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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado

Núcleo Regional de Curitiba

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DO


FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seus


agentes adiante firmados, no exercício de suas atribuições perante o GAECO – Núcleo
Regional de Curitiba, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base nos inclusos autos de
procedimento investigatório criminal do GAECO sob nº. 18/10, oferecer denúncia
contra

1) ABIB MIGUEL, brasileiro, casado, ex-diretor Geral da Assembléia Legislativa do


Paraná, portador do R.G. n.º 30.163-5, inscrito no CPF n.º 027.501.049-90, nascido aos
04/05/1940, natural de Rio Azul/PR, filho de Miguel Pedro Abib e Edviges Abib,
nascido aos 04/05/1940, residente e domiciliado à Rua Jesuíno Lopes, n.º 430, Bairro
Seminário, nesta cidade;

2) JOSÉ ARY NASSIFF, brasileiro, casado, procurador da Assembléia Legislativa do


Estado do Paraná, portador do RG 415.956-0, inscrito no CPF 006.341.239-04, nascido
aos 30/10/1938, natural de Cambuci/RJ, filho de Alfredo Nassiff e Zilá Dias Nassiff,
residente e domiciliado na Rua Nicolo Paganini, 21, Bairro Vista Alegre, nesta cidade;

3) CLAUDIO MARQUES DA SILVA, brasileiro, separado, ex-diretor de Pessoal da


Assembléia Legislativa do Paraná, portador do R.G. n.º 3.023.725-0, inscrito no CPF
n.º 356.322.759-49, nascido aos 23/02/1961, natural de São Sebastião da
Amoreira/PR, filho de Manoel Marques da Silva e Aparecida Tessant da Silva, residente
e domiciliado à Rua Martin Afonso, 2169, AP. 401, Bairro Bigorrilho, nesta cidade;

4) JOÃO LEAL DE MATOS, brasileiro, casado, auxiliar administrativo da Assembléia


Legislativa do Paraná, portador do RG 3.495.378-3, inscrito no CPF n.º 499.937.989-91,
nascida aos 17/05/62, natural de Cerro Azul/PR, filho de Guilherme Leal de Matos e
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Núcleo Regional de Curitiba

Donatilia de Brito Matos, residente e domiciliado na Rua Almirante Tamandaré, nº 510,


Bairro Braga, na cidade de São José dos Pinhais/PR, telefones (41) 3269-1645 e celular
(41) 9983-3500;

5) IARA ROSANE DA SILVA MATOS, brasileira, casada, lavradora, inscrita no CPF n.º
541.561.579-20, nascida aos 02/11/1951, natural de São Sebastião da Ribeira/PR, filha
de Guilherme Leal de Matos e de Donatilia de Britos Matos, residente e domiciliada na
localidade de Morro Grande, na cidade de Cerro Azul/PR;

6) PRISCILA DA SILVA MATOS PEIXOTO, brasileira, casada, estudante, inscrita no CPF


n.º 9.667.919-08, nascida aos 25/12/1986, natural de São José dos Pinhais/PR, filha de
João Leal de Matos e de Iara Rosane da Silva Matos, residente e domiciliada na Rua
Almirante Tamandaré, nº 510, bloco 2, apto. 24, Braga, na cidade de São José dos
Pinhais/PR;

7) MARIA JOSÉ DA SILVA, brasileira, portadora do R.G. n.º 3.422.140-5/PR, nascida


aos 08/02/1940, natural de Santiago/RS, filha de Castorina Fonseca, residente e
domiciliada na Rua Irapuã, n.º 79, Balneário Solimar, na cidade de Matinhos/PR;

8) NAIR TERESINHA DA SILVA SCHIBICHESKI, brasileira, portadora do RG n.º


5.599.057-3/PR, inscrita no CPF 16.252.409-96, nascida aos 28/03/1967, natural de
Canoas/RS, filha de José Donicio Pires da Silva e Maria José da Silva, residente e
domiciliada na Rua Irapuã, n.º 88, Balneário Solimar, na cidade de Matinhos/PR; e

9) JOSÉ RICARDO DA SILVA, brasileiro, casado, portador do CPF n.º 41.189.906-47,


nascido aos 20/07/1976, residente e domiciliado na Rua Amaral Guimarães, 25, bairro
Cajuru, nesta cidade de Curitiba/PR ou na localidade de Morro Grande, na cidade de
Cerro Azul/PR;

pela prática das seguintes condutas delituosas:

Fato 01

Em data ainda imprecisa, porém a partir de 1994, e até os primeiros meses


de 2010, no interior da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, os
denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATOS e diversos outros
indivíduos de identidade ainda não apurada, dolosamente associaram-se
em quadrilha, entre si, com caráter de estabilidade e permanência, para o
fim de cometerem crimes diversos, sobretudo contra a Administração
Pública (notadamente de peculato, falsidade documental e lavagem de
dinheiro).

A associação dos ora denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATOS e


outros visava estabelecer, e de fato estabelecia, organização criminosa,
incrustada na Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, que objetivava a
utilização das próprias funções dos denunciados para promover a nomeação
de pessoas a eles vinculadas para cargos em comissão do Poder Legislativo
Estadual, com o fim de arrecadar os recursos públicos inerentes à
remuneração a ser paga a essas pessoas, sem que estas tivessem que
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prestar qualquer serviço público ou mesmo comparecer em locais de


trabalho da Assembléia.

Os denunciados ABIB MIGUEL e JOÃO LEAL DE MATOS, entre outros,


estabeleceram, para tanto, engenhosa sistemática de prática de crimes,
ajustando, entre si e com outros indivíduos, que fariam contatos com
familiares ou com conhecidos, cujos nomes seriam utilizados para serem
nomeados ou figurarem como servidores comissionados, sendo que os
pagamentos das remunerações respectivas seriam feitos mensalmente pela
Assembléia Legislativa em favor de tais pessoas, mas os valores seriam
desviados pelos integrantes da quadrilha para o seu proveito próprio, com
a divisão do dinheiro entre todos.

Restou evidenciado que a liderança da quadrilha/organização criminosa era


exercida por ABIB MIGUEL, o qual, na qualidade de diretor-geral da
Assembléia Legislativa, exercia grande poder para a nomeação e
exoneração de servidores comissionados, tendo condições de eleger pessoas
para serem nomeadas e, assim, promover o desvio de dinheiro público.
Através das indicações de ABIB, dezenas de pessoas foram nomeadas para
cargos em comissão na Assembléia, sempre com o fim de que o grupo se
apoderasse do dinheiro correspondente à remuneração de tais pessoas.

Por seu turno, JOÃO LEAL DE MATOS, antigo apaniguado de ABIB MIGUEL,
também nomeado por este para exercer cargo na Assembléia, tinha a
incumbência, dentro da organização criminosa, de cooptar pessoas,
especialmente seus próprios familiares, que pudessem ser nomeadas como
servidores comissionados da Assembléia, embora ali não fossem trabalhar,
de modo a proporcionar meios de executar os crimes pretendidos pelo
bando, isto é, o peculato habitual de dinheiro público.

Durante o período em que esteve constituída, referida quadrilha promoveu


a nomeação, a recondução e a manutenção, como servidores comissionados
da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, de diversos familiares de
JOÃO LEAL DE MATOS, dentre eles IARA ROSANE DA SILVA MATOS (mulher
de JOÃO), PRISCILA DA SILVA MATOS (filha de JOÃO), JERMINA MARIA LEAL
DA SILVA (irmã de JOÃO), VANILDA LEAL (sobrinha de JOÃO), MARIA JOSÉ
DA SILVA (sogra de JOÃO), NAIR TEREZINHA DA SILVA SCHIBICHESKI
(cunhada de JOÃO), JOSÉ RICARDO DA SILVA (cunhado de JOÃO) e IDITE
LORDES LEAL DE MATOS (irmã de JOÃO), tudo com o fim exclusivo de
desviarem os valores pagos a título de remuneração em favor dessas
pessoas para os próprios integrantes do bando, os quais se apossaram da
maior parte das quantias pagas pela Assembléia, que importaram, no geral,
em vários milhões de reais apenas com tal família.

Também em virtude do poder exercido no interior da Assembléia, ABIB


MIGUEL conseguiu, mais tarde, promover a nomeação de JOSÉ ARY
NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA para cargos de direção, tudo com o
propósito de facilitar as ações criminosas da quadrilha. Assim, JOSÉ ARY
NASSIFF, que mantém há décadas relação de compadrio e sociedade em
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negócios com ABIB, sendo tido como seu “braço-direito” dentro da


Assembléia, ao ser indicado para ocupar o cargo de Diretor da Diretoria
Administrativa desta,1 passou a viabilizar meios para que as pessoas que
fossem eleitas pelo bando se integrassem, do ponto de vista apenas formal
e administrativo, aos quadros do Poder Legislativo, especialmente fazendo
com que tais pessoas fossem nomeadas para cargos em comissão na própria
Diretoria Administrativa por ele comandada, embora estivesse ciente de
que nunca trabalhou e nem trabalhariam ali, concorrendo diretamente
para que ABIB MIGUEL pudesse colocar em prática os objetivos do grupo,
nomeando pessoas cuja remuneração fosse desviada em proveito do bando,
inclusive do próprio JOSÉ ARY NASSIFF.

Por sua vez, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA, especialmente após ter sido
nomeado diretor-adjunto e Diretor da Diretoria de Pessoal da Assembléia,2
por volta de 2005, passou a acobertar nos procedimentos internos de
admissão de servidores comissionados o fato de que não trabalhavam
efetivamente, colaborando dolosa e diretamente para que o bando liderado
por ABIB MIGUEL pudesse indicar pessoas que seriam colocadas na folha de
pagamento do Poder Legislativo Estadual, embora soubesse que tais
pessoas jamais trabalhariam ali, permitindo que a remuneração dessas
pessoas fosse desviada em favor da própria organização criminosa, inclusive
dele, CLÁUDIO. O denunciado CLÁUDIO tinha a incumbência de elaborar os
Atos da Comissão Executiva de nomeação de servidores e atendia aos
desideratos da quadrilha elaborando-os de conformidade com a decisão de
promover novos desvios de valores. Apesar de ser de sua atribuição a
lavratura de termos de posse a atualização de fichas funcionais, nos casos
dos familiares de JOÃO LEAL DE MATTOS o denunciado CLÁUDIO
simplesmente ignorava tais responsabilidades, visto que tais pessoas nunca
trabalharam de fato na Assembléia, de modo a favorecer as ações do
bando. Além disso, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA era responsável pela
ocultação de parte dos valores desviados pela quadrilha, como é o caso da
importância de R$ 400.535,00 (quatrocentos mil, quinhentos e trinta e
cinco reais), encontrada em sua residência, conf. auto de apreensão em
anexo.

Mesmo com relação às pessoas nomeadas antes da assunção de CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA na Diretoria de Pessoal e de JOSÉ ARY NASSIFF na
Diretoria Administrativa, as ações criminosas posteriores, como a
manutenção das pessoas indicadas por JOÃO LEAL DE MATOS no quadro de
servidores comissionados na Assembléia só se viabilizou pela cooperação
dolosa daqueles, que contribuíram permitindo a manutenção dessas pessoas
na folha de pagamento, as quais não trabalhavam para o Poder Legislativo
Estadual. Ao mesmo tempo, por ajustes entre os integrantes do bando,
foram feitas novas nomeações, quando necessário, das pessoas indicadas
pelos demais, a fim de continuarem desviar as respectivas remunerações.

