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AULA 1 Sintaxe de colocação & Morfossintaxe

A língua apresenta inúmeras possibilidades para combinar palavras e fra-


ses. A sintaxe de colocação estuda não só a organização e as relações ló-
gicas das palavras, mas também entre as frases do texto. O padrão oficial
é a norma culta, mesmo se na fala haja liberdade de expressão.

A sintaxe de colocação analisa a disposição dos elementos

No Brasil, um exemplo clássico é a colocação do pronome “me”:


Padrão oficial: “Dê-me” X Linguagem popular: “Me dá”.

O jeito de colocar os pronomes no Brasil espelha uma das forças mais determinantes do por-
tuguês do futuro: a flexão à esquerda. “Dê-me um cigarro!” cheira a mofo – aliás, o poeta Oswald de
Andrade já reclamava em 1925, no poema:

Pronominais

“O bom negro e o bom branco


Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro”.

Falando desse jeito, parece que o português caminha para algo bem mais simples. Mas não
é bem assim. A norma da língua portuguesa oficial não aceita o pronome no início da frase. Então,
mesmo que haja certa liberdade na maneira de falar (“Me dá”), a forma correta continua sendo aque-
la de acordo com a norma curta (“Dê-me”).

Superinteressante, dezembro de 2008. Trecho adaptado.

Português 3 - Aula 1 5 Instituto Universal Brasileiro


Sintaxe de Colocação & Morfossintaxe
Sintaxe de Colocação Ordem inversa

Na ordem inversa, os termos vêm dis-


Oração: Ordem direta e ordem inversa
postos em sequências diferentes da ordem
Você sabia que a sintaxe de colocação direta. O predicado pode iniciar ou finalizar a
trata da ordem dos termos na oração e das oração. O sujeito pode vir posposto ou ficar no
orações no período? meio da frase. Os adjuntos podem vir no início
ou no meio da frase.
Veja de quantas maneiras a oração do
exemplo poderia ser escrita na ordem in-
versa:

"Sobre o fundo do mar, / torna a cair / o silêncio."


Adjunto Adverbial / Predicado / Sujeito

"Torna a cair / sobre o fundo do mar / o silêncio."


Predicado / Adjunto Adverbial / Sujeito

Um dos requisitos essenciais à com- "O silêncio, / sobre o fundo do mar, / torna a cair.”
preensão de todo e qualquer enunciado lin- Sujeito / Adjunto Adverbial / Predicado
guístico é a maneira pela qual o emissor or-
ganiza seu discurso e o distribui mediante um "Sobre o fundo do mar, / o silêncio / torna a cair.”
contexto oracional. Adjunto Adverbial / Sujeito / Predicado
Você vai aprender que da disposição dos
elementos dentro da oração resultam duas or-
dens: a direta e a inversa.

Ordem direta

Na ordem direta, os termos vêm dispos-


A ordem direta é mais clara e usa-
tos na seguinte sequência:
da na linguagem científica e didática. A
1 - Sujeito (precedido de artigo e acom-
inversa fala mais aos sentimentos, e é
panhado de seus adjuntos)
usada principalmente na poesia. A ordem
2 - Predicado (complementos verbais,
inversa dá maior colorido e movimento à
adjuntos adverbiais).
redação, o que vem atrair o interesse do
Observe a oração construída por Érico
leitor e prendê-lo à leitura, além de faci-
Veríssimo:
litar a rima, por causa da deslocação da
"O silêncio torna a cair sobre o fundo ordem das palavras.
do mar."
É um exemplo de ordem direta. Observe: Ordem de colocação dos adjetivos
"O silêncio / torna a cair / sobre o fundo do mar."
Os adjetivos, quando em função descri-
tiva, normalmente vêm colocados depois do
Sujeito / Predicado / Adjunto Adverbial substantivo. Exemplos: frutas verdes, tape-
tes largos.
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Colocação dos Pronomes
Pessoais Oblíquos Átonos

ME ???

