível. Grande parte das vezes o idoso necessita de ajuda para
continuar a viver de forma saudável. Esta ajuda pode ser dada no conforto do seu
domicílio ou pode ser internado num lar ou instituição.
O envelhecimento deve ser pensado ao longo da vida. O ideal é, desde cedo,
ter uma atitude preventiva e promotora da saúde e da autonomia na velhice. No
entanto, existem ainda muitos preconceitos em relação à velhice, que fazem com que
esta fase de vida seja muitas vezes marcada pelo medo e não-aceitação, tanto pelo
idoso como por quem o rodeia.
Todas as pessoas têm necessidades individuais que devem ser satisfeitas na
medida em que proporcionem conforto e bem-estar. As necessidades mais básicas são
as necessidades fisiológicas como higiene e conforto, a alimentação e hidratação, a
eliminação, o sono, entre outras. O agente em geriatria é responsável ajudar ou por
satisfazer estas necessidades no envelhecimento. Assim, este profissional destaca-se
como tendo um papel fundamental e importantíssimo na promoção da qualidade de
vida dos idosos.
Este manual surge com o objetivo de clarificar a melhor forma de satisfazer as
necessidades no envelhecimento. Inicialmente são abordados os cuidados de higiene e
a higiene geral das instalações e materiais, seguem-se algumas medidas de promoção
de bem-estar, quer seja na prevenção de úlceras e acidentes, que seja na distribuição e
acompanhamento na alimentação. Por fim, são orientadas algumas práticas
profissionais no acompanhamento do quotidiano do idoso.
“Como em qualquer outra idade, na velhice,
o Homem também sente desejo de amar, de se sentir amado,
de continuar a ser objeto de atenção e de afeto.”
(Lopes, 1993)

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1. CUIDADOS DE HIGIENE

O ser humano tem necessidades humanas básicas (NHB), sendo estas comuns a
qualquer ser humano. É algo que para a pessoa é imprescindível para sobreviver ou
funcionar o mais adequadamente possível, de tal modo que atinja um nível de
equilíbrio satisfatório.
As necessidades de primeiro nível são as necessidades fisiológicas. São
necessidades que devem ser atendidas, pelo menos em nível mínimo, para a
sobrevivência do corpo. São exemplo a higiene e o conforto.
Sendo a higiene e conforto um item a abordar neste módulo, torna-se evidente
explorar a sua importância. Deste modo, importa ainda referir que todas as pessoas
têm uma perspetiva individual das necessidades de higiene e conforto.
Cultivar hábitos de limpeza do corpo é essencial para garantir a saúde de todo o
organismo, contra os estímulos externos, com destaque para o ataque de
microrganismos. E é justamente a incapacidade de perceção às investidas desses seres
que dá à higiene um papel fundamental para o bem-estar do corpo.
Os mecanismos de higiene pessoal devem ser aplicados em todo o corpo de
forma global e incentivados desde os primeiros anos de vida. São atitudes simples e
indispensáveis, como a de lavar as mãos antes e depois de fazer necessidades
fisiológicas. Isso porque tanto a falta de lavagem das mãos quanto a má limpeza da
região anal podem ajudar a transmissão do vírus da hepatite A, por exemplo. Vivemos
numa época de enorme transformação e evolução tecnológica, onde a pressa de viver
e de fazer em menos tempo é cada vez mais evidente, remetendo para segundo plano,
aspetos como a privacidade nos cuidados.
Todo o indivíduo tem necessidades que precisam de ser satisfeitas. A
dependência no idoso surge com o passar dos anos e com a perda de algumas das suas
capacidades. Esta pode agravar-se devido à ausência de apoio e de afeto familiar, que

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leva à solidão e ao isolamento. Dependendo do tipo de ajuda que as pessoas
necessitam trata-se de ajuda parcial ou total.
Com o passar dos anos ocorrem determinadas alterações no corpo humano.
Esta situação leva a perda de capacidades ao nível do equilíbrio, da mobilidade, visão,
audição, músculos, ossos, entre outros… Assim, sentem maiores dificuldades na
satisfação de necessidades como a higiene pessoal, o conforto, o vestir/despir e a
mobilidade.
Nos cuidados prestados ao utente as necessidades fisiológicas têm uma
dimensão importantíssima no bem-estar deste, já que muitos deles dependem dos
prestadores de cuidados para a satisfação das mesmas. A satisfação das NHB do utente
têm por base a prestação adequada dos cuidados humanos básicos.
Uma boa higiene compreende todo o conjunto de medidas que se deve ter em
conta para que o utente tenha a pele, cabelo, unhas, dentes e boca em boas
condições. Os cuidados de higiene devem ser, na medida do possível, realizados pelo
próprio utente, a fim de preservar a sua autonomia. Quando este não conseguir deve
ser auxiliado, incentivando-o sempre. Uma boa higiene pessoal é imprescindível para a
saúde e bem-estar de qualquer individuo. Além da limpeza da pele, uma boa higiene
permite, também, o conforto físico e psicológico, um sentimento de bem-estar e evitar
possíveis infeções.

1.1. Cuidados Parciais


Os cuidados parciais são prestados a utentes que não necessitem de um banho geral.
Este tipo de cuidados tem objetivos semelhantes aos cuidados gerais mas contemplam apenas
os cuidados específicos de cada parte do corpo, frequentemente as regiões com secreção
abundante e maior carência de higiene (cara e boca, mãos, axilas, pés e genitais).

1.2. Cuidados Gerais


Os cuidados gerais são realizados àqueles utentes que necessitam desde um banho
geral, ao corte das unhas e aos cuidados com o cabelo. O banho geral na cama consiste na
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lavagem total do corpo da pessoa, na cama, de forma a satisfazer as necessidades de higiene e
conforto e aparência do doente, tendo a capacidade de reunir todos os acessórios necessários,
seguindo-se a secagem do corpo.
O banho no chuveiro ou na banheira é executado fora do leito, pela própria pessoa,
com ajuda, de acordo com o seu grau de dependência.

1.2.1. Banho geral no leito


• Objetivos: Proporcionar higiene corporal ao utente; Promover o conforto; Observar a
condição física, mental e emocional do utente; Estimular a circulação sanguínea, a respiração
cutânea e o exercício; Manter a integridade cutânea – prevenir úlceras de pressão; Favorecer
a independência do utente; Melhorar a autoimagem favorecendo o aspeto físico; Promover a
relação de ajuda com o utente.

