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O Processo

de Desenvolvimento
do Saber Humano e a
Transmissão Através da
Educação

José Severino da Silva


Sumário

Introdução .......................................................................................................... 03

Objetivos ............................................................................................................ 04

Estrutura do Conteúdo ..................................................................................... 04

O Processo de Desenvolvimento do Saber Humano e a Transmissão


Através da Educação

Tópico 1: Conhecimento Pertinente ............................................................................... 05

Tópico 2: Educação e Cultura .................................................................................... 08

Tópico 3: Aprender a Aprender .................................................................................. 11

Resumo .............................................................................................................. 16

Referências Bibliográficas .............................................................................. 17

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A busca pelo conhecimento e pelo poder sempre foi debatida com desconforto. Trata-
se de uma busca que mobiliza o ser humano, desde seus primórdios, a sair da zona de
conforto. Aqui, buscamos o conhecimento pertinente, ou seja, em sua totalidade, pois
entendemos que conhecer é poder.

As metodologias, os métodos aplicados, as práticas educacionais e as formas de


aprendizagem são diversos, mas aprender a aprender não é tarefa fácil. É preciso aprender
a ser, o que significa se mobilizar, enfrentar problemas, dificuldades e desafios. A educação
e a cultura estão caminhando lado a lado e uma depende da outra.

O conhecimento pertinente é o conhecimento tratado, em sua totalidade e complexidade,


como parte de um contexto, ou seja, aquele que agrega valores e saberes entre as diversas
ciências. Sua finalidade é a ética do novo milênio. Nessa perspectiva, educar para o futuro
passa a ser uma tarefa difícil, mas possível, visto que todos caminham para a mesma
direção.

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Através da Educação 3
Ao final deste material, esperamos que
você seja capaz de:
bj et ivos
O
1. Compreender o conhecimento
pertinente como possibilidade da
aprendizagem;
2. Identificar o papel da educação e da
cultura na sociedade;
3. Conhecer o processo pelo qual é
possível aprender a aprender.

Estru
do Co
tura Para melhor orientar seus estudos, este
conteúdo está dividido de acordo com os
nteúd
o seguintes tópicos

1. Conhecimento Pertinente;
2. Educação e Cultura;
3. Aprender a Aprender.

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1. Conhecimento Pertinente
“É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um pensamento que
distingue e une.” (Edgar Morin)

Percebemos, aqui, o quão complexa é a Era Digital, considerada a era das incertezas,
da globalização e do neoliberalismo econômico. Sabe-se que existem várias maneiras de
adquirirmos o conhecimento, o qual vem se multiplicando e se inovando a cada dia que
passa. Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a crer que vivemos em uma
grande aldeia, ou melhor, em uma rede. Essa sociedade, também chamada de sociedade
da informação ou tecnológica, tem repensado cada vez mais o papel da educação nos
dias atuais.

Segundo Piaget, para que ocorra a construção de um novo conhecimento ou de um


novo saber, é preciso que se estabeleça um desequilíbrio nas estruturas mentais. E não
seria isso o que está acontecendo? A explosão de acontecimentos em todos os segmentos
da sociedade, seja no campo social, político, cultural, econômico ou tecnológico, tem
causado mal-estar na sociedade. Vivemos uma grande crise de paradigmas e nos métodos
científicos, pois muitos modelos já não respondem mais às necessidades da sociedade
pós-moderna.

Toda aprendizagem precisa ser significativa para o aluno, de forma não mecanizada,
relacionada com conhecimentos, experiências e vivências do aluno. Ela é pessoal e
deve visar a objetivos realísticos, sendo um processo contínuo e embasada em um bom
relacionamento.

Nessa perspectiva, os conceitos já assimilados necessitam passar por um processo


de desorganização, de reestruturação, de revisões, para que
possamos retomar os processos de construção de conhecimento,
estabelecendo uma nova perspectiva na busca pelo saber.