Entretanto, muitas vezes vêm colocados Esse é um assunto que costuma gerar
antes do substantivo. Exemplo: Que bela pai- muitas dúvidas. Primeiro vamos rever o que
sagem! são pronomes pessoais oblíquos átonos. Pro-
nomes pessoais podem ser: retos e oblíquos.
Os retos funcionam geralmente como sujeito
e os oblíquos funcionam como complemento
verbal. Os pronomes oblíquos apresentam
duas formas, dependendo da intensidade so-
Há os adjetivos que, mudando de nora da pronúncia: átonos (intensidade fraca)
posição, mudam também de significado: e tônicos (intensidade forte). Observe os qua-
dros abaixo:
• pobre homem (infeliz) e homem Retos
pobre (sem recursos);
1ª pessoa eu
Singular 2ª pessoa tu
• grande homem (notável) e homem
grande (alto); 3ª pessoa ele (a)
1ª pessoa nós
• simples professor (mero, comum) Plural 2ª pessoa vós
e professor simples (sem afetação); 3ª pessoa eles (as)

• certas contas (algumas) e contas


Oblíquos Átonos
certas (exatas, determinadas);
1ª pessoa me
• falso padre (o que se faz de padre) Singular 2ª pessoa te
e padre falso (hipócrita); 3ª pessoa se, lhe, o, a
1ª pessoa nos
• velho amigo (de longa data) e ami-
Plural 2ª pessoa vos
go velho (idoso).
3ª pessoa se, lhes, os, as

Colocação Pronominal Oblíquos Tônicos


É a parte da gramática que trata da 1ª pessoa mim, comigo
correta colocação dos pronomes oblíquos Singular 2ª pessoa ti, contigo, si
átonos na frase. Embora na linguagem fala- 3ª pessoa consigo, ele (a)
da a colocação dos pronomes não seja rigo- 1ª pessoa nós, conosco
rosamente seguida, algumas normas devem
Plural 2ª pessoa vós, convosco, si
ser observadas, sobretudo, na linguagem
escrita. 3ª pessoa consigo, eles (as)

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• Com formas verbais do imperativo
Os pronomes oblíquos átonos (me, te,
afirmativo. Ex.: "Passe-me o pão, por favor".
se, nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes) podem
• Com verbos no infinitivo impessoal.
ocupar três posições em relação a um verbo:
Ex.: Chegou a oferecer-lhe uma casa.
• Próclise (antes do verbo). Ex.: • Com o advérbio eis. Ex.: Eis-nos de
Não o vejo há muito tempo. volta.
• Mesóclise (no meio do verbo). • Com verbos no gerúndio. Ex.: Di-
Ex.: Ver-nos-emos amanhã. rigindo-lhes a palavra, falou das virtudes
eternas.
• Ênclise (depois do verbo). Ex.:
Chamei-o. Observação. Quando o gerúndio
vem precedido pela preposição em, a for-
► Ênclise ma pronominal oblíqua vem antes dele,
caracterizando o emprego da próclise
(pronome antes do verbo). Ex.: Em se tra-
tando de um cliente preferencial, vamos
atendê-lo imediatamente.

Como na frase da ilustração: “Aluga-


se”, nos casos de ênclise os pronomes pes-
soais oblíquos átonos colocam-se normal- Os pronomes pessoais oblíquos e
mente depois do verbo. Exemplos: átonos o, a, os, as, da terceira pessoa, so-
frem algumas alterações, quando usados
Dê-me o chapéu. encliticamente. Ex.: Trataram-no muito
mal. / Pretendo defendê-lo sempre.
O professor considera-te muito.

