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O Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) – que trouxe aná-
lises sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das nações relativo a 2009 concentrou sua ava-
liação na influência das migrações. Reflete o relatório: “A mobilidade poderá seguramente melhorar o
desenvolvimento humano – nomeadamente entre deslocados, entre pessoas que permanecem nos seus
locais de origem e na maioria dos que se encontram nas sociedades de destino”.
A movimentação interna, dentro dos próprios países, é de longe muito maior do que o deslocamen-
to populacional entre países. Na realidade, a migração para fora dos países de origem se dá há algum
tempo na casa dos 3%. Já a migração dentro dos seus próprios territórios movimenta anualmente 740
milhões de pessoas ou algo perto de 12% da população mundial.
O Brasil, que em 2012 ocupa a posição de número 75 no IDH (0,813) tem 10,1% de deslocamentos
internos, taxa de emigração de 0,5% e “estoque” de imigrantes na casa de 688 mil, metade do que foi em
1960 (1.397 mil). Em termos relativos, a taxa de imigrantes no País despencou de 1,9% em 1960 para
0,4%. Os 38 países melhores classificados em IDH – acima de 0,900 – possuem tanto o nível de movi-
mentação de emigrantes, quanto de imigrantes, duas a três vezes superior à média geral e à brasileira.
Segundo constata o relatório, um grupo em mudança para uma nova localidade leva consigo ele-
mentos culturais e conhecimentos que se propagam na nova região. Igualmente esse grupo absorve
características da nova localidade e, tendo como objetivo a melhoria das suas condições e qualidade de
vida, empreende de maneira ainda mais determinada do que o faria no seu local de origem.
Emigração
600.000
rizado pela ausência de fixação perma- 400.000
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o êxodo rural que se refere ao desloca-
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Fonte: IBGEteen. Disponível em: <http://www.ibge.
mento de pessoas do campo para a ci- gov.br>. Acesso em: 1 mar. 2016
dade ou êxodo urbano, mais raro, com
movimentação no sentido contrário, da Na primeira onda aqui chegaram imi-
cidade para o campo. grantes principalmente alemãs, portugue-
ses, italianos e poloneses vindos esponta-
neamente atraídos pela oferta de terras no
sul do país pelo governo, que tinha o intuito
de povoar a região e tentar afastar a cobiça
dos países vizinhos naquelas terras até en-
tão despovoadas.
Migrações Internacionais & Já na segunda leva, chegaram imigran-
Crescimento demográfico tes, principalmente portugueses, espanhóis,
alemães e italianos que vieram em busca de
Conforme estudamos nas aulas emprego nas lavouras de café que se de-
anteriores, para o cálculo do cresci- senvolviam na região Sudeste, em especial,
mento demográfico de um país são le- no estado de São Paulo. Vale lembrar que
vados em consideração o crescimento em 13 de maio de 1888 ocorria no Brasil a
vegetativo (a diferença entre a taxa de Abolição da Escravatura, que libertou mui-
natalidade e a taxa de mortalidade) e o tos escravos, principalmente aqueles que
saldo migratório, obtido pela diferença trabalhavam nas fazendas de café no esta-
entre o número de imigrantes e o nú- do de São Paulo, com isso, a chegada dos
mero de emigrantes. O resultado desse imigrantes foi primordial para que a econo-
saldo pode ser positivo ou negativo. Se mia do café não entrasse em colapso com a
for positivo, significa que o número de falta de mão de obra, já que ter escravos no
imigrantes foi superior ao de emigran- Brasil passou a ser proibido.
tes e se for negativo, é o contrário. Os Após a crise do café em 1929, o governo
saldos migratórios positivos fizeram a brasileiro criou leis que dificultaram a entrada
população brasileira crescer significa- de imigrantes. O mundo e o Brasil estavam
tivamente entre a segunda metade do mergulhados numa grande crise econômica
século 19 e o início do 20. que culminou, entre outras consequências,
com o aumento do desemprego. Caso o go-
verno continuasse a receber os imigrantes no
país, o desemprego poderia aumentar cau-
Imigração no Brasil
sando uma agitação política, o que não inte-
O Brasil passou por duas grandes on- ressava à elite do país. Dessa forma, o fluxo
das de imigração. Uma na primeira metade de imigrantes foi bastante reduzido. Depois
do século 19 e a outra entre 1880 e 1930, da década de 1930, a necessidade de mão
conforme você pode observar no gráfico de obra passou a ser suprida principalmente
abaixo. pelas migrações internas.