O conhecimento, quando pertinente, atende às necessidades


existentes, pois se dá por meio da interpretação, reconstruindo
as percepções que são adquiridas ao longo da vida. Para isso,
devemos levar em consideração os possíveis riscos de erros,
justamente por conta da diversidade cultural existente na
sociedade.

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Segundo Edgar Morin, “Naturalmente, o ensino fornece conhecimento e fornece
saberes”. Dessa forma, o conhecimento não pode ser inserido em um computador, em um
tablet ou até em um celular por meio de uma representação, uma vez que seria reduzido
simplesmente a uma informação. Precisa-se, de fato, repensar com atenção essas
possibilidades de transmitir conhecimentos por meios de instrumentos midiáticos, pois, na
transmissão de conhecimentos, o papel humano é fundamental.

À medida em que os dados são e estão contextualizados com o leitor, o princípio do


conhecimento está sendo posto em prática. Nas escolas, é fundamental que as disciplinas
possam interagir, compartilhar e se conectar umas às outras.

De acordo com Edgar Morin, em seu livro Os sete saberes necessários à educação do
futuro, a fragmentação das disciplinas no processo de ensino nas escolas tem dificultado e
impedido que o intelecto humano se desenvolva. Conforme Pascal: “Não se pode conhecer
partes sem conhecer o todo, nem conhecer o todo sem conhecer partes”. Morin apresenta
quatro estruturas sobre o conhecimento pertinente, são elas: o contexto, o global, o
multidimensional e o complexo. Analisando essa estrutura dos saberes, podemos identificar:

• Na primeira estrutura, intitulada “o contexto”, o conhecimento das informações ou


dados isolados não dá conta de responder às questões; é importante contextualizá-
las e, para isso, é preciso situar as informações para que elas obtenham sentidos.
• A segunda estrutura, intitulada “o global”, corresponde ao conjunto das diversas
partes, ou seja, a relação todo/partes, em que elas estão ligadas e organizadas.
Nessa perspectiva, uma sociedade é mais que um contexto, ela é inter, é múltipla em
todos os sentidos.
• A terceira estrutura, intitulada “o multidimensional”, representa a sociedade e os seres
humanos como unidades complexas e multidimensionais, justamente por serem, ao
mesmo tempo: biológicos, históricos, psíquicos, afetivos, racionais e sociais.
• A quarta estrutura, intitulada “o complexo”, corresponde aos elementos distintos,
mas harmônicos, inseparáveis constitutivos do todo. Nessa busca pelo objeto de
conhecimento e seu contexto, precisa-se agregar as partes ao todo e o todo às partes.

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Os instrumentos que vieram para agregar conhecimentos não cumpriram sua função,
uma vez que esses recursos terminaram atrofiando parte da mente humana, limitando o
raciocínio e a criticidade, com respostas instantâneas e vagas, tornando, cada vez mais, o
conhecimento incerto e questionável.

Nessa perspectiva, a supremacia do conhecimento fragmentado já não responde


mais aos questionamentos, impedindo a apreensão dos objetos em seu contexto, em sua
complexidade e em seu conjunto.

Segundo Edgar Morin (2001, p.566):

Se quisermos um conhecimento segmentário, encerrado a um único objeto, com


a finalidade única de manipulá-lo, podemos então eliminar a preocupação de
reunir, contextualizar, globalizar. Mas, se quisermos um conhecimento pertinente,
precisamos reunir, contextualizar, globalizar nossas informações e nossos saberes,
buscar, portanto, um conhecimento complexo.

A educação do futuro precisa ser repensada e as escolas têm um papel importante


na produção do conhecimento, que requer redirecionamento o quanto antes, sobretudo a
produção de um conhecimento pertinente. Para tanto, as escolas e seus corpos docentes
precisam rever suas metodologias de ensino e suas práticas didáticas, formando alunos
mais conscientes de suas responsabilidades e mais críticos. Esse aluno precisa aprender
a pensar, a repensar e a produzir conhecimentos que façam e tenham sentido, que sejam
pertinentes. A complexidade aqui destacada por Edgar Morin tem como objetivo preparar
os alunos para que compreendam o mundo em que vivem e respondam aos seus próprios
questionamentos, contextualizando os saberes, trazendo para o centro o periférico e levando
o centro para a periferia, ou seja, juntando as peças, o quebra cabeças, orientando para
uma educação mais complexa e levando sempre em conta seus princípios e os saberes
que lhes dão sentido.

