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Assessores
Fernanda Narezi Pimentel Rosa
Ricardo José Gasques de Almeida Silvares
Rogério Sanches Cunha
Analista Jurídica
Ana Karenina Saura Rodrigues
Boletim Criminal Comentado Outubro-2019-
(semana nº 02)
SUMÁRIO
SUMÁRIO --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
Notícias.................................................................................................................................................3
DIREITO PENAL:------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
1-Tema: Jurisprudência em Teses do STJ trata de crimes da Lei de Licitações.....................................9
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NOTÍCIAS
O CAOCrim e o Núcleo de Gênero realizarão, no dia 15 de outubro deste ano, nesta próxima terça-
feira, às 17h00, um workshop para debater os principais aspectos do enfrentamento da violência
doméstica. A violência contra a mulher tem sido hoje um dos principais focos do trabalho do
promotor de justiça criminal, pois o volume tem aumentado cada vez mais, inclusive nas promotorias
do Júri. Iremos discutir as seguintes questões: i) competência; ii) as medidas protetivas e as boas
iniciativas para assegurá-las; iii) e a prova. Confirmaram presença diversos integrantes de
promotorias de justiça especializadas. Não perca essa oportunidade. A mediação do debate será de
Rogério Sanches Cunha, Promotor Assessor no CAOCrim.
ESTUDOS DO CAOCRIM
Em seu art. 12, a Lei 11.340/06 disciplina as medidas que autoridade policial deve adotar em
todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. São medidas preliminares
que possibilitam à autoridade reunir elementos que possam demonstrar os indícios de crime
e que justifiquem a tomada de outras providências, como a concessão de medidas protetivas
de urgência.
Desta forma, uma vez praticada uma infração penal que se insira no conceito de violência
doméstica e familiar contra a mulher, além das medidas de praxe para viabilizar a
investigação, a autoridade policial deve pesquisar a existência de registro de arma de fogo
em nome do agressor e, uma vez identificado o registro, a mesma autoridade deve notificar
a Polícia Federal, que, nos termos do art. 5º, § 1º, da Lei 10.826/03 é o órgão competente
para a expedição tanto do registro da arma quanto da autorização para o porte.
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Uma vez juntada a informação a respeito do registro da arma e adotadas as demais medidas
cabíveis na forma do art. 12, os autos são remetidos ao juiz, que, conforme dispõe o novo
inciso IV do art. 18 – também inserido pela Lei 13.880/19 – deve determinar a apreensão
imediata de arma de fogo que estiver sob a posse do agressor. Não é, portanto, a autoridade
policial a legitimada para determinar a apreensão; a ela cabe apenas adotar as providências
iniciais para apurar se existe o registro.
Note-se que a medida não é exatamente uma novidade, mas sim uma forma de conferir
maior efetividade a algo já presente na redação original da Lei 11.340/06. Isto porque o art.
22, que dispõe sobre as medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor, traz já no
inciso I a suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão
competente. O que a Lei 13.880/19 permite é que, no mesmo expediente em que a ofendida
requer a medida protetiva, o juiz determine simultaneamente a apreensão da arma.
Pressupõe-se que as restrições aqui mencionadas se refiram a uma arma regular, ou seja,
devidamente registrada e com autorização para porte, se for o caso. Isto porque se a arma
for ilegal a situação do agressor se agrava e sua conduta, a partir daí, passa a configurar um
dos delitos tipificados nos arts. 12, 14 ou 16 da Lei 10.826/03. E mais, nesses casos, a arma
apreendida deverá ser destruída, conforme dispõe o art. 25, caput, do Estatuto do
Desarmamento.
No art. 9º, a Lei 11.340/06 trata da assistência à mulher vítima de violência doméstica e
familiar. Esta assistência, segundo o próprio dispositivo, deve ser “prestada de forma
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência
Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras
normas e políticas públicas de proteção (…)”.
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Seguindo a linha das políticas públicas de proteção, a Lei 13.882/19 inseriu mais dois
parágrafos no art. 9º, que, aliás, em setembro de 2019 já havia sido alterado pela Lei 13.871,
que impõe ao agressor a obrigação de ressarcir os custos de serviços de saúde e dispositivos
de segurança nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. As novas
disposições relativas à assistência à mulher dizem respeito à matrícula de seus dependentes
em instituição de ensino básico.
