Pg.
3
Esta apostila foi elaborada exclusivamente para ser utilizada em sala de aula na Disciplina de
Tecnologia da Confecção do Curso de Estilismo e Moda, na Universidade Federal do Ceará – UFC.
A disciplina é ministrada pela Professora Dijane Maria Rocha Victor desde 1999-2, também autora
da apostila. A iniciativa de elaborar esta apostila surgiu da dificuldade em encontrar material
relacionado especificamente a confecção, e têm como base material científico, como tese,
dissertação e monografia, com temas relacionados ao Setor de Confecção e atividades correlatas. A
Professora aplicou também conhecimentos de experiências adquiridas ao longo da vida como
professora, como confeccionista e principalmente, como assessora e consultora no Setor de
Confecção, pelos órgãos SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio Pequena Empresa, IEL – Instituto
Euvaldo Lodi, SENAC – Serviço Nacional do Comércio e NUTEC – Fundação Núcleo de
Tecnologia do Ceará. Com os quais já trabalhou no Setor de Confecção em diversos segmentos de
produto, como jeans, moda praia, moda íntima, moda noite, moda feminina casual, moda surf wear
e modinha, somando um total de 68 empresas beneficiadas diretamente. Através de projetos
específicos a melhoria de tempos e métodos e de processos de trabalho, implantação de layout,
padronização, adequação de produtos para a exportação, modelagem, desenvolvimento de produto e
qualidade técnica do produto.
A reprodução de partes ou do todo deste material fica permitido somente seguindo as normas
da ABNT.
Síntese do Histórico
4
CAPÍTULO 1 – A INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES
Outro fato que ocorreu e que contribuiu para a evolução do setor têxtil e de confecção foi a
descoberta das tintas acrílicas que proporcionou uma segmentação de produtos segundo o sexo, em
função da produção de tintas com cores diferenciadas para os dois sexos: masculino e feminino.
Segundo Lever (1996), até então, o que diferenciava a roupa masculina da roupa feminina era
somente o modelo, pois não havia opções de cores para fazer esta segmentação, no entanto, ressalva
o mesmo autor, as crianças continuaram a vestirem-se como adultos em miniaturas, porque os
modelos eram iguais para todas as idades. Aliada a estes inventos surge em 1851 por Isaac Singer, a
máquina de costura, que, segundo Nunes (2001, p.17), “foi o ponto decisivo para o desenvolvimento
das confecções e a abertura de mais um espaço para as mulheres trabalharem em todo o mundo”. A
partir de então, as roupas passaram a ser confeccionada em processo semi-artesanal com mais opção
de cores e de estampas, despertando o interesse do consumidor e estimulando ainda mais o consumo
de tecidos.
5
A Revolução Industrial acelerou a produção favorecendo o desenvolvimento do modelo capitalista
e estimulando a concentração de riquezas, que ficou conhecida como acumulação primitiva de
capital. O modelo capitalista continuou e tornou-se mais forte após a II Guerra Mundial, provocando
um consumo desenfreado de tudo e induzindo as empresas ao aumento de produção. Nesse
contexto, Silva (2002, p. 33), apresenta que as “fábricas brasileiras ampliaram o turno de trabalho
atendendo além do mercado interno, o mercado Europeu e dos Estados Unidos, triplicando o
número de empregados”. O momento levou a indústria de confecção a produzir de forma mais
organizada em relação aos métodos, fragmentando o produto em operações e distribuindo para os
operadores. Tem inicio a criação de oficinas de subcontratação. Concomitantemente, surgem outras
máquinas para dar suporte a esta demanda, proporcionando o aumento da produção, como as
máquinas de acabamento (overlock com três fios e overlock com cinco fios, comercialmente
identificada de interlock), a máquina de corte e a máquina de passar. As peças passaram a ser
cortadas em grande quantidade e divididas em lotes, e a produção passou a ter um considerável
aumento.
De acordo com Max (apud GOULARTI e JENOVEVA, 1997, p.104), “As manufaturas do ramo de
vestuário devem sua origem principalmente à necessidade do capitalista de ter à mão um exército de
trabalhadores, pronto a atender a qualquer flutuação da procura”.
Com o tempo o setor foi crescendo com indústrias mais dinâmicas e mais estruturadas. Esse
crescimento está atrelado a vários fatores, tais como: à facilidade com que se estrutura uma indústria
de confecção, a oferta de mão-de-obra, a simplicidade dos processos de trabalho e principalmente
aos incentivos governamentais.
A prática de abrir pequenas indústrias continuou, e o panorama atual, mostra que a grande maioria
destas indústrias tem inicio no seio familiar, organizadas em pequenos grupos, com as decisões
6
centradas na pessoa do proprietário. Do ponto de vista organizacional, precisam evoluir, pois
algumas ainda são administradas como nos séculos passados, onde os produtos eram produzidos no
domicilio. No entanto, do ponto de vista tecnológico, evoluíram bem, saindo da máquina mecânica
para máquinas eletrônicas, acopladas a computadores e a mão-de-obra tornou-se mais qualificada,
atingindo nível de polivalência. Segundo Goularti e Jenoveva (1997), a indústria têxtil e de
confecção é um setor que propicia o desenvolvimento em conjunto de outras atividades, como
representação, vendas, bordados, pinturas e beneficiamento, pelo seu feito multiplicador,
especialmente para o comércio e serviços que se estruturam para atenderem dadas necessidades do
setor.
Para Goularti e Jenoveva (1997), a indústria de confecção constitui o produto final da cadeia
produtiva têxtil vestuário. É composta por um elevado número de empresas com fragmentação de
produtos, diversidade de escalas produtivas e uma grande heterogeneidade das suas unidades fabris,
na sua maioria micro e pequenas empresas. Ainda segundo os autores não existem barreiras que
impeçam o surgimento de novas empresas, porque o setor não apresenta problemas relativos à
escala de produção, à tecnologia de processo ou de produto, ao montante do volume dos recursos
necessários, ao seguimento de produto e nem à especialização de mão-de-obra, empregando
basicamente mão-de-obra feminina. Em relação ao sexo do trabalho na indústria de confecção, Rech
(2002), apresenta que no Brasil o setor de moda, no qual está inserida a indústria de confecção, é a
maior fonte de empregos para mão-de-obra feminina.
1
Larouse (apud Pearson), “Moda é o uso passageiro que rege de acordo com o gosto e o momento, a maneira
de viver e de vestir-se”
7
aliada à classe “A” do mercado consumidor, que detém maior concentração de renda e movimenta o
sistema. Para Nunes (2001), a moda constitui um movimento que é descendente na pirâmide de
distribuição de renda.
No Brasil, a moda chegou com a Família Imperial Portuguesa quando aqui desembarcou em 1808,
aos modos e moda francesa, pois na época o que não era francês, não era elegante (elegância era
estar na moda). Muito embora os trajes não fossem adequados ao nosso clima tropical, a moda já
mostrava o seu caráter de seleção através da hierarquia das classes sociais e o seu preço que era o
desconforto pela elegância. Assim, até os séculos XIX e XX foi o vestuário que mais
ostensivamente representou o processo de moda, tendo a indústria do vestuário como principal
agente nesta contextualização.
De acordo com Caldas (2004, p. 53), “A indústria de confecção, desde os seus primórdios, teve um
importante papel na difusão das tendências. Desenvolveu-se antes da alta-costura, em função dos
progressos tecnológicos que o setor têxtil conheceu no começo do século XIX”. O mesmo autor
define tendência como uma força que não se realiza inteiramente, por que ao mesmo tempo em que
dirige para um fim, não é 100% certo que atinja o seu objetivo. Neste contexto, “a indústria de
confecções opera em um ambiente de continua incerteza. O que se quer hoje pode não ser o mesmo
daqui a uma semana” (NUNES 2001, p.14). Contudo, somente através do estudo de tendências é
que pode prever o futuro e reduzir esta incerteza.
Nesse sentido, o estudo de tendência é a essência para a construção dos fluxos de orientação que
determina a moda, do que advém de pesquisas de comitês internacionais de cores, birôs de estilos e
salões profissionais, dando respaldo para os produtores estabelecerem um padrão para seguir à
produção. O sistema conta também com o apoio da mídia especializada e a adesão do varejo, o que
acaba permitindo a previsão do que será moda num determinado tempo, abrindo um espaço para as
indústrias de confecções desenvolverem produtos em forma de coleção, que normalmente
acontecem de uma a quatro, coincidindo com as estações do ano.
8
Neste contexto, o mesmo autor considera imprescindível a difusão das tendências para a existência
da moda e deixa evidente a contribuição da indústria de confecção, que, com o advento da máquina
de costura em 1851, possibilitou a democratização da moda através da produção em grande escala,
posteriormente acelerando a difusão das tendências. Contudo, nem todos os produtos desenvolvidos
na indústria de confecção seguem as tendências da moda, como é o caso dos produtos que
constituem o seguimento do vestuário padrão, que será abordado ainda neste capitulo.
1. O baixo impacto das inovações técnicas, embora nos anos recentes muitos avanços tecnológi
cos tenham ocorrido nas áreas de modelagem, corte e costura, as suas aplicações, porém, se
restringem às grandes empresas, ou produção de vestuário padrão, cuja produção em escala
justifica os elevados custos com tais investimentos.
2. Estrutura industrial altamente heterogênea, muito influenciada pelo tipo de produto fabricado, na
qual predomina a existência de pequenas unidades de produção e a elevada competição devido às
mudanças da moda e ao ciclo sazonal de produção, principalmente no ramo do vestuário feminino,
cuja obsolescência programada do produto contribui para expandir ainda mais o mercado.
4. O ciclo de vida dos produtos faz com que seja ressaltada a importância fundamental das formas
de comercialização ou marketing para alcançar o sucesso do empreendimento, particularmente nas
áreas em que a moda acaba diminuindo a vida comercial do produto.
9
indústria de confecção como a indústria da moda, e na proporção em que produz moda, alimenta
simultaneamente a cadeia têxtil e outros setores da economia.
Nesse contexto, a moda representa um dos mercados mais importante para economia do país, e a
indústria de confecção é essencialmente necessária para a transformação de seus produtos.
Produção é o conjunto de atividades que transformam um bem em outro de maior utilidade, com o
auxílio das mãos, ferramentas ou máquinas. Ao polir uma pedra para transformá-la em uma faca
rudimentar, o homem primitivo realizava uma atividade de produção. Nessa fase inicial, as
ferramentas, utensílios e armas produzidos eram usados apenas por quem os produzia, pois
inexistia qualquer forma de troca ou comércio.
1.3.2 O artesanato
10
Inicia-se na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, com a introdução da máquina a vapor e
de teares mecânicos, que dão origem à indústria têxtil. No entanto, é nos Estados Unidos, no início
do século XIX, que se acelera o desenvolvimento industrial.
As primeiras fábricas caracterizavam-se por agrupar um grande número de trabalhadores em um
único local, pela crescente divisão do trabalho e mecanização, substituindo as tarefas anteriormente
executadas de forma manual por um único trabalhador. Essa mudança exigiu a padronização dos
produtos e dos processos de fabricação, com a conseqüente habilitação da mão-de-obra e o
desenvolvimento de técnicas de planejamento, de supervisão e de controle. Neste contexto, o
empresário preocupava-se com o domínio da tecnologia e com o capital necessário para novos
investimentos; detinha o poder e o controle, e permanecia próximo das operações enquanto o
capataz cuidava da produção.
No final do século XIX e início do século XX, os Estados Unidos reuniram condições favoráveis
para a ampliação da produção industrial, através da expansão territorial, da implantação de grandes
ferrovias, da melhoria das comunicações (introdução do telégrafo e telefone), do desenvolvimento
de novos materiais (aços especiais), e do surgimento do conceito de componentes intercambiáveis
etc.
Esses e outros fatores propiciaram a criação de novos mercados, diminuíram as distâncias,
facilitaram a comunicação e ocasionaram uma demanda maior de pedidos.
Surge então a chamada Administração Científica, para atender a necessidade de sistematizar
métodos e processos industriais:
11
1.3.5 A Produção em Massa
Surgiram novos conceitos tais como posto de trabalho, produtos em processo, estoques
intermediários, balanceamento de linha, manutenção preventiva, controle estatístico de qualidade,
fluxogramas de processos, planejamento e controle de produção, monotonia do trabalho, motivação
etc.
A indústria americana mantém-se hegemônica durante todo o período da segunda guerra mundial e
do pós-guerra até a década de sessenta, quando começam a surgir novas técnicas produtivas com a
introdução da informática na produção e principalmente das técnicas industriais japonesas, como o
just in time (JIT).
Dentre os fatores que induziram aos japoneses a desenvolver novas tecnologias de manufatura,
destacamos dois: o mercado japonês era limitado e muito segmentado, exigindo a produção de uma
grande variedade de produtos em baixa quantidade e a indústria japonesa não dispunha de recursos
financeiros para investir maciçamente em tecnologia de produção em massa como a americana.
12
Diante desse impasse, Toyoda e Ohno buscaram outra opção estratégica que se adequasse melhor às
circunstâncias: produzir veículos em lotes menores e desenvolver um processo que fosse mais
produtivo e apresentasse produtos de melhor qualidade do que os métodos artesanais. Surgia então a
produção enxuta ou o Sistema Toyota de Produção.