• Elementos da avaliação: Capacidade para executar os cuidados de higiene; Hábitos de


higiene; Alergias a produtos (sabões, cremes…); Estado da pele, boca, cabelos, unhas e pés;
Avaliação da autonomia nas atividades; Estado da função motora; Raciocínio – estado
mental.

• Princípios básicos: Preparar material e ambiente; Informar a pessoa sobre o procedimento e


pedir a sua colaboração (segundo a avaliação realizada); Lavar as mãos; Respeitar a
privacidade do utente; Oferecer a arrastadeira antes de iniciar o banho; Adequar a
temperatura da água à preferência do utente; Utilizar os princípios básicos de mecânica
corporal; Lavar o corpo das zonas mais limpas para as mais sujas, das
mais afastadas para as mais próximas; Mudar a água, sempre que
necessário, e obrigatoriamente após a lavagem dos pés e órgãos
genitais; Substituir toalha e esponjas, sempre que necessário; Secar
bem o corpo do utente; Massajar o corpo do utente com especial
atenção às zonas de pressão ruborizadas (não massajar); Colocar
sempre a roupa suja diretamente no respetivo saco; O vestuário
deverá ser adequado, limpo e largo. De preferência os doentes

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acamados deverão usar o cabelo curto; Cuidado com: Ferimentos na pele; Constipações;
Lesões músculo-esqueléticas.

• Material: Luvas de látex ou vinil; Arrastadeira ou urinol; Bacia com água, gel de banho (pH
neutro) e champô; Toalhas; Esponjas/manápulas, compressas e cotonetes; Escova e pasta de
dentes copo, desinfetante, vaselina; Secador de cabelo, se necessário; Creme
hidratante/óleo de amêndoas doces e vitamina A; Roupa para mudar o doente; Roupa para
mudar a cama (lençol de baixo, resguardo, lençol de cima, cobertor, colcha e fronhas);
Fralda, se necessário; Corta-unhas ou tesoura e escova do cabelo; Sacos.

Procedimentos
1. Distribuir o material em lugar funcional e acessível;
2. Lavar as mãos;
3. Calçar luvas limpas e vestir o avental de proteção;
4. Explicar o procedimento ao utente e pedir a colaboração;
5. Retirar as almofadas e a roupa da cama (colcha e cobertores), deixando o utente tapado
com o lençol;
6. Oferecer a arrastadeira/urinol;
7. Assistir/posicionar o utente em decúbito dorsal.

Proceder aos cuidados à boca:


1. Elevar a cabeceira;
2. Proteger a cama e o utente com uma toalha sob o queixo;
3. Colocar o material ao alcance do utente, caso este esteja capaz de realizar o procedimento;
4. Colocar uma tina sob o queixo do utente;
5. Humedecer a escova de dentes (utilizar uma escova de dentes macia) e aplicar um
dentífrico;
6. Lavar os dentes, gengivas e língua suavemente;
7. Pedir ao utente para bochechar com água e secar a boca;
8. Lubrificar os lábios com produto próprio (ex: vaselina/batom do cieiro).

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9. Caso o utente tenha placa dentária, retirar a placa e lavar com água, escovando-a com a
escova de dentes e dentífrico apropriado;
10. Se o utente estiver inconsciente ou desorientado, lavar a boca com compressas enroladas
em espátulas, embebendo-as em água e elixir.

Proceder aos cuidados à face:


1. Colocar uma toalha sobre o peito do utente;
2. Lavar os olhos com água limpa/soro e compressas (uma para
cada olho), do canto interno para o externo;
3. Lavar a face (com sabão, se o utente o usar) e secar;
4. Lavar as orelhas e secar bem;
5. Passar um cotonete pelas narinas;
6. Aplicar creme hidratante.
Quando existir sonda nasogástrica: esta é fixada por um adesivo na cana do nariz; Sempre
que necessário, trocar o adesivo; Cuidado para não extrair a sonda.

Proceder à lavagem do cabelo:


1. Este procedimento deve ser realizado frequentemente ou em SOS;
2. Descer a cabeceira e retirar as almofadas;
3. Colocar uma toalha sob a cabeça do utente e um
dispositivo próprio ou bacia com água;
4. Pentear o cabelo e proteger os ouvidos, se necessário;
5. Molhar o cabelo, aplicar o champô e massajar;
6. Retirar o champô com água e secar o couro cabeludo, de
preferência com secador;
7. Pentear o cabelo suavemente.

Despir a camisa ou pijama ao utente e colocar no saco da roupa suja;

Proceder à lavagem dos membros superiores: braços, antebraços e mãos:

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1. Começar pelo membro mais afastado;
2. Destapá-lo e colocar a toalha esticada sob o membro;
3. Dispor a bacia com água ao utente para emergir e lavar as mãos, segundo a sua
possibilidade;
4. Lavar e secar bem o membro, dando especial atenção e aos espaços interdigitais, prega do
cotovelo e à região axilar;
5. Proceder de igual modo para o membro mais próximo.

Proceder à lavagem do tórax (peito) e abdómen (barriga):


1. Destapar o tórax e abdómen;
2. Lavar e secar bem o tórax e abdómen, dando especial atenção ao pescoço, região
inframamária e umbigo.

Proceder à lavagem dos membros inferiores: pernas


1. Começar pelo membro mais afastado;
2. Destapá-lo e colocar a toalha esticada sob o membro;
3. Lavar e secar bem a perna;
4. Proceder de igual modo para a perna mais próxima;

Proceder à lavagem dos membros inferiores: pés


1. Se possível, fletir os membros do utente, colocar uma toalha e a bacia sob os pés e
mergulhá-los na água;
2. Lavar bem os pés, dando especial atenção aos espaços interdigitais;
3. Retirar a bacia e secar bem os pés, envoltos na toalha.
Trocar água e esponjas/manápulas

Proceder à lavagem da região dorsal (costas) e nadegueira (nádegas):


1. Assistir na alternância de posicionamento/posicionar o utente em decúbito lateral;
2. Tapar o doente na parte da frente com o lençol limpo;
3. Colocar a toalha sobre a cama ao longo das costas do utente;

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4. Lavar e secar as costas;
5. Lavar e secar a região nadegueira;
6. Aplicar vitamina A, se necessário (na região nadegueira);
Trocar água e esponjas/manápulas

Proceder à lavagem dos órgãos genitais:


1. Assistir na flexão/fletir os joelhos do doente;
2. Proceder à lavagem dos órgãos genitais, tendo especial atenção à
lavagem do espaço interlabial, pequenos lábios e grandes lábios, na
mulher. No homem proceder à retração do prepúcio, lavar a glande,
secar e colocar o prepúcio na posição inicial;
3. Secar bem e aplicar vitamina A, se necessário;
Se o utente estiver algaliado: Lavar o meato urinário sem puxar a algália; Despejar o
saco sempre que este apresente cerca de 2/3 da capacidade total e contabilizar; Trocar o saco
sempre que este estiver sujo, ou com sedimento; Evitar dobras da algália e do saco de urina;

• Retirar as luvas;
• Fazer a base da cama;
• Proceder à aplicação de creme hidratante ou óleo de amêndoas doces e massajar o corpo do
utente (não massajar zonas de pressão já ruborizadas);

• Vestir o utente;
• Terminar de fazer a cama;
• Assistir no posicionamento/posicionar o utente.