1Passando a ter as atribuições definidas no Decreto Legislativo nº 52/84.


2Passando a ter as atribuições definidas no Decreto Legislativo nº 52/84.
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Dessa forma, JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA, cada qual
a seu modo, a partir das datas em que assumiram as Diretorias respectivas,
com a incumbência própria de cada um, passaram, dolosamente, a se
manter associados aos propósitos ilícitos de ABIB MIGUEL e JOÃO LEAL DE
MATTOS, isto é, o de promover mensalmente o desvio dos valores
pertinentes à remuneração de pessoas nomeadas para cargos em comissão
da Assembléia, sem que estas prestassem qualquer serviço público,
associando-se, em caráter estável e permanente, à quadrilha integrada por
ABIB, JOÃO e outros indivíduos ainda não identificados, para o fim de
cometerem crimes em série, especialmente peculatos, falsidade
documental e lavagem de dinheiro.

A partir de então, na sistemática de atuação da quadrilha, JOSÉ ARY


NASSIFF indicava a contratação ou o procedimento de manutenção dessas
pessoas para a Diretoria Administrativa por ele comandada e a
remuneração que lhes devia ser atribuída, de acordo com os interesses da
quadrilha e, especialmente, as orientações de ABIB MIGUEL, líder do
grupo. Recebendo esses documentos, a partir do momento em que se
tornou Diretor de Recursos Humanos, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
promovia as ações necessárias para que as pessoas indicadas por JOÃO
fossem nomeadas ou mantidas nos quadros de pessoal da Assembléia. Após,
todos promoviam ações para que a remuneração endereçada às pessoas
indicadas fossem desviadas para o próprio bando.

Desde o princípio das ações delituosas, ABIB MIGUEL ajustava com JOÃO
LEAL DE MATOS, quando interessava ao bando, a indicação de um de seus
familiares para servir aos seus interesses. JOÃO LEAL DE MATOS promovia
a cooptação de um de seus familiares e obtinha com estes os dados
qualificativos necessários, bem como os documentos pessoais pertinentes à
sua nomeação, repassando-os, a partir de sua nomeação para a Diretoria
Administrativa, a JOSÉ ARY NASSIFF ou ao próprio ABIB MIGUEL. Com
relação a alguns de seus familiares, JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos
interesses da quadrilha, solicitava e obtinha a cooperação dolosa para o
fornecimento de nomes e documentos, como é o caso de IARA, PRISCILA,
MARIA JOSÉ, NAIR e JOSÉ RICARDO, os quais, cada qual à sua medida,
conscientemente contribuíam para os crimes perpetrados e eram
recompensados pelo bando com a entrega de parte menor dos valores
desviados. Em outros casos, como os de JERMINA, VANILDA e IDITE, JOÃO
LEAL DE MATOS apenas se aproveitou da simplicidade e desconhecimento
para conseguir destas a utilização dos respectivos nomes e documentos,
sem que fossem beneficiadas com parte dos valores desviados ou tivessem
consciência das ações delituosas.

Referida organização criminosa, integrada por ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY


NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS e outros
indivíduos, manteve-se em atividade ininterrupta durante anos e até os
dias atuais, embora nas últimas semanas, em virtude de intensa divulgação
de suas atividades criminosas pela mídia, passou a ser fustigada e perder

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força, sobretudo pelo afastamento dos três primeiros denunciados de suas


funções de diretores.

Constatou-se, ainda, que ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA, além de outros, estabeleceram outras associações
criminosas ou núcleos, envolvendo grupos distintos de pessoas
(notadamente grupos familiares) que foram nomeadas para cargos em
comissão da Assembléia sem que ali tenham trabalhado em qualquer
oportunidade.3

Fato 02

Depois de estabelecido o vínculo entre os integrantes da organização


criminosa, sob a direção de ABIB MIGUEL, decidiram executar ações
delituosas nos moldes previamente entabulados.

Para tanto, no mês de janeiro do ano de 1994, nesta cidade de Curitiba,


JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos interesses de ABIB MIGUEL e outros,
com os quais estava conluiado, procurou obter os dados qualificativos e
documentos de sua (de JOÃO) irmã, JERMINA MARIA LEAL DA SILVA, para
ser nomeada como servidora de cargo em comissão junto à Administração
da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, não esclarecendo que a
respectiva remuneração seria desviada, no todo ou em parte, em favor de
ABIB, dele próprio, JOÃO, e de outros indivíduos, sem que JERMINA tivesse
que prestar quaisquer serviços ou atividades públicas correspondentes a tal
cargo. Assim, ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e os demais
integrantes da quadrilha obtiveram a nomeação de JERMINA para cargo em
comissão, percebendo, inicialmente, a remuneração de CR$ 286.220,94
(duzentos oitenta e seis mil, duzentos e vinte cruzeiros reais – moeda
anterior ao real). Por obra das ações delituosas de ABIB MIGUEL, JOÃO
LEAL DE MATTOS e outros (JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA
SILVA a partir de certo período), a remuneração de JERMINA foi sendo
alterada ao longo do tempo, consoante informação de auditoria em anexo,
tendo sido fixada, entre outros valores, nos seguintes: CR$ 457.953,50, CR$
982.040,05, R$ 720,74 (a partir da criação do Real), R$ 1.026,37, R$
1.129,02, R$ 2.640,00, R$ 13.133,00 (entre 2002 e 2003), R$ 17.684,00
(entre 2003 e 2007), R$ 23.600,00 (entre 2008 e 2009), R$ 11.800,00 e R$
15.733,33 (em 2009), (exceto algumas variações). As sucessivas elevações
ou alterações do valor da remuneração foram realizadas por interferência
direta dos integrantes da quadrilha, com o deliberado fim de permitir um
incremento nos desvios mensais.

Assim, mesmo sem que JERMINA MARIA LEAL DA SILVA estivesse


suficientemente consciente do que ocorria, a partir de janeiro de 1994 e
até pelo menos abril de 2009, em todos os meses, os denunciados ABIB

3Estão sob investigação outras ramificações da quadrilha ora denunciada, bem como a existência de outras
associações criminosas autônomas que tenham se constituído para a prática de crimes semelhantes.
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MIGUEL e JOÃO LEAL DE MATOS, agindo com dolo, valendo-se da condição


de Diretor Geral do primeiro e do parentesco do segundo, e do consequente
poder que o primeiro tinha de obter a nomeação e exoneração de cargos
em comissão, bem como da capacidade de estabelecer o valor da
remuneração que seria paga pelos cofres públicos do Estado do Paraná,
promoveram, em proveito próprio, o desvio da remuneração atribuída a
JERMINA, correspondente à importância inicial de CR$ 286.220,94
(duzentos oitenta e seis mil, duzentos e vinte cruzeiros reais),
progressivamente aumentada como descrito, correspondente aos
vencimentos do cargo em comissão para o qual JERMINA foi nomeada, por
meio dos pagamentos mensais que a Assembléia Legislativa passou a fazer a
partir de então em favor desta, tudo com o único propósito de se
apoderarem do valor correspondente à sua remuneração, o qual era
primitivamente pertencente à Administração Pública e se prestava ao
pagamento dos vencimentos de servidores públicos.

Durante esse período, com a integração de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA à organização criminosa, decidiu-se, para dissimular o
desvio de dinheiro por meio do cargo de JERMINA, promover uma espécie
de regularização formal da nomeação desta. Para tanto, JOSÉ ARY
NASSIFF, com plena consciência de que JERMINA nunca trabalhou e nem
trabalharia na Administração, concordou com a nomeação desta naquela
Diretoria, lotando-a naquele setor. Ao mesmo tempo, CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA cooperou com as ações criminosas, processando a nomeação de
JERMINA na Diretoria de Pessoal, elaborando ou determinando a elaboração
do respectivo Ato de nomeação, embora também soubesse que esta ali
nunca trabalhou e nem trabalharia. Desde então, até pelo menos abril de
2009, JERMINA MARIA LEAL DA SILVA, por ação dolosa de ABIB MIGUEL,
JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS,
passou a ter direito à remuneração mensal que oscilou entre R$ 23.600,00
(entre 2008 e 2009), R$ 11.800,00 e R$ 15.733,33 (em 2009), (exceto
variações em alguns meses), sem, no entanto, ter que trabalhar prestando
os serviços correspondentes ao cargo para o qual foi nomeada.

Assim, mesmo sem que JERMINA MARIA LEAL DA SILVA estivesse consciente
do que ocorria, a partir de janeiro de 1994, com a atuação de ABIB
MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros, e ao menos a partir de fevereiro
de 2008 com a adesão dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA, até pelo menos abril de 2009, os denunciados referidos, agindo
com dolo, valendo-se da condição de Diretores (Geral, de Administração e
de Pessoal) dos primeiros e do parentesco do último, e do consequente
poder que os três primeiros tinham de obter a nomeação e exoneração de
cargos em comissão, bem como da capacidade de estabelecer o valor da
remuneração que seria paga pelos cofres públicos do Estado do Paraná,
passaram a promover, em proveito próprio, a cada mês, o desvio das
importâncias variadas acima mencionadas, correspondentes aos
vencimentos do cargo em comissão para o qual JERMINA foi nomeada
(acima especificados), tudo com o único propósito de se apoderarem dos
valores correspondentes, os quais eram primitivamente pertencentes à
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Administração Pública e se prestavam ao pagamento dos vencimentos de


servidores públicos. Dessa forma, ao menos de fevereiro de 2008 até pelo
menos abril de 2009, portanto por 15 vezes (15 meses consecutivos), JOSÉ
ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES concorreram dolosamente para que a
remuneração de JERMINA fosse desviada em proveito da quadrilha.

Desde janeiro do ano de 1994 até pelo menos abril de 2009, contando com a
cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
em parte do período, os denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE
MATTOS e outros, por 184 vezes (184 meses), agindo com habitualidade,
em concurso material e de vontades, promoveram o desvio, em proveito
próprio, de cerca de R$ 1.847.668,01 (um milhão, oitocentos e
quarenta e sete mil, seiscentos e sessenta e oito reais e um centavo –
valores sem atualização, mas transformados na moeda em curso),
pertencentes à Assembléia, gerando enriquecimento ilícito dos
denunciados e graves prejuízos aos cofres públicos, sendo que parte do
dinheiro desviado foi encontrado nas residências de CLÁUDIO (R$
400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$ 4.746,00, €$ 170,00) – documentos
inclusos.

Fato 03

Prosseguindo nos desideratos da organização criminosa, os seus integrantes


convencionaram a nomeação de uma outra pessoa como servidora em cargo
em comissão, a fim de permitir a arrecadação de dinheiro público para seu
proveito particular.