A produção enxuta caracteriza-se por:
• Melhor utilização de velhas e novas tecnologias, buscando um ritmo uniforme de produção, com
a redução do tempo de preparação e substituindo a produção “empurrada” pela produção
“puxada”;
• Melhor comunicação interdepartamental com equipes treinadas para resolver problemas
em grupo;
• Valorização dos empregados, criando um ambiente de contínua aprendizagem que
favorece a participação e o comprometimento, e buscando sempre novos padrões de desempenho
e de melhoria da qualidade;
• Ampliação e disseminação por toda a fábrica de um novo conceito de qualidade
envolvendo a reorganização do ambiente de trabalho, a melhoria contínua do processo e a
redução ou eliminação de desperdícios: refugos e retrabalho; tempos de espera; processamento
inadequado; movimentos ou deslocamentos desnecessários ou muito longos; e estoques além dos
necessários;
• Desdobramento da função qualidade – metodologia que visa incluir no projeto do
produto todas as principais exigências do mercado consumidor com o objetivo de satisfazê-las ou
superá-las;
• Engenharia simultânea – participação de todas as áreas funcionais da empresa no
desenvolvimento do projeto do produto com o objetivo de reduzir prazos, custos e problemas na
fabricação e comercialização;
• Tecnologia de grupo – identificação de similaridades físicas de produtos ou
componentes (famílias de produtos ou componentes com roteiros de fabricação semelhantes),
agrupando-os em processos produtivos comuns, facilitando a definição de células de produção;
• Células de produção – unidades de manufatura formadas pelos equipamentos necessários
para processar completamente os componentes de determinada família (por exemplo, preparação,
costura e montagem), dispostos segundo um roteiro de fabricação característico, com
mecanismos de transportes e de estoques intermediários entre os postos de trabalho; buscando
maior velocidade de produção e melhoria da qualidade; exigindo funcionários polivalentes e
13
integrados com a equipe de trabalho; e detectando e sanando os defeitos na própria estação de
trabalho.
• Sistemas flexíveis de produção, possibilitando a passagem rápida da produção de um
produto para outro, com a rápida troca de leiautes, máquinas e ferramentas (aparelhos);
• Manufatura integrada por computador – integração total da organização da produção por
meio de sistemas informatizados;
• Redução do tamanho dos lotes de produção e conseqüente aumento na variedade de
produtos oferecidos aos clientes;
• Relação com fornecedores visando à uniformização dos padrões de qualidade e a
diminuição dos lotes e do tempo de entrega;
• Ênfase na competição por baixos custos e alta qualidade.
A produção enxuta ideal teria como metas: zero defeitos, tempo zero de preparação (set up),
estoque zero, quebra zero, lead time zero e lote unitário (uma peça).
Segundo Goularti e Jenoveva (1997), a fase da costura é a mais importante do processo produtivo,
concentrando a maior parte do valor agregado. A costura é realizada em uma unidade produtiva
básica, constituída por operadores de máquinas, por meio de operações, algumas simples e outras
complexas que em uma seqüência de fluxo vão construindo a peça até definir completamente o
14
modelo. Neste contexto, à máquina de costura representa participação efetiva no processo produtivo
da indústria de confecção, chegando a ser o principal equipamento para a produção.
Os mesmos autores afirmam que as máquinas de costura podem ser classificadas segundo o grau de
desenvolvimento tecnológico, em:
1ª Geração: máquinas de costura simples, com motor acoplado e funcionamento por fricção
mecânica ou outro elemento similar.
2ª Geração: máquinas dotadas de acessórios para corte de linha, posicionamento de agulha e
arremates automáticos.
3ª Geração: máquinas semi-automatizadas em que a operação de costura é controlada por
microprocessador, requerendo a presença do operador para o manuseio do tecido.
4ª Geração: as operações são totalmente automáticas, dispensando o operador. Os equipamentos são
agrupados nas chamadas “Ilhas de automação”, mas as operações não estão ainda integradas entre
si.
5ª Geração: as operações são integradas entre si. O processo produtivo é executado por máquinas
automáticas e robôs. A presença do operador é praticamente dispensada, com exceção dos técnicos
especializados na operação do sistema.
Atualmente as indústrias de confecção contam com máquinas de velocidade que podem atingir de
seis a dez mil pontos por minutos, e, com especificidades diferentes que variam entre máquinas de
ponto fixo e máquinas de ponto corrente, para confeccionar roupas em tecidos plano ou com fio
elastano.
15
polivalência de mão-de-obra, devido à diversificação de máquina e do número de indústrias que
aumentou consideravelmente. Pode-se dizer que atualmente há máquinas e mão-de-obra disponíveis
para trabalhar cada segmento de produto, de acordo com a necessidade de operação que cada
produto apresenta.
Outra tecnologia muito importante para o setor de confecção foi à introdução dos Sistemas CAD
(Computer Aided Design) e CAM (Computer Aided Manufacturing) com programas interativos
computadorizados específicos para o vestuário. O CAD permite a graduação dos moldes e a
definição do risco marcador. Este sistema possibilita o encaixe dos moldes feito no programa
AUDACES (existem outros como o LECTRA e o INVESTRONICA ) e a reprodução em folha de
papel no tamanho e largura das folhas de tecidos que serão enfestados para o corte, proporcionando
melhor aproveitamento da área do tecido e maior quantidade de peças encaixadas, além de
minimizar consideravelmente o tempo gasto com o planejamento de risco.
Quanto ao uso dos Sistemas CAD/CAM na indústria de confecção, Silva (2002, p. 6) considera que
“estes são os responsáveis, a princípio, por diminuir o tempo de operação nas fases de criação, de
modelagem e de corte, reduzindo o tempo de operação e o desperdício de matéria-prima, além de
aumentar a flexibilidade produtiva nessas fases”. Para Slack (1997) a vantagem mais óbvia do
sistema CAD, especificamente, é justamente a capacidade que ele oferece para armazenar e
recuperar dados de projeto com maior rapidez, bem como a sua capacidade de manipulação dos
detalhes de projeto, possibilitando aumentar consideravelmente a produtividade na fase de
desenvolvimento do projeto do produto.
De acordo com Goularti e Jenoveva (1997), a introdução do CAD nas indústrias de confecção
causou alguns impactos como:
16
gens principalmente para as empresas que operam em mercados mais sujeitos às variações da
moda.
4. Na reorganização e no gerenciamento: a introdução do sistema CAD condiciona reorganização da
produção, com novas rotinas e novas tarefas.
Outro impacto muito importante que deve ser considerado com a introdução do sistema CAD nas
indústrias de confecção, está relacionado ao aumento de produtividade no setor de montagem. O
sistema permite contornar os moldes com as linhas dos riscos na mesma espessura, possibilitando
corte mais definido e de melhor qualidade, principalmente quando o mesmo é realizado a laser. A
introdução deste tipo de corte surgiu no final da década de 70, apresentando vantagens tanto em
relação à qualidade do corte como em relação à velocidade e ao volume de peças cortadas. Nesse
caso o sistema garante melhor qualidade de encaixe na hora de unir as partes da peça para efetuar as
costuras, otimizando o tempo operacional e proporcionando ganho de até 5% na produção. Outro
avanço relacionado ao corte refere-se ao Sistema de Corte com Controle Numérico baseado em
tecnologia microeletrônica.
Para as indústrias de confecção que trabalham tipicamente com o produto de moda, os Sistemas
CAD/CAM oferecem uma ferramenta de competitividade, que está diretamente ligada à capacidade
de arquivar modelos com a possibilidade de criar modelos novos, introduzindo no modelo antigo as
alterações indicadas pelas tendências do mercado. O resultado desta operação dependerá
basicamente do grau de afinidade que o designer de moda tem com o sistema e principalmente do
conhecimento que terá sobre as tendências atuais. É importante salientar que apesar dos ganhos com
toda essa tecnologia, o setor de confecção, especificamente, enfrentou grandes problemas com a
falta de profissionais qualificados para trabalharem com essas novas ferramentas, principalmente,
em relação as atividades ligadas a modelagem.
A origem da indústria têxtil confunde-se com a origem da Revolução Industrial, que tem como
marco a introdução do tear mecânico com propulsão a vapor, proporcionando aumento na produção
de tecidos.
Neste contexto, a indústria de confecções insere-se dentro da cadeia têxtil, cujas etapas operacionais
vão desde o beneficiamento das fibras, passando pela fiação, tecelagem, até a confecção e
comercialização de peças prontas. A distribuição das empresas dentro da cadeia têxtil vai das
fiações aos varejistas (Figura 2).
17
Poucas empresas
FIAÇÕES
TECELAGENS
MALHARIAS
DISTRIBUIDORES /
ATACADISTAS
CONFECÇÕES
18
rumos da moda, quando na realidade podem estar completamente perdidas. Os clientes, sentindo a
situação, fazem circular somente as más informações a respeito do mercado e dos seus
fornecedores, e tiram proveito da confusão reinante.
O processo de desenvolvimento de novos produtos na cadeia têxtil, que trabalha em função da moda
e necessita de constantes inovações, tem como fator restritivo o tempo. Segundo Pearson (1996), a
duração do tempo normal de planejamento, em todo o mundo, é a seguinte: (1) 36 meses para a
criação e desenvolvimento de novas fibras e filamentos têxteis, naturais, artificiais ou sintéticos, nas
associações e institutos industriais, químicos e petroquímicos; (2) 28 meses para a planificação dos
centros de moda; (3) 28 a 36 meses para a planificação dos bureaus de estilo; (4) 24 a 28 meses
para a planificação das fiações, tecelagens e malharias; (5) 12 meses para as confecções; (6) 3 a 4
meses para os retalhistas de moda; e (7) de imediato para o consumidor final. (Figura 3).
As confecções estão situadas na posição final da parte industrial da cadeia têxtil, tem empresas
industriais a montante e empresas comerciais a jusante. Elas tratam com duas formas distintas de
organização. Os fornecedores são empresas industriais, que querem a continuidade dos negócios e
buscam a eficiência através da produção padronizada. Os clientes são empresas comerciais, que
19
buscam a variedade e são oportunistas para conseguir bons negócios, mesmo em prejuízo das
relações com as confecções que os suprem.
A mão de obra nas confecções é essencialmente feminina. A maioria das operárias começa a
trabalhar entre os 18 e os 35 anos de idade. A grande variedade de modelos requer um treinamento
contínuo. A moda exerce forte pressão sobre os prazos e, para evitar atrasos, que são inaceitáveis
em produtos de moda, se trabalha uma grande quantidade de horas extra. Tudo isto causa uma taxa
de rotação da mão de obra de valor bastante elevado, 34% na média entre janeiro de 1994 e
novembro de 1997 e 38,7% entre dezembro de 1997 e setembro de 2000, segundo dados oficiais do
Ministério do Trabalho.
As confecções trabalham abastecidas por oligopólios que fornecem as principais matérias primas,
tais como tecidos, malhas, linhas e zíperes. Seu produto é altamente elástico e volátil, uma vez que
acompanha os ditames da moda. Com tantos fornecedores, o planejamento das compras, a
estocagem e o transporte são pontos vitais para o bom funcionamento do setor. A competência
produtiva da empresa fica dependente da habilidade dos seus administradores em coordenar a
chegada dos materiais e serviços necessários à produção.
da moda atrai facilmente empresários para gerir empresas de confecções, alguns sem nenhum
conhecimento para administrar a empresa. A concorrência, em conseqüência, é predatória. As
empresas de confecções vendem uma imagem ao público diferente de sua realidade. Mostram-se
20
como empresas bem organizadas, fortes e conhecedoras dos rumos da moda, quando na realidade
podem estar completamente perdidas. Os clientes, sentindo a situação, fazem circular somente as
más informações a respeito do mercado e dos seus fornecedores, e tiram proveito da confusão
reinante. Neste caso, a empresa nem atingiu o seu êxito e em curto prazo é expurgada do mercado.
Passamanaria
Etiquetas * Fitas
* Bordada * Cadarços
* Estampada
Bordados * Elásticos
* Unicolor * Rendas
* Multi-colorido Aplicações
* Velcro
* Estamparia
* Silkscreen
Cartonagens
* Caixa Papelão
* Ondulados Metalúrgicas
* Tubo papelão * Boão/Ilhóis/Rebite
* Peitilho/Tira * Fivela/Aplique
* Estante metálica
Transportador F C
de carga
Á O Curtumes
* Couro
* Recouro
Produtos Químicos
* Óleos Lubrificantes
* Tira ferrugem
B N Botonifícios
* Nylon
* Silicone
R D F * Poliester
* Madrepérola
Lavanderias
* Envelhecimento
Í E E Com pé, 2 ou 4 furos
* Amaciamento
* Limpeza C C Vidros
*Pedrarias
* Tingimento
Gráficas
A Ç
* Tags
* Etiqueta papel S Ã Zíper
* Metálicos
O
* Colantes * Nylon
* Fita gomada
Plásticos Equipamentos
* Sacos * Caldeira
* Filmes * Ar comprimido
* Caixas rígidas * Vácuo
* Ar condicionado
21
O mercado de confecções caracteriza-se pela sazonalidade, prevalecendo às vendas no segundo
semestre. Portanto, precisam planejar e executar muito bem suas coleções e sua produção,
sincronizando compras, recebimento das matérias primas e fabricação, bem como, reduzindo
desperdícios de materiais e de tempo, para que as entregas possam ocorrer dentro do programado e
favoreça também o desenvolvimento e crescimento da cadeia têxtil (Figura 5)
As confecções podem ter marca próprias e comercializarem seus produtos diretamente com os
varejistas, ou através de representações comerciais, distribuidores ou atacadistas. É muito comum
também empresas fabricarem para marcas de terceiros (private labels) de acordo com as
especificações e condições desses clientes, que podem ser lojas de departamentos, supermercados
etc.