Os casos de ênclise, por uma ques-


De acordo com esta regra, não se tão de construção, exigem o hífen (-) en-
começa oração com pronome oblíquo, tre o verbo e o pronome (aluga-se). O que
pois, quando a oração se inicia direta- se torna um recurso visual característico
mente pelo verbo, a forma pronominal, para identificar esses casos.
que funciona como complemento, deve
ser colocada depois dele. Entretanto,
contrariando esta lei sintática, é normal ► Próclise
encontrarmos, na linguagem falada do
Brasil, expressões como as seguintes: Observe a coloca-
"Me dê o chapéu". / "Me espere, por favor"! ção pronominal no título
/ "Te amo". deste filme “Nunca te
vi, sempre te amei”,
Em geral as princiais regras para em- com base no livro da es-
pregar-se a ênclise são: critora norte-americana
• Com verbos no início do período. Helene Hanff. Os pro-
Ex.: Encontrei-a triste. nomes estão colocados
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antes do verbo, o que caracteriza os casos Obseve a citação bíblica: “Portanto deixa-
de próclise. rá o homem o seu pai e a sua mãe, e unir-se-á
Há palavras que atraem o pronome oblí- à sua mulher, e serão uma só carne” (Gênesis
quo átono. Entre elas, podemos citar os ad- 2:24). Mesóclise é a colocação do pronome no
vérbios (principalmente o advérbio não), as meio do verbo como no caso de “unir-se-á”.
palavras negativas, os pronomes relativos A mesóclise só é possível quando o verbo
e indefinidos e as conjunções subordina- se acha no futuro do presente ou no futuro do
tivas. A presença de tais palavras na frase é pretérito. Trata-se de uma regra que só existe
que determina a colocação das formas pro- na língua portuguesa, e que no Brasil, atualmen-
nominais átonas antes do verbo. te, só é usada em convites de casamentos mais
Em geral as princiais regras para em- formais, ou na bíblia e clássicos da literatura.
pregar-se a próclise são: Só se emprega a forma mesoclítica quan-
• Em orações que contenham palavra do não há nenhuma palavra antes do verbo que
ou expressão de valor negativo (não, nem, possa atrair o pronome ou estando oculto o su-
nenhum, ninguém, nada, nunca, jamais, jeito. Havendo uma partícula de atração, o pro-
etc.). Ex.: Pedro não me emprestou o cader- nome ficará proclítico, embora o verbo esteja no
no. / Ninguém nos convidou. futuro do presente ou do pretérito. Exemplos:
• Nas orações em que haja pronomes
Contar-te-ei tudo o que se passou. (me-
indefinidos. Ex.: Tudo me incomoda profun-
sóclise)
damente nesta turma. / Alguém lhe falou so-
bre o assunto Não te contarei tudo o que se passou.
• Nas orações subordinadas. Ex.: Quan- (próclise)
do nos contaram o caso, ficamos pasmos. /
Ele sabe que lhe darão o prêmio. Pensar-se-ia que estivesse cansado.
• Nas orações introduzidas por prono- (mesóclise)
mes relativos (que, qual, quem, cujo etc.). Jamais se pensaria que estivesse can-
O homem que nos vendeu este livro é pro- sado. (próclise)
prietário da livraria.
• Nas orações optativas (que expri-
mem desejo). Ex.: Deus nos livre! / Raios o
partam!
• Nas orações interrogativas. Ex.: Ela
te contou a verdade?
• Nas orações exclamativas. Ex.: É interessante notar que se deve co-
Como se trabalha nesta empresa! locar o pronome oblíquo átono antes ou
• Nas orações em que haja advérbios. no meio do verbo, jamais depois do futuro
Ex.: Ontem me disseram que fui aprovado. / do presente e do pretérito (caso de êncli-
Aqui se trabalha. se). Os escritores modernos, tendo em
vista a simplicidade de estilo, preferem a
Observação. Se houver pausa de- próclise dos pronomes oblíquos átonos,
pois do advérbio (representada pela vír- mesmo para os tempos verbais do futuro
gula), emprega-se a ênclise. Ex.: Ontem, do presente e futuro do pretérito.
fizeram-me esperar por horas.

► Mesóclise

“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe,


e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne”
(Gênesis 2:24)
• Nos tempos compostos, os pro-
nomes átonos se juntam ao verbo auxiliar

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às dez classes gramaticais usadas para
(tempo finito) e jamais ao particípio, po- classificar as palavras (substantivo, adjetivo,
dendo ocorrer, de acordo com as regras já artigo, numeral, pronome, verbo, advérbio,
estudadas, a próclise, a ênclise e a mesó- preposição, conjunção, interjeição).
clise. Ex.: Os alunos tinham-se prepara- • Análise sintática. Faz referência às fun-
do./ Os alunos não se tinham preparado. ções sintáticas desempenhadas por estas pala-
Nunca se usa a ênclise com particípios! vras numa oração (sujeito, predicado, objeto direto
• Quando, em locução verbal, ha- ou indireto, adjunto adnominal ou adverbial etc.).
vendo um verbo no modo finito e outro no
infinito, sendo o pronome oblíquo sujeito do Classe & Função
segundo verbo, deverá ele vir enclítico ao
primeiro. Ex.: Fi-lo sair. / Mandei-o entrar. É preciso, pois, estabelecer a diferença
entre classe e função para entender como se
• Em caso de a locução constituir- processa a morfossintaxe:
se dos verbos ir, vir, andar, estar no • Uma palavra da classe do substanti-
modo finito, seguidos de gerúndio, o vo pode exercer a função de sujeito;
pronome oblíquo virá entre eles, sem li- • Um verbo sempre faz parte do pre-
gar-se ao primeiro. Ex.: Vinha me dizen- dicado;
do. / Andava lhe falando. • Um pronome pode ter a função de objeto.
Para fazer o estudo de algumas pala-
vras, é necessário orientar-se ora pela classe
gramatical a que pertencem (análise morfoló-
gica), ora pela função que exercem na frase
(análise sintática), ora por ambas.
Nos casos de mesóclise, como é
necessária a abertura da forma verbal para Estudo da palavra “se”
a colocação do pronome no meio do verbo,
são utilizados dois hífens (unir-se-á) no
meio do verbo, para a inserção do prono-
me. O que se torna um recurso visual ca-
racterístico para identificar esses casos.