Para tanto, no mês de janeiro do ano de 1994, nesta cidade de Curitiba,


JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos interesses de ABIB MIGUEL e outros,
com os quais estava conluiado, convidou sua (de JOÃO) mulher, IARA
ROSANE DA SILVA MATOS, para ser nomeada como servidora de cargo em
comissão junto à Administração da Assembléia Legislativa do Estado do
Paraná, cientificando-a de que a respectiva remuneração seria desviada, no
todo ou em parte, em favor de ABIB, dele próprio, JOÃO, e de outros
indivíduos, sem que IARA tivesse que prestar quaisquer serviços ou
atividades públicas correspondentes a tal cargo, com o que esta concordou.
Assim, ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e os demais integrantes da
quadrilha obtiveram a nomeação de IARA para cargo em comissão,
percebendo, inicialmente, a remuneração de CR$ 102.216,77 (cento e dois
mil, duzentos e dezesseis cruzeiros reais e setenta e sete centavos – moeda
anterior ao real). Por obra das ações delituosas de ABIB MIGUEL, JOÃO
LEAL DE MATTOS e outros (JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA
SILVA a partir de certo período), a remuneração de IARA foi sendo alterada
ao longo do tempo, da seguinte forma (exceto algumas variações): a) de
janeiro de 1995 a março de 1997, valor que variava entre R$ 406,00, R$
446,00 e R$ 490,00 e R$ 653,33; b) de abril de 1997 a fevereiro de 1998,
valor que variava entre R$ 2.115,00 e R$ 2.112,00; c) de março de 1998 a
dezembro de 1999, R$ 2.274,00; de janeiro a dezembro de 2000, valor que
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variava entre R$ 3.550,00 e R$ 2.752,50; d) de janeiro de 2001 a dezembro


de 2003, R$ 8.800,00 (oito mil e oitocentos reais); e) de janeiro a dezembro
de 2004, R$ 13.215,00; f) de janeiro de 2005 a setembro de 2007, R$
17.659,00 (dezessete mil, seiscentos cinqüenta e nove reais); g) de outubro
a dezembro de 2007, R$ 24.600,00 (vinte e quatro mil e seiscentos reais);
h) de janeiro de 2008 até pelo menos abril de 2009, R$ 18.255,59 (dezoito
mil, duzentos cinqüenta e cinco reais). As sucessivas elevações do valor da
remuneração foram realizadas por interferência direta dos integrantes da
quadrilha, com o deliberado fim de permitir um incremento nos desvios
mensais. Ao mesmo tempo, os integrantes da quadrilha ajustaram com
IARA que esta, embora não tivesse que prestar serviços públicos,
trabalharia, durante parte do período em que esteve nomeada como
servidora, na casa do próprio ABIB MIGUEL, para atender a interesses
pessoais deste, com o que esta concordou, passando a receber, em espécie,
diretamente de ABIB, parte da remuneração que lhe foi atribuída.

Assim, com a concordância de IARA ROSANE DE MATOS, que


voluntariamente aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha, a partir de
janeiro de 1994 e até pelo menos abril de 2009, em todos os meses, os
denunciados ABIB MIGUEL e JOÃO LEAL DE MATOS, agindo com dolo,
valendo-se da condição de Diretor Geral do primeiro e do parentesco do
segundo, e do consequente poder que o primeiro tinha de obter a
nomeação e exoneração de cargos em comissão, bem como da capacidade
de estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos cofres públicos
do Estado do Paraná, promoveram, em proveito próprio, o desvio da
remuneração atribuída a IARA, correspondente à importância inicial de CR$
102.216,77 (cento e dois mil, duzentos e dezesseis cruzeiros reais e setenta
e sete centavos – moeda anterior ao real), progressivamente aumentada
como descrito, correspondente aos vencimentos do cargo em comissão para
o qual IARA foi nomeada, por meio dos pagamentos mensais que a
Assembléia Legislativa passou a fazer a partir de então em favor desta,
tudo com o único propósito de se apoderarem do valor correspondente à
sua remuneração, o qual era primitivamente pertencente à Administração
Pública e se prestava ao pagamento dos vencimentos de servidores
públicos.

Durante esse período, com a integração de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA à organização criminosa, decidiu-se, para dissimular o
desvio de dinheiro por meio do cargo de IARA, promover uma espécie de
regularização formal da nomeação desta. Para tanto, JOSÉ ARY NASSIFF,
com plena consciência de que IARA nunca trabalhou e nem trabalharia na
Administração, concordou com a nomeação desta naquela Diretoria,
lotando-a naquele setor. Ao mesmo tempo, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
cooperou com as ações criminosas, processando a nomeação de IARA na
Diretoria de Pessoal, elaborando ou determinando a elaboração do
respectivo Ato de nomeação, embora também soubesse que esta ali nunca
trabalhou e nem trabalharia. Assim, os denunciados ABIB MIGUEL, JOSÉ
ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS,
agindo com dolo, fizeram inserir no Ato da Comissão Executiva nº 091/08,
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datado de 28/02/2008 (cópia inclusa), a declaração falsa de que IARA


estava sendo nomeada (ou mantida nomeada) para cargo em Comissão,
junto à Administração, com data retroativa a 01/02/2008, embora esta
jamais tivesse prestado ou fosse prestar qualquer serviço público, com o
objetivo de criar a obrigação, para a Assembléia Legislativa do Estado do
Paraná, de pagar mensalmente a remuneração correspondente para IARA.
Desde então, até pelo menos abril de 2009, IARA ROSANE DE MATOS, por
ação dolosa de ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA
SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, passou a ter direito à remuneração mensal
de cerca de R$ 18.360,19 (dezoito mil, trezentos e sessenta reais – exceto
variações em alguns meses), sem, no entanto, ter que trabalhar prestando
os serviços correspondentes ao cargo para o qual foi nomeada.

Assim, com a concordância de IARA ROSANE DE MATOS, que


voluntariamente aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha, em troca
da entrega de parte dos valores para si, a partir de janeiro de 1994, com a
atuação de ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros, e ao menos a
partir de fevereiro de 2008 com a adesão dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e
CLÁUDIO MARQUES DA SILVA, até pelo menos abril de 2009, os
denunciados referidos, agindo com dolo, valendo-se da condição de
Diretores (Geral, de Administração e de Pessoal) dos primeiros e do
parentesco do último, e do consequente poder que os três primeiros tinham
de obter a nomeação e exoneração de cargos em comissão, bem como da
capacidade de estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos
cofres públicos do Estado do Paraná, passaram a promover, em proveito
próprio, a cada mês, o desvio das importâncias variadas acima
mencionadas, correspondentes aos vencimentos do cargo em comissão para
o qual IARA foi nomeada (acima especificados), tudo com o único propósito
de se apoderarem dos valores correspondentes, os quais eram
primitivamente pertencentes à Administração Pública e se prestavam ao
pagamento dos vencimentos de servidores públicos. Dessa forma, ao menos
de fevereiro de 2008 até pelo menos abril de 2009, portanto por 15 vezes
(15 meses consecutivos), JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES
concorreram dolosamente para que a remuneração de IARA fosse desviada
em proveito da quadrilha.

Desde janeiro do ano de 1994 até pelo menos abril de 2009, contando com a
cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
em parte do período, os denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE
MATTOS, IARA ROSANE DE MATTOS e outros, por 184 vezes (184 meses),
agindo com habitualidade, em concurso material e de vontades,
promoveram o desvio, em proveito próprio, de cerca de R$
1.664.070,54 (um milhão, seiscentos e sessenta e quatro mil, setenta
reais e cinqüenta e quatro centavos), pertencentes à Assembléia,
gerando enriquecimento ilícito dos denunciados e graves prejuízos aos
cofres públicos, sendo que parte do dinheiro desviado foi encontrada nas
residências de CLÁUDIO (R$ 400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$
4.746,00, €$ 170,00) – documentos inclusos.

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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

Fato 04

Prosseguindo nos desideratos da organização criminosa, os seus integrantes


convencionaram a nomeação de uma outra pessoa como servidora em cargo
em comissão, a fim de permitir a arrecadação de dinheiro público para seu
proveito particular.

Para tanto, no mês de janeiro do ano de 1994, nesta cidade de Curitiba,


JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos interesses de ABIB MIGUEL e outros,
com os quais estava conluiado, providenciou meios para que sua (de JOÃO)
filha, PRISCILA DA SILVA MATOS, então com apenas 07 anos de idade,
nomeada como servidora de cargo em comissão junto à Administração da
Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, cientificando-a de que a
respectiva remuneração seria desviada, no todo ou em parte, em favor de
ABIB, dele próprio, JOÃO, e de outros indivíduos, sem que, por óbvio,
PRISCILA tivesse que prestar quaisquer serviços ou atividades públicas
correspondentes a tal cargo. Assim, ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS
e os demais integrantes da quadrilha obtiveram a nomeação de PRISCILA
para cargo em comissão, percebendo, inicialmente, a remuneração de CR$
306.650,31 (trezentos e seis mil, seiscentos e cinqüenta cruzeiros reais e
trinta e um centavos – moeda anterior ao real). Por obra das ações
delituosas de ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros (JOSÉ ARY
NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA a partir de certo período), a
remuneração de PRISCILA foi sendo alterada ao longo do tempo, com os
seguintes valores (exceto algumas variações): a) de janeiro a julho de 1995,
valores que variavam entre R$ 1.218,00 e R$ 1.339,80; b) de agosto de 1995
a março de 1997, valores que variavam entre R$ 1.460,00 e R$ 1.960,00; c)
de abril de 1997 a fevereiro de 1998, valores que variavam entre R$
2.400,00, R$ 2.760,00 e R$ 3.200,00; d) de março de 1998 a dezembro de
2000, valores que variavam entre R$ R$ 2.640,00, R$ 3.520,00, R$ 3.048,00,
R$ 3.300,00, R$ 4.400,00 e R$ 4.853,00; e) em janeiro e fevereiro de 2001,
R$ 8.133,00; f) de março de 2001 a abril de 2003, R$ 13.1330,00; g) de maio
a dezembro de 2003, R$ 23.133,00; h) de janeiro de 2004 a janeiro de 2006,
R$ 23.593,33; i) de fevereiro de 2006 a abril de 2009, valores que variavam
entre R$ 17.695,00; 35.390,00, R$ 31695,00, R$ 24.200,00, R$ 17.549,38,
R$ 17.561,47, R$ 20.818,15 e R$ 9.033,75. As sucessivas elevações ou
alterações do valor da remuneração foram realizadas por interferência
direta dos integrantes da quadrilha, com o deliberado fim de permitir um
incremento nos desvios mensais.

Durante esse interregno, depois que PRISCILA se tornou maior e capaz, por
volta do ano de 2005, os integrantes da quadrilha ajustaram com esta que,
embora não tivesse que prestar serviços públicos, poderia ter atividades
que atendessem a interesses pessoais de ABIB, com o que PRISCILA
concordou, passando a receber, em espécie, diretamente de ABIB, parte da
remuneração que lhe foi atribuída pelo bando, isto é, cerca de R$ 2.000,00
(dois mil reais) por mês, durante certo período.

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Núcleo Regional de Curitiba

Assim, com a concordância de PRISCILA DA SILVA MATOS com relação ao


período de janeiro de 2005 até abril de 2009, portanto por 52 vezes (52
meses), a qual voluntariamente aderiu aos propósitos criminosos da
quadrilha e, portanto, conscientemente colaborou para os crimes a partir
de sua maioridade, os denunciados ABIB MIGUEL e JOÃO LEAL DE MATOS,
agindo com dolo, valendo-se da condição de Diretor Geral do primeiro e do
parentesco do segundo, e do consequente poder que o primeiro tinha de
obter a nomeação e exoneração de cargos em comissão, bem como da
capacidade de estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos
cofres públicos do Estado do Paraná, promoveram, em proveito próprio, o
desvio da remuneração atribuída a PRISCILA, correspondente à importância
inicial, em janeiro de 2005, de R$ 23.593,33 (vinte três mil, quinhentos
noventa e três reais), progressivamente aumentada ou alterada como
descrito, correspondente aos vencimentos do cargo em comissão para o
qual PRISCILA foi nomeada, por meio dos pagamentos mensais que a
Assembléia Legislativa passou a fazer a partir de então em favor desta,
tudo com o único propósito de se apoderarem do valor correspondente à
sua remuneração, o qual era primitivamente pertencente à Administração
Pública e se prestava ao pagamento dos vencimentos de servidores
públicos.