No Brasil, a indústria têxtil, tem início com a chegada da família real ao Brasil em 1808, com a
importação dos primeiros teares mecânicos. Mas, durante muito tempo os melhores produtos têxteis
eram importados da Europa, principalmente, da Inglaterra. No Nordeste, a indústria têxtil foi
implantada pelos ingleses, aproveitando a existência do algodão arbóreo de fibra longa, uma espécie
nativa e encontrada em grande quantidade. Posteriormente, foi introduzido o algodão herbáceo, de
fibra curta, mas de grande produtividade.
A indústria têxtil no Brasil, sofreu com as políticas governamentais, ora de restrição, ora de
liberação às importações de máquinas industriais e de produtos manufaturados. Durante muitos
anos, as barreiras impostas criaram uma reserva de mercado para as empresas do setor, mas que, em
contrapartida, gerou uma acomodação, com a conseqüente desatualização tecnológica e do baixo
nível de produtividade. Com a abertura indiscriminada à importação, no início dos anos 90, ocorreu
à entrada em grande escala de manufaturados estrangeiros, o que provocou uma crise no setor.
Entretanto, a possibilidade de importar máquinas e equipamentos de ponta, atrelada a uma política
agressiva de incentivos fiscais dos estados nordestinos, atraiu capitais do centro do País, e
promoveu a relocalização de empreendimentos no Nordeste, que, gradativamente, vai se tornando o
maior pólo têxtil do Brasil.
A indústria de confecções ou de peças prontas tem cerca de duzentos anos e a invenção da máquina
de costura foi fundamental para seu desenvolvimento. Até então, a produção do vestuário tinha
caráter artesanal e dependia da habilidade de alfaiates e costureiras. Geralmente, as peças eram
cortadas e encaminhadas às casas onde as mulheres as costuravam.
22
Na América, as primeiras roupas foram camisas e calças produzidas nos Estados Unidos, no início
do século XIX, por pequenos comerciantes e vendidas a marinheiros em trânsito.
As primeiras fábricas de confecções caracterizavam-se pelos ambientes insalubres com más
condições de ventilação e temperatura, longas jornadas de trabalho (de 60 a 84 horas semanais),
baixos salários e nenhuma legislação que amparasse as trabalhadoras, pois eram em sua grande
maioria costureiras; aos homens, eram reservadas funções de corte e supervisão. Em muitas
fábricas, os operários cozinhavam e até dormiam no local, reproduzindo uma espécie de trabalho
semi-escravo. Essa prática tende a ressurgir nos dias de hoje, geralmente, com imigrantes ilegais.
No Ceará, existe uma prática bastante difundida que é a facção, que consiste em serviços industriais
prestados por terceiros, em pequenas fábricas ou casas de família, para indústrias de confecção ou
lojas. No interior do Estado, esse tipo de terceirização ocorre também sob a forma de cooperativa de
trabalhadores.
MATÉRIAS PRIMAS
FIBRAS
Naturais Químicas
PREPARADORES (MAQUINISTAS)
Preparam as fibras para as fiações
- Desfiar Caules - Separar sementes das fibras e Separar pelos
FIAÇÕES
- Fibras transformadas em fios
TECELAGENS MALHARIAS
- Fios transformados em tecidos planos - Fios transformados em malhas elásticos
BENEFICIADORES
Tingimento Acabamento Estamparia
CONFECÇÕES
•Vestuário • Roupa Branca •Decoração •Acessórios •Produtos Industriais
SERVIÇOS VAREJISTAS
- Rádio e Televisão ATACADISTAS - Lojas de departamentos
- Publicações comerciais - Lojas de especialidades
- Agências de publicidade - Lojas de descontos
- Supermercados 23
- Escritórios de compras
- Consultores - Reembolso postal
- Venda porta-a-porta
CONSUMIDORES
• Segmentação geográfica (países, regiões, estados, municípios) – divide o mercado com base na
localização, clima, densidade populacional etc. e o reflexo que isso traz nos hábitos de uso do
vestuário;
24
Para Goularti e Jenoveva (1997, p.57), a indústria de confecção se caracteriza como a indústria de
produtos heterogêneos destinados a usos completamente diferenciados, podendo ser classificados
em quatro segmentos que são:
II) Vestuário da Moda: abrange artigos cuja produção é fortemente fragmentada em pequenos
lotes, obedecendo a desenhos, cores, formas, estruturas e detalhes, ditados pela tendência da moda.
Essas indústrias se caracterizam pela flexibilidade e enorme agilidade para que possam atender e
acompanhar os movimentos rápidos, fugazes, e não raro, erráticos da moda [...] O conceito de
qualidade nesses artigos está fortemente ligado a atualidade dos modelos.
III) Artigos para o Lar: abarcam a fabricação de produtos da linha cama, mesa e banho e da linha
de produtos decorativos. Nesses produtos, o sentido de qualidade está mais ligado à durabilidade
dos produtos, ao respeito às dimensões mínimas e ao bom gosto e criatividade na aplicação de
bordados ou composição da padronagem dos tecidos utilizados.
a) Segmentação por idade: a segmentação por idade reflete a mudança do hábito e do gosto de
vestir que se processa conforme a idade dos consumidores.
O primeiro sub-segmento é o infantil. Nesta idade meninos e meninas têm o mesmo formato de
corpo. Este sub-segmento apresenta três subdivisões: (1) bebês de zero a 24 meses, onde as roupas
são largas para caber as fraldas; (2) crianças de 3 a 6 anos, onde as roupas são confortáveis e têm
25
possibilidades de aumentar conforme o crescimento; (3) infantis de 6 a 12 anos, onde as roupas são
resistentes e permitem liberdade de movimentos para suportar os exercícios e brincadeiras diárias.
O segundo sub-segmento é o dos adolescentes. Este sub-segmento apresenta duas subdivisões: (1)
infanto juvenil, de 12 a 15 anos, época em que o corpo feminino se forma; (2) juvenil, de 15 a 18
anos, época em que o corpo masculino toma forma. Esta é a época em que as “tribos” se formam e o
vestuário identifica os membros de cada grupo.
b) Segmentação por sexo: Esta é a segmentação mais evidente. A anatomia feminina é diferente da
masculina e necessita de produtos com ajustes diferentes. Os tecidos são mais macios, as cores mais
extravagantes, e têm menos resistência [...] as roupas masculinas são mais simples em geral,
enquanto as roupas femininas são mais detalhadas.
c) Segmentação por nível social: Esta é a segmentação mais seletiva. Ela separa os consumidores
segundo sua renda, sua educação e seu modo de vida. Ela classifica como “A” os consumidores que
buscam a exclusividade, como pertencentes à alta sociedade. A classe “B” classes média alta, é a
real formadora de opinião. A classe “C” é a classe média baixa, a classe “D” é o povo em geral e a
classe “E” são os operários.
A segmentação por produto apresenta uma propriedade que é inerente à segmentação de mercado.
Refere-se ao ciclo de vida dos produtos que se caracterizam como vestuário da moda.
De acordo com Kotler (apud RECH, 2002), existem três ciclos de vida especiais e que são perfeitos
para o ciclo de vida do produto de moda: Estilo, moda e modismo. Os produtos de ciclos longos,
denominados produtos de Estilo, permanecem durante gerações, estando ou não na moda. Os
produtos de ciclos médios, que são aceitos pelos consumidores no espaço de tempo de uma estação
a outra, seguindo o calendário de lançamento de coleção, denominados produtos de Moda. E os
produtos de ciclos curtos, que são os produtos que entram rapidamente no mercado, é adotado com
grande entusiasmo, atingem seu auge em pouco tempo e declina na mesma velocidade.
Produto é um objeto tangível ou intangível que satisfaz necessidades e desejos dos consumidores.
Com a proliferação de produtos e de marcas de produtos, aumenta a concorrência entre as empresas
que precisam disputar os compradores.
26
Aqueles produtos que agregam mais valor (os benefícios auferidos são maiores que os custos
envolvidos no processo de aquisição) reúnem maiores possibilidades de serem os escolhidos.
Conforme o tipo de produtos fabricados, as empresas de confecções podem ser classificadas em
diferentes indústrias: vestuário, roupa branca, decoração, acessórios e produtos industriais.
Composto de produtos é o conjunto completo de produtos da empresa. O composto de produtos
pode ser dividido em linhas de produtos.
Linha de produtos são categorias de produtos que estão relacionados entre si e que são vendidos aos
mesmos grupos de clientes, comercializados pelos mesmos tipos de pontos de venda e/ou dentro de
uma mesma faixa de preço.
27
Em 1999, segundo dados da SEFAZ-CE, o número de empresas de confecção no Estado era de
1520, menor do que em 1998, que era de 1555, e de 1997, que somava 1540. Isso mostra que o
surgimento de novas empresas do setor é inferior ao número das que deixam de operar. A
mortalidade acentuada de nossas empresas de confecção deriva de diversos fatores que acabam por
inviabilizar o negócio:
• Distância dos principais mercados de insumos e de consumo: como esses mercados situam-se
principalmente no sudeste e sul do País, existe um custo suplementar de transportes para importar
insumos e exportar manufaturados, que se reflete nos custos e podendo tornar os preços não-
competitivos;
• Administração não profissional: praticamente “qualquer um” pode montar uma pequena
indústria de confecção, já que a tecnologia é de domínio popular; é intensiva de mão-de-obra – que
é barata e pouco qualificada; e não se exige grande imobilização de capital; dessa forma surgem
aventureiros que desconhecem técnicas de produção e administração básicas: tempos e métodos,
programação e controle de produção, custos e formação de preços, marketing, fluxo de caixa etc;
• Falta de capital de giro: em função do descompasso entre os prazos de pagamento das compras
(entre 30 e 45 dias) e de recebimento das vendas (em torno de 75 e 90 dias);
Administração é uma função gerencial que advém do processo de trabalhar com pessoas e recursos
para realizar objetivos comuns. Bons administradores administram com eficácia (atingir os
objetivos organizacionais) e eficiência (atingir os objetivos com um mínimo de desperdício e
otimizando a utilização dos recursos disponíveis). (Fig. 6).
Para que a administração seja eficaz e eficiente, os administradores precisam desenvolver de forma
coordenada uma série de atividades: Planejar, Organizar, Liderar tais como planejar, Organizar,
dirigir e controlar.
Utilização de Recursos
Má Boa
2.2. Planejamento
Planejamento é a função administrativa que define o que a organização pretende realizar no futuro e
como deverá fazê-lo. Planejar, portanto, significa especificar os objetivos ou metas a serem
atingidos e decidir antecipadamente as ações apropriadas e os recursos necessários para alcançar
esses objetivos.
29
Em relação ao horizonte de tempo, o planejamento poderá ser de longo, médio e curto prazo.
Quanto a sua amplitude, pode ser classificado em:
2.3. Organização
30
entre os responsáveis, alocar recursos e criar condições tais que as pessoas, máquinas e
equipamentos possam alcançar o máximo de eficiência e eficácia.
2.4. Gerenciamento
É uma função administrativa que exige muita habilidade e competência para unir todos os esforços
em favor da empresa. Exige sensibilidade e conhecimento para interpretar a necessidade do sistema
e das pessoas envolvidas direto e indiretamente com ele. Tendo de seguir os planos de crescimento
e de desenvolvimento de forma harmoniosa e satisfatória. É função de um gerente transmitir aos
subordinados o que deve ser feito para se atingir os objetivos propostos, bem como, proporcionar
condições para a realização plena de todas as atividades planejadas. As determinações ou instruções
advindas de um gerente devem possuir três características básicas: ser realizáveis, ser explícitas e
possuir procedimentos padronizados. Contudo, ainda convém explicar a razão e o por quê da
ordem, pois facilita a compreensão e a participação mais efetiva das pessoas
No contexto atual a figura do gerente está sendo substituída pela a figura do líder. Com um perfil
diferente de até então e com características de domínio pessoal e de confiança para orientar, ajudar,
apoiar e estimular as pessoas a atingirem os objetivos da empresa e a buscarem desafios na vida
profissional e na vida pessoal.
31
O processo de administrar pode ser simplificado quando se adotam procedimentos-padrões para
operações de rotina. No entanto, existe vários modelos de sistemas empresariais:
2.5. Controle
Controle é a função que assegura que os objetivos sejam atingidos. No entanto, depende de que as
outras funções da administração sejam implementadas. Quanto melhor executadas essas fases, mais
fácil será o controle. O processo de controle compreende três etapas essenciais
32
2. O acompanhamento da execução, comparando o desempenho efetivo com as metas e os padrões
estabelecidos, definindo quando proceder às verificações, quem deve realizá-las e como devem
ser registradas as ocorrências (fichas de ocorrência, relatórios de não-conformidades etc.);
3. A adoção de medidas corretivas, quando a comparação dos resultados obtidos está em
desacordo com as metas e os padrões estabelecidos. Deve-se também buscar as causas do
desempenho inferior, às expectativas para a adoção de medidas preventivas (processos,
métodos, materiais, treinamento entre outros).