1.2.2. Outros cuidados de Higiene: cabelo, unhas, barba e bigode


A apresentação do utente é um aspeto muito importante para a sua recuperação.
Assim, deve-se ter em consideração todos os cuidados básicos de higiene, incluindo cuidados
com o cabelo, barba, bigode e unhas.

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Cabelo
A higiene dos cabelos deve ser feita frequentemente, no
mínimo três vezes por semana. Diariamente inspeciona-se o couro
cabeludo observando se há feridas, piolhos ou áreas de quedas de
cabelo. Os cabelos curtos facilitam a higiene, mas lembre-se de
consultar a pessoa antes de cortar os cabelos, pois ela pode não concordar por questão
religiosa ou por outro motivo.

Unhas
Cortar as unhas em pequenas porções, e de forma que fiquem
em quadrado pois evita que encravem.

Barba e bigode
Deve ser realizada a tricotomia facial de 48/48h ou de acordo
com a rotina do utente. Deve-se aparar a barba e o bigode sempre que
se justifique.

2. HIGIENE GERAL
O agente em geriatria é também responsável pela higiene geral dos espaços,
instalações, equipamentos e materiais do local de trabalho.
Uma adequada limpeza e desinfeção do meio envolvente da pessoa são
medidas cruciais para prevenir e reduzir as infeções cruzadas em utentes e
profissionais, bem como para minimizar a gradual deterioração das superfícies.

2.1. Limpeza e Desinfeção dos Espaços e Instalações


Para se falar nestes conceitos é essencial defini-los. A limpeza é uma operação
de remoção física de sujidade (impurezas) e microrganismos presentes nas instalações.
Esta tarefa implica o uso de água e detergente. Esta deve ser realizada antes da
desinfeção (Potter, 2006).

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A desinfeção é o processo pelo qual se eliminam quase todos
os microrganismos patogénicos, à exceção dos esporos bacterianos.
Pode ser feita por processos químicos e físicos. Esta pode ser afetada
por diversos fatores como a limpeza prévia do material, o período de
exposição ao desinfetante, a concentração da solução desinfetante,
a temperatura e o pH do processo de desinfeção.
Antes de se proceder à limpeza ou desinfeção de qualquer espaço ou material
devem ser consultadas as políticas internas ou plano de higienização da instituição. Na
maioria das instituições, existem técnicos responsáveis por esta tarefa. Se este
trabalho for efetuado no domicílio, não existem planos de higienização mas devem ser
seguidas algumas normas de limpeza idênticas às efetuadas nas instituições.
O trabalhador durante a limpeza e desinfeção de espaços ou objetos sujos, com
sangue ou de outras secreções orgânicas, deve usar equipamento de proteção
individual, como luvas, avental, máscaras e/ou proteção ocular.
O profissional de limpeza deve ter preparação/formação para atuar
especificamente no local de trabalho. Esta formação deve ser proporcionada pela
entidade patronal em local e momento oportuno.
As tarefas de limpeza podem ser feitas de várias maneiras de modo a cumprir
os objetivos com o mínimo de esforço pessoal, bom uso de tempo e sem desperdícios.
As superfícies fixas como pisos, paredes, tetos, portas e mobiliários não apresentam
risco significativo de transmissão de infeção, tornando-se desnecessário a desinfeção
de rotina. Nas superfícies que se manifestem sujas deve ser utilizada água e sabão.

Tipo de limpeza
De acordo com a abrangência e objetivos a atingir, podem estabelecer-se
diferentes frequências de limpeza:

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• Limpeza imediata: pode ser realizada a qualquer momento do dia, se ocorrer
qualquer sujidade; normalmente é solicitada pelo profissional de saúde ou
constatada pelo funcionário do serviço de limpeza.
• Limpeza corrente: realiza-se diariamente; inclui limpeza e arrumação simples.
• Limpeza de conservação (semanal): realiza-se uma vez por semana para
conservação ambiental.
• Limpeza global (mensal): limpeza completa e a fundo; contempla todas as
estruturas.

Técnicas Básicas de limpeza


Existem algumas técnicas básicas a que se recorre para efetuar a limpeza,
sendo as mais comuns: arejar, varrer, limpar o pó, aspirar, lavar e encerar.
O profissional de limpeza deve selecionar qual a melhor técnica a aplicar em
cada local e situação. Apesar de haver, em cada instituição, um plano de higienização,
quando se procede à limpeza deve-se adequar a forma de o fazer.
Para se proceder à limpeza devem ser seguidas algumas normas gerais tais
como, iniciar:
• Da área mais lima para a área mais suja;
• Da área menos contaminada para a área mais contaminada;
• De cima para baixo (ação da gravidade);
• Sempre no mesmo sentido e na mesma direção.

2.2. Limpeza e Desinfeção dos Equipamentos e Materiais


Os equipamentos e materiais podem ser veículos de transmissão de
microrganismos se a sua descontaminação for insuficiente ou inadequada. Por este
motivo os métodos de descontaminação devem estar bem definidos e o seu
cumprimento é da responsabilidade dos profissionais.

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Tal como referido anteriormente, antes de se proceder à limpeza ou desinfeção
devem ser consultadas as políticas internas ou plano de higienização da instituição.
Apesar de vincular alguma informação no plano de higienização acerca dos
instrumentos e produtos a utilizar na higienização o profissional
poderá ter a necessidade de utilizar outras formas diferentes.
Para efetuar a limpeza e desinfeção dos equipamentos e
materiais existem instrumentos que facilitam as operações.
Estes utensílios são tão variados que em cada caso devem ser selecionados os mais
adequados a cada tarefa. Os utensílios mais comuns são a vassoura, a mopa, a
esfregona, o rodo, a sabrina, a pá, a esponja, o esfregão, o limpa vidros, o espanador, o
balde de limpeza e o balde do lixo, entre outros.

