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filhas com uma pistola na cintura. Disparam se o cliente abusa. Não se acham
diferente, quatro homens que não educam, não sustentam nem vêem os filhos.
“Por isso eu dei a Sarah. Ela pelo menos vai ter uma vida diferente da
minha e dos irmãos dela. Vai ter um pai, uma casa e tudo que um filho tem que
das Neves, 25 anos, policial federal que não resistiu quando a menina chegou
aos seus braços. Estava enrolada num pano, tinha dois meses de vida e sofria
com uma forte pneumonia. Roberson jurou acolhê-la para sempre. “Agora
são capazes de ser muito mais do que mães. São capazes de ser mães e pais
adotivos.
conseguir educá-la longe do mundo onde foi concebida”, planeja e diz que no
que depender dele Sarah estará livre do pesadelo que a mãe carrega nas
costas há oito anos: uma frase escrita pelo punhal de um cliente – “a vingança
de sua herdeira. Karina Gabriela, 18 anos, morena que trocou o colégio pela
Termina nua e suada. Agradece e vai para casa. Mora com a família nos
com 75 mil habitantes separados do Brasil por uma única rua de terra com 15
metros de largura. Do outro lado está Ponta Porã (MS), onde Karina faz aulas
“Minha mãe escolhe as fantasias. Ela não me deixa fazer programa com
sombria, onde os limites da moral, da lei e das nações são tão frágeis quanto o
corpo da menina que rebola diante do olhar orgulhoso da pistoleira que a pariu
quase Paraguai, com ruas sujas e mulheres tristes que vendem o corpo em
identificados pelas cores do muro ou pelo apelido das donas – Mansão Rosa.
“Antes eu era dona Maria. Hoje sou Tia Maria. Eu era uma mulher
decente. Hoje vivo na zona”, desabafa Maria Alda Valdez, viúva que virou a
vida do avesso quando o marido foi assassinado há sete anos dentro de uma
igreja em Rondônia.
num cortiço. Hoje é dona de seu próprio negócio, agencia meninas, tem um bar
e uma família. Moram num prédio de dois andares com um botequim na frente
difícil. Para elas e para mim”, diz Maria, 38 anos de idade, mãe de Francielle e
de Priscila e avó da pequena Maria Fernanda. “Por mais que eu saia dessa
vida, essa vida não sai de mim. Vai ficar na minha neta e nas minhas filhas”,
diz.
A mais nova das Valdez tem um ano e oito meses de vida e já conhece a
sexo por dinheiro e sabe que mesmo que tivesse feito a legislação brasileira
que as brigas sequem o leite de seu peito. Aprendeu com a mãe a proteger a
cria:
filha da puta, qual teu preço, já fiz isso e aquilo com a tua mãe.” Já recebi um
monte de proposta. Tem homem que já quis me pagar US$ 5 mil. Nunca aceitei
porque não quero isso para mim. Não tenho nada contra as prostitutas, mas
filhos com o maior carinho. Conheço filhos de prostitutas que têm a maior
trabalho do de casa, explica a psicóloga. “Isso vale para todo mundo. Não faz
sentido uma policial carregar o filho para caçar bandidos na rua. Tampouco
uma médica deve levar seu bebê para plantões em hospitais cheios de
doença”.
Ponta Porã e Pedro Juan Caballero são gêmeas siamesas unidas pela
faixa de fronteira ocupa uma longa avenida com 15 metros de largura, onde um
nota fiscal. De dia, oferecem aparelhos de DVD por R$ 150, câmeras digitais
por R$ 300, casacos de couro por R$ 30. À noite, barganham sexo malfeito por
chamada base. A porção custa R$1. É a pior parte da cocaína, o lixo, o que
sobra após o refino e que tem um rápido efeito estimulante – age no organismo
quando a mãe vai vê-las aos domingos. “Eu choro muito. Eles têm vergonha de
mim e com razão. Sou um lixo, olha pra mim drogada, fedida. Acho que foi
pobreza. A região de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã tem 300 profissionais
do sexo nas ruas, 30% delas com menos de 18 anos e 70% com sífilis,
brasileiros e estrangeiros, homens que viajam com outros homens, dizem que
muito pobre, sem ruas asfaltadas, cheias de pedintes e com algumas lojas
O turismo sexual só é uma farra para quem está do outro lado do balcão,
“Esses homens não vêm ao Pantanal para fazer pescaria. Vem para
biscatearia. Mas são nossos hóspedes, o que eu posso fazer?”, admite Luiza
pela carceragem do Carandiru, em São Paulo, por tráfico de drogas. Assim que
Manuela cresceu sem modelos. Aos nove anos, foi estuprada por um tio
na sala de casa. Aos 12, cansou de ser desrespeitada de graça. Foi se vender
Sentinela que, desde 2001 já atendeu 757 crianças destruídas pelo abuso ou
pela exploração sexual em Corumbá. “Não podemos julgar essas meninas. São
fora da contabilidade do gigolô. Não pode usar calça comprida nem sandália
colegas. Uma vez por mês tem alforria para abraçar sua pequena Natália, de
três anos. Relata cenas de horror, mas se constrange quando alguém pergunta
“Tenho que sustentar minha filha de três anos. A boate só me libera para
vê-la de 30 em 30 dias. Minha filha é linda. Fica com minha mãe. Minha mãe
finge que não sabe o que eu faço. Eu jamais conseguiria num emprego normal
uma renda igual à que eu tenho aqui. Os turistas são ricos. Tem noite que eu
Temporadas de pesca
Boates de luxo
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