Planejamento Execução
33
A indústria de confecções, mais especificamente a do vestuário, caracteriza-se pela grande
variedade de produtos, de processos industriais e de mercado consumidor, que assim complementa
os setores de fiação e têxtil. Como não se exige grande aporte de capital para o ingresso,
encontramos empresas de confecções de todos os tamanhos e de produção variada, até pequenas
oficinas de costura com trabalho semi-artesanal.
A função produção é uma das três funções-chave para uma indústria de confecções porque é
responsável pela produção de bens (peças de vestuário), que são a razão de sua existência. As
outras funções centrais são marketing e desenvolvimento de produto, enquanto recursos humanos,
administração e finanças são considerados funções de apoio.
Nas facções, a função de produção predomina devido às mesmas receberem por peças produzidas,
enquanto nos ateliês de costura de moda feminina, é a função de desenvolvimento de produtos que
apresenta maior destaque devido à diversidade de modelos que precisam ser desenvolvidos para
atender a demanda no estilo de roupa personalizada.
É a função empresarial que cria continuamente valor para o cliente e gera vantagem competitiva
duradoura para a empresa por meio da administração do composto de marketing (variáveis
controláveis de marketing): produto, preço, comunicação e distribuição. Busca identificar
oportunidades lucrativas de negócios através da oferta de peças de vestuário que atendam as
34
necessidades e desejos não satisfeitos do mercado consumidor. Engloba uma série de atividades
logicamente encadeadas tais como: pesquisa de mercado, análise da concorrência, seleção de canais
de distribuição, definição de preços dos produtos, venda pessoal e comunicação com o mercado
(propaganda, merchandising, promoção).
Partindo-se do pressuposto que produzir roupas é relativamente fácil e que existe uma concorrência
bastante acirrada no setor, a comercialização dos produtos fabricados, diretamente nos pontos-de-
venda ou através de empresas de representação, distribuidores e atacadistas, torna-se bastante crítica
para a indústria do vestuário.
As empresas de confecções, que trabalham com marcas próprias e disputam um mercado mais
“elitizado”, investem mais na imagem da marca e na identificação do produto na mente do
consumidor, em função do próprio mercado ser mais seletivo e pagar pelo diferencial.
É responsável pela criação de novos produtos ou de modificá-los a fim de gerar demanda para a
empresa. É uma atividade complexa que exige planejamento e controle.. Ttrata-se de uma
35
abordagem interdisciplinar, abrangendo ferramentas de marketing e de engenharia de produto, tais
como, pesquisa, geração e seleção de novas idéias, desenvolvimento e teste do conceito de produto
(definição de benefícios e características), desenvolvimento e teste de protótipo, desenvolvimento
das estratégias e programas de marketing, desenvolvimento final do produto, teste de mercado,
lançamento e monitoramento dos resultados. No entanto, envolve também diversos interesses e
habilidades:
Produzir peças do vestuário é a finalidade básica das empresas de confecções. Tem grande
responsabilidade por adicionar valor ao produto através da qualidade da execução, da produtividade
e da redução de quaisquer tipos de desperdícios no processo produtivo.
Os custos de fabricação diretos ou indiretos são significativos na formação do preço e precisam ser
monitorados constantemente para que os produtos sejam competitivos.
36
Fatores que influenciam no desenvolvimento da produção:
• Administração dos recursos
• Distribuição dos produtos
• Capacidade fabril
• Layout
• Estoque de produto acabado
• Estoque de matéria-prima
• Aprazamento dos pedidos
• Tecnologia utilizada
• Controle da qualidade
• Capacitação de mão-de-obra
37
A indústria de confecções, como toda empresa, representa um organismo vivo, social e dinâmico,
que precisa está em constante adaptação às mudanças do mundo dos negócios, no qual está inserida.
Esta é a única estratégia que de fato garante a sua permanência no setor, e consequentemente a sua
sobrevivência. Esta mudança envolve mudança de cultura organizacional, mudança nas funções
gerenciais, mudança no sistema de produção e às vezes até mudança de produto e de mercado.
Tem estrutura tipicamente funcional, com características bem específicas, onde um dos modelos
mais rudimentar começa com o proprietário e algumas costureiras, contudo e apesar do porte ou
tamanho, têm presentes às funções básicas: produção, marketing/vendas e finanças, embora de
uma forma mais simples, diferentemente de uma empresa de médio ou de grande porte, onde estas
funções tornam-se muito complexas e bem definidas.
A maioria das empresas de confecção do Estado do Ceará tem origem familiar e nasceram de
pequenas facções ou ateliês de costura, mantendo um crescimento natural até atingirem maior porte,
que advém com o aumento da produção ou da linha de produtos. No entanto, o seu crescimento e
desenvolvimento ocorrem de forma desordenada e desorganizada. Em alguns casos, existe a
preocupação de melhorar o produto na sua estética, no seu valor e no seu posicionamento de
mercado. Geralmente isso ocorre quando a empresa preocupa-se com a concorrência ou pretende
abrir novos nichos de mercado No entanto, tudo isso é pensado de forma isolada do sistema como
um todo, e a produção, que representa uma função importante, porque garante a sobrevida da
empresa, não é contemplada com nenhum tipo de melhoria. Nesse modelo de administração a
situação se agrava e muitas vezes conduz a empresas a uma total exclusão do mercado, porque não
adianta ter produtos bom, bonito e “barato” se não chegam no cliente no prazo preciso e pré-
determinado. Esse prazo é determinado pela necessidade do mercado consumidor.
38
atividades. .As decisões se fragmentam pelos setores, os quais adquirem autonomia com a
permissão da gerência e da administração e o sistema torna-se mais complexo.
Esta cultura organizacional familiar que se apresenta imponente, principalmente nas pequenas
empresas de confecção, representa também um grande desafio para os profissionais que pretendem
se inserir no setor de confecções, principalmente para os estudantes de moda, pois exige dos
mesmos uma adequação momentânea e um esforço para tentar mudar o quadro,. Isso ocorre através
do desenvolvimento da confiança, da competência e da ética profissional.
A ampliação da capacidade produtiva pode ocorrer através da terceirização, isto é, transfere-se para
outras empresas a responsabilidade de algumas atividades-meio como: montagem, bordado,
estamparia, lavanderia etc. Essas atividades geralmente não constituem a parte principal do negócio,
passam a ser considerada de atividade-fim para o terceirizado e de atividades-meio para o
terceirizante. Dessa forma se estabelece uma rede de subcontratados que precisam ser
eficientemente administrados, principalmente em relação à montagem de peças terceirizadas, para
que as mesmas mantenham o mesmo nível de qualidade das peças produzidas dentro da própria
empresa, de tal modo, que o consumidor não perceba essa distribuição de produção e o produto não
tenha o seu valor comprometido. Outro ponto importante a ser considerado com o uso da
terceirização refere-se ao cumprimento das especificações técnicas do produto e ao cumprimento
dos prazos.
Com o crescimento, o empresário obriga-se a delegar algumas funções: se tem maior afinidade com
vendas, delega a um supervisor a função de produção; se a identificação é com produção, contrata
um vendedor. A última função a ser delegada é a financeira por ser mais difícil de transferir.
A estrutura organizacional de uma empresa de confecções de médio porte pode ser representada
pelo um modelo de organograma representado na figura 8.
PRESIDENTE
Compras Caixa
PCP Des. Produtos
Estoques MP Contas. a Pagar
Risco Vendas
Serv. Gerais Contas a Receber
Corte Propaganda
Pessoal Contabilidade
Qualidade
Produção
39
Manutenção
Engenharia
A função de “pessoal” pode evoluir para “recursos humanos”, isto é, já existe uma preocupação da
empresa em definir o perfil do empregado para ocupar determinada função, assim, orienta o
processo de recrutamento, seleção e treinamento, e facilita a busca. Em algumas empresas há uma
preocupação em oferecer alguns benefícios ao trabalhador, esses benefícios são também
considerados de responsabilidade social por parte da empresa com os seus colaboradores, tais como
alimentação, transporte, cestas básicos e planos de saúde de subsidiados. Outras possuem lojas de
fábrica franqueadas aos empregados que compram peças a preço de custo.
A posição mais usualmente encontrada de PCP é como um setor de apoio da gerência industrial ou
de produção. Nas empresas que trabalham com uma área específica de logística, pode estar
subordinada a esse setor.
Em empresas que terceirizam totalmente seu processo de produção, já nos deparamos com PCP
sendo responsável pela administração dos serviços de facção e ligada diretamente à diretoria.
Encontramos também PCP como responsável por compras, almoxarifados de materiais e de
produtos acabados e até mesmo pelo risco e corte.
Toda a indústria de confecções desenvolve alguns processos-chave que podem ser executados em
sua totalidade por ela própria ou terceirizados: processo de desenvolvimento de
produto/elaboração de coleções, processo de fabricação do produto e dos métodos para
fabricá-lo (projeto do produto e de projeto do processo), processo de comercialização, processo
de planejamento e controle da produção, processo de compras, processo de corte e processo
de fabricação. Cada processo obedece a um ciclo determinado e deve estar em sincronia com os
demais (Figura 9)
40
D. Prod. D. Prod. D. Prod.
Compras Compras Compras Compras
Receb. Receb. Receb. Receb. Receb.
Produção Produção Produção Produção Produção
Vendas Vendas Vendas Vendas Vendas
Figura 9 - Representação esquemática dos ciclos dos processos empresariais e suas defasagens
Fonte: CAETANO DIAS (2006)
Uma empresa de confecções gira em torno do ciclo das coleções. As coleções de modelos são
produzidas ao longo do ano em função das estações ou das datas consideradas significativas no
calendário comercial, seguindo um cronograma que deve ser cumprido rigorosamente. As coleções
são elaboradas no setor de desenvolvimento de produtos com a participação da área de vendas e de
engenharia.
Cada coleção tem duração definida e é produzida a partir de tendências da moda, pesquisadas em
publicações especializadas, via eletrônica, produtos concorrentes, cartelas de cores de tecidos,
fabricantes de aviamentos e acessórios, desfiles e feiras especializadas, análise de coleções
anteriores e etc. O resultado dessas pesquisas é utilizado para elaborar os temas das coleções e criar
os modelos básicos, que devem estar de acordo com os desejos e gostos do mercado em potencial.
Definidos os modelos básicos, são desenhados os detalhes de cada produto dentro de cada linha ou
família e elaborado o projeto e o cronograma da coleção, que, em algumas empresas é submetido à
aprovação de um comitê composto pelos proprietários e representantes das áreas de marketing,
vendas e desenvolvimento de produtos.
41
Feito os protótipos, os mesmos são submetidos à avaliação de um “comitê”, composto por
representantes de setores de produção, engenharia industrial, custos e marketing/vendas, que realiza
análises de viabilidade técnica, econômica e comercial. Alguns “comitês” reúnem-se
periodicamente, à medida que os protótipos vão se concluindo.
Os protótipos aprovados transformam-se em peças-piloto. A seguir, são elaboradas as fichas
técnicas de cada referência, calculados os consumos de materiais e aviamentos, estimados os
tempos das operações e os custos.
As peças-piloto reunidas por linhas e famílias são submetidas à área de marketing da empresa, que
estabelece alternativas de preços e elabora a previsão inicial de vendas. A partir dessas quantidades
previstas, é realizada, pelo PCP, a explosão de materiais e determinadas as quantidades de materiais
necessários a produção da coleção. São colocados os pedidos de compras e elaborada a
programação de recebimento dos materiais. À medida que chegam, inicia-se a confecção de
mostruários e, em seguida, passa-se à produção normal para o atendimento dos pedidos. (Fig. 15).
42
de materiais e aviamentos (essa atribuição, em algumas empresas, é realizada pela engenharia);
encaminhar protótipos aprovados ao PCP.
VIABILIDADE TÉCNICA
FABRICAÇÃO DOS PROJETO DA
VIABILIDADE FINANCEIRA
PROTÓTIPOS COLEÇÃO
VIABILIDADE COMERCIAL
PRODUÇÃO ENTREGA
43
Numa empresa de confecções, a engenharia realiza duas funções básicas: concretizar o
desenvolvimento do produto em termos físicos e operacionais (projeto do produto) e definir o
processo de fabricação de cada produto (projeto do processo).
3.4.3 Terceirização
O panorama atual no mundo dos negócios aponta a terceirização como uma forte aliada para manter
as empresas em competitividade. Em geral, a terceirização se constitui de uma relação de trabalho
que se estabelece quando uma empresa recorre a “fontes externas” para atender à sua demanda com
serviços e responsabilidades estendidas as empresas especialistas e de menor porte. Independente
do nível de relação a terceirização apresenta-se como tendência mundial para toda e qualquer
atividade econômica, constituindo-se como o novo paradigma no universo das organizações. Apesar
44
de parecer uma relação fácil de concretizar requer cuidados por parte do terceirizado, bem como do
terceirizante.