Saiba mais no livro Os sete saberes necessários à educação


do futuro (MORIN, 2011).

Morin parte do pressuposto de que devemos colocar o conhecimento em contexto: as


partes no todo e o todo nas partes, ou seja, contextualizar. É necessário dizer que não é
a quantidade das informações obtidas ao longo do percurso e a sofisticação de algumas
áreas do conhecimento ou disciplinas que podem transmitir um conhecimento pertinente,
mas a harmonia e o diálogo entre elas. Veja o exemplo abaixo:

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COMPLEXIDADE

MULTIDIMENSIONAL

GLOBAL

CONTEXTO

2. Educação e Cultura
A educação enquanto proposta de ascensão social, de crescimento intelectual e de
promoção está muito ligada à questão cultural, pois é a partir dela que se dá a classificação
como capazes ou não. A cultura é uma criação e produção humana e ela se faz presente
na medida em que o ser humano se permite e observa o que está a sua volta, a fim de
reconstruir e de repensar algo que já existe, mas que precisa de atualização.

Ao iniciar esse estudo acerca da educação e


da cultura, vale ressaltar as especificidades de
cada uma. Dessa forma, tudo que é e foi
construído historicamente e transforma
a sociedade e o meio social por meio de
hábitos, costumes, valores, normas e
outras coisas mais e/ou suas organizações,
instituições, espaços públicos e privados
pode e deve ser denominado cultura
material ou, quando estiver ligado ao
campo simbólico, cultura imaterial.

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A escola enquanto espaço organizado de ensino tem como papel transmitir
conhecimentos sistematizados, mas deve desenvolver no educando algumas características
imprescindíveis, tais como: a autonomia, a responsabilidade social e ambiental e o senso
crítico, fazendo com que esse sujeito se torne o autor do seu próprio conhecimento. Dessa
forma, cabe a cada escola desenvolver um jeito próprio, preservando valores, costumes
compartilhando saberes e adequando-os a sua própria filosofia de ensino.

A filosofia da escola representa a cultura da instituição e essa cultura faz a diferença


no processo de formação humana, ou seja, é nessa troca que a escola observa e o aluno
se apropria da cultura da escola, estreitando laços de convivência e de aceitação pelas
normas estabelecidas pela instituição. Em outras palavras, a cultura escolar está fortemente
ligada à filosofia da escola.

A escola é um espaço privilegiado de apropriação do conhecimento, não o único


espaço, mas o mais apropriado para a transmissão do conhecimento. Nos dias atuais,
temos o ciberespaço, ou a internet, o rádio, a televisão e outros meios de comunicação
disponíveis tecnologicamente.

Nessa perspectiva, o que pode aproximar a educação da cultura é o fato de a escola


permitir que aluno seja inovador, construtor e autor do seu próprio conhecimento. Para que
isso ocorra, a escola precisa articular com a cultura.

Cultura é cidadania e direito?

É fundamental para a cultura, no século XXI, caminhar de mãos dadas com as


ciências e com a tecnologia. Elas são independentes, mas se completam; nesse encontro,
maravilhas acontecem.

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As propostas se baseiam em um ou mais temas estabelecidos pelo programa: criação,
circulação e difusão da produção artística; cultura afro-brasileira; promoção cultural e
pedagógica em espaços culturais; educação patrimonial; tradição oral; cultura digital e
comunicação; educação musical; culturas indígenas; e residências artísticas para pesquisa
e experimentação nas escolas.