O acondicionamento e destino do lixo também tem algumas regras, tais como:


• Acondicionar em sacos plásticos resistentes;
• Conservar os sacos do lixo em caixotes de plástico ou de
metal (que facilitam a limpeza);
• O caixote deve ter tampa acionada por pedal (para impedir
o contacto manual), permanecendo sempre fechada;
• O caixote deve estar em local acessível e enquadrado com o contexto.

Se houver uma adequada limpeza e desinfeção dos espaços, instalações,


materiais e equipamentos poderão ser prevenidas e controladas muitas infeções. Para
isso, os profissionais devem estar formados e devem ser disponibilizadas as medidas
necessárias para a higienização.

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3. MEDIDAS DE PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR

O agente em geriatria é também responsável por promover conforto e bem-


estar da pessoa idosa, quer seja no domicílio quer seja em contexto institucional. Este
tipo de necessidades encontra-se na base das necessidades humanas, sendo então
essencial o trabalho do profissional na sua satisfação.

3.1. Limpeza e Desinfeção Individual e Coletiva


Viver em comunidade requer o cumprimento de algumas normas e regras do
senso comum, bem como de medidas de limpeza e desinfeção quer individual quer
coletiva. A higiene e conforto de um pode influenciar a vivência de outro, por isso deve
haver especial atenção quando se vive em sociedade.
Uma pessoa deve estar limpa e asseada para conseguir viver saudavelmente na
comunidade onde se insere. Então, manter medidas de higiene pessoal é crucial para a
própria saúde e bem-estar individual bem como dos outros. Estas medidas devem ser
mantidas tanto de forma individual como de forma coletiva evitando assim problemas
de saúde pública.

Para além das diversas pessoas com quem o agente em geriatria pode
trabalhar, também ele próprio deve manter medidas de limpeza e desinfeção.
A importância do uniforme profissional vai além de uma boa comunicação. O
uniforme é um fator de segurança em situações de risco para o funcionário, conforto e
boa impressão do público externo em relação à imagem da instituição.
Para além da farda de trabalho, a medida fundamental na prevenção do
controlo das infeções baseia-se na lavagem correta das mãos. As mãos são a forma de
disseminar microrganismos (principal via de transmissão) e uma lavagem de mãos bem
feita pode evitar o desenvolvimento de muitas doenças, como herpes, constipações e
conjuntivite.
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Entre outras situações, é recomendada a lavagem das mãos nas seguintes
situações (Potter, 2006):
• Quando se manifestam sujas;
• Antes e depois do contacto com o utente;
• Antes de realizar procedimentos invasivos;
• Após contacto com uma fonte de microrganismos (sangue ou fluidos
orgânicos);
• Depois de descalçar as luvas (o uso das luvas não elimina a necessidade de
lavar as mãos).

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Quando a lavagem das mãos não pode ser realizada indica-se, nas mesmas
situações, a fricção antisséptica das mãos.

Lavar as mãos deve fazer parte da rotina de todos para se conseguir controlar a
transmissão de infeções.
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3.2. Prevenção de Úlceras de Pressão
As úlceras de pressão (UP), por vezes chamadas de escaras ou úlceras de
decúbito, afetam em primeiro lugar os doentes crónicos com mobilidade diminuída, os
idosos e as pessoas em estado terminal. Provocam sofrimento desnecessário nos
utentes e familiares e constituem um encargo dispendioso para os serviços de saúde.
O seu aparecimento é um processo que está intimamente relacionado com os
cuidados de saúde proporcionados ao utente. Quanto maior qualidade tiverem os
cuidados de saúde menor será a incidência das úlceras de pressão. Contudo, há
utentes que apesar de receberem ótimos cuidados de enfermagem desenvolvem
úlceras de pressão.
Úlcera de pressão é uma área localizada de
morte celular, que surge sob proeminências ósseas. A
pele é irrigada pelo sangue que leva o oxigénio a
todas as células. Se essa irrigação for interrompida
(isquemia) durante mais de 2 a 3 horas, as células
morrem (necrose), a começar pela camada mais
externa da pele (epiderme). Este tipo de feridas
classifica-se, atualmente, em quatro graus ou estádios, progredindo de uma forma
lógica através da lesão da epiderme, da derme, tecido subcutâneo e muscular,
expondo numa fase final o osso.
Para evitar o aparecimento de úlceras devem-se
manter ótimos cuidados de saúde.
Para a manter a integridade é preciso saber que
o fator principal é o excesso de pressão local. Assim, as pessoas têm que ser mudadas
frequentemente de posição (pelo menos a cada duas horas), não podem ficar deitadas
ou sentadas em superfícies duras, devendo usar colchão e/ou almofada de ar e as
proeminências ósseas têm que ser protegidas com almofadas ou travesseiros macios e
os pés precisam de ser elevados.
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Também a forma inadequada de movimentar a pessoa contribui para o
surgimento de úlceras de pressão. Deve-se evitar arrastar ou deixar que a pele fique
pressionada contra os lençóis na posição incorreta, causando fricção. O uso de um
resguardo sobre o lençol debaixo do utente permite que este seja levantado durante a
mudança de posição e não arrastando, porém a movimentação precisa ser feita por
pelo menos duas pessoas. Recomenda-se também evitar que as costuras de lençóis
fiquem em contacto com a pele, assim como dobras de resguardos de cama e botões
nas roupas.
O exame diário e frequente da pele auxilia a identificar o início da úlcera
precocemente e a avaliar o que precisa de ser mudado no cuidado para que a úlcera
não ocorra ou que seja resolvida antes do seu agravamento. Para além disso, a pele
deve ser mantida seca e hidratada adequadamente.
É importante utilizar materiais de prevenção de úlceras de pressão, tais como
colchão de pressão alterna, proteção calcanhar ou cotovelo; tendo em conta que
nenhum destes materiais é eficaz se o
utente não for mudado de posição
regularmente.
As zonas mais frequentemente
afetadas são as seguintes: sacro (osso
triangular da base da coluna vertebral),
calcâneos (calcanhares), cotovelos,
maléolos (tornozelos) externos, trocânter (parte superior de fémur) e tuberosidades
isquiáticas. No entanto, as úlceras de pressão podem aparecer em qualquer zona do
corpo, dependendo a sua distribuição das condições funcionais do utente e da área
que se encontra sujeita à pressão.

