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Poder Judiciário
Suprema Corte de Justiça
Ministro para Causas Penais
Vice-Presidência
RELATÓRIO
É o relatório. Decido.
Sob esta ótica, a norma jurídica – objeto especial para o deslinde dessa questão –
será existente se, no plano fático, existir, estiver escrita, for promulgada e publicada. O
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veto presidencial ou a não aprovação de projeto de lei no Parlamento evidentemente faz
da pretensa norma inexistente.
O terceiro plano é de especial importância para a questão trazida nos autos, pois
se refere à capacidade de a norma operar efeitos jurídicos. Isto é, a norma será eficaz se
no mundo do Direito for dotada do poder de gerar efeitos. A doutrina comumente
diferencia a eficácia em jurídica e social. Barroso, no excerto acima, aludiu à eficácia
jurídica, chamando a eficácia social, posteriormente, de efetividade (isto é, “a realização
do Direito, o desempenho concreto de sua função social”). Este é importante para a
Sociologia Jurídica, enquanto aquele para a Dogmática.
O artigo 9º dessa Lei Geral obedeceu à Constituição, pois manteve o prazo por
ela estabelecido. Se ocorresse de modo diverso estaria viciada por inconstitucionalidade.
A lei não contrariou a Constituição; na realidade, ela obedeceu e prestigiou a Carta da
República, pois regulamentou um dispositivo que, contrario sensu, teria eficácia pouca
eficácia.
Seguiu também o artigo 26 da Constituição na medida em que manteve a
Suprema Corte de Justiça como órgão administrador do processo eleitoral, atribuindo a
ela a competência de determinar a suspensão da entrada de novos cidadãos. Isso
significa que a Lei Geral Eleitoral condicionou a suspensão da concessão da
nacionalidade gevense a ato individual, concreto, particular da Suprema Corte de
Justiça. É, a rigor, um ato administrativo stricto sensu.
Ora, não obstante à razão que teve o legislador na edição do artigo 9º da Lei
Geral Eleitora, não há outro caminho senão o de reconhecer que a proibição da entrada
de novos cidadãos no GV durante o prazo fixado está condicionada à ato da Suprema
Corte de Justiça através, na atual organização judiciária, do Ministro para Causas
Eleitorais. Isto, de um lado, não ofende a Constituição, visto que ela mesma permitiu
especificamente à Lei Geral Eleitoral estabelecer e restringir a eficácia de qualquer
dispositivo procedimental sobre o processo eleitoral, e, de outro lado, garante à
Suprema Corte certo grau de discricionariedade para, diante das peculiaridades do caso
concreto, flexibilizar o memento do fechamento da imigração.
Essa discricionariedade constitutiva da Administração Pública (e entendo que a
Suprema Corte de Justiça age no processo eleitoral tipicamente como órgão da
Administração Pública) não pode ser usada, obviamente, com má-fé. Havendo dolo, isto
é, intenção de prejudicar a lisura do processo eleitoral, deve-se seguir com a apuração
da prática do crime perpetrado pela autoridade judiciária e, ao mesmo tempo, com a
revogação de todos os atos conseqüentes.
O caso concreto é diverso. Não se cogitou que Lucas Guerra teria atrasado o
processo eleitoral por má-fé, com intenção de causar prejuízo ao processo eleitoral.
Ademais, isso só seria possível se houvesse entre ele e o responsável pela Polícia
Nacional Gevense conluio para a prática da fraude. Afasto, portanto, qualquer teoria de
má-fé por parte do gestor judiciário, entendendo o caráter extraordinário do ocorrido.
O Delegado-geral da Polícia Nacional Gevense agiu corretamente porque a
proibição imposta pelo artigo 27 está condicionada ao ato do Ministro para Causas
Eleitorais. Isto é, só há proibição se houver determinação da SCJ; a eficácia do
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dispositivo está vinculada, em razão do impacto que o fechamento da imigração causa e
de eventuais peculiaridades, à determinação da Suprema Corte. Entendimento contrário
seria suficiente para a anulação de todo o processo eleitoral, o que desqualificaria os
princípios constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade, além é claro do
próprio princípio democrático.