Stuart Hall reafirma a centralidade da cultura no cenário contemporâneo e ressalta seu


papel constitutivo em todos os aspectos
da vida social. Diz, ainda, que estamos
diante de uma revolução cultural,
evidenciada pelo desenvolvimento
tecnológico, particularmente pela
informática. Essa revolução tecnológica
tem sido a principal responsável pelas
transformações ocorridas no ambiente
escolar.

A cultura está presente em tudo,


até porque ela é uma produção humana e o espaço educacional representa um espaço de
conflitos, pois ali está presente uma grande diversidade cultural. A problemática das relações
entre escola e cultura é inerente a qualquer prática educativa. Nessa perspectiva, somos
levados a crer que não é possível ao indivíduo conceber uma experiência pedagógica sem
antes passar pela experiência da diversidade cultural. A escola é sinônima de cultura, de
conhecimento, de senso crítico, de construção e de autonomia. A escola é uma instituição
historicamente construída no contexto na modernidade.

Pensando em educação e cultura, a escola tem um papel fundamental na preservação


da cultura local, que, ao se apropriar dos hábitos e costumes locais da cultura na qual ela
está inserida, aborda, em seu Projeto Político Pedagógico, essas questões, valorizando a
história local e perpassando de geração em geração.

É fundamental que a escola construa uma


ponte entre o conhecimento dito erudito e o
conhecimento dito popular. A escola precisa
articular a diversidade cultural ali presente com
o conhecimento estabelecido. O conhecimento
globalizado articulado na escola permite
que os alunos se sintam pertencentes ao
respectivo local de origem, compreendendo o
seu papel social e suas funções na sociedade.

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A escola tem legitimidade para selecionar os saberes que serão transmitidos ao corpo
discente, a elaboração da grade curricular; o conhecimento estabelecido e o conhecimento
local são levados em consideração, pois a história local é parte do todo, dando voz aos
personagens locais, ao patrimônio e à história local. Dessa forma, a escola não só valoriza
a diversidade cultural presente na comunidade e suas representações, como os saberes
ali existentes.

Na contemporaneidade, a maioria das escolas já está inserida em um ambiente


moldado pelas transformações tecnológicas. Esse ambiente deve estimular a reflexão
sobre o caminho traçado pelo homem quanto às percepções, sentimentos, ideias, valores,
entre outros. Professores e alunos são partes de um contexto social, e escolas tentam
ampliar os horizontes para além dos muros da própria escola. O sistema escolar tem
como responsabilidade capacitar seus alunos a interpretarem o mundo a sua volta para
contribuírem com os sistemas produtivo, social, intelectual, econômico e cultural.

Cada cultura, seja erudita ou popular, tem suas virtudes, vícios, conhecimentos, modos
de vida, erros, acertos e ilusões. Em plena contemporaneidade, na era planetária, o mais
importante é que cada nação venha a integrar aquilo que as outras têm de melhor, em uma
busca pela simbiose do melhor de todas as culturas.

A mescla cultural é uma realidade vivida em nossa era. A


globalização e o fim das fronteiras do conhecimento terminaram
por estreitar e encurtar as distâncias entre as diversas culturas
existentes atualmente. Nessa perspectiva, o filósofo
Edgar Morin desenvolve uma reflexão crítica
acerca do contato entre a cultura ocidental e
outras culturas na história.

3. Aprender a
Aprender
“Aprender? Certamente, mas, primeiro, viver e
aprender pela vida, na vida.” (John Dewey)

Conteúdo On-line
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vídeo sobre educação e saiba mais.

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Agora, entraremos no universo mais complexo do saber. É possível aprender a
aprender? Qual é o caminho mais fácil para chegar ao conhecimento? Apesar de tantas
competências e habilidades, o ser humano tem uma outra: a curiosidade. Podemos
defini-la como uma habilidade, pois é ela que o lança no mundo dos sonhos, dos
desafios, das possibilidades, do sucesso ou da derrota.

Essa capacidade de aprender e de inovar é puramente humana. A curiosidade é


uma de suas características mais surpreendentes da espécie humana, a curiosidade
é transgressora, é intrigante e assusta, mas mobiliza, e é nessa mobilidade que o ser
humano avança.