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3.3. Prevenção do Risco de Acidente
À medida que se envelhece, os músculos perdem elasticidade, os reflexos ficam
mais lentos, os ossos mais frágeis, a visão e audição ficam prejudicadas, entre outras
alterações. Por esses motivos, os idosos podem sofrer diversos tipos de acidentes quer
em casa, quer na rua ou nas instituições que frequentam/onde vivem.
Com algumas medidas simples e modificações fáceis de serem executadas,
pode-se tornar os lares mais seguros e adaptados aos moradores mais velhos,
contribuindo para uma vida com maior qualidade.

3.3.1. Quedas

As quedas são a principal causa de acidentes nos idosos, ocorrem


maioritariamente em casa e são responsáveis por 70% das mortes acidentais no grupo
etário dos idosos, sendo as consequências das quedas a 6ª causa de morte nos idosos.
As quedas podem provocar uma série de danos físicos, como traumatismo de
tecidos moles (feridas) e fraturas ósseas, declínio funcional e muitas vezes a morte.
Estes acidentes podem ainda afetar a qualidade de vida dos idosos através de
consequências psicossociais, provocando sentimentos de medo, fragilidade,
desesperança, perda de controlo e receio de passar a ser dependentes de terceiros.
O sentimento de medo e falta de confiança constituem muitas vezes o ponto de
partida para uma progressiva deterioração do estado global do idoso através da
redução da mobilidade, função e diminuição das atividades sociais e recreativas.
As quedas acarretam ainda custos para toda a comunidade, na medida em que
representam uma elevada percentagem de internamentos hospitalares, cuidados
domiciliários prolongados, absentismo
profissional de familiares, tratamentos
dispendiosos, entre outros.

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Medidas de Prevenção de Quedas
Para além dos riscos relacionados com a saúde, o ambiente e os
comportamentos individuais, a prevenção dos acidentes deve ser um lema de vida. Às
vezes, a alteração de hábitos através medidas simples, pode evitar muitos acidentes.

Casa
 Fechar portas e janelas podem prevenir assaltos e crimes violentos;
 Mobília de apoio deve estar fixa (sempre sem rodas);
 Cama e cadeiras não devem ser demasiado baixas ou altas;
 Tapetes e passadeiras devem ser antiderrapantes e devem existir o mínimo
possível;
 Sofás com braços largos para servir de apoio aos movimentos;
 Os degraus devem ser substituídos por rampas de inclinação leve;
 Existência de corrimão e proteção antiderrapante e os beirais dos degraus
devem ser pintados com cores facilmente identificáveis;
 Orientar o idoso para descer as escadas de lado, mantendo sempre a mão mais
firme no corrimão;
 Evitar objetos no caminho de passagem do idoso;
 Proporcionar boa iluminação das divisões e interruptores acessíveis;
 O relvado, o jardim, o pátio, as passagens para carros e os passeios devem estar
desimpedidos, sem buracos, fendas ou outras irregularidades.

Casa de banho
 Colocar barras de apoio e tapetes antiderrapantes;
 Não deixar o idoso sozinho a tomar banho;
 Não permitir que o idoso circule no chão molhado.

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Outras medidas importantes
 O calçado deve ser ajustado, com solas antiderrapantes, com saltos largos, com
presilhas ou atacadores, de forma a segurarem bem o pé no sapato.
Desincentivar o uso de chinelo;
 Desaconselhar o uso de camisa de noite, roupão ou outro vestiário comprido;
 Incentivar ao uso de óculos, caso necessite de corrigir a visão;
 Incentivar o uso de ajudas técnicas à deambulação segura, caso necessite;
 Fomentar uma alimentação equilibrada;
 Desaconselhar o uso de álcool em excesso;
 Incentivar a participação em atividades físicas com regularidade;
Ser cuidadoso na administração de medicação, evitando erros de sobredosagem.

3.3.2. Intoxicações

As intoxicações acidentais são a terceira causa de lesão não intencional nas


pessoas com mais de 65 anos. Os medicamentos, os alimentos retardados e o
monóxido de carbono são as principais causas de intoxicação.

Intoxicações medicamentosas
Fatores de risco:
 Sobredosagem;
 Hipersensibilidade do organismo, originando
reações alérgicas ao medicamento;
 Interações entre medicamentos;
 Efeitos secundários da medicação.

Ação:

23
Embora todos os medicamentos possuam uma ação benéfica mais ou menos
específica, a maioria deles, mesmo administrados em doses corretas, podem
igualmente originar vários efeitos secundários adversos, de maior ou menos
envergadura.
No entanto, o principal perigo da maioria dos medicamentos é a sua
administração incorreta, em doses demasiado elevadas, pois podem originar uma
verdadeira intoxicação. De facto, a intoxicação por medicamentos constitui,
atualmente, um fenómeno bastante frequente, sobretudo nas pessoas idosas.
Embora praticamente qualquer medicamento administrado em doses elevadas
possa provocar uma intoxicação, os que mais frequentemente provocam este acidente
são os analgésicos, por serem os mais utilizados, e os sedativos e hipnóticos de
utilização mais comum nos idosos.

Caso esteja perante uma pessoa que evidencie sinais (o que se vê) e sintomas
(o que o doente refere) graves de uma intoxicação aguda, deve-se atuar como uma
emergência, ligando 112 (Número Nacional de Emergência).
De qualquer forma, enquanto a assistência médica não chega, deve-se tentar
obter o máximo de informação sobre as possíveis causas de intoxicação: qual a
substância(s), quando, como e qual a quantidade ingerida ou inalada, quais os sinais e
sintomas que apresenta, informações fundamentais para que a equipa médica possa
identificar com exatidão o tóxico e proceder rapidamente ao tratamento
correspondente.
Após obter o máximo de informação também poderá ligar para o Centro de
Informação Antivenenos (CIAV) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)
através do telefone 808 250 143. O CIAV presta todo o tipo de informações relativas ao
tóxico (neste caso, medicamento), quadro clínico, terapêutica e prognóstico da
exposição a tóxicos. O CIAV fará uma orientação específica relativamente aos
procedimentos a adotar dependendo das informações fornecidas.
24
O recurso ao vómito para eliminar o tóxico ou qualquer outra medida de
recurso a antidoto deve ser sempre orientado por assistência médica. De referir que,
caso se trate de um tóxico corrosivo, o vómito poderá provocar lesões mais graves.
Para além disso, poderá ser necessário efetuar medidas de primeiros socorros,
sendo estas medidas orientadas pelos profissionais contatados telefonicamente.