Watanabe e Buiar (2004) consideram a terceirização uma relação delicada por envolver questões
legais, de segurança, de qualidade e de custos. Contudo, observa-se que atualmente é uma prática
comum nas relações inter-empresas, sendo a terceirização até considerada uma ferramenta de
inovação tecnológica. Para Franceschine et. al (2004 p.75) isso se deve a conveniência de que “ao
terceirizar as empresas podem concentrar seus esforços em seu negócio principal, nas metas de
médio e de longo prazo e na diversificação de oportunidade”.
O fato é que, atualmente a terceirização é uma estratégia de competitividade muito usada por
empresas de todos os setores da economia mundial, com mais intensidade e freqüência nas
empresas dos países economicamente desenvolvidos.
Para Martins (2005) nos anos 90 a terceirização virou uma “onda”, no entanto, a freqüência e as
formas de uso começaram a preocupar o Ministério do Trabalho – MT, porque a relação mostrou
fraudes, fato que estimulou o Ministério do Trabalho a editar uma Instrução Normativa de nº7/90,
que posteriormente foi revogada pela Instrução Normativa nº3, de 29/8/1997. A partir de então o
Ministério do Trabalho passou a fiscalizar o trabalho nas empresas de prestação de serviços a
terceiros e nas empresas de trabalho temporário.
Outro ganho para a terceirização com a implementação da Instrução Normativa de nº. 3/97 refere-se
à discriminação conceitual que a norma faz em relação à constituição da empresa contratante e da
empresa contratada, bem como das responsabilidades e do limite de ação do de cada uma e, assim
determina:
45
Neste contexto, torna-se importante conhecer as características e os modelos desta relação, bem
como, os contratos e os valores que a transformam em uma parceria genuína.
Modelos de Terceirização:
Terceirização Tradicional – Consiste em uma prática simplista de transferir para outros, no caso
os terceirizados, as despesas relacionadas aos encargos sociais e as responsabilidades tributárias,
através da subcontratação de serviços ou de atividades consideradas “não-essenciais” para a
organização, mas integrantes de suas necessidades.
Características do modelo:
Objetivo: Repassar funções de apoio para um fornecedor especialista a fim de reduzir custos e
concentrar os executivos nas questões centrais.
Características do modelo:
Objetivo: Atualizar processos não-centrais com o objetivo de reduzir despesas e propiciar maior
flexibilidade para responder às constantes mudanças do negócio.
Papel do Parceiro: Responsabilizar-se pelo o redesenho e pelo gerenciamento dos processos não-
centrais.
46
Abordagem: Serviços flexíveis e personalizados / Preço baseado no valor obtido / Serviços
escalonáveis para atender as constantes mudanças do negócio.
Benefícios Típicos: 50% de redução de custos / Acesso a qualificações competitivas / Melhoria das
oportunidades de carreira / Melhoria do foco gerencial / Nível de serviço mais alto e uniforme /
Maior flexibilidade e velocidade/ Risco operacional compartilhado.
Características do modelo:
Objetivo: Transformar a maneira pela a qual a empresa funciona, de forma a alcançar uma melhoria
de desempenho drástica e sustentável por toda a empresa.
Abordagem: Serviços integrados para mudar o negócio radicalmente / Estrutura financeira baseada
em resultados / Compartilhamento de riscos / Prestação de serviço acelerada.
47
A área de vendas desenvolve estratégias, monitora constantemente o mercado-alvo e as ações da
concorrência e avalia o desempenho de sua força de vendas. Realiza também as previsões de
demanda e controla o giro dos estoques de produtos acabados, para evitar que determinados itens
encalhem nos depósitos.
A área de vendas gera as previsões de demanda que podem ser de longo, médio e curto prazo.
O processo de compras tem por função negociar e adquirir matérias-primas, aviamentos, acessórios,
materiais indiretos e serviços necessários à produção, pelo melhor preço, no prazo definido e de
acordo com as quantidades e especificações pré-estabelecidas.
O processo de compras normalmente é desencadeado após a elaboração do plano de produção. A
partir da estrutura analítica de cada produto é realizada a explosão de materiais, isto é, relacionam-
se todos os componentes e partes de cada modelo e multiplicam-se pelas quantidades programadas.
Posteriormente, as quantidades demandadas de cada item são subtraídas dos estoques existentes e o
resultado são as necessidades a comprar.
O processo de compra envolve também a busca de novos materiais e novos fornecedores; a
negociação para obtenção de melhores preços e condições de pagamento; a colocação dos pedidos,
o acompanhamento e o recebimento das compras; a compra de serviços industriais e a venda de
resíduos.
Segundo Fleury e Vargas (1993), até 1981 o processo produtivo da indústria de confecção tinha
inicio com o desenvolvimento do molde, sendo até considerado como a “criação” dos modelos a
serem fabricados. Neste sentido a concepção do produto limitava-se a copiar e/ou alterar os
48
produtos já confeccionados. Em um contexto onde para a grande maioria das empresas não havia a
preocupação com o desenvolvimento de um estilo próprio, que personalizasse a marca do produto,
limitando-se apenas em reproduzir. O design de moda 2 mudou esse panorama, proporcionando aos
fabricantes, estilo ao produto, e caracterizando a indústria de confecção como a indústria da moda,
com forte representação na cadeia têxtil, e na mesma proporção em que produz moda, alimenta
simultaneamente outros setores da economia. Isto se deu com a inserção do profissional de moda no
setor de confecção. A partir de então o processo de trabalho neste tipo de indústria tornou-se mais
complexo, porém, mais definido em relação às etapas do processo de desenvolvimento, de execução
e de finalização do produto, proporcionando definir um fluxo de atividades em ordem de
necessidades, e de criar interdependência de processos entre os setores.
O processo de trabalho na indústria de confecção geralmente tem uma divisão em dez etapas com
atividades específicas e interdependentes, podendo ser acrescentado de outras atividades,
dependendo do produto, mas nunca reduzido, porque esse processo constitui o que é básico e
fundamental para a fabricação do produto na indústria de confecção do vestuário, e assim se
representa:
2
O design de moda é uma divisão do design industrial (RECH, 2002, p. 49)
49
a) Criação: Processo de desenvolvimento do modelo ou design seguindo as últimas tendências da
moda, nas formas e nas cores do momento.
c) Pilotagem: Consiste na confecção de uma peça teste, também chamada de piloto, para depois de
pronta ser analisada em relação à viabilidade de mercado, viabilidade de custos e viabilidade de
produção. Geralmente é produzida no tamanho médio da grade de tamanhos que a empresa trabalha
para atender o seu consumidor.
d) Graduação: É a ampliação e redução dos moldes a partir do tamanho médio, para a definir os
tamanhos em que será cortado o modelo.
e) Encaixe e Risco: É o processo de dispor e de encaixar os moldes sobre uma folha de papel na
largura e no comprimento do tecido que será cortado visando a redução do consumo e o seu melhor
aproveitamento. Em seguida são desenhados todos os moldes no papel formando o risco marcador
que servirá de guia para o corte em grande escala. Atualmente existem máquinas eletrônicas e
sistemas interativos computadorizados para fazer a graduação e o risco marcador, com mais
precisão e maior rendimento do tecido.
f) Enfesto: Consiste na superposição das folhas de tecidos sobre uma mesa plana, para o corte em
maior escala mantendo uma borda igualada.
g) Corte: É o corte do tecido já enfestado, feito através de tesoura elétrica de lâmina circular ou de
serra vertical.
h) Sub-montagem e Montagem: É a união das partes da peça e fechamento por meio de costuras.
i) Acabamento: Consiste nas operações finais da peça, como pregamento de botão, de ribites e de
etiquetas. Inclui também a limpeza e o corte de sobras de linha e o refilamento (aparas) de tecidos.
50
k) Beneficiamento de Lavagem: No segmento do jeans é um processo que se tornou obrigatório
em função do movimento da moda, que revitaliza os produtos com efeitos de beneficiamento,
seguindo as novas tendências do mercado. Este processo envolve: a) Desengomagem-que consiste
em tirar o excesso da goma para tornar o tecido flexível e pronto para o beneficiamento; b)
Desbotamento-que consiste no clareamento do tecido através da tirada do excesso do corante índigo
que permeia a superfície do jeans. Este processo é feito manualmente através do uso de lixas ou de
permanganato de potássio, para o desbotamento localizado, ou mecânico com o uso de produtos
químicos na máquina de lavar, para o desbotamento total; c) Apelo Visual-que consistem em
processos de lavagens com desenhos localizados (exemplo: “bigode de gato”).
Existem outros processos que atualmente são comuns nas indústrias que trabalham com produtos de
moda, tais como bordados, aplicações e pinturas, através dos processos de sublimação, policromia,
transfer e silks, feitos na grande maioria em peças ainda cortadas, ficando para o setor de corte e de
colecionamento a responsabilidade de separar estas peças para estes processos que geralmente são
desenvolvidos fora da empresa, serviços terceirizados, e depois de pronto, agrupá-las novamente aos
seus lotes de referência. Isto ocorre com freqüência nas indústrias que trabalham com o segmento
esportivo (Surf wear) e principalmente com segmento de moda feminina, com mais intensidade na
produção da modinha3, que representa o sub-segmento do segmento feminino com características de
produtos com ciclos de vida curta.
a) Estilista – Responsável pela criação das coleções. Profissional com grande criatividade e
sensibilidade e bem informado sobre assuntos relacionados à moda. Um artista por excelência. O
estilista deve conhecer bem as necessidades de consumo do mercado e as expectativas do
consumidor.
b) Modelista – Técnico responsável pela elaboração dos moldes para o corte e a fabricação das
pecas. Ele deve conhecer as proporções do corpo humano, ter grande capacidade de visualização
espacial e conhecer muito bem o processo de produção da empresa. Durante a fase de criação da
coleção assessora o estilista, adaptando os modelos aos métodos de fabricação e elaborando formas
que diminuam o consumo de tecido e o tempo de operação, adaptando a peça para uma produção
em grande escala.
3
Modinha é um sub-segmento do segmento feminino, especificamente blusas, que seguem as tendências da
mídia através de imagens reproduzidas pelos meios de comunicação, principalmente pela televisão.
51
c) Pilotista ou Piloteira – Operador responsável em confeccionar o protótipo, a peça que servirá de
referência para a produção em maior escala. Para tanto, faz-se necessário que o mesmo seja
polivalente para operar em todas as máquinas que envolve a confecção da peça e conhecedor de
processos para escolher o melhor fluxo de operações.
52
distribuição de produtos, na sub-montagem e montagem, qualidade técnica do produto e capacidade
de produção do setor ou dos grupos, bem como conhecer os equipamentos e as máquinas envolvidas
na fabricação do produto e de preferência saber também realizar operações e fazer regulagem de
pontos, que se faz necessário a cada troca de tecido. Atrelado a estes conhecimentos, precisa ainda
ser dotado de conhecimentos sobre relacionamento inter e intra-pessoal e relacionamento inter-
grupal, para conduzir as pessoas a trabalharem motivadas e em prol do desenvolvimento pessoal e
do desenvolvimento da empresa, bem como saber administrar conflitos que ocasionalmente possam
ocorrer durante a rotina do trabalho.
h) Operários Polivalentes – São os operários que conhecem todas as operações do setor onde
trabalham. São fundamentais porque podem substituir os faltosos, mantendo as linhas balanceadas.
53
54
CORTE ALMOXARIFADO MAT.PRIMA FORNECEDORES
CORTE
CÉLULAS COMPRADOR
QUALIDADE
GERENTE DE PRODUÇÃO
ACABAMENTO
ACABAMENTO PCP
INSTRUÇÃO
PROTÓTIPOS
ENGENHARIA
ANALISTA DE CONTRATOS
EXPEDIÇÃO
CLIENTES REPRESENTANTE
Fonte:NUNES(2001)
55
4.3 - Etapas que Constituem o Processo de Trabalho
O processo de trabalho na indústria de confecção pode ser dividido em duas etapas: (1)
Desenvolvimento do produto – que envolve as atividades do processo de criação de modelagem
e de pilotagem; (2) Produção – que tem inicio na graduação dos moldes, que corresponderão aos
tamanhos da grade a ser trabalhada e prossegue até o produto acabado. Consideram-se fases
distintas, uma vez que a primeira etapa trabalha com uma unidade de produto de cada modelo
para análise, e a segunda, trabalha com a multiplicidade dos modelos escolhidos para a
produção.
a) Desenvolvimento de Produto
Nesta fase destaca-se o processo de criação, como o processo que dá início à concepção do
produto e a sua representação gráfica em forma de desenho. É de fundamental importância para
nortear a empresa, quanto às decisões técnicas e administrativas do produto, e geralmente é
desenvolvido por um estilista. É um processo individualizado que envolve conhecimentos
diversos sobre marketing, tecnologia e processos específicos do setor de confecção. Contudo, é
também muito subjetivo, pois o elemento que compõem o processo criativo advém da
experiência que cada ser acumula no seu dia-a-dia e principalmente de como percebem a
construção deste contexto em que viveu. Esta é a razão do estilo que cada profissional atribui ao
produto que, portanto, vêm dá singularidade de cada profissional.