Como dispõe o novo § 7º, a vítima de violência doméstica e familiar tem prioridade para
matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu
domicílio, ou para transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos
documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência
doméstica e familiar em curso.
O § 7º faz referência à educação básica, cujo conceito deve ser extraído da Lei de Diretrizes
da Educação Nacional (Lei 9.394/96). De acordo com o disposto no art. 4º, inciso I, desta lei,
a educação básica é prestada a indivíduos entre os quatro e os dezessete anos de idade,
compreendendo a pré-escola, o ensino fundamental e o ensino médio. Nota-se, portanto,
que a prioridade estabelecida pelo § 7º da Lei 11.340/06 não beneficia apenas a mulher
responsável por crianças, mas também a responsável por adolescentes até os dezessete
anos.
O § 8º, também incluído pela Lei 13.882/19, dispõe que devem ser mantidos sob sigilo os
dados da ofendida e de seus dependentes matriculados na forma do § 7º, e o acesso às
informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do
poder público. Pretende-se, evidentemente, impedir que o agressor obtenha os dados
domiciliares da ofendida a partir do cadastro escolar dos dependentes.
A Lei 13.882/19 igualmente alterou o art. 23 da Lei 11.340/06, que trata das medidas
protetivas de urgência à ofendida. O dispositivo passa a contar com o inciso V, segundo o
qual o juiz pode determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de
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educação básica mais próxima do seu domicílio, assim como pode determinar a transferência
deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.
No art. 23, que dispõe sobre as medidas de urgência e se caracteriza pela cautelaridade,
existe um plus em relação ao § 7º do art. 9º, pois enquanto aquele dispositivo garante
a prioridade na matrícula, este a impõe, ainda que não existam vagas. Trata-se,
efetivamente, de duas coisas distintas, pois é possível que a vítima não requeira medidas
protetivas, mas decida modificar seu domicílio para se distanciar do agressor. Neste caso,
apresentados documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo
de violência doméstica e familiar em curso, a direção da unidade de ensino deve zelar pela
prioridade estabelecida na nova lei.
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É admissível a revisão criminal fundada no art. 621, I, do CPP ainda que, sem indicar nenhum
dispositivo de lei penal violado, suas razões apontem tanto a supressão de instância quanto
a ausência de esgotamento da prestação jurisdicional.
A expressão "texto expresso da lei penal", contida no inciso I do art. 621 do CPP, não deve
ser compreendida apenas como a norma penal escrita, abrangendo, também, qualquer ato
normativo que tenha sido utilizado como fundamento da sentença condenatória (por
exemplo, portarias, leis completivas empregadas na aplicação de uma lei penal em branco,
etc.), a norma penal processual, a norma processual civil (aplicável subsidiariamente ao
processo penal, na forma do art. 3º do CPP) e a norma constitucional. Nessa mesma linha, a
melhor exegese da norma indica que o permissivo de revisão criminal constante no inciso I
do art. 621 do CPP compreende, ainda, as normas processuais não escritas e que podem ser
depreendidas do sistema processual como um todo, como ocorre com o direito ao duplo
grau de jurisdição, a proibição de supressão de instância e a obrigação do julgador de
fornecer uma prestação jurisdicional exauriente. Assim sendo, é admissível a revisão criminal
fundada no art. 621, I, do CPP ainda que, sem indicar nenhum dispositivo de lei penal violado,
suas razões apontem tanto a supressão de instância quanto a ausência de esgotamento da
prestação jurisdicional como consequência de error in procedendo do julgado que se
pretende rescindir.
PROCESSO: RvCr 4.944-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira Seção, por
unanimidade, julgado em 11/9/2019, DJe 20/9/2019.
COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM
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A primeira parte do art. 621 do CPP trata da possibilidade de revisão quando a sentença for
contrária à lei. O alcance da expressão lei penal, contida no dispositivo em estudo, deve ser
analisada de maneira ampla. Assim, não apenas a lei penal, quando afrontada, autoriza o
pedido revisional, mas também a lei processual, civil, tributária, comercial, etc., desde que
guardem relação com a tipicidade do fato delituoso pelo qual foi condenado o réu. E, por
óbvio, abrange ainda a decisão que contraria um princípio constitucional. Não faria sentido
que o réu pudesse se valer do pedido sob o argumento de que a decisão violou a lei penal e
se visse inibido da mesma via impugnativa quando o decisum afrontasse um princípio
constitucional, muito mais caro e relevante, na medida em que incluído na Carta Magna.
Assim também uma lei de caráter tributário que impeça a deflagração de um processo-crime
enquanto não julgado o recurso administrativo ou pelo tempo que perdurar o acordo de
parcelamento do débito fiscal, terá inegável influência no âmbito penal. Ou uma lei cível que
liberasse o jogo no país.
Nas palavras de José Frederico Marques, “tanto contrária à lei penal é a decisão que
considera delituosa uma conduta atípica, como aquela que impõe ao condenado sanção
penal não prevista para a infração praticada” (Elementos de Direito Processual Penal, vol. IV,
p. 323). Assim, podem ser lembrados alguns exemplos em que o juiz julgou em oposição ao
texto de lei, como ocorreria se ele reconhecesse, para majorar a pena do réu, uma agravante
não prevista em lei, consistente na prática do crime contra a companheira. Ou que tivesse
condenado o réu por abandono material de sua amante. Ou, ainda, que tivesse condenado
o réu com base em provas ilícitas, em afronta, neste caso, ao texto constitucional.
Mas é preciso, para se admitir a revisão, que a decisão tenha, efetivamente, contrariado o
texto legal (em sentido amplo). A mera adoção pelo juiz ou tribunal de um entendimento
minoritário na jurisprudência, em se tratando de questão controvertida ou mesmo de uma
tese que depois venha a ser superada pelos Tribunais, não autoriza a revisão. Nesse sentido
a Súmula 343 do STF, que por tratar da ação rescisória, prima-irmã da revisão, tem aplicação
no pedido revisional, in verbis: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de
lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação
controvertida nos tribunais”. A matéria, porém, não é pacífica, merecendo lembrança a
posição de Ada, Magalhães e Scarance, para quem “a contrariedade ao direito em tese há
de ser frontal e inequívoca: não infringe o texto expresso a interpretação razoável, ainda que
controvertida, dos tribunais. Mas, passando a haver adoção tranqüila da posição oposta, a
revisão pode ser considerada cabível, numa interpretação extensiva do dispositivo”
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(Recursos no Processo Penal, p. 317). Nesse sentido, ainda, o teor da Súmula 116 da Mesas
de Processo Penal da USP).
DIREITO PENAL:
A primeira define que a fraude na licitação para fins de contratação de serviço não está
abrangida pelo tipo penal previsto no artigo 96 da Lei 8.666/1993, uma vez que este
apresenta hipóteses estreitas de penalidade, não podendo haver interpretação extensiva em
prejuízo do réu, à luz do princípio penal da taxatividade.
Já a segunda tese estabelece que o crime do artigo 90 da Lei 8.666/1993 é formal e prescinde
da existência de prejuízo ao erário, haja vista que o dano se revela pela simples quebra do
caráter competitivo entre os licitantes interessados em contratar, causada pela frustração
ou pela fraude no procedimento licitatório.
Com base nas disposições da Lei 9.455/1997 e no princípio da independência da esfera penal,
a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reformou acórdão do Tribunal de Justiça
de Mato Grosso (TJMT) e, por maioria de votos, restabeleceu a sanção de perda do cargo
público imposta a um policial militar condenado pelo crime de tortura em Cuiabá.
Ao contrário do TJMT, que entendeu que a decretação de perda do cargo público seria pena
mais grave do que a condenação principal – fixada em dois anos e quatro meses de reclusão
em regime aberto –, a Sexta Turma concluiu que a perda do cargo é consequência
automática e obrigatória da condenação pelo crime de tortura, ainda que o agente tenha
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passado para a inatividade – condição que não foi totalmente esclarecida no processo,
apesar dos argumentos da defesa do policial.
COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM
O § 5º do art. 1º. da Lei de Tortura (Lei 9.455/97) anuncia como efeito secundário da
condenação a perda do cargo, da função ou do emprego público. A dúvida que surge é se tal
efeito extrapenal decorre automaticamente da condenação ou não.
Os Tribunais Superiores (STF e STJ) têm entendido que a perda do cargo, da função ou do
emprego público é efeito automático da sentença. Vejamos os arestos de ambos os
Tribunais:
(...) 1. A condenação de policiais militares pela prática do crime de tortura, por ser crime
comum, tem como efeito automático a perda do cargo, função ou emprego público, por
força do disposto no artigo 1º, § 5º, da Lei 9.455/1997. (...) 3. Agravo regimental
DESPROVIDO. ARE 799102 AgR-segundo / RN - RIO GRANDE DO NORTE SEGUNDO AG.REG.
NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO Relator(a): Min. LUIZ FUX Julgamento:
09/12/2014 Órgão Julgador: Primeira Turma.
(...) A perda do cargo, função ou emprego público que configura efeito extrapenal
secundário – constitui consequência necessária que resulta, automaticamente, de pleno
direito, da condenação penal imposta ao agente público pela prática do crime de tortura,
ainda que se cuide de integrante da Polícia Militar, não se lhe aplicando, a despeito de tratar-
se de Oficial da Corporação, a cláusula inscrita no art. 125, § 4º, da Constituição da República.
(STF - AI: 769637 MG, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 25/06/2013,
Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-205 DIVULG 15-10-2013
PUBLIC 16-10-2013)
Além disso, a condenação pelo crime de tortura acarreta a interdição para o exercício de
cargo, função ou emprego público pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Importante alertar que o Princípio do Non Reformatio in Pejus orienta que, havendo recurso
exclusivo da defesa, não é possível que o Tribunal aplique pena mais grave que aquela
imposta pelo Juízo a quo.
O Princípio do Non Reformatio in Pejus Indireto esclarece que, havendo recurso exclusivo da
defesa que anule a decisão do Juízo de 1º grau, determinando um novo julgamento pelo
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magistrado a quo, não é possível que a segunda decisão imponha pena mais severa que a
infligida na sentença anulada.
Entendemos que, em relação à perda do cargo nos delitos de tortura, não é possível suscitar
afronta aos princípios acima citados, tendo em vista que a perda do cargo, da função ou do
emprego público é efeito automático da sentença e decorre diretamente da Lei n.º 9.455/97.
Vale dizer, mesmo que o magistrado sentenciante não tenha declarado expressamente a
referida perda, por se tratar de efeito ex legis, ela sempre ocorrerá. Portanto, não há que se
falar em piora na situação jurídica do réu na segunda decisão, pois, seja em caso de análise
pelo Tribunal (Non Reformatio in Pejus), seja em caso de novo julgamento pelo Juízo a quo,
em razão de nulidade na sentença anterior (Non Reformatio in Pejus Indireta), havendo
sentença condenatória, a sanção secundária de perda do cargo sempre ocorrerá.
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COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM
Todos esses objetos que podem ter o número de identificação adulterado ou remarcado
devem ser ligados a um veículo automotor, elemento normativo cuja definição deve ser
obtida na legislação de trânsito.
De acordo com o inciso I do art. 96 do Código de Trânsito, quanto à tração os veículos são
classificados em (a) automotor, (b) elétrico, (c) de propulsão humana, (d) de tração animal,
(e) reboque ou semirreboque.
“VEÍCULO AUTOMOTOR – todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios
meios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a
tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo
compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos
(ônibus elétrico).
SEMI-REBOQUE – veículo de um ou mais eixos que se apoia na sua unidade tratora ou é a ela
ligado por meio de articulação.”
Vê-se, portanto, que reboques e semirreboques não podem ser considerados veículos
automotores, pois, por definição, não podem circular por seus próprios meios, nem
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Foi exatamente o que decidiu o STJ no julgamento do RHC 98.058/MG (j. 24/09/2019), em
que dois indivíduos buscavam o reconhecimento da atipicidade em virtude da conduta que
lhes havia sido imputada: a adulteração da placa de um semirreboque.
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