Intoxicações por gás


Fatores de risco:
 Utilização de aparelhos de aquecimento antigos;
 Inexistência de revisão/manutenção às instalações de gás;
 Adoção de comportamentos inadequados (ex.: esquecer a torneira/bico do gás
aberta).

Ação:
 Utilizar apenas aparelhos que obedeçam às normas de segurança;
 A manutenção dos aparelhos deve ser realizada por técnicos de gás
devidamente creditados;
 Guardar as garrafas de gás e aparelhos com gás em locais apropriados, com
materiais incombustíveis e bem ventilados e no exterior da habitação;
 Se suspeitar de fuga de gás: chame os bombeiros ou os técnicos da empresa do
equipamento.

3.3.3. Atropelamentos

Os idosos são, muitas vezes alvo fácil de atropelamentos enquanto peões e de


acidentes como condutores.
Com o envelhecimento surgem alterações de redução da capacidade física e
cognitiva, que muitas vezes o idoso não se apercebe destas limitações. A mobilidade e

25
destreza do idoso ficam comprometidas, associadas às dificuldades sensoriais ao nível
da visão e audição, comprometem, por exemplo, a passagem pelas passadeiras que
deve ser muito cuidadosa. Esta limitação associada à pressão do ambiente rodoviário,
que não é compassivo com tais situações, torna-o vulnerável.
Este grupo etário apresenta também uma elevada taxa de mortalidade,
relacionada com a maior debilidade física e por apresentarem
maior dificuldade na recuperação pós-acidente.
Os profissionais de saúde podem ser intervenientes
ativos neste âmbito promovendo ações na
comunidade onde se discuta, chame a atenção e
se encontrem soluções para esta problemática.

Comportamentos seguros:
 Circular sempre nos passeios e nestes do lado direito. Caso não exista passeio,
circular pelo lado esquerdo, de frente para os veículos e o mais longe possível
da faixa de rodagem. Quando circular em grupo, em passeios estreitos, bermas
ou em estradas sem berma ou passeio, deve ser em fila indiana;
 Atravessar sempre num local seguro: passadeira, passagem para peões ou
junto a sinais luminosos. Evitar atravessar em locais junto a objetos que possam
esconder, a curvas, a cruzamentos e entroncamentos sem passagens
protegidas;
 Ao atravessar passadeira deve ser pelo lado direito. Deve olhar para a
esquerda, para a direita e novamente para a esquerda para verificar o trânsito;
 Atravessar apenas se não houver trânsito ou se os veículos já estiverem
parados;
 Durante a noite deve-se usar material refletor, ficando mais visível;
 A entrada e saída de viaturas deve ser realizada sempre pelo lado direito e
apenas quando o veículo estiver parado.
26
3.3.4. Incêndios

Em caso de incêndio os idosos correm maior perigo


pela mobilidade reduzida. Tendo isto em conta, é
importante estar sempre preparado para conseguir
abandonar a habitação o mais depressa possível.

Segurança em casa
 Sempre que possível a casa principal deve estar ao nível do rés-do-chão para
facilitar uma eventual saída em caso de emergência;
 Como medida de segurança, poderão instalar-se detetores de incêndio em
todas as instalações de casa. Se houver problemas de audição, existem no
mercado alarmes que contornem esta situação (ex.: emitem um alarme de
vibração e com luz);
 Praticar regularmente simulações de incêndio e os caminhos a percorrer para
abandonar a residência, em caso de emergência;
 Se houver alguém com dificuldades na mobilização, deve estar alguém
disponível para ajudar a fazê-lo;
 Manter portas e janelas que sejam fáceis de abrir através do interior de casa;
 Manter o telemóvel por perto para chamar ajuda em caso de emergência.

Segurança em Residências e Centros de Dia


 Devem estar obrigatoriamente equipadas com alarmes e detetores de
incêndio;
 Devem estar equipadas com equipamentos de combate a incêndios;
 As zonas onde circulam pessoas com mobilidade reduzida devem ser situadas
ao nível do rés-do-chão ou caso contrário devem existir zonas de refúgio;

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 O número de funcionários presentes no edifício, mesmo durante a noite, deve
ser suficiente para evacuar todos os idosos que necessitem de auxílio;
 As diferentes divisões do edifício devem estar separadas com portas corta-
fogo;
 As saídas de emergência devem estar devidamente sinalizadas e devem estar
desobstruídas.

Todos os profissionais das instituições deverão estar familiarizados com os


locais onde se encontram os alarmes de fogo, o equipamento para combater e o
dispositivo de corte da corrente elétrica, bem como dos caminhos a utilizar em caso de
evacuação.

3.4. Prevenção do Isolamento e Imobilismo da Pessoa Idosa


Como refere a Organização Mundial de Saúde (2002), o aumento da proporção
de população idosa no total da população, bem como no número de idosos a residirem
sozinhos, tem vindo a originar a problemática do isolamento social, considerada como
uma preocupação a ter em consideração e a avaliar.
Atendendo aos resultados apurados nos
Censos 2011, em Portugal este aumento da
população idosa é muito significativo, razão pela
qual, têm vindo a ser desenvolvidas ações, no
sentido de minimizar os efeitos negativos junto da
população idosa isolada ou a viverem sós.
Atualmente muito se tem insistido na ideia de envelhecimento ativo, ou seja, “a
possibilidade de envelhecer com saúde e autonomia, continuando a participar
plenamente na sociedade enquanto cidadão ativo. Independentemente da idade,
todos podem continuar a desempenhar um papel na sociedade e a usufruir de uma
boa qualidade de vida”.
28
O envelhecimento ativo e saudável está relacionado com a promoção da
autonomia e assenta em duas premissas: na prevenção do isolamento social e da
solidão das pessoas idosas. Também a questão da qualidade de vida, do bem-estar
estão diretamente ligadas ao convívio, atividade familiar e ao sentir-se útil.
O isolamento social pode comprometer o envelhecimento ativo. Esta realidade,
já identificada por várias entidades, é a razão pela qual se procura através da
prevenção e da articulação, a identificação de situações de vulnerabilidade nesta
população.
A animação pode ser vista como uma forma de fazer com que todas as
atividades humanas tragam à pessoa uma grande satisfação no ato da sua realização.
Estas atividades têm como objetivo tentar adaptar o indivíduo à sociedade, de forma a
reduzir o isolamento social, proporcionando prazer e distração.