Morfossintaxe

Veja o que a palavra “se” pode ser:


● Conjunção. Relaciona entre si duas
orações. Nesse caso, não exerce função sintáti-
ca. Como conjunção, a palavra se pode ser:
- Conjunção subordinativa integran-
te: inicia uma oração subordinada substanti-
va. Ex.: Perguntei se ele estava feliz.
Para fazer o estudo mais aprofundado - Conjunção subordinativa condicio-
de algumas palavras é preciso ter algumas nal: inicia uma oração adverbial condicional
noções de morfossintaxe que nada mais é (equivale a caso). Ex.: Se todos tivessem es-
do que análise morfológica e análise sintá- tudado, as notas seriam boas.
tica, realizadas simultaneamente. ● Partícula expletiva ou de realce.
• Análise morfológica. Diz respeito Pode ser retirada da frase sem prejuízo algum
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para o sentido. Nesse caso, a palavra se não Estudo da palavra “que”
exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce. Ex.:
Passavam-se os dias e nada acontecia.
● Parte integrante do verbo. Faz par-
te integrante dos verbos pronominais. Nesse
caso, o se não exerce função sintática. Ex.:
Ele arrependeu-se do que fez.
● Partícula apassivadora. Ligada a
verbo que pede objeto direto, caracteriza as
orações que estão na voz passiva sintética.
É também chamada de pronome apassiva-
dor. Nesse caso, não exerce função sintática.
Indica que o sujeito recebe a ação expres-
sa pelo verbo, característica da Voz Passiva
Pronominal. Reconhece-se passando para a A palavra que em português pode ser:
Voz Passiva Analítica. Ex.: Vendem-se ca- ● Interjeição. Exprime espanto, admi-
sas (Casas são vendidas.); Discutem-se os ração, surpresa. Nesse caso, será acentua-
projetos. (Projetos são discutidos.); Aluga-se da e seguida de ponto de exclamação. Usa-
carro. (Carro é alugado.); Compram-se joias. se também a variação o quê! A palavra que
(Jóias são compradas). não exerce função sintática quando funciona
● Índice de indeterminação do sujei- como interjeição. Ex.: Quê! Você ainda não
to. Vem ligando a um verbo que não é transi- está pronto? / O quê! Quem sumiu?
tivo direto, tornando o sujeito indeterminado. ● Substantivo. Equivale a alguma coi-
Não exerce propriamente uma função sintá- sa. Nesse caso, virá sempre antecedida de
tica, seu papel é o de indeterminar o sujei- artigo ou outro determinante. Como substanti-
to. Lembre-se de que, nesse caso, o verbo vo, designa também a 16ª letra de nosso alfa-
deverá estar na terceira pessoa do singular. beto. Significa "certa coisa", "alguma coisa", e
Ex.: Aqui se come bem. Trabalha-se de dia. recebe acento circunflexo. Ex.: Ele tem certo
Precisa-se de vendedores. quê misterioso. (substantivo na função de nú-
● Pronome reflexivo. Quando a pa- cleo do objeto direto)
lavra se é pronome pessoal, ela deverá es- ● Preposição. Liga dois verbos de uma
tar sempre na mesma pessoa do sujeito da locução verbal em que o auxiliar é o verbo ter.
oração de que faz parte. Por isso o pronome Equivale a de. Quando é preposição, a palavra
oblíquo se sempre será reflexivo, equivalen- que não exerce função sintática. Ex.: Tenho que
do a si mesmo, podendo assumir as seguin- sair agora. / Ele tem que dar o dinheiro hoje.
tes funções sintáticas: ● Partícula expletiva ou de realce. Pode
- Objeto direto. Ex.: Ele cortou-se com ser retirada da frase, sem prejuízo algum para
o facão. o sentido. Nesse caso, a palavra que não
- Objeto indireto. Ex.: Ele se atribui exerce função sintática. Como partícula ex-