Durante esse período, com a integração de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA à organização criminosa, decidiu-se, para dissimular o
desvio de dinheiro por meio do cargo de PRISCILA, promover uma espécie
de regularização formal da nomeação desta. Para tanto, JOSÉ ARY
NASSIFF, com plena consciência de que PRISCILA nunca trabalhou e nem
trabalharia na Administração, concordou com a nomeação desta naquela
Diretoria, lotando-a naquele setor. Ao mesmo tempo, CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA cooperou com as ações criminosas, processando a nomeação de
PRISCILA na Diretoria de Pessoal, elaborando ou determinando a
elaboração do respectivo Ato de nomeação, embora também soubesse que
esta ali nunca trabalhou e nem trabalharia. Assim, os denunciados ABIB
MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL
DE MATOS, agindo com dolo, fizeram inserir no Ato da Comissão Executiva
nº 087/08, datado de 28/02/2008 (cópia inclusa), a declaração falsa de que
PRISCILA estava sendo nomeada (ou mantida nomeada) para cargo em
Comissão, junto à Administração, com data retroativa a 01/02/2008,
embora esta jamais tivesse prestado ou fosse prestar qualquer serviço
público, com o objetivo de criar a obrigação, para a Assembléia Legislativa
do Estado do Paraná, de pagar mensalmente a remuneração correspondente
para PRISCILA. Desde então, até pelo menos abril de 2009, PRISCILA DA
SILVA MATOS, por ação dolosa de ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF,
CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, passou a ter direito
à remuneração mensal de cerca de R$ 23.593,33 (vinte três mil, quinhentos
noventa e três reais – exceto variações em alguns meses), sem, no entanto,
ter que trabalhar prestando os serviços correspondentes ao cargo para o
qual foi nomeada.

Assim, com a concordância de PRISCILA DA SILVA MATOS desde 2005, que


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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

voluntariamente aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha em troca da


entrega de parte dos valores para si, com a atuação de ABIB MIGUEL, JOÃO
LEAL DE MATTOS e outros, a partir de janeiro de 1994, e ao menos de
fevereiro de 2008 em diante com a adesão dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e
CLÁUDIO MARQUES DA SILVA, até pelo menos abril de 2009, os
denunciados referidos, agindo com dolo, valendo-se da condição de
Diretores (Geral, de Administração e de Pessoal) dos primeiros e do
parentesco do último, e do consequente poder que os três primeiros tinham
de obter a nomeação e exoneração de cargos em comissão, bem como da
capacidade de estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos
cofres públicos do Estado do Paraná, passaram a promover, em proveito
próprio, a cada mês, o desvio das importâncias variadas acima
mencionadas, correspondentes aos vencimentos do cargo em comissão para
o qual PRISCILA foi nomeada (acima especificados), tudo com o único
propósito de se apoderarem dos valores correspondentes, os quais eram
primitivamente pertencentes à Administração Pública e se prestavam ao
pagamento dos vencimentos de servidores públicos. Dessa forma, ao menos
de fevereiro de 2008 até pelo menos abril de 2009, portanto por 15 vezes
(15 meses consecutivos), JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES e
PRISCILA DA SILVA MARQUES concorreram dolosamente para que a
remuneração desta fosse desviada em proveito da quadrilha.

Desde janeiro do ano de 1994 até pelo menos abril de 2009, contando com a
cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
em parte do período, os denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE
MATTOS, PRISCILA DA SILVA MATOS e outros, por 184 vezes (184 meses),
agindo com habitualidade, em concurso material e de vontades,
promoveram o desvio, em proveito próprio, de cerca de R$
2.213.138,50 (dois milhões, duzentos e treze mil, cento e trinta e oito
reais e cinqüenta centavos), pertencentes à Assembléia, gerando
enriquecimento ilícito dos denunciados e graves prejuízos aos cofres
públicos, sendo que parte do dinheiro desviado foi encontrada nas
residências de CLÁUDIO (R$ 400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$
4.746,00, €$ 170,00) – documentos inclusos.

Fato 05

Grande parte dos valores desviados através da nomeação, como servidores


comissionados da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, dos
familiares de JOÃO LEAL DE MATOS, dentre eles IARA ROSANE DA SILVA
MATOS (mulher de JOÃO), PRISCILA DA SILVA MATOS (filha de JOÃO),
JERMINA MARIA LEAL DA SILVA (irmã de JOÃO), VANILDA LEAL (sobrinha de
JOÃO), MARIA JOSÉ DA SILVA (sogra de JOÃO), NAIR TEREZINHA DA SILVA
SCHIBICHESKI (cunhada de JOÃO), JOSÉ RICARDO DA SILVA (cunhada de
JOÃO) e IDITE LEAL DE MATTOS (irmã de JOÃO), no total aproximado de
RS 13.070.317,25 (treze milhões, setenta mil, trezentos e dezessete
reais e vinte e cinco centavos), foi diretamente apoderada pelos
denunciados ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA
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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, como é o caso do dinheiro encontrado nas


residências de CLÁUDIO (R$ 400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$
4.746,00, €$ 170,00) – documentos inclusos.

Por outro lado, conforme os denunciados promoviam os desvios de dinheiro


público pertencente à Assembléia Legislativa, desenvolvendo as ações da
organização criminosa, o denunciado ABIB MIGUEL promovia a dissimulação
da origem criminosa de parte dos valores desviados, transferindo-os para a
movimentação financeira/contábil de sua propriedade rural, denominada
Fazenda Santa Isabel, situada em São João da Aliança-GO, com o propósito
de que essas importâncias fossem integradas com aparência de legitimidade
ao seu patrimônio.

Dessa forma, em oportunidades diversas, ao longo do período entre janeiro


de 1994 e março de 2010, ABIB MIGUEL, contando com a cooperação dolosa
de JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE
MATOS, que participavam do grupo criminoso cuja atividade secundária era
dirigida à prática de crimes de “lavagem” de valores, transferiu para a
movimentação financeira/contábil da Fazenda Santa Isabel, de propriedade
do próprio ABIB, importâncias variadas, proveniente dos crimes de peculato
cometidos de forma habitual pela organização criminosa integrada pelos
denunciados (acima descritos), dissimulando a sua natureza e origem
delituosa como se fosse receita da própria Fazenda, a fim de evitar a
descoberta das ações criminosas da quadrilha, empregando-a
posteriormente em proveito próprio.

Dentre outras numerosas transferências, ABIB MIGUEL, contando com a


cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e
JOÃO LEAL DE MATOS, que participavam do grupo criminoso cuja atividade
secundária era dirigida à prática de crimes de “lavagem” de valores, em 05
de dezembro de 2006, nesta cidade, efetuou a transferência, para a
movimentação financeira/contábil da Fazenda Santa Isabel, da importância
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), proveniente dos crimes de peculato
cometidos de forma habitual pela organização criminosa integrada pelos
denunciados (acima descritos) e referentes à pessoa de PRISCILA DA SILVA
MATOS, tudo de conformidade com prestações de contas (boletins de caixa)
remetidas por e-mail para ABIB MIGUEL e agora acostadas.

Fato 06

Prosseguindo nos desideratos da organização criminosa, os seus integrantes


convencionaram a nomeação de uma outra pessoa como servidora em cargo
em comissão, a fim de permitir a arrecadação de dinheiro público para seu
proveito particular.

Para tanto, no mês de janeiro do ano de 1994, nesta cidade de Curitiba,


JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos interesses de ABIB MIGUEL e outros,
com os quais estava conluiado, convidou sua (de JOÃO) sogra, MARIA JOSÉ
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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

DA SILVA, para ser nomeada como servidora de cargo em comissão junto à


Administração da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná,
cientificando-a de que a respectiva remuneração seria desviada, no todo ou
em parte, em favor de ABIB, dele próprio, JOÃO, e de outros indivíduos,
sem que MARIA JOSÉ tivesse que prestar quaisquer serviços ou atividades
públicas correspondentes a tal cargo, com o que esta concordou. Assim,
ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e os demais integrantes da
quadrilha obtiveram a nomeação de MARIA JOSÉ para cargo em comissão,
percebendo, inicialmente, a remuneração de CR$ 306.650,31 (trezentos e
seis mil, seiscentos e cinqüenta cruzeiros reais e trinta e um centavos –
moeda anterior ao real). Por obra das ações delituosas de ABIB MIGUEL,
JOÃO LEAL DE MATTOS e outros (JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA a partir de certo período), a remuneração de MARIA JOSÉ foi
sendo alterada ao longo do tempo, da seguinte forma (exceto algumas
variações): a) de janeiro a julho de 1995, R$ 1.339,80; b) de agosto de 1995
a março de 1997, valores que variavam entre R$ 1.470,00 e R$ 1.960,00; c)
de abril de 1997 a dezembro de 2000, valores que variavam entre R$
3.000,00, R$ 3.330,00 e R$ 4.400,00; d) de outubro a dezembro de 2000, R$
4.400,00 (quatro mil e quatrocentos reais); e) de janeiro de 2001 a
dezembro de 2003, R$ 8.133,00 (oito mil, cento trinta e três reais); f) de
janeiro a dezembro de 2004, R$ 13.125,00,00 (treze mil, cento vinte e
cinco reais); g) de janeiro de 2005 a setembro de 2007, R$ 17.652,00
(dezessete mil, seiscentos cinqüenta e dois reais); h) de outubro de 2007
até março de 2010, importâncias que variaram entre R$ 12.300,00, R$
9.422,69, R$ 9.235,51, R$ 14.348,97, R$ 18.141,47, 19.648,47, R$
21.497,32, R$ 18.255,59 e R$ 9.332,75; conforme documentos acostados. As
sucessivas elevações do valor da remuneração foram realizadas por
interferência direta dos integrantes da quadrilha, com o deliberado fim de
permitir um incremento nos desvios mensais. Ao mesmo tempo, os
integrantes da quadrilha ajustaram com MARIA JOSÉ que esta, embora não
tivesse que prestar serviços públicos, seria contemplada com a
transferência de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) a cada mês, durante
todo o período em que esteve nomeada, como compensação por ter
concordado em fornecer seu nome e assinar os documentos necessários à
sua nomeação, com o que esta concordou, passando a receber, em espécie,
diretamente de JOÃO, mas a mando de ABIB, parte da remuneração que
lhe foi atribuída (R$ 150,00).

Assim, com a concordância de MARIA JOSÉ DA SILVA, que voluntariamente


aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha, a partir de janeiro de 1994 e
até pelo menos abril de 2009, em todos os meses, os denunciados ABIB
MIGUEL e JOÃO LEAL DE MATOS, agindo com dolo, valendo-se da condição
de Diretor Geral do primeiro e do parentesco do segundo, e do consequente
poder que o primeiro tinha de obter a nomeação e exoneração de cargos
em comissão, bem como da capacidade de estabelecer o valor da
remuneração que seria paga pelos cofres públicos do Estado do Paraná,
promoveram, em proveito próprio, o desvio da remuneração atribuída a
MARIA JOSÉ, correspondente à importância inicial de CR$ 306.650,31
(trezentos e seis mil, seiscentos e cinqüenta cruzeiros reais e trinta e um
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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

centavos – moeda anterior ao real), progressivamente aumentada ou


alterada como descrito, correspondente aos vencimentos do cargo em
comissão para o qual MARIA JOSÉ foi nomeada, por meio dos pagamentos
mensais que a Assembléia Legislativa passou a fazer a partir de então em
favor desta, tudo com o único propósito de se apoderarem do valor
correspondente à sua remuneração, o qual era primitivamente pertencente
à Administração Pública e se prestava ao pagamento dos vencimentos de
servidores públicos.