Atividades para seniores: lúdicas (jogos tradicionais); físicas (ginástica, piscina);


manuais (modelagem, costura, pintura); intelectuais (universidades seniores,
dinâmicas de grupo); artísticas (teatro, grupo de cantares); associativismo (voluntários,
clubes); convívios intergeracionais; passeios e atividades que impliquem novos
conhecimentos e contacto com novas realidades.
A importância da animação social das pessoas mais velhas é facilitar a sua
inserção na sociedade, a sua participação na vida social e, sobretudo, permitir-lhes
desempenhar um papel, inclusive, reativar papéis sociais.

3.5. Utilização de meios de Primeiros Socorros


Os acidentes e as situações de doença súbita podem, em alguns casos, ser
evitados através da adoção de medidas preventivas ou pela simples mudança de
hábitos de vida. No entanto, a possibilidade destes ocorrerem é sempre uma realidade
presente.

29
Assim, a forma mais eficaz de eliminar ou reduzir nas vítimas as sequelas que
resultam destes incidentes, é através do socorro prestado nos primeiros minutos que
sucedem ao incidente. A eficácia deste primeiro socorro será tanto maior quanto
maior for a formação do socorrista.
A pessoa que presta socorro deverá saber o que está a fazer!

3.6. Adequação de Ementas


Uma vida longa e com qualidade é um objetivo para o qual concorre uma
alimentação saudável, ou seja, uma alimentação completa, variada e equilibrada. A
elaboração da ementa deve, por isso, seguir as recomendações da
Roda dos Alimentos e ainda respeitar o contexto sociocultural dos
utentes a quem se destina, estar adequada às necessidades da faixa
etária, respeitar as preferências e gostos pessoais.
As ementas devem ser elaboradas tendo em conta os seguintes aspetos:
• Limitar a ingestão de sal e produtos salgados (enchidos, enlatados);
• Limitar a ingestão de bebidas alcoólicas e condimentos muito fortes;
• Limitar a ingestão de açúcar e produtos açucarados;
• Evitar gorduras animais e preferir gorduras vegetais;
• Ser atrativa e de fácil mastigação;
• Ingerir proteínas animais de elevado valor biológico (leite, ovos, peixe e carne)
mas também proteínas de origem vegetal (leguminosas).

Os idosos podem necessitar de uma maior oferta de proteínas (carnes brancas,


como peixes e aves; carnes vermelhas, desde que sem gordura; leite desnatado; queijo
fresco), além de hidratos de carbono (açúcares e massas) e reguladores (alimentos
com fibras), fontes de vitaminas e minerais (vegetais, frutas e legumes).

30
No idoso ativo recomenda-se o consumo de refeições ricas em verduras (folhas
verdes escuras), legumes (duas vezes por dia) e frutas (três vezes por dia), cereais
(arroz, aveia, farinha de trigo integral), feijão e sementes de linhaça.
Estes alimentos possuem micronutrientes com propriedades antioxidantes e
protegem as células contra a ação dos chamados radiais livres. É indicado o consumo
de gorduras saudáveis amêndoas, abacate e azeite de azeitona e diminuir os fritos
(gorduras saturadas) da alimentação.
A hidratação é fundamental para o idoso ativo e deve ser provisionada ao longo
do dia (6 a 8 copos por dia) entre água, suco de frutas naturais (sem açúcar) e chá de
ervas. A ingestão de proteínas animais (frango, peixe, peru) deve ser diária, bem como
de carnes vermelhas magras (2 a 3 vezes por semana), leite e seus derivados (1 a 2
vezes por dia).

3.7. Distribuição e Fornecimento das Refeições


A distribuição e o fornecimento das refeições é um fator fundamental na
adequação das ementas. Se não existirem normas de higiene e segurança corre-se o
risco de contaminar as refeições.
As formas mais comuns de contaminação das refeições: farda suja, cabelo
solto, mãos e unhas sujas, ferimentos nas mãos, tosse, espirros e uso de adornos
(anéis grandes, brincos compridos).

Acompanhamento de refeições
O auxílio nas refeições passa por ter em conta quais as restrições físicas e
patológicas dos doentes e assim poder dar o apoio que estes necessitam dependendo
do grau de dependência.

A alimentação nos utentes independentes:


• Dar os alimentos tendo em conta as preferências e gostos dos utentes;
31
• Oferecer alimentos adequados à condição de saúde do utente;
• Estimular a alimentação saudável, oferecendo alimentos nutritivos;
• Estimular a hidratação (água, chá, gelatinas);
• Dar tempo para o utente realizar a sua refeição.

A alimentação nos utentes semidependentes:


• Ajudar a cortar os alimentos ou a triturá-los;
• Auxiliar o doente a se alimentar;
• Estimular a hidratação (água, chá ou gelatina);
• Dar preferência a pratos coloridos, à temperatura adequada, com cheiro
agradável, favorecendo alimentação saudável.

A alimentação nos utentes dependentes:


Estes utentes podem ser alimentados de várias maneiras: pela boca ou por
sonda nasogástrica.
• Alimentar a pessoa;
• Fornecer uma boa hidratação (chá ou gelatinas);
• Dar preferência a pratos coloridos, à temperatura adequada, com cheiro
agradável, favorecendo alimentação saudável.
• Sempre que possível promover a autonomia do utente;
• Deve-se elevar a cabeceira da cama;
• Oferecer pequenas quantidades de alimentos e ir ao encontro das preferências
do utente.

3.8. Situações de Emergência


Em qualquer situação de emergência, a prioridade imediata é telefonar para os
serviços que estão preparados para dar a resposta adequada (polícia, ambulância ou
bombeiros, em função da situação), utilizando, de preferência, o número nacional de
32
socorro (112) já que os números de telefone dos bombeiros variam em função da
região.

Seguidamente, deve-se assegurar que o incidente ou acidente não seja gerador


de outros e, finalmente, quando necessário e possível, prestar primeiros socorros aos
que deles necessitam.

Lipotimia/Desmaio
É a perda da consciência, podendo ficar um tempo longo ou apenas por alguns
segundos. Identificar a causa deste desmaio é muito importante para poder intervir de
maneira correta, para que este incidente não volte a acontecer.

