Algumas substâncias químicas estão tão ligadas à vida cotidiana e a história da civilização que
nem mais são identificadas como substâncias químicas. É o caso do etanol, o mais importante dos
álcoois, pois ele é um dos combustíveis que tem maior probabilidade de substituir o petróleo nas
próximas décadas. Ele é obtido através da fermentação de açúcares, como os presentes na cana-
de-açúcar, milho, cevada, malte etc. ou pela hidratação do etileno.
O etanol pode ser produzido em duas qualidades distintas: anidro ou hidratado. O etanol anidro
possui teor alcoólico mínimo de 99,3 ° (INPM) e é composto apenas de álcool etílico, e é utilizado
como combustível para veículos e matéria-prima para indústria de tintas e vernizes; já o etanol hidra-
tado é uma mistura de água e álcool, com teor alcoólico de 92,6 ° (INPM) e utilizado nas indústrias
farmacêuticas, de bebidas, e fabricação de saneantes e produtos de limpeza.
Seu ponto de fusão é de -114 ºC, o que faz com que seja utilizado também como fluido para
termômetros de temperaturas muito baixas (o mercúrio não serviria já que seu PF é de -40 ºC). Para
se obter um etanol 100% puro, é preciso desidratar o acetaldeído, feito sinteticamente.
Entre os combustíveis veiculares usados no Brasil, o álcool (etanol) é, comprovadamente, o
menos poluente. Sua combustão é relativamente mais fácil porque ele possui oxigênio em sua com-
posição, e isso leva à liberação de menos poluentes.
H3C C OH
H3C OH H5C2 OH ou H2
H H
H3C C CH3 H3C C CH2
OH OH OH
Nomenclatura
Observe estes outros dois exemplos:
Confira as terminações dadas às fun-
ções orgânicas: H
C
H
Função orgânica Sufixo H2C C OH HC C C OH
H2
Hidrocarboneto O HC CH
H2C CH2
Álcool OL C
H
Aldeído AL
Cetona ONA
Ácido carboxílico OICO
Éster ATO
Éter OXI
OH Nomenclatura
Nomenclatura O butenal-2
H3C C C C
Substitui-se a terminação do nome do hi- H H
drocarboneto correspondente pelo sufixo -AL. H
Necessariamente, o carbono é o 1 da cadeia.
Química 3 - Aula 8 114 Instituto Universal Brasileiro
Neste caso, temos que enumerar o car-
bono onde começa a dupla. A numeração da cosméticos, como endurecedor de unha, com
a porcentagem máxima de 5%, e em cosmé-
cadeia é da direita para a esquerda, obriga-
ticos capilares, com o limite máximo de 2%,
toriamente. Outro isômero seria o butenal-3,
como conservante, pois impede a prolifera-
que vemos a seguir: ção de micro-organismos. Infelizmente, po-
rém, ele também tem sido muito utilizado em
O butenal-3
escovas progressivas para alisar os fios de
C C C C cabelos. Mas esse é um uso proibido por lei,
H H H2 sendo considerado um crime hediondo pelo
H
Código Penal Brasileiro. Isso porque os va-
Outra nomenclatura será vista mais pores do formol possuem um odor irritante e
tarde. penetrante, sendo comprovadamente cance-
rígeno, além de destruir a estrutura dos fios
de cabelo.
Cetonas
C C C
etil-ciclopentil-cetona
Podemos aplicar apenas a nomenclatu- O
ra oficial, isto é, 3,3,4 - trimetil-hexanona - 3,
pois, segundo a outra nomenclatura, apenas C C C CH3
H2
o radical etil pode ser visualizado, não tendo o H2C CH2
conjunto nome característico.