Segundo John Dewey, por meio da brincadeira de faz de conta, a criança imita a vida
real e, por consequência, ela simplesmente reproduz o que há de melhor e pior no que
observa. Ou seja, imita situações e valores do meio social em que está inserida. Dewey,
em seu credo pedagógico e filosófico da educação, pensava e defendia um modelo
democrático, que levava em conta as mudanças que a sociedade estava vivenciando.

Para saber mais, leia o livro indicado:

A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel


(AUSUBEL, 1982).

Aprender a aprender não é um processo simples, pois envolve maturidade cognitiva e


física, conhecimento de mundo, histórico e cultural. Apesar de a aprendizagem ser própria
de todos os organismos biológicos, o ambiente, os grupos sociais, as culturas local e global
também influenciam no processo de aprendizagem. Entender a aprendizagem requer
uma série de interpretações e de questões envolvidas: biológicas, psíquicas, relacionais,
históricas, entre outras.

Para entendermos melhor o processo de aprendizagem, os quatro pilares da educação


reforçam os seguintes saberes: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver e
aprender a ser. Para que isso ocorra, é necessário vincular a esse processo os conteúdos
conceituais, procedimentais e atitudinais. Percorrido esse caminho, chegaremos às
seguintes análises:

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O que queremos aprender a conhecer?

O que queremos aprender a fazer?

Por que queremos aprender a viver?

O que queremos aprender a ser?

Segundo Zabala (2002), a educação escolar não se limita ao ensino de conteúdos


estendidos como um conjunto de informações sistematizadas e organizadas relacionadas
a uma determinada área do conhecimento. Os conteúdos podem ser inter-relacionados,
transdisciplinares, interdisciplinares e abranger capacidades cognitivas, motoras afetivas,
éticas e sociais. Nessa perspectiva, aborda os conteúdos em três categorias:

1. Conteúdos atitudinais;

2. Conteúdos conceituais;

3. Conteúdos procedimentais.

1. ATITUDINAIS: incluem-se nesses conteúdos a solidariedade, o trabalho


em grupo, a cooperação, o respeito às normas e regras estabelecidas, a
diversidade cultural. Em outras palavras, esse conteúdo se refere à formação
de atitudes, valores morais e éticos em relação à informação recebida.

2. CONCEITUAIS: referem-se ao conjunto de fatos, objetos ou símbolos que


possuem características comuns. Inclui também princípios que se referem
às mudanças que se produzem em um fato, objeto ou situação em relação a
outros fatos. Em outras palavras, esse conteúdo se refere à construção ativa de
capacidades intelectuais para operar símbolos, imagens, ideias e representações
que permitam organizar as realidades na busca pelo conhecimento.

3. PROCEDIMENTAIS: este envolve ações ordenadas com um fim, ou seja, ações


direcionadas para a realização de um objetivo. Referem-se a um aprender a fazer,
envolvendo regras, métodos, técnicas e habilidades. Em outras palavras, faz com que
os alunos construam instrumentos para analisar, por si mesmos, os resultados que
obtêm e os processos que colocam em ação para atingir as metas seus objetivos.

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Contextualizando

Nessa perspectiva, a ideia de conceito nos transporta para o campo do conhecimento:


erudito, popular, filosófico, científico, intelectual, entre outros, revelando uma verdadeira
descoberta do saber, seja por meio do raciocínio, da dedução, da indução ou de outra
cognição. Sendo assim, o conceito passa a ser considerado um forte instrumento na
compreensão do próprio conhecimento, possibilitando que o indivíduo construa o seu
conhecimento discernindo o que é o real e não real.

A ideia que trata das atitudes está muito ligada ao seu cotidiano e a sua relação com o
mundo. Nesse caso, as normas e os valores de condutas estão muito presentes no seu dia
a dia, moldando o indivíduo de acordo com normas vigentes, entretanto não estão presas ou
determinadas à reprodução. A solidariedade, a humildade, o respeito e a compreensão de
mundo fazem parte desse procedimento. Os conteúdos atitudinais passam pelo processo
de sociedade-indivíduo-sociedade. Por exemplo: no ambiente escolar, a ideia de vivermos
em grupo, de pensar coletivamente, de se solidarizar, sobretudo a ideia de aprender a viver
juntos é constante, ou seja, os conteúdos atitudinais posicionam o aluno a sua realidade
social perante o que aprende.