Durante esse período, com a integração de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA à organização criminosa, decidiu-se, para dissimular o
desvio de dinheiro por meio do cargo de MARIA JOSÉ, promover uma
espécie de regularização formal da nomeação desta. Para tanto, JOSÉ ARY
NASSIFF, com plena consciência de que MARIA JOSÉ nunca trabalhou e nem
trabalharia na Administração, concordou com a nomeação desta naquela
Diretoria, lotando-a naquele setor. Ao mesmo tempo, CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA cooperou com as ações criminosas, processando a nomeação de
MARIA JOSÉ na Diretoria de Pessoal, elaborando ou determinando a
elaboração do respectivo Ato de nomeação, embora também soubesse que
esta ali nunca trabalhou e nem trabalharia. Assim, os denunciados ABIB
MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL
DE MATOS, agindo com dolo, fizeram inserir no Ato da Comissão Executiva
nº 084/08, datado de 28/02/2008 (cópia inclusa), a declaração falsa de que
MARIA JOSÉ estava sendo nomeada (ou mantida nomeada) para cargo em
Comissão, junto à Administração, com data retroativa a 01/02/2008,
embora esta jamais tivesse prestado ou fosse prestar qualquer serviço
público, com o objetivo de criar a obrigação, para a Assembléia Legislativa
do Estado do Paraná, de pagar mensalmente a remuneração correspondente
para MARIA JOSÉ. Desde então, até pelo menos abril de 2009, MARIA JOSÉ
DA SILVA, por ação dolosa de ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO
MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, passou a ter direito à
remuneração mensal que oscilou entre R$ 9.235,51, R$ 14.348,97, R$
18.141,47, 19.648,47, R$ 21.497,32, R$ 18.255,59 e R$ 9.332,75 (exceto
variações em alguns meses), sem, no entanto, ter que trabalhar prestando
os serviços correspondentes ao cargo para o qual foi nomeada.

Assim, com a concordância de MARIA JOSÉ DA SILVA, que voluntariamente


aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha, em troca da entrega de
parte dos valores para si, a partir de janeiro de 1994, com a atuação de
ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros, e ao menos a partir de
fevereiro de 2008 com a adesão dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO
MARQUES DA SILVA, até pelo menos abril de 2009, os denunciados
referidos, agindo com dolo, valendo-se da condição de Diretores (Geral, de
Administração e de Pessoal) dos primeiros e do parentesco do último, e do
consequente poder que os três primeiros tinham de obter a nomeação e
exoneração de cargos em comissão, bem como da capacidade de
estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos cofres públicos do
Estado do Paraná, passaram a promover, em proveito próprio, a cada mês,
o desvio das importâncias variadas acima mencionadas, correspondentes
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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

aos vencimentos do cargo em comissão para o qual MARIA JOSÉ foi


nomeada (acima especificados), tudo com o único propósito de se
apoderarem dos valores correspondentes, os quais eram primitivamente
pertencentes à Administração Pública e se prestavam ao pagamento dos
vencimentos de servidores públicos. Dessa forma, ao menos de fevereiro de
2008 até pelo menos abril de 2009, portanto por 15 vezes (15 meses
consecutivos), JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES concorreram
dolosamente para que a remuneração de MARIA JOSÉ fosse desviada em
proveito da quadrilha.

Desde janeiro do ano de 1994 até pelo menos abril de 2009, contando com a
cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
em parte do período, os denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE
MATTOS, MARIA JOSÉ DA SILVA e outros, por 184 vezes (184 meses),
agindo com habitualidade, em concurso material e de vontades,
promoveram o desvio, em proveito próprio, de cerca de R$
1.610.395,08 (um milhão, seiscentos e dez mil, trezentos noventa e
cinco reais e oito centavos), pertencentes à Assembléia, gerando
enriquecimento ilícito dos denunciados e graves prejuízos aos cofres
públicos, sendo que parte do dinheiro desviado foi encontrado nas
residências de CLÁUDIO (R$ 400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$
4.746,00, €$ 170,00) – documentos inclusos.

Fato 07

Prosseguindo nos desideratos da organização criminosa, os seus integrantes


convencionaram a nomeação de uma outra pessoa como servidora em cargo
em comissão, a fim de permitir a arrecadação de dinheiro público para seu
proveito particular.

Para tanto, no mês de janeiro do ano de 1996, nesta cidade de Curitiba,


JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos interesses de ABIB MIGUEL e outros,
com os quais estava conluiado, procurou obter os dados qualificativos e
documentos de sua (de JOÃO) sobrinha, VANILDA LEAL, para ser nomeada
como servidora de cargo em comissão junto à Administração da Assembléia
Legislativa do Estado do Paraná, não esclarecendo que a respectiva
remuneração seria desviada, no todo ou em parte, em favor de ABIB, dele
próprio, JOÃO, e de outros indivíduos, sem que VANILDA tivesse que
prestar quaisquer serviços ou atividades públicas correspondentes a tal
cargo. Assim, ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e os demais
integrantes da quadrilha obtiveram a nomeação de VANILDA para cargo em
comissão, percebendo, inicialmente, a remuneração de R$ 1.129,02 (um
mil, cento e vinte e nove reais). Por obra das ações delituosas de ABIB
MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros (JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO
MARQUES DA SILVA a partir de certo período), a remuneração de VANILDA
foi sendo alterada ao longo do tempo, consoante informação de auditoria
em anexo, tendo sido fixada, entre outros valores, nos seguintes: R$
2.400,00, R$ 2.640,00, R$ 4.400,00, R$ 8.800,00, 16.100,00, R$ 23.585,33,
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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

R$ 17.689,00, R$ 24.000,00 (entre 2008 e 2009), R$ 12.000,00 (em 2009), R$


16.000,00 (em 2009) e R$ 18.000,00 (2010), (exceto algumas variações). As
sucessivas elevações ou alterações do valor da remuneração foram
realizadas por interferência direta dos integrantes da quadrilha, com o
deliberado fim de permitir um incremento nos desvios mensais.

Assim, mesmo sem que VANILDA LEAL estivesse suficientemente consciente


do que ocorria, a partir de janeiro de 1996 e até pelo menos fevereiro de
2010, em todos os meses, os denunciados ABIB MIGUEL e JOÃO LEAL DE
MATOS, agindo com dolo, valendo-se da condição de Diretor Geral do
primeiro e do parentesco do segundo, e do consequente poder que o
primeiro tinha de obter a nomeação e exoneração de cargos em comissão,
bem como da capacidade de estabelecer o valor da remuneração que seria
paga pelos cofres públicos do Estado do Paraná, promoveram, em proveito
próprio, o desvio da remuneração atribuída a VANILDA, correspondente à
importância inicial de R$ 1.129,02 (um mil, cento e vinte e nove reais),
progressivamente aumentada ou alterada como descrito, alusiva aos
vencimentos do cargo em comissão para o qual VANILDA foi nomeada, por
meio dos pagamentos mensais que a Assembléia Legislativa passou a fazer a
partir de então em favor desta, tudo com o único propósito de se
apoderarem do valor correspondente à sua remuneração, o qual era
primitivamente pertencente à Administração Pública e se prestava ao
pagamento dos vencimentos de servidores públicos.

Durante esse período, com a integração de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA à organização criminosa, decidiu-se, para dissimular o
desvio de dinheiro por meio do cargo de VANILDA, promover uma espécie
de regularização formal da nomeação desta. Para tanto, JOSÉ ARY
NASSIFF, com plena consciência de que VANILDA nunca trabalhou e nem
trabalharia na Administração, concordou com a nomeação desta naquela
Diretoria, lotando-a naquele setor. Ao mesmo tempo, CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA cooperou com as ações criminosas, processando a nomeação de
VANILDA na Diretoria de Pessoal, elaborando ou determinando a elaboração
do respectivo Ato de nomeação, embora também soubesse que esta ali
nunca trabalhou e nem trabalharia. Assim, os denunciados ABIB MIGUEL,
JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS,
agindo com dolo, fizeram inserir no Ato da Comissão Executiva nº 088/08,
datado de 28/02/2008 (cópia inclusa), a declaração falsa de que VANILDA
estava sendo nomeada (ou mantida nomeada) para cargo em Comissão,
junto à Administração, com data retroativa a 01/02/2008, embora esta
jamais tivesse prestado ou fosse prestar qualquer serviço público, com o
objetivo de criar a obrigação, para a Assembléia Legislativa do Estado do
Paraná, de pagar mensalmente a remuneração correspondente para
VANILDA. Desde então, até pelo menos fevereiro de 2010, VANILDA LEAL,
por ação dolosa de ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, passou a ter direito à remuneração
mensal que oscilou entre R$ 24.000,00 R$ 12.000,00 R$ 16.000,00 e R$
18.000,00 (exceto outras variações em alguns meses), sem, no entanto, ter
que trabalhar prestando os serviços correspondentes ao cargo para o qual
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foi nomeada.

Assim, mesmo sem que VANILDA LEAL estivesse consciente do que ocorria, a
partir de janeiro de 1996, com a atuação de ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE
MATTOS e outros, e ao menos a partir de fevereiro de 2008 com a adesão
dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA, até pelo
menos fevereiro de 2010, os denunciados referidos, agindo com dolo,
valendo-se da condição de Diretores (Geral, de Administração e de Pessoal)
dos primeiros e do parentesco do último, e do consequente poder que os
três primeiros tinham de obter a nomeação e exoneração de cargos em
comissão, bem como da capacidade de estabelecer o valor da remuneração
que seria paga pelos cofres públicos do Estado do Paraná, passaram a
promover, em proveito próprio, a cada mês, o desvio das importâncias
variadas acima mencionadas, referentes aos vencimentos do cargo em
comissão para o qual VANILDA foi nomeada (acima especificados), tudo com
o único propósito de se apoderarem dos valores correspondentes, os quais
eram primitivamente pertencentes à Administração Pública e se prestavam
ao pagamento dos vencimentos de servidores públicos. Dessa forma, ao
menos de fevereiro de 2008 até pelo menos fevereiro de 2010, portanto por
25 vezes (25 meses consecutivos), JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES
concorreram dolosamente para que a remuneração de VANILDA fosse
desviada em proveito da quadrilha.

Desde janeiro do ano de 1994 até pelo menos fevereiro de 2010, contando
com a cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA
SILVA em parte do período, os denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE
MATTOS e outros, por 170 vezes (170 meses), agindo com habitualidade,
em concurso material e de vontades, promoveram o desvio, em proveito
próprio, de cerca de R$ 2.287.999,68 (dois milhões, duzentos e oitenta
e sete mil, novecentos e noventa e nove reais e sessenta e oito
centavos), pertencentes à Assembléia, gerando enriquecimento ilícito dos
denunciados e graves prejuízos aos cofres públicos, sendo que parte do
dinheiro desviado foi encontrada nas residências de CLÁUDIO (R$
400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$ 4.746,00, €$ 170,00) – documentos
inclusos.

No dia 06 de abril de 2010, certamente por influência dos denunciados, foi


feita a publicação da exoneração, "a pedido", de VANILDA LEAL, através do
Ato da Comissão Executiva nº 332/10, com efeito retroativo a 01/03/2010.