Se a pessoa começar a desfalecer: sente-a em alguma cadeira ou


outro lugar parecido, curve-a para a frente, coloque a cabeça da
pessoa entre as pernas e pressione a mesma para baixo forçando
para que a mesma fique abaixo dos joelhos. Faça a pessoa inspirar
pelo nariz e expirar pela boca.

Se ocorrer o desmaio: deve-se manter a pessoa deitada,


com a cabeça lateralizada para o caso de esta vomitar
não existir risco de sufocamento, e com as pernas
apoiadas para que fiquem acima do nível do coração
(levantar as pernas). Se mesmo assim não recuperar ao fim de algum tempo, se ainda
respirar, deve ser colocada em posição lateral de segurança. Se a pessoa recuperar
devem ser oferecidos líquidos (água ou chá) açucarados.

33
Escoriações
As escoriações são consideradas como o tipo de lesão mais habitual. Consistem
numa lesão superficial na pele, provocada por um traumatismo ligeiro, que se cura
rapidamente sem deixar cicatrizes. Os primeiros socorros a tomar numa situação de
escoriação são os seguintes:

• Aplicar sobre a escoriação, o mais rápido possível, gelo protegido numa


compressa ou num pano;
• Se possível, elevar a zona ferida acima do nível do coração. Manter a zona
elevada por 10 a 15 minutos, se for uma escoriação pequena, ou uma ou duas
horas, se a escoriação for externa e grave;
• 24 horas após a lesão, se a dor se mantiver, ou o aspeto da escoriação não for o
melhor, persistir na aplicação de gelo, envolto em compressa ou pano, várias
vezes ao dia, nas 24 a 48 horas seguintes;
• Um exame médico é obrigatório para qualquer escoriação que seja
acompanhada de uma lesão articular (descoloração e edema de uma
articulação, com restrição do movimento). Tal como sucede nas escoriações
dos outros tipos, se aplicar gelo, o sangramento é reduzido, tal como o edema
resultante do ferimento (embora tal tenha de ser feito na primeira meia hora).

“Um acidente é sempre inesperado e pode ser grave, com um risco de vida. Salvar uma vida
depende de uma resposta corajosa e rápida e de um desempenho adequado.”
Maria do Céu Machado

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4. GERIATRIA – PRÁTICAS PROFISSIONAIS

O agente em geriatria é um dos profissionais que passa mais tempo com o


idoso. Este profissional irá encontrar-se num determinado lugar, ver pessoas e
envolver-se com elas, observar e participar em atividades.

4.1. Observação Participativa no Quotidiano


A observação participante caracteriza-se pela inserção do observador no grupo
observado. Se o cuidador faz parte de um grupo e aproveita essa situação para o
observar, estamos numa situação de participação-observação.
Ao fazer observação participante, faz parte da cena cultural embora se deva
manter fora da referida cena. Este profissional tem assim um meio privilegiado para
compreender o idoso e as suas necessidades.

4.2. Análise e Compreensão das Situações Observadas


Todas as situações do quotidiano são importantes momentos de análise para a
compreensão do idoso. Já que o agente em geriatria é um profissional com
oportunidade para ser observador participativo é também um privilegiado para
analisar e compreender todas as situações.
A reflexão crítica é uma tomada de consciência, remete para a reflexão
abrangente, questionadora e autónoma. É fazer com que um indivíduo vá além do que
ele lê ou ouve, procurando diferentes perspetivas para analisar um mesmo facto. É o
facto de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os factos, as
situações, os valores, os comportamentos da existência quotidiana. A reflexão crítica
sobre as ações faz crescer enquanto profissional.

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CONCLUSÃO

Trabalhar com pessoas idosas, é ao mesmo tempo viajar no tempo e ter


oportunidade de aprender sobre outras culturas, valores e estilos de vida diferentes,
ouvir histórias de recantos desaparecidos, de personagens que já não existem.
Trabalhar com pessoas idosas obriga a desenvolver a criatividade de forma a
ajudá-las a melhor se adaptarem às suas limitações, dar o melhor para lhes diminuir
tristezas e solidão, estar constantemente a aprender formas próprias de cuidar, de
comunicar e estabelecer uma relação de ajuda.
Cuidar com pessoas idosas, é também confrontar-se com o próprio
envelhecimento, com a dor, com a morte, com a separação de alguém com quem se
estabeleceu laços afectivos. Estes aspectos considerados, possivelmente, mais
negativos ajudam a crescer e dão “armas” para mais tarde se enfrentar o próprio
envelhecimento.
Promover medidas de higiene e conforto são a principal função do cuidador de
idosos. Desde a higiene do idoso, à higiene dos espaços, instalações, materiais e
equipamentos, bem como a promoção do bem-estar do idoso são fundamentais ao
cuidar.
Espera-se que este manual ajude na missão de cuidar quotidianamente de
pessoas idosas, e principalmente que ajude a “olhar” de forma positiva, para todo o
processo de envelhecimento, pelo qual provavelmente todos vão viver um dia...

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BIBLIOGRAFIA
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Procedimentos, (pp.41-45). Loures: Lusociência.
ELKIN, M.; PERRY A.; POTTER, P. 2005. Intervenções de enfermagem e Procedimentos
Clínicos, (pp.232-235). Loures: Lusociência.
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO
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FERRY, M. & ALIX, E. A nutrição da pessoa idosa. Aspetos fundamentais, clínicos e
psicossociais. Loures: LUSOCIÊNCIA - Edições Técnicas e Científicas, Lda.
FURTADO, Kátia Augusta – Úlceras de Pressão: atualidades e paradoxos. “Nursing”.
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MAILLOUX-POIRIER, D. 1995. Beber e Comer. In Berger, L., D. Pessoas Idosas, uma
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MINISTÉRIO DA SAÚDE, Instituto De Emergência Médica, Departamento de formação:
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McGraw-Hill Intramericana do Brasil, Ltda. (Obra original publicada em 1996).
SAUBERS, NADINE. 2009. Manual de Primeiros Socorros. Lisboa: ArtePlural Edições.
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SHEEHY, Susan. 2000. Enfermagem de Urgência: da teoria à prática. - 4ª. ed. - Loures:
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TRAVERSAT,A. F. P.; BESNIER, E.; BONNRERY, A. N.; LEROY, C. G. 2001. Cuidados de
Enfermagem-fichas técnicas, (pp.717-726). Loures: Lusociência.

Texto respeitando o Novo Acordo Ortográfico.

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