muito valor. pletiva, aparece também na expressão é que.
- Sujeito de um infinitivo. Ex.: Ela dei- Ex.: Quase que não consigo chegar a tempo.
xou-se estar à janela. / Elas é que conseguiram chegar.
● Pronome pessoal recíproco. Quan- ● Advérbio. Intensifica um adjetivo ou
do indica que a ação verbal cai mutuamente advérbio. Quando funciona como advérbio, a
sobre os sujeitos. Ex.: Eles se abraçaram. palavra que exerce a função sintática de ad-
Neste caso, para reconhecer sua função re- junto adverbial; no caso, de intensidade. Ex.:
cíproca, podemos acrescentar ao verbo a ex- Que lindas flores! / Que barato!
pressão "um ao outro" (Eles abraçaram um ● Pronome. Exerce diferentes funções
ao outro.) sintáticas, dependendo do tipo de pronome.
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- Pronome relativo. Retoma um termo Por que
da oração antecedente, projetando-o na ora-
ção consequente. Equivale a o qual e flexões. ● Nas perguntas (frases interrogativas),
Pode ser substituído por o qual, a qual, os significando: “por qual razão” ou “por qual moti-
quais, as quais. Ex.: Este é o livro que lhe vo”: Ex.: Por que você não aceitou o meu con-
dei. (= o qual lhe dei - exerce função de objeto vite? (por qual razão)
direto do verbo dar) ● Quando estiverem presentes (mesmo
- Pronome substantivo. Equivale a que que não explícitas) as palavras “razão” e “moti-
coisa. Quando for pronome substantivo, a vo”, nas frases interrogativas indiretas. Exem-
palavra que exercerá as funções próprias do plos: Não sei  por que  não quero ir. (por qual
substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indi- motivo) / Todos sabem por que motivo ele re-
reto, etc.). Ex.: Que aconteceu com você? cusou a proposta. Ela contou por que (motivo,
- Pronome adjetivo. Determina um subs- razão) estava magoada.
tantivo. Nesse caso, exerce a função sintática
de adjunto adnominal. Ex.: Que vida é essa? Por quê
● Conjunção. Relaciona entre si duas
orações. Nesse caso, não exerce função sin- ● Quando vier antes de um ponto, seja fi-
tática. Como conjunção, a palavra que pode nal, interrogativo, exclamação, o por quê deve-
relacionar tanto orações coordenadas quanto rá vir acentuado e continuará com o significado
subordinadas, daí classificar-se como conjun- de “por qual motivo”, “por qual razão”. Ex.: Por
ção coordenativa ou conjunção subordinativa. quê? Você sabe bem por quê.
Quando funciona como conjunção coordena-
tiva ou subordinativa, a palavra que recebe o Porque
nome da oração que introduz. Por exemplo:
Venha logo, que é tarde. (conjunção coor- Nas frases afirmativas e respostas quan-
denativa explicativa). / Falou tanto que ficou do corresponder a uma explicação ou a uma
rouco. (conjunção subordinativa consecutiva). causa. É conjunção causal ou explicativa,
Quando inicia uma oração subordinada subs- com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”,
tantiva, a palavra que recebe o nome de con- “para que”. Ex.: Não fui ao cinema porque te-
junção subordinativa integrante. Ex.: Desejo nho que estudar para a prova. (pois) / Não vá
que você venha logo. fazer intrigas porque prejudicará você mesmo.
(uma vez que)
Uso de “por que”, “por quê”,
Porquê
“porque” ou “porquê”
É  substantivo  e tem significado de “o
motivo”, “a razão”.  Vem acompanhado de ar-
tigo, pronome, adjetivo ou numeral. Ex.: Não
consigo entender o porquê de sua ausência.
/ Diga-me um  porquê  para não fazer o que
devo. (uma razão).