Geografia 3 - Aula 7 69 Instituto Universal Brasileiro
Outra leva de emigrantes ocorreu du-
rante a década de 1980, conhecida como a
“década perdida” por ter sido um período de
Site Museu da Imigração do
estagnação econômica vivido não só pelo
Estado de São Paulo
Brasil, mas também pelos demais países da
O museu é o principal responsável pela América Latina. A forte retração da produção
preservação da memória das pessoas que industrial, o baixo crescimento econômico, o
chegaram ao Brasil em meados do século alto nível de desemprego e os índices de in-
19 e 20, e que com seu trabalho ajudaram flação extremamente elevados estimularam
a construir e a transformar a capital paulista muitos brasileiros a emigrarem para outros
e o país. Atuando como ponto de encontro países. Na década seguinte, 1 milhão de bra-
de diversas comunidades de imigrantes, as sileiros já viviam fora do país, a maior parte
origens do atual museu remontam a 1887, nos Estados Unidos, no Japão e na Europa.
ano em que foi fundada a Hospedaria de Imi-
Com o passar do tempo a emigração
grantes, local que tinha como função acolher
aumentou também devido a globalização,
e encaminhar ao trabalho viajantes trazidos
pelo governo. Ao longo de seus 91 anos de aonde muitas transnacionais passaram a
atividade, a Hospedaria, que foi fechada atuar em nível mundial recrutando para os
em 1978, recebeu cerca de 2,5 milhões de seus quadros executivos, técnicos e outros
pessoas de mais de 70 nacionalidades. As profissionais qualificados brasileiros para
histórias desses trabalhadores continuam trabalharem em suas filiais espalhadas pelo
vivas, preservadas nos depoimentos, fotos, globo. Esse fenômeno de saída de profissio-
documentos e jornais que compõem o gran- nais especializados em áreas do mercado
de acervo. Mais informações: http://www.mu- de trabalho dotados de um alto conhecimen-
seudaimigracao.org.br to em seu campo profissional e que migram
de países pobres ou com poucas oportuni-
dades laborais para centros mais desenvol-
Brasil e Migrações Internacionais vidos que carecem de suas habilidades, é
Como vimos, o Brasil passou durante uma chamado de fuga de cérebros.
parte da sua história por uma grande entrada Aqueles mais especializados em suas
de imigrantes, mas também houve a emigra- áreas, são assim, atraídos por trabalhos no ex-
ção de muitos brasileiros, principalmente por terior, tendo melhor remuneração, benefícios e
questões de ordem econômica. Isso ocorreu, reconhecimento e ao mesmo tempo a oportuni-
por exemplo, na década de 1970 quando um dade de desenvolver pesquisas, tecnologias e
grande número de população se deslocou para outras coisas para o país contratante.
a fronteira com o Paraguai, cujas terras eram Para os países que perdem esses pro-
mais baratas que no Brasil. Calcula-se que o fissionais qualificados há um prejuízo que
número de brasileiros que emigraram para o pode ser analisado por diversos pontos de
país vizinho tenha sido próximo de 500 mil. vista. Se a pessoa, por exemplo, foi forma-
Geografia 3 - Aula 7 70 Instituto Universal Brasileiro
da numa universidade pública, o investi- Migrações internas
mento na formação dela foi fruto da arre-
cadação de impostos e uma vez que esse Outro fenômeno por qual passou o
profissional emigra do Brasil, ele acaba por Brasil e ainda passa, só que num ritmo
retribuir de alguma forma, o que o gover- menor, são as migrações internas. As mi-
no e a sociedade investiu nele. Além disso, grações internas são os deslocamentos
tal profissional se ficasse no país, poderia populacionais em um mesmo país. Esse
com o seu trabalho e conhecimento gerar tipo de migração não altera o total da po-
riqueza e desenvolvimento. pulação, ou seja, não aumenta nem diminui
Assim, o desafio de várias nações o número de habitantes do país, mas pro-
atualmente está em manter esses profissio- voca transformações na dinâmica territorial
nais em seus próprios países, impedindo a do país, como por exemplo, o aumento da
fuga de cérebros, danosa não só para o de- urbanização e a expansão da fronteira agrí-
senvolvimento de nações mais pobres, mas cola, como estudaremos mais adiante.
que contribui ainda para aumentar as desi-
gualdades entre os vários povos do globo. É
imprescindível a adoção de políticas que tor-
nem o país “doador de cérebros” um atrativo
polo de inovações científicas e tecnológicas.
No caso do Brasil, é flagrante a falta de co-
nexão entre as universidades e o mercado
de trabalho e indústrias em geral, realidade
diferente do das economias desenvolvidas.
Segundo levantamento do Ministério
das Relações Exteriores, com base nos da-
dos enviados pelas embaixadas e consu-
lados, no ano de 2014 havia mais de três
milhões e cem mil brasileiros morando em
outros países. O levantamento leva em conta
somente brasileiros que estão regularizados
no país e não os que se encontram em situa-
ção migratória irregular, estes, evitam sub-
meter-se a sondagens e a censos ou mes- Atualmente, milhões de brasileiros vi-
mo matricular-se nas repartições consulares vem fora de seu estado ou município de
com medo de sofrerem alguma sanção. nascimento. De acordo com o último Censo
Demográfico (2010), os migrantes represen-
Brasileiros no mundo
tam, aproximadamente, 37% da população
brasileira, ou seja, a cada 100 brasileiros, 37
Oriente Médio/Ásia
não nasceram no município onde estão esta-
Oceania
belecidos atualmente. Esse dado é resultado
Europa
dos processos de migração interna por quais
Ásia o Brasil passou durante o século 20.