Fato 08

Grande parte dos valores desviados através da nomeação, como servidores


comissionados da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, dos
familiares de JOÃO LEAL DE MATOS, dentre eles IARA ROSANE DA SILVA
MATOS (mulher de JOÃO), PRISCILA DA SILVA MATOS (filha de JOÃO),
JERMINA MARIA LEAL DA SILVA (irmã de JOÃO), VANILDA LEAL (sobrinha de
JOÃO), MARIA JOSÉ DA SILVA (sogra de JOÃO), NAIR TEREZINHA DA SILVA
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SCHIBICHESKI (cunhada de JOÃO), JOSÉ RICARDO DA SILVA (cunhada de


JOÃO) e IDITE LEAL DE MATTOS (irmã de JOÃO), no total aproximado de
RS 13.070.317,25 (treze milhões, setenta mil, trezentos e dezessete
reais e vinte e cinco centavos), foi diretamente apoderada pelos
denunciados ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA
SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, como é o caso do dinheiro encontrado nas
residências de CLÁUDIO (R$ 400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$
4.746,00, €$ 170,00) – documentos inclusos.

Por outro lado, conforme os denunciados promoviam os desvios de dinheiro


público pertencente à Assembléia Legislativa, desenvolvendo as ações da
organização criminosa, o denunciado ABIB MIGUEL promovia a dissimulação
da origem criminosa de parte dos valores desviados, transferindo-os para a
movimentação financeira/contábil de sua propriedade rural, denominada
Fazenda Santa Isabel, situada em São João da Aliança-GO, com o propósito
de que essas importâncias fossem integradas com aparência de legitimidade
ao seu patrimônio.

Dessa forma, em oportunidades diversas, ao longo do período entre janeiro


de 1994 e março de 2010, ABIB MIGUEL, contando com a cooperação dolosa
de JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE
MATOS, que participavam do grupo criminoso cuja atividade secundária era
dirigida à prática de crimes de “lavagem” de valores, transferiu para a
movimentação financeira/contábil da Fazenda Santa Isabel, de propriedade
do próprio ABIB, importâncias variadas, proveniente dos crimes de peculato
cometidos de forma habitual pela organização criminosa integrada pelos
denunciados (acima descritos), dissimulando a sua natureza e origem
delituosa como se fosse receita da própria Fazenda, a fim de evitar a
descoberta das ações criminosas da quadrilha, empregando-a
posteriormente em proveito próprio.

Dentre outras numerosas transferências, ABIB MIGUEL, contando com a


cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e
JOÃO LEAL DE MATOS, entre outros, que participavam do grupo criminoso
cuja atividade secundária era dirigida à prática de crimes de “lavagem” de
valores, efetuou a transferência para a movimentação financeira/contábil
da Fazenda Santa Isabel, os seguintes valores, provenientes dos crimes de
peculato cometidos de forma habitual pela organização criminosa integrada
pelos denunciados (acima descritos) e referentes à pessoa de VANILDA
LEAL: a) em 30/11/2005, a importância de R$ 5.500,00 (cinco mil e
quinhentos reais); b) em 06/10/2006, a importância de R$ 10.000,00 (dez
mil reais), tudo de conformidade com prestações de contas (boletins de
caixa) remetidas por e-mail para ABIB MIGUEL e agora acostadas.

Fato 09

Prosseguindo nos desideratos da organização criminosa, os seus integrantes


convencionaram a nomeação de uma outra pessoa como servidora em cargo
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em comissão, a fim de permitir a arrecadação de dinheiro público para seu


proveito particular.

Para tanto, no mês de janeiro do ano de 2000, nesta cidade de Curitiba,


JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos interesses de ABIB MIGUEL e outros,
com os quais estava conluiado, convidou sua (de JOÃO) cunhada, NAIR
TERESINHA DA SILVA SCHIBICHESKI, para ser nomeada como servidora de
cargo em comissão junto à Administração da Assembléia Legislativa do
Estado do Paraná, cientificando-a de que a respectiva remuneração seria
desviada, no todo ou em parte, em favor de ABIB, dele próprio, JOÃO, e de
outros indivíduos, sem que NAIR tivesse que prestar quaisquer serviços ou
atividades públicas correspondentes a tal cargo, com o que esta concordou.
Assim, ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e os demais integrantes da
quadrilha obtiveram a nomeação de NAIR para cargo em comissão,
percebendo, inicialmente, a remuneração de R$ 4.400,00 (quatro mil e
quatrocentos reais). Por obra das ações delituosas de ABIB MIGUEL, JOÃO
LEAL DE MATTOS e outros (JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA
SILVA a partir de certo período), a remuneração de NAIR foi sendo alterada
ao longo do tempo, da seguinte forma (exceto algumas variações): a) de
julho a dezembro de 2000, R$ 3.300,00 (três mil e trezentos reais); b) de
janeiro de 2001 a dezembro de 2003, R$ 7.700 (sete mil e setecentos reais);
c) de janeiro a dezembro de 2004, R$ 17.585,00 (dezessete mil, quinhentos
oitenta e cinco reais); d) de janeiro de 2005 a janeiro de 2006, R$
23.580,00 (vinte três mil, quinhentos e oitenta reais); e) de fevereiro de
2006 até setembro de 2007, R$ 17.685,00; de outubro de 2007 até junho de
2009, importâncias que variaram entre R$ 12.300,00, R$ 9.223,00, R$
18.141,47, 19.648,47, 12.696,00 e outras; conforme documentos acostados.
As sucessivas elevações do valor da remuneração foram realizadas por
interferência direta dos integrantes da quadrilha, com o deliberado fim de
permitir um incremento nos desvios mensais. Ao mesmo tempo, os
integrantes da quadrilha ajustaram com NAIR que esta, embora não tivesse
que prestar serviços públicos, seria contemplada com a transferência de R$
150,00 (cento e cinqüenta reais) a cada mês, durante todo o período em
que esteve nomeada, como compensação por ter concordado em fornecer
seu nome e assinar os documentos necessários à sua nomeação, com o que
esta concordou, passando a receber, em espécie, diretamente de JOÃO,
mas a mando de ABIB, parte da remuneração que lhe foi atribuída (R$
150,00).

Assim, com a concordância de NAIR TERESINHA DA SILVA SCHIBICHESKI,


que voluntariamente aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha, a
partir de janeiro de 2000 e até pelo menos junho de 2009, em todos os
meses, os denunciados ABIB MIGUEL e JOÃO LEAL DE MATOS, agindo com
dolo, valendo-se da condição de Diretor Geral do primeiro e do parentesco
do segundo, e do consequente poder que o primeiro tinha de obter a
nomeação e exoneração de cargos em comissão, bem como da capacidade
de estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos cofres públicos
do Estado do Paraná, promoveram, em proveito próprio, o desvio da
remuneração atribuída a NAIR, correspondente à importância inicial de R$
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4.400,00 (quatro mil e quatrocentos reais), progressivamente aumentada


como descrito, correspondente aos vencimentos do cargo em comissão para
o qual NAIR foi nomeada, por meio dos pagamentos mensais que a
Assembléia Legislativa passou a fazer a partir de então em favor desta,
tudo com o único propósito de se apoderarem do valor correspondente à
sua remuneração, o qual era primitivamente pertencente à Administração
Pública e se prestava ao pagamento dos vencimentos de servidores
públicos.

Durante esse período, com a integração de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA à organização criminosa, decidiu-se, para dissimular o
desvio de dinheiro por meio do cargo de NAIR, promover uma espécie de
regularização formal da nomeação desta. Para tanto, JOSÉ ARY NASSIFF,
com plena consciência de que NAIR nunca trabalhou e nem trabalharia na
Administração, concordou com a nomeação desta naquela Diretoria,
lotando-a naquele setor. Ao mesmo tempo, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
cooperou com as ações criminosas, processando a nomeação de NAIR na
Diretoria de Pessoal, elaborando ou determinando a elaboração do
respectivo Ato de nomeação, embora também soubesse que esta ali nunca
trabalhou e nem trabalharia. Assim, os denunciados ABIB MIGUEL, JOSÉ
ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS,
agindo com dolo, fizeram inserir no Ato da Comissão Executiva nº 086/08,
datado de 28/02/2008 (cópia inclusa), a declaração falsa de que NAIR
estava sendo nomeada (ou mantida nomeada) para cargo em Comissão,
junto à Administração, com data retroativa a 01/02/2008, embora esta
jamais tivesse prestado ou fosse prestar qualquer serviço público, com o
objetivo de criar a obrigação, para a Assembléia Legislativa do Estado do
Paraná, de pagar mensalmente a remuneração correspondente para MARIA
JOSÉ. Desde então, até pelo menos junho de 2009, NAIR TERESINHA DA
SILVA SCHIBICHESKI, por ação dolosa de ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF,
CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, passou a ter direito
à remuneração mensal que oscilou entre R$ 9.235,51, R$ 12.300,00, R$
9.223,00, R$ 18.141,47, 19.648,47 e 12.696,00 (exceto variações em alguns
meses), sem, no entanto, ter que trabalhar prestando os serviços
correspondentes ao cargo para o qual foi nomeada.

Assim, com a concordância de NAIR TERESINHA DA SILVA SCHIBICHESKI,


que voluntariamente aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha, em
troca da entrega de parte dos valores para si, a partir de janeiro de 2000,
com a atuação de ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros, e ao
menos a partir de fevereiro de 2008 com a adesão dolosa de JOSÉ ARY
NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA, até pelo menos junho de 2009, os
denunciados referidos, agindo com dolo, valendo-se da condição de
Diretores (Geral, de Administração e de Pessoal) dos primeiros e do
parentesco do último, e do consequente poder que os três primeiros tinham
de obter a nomeação e exoneração de cargos em comissão, bem como da
capacidade de estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos
cofres públicos do Estado do Paraná, passaram a promover, em proveito
próprio, a cada mês, o desvio das importâncias variadas acima
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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

mencionadas, correspondentes aos vencimentos do cargo em comissão para


o qual NAIR foi nomeada (acima especificados), tudo com o único propósito
de se apoderarem dos valores correspondentes, os quais eram
primitivamente pertencentes à Administração Pública e se prestavam ao
pagamento dos vencimentos de servidores públicos. Dessa forma, ao menos
de fevereiro de 2008 até pelo menos junho de 2009, portanto por 17 vezes
(17 meses consecutivos), JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES
concorreram dolosamente para que a remuneração de NAIR fosse desviada
em proveito da quadrilha.

Desde janeiro do ano de 2000 até pelo menos junho de 2009, contando com
a cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
em parte do período, os denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE
MATTOS, NAIR TERESINHA DA SILVA SCHIBICHESKI e outros, por 114 vezes
(114 meses), agindo com habitualidade, em concurso material e de
vontades, promoveram o desvio, em proveito próprio, de cerca de R$
1.561.734,26 (um milhão, quinhentos sessenta e um mil, setecentos
trinta e quatro reais), pertencentes à Assembléia, gerando
enriquecimento ilícito dos denunciados e graves prejuízos aos cofres
públicos, sendo que parte do dinheiro desviado foi encontrado nas
residências de CLÁUDIO (R$ 400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$
4.746,00, €$ 170,00) – documentos inclusos.

Fato 10

Prosseguindo nos desideratos da organização criminosa, os seus integrantes


convencionaram a nomeação de uma outra pessoa como servidora em cargo
em comissão, a fim de permitir a arrecadação de dinheiro público para seu
proveito particular.