Estudo do verbo “haver”


O uso dos  porquês  é um assunto mui- O verbo haver, além de suas várias acep-
to discutido e traz muitas dúvidas. Você sabe ções, pode ser empregado na forma impessoal
quando usar: junto ou separado, com ou sem e pessoal. Verbos impessoais não possuem
acento? Existem várias formas de diferenciar a sujeito e são usados sempre na 3ª pessoa do
maneira exata de utilizar os porquês. Entenda singular, independentemente do tempo verbal.
em quais situações utilizar cada uma. Nestes casos, trata-se de oração sem sujeito.
Português 3 - Aula 1 12 Instituto Universal Brasileiro
E, mesmo que os complementos estejam no
plural, o verbo ficará no singular.

Verbo haver é impessoal


O verbo haver, com o sentido de
existir e ocorrer fica no singular. Mas
os verbos existir e ocorrer flexionam-se
normalmente.
● Há muitas pessoas na sala.
● Existem muitas pessoas na sala.
● Houve muitos acidentes.
● Ocorreram muitos acidentes.
Quando empregado com o sentido de:
● Existir. Havia vários trabalhadores. Verbo haver pessoal
● Ocorrer. Vai haver manifestações por
todo país. Nestes casos, a oração apresenta sujeito
● Fazer (tempo). Estive aqui há dez anos. e o verbo haver é flexionado normalmente. Isto
acontece quando apresentar outros sentidos.
● Ter (auxiliar). Os criminosos haviam
fugido da cadeia.
● Acertar as contas. Elas se haverão
comigo.
Vale repetir que o verbo haver, quan- ● Obter. Eles houveram do juiz a dimi-
do empregado com o sentido de existir, nuição da pena.
ocorrer, acontecer, fica no singular, in- ● Haver por bem. Os pais houveram
dependentemente do tempo verbal. Ex.: por bem perdoar o filho.
● Houve muitos acidentes naquela
rodovia.
● Haverá muitos acidentes naquela
rodovia.
● Há vários trabalhadores filiados a
essa associação. Sintaxe de Colocação & Morfossintaxe
● Havia muitos trabalhadores filia-
dos a essa associação. Sintaxe de Colocação

Oração: Ordem direta e ordem inversa

Ordem Direta: Sujeito + Verbo + Com-


plemento.
Ordem Inversa: Verbo + Sujeito + Com-
plemento / Complemento + Verbo + Sujeito /
O verbo haver, quando impessoal e Complemento + Sujeito + Verbo.
principal, numa locução verbal, transmite
sua impessoalidade a seu auxiliar, que tam- Colocação Pronominal
bém permanece na 3ª pessoa do singular.
● Deve haver muitos casos seme- Próclise (antes do verbo): "Não o vejo
lhantes. há muito tempo."
● Poderia haver mais pontos de Mesóclise (no meio do verbo): "Ver-
atendimento. nos-emos amanhã."

Português 3 - Aula 1 13 Instituto Universal Brasileiro


Ênclise (depois do verbo): "Chamei-o." Uso de “por que”, “por quê”,
“porque” ou “porquê”
Morfossintaxe
Forma Emprego Exemplos
• Análise morfológica. Diz respeito às
dez classes gramaticais. • Por que
Em frases ele chorou?
• Análise sintática. Faz referência às interrogativas (interrogativa direta).
funções sintáticas. (diretas e • Digam-me por
indiretas). que ele chorou.
Estudo da palavra “se” Por que
(interrogativa
indireta).
A palavra “se” pode ser: Conjunção, Em substituição • Os bairros por
partícula expletiva ou de realce, parte in- à expressão que passamos eram
tegrante do verbo, partícula apassivado- "pelo qual" (e sujos. (por que =
ra, índice de indeterminação do sujeito, suas variações) pelos quais).
pronome reflexivo e pronome pessoal
• Eles estão
recíproco. No final de revoltados por quê?
Por quê
frases • Ele não veio não
Estudo da palavra “que” sei por quê.

Em frases
A palavra que em português pode ser: • Não fui à festa
Porque afirmativas e
● Interjeição: exprime espanto, admira- em respostas
porque choveu.
ção, surpresa. Ex.: Quê! Você ainda não está
pronto? / O quê! Quem sumiu? Como
• Todos sabem o
● Substantivo: equivale a alguma Porquê porquê de seu
substantivo
medo.
coisa. Ex.: Ele tem certo quê misterioso.
(substantivo na função de núcleo do objeto
direto). Estudo do verbo “haver”
● Preposição: liga dois verbos de
uma locução verbal em que o auxiliar é o O verbo haver pode ser empregado na
verbo ter (equivale a de). Ex.: Tenho que forma impessoal (somente no singular) e pes-
sair agora. soal (conjugação normal).
● Partícula expletiva ou de realce:
pode ser retirada da frase, sem prejuízo al- O verbo haver é impessoal quando
gum para o sentido. Ex.: Quase que não con- empregado com o sentido de:
sigo chegar a tempo.
● Advérbio: intensifica um adjetivo ou • Existir: Havia vários trabalhadores.
advérbio (função sintática de adjunto adver- • Ocorrer: Vai haver manifestações por
bial de intensidade). Ex.: Que lindas flores! / todo país.
Que barato! • Fazer (tempo): Estive aqui há dez
● Pronome: exerce diferentes funções anos.
sintáticas, dependendo do tipo de pronome.
Pronome relativo: equivale a o qual e flexões. O verbo haver é pessoal quando
Ex.: Este é o livro que lhe dei. (exerce fun- apresentar outros sentidos:
ção de objeto direto do verbo dar). / Pronome
substantivo: equivale a que coisa. Ex.: Que • Ter (auxiliar): Os criminosos haviam
aconteceu com você? / Pronome adjetivo: de- fugido da cadeia.
termina um substantivo (exerce a função sin- • Acertar as contas: Elas se haverão
tática de adjunto adnominal). Ex.: Que vida é comigo.
essa? • Obter: Eles houveram do juiz a dimi-
● Conjunção: relaciona entre si duas nuição da pena.
orações. Nesse caso, não exerce função sin- • Haver por bem: Os pais houveram
tática. Ex.: Desejo que você venha logo. por bem perdoar o filho.