América do Sul A Região Nordeste foi a que mais con-
América do Norte tribuiu para o aumento das migrações inter-
América Central e Caribe nas, principalmente pelas más condições de
África vida da sua população agravadas inclusive
0 400.000 800.000 1.200.000 1.600.000 pela seca, pelo acesso difícil a propriedade
rural e pelo seu alto preço.
Fonte: Ministério das Relações Exteriores.
Acesso em 5 mar. 2016
A partir da década de 1950, muitas pes-
soas do interior do Nordeste mudaram-se
Geografia 3 - Aula 7 71 Instituto Universal Brasileiro
para a Região Sudeste, principalmente para
as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, natural. A expansão geralmente é movi-
pois elas concentravam o maior número de da pela necessidade crescente de pro-
indústrias no Brasil, sinônimo quase sempre dução ou, em alguns casos, de garan-
de muita oferta de emprego. tir a soberania nacional nos chamados
“vazios territoriais”.
Êxodo rural As primeiras fronteiras agrícolas
brasileiras surgiram após o início da
Com a aceleração desse processo de colonização, em 1500, quando os co-
industrialização, muitos moradores deixaram lonizadores portugueses exploraram
o campo rumo à cidade. Esses trabalhadores a zona litorânea composta pela Mata
rurais buscavam emprego e melhores condi- Atlântica em busca da madeira do Pau-
ções de vida. Esse movimento migratório do -Brasil e posteriormente o plantio de
campo para a cidade é denominado êxodo cana-de-açúcar em grandes engenhos
rural e foi um dos fatores responsáveis pelo da Zona da Mata.
fenômeno do inchaço urbano por qual pas- No século 17, houve a expansão
sou a maior parte das cidades brasileiras. para o interior do Brasil estimulada por
mineradores em busca de ouro. Já no
Expansão da fronteira agrícola século 19 aconteceu o crescimento da
economia do Sudeste oriunda da rique-
Também do Nordeste seguiu um gran- za do café. Mais recentemente, na dé-
de contingente para a Região Norte a fim de cada de 1970, o estímulo à produção
trabalhar na agricultura e no garimpo. Houve agrícola da região do Mato Grosso (que
ainda um significativo movimento de habitan- atraiu migrantes do Sul) e a exploração
tes do Sul e do Sudeste em direção às novas da Amazônia Legal.
áreas agrícolas do Centro-Oeste e do Norte a Até os anos de 1960, acreditava-
partir de incentivos do governo como a oferta -se que as últimas fronteiras agrícolas
de terras a preços baixos, crédito agrícola e a a serem exploradas no Brasil eram a re-
criação de uma infraestrutura de transporte, re- gião Norte e Centro-Oeste. Isso até nos
des de comunicação e energia para promover anos 2000 quando a Mapitoba (acrôni-
a dinamização econômica e a integração regio- mo referente às duas primeiras letras
nal do país. Todo esse movimento, promoveu a dos estados em que faz divisa: Mara-
expansão da fronteira agrícola contribuindo nhão, Piauí, Tocantins e Bahia) surgiu
para o desmatamento de grandes porções de com o status de “a última fronteira agrí-
áreas florestais como a floresta amazônica e o cola”. Atualmente essa região é a que
cerrado, processo que até hoje com avanços mais cresce em área plantada no país.
ou recuos, ainda continua. Do Sudeste e do Fonte: CUNHA, C. Mapitoba: conheça a última
Nordeste também seguiram pessoas para tra- fronteira agrícola do Brasil. Uol Vestibular. Disponível
balhar na construção de Brasília. em: <http: http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disci-
plinas/atualidades/mapitoba-conheca-a-ultima-fronteira-
-agricola-do-brasil.htm>. Acesso em 10 ago. 2016.
Migração de retorno e
Desconcentração industrial
2. (ENEM. Adaptada). “Foi lento o pro- 5. (UERJ) Com base no mapa, é pos-
cesso de transferência da população para as sível associar a macrorregião brasileira com
cidades, pois durante séculos o Brasil foi um maior proporção de migrantes à presença da
país agrário. Foi necessário mais de um sé- seguinte dinâmica socioespacial:
culo (século XVIII a século XIX) para que a
urbanização brasileira atingisse a maturida- Percentual dos imigrantes
de; e mais um século para que assumisse as na população em 1996
características atuais”. A dinâmica populacio-
nal descrita indica a ocorrência do seguinte
processo:
a) ( ) migração intrarregional.
b) ( ) migração pendular.
c) ( ) nomadismo.
d) ( ) êxodo rural.
Em percentual
centro-sul brasileiro. 0