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Resenha crítica: Abraham Maslow e a Psicologia da Auto-Atualização

Abraham Maslow ficou famoso por seus estudos acerca do crescimento e


desenvolvimento pessoais e pelo uso da Psicologia como um instrumento de
promoção do bem-estar social e psicológico. Esta resenha pretende abordar alguns
dos principais aspectos dos estudos feitos por Maslow sob uma perspectiva crítica.
Maslow dá uma vaga definição de auto-atualização, que seria “o uso e a
exploração de plenos talentos, capacidades, potencialidades, etc.” Uma pessoa auto-
atualizada seria alguém “comum, de quem nada foi tirado”. Ou seja, uma pessoa cujos
sonhos e aspirações foram alcançadas. Ele chegou a estes conceitos após analisar as
vidas, valores e atitudes das pessoas consideradas por ele mais saudáveis e criativas.
Tais pessoas seriam as que alcançaram um nível de funcionamento melhor, mais
saudável do que o homem ou a mulher comuns. Isso se deu porque, segundo Maslow,
é mais exato generalizar sobre a natureza humana estudando os melhores exemplos
que se pudessem encontrar.
Segundo o texto, Maslow define a neurose e o desajustamento psicológico
como “doenças de carência”, ou seja, causadas pela privação de certas necessidades
básicas. As necessidades humanas estariam organizadas da seguinte maneira:

Aut
o-
reali
zaçã
o
Estima

Pertencimento e amor

Segurança

Fisiológicas

Da mesma forma que a privação de alimentos causaria desnutrição, a privação


das necessidades que se encontram no topo da pirâmide causaria doenças
psicológicas. Isso não se sustenta hoje em dia, quando a maior parte da comunidade
científica abandonou os conceitos de neurose e passou a adotar diretrizes mais claras
para a classificação e o diagnóstico dos transtornos mentais. Com o avanço das
pesquisas científicas na psicologia, surgiram modelos biológicos e psicológicos mais
plausíveis e empiricamente testados para explicar a etiologia das doenças mentais.
Um dos pontos mais fracos dos estudos de Maslow é sua escassa
fundamentação teórica. Alguns de seus conceitos carecem de explicações mais
detalhadas, permanecendo como idéias vagas a respeito do que seria o bem-estar
subjetivo. Por exemplo, os critérios utilizados para encontrar seu grupo amostral são
difusos: Maslow escolheu estudar as pessoas que estariam relativamente livres de
neuroses ou de problemas pessoais maiores. Os dois aspectos são subjetivos, pois
dependem do relato verbal dos objetos de pesquisa e não podem ser falseados.
Mesmo o conceito que mais lhe trouxe reconhecimento, a hierarquia de
necessidades, tem pouca sustentação empírica. Isso se dá porque a classificação de
necessidades não é tão simples como Maslow sugere. Por exemplo, algumas pessoas
fazem greve de fome até morrer para demonstrar a importância de suas crenças
pessoais, colocando as necessidades básicas num ponto abaixo de todas as outras
estabelecidas pelo pesquisador. Enquanto outras pessoas, cujas necessidades
fisiológicas e de segurança são plenamente satisfeitas, não buscam a companhia dos
outros. Além disso, como já foi citado anteriormente, o conceito de auto-atualização é
difícil de medir e definir com precisão. Desta forma, a hierarquia de Maslow se mostra
mais útil no nível descritivo do que no nível empírico.

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