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1. A saúde está no centro de um paradoxo é a primeira preocupação para a população, mas não
é priorizada no debate eleitoral nacional (que se concentra em torno de temas econômicos).
Em outros países, inclusive EUA, a saúde tem protagonismo na agenda pública.
2. A saúde e especialmente o SUS são consensuais nos programas dos diversos partidos
e coalizões partidárias (análises eleições 2010 e 2014 realizadas por Mario Scheffer e
Ligia Bahia). Quando os programas e os candidatos se referem a saúde mencionam
quase sempre políticas relativas à oferta (por exemplo mais leitos, clinicas
especializadas, aumento de equipes de saúde da família, mais médicos). As poucas
políticas referentes a ampliação do acesso apresentadas são decorrentes e dependentes
de acordos com a oferta (por exemplo: mutirões para cirurgia de catarata - acordos com
sociedades de oftalmologia): corujão do Doria - acordo com alguns hospitais. Nos países
nos quais saúde é prioridade na agenda pública e inclusive polariza o debate eleitoral as
políticas de saúde apresentadas pelos candidatos são focadas no acesso, por exemplo
prazos para a realização de exames, cirurgias na França e Reino Unido e garantias de
cobertura nos EUA.
3. O Brasil tem um sistema público aprovado pela Constituição de 1998 que não é único,
nem universal. Mas não é "duplicado". Há uma separação das demandas estratificada
por renda e situação sócio-ocupacional para a maior parte das ações assistenciais, mas
não da oferta. A maior parte dos médicos trabalha no setor público e no privado
simultaneamente e a maioria dos hospitais filantrópicos e parte considerável dos
privados atende clientes de planos e pacientes do SUS (que mesmo em acomodações
diferenciadas compartilham centros cirúrgicos, equipamentos etc comuns). A
configuração pública e privada também está presente nos estabelecimentos voltados à
quimio e radioterapia. As unidades de diagnóstico privadas são os únicos
estabelecimentos exclusivamente dedicados a clientela não SUS. . Evidentemente as
unidade de saúde que são púbicas e privadas tendem a priorizar o acesso dos pacientes
não SUS. Existem procedimentos e atividades de alto custo que são praticamente
realizados apenas pelo SUS como transplantes. Mas é incorreto afirmar que toda a "alta
complexidade" é realizada pelo SUS e que o problema do SUS é a "média complexidade".
5. O debate internacional sobre políticas de saúde para países de média e baixa renda é
importante. Existe um consenso na literatura acerca das definição e conceituação de
um sistema de saúde. Um sistema de saúde deve está voltado à alcançar a igualdade
(em termos das chances de adoecer e morrer) e tem três dimensões: a) resposta às
necessidades de saúde (ser capaz de melhorar efetivamente as condições de vida); b)
proteção financeira (ser capaz de evitar os gastos com saúde impeçam que indivíduos e
famílias despendam recursos com outras atividades essenciais); c) satisfação da (ser
capaz de mobilizar adesão e participação da população). O acesso universal é
considerado o elemento primordial para a organização dos sistemas de saúde
contemporâneos. Para os países de renda média e baixa o debate entre especialistas e
agências multilaterais concentra-se em torno do "como fazer". Há um reconhecimento,
inclusive do Banco Mundial sobre a necessidade de restringir, cortar subsídios públicos
ao setor privado e ampliar oferta e gastos públicos. O desafio principal é como reverter
situações como a da Africa do Sul, onde 50% dos recursos existentes para a saúde estão
concentrados no atendimento de 15% da população. No Brasil essa relação, não poder
ser calculada precisamente. Mas é plausível supor que os gastos dos 26,9% da
população com planos de saúde (em 2013) atinja no mínimo 45% do total dos gastos.
Portanto, as políticas de saúde devem estar voltadas ao mesmo tempo ao acesso e a
alocação equitativa dos recursos (considerando demanda e oferta).
4. um sistema para todos requer suportes em termos de política de P&D&I para sua
sustentabilidade; políticas sistêmicas para o complexo econômico industrial da saúde
são prioritárias