Há também cetonas cíclicas, como a H2C CH2
seguir:
Notar que os radicais cíclicos possuem
ciclopropanona ciclopentanona nomes análogos aos alifáticos, isto é, sufi-
CH2 xo il substituindo o sufixo do hidrocarboneto
C O correspondente. O benzeno, composto aro-
H2C C O
H2C CH2 mático cuja fórmula já foi vista, ao perder um
H2C CH2 hidrogênio, forma o radical fenil; deveria ser
benzenil, mas esse radical, fenil possui nome
Observe-se que ao nome do hidrocarbo- já consagrado pelo uso e é derivado do nome
neto cíclico acrescenta-se o sufixo ona, como do benzeno em alemão, que vem a ser fen;
nos casos das cetonas alifáticas. Nas cetonas daí o radical fenil. Vejamos alguns exemplos
cíclicas, o carbono da carbonila é, necessaria- de cetonas com radicais fenil:
mente, o carbono 1 da cadeia cíclica, e vale a
regra da soma menor. H metil-fenil-cetona
Vejamos outros exemplos: C
HC C C CH3
CH3 CH2 3-metil-ciclopentanona
HC CH O
C C O
H C
H
H2C CH2
Nomenclatura
a) ácido ciclopentano-carboxílico
H2
C H O
O ácido metanoico possui nome parti-
H2C C C
cular há muito tempo, ou seja, ácido fórmico,
OH assim como o ácido etanoico, que possui o
H2C CH2
nome de ácido acético.
aldeído
etanal
OH O
H3C C OH H3C C + H2O
H H
Veja alguns dos principais ácidos car-
boxílicos presentes em nosso dia a dia.
Ácido metanoico – líquido incolor, de
odor forte e irritante, muito utilizado na fixação
II) álcool secundário instável de corantes em tecidos, na fabricação de tin-
tas e vernizes, na produção de pesticidas, en-
H OH tre outras aplicações. Por ter sido obtido pela
R C R’ + [O] R C R’ primeira vez a partir da maceração de formi-
gas, essa substância foi batizada e é mais co-
OH OH nhecida como ácido fórmico.
Ácido etanoico – ocorre no estado líquido
O etanoato de etila ou
Ésteres. São formados pela subs- acetato de etila
H3C C
tituição do hidrogênio do grupo carbo-
xila (COOH). Os ésteres possuem uma OC2H5
grande importância prática, como na
produção de flavorizantes (compostos Em sequência aos exemplos dados, da-
produzidos artificialmente que conferem mos o 3 - metil-butanoato de metila , e o bute-
odor e sabor aos alimentos industriali- noato - 3 de etila:
zados, como balas, bolos, sorvetes, re-
O 3-metil-butanoato
frigerantes etc.). H de metila
H3C C C C
São compostos que resultam da reação H2
OCH3
entre um ácido e um álcool. A fórmula geral CH3
de um éster é:
Química 3 - Aula 8 121 Instituto Universal Brasileiro
com uma molécula de glicerina. O baba-
O butenoato-3
de etila çu é uma palmeira nativa do Maranhão,
H2C C C C
H H2 Piauí, Tocantins e outros estados brasilei-
OC2H5 ros. Da amêndoa do coco do babaçu, ob-
têm-se os ácidos láurico (12 C) palmítico
(16 C) e oléico (18 C). Esses são uns dos
componentes do sabonete Lux para pele
sensível.
3. Ceras – ésteres obtidos a partir
da reação de um ácido e um álcool com
O trinitrato de glicerina (ou nitrogli- elevado número de carbonos. Exemplos:
cerina) é um éster de glicerina com ácido cera da abelha – éster obtido da reação
nítrico. É o explosivo usado na dinamite. do ácido palmítico (16 C) com o álcool
merassílico (31 C).
H3C C O C CH3
H2 H2
O O
Aldeído Grupo aldoxila. C H3C C
H H
Grupo carbonila O O
Cetona junto a 2 átomos de C C C
carbono. H3C C CH3
O O
Ácido carboxílico Grupo carboxila. C H3C C
OH OH
O O
Possui um radical C H3C C
Ester
carbônico O C O
Heteroátomo da
Oxigênio no meio
Éter C O C CH3CH2 O CH3
de dois carbonos na
molécula.
OH OH
Hidroxila junta a um
Fenol carbono do anel
aromático.
CH3
H3C O
H3C a) ( ) Acetilpentanoato e Etilbutanoato.
b) ( ) Etanoato de pentila e Butanoato de etila.