4
Coleção é a reunião ou conjunto de peças de roupas e/ou acessórios que possuam alguma relação entre si
(GOMES apud TREPTOW 2003, p.43)
No entanto, no desenvolvimento de produto, concentram-se as atividades relacionadas
diretamente a modelagem e a prototipagem, onde os esforços concentram-se em definir métodos
de trabalho, características de qualidade do produto, estudo da viabilidade da coleção,
elaboração da ficha técnica de produto e elaboração do mostruário.
•Modelagem e Prototipagem: Nesta fase a coleção começa a pegar forma. Cada peça é
modelada e confeccionada para corpo de prova que pode ser feito em manequim (forma) ou em
modelo vivo, para estudo de aspectos referentes à criação e matéria-prima como: caimento,
equilíbrio e harmonia da peça da peça, bem como aspectos referentes à viabilidade de
produção, de custo e de mercado. A peça piloto como assim é chamada, deve ser produzida em
tamanho intermediário da grade (Exemplo: Grade com tamanhos PP, P e M – o tamanho médio
da grade é o P).
57
PESQUISA DE
MERCADO
PLANEJAMENTO DE
CRIAÇÃO
COLEÇÃO
APRESENTAÇÃO DA
COLEÇÃO
VIABILIDADE DE
MODELAGEM MERCADO
VIABILIDADE DE
P IL O T O CUSTOS
VIABILIDADE DE
PRODUÇÃO
FICHA TÉCNICA
ELABORAÇÃO DO
MOSTUÁRIO
REUNIÃO COM
EQUIPE DE VENDAS
CAMPANHA PUBLICITÁRIA
LANÇAMENTO DA COLEÇÃO
VENDAS
PRODUÇÃO
58
necessidades e expectativas do consumidor, se a empresa dispõe de verbas para a sua produção e
principalmente se a peça pode ser produzida em escala industrial. A quantidade de vezes que se
repete à pilotagem do mesmo modelo depende da política de cada empresa, normalmente as
empresas só aprovam fazer duas vezes a pilotagem da mesma peça. O processo é criterioso e
quando aprovado define e orienta a qualidade técnica do produto. Para Araújo (1996), o design
dá inicio ao ciclo de qualidade da peça de vestuário, pois trás em si os processos, a tecnologia e
a mão-de-obra necessária para torná-lo um produto.
A ficha técnica de produto deverá ser composta do desenho plano representando a frente, as
costas e a lateral do produto, e ainda do desenho em destaque caso o modelo tenha algum
detalhe, e de todas as informações e especificações técnicas necessárias à sua produção, tais
como:
b) Quanto ao Tecido
- Tipo de tecido e amostra (exemplo: sarja, chiffon, simplex e expandex)
- Composição do tecido;
- Fornecedor;
- Metragem e Quantidade (consumo)
- Variante de cores (amostras)
59
c) Quanto aos Aviamentos
- Tipo de aviamento e amostra (exemplo: renda, botões, ilhós);
- Quantidade e/ou Metragem;
- Localização na peça (visualização em destaque)
d) Quanto a Costura
- Fluxo operacional;
- Especificação de medidas (exemplo: barra/ 2,5 cm)
- Tipo de máquina (exemplo: galoneira, duas agulhas)
- Tipo de agulha (nº /ponta)
- Operação (exemplo: barra, braguilha e encaixe de pala)
- Tempo Padrão (estimativa)
f) Processo de Lavagem
- Caso ocorra é importante informar qual o processo escolhido para constar na ficha técnica..
g) Etiquetas
- Interna de Composição e de Tamanho (localização)
- Bandeirola (altura e lado da peça)
- Tag (localização)
- Fantasia (localização)
60
• Elaboração do Mostruário: O mostruário é de fundamental importância para as empresas
que trabalham com representação, e se configura no elo de ligação entre o cliente e o
fornecedor. “É composto por réplicas dos protótipos aprovados e representa a coleção como
um todo” (TREPTOW, 2003, p. 188). Cada peça do mostruário deverá ser acompanhada de
um tag com informações sobre o modelo: referência da na coleção, tecido e composição,
variantes de cor, grade de tamanhos e preço (ibdem).
b) Produção
Na indústria de confecção a produção tem início com o corte do tecido que será enviado para o
setor de manufatura. Seguindo uma seqüência de processos que envolvem: Corte, Sub-
montagem e Montagem, Acabamento, Expedição e Distribuição. Em alguns segmentos de
produtos o processo de produção é intercalo por outros processos de beneficiamento, como:
lavagem, bordados e pinturas, os quais geralmente são desenvolvidos por outra empresa
especialista. O corte do tecido exige um planejamento preciso de tal modo que atenda as
necessidades de produção da empresa, tanto do ponto de vista de manufatura, como de demanda.
Nunes (2001) descreve a atividade de corte em duas etapas: O plano de corte e o risco. Sendo
que o risco é também chamado de risco-marcador porque serve de guia para a operação de corte
do tecido. O plano de corte segundo o mesmo autor tem três funções importantes no processo de
produção:
61
corte e/ou o operador pode cortar e a distribuição das quantidades por tamanho em cada corte, o
que pode levar a um consumo mínimo de tecido. Este trabalho se baseia no consumo do
tamanho médio de venda e visa obter, no menor número de lotes de corte possível, a combinação
de quantidades por tamanho que elimine o total de peças requerido na Ordem de Fabricação,
sem sobras de retalhos dos rolos de tecido usados (Anexo 7).
2. O risco consiste em distribuir sobre a área da folha de tecido determinada para cada lote de
corte, os moldes correspondentes às diversas partes da peça final, de forma a minimizar o
desperdício e ter o menor consumo possível. Calças, bermudas e saias têm partes simétricas e o
corte se faz em pares de folhas. Um par de folhas consiste em duas peças de tecido no tamanho
do risco, estendidas uma sobre a outra com a face direita de uma voltada para a face direita da
outra. Desta forma, a quantidade de partes riscadas é somente a metade da quantidade de corpos
do risco, pois a cada parte riscada em uma folha, sai o seu simétrico na folha que faz par com
ela. Blusas, jardineiras, salopetes e macacões têm partes assimétricas e o corte é feito em folhas
individuais (corte aberto). Tem-se que riscar tantas vezes uma mesma parte quantas sejam a
quantidade de corpos existentes no risco (Anexo 7).
3. O trabalho de fazer moldes para cada tamanho de peça se chama escalonamento e segue uma
proporção entre as diversas medidas. Este trabalho pode ser feito manualmente pelo modelista
ou automaticamente através dos sistemas especialistas de escalonamento e risco (sistemas
CAD). Cada tipo de peça tem uma medida principal, a partir da qual se faz a proporção das
outras medidas e o escalonamento.
Ao planejamento de corte e riscos, segue-se o processo de corte que tanto pode ser manual como
com equipamentos automáticos ou semi-automáticos de enfesto e de corte.
Após o corte, seguem a revisão do corte, a separação, o colecionamento e a etiquetagem com o
objetivo de:
• Agrupar todas as partes das peças por tamanho, cor, referência (modelo), quantidade e
cliente;
• Montar os lotes de referências em pacotes com identificação para ser encaminhadas ao
setor de montagem;
• Separar as peças ou partes, que irão para pintura, bordados ou lavagem;
• Colecionar os lotes de peças que irão para o setor de montagem.
62
4.4 O Processo de Fabricação
O processo de produção tem por função satisfazer às solicitações dos consumidores através da
transformação de matérias-primas em produtos, que devem ser entregues nas quantidades e nos
prazos determinados.
É, portanto, um processo planejado e controlado que recebe materiais, pessoal, capital,
informações e serviços, modifica-os e transforma-os em peças prontas, que são avaliadas em
termos de aceitabilidade, quantidade, custo e qualidade.
É o processo que concentra o maior número de recursos humanos, e portanto, mais predisposto a
falhas, em função do recurso humano ser uma variável difícil de controle dentro de um sistema
de manufatura, em função de problemas relacionados a motivação, ao absenteísmo e demandas
trabalhistas. Em muitas empresas, o processo de fabricação é terceirizado na sua totalidade nas
facções de costura - preparação, montagem e acabamento, ou em parte: costura e serviços de
serigrafia, lavanderia, bordada etc.
Segundo sistema de produção da empresa é definido o arranjo físico (layout) do setor de costura:
por célula, por ilha etc., e cada lote de peças é encaminhado a um determinado local onde se
realizam as operações específicas (preparação de dianteiros, preparação de traseiros, braguilhas,
etc.). Os lotes de peças se movimentam segundo a seqüência de operações estabelecida e são
montados casando as peças cuja numeração na ficha de identificação coincidem.
A montagem da peça pode ser executada por uma única costureira ou por diversas onde cada
realiza uma determinada operação conforme está definido na seqüência de produção da peça.
O acompanhamento dos lotes em processo pode ser realizado por operação ou por subsetor.
“O acompanhamento da posição das peças dentro dos subsetores pode ser feito por operação,
se a empresa utilizar etiquetas com códigos de barra e leitores óticos, ou por subsetor, se a
empresa faz uma inspeção de qualidade e quantidades ao final de cada um, registrando a
passagem na folha de romaneio que é preparada no setor de corte.” (NUNES, 2001).
63
O acabamento é a atividade que pode diferenciar o produto de uma empresa. As operações de
revisão, eliminação de pontas de linha, fixação de botões, passadoria, dobragem cuidadosa e
embalagem podem agregar um valor percebido pelo cliente que se traduz em satisfação e
acréscimo nas vendas.
O lead time ou o tempo de ciclo de fabricação é um ponto crítico e deve atender as necessidades
de rapidez de entrega requerida pelo mercado. É determinado pela soma dos tempos despendidos
em cada operação, a quantidade de peças por lote e das demoras na movimentação dos lotes
entre os postos de trabalho durante o processo de produção.
Existem dois tipos básicos de produção: a produção para estoque e a produção sob encomenda.
64
a produção. O controle de qualidade realiza também inspeções de qualidade em produtos
acabados fabricados interna ou externamente.
Conforme Slack et al. (1997), a produção significa muito para a organização porque produz os
bens e serviços através do processo de transformação conforme o modelo, input-transformação-
output, com atividades correlatas de modo a tender e satisfazer plenamente os consumidores.
Constituindo-se como de vital importância para a sobrevivência do sistema organizacional. O
mesmo autor distingue o significado da produção sob dois aspectos:
I) Produção como Função: é a produção dos bens e serviços para os consumidores externos da
organização.
II) Produção como Atividade: é a produção de bens e serviços pela transformação de recursos
de input para atender clientes internos ou externos da organização.
Entretanto, neste trabalho aborda-se a produção sob o segundo significado, mais especificamente
sobre manufatura, como um sistema de produção. Nesse contexto, Gomes (2002) argumenta que
o layout é o principal foco, e acrescenta que o mesmo tem o poder de flexibilizar o sistema
através da localização física dos recursos de transformação. Podendo minimizar os custos de
processamento, de transporte e de armazenamento de materiais ao longo do sistema de
produção, quando projetado corretamente. Para Gaither & Fraizer (apud GOMES, 2002, P. 93),
“no sistema de manufatura o layout pode ser projetado segundo quatro modalidades: 1) Layout
Funcional por Processo (job shop); 2) Layout em Linha (flow shop); 3) Layout de Manufatura
Celular; 4) Layout de Posição Fixa (project shop)”. No entanto, Barreto (2002), considera que as
características dos três primeiros tipos de layout estão mais relacionados com o sistema de
produção da indústria do vestuário:
1) Layout Funcional: (job shop) “é um sistema projetado para acomodar uma variedade de
projeto e de processamento, sendo freqüentemente utilizado em plantas de manufatura de
baixos volumes que têm um processo intermitente” (GOMES, 2002, p. 93).
65
Na indústria do vestuário esse tipo de layout é bastante utilizado pelas empresas que trabalham
com o segmento feminino, mais especificamente com a modinha, que apresenta características
de uma produção intermitente.
O mesmo autor evidencia a utilização e difusão deste sistema de layout pelas empresas, devido a
facilidade de elaboração, a concentração de habilidade e ao conceito contábil de valor agregado
aceito pelas empresas convencionais. E apresenta duas características básicas que definem a sua
configuração, a saber:
• Máquinas e equipamentos de uso genérico, mas que desempenham a mesma função e são
agrupadas em determinados locais da fábrica, formando os departamentos.
• Máquinas e equipamentos fixos, enquanto o material se desloca buscando diferentes
processos.
Na indústria do vestuário esse tipo de layout é bastante utilizado pelas empresas que trabalham
com o segmento feminino, mais especificamente com a modinha, que apresenta características
de uma produção intermitente.
2) Layout Linear (flow shop): “é um sistema projetado, de modo que o processo de trabalho e
equipamentos são dispostos de acordo com as etapas progressivas pelas as quais o produto é
produzido” (GOMES, 2002, p.96).
De acordo com Ferreira (1996), na indústria do vestuário este sistema de fabricação de peças é
organizado em cadeia onde o trabalho é totalmente parcelado de modo que a operadora realiza o
menor número possível de operações. Segundo o mesmo autor este sistema de produção segue o
modelo Taylorista – Fordista, com adaptações.
