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O KARMA

Todos já ouviram falar do Karma. Sabemos que é uma lei de ação e


reação, sintonizada com a nossa mente e que responde às nossas
crenças, manifestando-as.

O que normalmente não se fala é que o Karma é um desejo


manifesto. Ele não existe de fato. Parece existir porque acreditamos
veemente nele. Achamos que ao fazer o bem, fatalmente
receberemos o bem. E quando fazemos coisas “más”, pagamos com
a mesma moeda. Mas não é obrigatoriamente assim que funciona.

Tudo que realmente é verdadeiro e de fato existe é a Vontade de


Deus. Só existe o que Ele criou, pois é o Criador. E a Vontade do Pai
é a felicidade perfeita para o Seu Filho. Essa é a verdade sobre nós e
Deus. O que unicamente existe é essa felicidade plena, inabalável, o
Filho unido ao Pai na eternidade, no amor, na paz. O que não estiver
alinhado com isso, é ilusão.

Os mestres de Yoga costumam dizer que vivemos no mundo de


maya. Em sânscrito, maya, significa ilusão. Vivemos num mundo de
ilusões, de aparências. Aqui, tudo aparenta ser real. O que passa
diante dos seus olhos, nas suas experiências, acontece por atração
dos pensamentos. Todo pensamento - plano mental - atrai os seus
equivalentes nos planos inferiores - planos emocional e físico.

Entretanto, pensar não é um ato do Espírito e sim do ego, o ponto


de vista a partir de um ser individual, separado de Deus. O ego
pensa, o Espírito apenas é. Em nossa condição santa e inocente
(sem culpa), apenas somos o que somos, o que fomos criados para
ser. Não pensamos e nem fazemos nada já que somos tudo o que
existe [Se o Pai criou o Filho a partir da sua própria imagem, é totalmente
lógico que sejamos iguais a Ele em todos os aspectos. Somos criadores,
perfeitos, imortais e na profundidade de nossa Consciência descansamos
na certeza dessa realidade. Não há diferença entre Deus e nós. E se essa
percepção ainda não chegou, é devido à identificação constante com o
ego]. O ego percebe-se sendo um corpo que vaga por aí e leva a
vida sendo um ponto de consciência, vítima de um mundo hostil,
sem capacidade de mudar a sua realidade, à merce de leis que
julgam seus comportamentos, punindo-o ou presenteando-o de
acordo com a qualidade dessas ações. É ele que faz esses
julgamentos. Deus não julga, pois não há o que ser julgado. Só há
Deus e sua Filiação, sendo todo o Universo, tudo o que há, sempre
houve e sempre haverá.

O Karma se revela quando pensamentos acontecem. O “fazer” e o


“agir” são do corpo e não do Espírito. Entender isso é
extremamente importante para que seja colocado em prática e
depois percebido plenamente. Normalmente o caminho evolutivo do
praticante caminha em etapas. Primeiramente, o praticante aceita
corrigir sua mente à respeito dos equívocos do ego. Depois, o
Espirito Santo [O mensageiro de Deus, a ponte entre a Unidade e a
dualidade, pois guarda em si a verdade sobre a realidade do Reino de
Deus, mas entende a ilusão de separação de Deus-Filho, dando ao Filho o
caminho que resolverá o conflito] lhe dá o caminho para corrigir sua
mente equivocada. É preciso seguir suas intuições, pois são a Voz
de Deus em sua mente. Em seguida, começa a colocar em prática
essas verdades até que comprove-as muitas vezes, atestando-as.

Esse mundo parece tão real, acreditamos realmente que estamos


fazendo algo aqui. É um plano perfeito. As aparências aparentam
serem perfeitas e reais mesmo. Imagine um Deus maquinando um
plano de separação. Tem que parecer perfeito, afinal é Deus
pensando. Além do que se essa aparência não fosse perfeita, não
conseguiríamos esconder nossa identidade por trás dela, não
acreditaríamos no plano, desconfiaríamos dele desvendando-o
imediatamente e reconhecendo a nossa real natureza. Se o Filho é
eterno, não importa o que ele faça ou pense a respeito de si
mesmo, continuará eterno. Nunca deixamos ou deixaremos de ser o
que somos. Nos encontramos apenas temporariamente esquecidos
da nossa condição divina. Se pensarmos sem o ego, com
imparcialidade, apenas como observadores de nós mesmos,
perceberemos que realmente não há nenhum problema em estar
separado já que é apenas uma experiência, uma projeção, um
passeio que decidimos dar para longe de nosso Pai, um sonho. Esse
sonho certamente chegará ao fim pois, em verdade, só existe a
vontade eterna de Deus e nada mais. A vontade de Deus é a
felicidade perfeita para sua Filiação.

Os yamas e niyamas (códigos de conduta do Yoga), assim como o


decálogo, foram feitos para que nos protejamos da culpa e suas
subsequentes manifestações no plano mental, emocional e físico,
na vida do indivíduo. Quando Jesus nos fala para não matarmos é
porque acreditamos que somos mortais e que nossa vida se resume
a um corpo. Portanto se uma pessoa “mata” outra trará uma
imensa carga de culpa para si e como acredita que foi o responsável
por essa ação, será “punido” por Deus.

Para Jesus-Cristo e outros mestres iluminados, como eles mesmos


nos ensinam, pouco importa o que uma pessoa fez ou não. Eles
conhecem a realidade sobre o Ser e não a julgam, pois sabem que o
julgamento é um artifício da mente iludida. Todo o empenho em nos
orientar sobre as condutas corretas é porque sabem que o que
fizermos, acreditaremos que estamos fazendo, reforçamos
automaticamente na nossa própria mente que somos um corpo
fazendo algo. Não matar, não roubar, ter consciência sobre a
sexualidade, auto-entrega etc. são chaves de proteção em que
fechamos o cerco para o ego, não permitindo que ele ganhe força.

Então o que fazer, já que o ser-humano comum ainda permeia essa


crença inconsciente e faz dela a sua realidade? Antes de qualquer
coisa, peça pra que Deus comprove-lhe essas afirmações. A dúvida
é inimiga do sucesso. Peça também que Ele conduza as suas ações
para que estejam alinhadas com a verdade, a alegria, a integridade.
Depois volte a atenção para a prática das ações. Quando estiver
agindo saiba que por trás das suas ações, será Deus atuando com
você. Você é uma ferramenta divina. É Deus experimentando uma
consciência individualizada, o Infinito no finito, o Pai através do
Filho.

Com isso suas ações estarão além do julgamento do mundo, além


da dualidade. E caso algo aconteça que lhe faça percebê-las como
algo “errado”, não julgue, não se culpe. Apenas observe, não tire
nenhuma constatação. Se elas trouxeram infelicidades para ti ou
para outros, não repita-as mais. Se trouxeram alegrias, fique feliz
por saber que estavam alinhadas com o plano divino para ti.
Entregue-as para o Espírito Santo e permita que Ele as julgue, pois
Seu julgamento será sempre perfeito.

Vitor Ramos.

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