O O c) ( ) Pentanoato de etila e Etanoato de butila.
CH3 CH3 d) ( ) Pentanoato de acetila e Etanoato de
III IV butanoíla.
a. ácido carboxílico; d. cetona;
5. (UFRN) O etoxietano (éter comum), usa-
b. álcool; e. éster;
do como anestésico em 1842, foi substituído grada-
c. aldeído; f. éter.
tivamente por outros anestésicos em procedimen-
tos cirúrgicos. Atualmente, é muito usado como
a) ( ) Id; IIc; IIIe; IVf. solvente apolar nas indústrias, em processos de
b) ( ) Ic; IId; IIIe; IVa. extração de óleos, gorduras, essências, entre ou-
c) ( ) Ic; IId; IIIf; IVe. tros. A estrutura do éter comum que explica o uso
d) ( ) Id; IIc; IIIf; IVe atual mencionado no texto, é:
a) ( ) CH3–CH2–CH2–CH2–OH.
2. (MED. Pouso Alegre). O nome sistemáti- b) ( ) CH3–CH2–CH2–CO2H.
co, de acordo com a IUPAC, para a estrutura: c) ( ) CH3–CH2–CH2–CHO.
d) ( ) CH3–CH2–O–CH2–CH3.
H3C CH2 CH CH CH2 OH
6. (Enem) A própolis é um produto natural
CH3 CH3 conhecido por suas propriedades anti-inflamató-
rias e cicatrizantes. Esse material contém mais de
a) ( ) 2,3 – dimetil – 1 – pentanol 200 compostos identificados até o momento. Den-
b) ( ) 2,3 – dimetil pentanol tre eles, alguns são de estrutura simples, como é
c) ( ) 2 – metil – 3 etil – 1 – butanol o caso do C6H5CO2CH2CH3, cuja estrutura está
d) ( ) 2 – metil – 3 – etil butazona mostrada a seguir.
O CH3 C
H3C H3C O C
I aldeído H II cetona O
5. d) ( x ) CH3–CH2–O–CH2–CH3.
H3C O Comentário. Conforme estudado na
H3C
aula, a estrutura apresentada pertence aos
O éteres, cuja nomenclatura tem suas regras vis-
O
CH3 CH3 tas nesta aula e sua terminação é: prefixo (nú-
III éter IV éster
mero de carbonos) +OXI+ prefixo da maior
(I - c) - é um aldeído por apresentar ramificação e sua terminação: etoxietano.
uma carbonila na extremidade da cadeia;
(II - d) - é uma cetona por apresentar 6. a) ( x ) ácido benzoico e etanol.
uma carbonila entre dois carbonos da cadeia; Comentário. O composto apresenta-
(III - f) - é um éter por apresentar um do é o benzoato de etila, que é um éster.
átomo de oxigênio ligado simultaneamen- Reações de esterificação têm como produ-
te a dois átomos de carbono; tos, éster e água. Basta fazer a hidrólise (rea-
(IV - e) - é um éster porque um átomo
ção contrária) para saber como foi a reação.
de carbono está ligado a dois oxigênios –
Ao fazer a hidrólise, ocorre uma quebra na
um por uma ligação dupla e outro por uma
ligação simples. ligação O-│CH2CH3 do éster dado na questão: o
íon H+ da água junta-se ao O e o íon OH–, ao
“CH2CH3” , formando ácido benzoico e etanol.
2. a) ( x ) 2,3 – dimetil – 1 – pentanol A reação entre o ácido benzoico e o eta-
Comentário. Conforme nos estudos e ex- nol produz benzoato de etila e água (reação
plicações presentes nesta aula e com base nas de esterificação).
regras de numeração e nomenclatura dos álcoois
H
temos que o nome correto do composto é: C O
HC C C
2,3 - dimetil - 1-pentanol OH + H3C - CH2 - OH
HC CH etanol
C
3. b) ( x ) butanal. H ácido benzoico
Comentário.
O
O C
+ H2O
H3C CH2 CH2 C O CH2CH3 água
H benzoato de etila