Para Gomes (2002), a escolha por layout linear está diretamente relacionada à padronização dos
produtos que possibilitam “a montagem de uma estrutura produtiva altamente especializada e
pouco flexível, onde os investimentos possam ser amortizados durante um longo prazo”
(Tubino, apud GOMES, 2002, p. 96). Esta argumentação justifica a utilização do layout linear
na confecção de camisaria e de calça social, devido aos modelos se constituírem de operações
padronizadas e repetitivas, estabelecendo um processo contínuo de produção de grandes lotes de
66
produtos. Enfoca-se este segmento de produto, devido à variação das peças ocorrer mais
especificamente em relação às cores dos tecidos, que normalmente seguem as tendências da
moda, fato que não modifica os métodos de montagem das peças.
Gomes (2002) apresenta as vantagens e também as desvantagens para as empresas que utilizam
o sistema de linha de montagem, e abaixo transcreve-se:
Nesse contexto, Ferreira (1996), apresenta outra desvantagens do layout linear, que está
diretamente relacionada a fragmentação das operações e, argumenta que neste sistema de
produção a empresa precisa disponibilizar de maior número de máquinas e de operadores para
fazer o sistema funcionar, elevando assim o custo com equipamentos e com mão-de-obra. O
mesmo autor acrescenta que a produção em linha de montagem limita o operador à execução de
uma só operação durante toda a jornada de trabalho. Fato que interfere na aprendizagem de
67
outros processos operacionais e dificulta ou até mesmo impede o desenvolvimento da
polivalência.
Entretanto, nenhum dos autores nega a importância que esse tipo de layout tem para as indústrias
de transformação, principalmente para as indústrias que trabalham com processos contínuos de
produção. Contudo, segundo Gomes (2002, p. 97), “o layout linear vem passando por
modificações para se adequar à nova concepção de sistema flexível de produção”.
Em relação à configuração do layout celular Heragu e Gupta (apud GOMES, 2002, p.100)
apresentam alguns elementos básicos e ressaltam a importância que cada um representa:
2. Definição do limite máximo para o tamanho da célula e, por conseguinte, para o número de
máquinas na célula, tendo em vista o número de operadores e sua multifuncionalidade
operacional;
68
4. Adequação do sistema celular às necessidades impostas pela tecnologia, segurança,
flexibilidade e movimentação do fluxo de materiais.
Após a organização e definição do layout celular, que normalmente tem forma de “U”, observa-
se que o sistema funciona como mine fábricas dentro de um mesmo setor fabril, formado por
grupos compactos de produção, nos quais a fabricação das peças percorre por um reduzido
número de operadores que têm conhecimento de toda a seqüência operacional e do ciclo de
produção de um determinado produto. Desse modo, “A célula em si pode ser arranjada segundo
um arranjo físico por processo ou por produto” (SLACK, 1997. p. 214). Nesse sentido, Elias e
Tubino (2003), ressaltam que para as indústrias de confecção, principalmente para as que
possuem um processo produtivo por lotes, caracterizando-se como uma produção intermitente,
esse tipo de layout proporciona aumento nos níveis de produtividade, frente às vantagens que o
sistema oferece, e assim as definem:
É importante lembrar que ao organizar uma célula de produção, vários aspectos devem ser
considerados, não necessariamente restritos a uma boa distribuição dos equipamentos, mas
também, em relação à escolha dos operadores que irão compor o grupo. Neste sentido, deve-se
avaliar a polivalência de cada um, e considerar a afinidade e o relacionamento existente entre
eles. Pois é preciso que haja uma boa interação entre os operadores, para que o arranjo físico e a
polivalência proporcionem efeito favorável.
Aliado a esses Sistemas de Produção, Ferreira (1996), apresenta o Sistema de Produção Semi-
Artesanal que ainda é usado por algumas indústrias de confecção do vestuário, principalmente,
as que trabalham com exclusividade de modelos, mais restritamente as indústrias do segmento
feminino, que trabalham com lotes muito reduzidos, chegando a fazer uma unidade por modelo,
69
como é o caso das empresas que trabalham com roupas em estilo voltado para festas, também
chamado de esporte fino.
Nesse tipo de produção, o tempo operacional da peça não tem a mesma importância que tem em
uma produção em série, e a base do custo está diretamente relacionada à qualidade e a estética
da peça depois de pronta. Apresenta como desvantagens elevado tempo de fabricação, de
transporte de material e de setups. Além de máquinas ociosas, devido ao processo ser
desenvolvido apenas por um operador. Em contra partida apresenta como vantagem maior
flexibilidade da produção, polivalência de mão-de-obra, maior integração do grupo e funcionário
com conhecimento de todo o processo produtivo. No entanto, a automação dos processos é
menos aplicável e conseqüentemente não há padronização nos processos, devido ao fato do
sistema trabalhar com produtos que na grande maioria são sobre medida.
O mesmo autor acrescenta que o Sistema de Produção da Indústria do Vestuário encontrou uma
maneira de aumentar a sua produção através da transferência de algumas atividades produtivas,
principalmente em relação à montagem das peças, para outras unidades produtivas através da
subcontratação da mão-de-obra, também chamadas de facção.
Segundo Ferreira (1996), este sistema de produção consiste nos serviços que uma unidade
produtiva presta a outra empresa sem nenhum vinculo jurídico, sendo remunerada por peça
confeccionada, com preços diferenciados das peças confeccionadas na própria empresa. Para o
mesmo autor esta prática é usada como uma forma de ampliar a capacidade produtiva nos
períodos de “pico” de demanda e/ou para reduzir os custos de fabricação, através da redução de
encargos sociais com funcionários e de impostos. Ainda segundo o mesmo autor isto ocorre
devido ao fato de que a maioria das oficinas de facção não é cadastrada na Junta Comercial e por
isto não emitem Nota Fiscal. Neste contexto, no setor confeccionista há duas espécies de
Unidades Produtivas que prestam serviços de facção: A Unidade Produtiva Habitual e a
Unidade Produtiva Ocasional. A primeira é estruturada exclusivamente com esta finalidade,
dispondo apenas dos equipamentos e da mão-de-obra essenciais à atividade de confecção da
peça. A segunda normalmente é uma estrutura indústria de confecção de pequeno porte 5 que em
período de baixa demanda, presta este tipo de serviços para outras indústrias como uma
5
De acordo com o SEBRAE as empresas podem ser classificadas pelo número de funcionários: Micro – de 1 a 19;
Pequena – de 20 a 99; Média – de 100 a 499 e Grande – acima de 500 funcionários.
70
estratégia de manter o seu quadro de pessoal. De qualquer modo, a terceirização no setor de
confecção tem se estruturado no “Modelo de Terceirização Tradicional”, onde o terceirizante, ou
o contratente, tem interesse concentrado na redução dos custos fixos e na transferência de
encargos sociais.
71
Independente do tipo de facção e do segmento de produto percebe-se que o grande problema
nesta relação reflete na qualidade técnica da peça terceirizada, que precisa manter o mesmo
padrão, de modo que os lotes de produtos acabados mantenham as mesmas especificações de
produção. Talvez esse problema esteja atrelado às relações contratuais e as relações de trabalho
entre as empresas que trabalham com terceirização.
• Departamento de Vendas – deseja que PCP exerça pressão sobre a produção e que
“seja seu intérprete dentro da fábrica, tornando a produção tão flexível quanto possível, a fim de
atender as oscilações das vendas e mudanças de prioridade no atendimento dos clientes”.
(Russomano, 1986).
• Departamento de Produção – deseja que os programas de produção solicitem grandes
quantidades dos mesmos modelos para aumentar a eficiência e diminuir os custos.
• Departamento Financeiro – deseja que sejam cumpridos os planos de produção para que
possa se atingir o faturamento previsto e o conseqüente ingresso de recursos monetários na
empresa.
72
Na fase de planejamento algumas informações são de extrema necessidade, como:
• As informações sobre as necessidades a produzir, que é igual à demanda menos os estoques e
os produtos em processo;
• As informações sobre as necessidades de materiais e serviços para produzir o plano de
produção, que é igual ao total de materiais necessários menos os estoques e os pedidos pendentes;
• As informações sobre o número de máquinas e equipamentos necessários para fabricar os
produtos solicitados, ou seja, as capacidades, disponibilidades e eficiência de cada centro
produtivo;
• As necessidades de pessoal para atender ao processo produtivo, considerando o número de
turnos, política de horas extras, banco de horas etc.
• As informações sobre a prioridade de produção, se por cliente ou por data de romaneio.
Características de um controle
• Capacidade de adaptação
• Flexibilidade
• Possibilidade ajustes
73
• Tipo de produção
• Arranjo físico de máquinas e de equipamentos
É ou pelo menos deveria ser, de conhecimento geral que maior consumo de matéria-prima, e falta de
racionalização acarretam incremento no preço de custo, compromete a competitividade do produto no
mercado. Como um bom planejamento evita ou reduz ao mínimo o desperdício de material e conduz á
maior eficiência e melhor qualidade do produto, muita atenção deve ser dada a esta etapa. Ela envolve
74
desde a criação do modelo até a sua aprovação, passando por uma análise de viabilidade técnica,
modelagem, análise de modelagem, encaixe racional e análise de viabilidade econômica.
Os moldes são peças em papel, que procurando seguir as formas do corpo humano, servem de base
para corte de tecidos. Eles podem ser Simétricos e Assimétricos:
• Simétricos – São aqueles que servem para cortar peças em pano que vestem de maneira igual
os dois lado do corpo humano (direito e esquerdo) porem separadamente.
• Assimétricos – São aqueles que servem para cortar peças em panos que se prestam para vestir um
único lado do corpo (o direito ou o esquerdo), porem formando peça única ou que apresente
algum detalhe no lado direito que seja diferente do lado esquerdo ou vice-versa.
b) Tipo de Tecido
Para efeito de posicionamento dos moldes de uma peça sobre um pano que deva ser cortado com eles,
é necessário classificar esse pano quanto a sua aparência :
75
• Se mantém inalterada sua cor ou tonalidade independente do angulo de onde esteja
sendo analisado;
• Se muda de tonalidade de acordo com o sentido para onde forem deslocados os
seus pêlos;
• Se tem direito e avesso;
• Se não tem direito e avesso;
• Se é estampado, observar se a estampa tem pé;
• Se é estampado, observar se a estampa não tem pé.
c) Tipos de Enfesto
Para conhecermos os tipos de enfestos, primeiro faz-se necessário saber o que é enfesto ou
enfestamento. Chama-se enfestamento a operação manual ou mecânica, pela qual o pano é estendido e
sobreposto em camadas ou folhas completamente planas e alinhadas nas bordas.
O enfestamento mecânico é de qualidade e rendimento superior ao manual, porem exige um
investimento grande em equipamentos. A maior parte das indústrias brasileiras prefere o enfestamento
manual, em virtude da abundância de mão-de-obra e de seu baixo custo. Todavia, a seleção de mão-
de-obra deve ser criteriosa, uma vez que a qualidade do enfesto tem muita influência no corte.
76
Durante o enfestamento é comum os tecidos apresentarem defeitos, os quais podem ser eliminados, ou
desviados durante o encaixe dos moldes. O grau de aceitabilidade e de tolerância de defeitos nos
tecidos depende da política da qualidade que a empresa adota em relação aos tecidos que usa e do
relacionamento com o seu fornecedor. Geralmente, se estabelece uma tabela com critérios de valores
para se aceitar ou rejeitar uma peça de tecido, ou até mesmo, para devolver ao fornecedor. Os defeitos
mais comuns são:
• Defeitos localizados num ponto do pano: buracos, fios grossos, sujeira, etc.
• Defeitos no pano em toda a sua largura;
• Defeitos no pano em todo o seu comprimento;
• Zonas manchadas no pano.
Para auxiliar no alinhamento das laterais do pano enfestado, existem grampos ou garras apropriadas
para firmar o pano na mesa, conservando as dimensões determinadas pelo encaixe, existem também
apropriados que são parafusados por um cabo, controlam o comprimento do pano.
No enfestamento manual a primeira camada ou folha do pano, deve ser estendida sobre um papel no
tamanho e largura do enfesto programado, o mesmo serve para dar deslocamento das partes do molde
a ser cortado.
77
• Fio reto ou curso (no caso de malhas) paralelos as laterais da mesa de corte;
• Mesma tonalidade em toda
• A extensão do enfesto e em todas as camadas da mesma cor;
• Enfesto proporcional ao tamanho e largura da mesa de corte ou de preferência menor 10cm
para favorecer a mobilidade do mesmo.
Tipos de enfesto:
• Enfesto único: é aquele em que todas as camadas ou folhas do tecido são superpostas com a
mesma face (direito ou avesso) voltada para o mesmo lado.
• Enfesto par: é aquele em que as camadas ou folhas do tecido estão com essa mesma face para
baixo (lado direito voltado para o lado direito e lado avesso do pano, voltado para o lado avesso)
(Figura 10)
DIREITO DO TECIDO
78
É a maneira como os moldes são riscados sobre a área do pano enfestado ou sobre um papel na
largura e comprimento úteis do enfesto, sobre os quais são transportados os contornos e marcações de
diferente moldes correspondentes a tamanho e/ou modelos distintos.
Para definição de um risco marcador é preciso conhecer técnicas relacionadas aos moldes, ao pano a
ser cortado, ao tipo de modelagem e ao tipo de enfesto.