Português 3 - Aula 1 14 Instituto Universal Brasileiro


( ) Ninguém se lembrou de desligar o aparelho.
( ) Queremos cumprimentá-lo pelo prêmio.
( ) Dir-se-ia que a cidade parecia feliz.

a) ( ) 1- 3 - 2
1. Assinale a alternativa que apresenta b) ( ) 1- 2- 3
a frase na ordem direta. c) ( ) 3 - 2 - 1
d) ( ) 2- 3 - 1
a) ( ) Larga era a passagem por trás da
casa. 5. Assinale a alternativa que classifica
b) ( ) É este o paraíso com que sonho. incorretamente a palavra se:
c) ( ) Navega uma gaivota no céu.
d) ( ) As flores coloriam todas as mi- a) ( ) Fala-se muito desta cidade. (índi-
nhas manhãs. ce de indeterminação do sujeito)
b) ( ) Eles se cumprimentaram efusiva-
2. (ENEM. Adaptada) A seguir, é feita a mente. (pronome recíproco)
reprodução de um diálogo na linguagem colo- c) ( ) Ela se cortou com o canivete.
quial, à mesa de refeições. (pronome reflexivo)
d) ( ) Os papéis amassaram-se. (parte
O marido pergunta, olhando para a comida no integrante do verbo)
prato: “Como você chama isto?” E a mulher respon-
de: “Não tenho um nome para isso, simplesmente
juntei algumas sobras.” Então, o marido se levanta e 6. De acordo com as ocorrências da pa-
diz: “Me recuso a comer comida anônima.” lavra que, assinale a alternativa incorreta:

O uso do pronome oblíquo na frase “Me a) ( ) Ela tem um quê misterioso. (advérbio)
recuso a comer comida anônima”:  b) ( ) Os livros que ficaram sobre a
mesa serão doados. (pronome relativo)
a) ( ) está de acordo com a norma culta. c) ( ) Que lindo este lugar! (advérbio
b) ( ) marca uma informalidade na lin- de intensidade)
guagem, visto que não se deve iniciar uma d) ( ) Chore que as lágrimas aliviam a
frase com um pronome oblíquo átono. dor. (conjunção subordinativa)
c) ( ) está correto, visto que a próclise
deve ser priorizada nesse caso.  7. Assinale a alternativa em que o verbo
d) ( ) está incorreto, pois nunca deve- haver foi empregado de forma incorreta:
mos usar um pronome oblíquo átono antes de
um verbo conjugado no presente. a) ( ) Deve haver algumas lâmpadas
guardadas.
3. Somente em uma dessas frases a co- b) ( ) Há dias não o vejo.
locação do pronome obedece à norma grama- c) ( ) Haviam muitas pessoas esperando.
tical. Portanto apenas uma frase está correta. d) ( ) Houve reuniões todos os dias.
Assinale-a.
8. Qual a frase em que a escrita da pala-
a) ( ) Te amo muito. vra grifada está correta?
b) ( ) Ninguém avisou-me que ele viria.
c) ( ) Nenhuma pessoa o ajudará. a) ( ) Amanhã vamos ao parque por-
d) ( ) Não disse-lhe nada ainda. quê fará sol.
b) ( ) Ontem passei no banco, por que
4. Coloque: ( 1 ) para próclise; ( 2 ) para recebi.
mesóclise; ( 3 ) para ênclise e assinale a al- c) ( ) Hoje vou descansar porque é feriado.
ternativa correta. d) ( ) Mudei de canal por quê quis.
Português 3 - Aula 1 15 Instituto Universal Brasileiro
5. d) ( x ) Os papéis amassaram-se.
(parte integrante do verbo)
Comentário. A alternativa d está incorre-
ta, pois o pronome se não é parte integrante
do verbo amassar (e não amassar-se). Neste
1. d) ( x ) As flores coloriam todas as caso, se é um pronome apassivador. O verbo
minhas manhãs. amassar é transitivo direto. Equivale a dizer-
Comentário. Somente a alternativa d apre- mos: “Os papéis foram amassados”. A alterna-
senta a frase na ordem direta. O sujeito “As flores” tiva a está correta porque o pronome se vem
aparece antes do predicado (coloriam todas as mi- ligado a um verbo que não é transitivo direto,
nhas manhãs). terceira pessoa do singular, tornando o sujeito
indeterminado. Não exerce propriamente uma
2. b) ( x ) marca uma informalidade na função sintática, seu papel é o de indetermi-
linguagem, visto que não se deve iniciar uma nar o sujeito. Temos na alternativa b (correta)
frase com um pronome oblíquo átono. o pronome se indicando que a ação cai mu-
Comentário. De acordo com a norma cul- tuamente sobre os elementos que pertencem
ta, a alternativa a está incorreta, segundo as re- ao sujeito (função recíproca – equivale a um
gras de colocação pronominal, um pronome oblí- ao outro). A alternativa c também está correta,
quo átono não deve iniciar uma frase. Nesse caso, trata-se de pronome reflexivo que equivale a
devemos priorizar a ênclise e não a próclise como expressão a si mesma.
ocorre na frase em questão. A alternativa b está
correta; e é importante destacar que esse uso é 6. a) ( x ) Ela tem um quê misterioso.
bastante frequente na linguagem informal, apesar (advérbio)
de a norma padrão pregar o contrário. De acordo Comentário. A alternativa a está incorre-
com a norma padrão, a colocação do pronome seria ta: o pronome que não representa um advérbio,
enclítica: “Recuso-me a comer comida anônima”: A mas sim um substantivo (equivale a alguma coi-
alternativa c está incorreta, pois a próclise nunca sa) que vem antecedido de artigo e é acentua-
é prioridade segundo as regras da norma culta. A do graficamente. Seria advérbio de intensidade
alternativa d também está incorreta, pois o tempo se equivalesse a quão, como na alternativa c
verbal não influi na colocação pronominal. (correta): Que lindo este lugar! A alternativa b
está correta, o pronome que é relativo, equivale
3. c) ( x ) Nenhuma pessoa o ajudará. a os quais. A alternativa d está correta, pois o
Comentário. A alternativa a está incorreta que inicia uma oração subordinada substantiva,
para a norma culta, pois não se inicia oração por e neste caso, recebe o nome de conjunção su-
pronome átono. O correto seria aplicarmos a ên- bordinativa integrante.
clise: “Amo-te muito”. Nas alternativas b e d o pro-
nome ninguém e a palavra negativa não atraem o 7. c) ( x ) Haviam muitas pessoas espe-
pronome oblíquo átono, exigindo assim, o emprego rando.
da próclise. O correto seria: “Ninguém me avisou Comentário. Forma incorreta na alternati-
que ele viria.” e “Não lhe disse nada ainda. Somen- va c: o verbo haver, significando existir, é impes-
te a alternativa c está correta, pois o pronome ne- soal e sempre fica no singular: "Havia muitas
nhuma, com ideia negativa, atrai o pronome oblí- pessoas esperando".
quo átono. “Nenhuma pessoa o ajudará”.
8. c) ( x ) Hoje vou descansar porque é
4. a) ( x ) 1 - 3 - 2 feriado.
Comentário. Lembre-se de que os prono- Comentário. A alternativa c é a única em
mes oblíquos átonos (me, te, se nos, vos, o, a, que a palavra porque está escrita corretamen-
os, as, lhe, lhes) podem ocupar três posições em te. Por ser uma frase afirmativa, a palavra corres-
relação a um verbo. Próclise (antes do verbo), o ponde a uma causa ou explicação. Em todas as
que ocorre nas frases: “Ninguém se lembrou de alternativas a forma e o sentido da palavra se re-
desligar o aparelho”. Mesóclise (no meio do ver- petem. As frases são afirmativas e respostas que
bo), na frase “Dir-se-ia que a cidade parecia feliz”. correspondem a uma explicação ou a uma causa.
E ênclise (depois do verbo), em “Queremos cum- Portanto, o correto seria: (a) porque, (b) porque,
primentá-lo pelo prêmio." (d) porque.

Português 3 - Aula 1 16 Instituto Universal Brasileiro

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