Para tanto, no mês de janeiro do ano de 2001, nesta cidade de Curitiba,


JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos interesses de ABIB MIGUEL e outros,
com os quais estava conluiado, convidou seu (de JOÃO) cunhado, JOSÉ
RICARDO DA SILVA, para ser nomeado como servidor de cargo em comissão
junto à Administração da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná,
cientificando-o de que a respectiva remuneração seria desviada, no todo ou
em parte, em favor de ABIB, dele próprio, JOÃO, e de outros indivíduos,
sem que JOSÉ RICARDO tivesse que prestar quaisquer serviços ou
atividades públicas correspondentes a tal cargo, com o que este concordou.
Assim, ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e os demais integrantes da
quadrilha obtiveram a nomeação de JOSÉ RICARDO para cargo em
comissão, percebendo, inicialmente, a remuneração de R$ 8.133,00 (oito
mil, cento trinta e três reais). Por obra das ações delituosas de ABIB
MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros (JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO
MARQUES DA SILVA a partir de certo período), a remuneração de JOSÉ
RICARDO foi sendo alterada ao longo do tempo, da seguinte forma (exceto
algumas variações): a) de janeiro de 2001 a dezembro de 2003, R$ 8.133,00
(oito mil, cento e trinta e três reais); b) de janeiro a dezembro de 2004, R$
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13.125,00 (treze mil, cento e vinte e cinco reais); c) de janeiro de 2005 a


setembro de 2007, R$ 17.648,00; d) de outubro a dezembro de 2007, R$
12.300,00 (doze mil e trezentos reais); e) de janeiro de 2008 a junho de
2009, importâncias que variaram entre R$ 9.442,69, R$ 9.223,97, 12.579,82
e R$ 9.323,75 e outras; conforme documentos acostados. As sucessivas
elevações do valor da remuneração foram realizadas por interferência
direta dos integrantes da quadrilha, com o deliberado fim de permitir um
incremento nos desvios mensais. Ao mesmo tempo, os integrantes da
quadrilha ajustaram com JOSÉ RICARDO que este, embora não tivesse que
prestar serviços públicos, seria contemplado com a transferência de R$
150,00 (cento e cinqüenta reais) a cada mês, durante todo o período em
que esteve nomeado, como compensação por ter concordado em fornecer
seu nome e assinar os documentos necessários à sua nomeação, com o que
este concordou, passando a receber, em espécie, diretamente de JOÃO,
mas a mando de ABIB, parte da remuneração que lhe foi atribuída (R$
150,00).

Assim, com a concordância de JOSÉ RICARDO DA SILVA, que


voluntariamente aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha, a partir de
janeiro de 2001 e até pelo menos junho de 2009, em todos os meses, os
denunciados ABIB MIGUEL e JOÃO LEAL DE MATOS, agindo com dolo,
valendo-se da condição de Diretor Geral do primeiro e do parentesco do
segundo, e do consequente poder que o primeiro tinha de obter a
nomeação e exoneração de cargos em comissão, bem como da capacidade
de estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos cofres públicos
do Estado do Paraná, promoveram, em proveito próprio, o desvio da
remuneração atribuída a JOSÉ RICARDO, correspondente à importância
inicial de R$ 8.133,00 (oito mil, cento trinta e três reais), progressivamente
aumentada ou alterada como descrito, correspondente aos vencimentos do
cargo em comissão para o qual JOSÉ RICARDO foi nomeado, por meio dos
pagamentos mensais que a Assembléia Legislativa passou a fazer a partir de
então em favor deste, tudo com o único propósito de se apoderarem do
valor correspondente à sua remuneração, o qual era primitivamente
pertencente à Administração Pública e se prestava ao pagamento dos
vencimentos de servidores públicos.

Durante esse período, com a integração de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO


MARQUES DA SILVA à organização criminosa, decidiu-se, para dissimular o
desvio de dinheiro por meio do cargo de JOSÉ RICARDO, promover uma
espécie de regularização formal da nomeação deste. Para tanto, JOSÉ ARY
NASSIFF, com plena consciência de que JOSÉ RICARDO nunca trabalhou e
nem trabalharia na Administração, concordou com a nomeação deste
naquela Diretoria, lotando-o naquele setor. Ao mesmo tempo, CLÁUDIO
MARQUES DA SILVA cooperou com as ações criminosas, processando a
nomeação de JOSÉ RICARDO na Diretoria de Pessoal, elaborando ou
determinando a elaboração do respectivo Ato de nomeação, embora
também soubesse que este ali nunca trabalhou e nem trabalharia. Assim,
os denunciados ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA
SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, agindo com dolo, fizeram inserir no Ato da
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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

Comissão Executiva nº 085/08, datado de 28/02/2008 (cópia inclusa), a


declaração falsa de que JOSÉ RICARDO estava sendo nomeado (ou mantido
nomeado) para cargo em Comissão, junto à Administração, com data
retroativa a 01/02/2008, embora este jamais tivesse prestado ou fosse
prestar qualquer serviço público, com o objetivo de criar a obrigação, para
a Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, de pagar mensalmente a
remuneração correspondente para JOSÉ RICARDO. Desde então, até pelo
menos junho de 2009, JOSÉ RICARDO, por ação dolosa de ABIB MIGUEL,
JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS,
passou a ter direito à remuneração mensal que oscilou entre R$ 9.442,69,
R$ 9.223,97, 12.579,82 e R$ 9.323,75 (exceto variações em alguns meses),
sem, no entanto, ter que trabalhar prestando os serviços correspondentes
ao cargo para o qual foi nomeado.

Assim, com a concordância de JOSÉ RICARDO DA SILVA, que


voluntariamente aderiu aos propósitos criminosos da quadrilha, em troca
da entrega de parte dos valores para si, a partir de janeiro de 2001, com a
atuação de ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros, e ao menos a
partir de fevereiro de 2008 com a adesão dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e
CLÁUDIO MARQUES DA SILVA, até pelo menos junho de 2009, os
denunciados referidos, agindo com dolo, valendo-se da condição de
Diretores (Geral, de Administração e de Pessoal) dos primeiros e do
parentesco do último, e do consequente poder que os três primeiros tinham
de obter a nomeação e exoneração de cargos em comissão, bem como da
capacidade de estabelecer o valor da remuneração que seria paga pelos
cofres públicos do Estado do Paraná, passaram a promover, em proveito
próprio, a cada mês, o desvio das importâncias variadas acima
mencionadas, correspondentes aos vencimentos do cargo em comissão para
o qual JOSÉ RICARDO foi nomeado (acima especificados), tudo com o único
propósito de se apoderarem dos valores correspondentes, os quais eram
primitivamente pertencentes à Administração Pública e se prestavam ao
pagamento dos vencimentos de servidores públicos. Dessa forma, ao menos
de fevereiro de 2008 até pelo menos junho de 2009, portanto por 17 vezes
(17 meses consecutivos), JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES
concorreram dolosamente para que a remuneração de JOSÉ RICARDO fosse
desviada em proveito da quadrilha.

Desde janeiro do ano de 2001 até pelo menos junho de 2009, contando com
a cooperação dolosa de JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA
em parte do período, os denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE
MATTOS, JOSÉ RICARDO e outros, por 114 vezes (114 meses), agindo com
habitualidade, em concurso material e de vontades, promoveram o
desvio, em proveito próprio, de cerca de R$ 1.337.752,55 (um milhão,
trezentos trinta e sete mil, setecentos cinqüenta e dois reais),
pertencentes à Assembléia, gerando enriquecimento ilícito dos
denunciados e graves prejuízos aos cofres públicos, sendo que parte do
dinheiro desviado foi encontrado nas residências de CLÁUDIO (R$
400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$ 4.746,00, €$ 170,00) – documentos
inclusos.
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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
Núcleo Regional de Curitiba

Fato 11

Prosseguindo nos desideratos da organização criminosa, os seus integrantes


convencionaram a nomeação de uma outra pessoa como servidora em cargo
em comissão, a fim de permitir a arrecadação de dinheiro público para seu
proveito particular.

Para tanto, no mês de janeiro do ano de 2001, nesta cidade de Curitiba,


JOÃO LEAL DE MATOS, atendendo aos interesses de ABIB MIGUEL e outros,
com os quais estava conluiado, procurou obter os dados qualificativos e
documentos de sua (de JOÃO) irmã, IDITE LORDES LEAL DE MATOS, para ser
nomeada como servidora de cargo em comissão junto à Administração da
Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, não esclarecendo que a
respectiva remuneração seria desviada, no todo ou em parte, em favor de
ABIB, dele próprio, JOÃO, e de outros indivíduos, sem que IDITE tivesse
que prestar quaisquer serviços ou atividades públicas correspondentes a tal
cargo. Assim, ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e os demais
integrantes da quadrilha obtiveram a nomeação de IDITE para cargo em
comissão, percebendo, inicialmente, a remuneração de 8.133,00 (oito mil,
cento trinta e três reais). Por obra das ações delituosas de ABIB MIGUEL,
JOÃO LEAL DE MATTOS e outros (JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA a partir de certo período), a remuneração de IDITE foi sendo
alterada ao longo do tempo, da seguinte forma (exceto algumas variações):
a) de janeiro de 2001 a dezembro de 2003, R$ 8.133,00 (oito mil, cento e
trinta e três reais); b) de janeiro a julho de 2004, R$ 17.680,00; c) R$
23.473,33, em agosto de 2004; d) R$ 17.580,00, de setembro a dezembro de
2004 (exceto algumas variações); conforme documentos acostados. As
sucessivas elevações ou alterações do valor da remuneração foram
realizadas por interferência direta dos integrantes da quadrilha, com o
deliberado fim de permitir um incremento nos desvios mensais.

Assim, mesmo sem que IDITE LORDES LEAL DE MATOS estivesse


suficientemente consciente do que ocorria, a partir de janeiro de 2001 e
até pelo menos dezembro 2004, em todos os meses, os denunciados ABIB
MIGUEL e JOÃO LEAL DE MATOS, agindo com dolo, valendo-se da condição
de Diretor Geral do primeiro e do parentesco do segundo, e do consequente
poder que o primeiro tinha de obter a nomeação e exoneração de cargos
em comissão, bem como da capacidade de estabelecer o valor da
remuneração que seria paga pelos cofres públicos do Estado do Paraná,
promoveram, em proveito próprio, o desvio da remuneração atribuída a
IDITE, correspondente à importância inicial de R$ 8.133,00 (oito mil, cento
e trinta e três reais), progressivamente aumentada como descrito,
correspondente aos vencimentos do cargo em comissão para o qual IDITE foi
nomeada, por meio dos pagamentos mensais que a Assembléia Legislativa
passou a fazer a partir de então em favor desta, tudo com o único
propósito de se apoderarem do valor correspondente à sua remuneração, o
qual era primitivamente pertencente à Administração Pública e se prestava
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ao pagamento dos vencimentos de servidores públicos.

Assim, mesmo sem que IDITE LORDES LEAL DE MATOS estivesse consciente
do que ocorria, a partir de janeiro de 2001, com a atuação de ABIB
MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros, até pelo menos dezembro de
2004, os denunciados referidos, agindo com dolo, valendo-se da condição
de Diretor Geral do primeiro e do parentesco do último, e do consequente
poder que o primeiro tinha de obter a nomeação e exoneração de cargos
em comissão, bem como da capacidade de estabelecer o valor da
remuneração que seria paga pelos cofres públicos do Estado do Paraná,
passaram a promover, em proveito próprio, a cada mês, o desvio das
importâncias variadas acima mencionadas, correspondentes aos
vencimentos do cargo em comissão para o qual IDITE foi nomeada (acima
especificados), tudo com o único propósito de se apoderarem dos valores
correspondentes, os quais eram primitivamente pertencentes à
Administração Pública e se prestavam ao pagamento dos vencimentos de
servidores públicos.