A noção de procedimentos tem relação com o método ou o caminho que o indivíduo deve
seguir, ou seja, eles estão ligados a qualquer produção ou reprodução do conhecimento.
Nessa fase, os procedimentos auxiliarão no processo de escolha do caminho aonde se
quer chegar, fazendo com que o indivíduo compreenda o seu ofício desenvolvendo a
experiência do fazer, ou seja, espera-se que o indivíduo já saiba aonde quer chegar e
como chegar. Saber aonde que chegar é também conhecer-se e conhecer o seu objeto
de estudo, aprendendo a fazer e, ao mesmo tempo, a viver coletivamente.

Segundo David Ausubel, em sua Teoria da Aprendizagem Significativa:

Para que ocorra a aprendizagem, é necessário partir daquilo que o aluno já sabe,
e os professores deveriam criar situações didáticas com a finalidade de descobrir
esse conhecimento – definido por ele como conhecimento prévio –, que serve de
suporte para os novos conhecimentos que serão adquiridos e construídos.

Em tese, aprender na sociedade atual pressupõe aprender ao longo da vida. Apesar


das técnicas e métodos de estudos disponíveis ou apresentados pela comunidade
acadêmica, encontraremos muitas dificuldades ao longo do processo de aprendizagem.
Aprender a aprender não é tarefa fácil. Por isso, é muito importante e necessário atualizar
constantemente nossos conhecimentos.

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Importante! Vale ressaltar que novas informações, novas técnicas e
novos saberes chegam e saem a todo momento. E, para isso,
precisamos estar abertos e preparados para recebê-los. Assim
sendo, o indivíduo só aprende quando se permite atender a um
fenômeno externo.

Conteúdo On-line Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem e assista


ao programa que aprofunda as ideias de Edgar Morin sobre a
interdisciplinaridade e a complexidade com foco no presente e
na sala de aula.

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Nossa sociedade, também chamada de sociedade da informação ou tecnológica, tem
repensado, cada vez mais, o papel da educação nos dias atuais. Nessa perspectiva, a
busca pelo conhecimento pertinente ou estabelecido se faz necessária e, para que isso
ocorra, precisamos considerar a viabilidade desses procedimentos durante o processo
ensino/aprendizagem.

Os conteúdos devem ir além do conteúdo específico das disciplinas, principalmente


os destacados como indicadores do percurso didático: Conceituais: saber fatos, conceitos,
princípios; Procedimentais: saber fazer; Atitudinais: ser (valores, normas e atitudes). Todos
têm um papel fundamental para a construção e a apreensão do conhecimento.

Em plena “era da informação”, encontramos dificuldades de desenvolver a capacidade


humana de comunicar-se em razão da complexidade existente não só nas relações sociais,
mas na forma como esses conteúdos são transmitidos nas escolas e universidades. As
pessoas têm cada vez mais consciência de que estão muito distantes do mundo em que
se imaginam estar. Elas veem o conhecimento como algo muito distante da sua realidade e
da sua apreensão. É necessário, de fato, aproximar aproximar esse aluno da sua realidade
por meio de uma educação desfragmentada, inclusiva e humanizada.

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BIBLIOGRÁFICA BÁSICA

AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo:


Moraes, 1982.

DEWEY, John. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação. 3 ed. São


Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959a.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 11 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

MORIN, Edgar. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2001.

______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez;


Brasília: Unesco, 2011.

ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o


currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobreas revoluções de nosso tempo.


Educação & Realidade, 1997. v. 22, n. 2, p.15-46.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 22 ed. Rio de Janeiro:


Zahar, 2008.

PIAGET, Jean. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

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