O risco marcador é, portanto, o traçado dos moldes com todas as indicações cabíveis, para guiar a
tesoura de corte.
É o percentual de peças de qualidade inferior às demais peças. Por apresentarem diferentes defeitos de
fabricação e que portanto são separados das peças perfeitas.
O setor de risco e corte é considerado um setor estratégico na indústria de confecção, pois dele
depende o padrão técnico e o nível de qualidade do produto, sendo responsável por parte do
assentamento da peça, pois o encaixe deve ser feito obedecendo ao sentido do fio do pano
(especificamente tecidos planos) conforme indicação que devem fazer parte de cada molde.
Neste setor, todas as atividades desenvolvidas devem ser executadas com bastante critério, pois o
planejamento e execução de risco e corte é um processo complexo e cuidadoso e uma falha ainda que
milimétrica leva erros de encaixe para a preparação e de confecção na montagem das peças, causando
paradas no processo produtivo, retrabalho, baixa no nível da qualidade do produto, eleva o tempo
operacional, eleva o custo total da peça e consequentemente ocasiona perda de produtividade.
Existe também o sistema de corte computadorizado, onde o computador produz um disquete para
comandar o sistema de corte automático. Contudo a realidade das indústrias de confecção em
Fortaleza é outra, bem diferente e o planejamento de risco e corte segue as etapas já citadas
anteriormente pelo processo manual de:
79
Enfestar – sobrepor duas ou mais folhas de pano sobre a mesa de corte até a altura do enfesto
planejado. Quanto maior o comprimento do pano enfestado, tanto maior o aproveitamento e
rendimento em peças.
Etiquetar – identificar a referencia do modelo, manequim e o nome da parte da peça, com etiqueta
auto-adesiva.
Lotear – reunir todas as partes da peça em um pacote ou lote identificado. A quantidade de peças em
cada lote depende da especificidade do modelo e do sistema de produção utilizado.
80
Objetiva determinar os tempos padrão de operação para cada operação industrial. Eles servem como
base para determinar a meta das operações, o cálculo dos incentivos salariais, a eficiência das
operadoras, o balanceamento das células e o custo de fabricação.
Divisão da operação em elementos: A operação pode ser dividida em partes menores, chamadas
elementos. A razão para efetuar esta divisão é:
1. Separar o trabalho manual daquele feito pela máquina e determinar sua duração;
2. Separar os elementos cíclicos dos não cíclicos;
3. Separar os elementos variáveis dos constantes;
4. Determinar em qual elemento a operadora sente mais dificuldade, para retreina-la.
Avaliação do ritmo: Determinação a constância da velocidade com que a operadora realiza seus
movimentos ao executar a operação.
Tipo de cronômetro:
1. Sexagesimal – Dividido em 60 segundos, tal como um relógio;
2. Centesimal – Dividido em 100 partes. As operações centesimais são mais fáceis de realizar,
pois não precisão de conversão da base, tal como quando é sexagesimal.
81
Métodos de Cronometragem
a) Leitura contínua com cronômetro de 1 só coroa – O cronômetro não vai zerado a não ser no final
dos ciclos de observação da operação. O cronometrista anota o tempo referente ao final de cada
elemento e calcula por subtração o seu valor.
c) Leitura repetitiva com três cronômetros de uma só coroa – Posicionados em uma prancheta com
uma alavanca que aciona os três cronômetros ao mesmo tempo. Regula-se para o primeiro iniciar, o
segundo parar e o terceiro retornar a zero. A cada elemento se aciona a alavanca, o que possibilita
anotar o tempo com o cronômetro parado.
82
Segundo Araújo (1996), o design dá início ao ciclo de qualidade da peça do vestuário, pois trás em si
e de forma tridimensional todos os processos, a tecnologia e a mão-de-obra necessários para o seu
desenvolvimento e manufatura, e acrescenta ainda que o mesmo deve ser compatível à capacidade
fabril. Portanto, não pode conter traços ou linhas estilísticas com movimentos que impossibilitem ou
comprometam a sua interpretação durante o seu desenvolvimento, uma vez que entre o design e
produto pronto e acabado existe um longo caminho a ser seguido. Por isto deve ser expresso em forma
de desenho técnico com todas as especificações necessárias, para facilitar a elaboração dos
procedimentos de fabricação e estabelecer um padrão. Neste contexto torna-se imprescindível ao
designer de moda conhecer a estrutura da fábrica antes ou enquanto desenvolve o projeto da coleção.
Slack et.al. (1997) considera que o controle da qualidade partindo do projeto proporciona o
detalhamento de ações que são fundamentais para nortear a produção: (1) Definição das características
de qualidade do produto; (2) Definição da medida de cada característica; (3) Estabelecimento de
padrões de qualidade; (4) Controle da qualidade em relação aos padrões estabelecidos anteriormente;
(5) Detecção e correção das causas da baixa qualidade; (6) Continuação permanente de melhoria.
Estes são pontos fundamentais que contribuem decisivamente para a produção atender as
especificações da qualidade, e acrescenta que a garantia de que um produto ou serviço esteja conforme
as especificações é uma tarefa
chave da produção.
.
Rech (2002) defende que a qualidade no produto de moda deve atender a cinco fatores principais (com
valores distintos em um produto): (a) Qualidade Estética – envolve os aspectos das influências da
moda e a sua adequação às tendências do gosto do consumidor; (b) Qualidade Onerosa – envolve a
adequação da matéria-prima e o melhor aproveitamento dos recursos produtivos; (c) Qualidade
Conceitual – envolve a função específica da peça e a sua adaptação à solicitação para o uso final; (d)
Qualidade de Produção envolve as técnicas e os processos de produção usados na fabricação para
desenvolver um padrão; (e) Qualidade Comercial – envolve a apresentação do produto acabado, prazo
de garantia, lançamento do produto, serviço pós-venda (entrega e assistência ao consumidor) e o
preço.
83
Lisboa (1987, p.23), afirma que “o Controle de Qualidade objetiva produzir itens de produção a níveis
satisfatórios, ao invés de apenas separá-los ao cabo de sua feitura. Pode-se afirmar, de modo simples e
resumido, que o Controle de Qualidade abrange quatro tarefas inter-relacionadas”:
De acordo com Lisboa (1987), para se formar uma base comum de inspeção, devem ser desenvolvidas
as Especificações de Qualidade, que fornecem condições para uma avaliação uniforme por todas as
pessoas envolvidas na inspeção. As mesmas devem ser estabelecidas antes da fabricação do produto,
tendo o cuidado com a linguagem para a comunicação e com os padrões determinados, que sejam
possíveis de serem atingidos.
Na fabricação de um produto, é comum existir operações mais complicadas que outras, as vezes, isto
está associado ao grau de risco que expõe à estética ou as medidas de tamanho da peça. Para estas
operações é importante uma descrição simples de todo o procedimento, e um parâmetro para a
tolerabilidade em relação aos níveis da qualidade. Para a construção deste parâmetro é importante a
84
empresa identificar os possíveis defeitos dentro de grupos que serão classificados como: (1) Defeitos
Críticos – qualquer defeito que põe em risco a venda do produto e que se mostre de natureza
irreparável; (2) Defeitos Grandes – qualquer defeito que põe em risco a venda do produto, mas que é
de natureza reparável, normalmente são defeitos percebidos pelo consumidor; (3) Defeitos Pequenos –
qualquer defeito que não põe em risco a venda do produto, que pode ou não exigir conserto e que só é
percebido pelo operador. Neste contexto, Nunes (2003) considera que a qualidade é fruto de
informação efetiva, do treinamento e da conscientização dos objetivos de quem produz. E evidencia
que esta comunicação deve ser formal por meio de especificações. Segundo o mesmo autor, somente
as especificações definem com clareza o que se espera como resultado final do processo produtivo.
Contudo, de acordo com a finalidade, a forma e o conteúdo, estas especificações variam, admitindo-se
três tipos: especificações de matérias primas, especificações de produtos acabados e especificações de
fabricação (ibdem).
a) Especificação de matéria-prima – Visa identificar tudo que está relacionado aos materiais, e tem
3. As características do material
4. O plano de inspeção
5. Os métodos de ensaio
1) Medidas Finais
85
Medidas depois da lavagem 3 5 7 9 11 13
Entrepernas 31 31 31 31 31 31
Cintura (no topo) 26 27 28 29 30 31 1/2
Quadril ( 8” abaixo da borda da cintura) 36 1/4 37 1/4 39 1/4 39 1/4 40 1/4 41 3/4
Coxa (1” abaixo do cotovelo) 21 1/4 22 22 3/4 23 1/2 24 1/2 25 1/4
Joelho ( 13” abaixo do cavalo) 16 16 1/2 17 17 1/2 18 185/8
Boca 21 1/2 21 3/4 22 22 1/4 22 1/2 22 7/8
Gancho dianteiro 1 0 1/4 10 5/8 11 11 3/8 11 3/4 12 1/8
Gancho traseiro 13 1/4 13 5/8 14 14 3/4 14 3/4 15 1/8
2) Características Visuais
a) Costuras: Tolerância de ½” em todas as costuras do corpo, exceto 3/8” na borda do cós, centro do
dianteiro e abertura em V para os ilhoses e bocas de bolso dianteiro;
Referência: 5035
86
2001
” 005 Pranchar bolso traseiro Bolso traseiro Serviço Manual 0,73
” 006 Fechar fundilho Traseiro Fechadeira 4001 0,30
” 007 Marcar altura bolso Traseiro Serviço Manual 0,33
traseiro
” 008 Pregar bolso traseiro Bolso e traseiro 2 Agulhas 2002 1,20
” 009 Pregar etiquetas Traseiro 1 Agulha 1002 0,88
b) Controle na Preparação: Checagem da fixação dos bolsos dianteiros e braguilha nos piques.
lavagem
87
Considera o planejamento a base para se atingir em níveis mais econômicos a qualidade desejada do
ponto de vista da empresa e principalmente do consumidor.
O Controle da Qualidade na indústria de confecção é desenvolvido através da inspeção que pode ser:
(1) Com relação às características pesquisadas; (2) Com relação as quantidades inspecionadas
(ibdem).
a) Por atributo: neste caso a unidade do produto é classificada como boa ou má, verificando a
presença ou a ausência de determinadas características qualitativas.
b) Por variáveis: é a inspeção onde se pesquisam às variáveis, isto é, a grandeza assumida por
determinados valores numa mesma escala continua.
Considerando que a inspeção é de muito uso nas indústrias de confecção, é bom lembrar que não
pode ser confundida com o controle da qualidade, porque se restringe à parte e não ao todo. Portanto,
caracteriza-se como uma das etapas do controle. Neste contexto, é importante ressaltar que a prática
mais usada nas indústrias de confecção é a de inspecionar o produto por atributo, de tal modo que
separa as peças boas no final da fabricação. Esta prática coloca em risco os resultados e a quantidade
de produtos que poderão competir no mercado. Contudo, se a inspeção ocorrer no recebimento da
matéria-prima, no processo de fabricação, no equipamento e na finalidade do produto, os resultados
serão favoráveis à qualidade. Neste sentido, o acompanhamento em todas as etapas do processo
corresponderá às atividades do controle, e proporcionará a garantia da qualidade.
88
4.15. Ferramentas de Controle da Qualidade na Indústria de Confecção
Quanto aos dados estatísticos para acompanhamento do comportamento do processo uma boa
ferramenta da qualidade é a Lista de Verificação (Tabela 4), que permite fazer uma planilha para
coleta de dados, de forma a facilitar a identificação de um problema, a freqüência em que ele ocorre e
o percentual em proporção ao lote em processo. O processo consiste em listar em forma de planilha
todas as operações que serão inspecionadas, o número de peças da amostra, o tipo e número de
defeitos, bem como o seu percentual em relação à amostra. Os dados coletados na Carta de
Verificação permitem um estudo quanto aos tipos de defeitos e a freqüência em que eles ocorrem,
possibilitando identificar as causas e nortear ações para treinamento e qualificação. Deve ser aplicada
para coleta de dados das operações mais críticas do processo durante a fabricação e na inspeção final
do produto, para identificar a quantidade de peças não conforme e manter o processo sob controle.
Em função da tecnologia, existem atualmente máquinas de costuras para funções específicas, com
nomeclaturas diferentes, que variam de ponto fixo para ponto corrente e máquinas com circuito
89
programado como a máquina de casear, a máquina de travete e a máquina de lifigrana, máquinas
de base plana, de base elevada, máquinas de coluna, máquinas de base cilíndrica, máquina de
braço... È fundamental antes de desenvolver um produto conhecer a tecnologia que dispõe a
empresa para garantir a qualidade técnica do produto através da padronização das operações. A
adequação de máquinas, de agulhas e de linhas garante a qualidade da costura e o caimento da
peça ao corpo. Portanto, antes de começar a trabalhar em uma empresa é indispensável ao
profissional de moda conhecer toda estrutura da empresa, tanto em relação à tecnologia
disponível, como em relação à mão-de-obra e a sua capacidade fabril.
90
91
92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NUNES, Fernando Ribeiro de Melo. Curso de Confecções. Apostila de sala de aula. Fortaleza.2001.
93
94