Você está na página 1de 4

Espécies de Liquidação

Sumário: 1.Introdução 2.Espécies de Liquidação 2.1.Por


cálculo 2.2.Por Arbitramento 2.3.Por Artigos 3.Conclusão
4.Bibliografia

1. Introdução

O presente artigo objeta contribuir para uma análise acerca das Espécies de
Liquidação, trazendo à tona questões de uso fático em nosso ordenamento jurídico
através de uma breve análise das questões que cercam cada espécie de liquidação na
justiça do trabalho e o uso como fonte subsidiária do CPC.

2. Espécies de Liquidação

A liquidação de sentença no processo do trabalho pode ser realizada de três


modos distintos, quais sejam, por cálculo, arbitramento e artigos, conforme iremos tratar
detalhadamente abaixo.

2.1.Por Cálculos

A liquidação por cálculos é a hipótese mais comum de liquidação de sentença,


consistindo na apresentação e análise de cálculos aritméticos pelas partes, conforme
prevê art. 879 da CLT e 509 do CPC. Observe que tal procedimento é utilizado em
situações mais corriqueiras do processo do trabalho.
Cabe salientar que a Súmula 211 do TST afirma que os juros e correção
monetária podem ser incluídos nos cálculos de liquidação mesmo que omisso no pedido
inicial e na condenação, por se tratarem de pedidos implícitos. Ademais, em relação aos
juros, esses são de 12% (doze por cento) ao ano, contados da data do ajuizamento da
reclamação, conforme prevê artigo 883 da CLT, incidentes sobre o valor da condenação
já atualizado monetariamente (Súmula 200 do TST).
A parte, ao elaborar os cálculos de liquidação, deve incluir os valores devidos à
Previdência Social a título de contribuição previdenciária incidente sobre a condenação.
Por fim, a liquidação por cálculos pode ser usada para aferir valor da condenação
imposta sobre as seguintes verbas: férias, 13º salário, horas extras, adicional noturno,
adicional de insalubridade e periculosidade, etc.
Temos como exemplo a situação em que o Reclamante tenha requerido a
condenação do reclamado ao pagamento de férias dos últimos 5 anos. Não pediu a
incidência de correção monetária nem juros. O juiz ao condenar, determinou apenas o
pagamento das férias, nada falando sobre a correção monetária e os juros. Iniciada a
liquidação, o Reclamante pode incluir em seus cálculos as duas parcelas supracitadas e
não poderá ser indeferido pelo juiz.

2.2.Por Arbitramento

A liquidação por arbitramento é realizada nas hipóteses previstas no art.509,I


do CPC, quais sejam, por convenção da parte, por determinação judicial, quando o
objeto da condenação assim exigir.
Em tal forma de liquidação, o valor é aferido após análise realizada por perito.
Em regra, é realizada uma perícia técnica para liquidar a sentença quando há pedido de
condenação ao pagamento de salário in natura, hipótese em que é necessário
conhecimento técnico para apurar-se o valor da utilidade ou quando há necessidade de
apurar-se o valor médio de salário para determinada profissão.
Caber ratificar que a perícia técnica é ponto fundamental da liquidação por
arbitramento, sendo o que a distingue das demais.
Nas palavras de Manoel Antônio Teixeira1,
Há casos em que a liquidação, a despeito de não reclamar a prova de fatos
novos, também não pode ser efetuada por mero cálculo contador, pois a
quantificação ou a individualização de seu objeto dependem de conhecimento
especializados, de perito que não podem ser satisfatoriamente captados pela
percepção sensória comum das pessoas em geral. Surge, então, a necessidade
de a liquidação ser realizada por meio de arbitramento.
O arbitramento consiste, portanto, em exame ou vistoria pericial de pessoas
ou coisas, com a finalidade de apurar o “quantum” relativo à obrigação
pecuniária, que deverá ser adimplida pelo devedor, ou, em determinados
casos, de individuar, com precisão, o objeto da condenação.

Aplica-se o art. 510 do CPC ao processo do trabalho, sendo que tal dispositivo
prevê que o Juiz, ao determinar a liquidação de sentença por arbitramento, designará
perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. Após a apresentação do laudo, poderão

1
TEIXEIRA, Manoel Antônio. Execução no processo do trabalho, 11ª ed. Saraiva. 2012. p. 369
as partes manifestar-se sob pena de preclusão, podendo ainda ser designada audiência,
principalmente para colher esclarecimentos do perito.
Apesar da realização da perícia consistir no principal aspecto da espécie em
estudo, não se pode afirmar que nesse procedimento é realizada perícia de acordo com
as normas já estudadas na fase instrutória, já que presentes as seguintes diferenças:
A perícia realizada na liquidação terá por objeto o que foi determinado na
sentença, enquanto a perícia realizada na instrução terá por objeto o que foi determinado
pelo juiz no saneamento do processo, que ocorre em audiência após a entrega da defesa
do réu. Outra distinção é que na liquidação, não há possibilidade das partes
apresentarem quesitos nem assistentes técnicos. Além de que, na liquidação, o perito é
único enquanto na instrução, podem ser tantos quantos designados pelo magistrado.
Por fim, ressaltamos que pode haver conversão da liquidação por arbitramento
em cálculos, se assim determinar o Juiz, ao perceber que essa espécie possui aptidão
para tornar líquida a sentença.

2.3. Liquidação por Artigos

Prevista no art. 509, II do CPC, a liquidação por artigos caracteriza-se pela


necessidade de provar fatos novos, indispensáveis a prova do valor da condenação. Nas
palavras de Renato Saraiva2,
A liquidação de sentença trabalhista pelo método de artigos é feita quando
sua liquidez depender de comprovação de fatos ainda não esclarecidos
suficientemente no processo de conhecimento, de modo a permitir valoração
imediata do título executivo.
Como exemplo de liquidação por artigos, podemos citar a sentença que
reconhece a realização de horas extras pelo obreiro, mas não as quantifica,
tornando-se necessária, por conseguinte, a realização da liquidação por
artigos, objetivando apurar, por meio das provas articuladas pelas partes, o
número de horas suplementares efetivamente prestadas.

Na liquidação por artigos há necessidade de nova cognição em relação aos


fatos novos que necessitam de prova, devendo o juiz convencer-se acerca dos mesmo.
Isso torna o procedimento mais complexo, razão pela qual é a forma de liquidação
menos usada, devendo o juiz, antes de proferir a sentença condenatória, buscar
elementos que permitam proferir sentença, desde já, líquida ou que demande apenas
apresentação de cálculos.

2
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. – São Paulo : Método, 2008. p. 617.
Ressalta-se que a maioria da doutrina entende que tal espécie de liquidação não
pode ser iniciada de ofício pelo juiz, dependendo sempre de requerimento das partes,
haja vista que deverão ser levados fatos novos, bem como provas necessárias.

3. Conclusão

No que diz respeito às espécies de liquidação, a CLT é omissa e só traz a


hipótese de liquidação por cálculos, devendo as partes utilizar o CPC,
subsidiariamente, na liquidação por artigo ou arbitramento. Sendo tal instituto de
grande relevância para o processo de execução.

4. Bibliografia

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 28º ed. – São Paulo: Atlas,
2008.
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. – São Paulo :
Método, 2008.
TEIXEIRA, Manoel Antônio. Execução no processo do trabalho, 11ª ed. Saraiva. 2012

Você também pode gostar