Desde janeiro do ano de 2001 até pelo menos dezembro de 2004, os


denunciados ABIB MIGUEL, JOÃO LEAL DE MATTOS e outros, por 48 vezes
(48 meses), agindo com habitualidade, em concurso material e de
vontades, promoveram o desvio, em proveito próprio, de cerca de R$
547.558,63 (quinhentos e quarenta e sete mil, quinhentos cinqüenta e
oito reais), pertencentes à Assembléia, gerando enriquecimento ilícito
dos denunciados e graves prejuízos aos cofres públicos, sendo que parte do
dinheiro desviado foi encontrado nas residências de CLÁUDIO (R$
400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$ 4.746,00, €$ 170,00) – documentos
inclusos.

Fato 12

Conforme já relatado acima, grande parte dos valores desviados através da


nomeação, como servidores comissionados da Assembléia Legislativa do
Estado do Paraná, dos familiares de JOÃO LEAL DE MATOS, dentre eles
IARA ROSANE DA SILVA MATOS (mulher de JOÃO), PRISCILA DA SILVA MATOS
(filha de JOÃO), JERMINA MARIA LEAL DA SILVA (irmã de JOÃO), VANILDA
LEAL (sobrinha de JOÃO), MARIA JOSÉ DA SILVA (sogra de JOÃO), NAIR
TEREZINHA DA SILVA SCHIBICHESKI (cunhada de JOÃO), JOSÉ RICARDO DA
SILVA (cunhada de JOÃO) e IDITE LEAL DE MATTOS (irmã de JOÃO), no total
aproximado de RS 13.070.317,25 (treze milhões, setenta mil, trezentos
e dezessete reais e vinte e cinco centavos), foi diretamente apoderada
pelos denunciados ABIB MIGUEL, JOSÉ ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES
DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, como é o caso do dinheiro encontrado
nas residências de CLÁUDIO (R$ 400.535,00) e ABIB (R$ 45.884,00, US$
4.746,00, €$ 170,00) – documentos inclusos.

Ademais, além dos desvios para a movimentação financeira/contábil da


Fazenda Santa Isabel, já descritos, o denunciado ABIB MIGUEL, em conluio
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com os demais integrantes da organização criminosa, promovia a


dissimulação da origem ilícita de parte dos valores desviados também
através da aquisição de dezenas de veículos, em seu nome próprio e de
diversas outras pessoas, entre integrantes da quadrilha e familiares, com o
propósito de que essas importâncias fossem integradas com aparência de
legitimidade aos patrimônios respectivos.

Dessa forma, em oportunidades diversas, ao longo do período entre os anos


de 1994 e 2010, ABIB MIGUEL, contando com a cooperação dolosa de JOSÉ
ARY NASSIFF, CLÁUDIO MARQUES DA SILVA e JOÃO LEAL DE MATOS, que
participavam do grupo criminoso cuja atividade secundária era dirigida à
prática de crimes de “lavagem” de valores, registrou diversos veículos e
reboques em nome de JOÃO LEAL DE MATOS, como se fossem de sua
propriedade. Entretanto, no endereço da Rua Antônio Rodrigues, 200, em
relação ao qual os veículos foram registrados, existe um imóvel de
propriedade de fato do próprio ABIB MIGUEL, onde, inclusive, foram
apreendidos cerca de 69 automóveis, a maioria de veículos raros de
colecionador, adquiridos com o proveito dos crimes praticados pela
organização criminosa (cf. auto de apreensão de fls.).

Assim agindo, os denunciados, de maneira


individualizada, estão incursos nas seguintes sanções:

1. ABIB MIGUEL: art. 288, caput, do Código Penal (fato 01); art. 312, caput, c/c
art. 327, § 2º, ambos do Código Penal, por 1.182 vezes (fatos 02, 03, 04, 06,
07, 09, 10 e 11), c/c artigos 29 e 69, também do Código Penal; art. 299,
parágrafo único, do Código Penal, por 06 vezes em concurso material (fatos 03,
04, 06, 07, 09 e 10), c/c artigos 29 e 69 do Código Penal; art. 1º, incisos V e
VII, e § 4º, todos da Lei nº 9.613/98 (3 vezes), c/c art. 29 do Código Penal
(fatos 05, 08 e 12); todos com incidência das disposições contidas na Lei nº.
9.034/95 e no art. 62, I, do Código Penal;
2. JOSÉ ARY NASSIFF e CLÁUDIO MARQUES DA SILVA: art. 288, caput, do Código
Penal (fato 01); art. 312, caput, c/c art. 327, § 2º, ambos do Código Penal, por
119 vezes (fatos 02, 03, 04, 06, 07, 09, 10 e 11), c/c artigos 29 e 69, também
do Código Penal; art. 299, parágrafo único, do Código Penal, por 06 vezes em
concurso material (fatos 03, 04, 06, 07, 09 e 10), c/c artigos 29 e 69 do Código
Penal; art. 1º, incisos V e VII, c/c § 2º do mesmo artigo, e § 4º, todos da Lei nº
9.613/98 (3 vezes), c/c art. 29 do Código Penal (fatos 05, 08 e 12); todos com
incidência das disposições contidas na Lei nº. 9.034/95;
3. JOÃO LEAL DE MATOS: art. 288, caput, do Código Penal (fato 01); art. 312,
caput, do Código Penal, por 1.182 vezes (fatos 02, 03, 04, 06, 07, 09, 10 e 11),
c/c artigos 29 e 69, também do Código Penal; art. 299, parágrafo único, do
Código Penal, por 06 vezes em concurso material (fatos 03, 04, 06, 07, 09 e
10), c/c artigos 29 e 69 do Código Penal; art. 1º, incisos V e VII, e § 4º, todos
da Lei nº 9.613/98 (3 vezes), c/c art. 29 do Código Penal (fatos 05, 08 e 12);
todos com incidência das disposições contidas na Lei nº. 9.034/95;
4. IARA ROSANE DA SILVA MATOS: art. 312, caput, do Código Penal, por 184
vezes (fato 03), c/c artigos 29 e 69, também do Código Penal;
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Núcleo Regional de Curitiba

5. PRISCILA DA SILVA MATOS: art. 312, caput, do Código Penal, por 52 vezes
(fato 04), c/c artigos 29 e 69, também do Código Penal;
6. MARIA JOSÉ DA SILVA: art. 312, caput, do Código Penal, por 184 vezes em
concurso material (fato 06), c/c artigos 29, § 1º, e 69, também do Código
Penal;
7. NAIR TERESINHA DA SILVA SCHIBICHESKI: art. 312, caput, do Código Penal,
por 114 vezes (fato 09), c/c artigos 29, § 1º, e 69, também do Código Penal;
8. JOSÉ RICARDO DA SILVA: art. 312, caput, do Código Penal, por 114 vezes (fato
10), c/c artigos 29, §1º, e 69, também do Código Penal;

razão pela qual se oferece a presente denúncia, que espera seja recebida, para o
fim de se promover a instauração da respectiva ação penal, requerendo-se a
citação pessoal dos denunciados para serem interrogados e acompanharem o feito
em todos os seus termos, seguindo-se o procedimento ordinário, até final
julgamento, sob pena de revelia.

Termos em que
Pede recebimento.

Curitiba, 03 de maio de 2010.

Vani Antônio Bueno Denilson Soares de Almeida


Promotor de Justiça Promotor de Justiça

Cláudio Rubino Zuan Esteves Marla de Freitas Blanchet


Promotor de Justiça Designado Promotora de Justiça

ROL DE TESTEMUNHAS:

1) IDITE LORDES LEAL DE MATOS, brasileira, solteira, do lar, inscrita no CPF n.º
697.272.369-87, nascida aos 02/06/1953, natural de Cerro Azul/PR, filha de Guilherme
Leal de Matos e de Donatilia de Britos Matos, residente na Rua Gasilda Pinto de Assis,
nº 102, Guatupê, na cidade de São José dos Pinhais/PR;

2) GUILHERME DA SILVA MATOS, brasileiro, solteiro, motorista, nascido aos


27/12/1989, natural de São José dos Pinhais/PR, bfilho de João Leal de Matos e Iara
Rosane da Silva Matos, residente e domiciliado na Rua Antonio Rodrigues, n.º 200,
Bairro Seminário, nesta cidade;

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3) JERMINA MARIA LEAL DA SILVA, brasileira, casada, lavradora, portadora do R.G.


n.º 5.523.051-0, inscrita no CPF n.º 01468129-99, nascida aos 02/11/1951, natural de
São Sebastião da Ribeira/PR, filha de Guilherme Leal de Matos e de Donatilia de Britos
Matos, residente e domiciliada na localidade de Morro Grande, na cidade de Cerro
Azul/PR;

4) VANILDA LEAL, brasileira, portadora do R.G. n.º 7.949.408-9, inscrita do CPF


044.682.089-02, nascida aos 04/10/1976, filha de Jermina Maria Leal e Izaltino
Floriano da Silva, residente e domiciliada na localidade de Morro Grande, na cidade de
Cerro Azul/PR;

5) IZALTINO FLORIANO DA SILVA, brasileiro, casado, lavrador, natural de Cerro


Azul/PR, nascido aos 28/09/1948, portador do título de eleitor nº 1559660647, filho de
Augusto Floriano da Silva e de Calotilda de França, residente na localidade de Morro
Grande, zona rural de Cerro Azul/PR,

6) SUZAN CAROLINA RUTYNA MARQUES DA SILVA, brasileira, casada, funcionária


pública, natural de Canoinhas/SC, nascida aos 06/02/1966, filha de Estanislau Rutyna
e de Christina Biesczad Rutyna, residente na Rua Tenente Miguel Cubas, nº 256, Capão
Raso, nesta cidade de Curitiba/PR,

7) URSULA FLORINDA KUSTER, brasileira, casada, funcionária pública, natural de


União da Vitória/PR, nascida aos 27/09/1967, filha de Waldemar Kuster e de Hilda
Nadolny Kuster, residente na Rua José de Lima, nº 144, apto. 203, Tingui, fone 3257-
2603, nesta cidade de Curitiba/PR,

8) ANTONIO CARLOS GULBINO, brasileiro, casado, funcionário público, natural de


Curitiba/PR, nascido aos 27/01/1963, filho de Antônio Gulbino e de Adazilma de
Castro Gulbino, residente na Rua Dante Melara, 425, Cajuru, nesta cidade de
Curitiba/PR;

9) RANGEL CALIXTO PEIJO, 1º Tenente QOPM, Policial Militar, lotado no GAECO,


núcleo Londrina/PR.

10) JULIANO SANTA ROSA, Soldado QPM 1-0, Policial Militar, lotado no GAECO,
núcleo Curitiba/PR.

11) RICARDO DINIZ BOLWERK LIMA, 2º Tenente QOPM, Policial Militar, lotado no
GAECO, núcleo Curitiba/PR.

12) ADRIANO ZULMIRES ELIAS, Investigador da Polícia Civil, lotado no GAECO,


núcleo Curitiba/PR.

13) MARCELO VEIGANTES, 1º Tenente QOPM, Policial Militar, lotado no GAECO,


núcleo Guarapuava/PR.

14) REINALDO GUSSI, Capitão QOPM, Policial Militar, lotado no GAECO, núcleo
Londrina/PR.

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