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Raul Pompéia
Claudia Moraes Dal Molin
Karen Dutra Goes
O autor - Raul Pompeia
● Nasceu em 12 de abril de 1863, em Angra dos Reis,
Rio de Janeiro;
● Filho de família abastada;
● Cursou Direito na Faculdade do Largo São Francisco,
mas não exerceu a profissão;
● Apoiava a causa da abolição;
● Escrevia em vários jornais, inclusive com pseudônimos (Pompeo Stell,
Raulino Palma e Rapp);
● Foi presidente da Academia Brasileira de Belas Artes e diretor da
Biblioteca Nacional;
● Era crítico de arte;
● Aos 25 anos, publica O Ateneu, em formato de folhetins, entre janeiro e
março de 1888;
● Suicidou-se em 25 de dezembro de 1895, na presença da mãe;
● Não foi casado e nem teve filhos;
● Deixou as últimas palavras em um bilhete:
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.”
Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das
ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor
doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos
cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais
sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da
vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo nos, entretanto, com
saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro
aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das
decepções que nos ultrajam. (p. 02)
Espaço:
● Dentro do colégio;
● Fora do colégio.
Tempo:
“Era boa a priminha. Mais velha do que eu três anos, carinhosa, maternal comigo.
Brincava pouco, velava pelos irmãos, pela ordem da casa, como uma senhora. Tinha os
olhos grandes, grandes, que pareciam crescer ainda quando fitavam, negros, animados
de um movimento suave de nuvem sobre céu macio; o semblante claro, branco, puro,
de marmórea pureza, coando uma transparência de sangue a cada face. Raro falava;
desconhecia a agitação, ignorava a impaciência. Sabia talvez que ia morrer. “ (p. 29)
● Forte críticas às instituições sociais;
“Depois da distinção do curso primário, foi esta cabra o meu maior orgulho.
Retocada pelo professor, que tinha o bom gosto de fazer no desenho tudo quanto não
faziam os discípulos, a cabra tibetana, meio metro de altura, era aproximadamente
obra-prima. Ufanava-me do trabalho. Não quis a sorte que me alegrasse por muito.
Negaram-me à bela cabra a moldura dos bons trabalhos; ainda em cima — considerem
o desespero! exatamente no dia da exposição, de manhã, fui encontrá-la borrada por
uma cruz de tinta, larga, de alto a baixo, que a mão benigna de um desconhecido
traçara. Sem pensar mais nada, arranquei à parede o desgraçado papel e desfiz em
pedaços o esforço de tantos dias de perseverança e carinho.” (p. 71)
● Alto grau de ceticismo em relação à sociedade.
“Calculem agora que estava entre os convidados o Dr. Zé Loto, pai de um aluno,
devoto jurado e confirmado das instituições, irmão de não sei quantas ordens terceiras,
primo de todos os conventos, advogado de causas religiosas, conservador em suma,
enraivado e militante. O sebo da tirania caiu-lhe nos melindres como um pingo de vela
benta.
‘Protesto!’ rugiu, rubro e rouquenho, dilacerando as barbas e erguendo o punho.
Não podia admitir que viessem à sua vista ensebar as instituições! Por maior desgraça
estava também presente o Senador Rubim, avó de outro aluno, senador de maus bofes,
um pai da pátria padrasto, sem considerações nem papas na língua.” (p. 54)
Referências
https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Pompeia
http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=570
https://www.culturagenial.com/o-ateneu-de-raul-pompeia/
http://origin.guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/materia_410610.shtml