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Unidade Curricular: Hidrogeologia

Módulo 1 : Ciclo Hidrológico; bacias hidrográficas e Unidades hidrogeológicas; Água no solo

Eduardo Anselmo Ferreira da Silva | Departamento de Geociências | Universidade de Aveiro


CICLO HIDROLÓGICO
O CICLO HIDROLÓGICO é um conjunto de processos que ocorrem de forma contínua, não têm princípio nem fim, com ou sem
intervenção do Homem - Envolve transferência de massas de água

Energia necessária para o CICLO HIDROLÓGICO : Energia do sol e força da gravidade


CICLO HIDROLÓGICO
O Ciclo hidrológico é regido por 3 fatores:
o Natureza e aplicação da energia que mantêm a circulação
o Propriedades da água
o Estrutura dos meios de circulação

Processos: (descreve o movimento da água pelos diferentes componentes


o Evaporação
o Condensação
o Precipitação
o Escorrência
o Armazenamento
o Infiltração
o Transpiração

Infiltração ou escorrência – depende


o Tipo de material (permeável ou não)
o Uso do solo/tipo de vegetação
o Inclinação
o Grau de saturação
o Duração e Intensidade da precipitação
CICLO HIDROLÓGICO – Parcelas do ciclo

P= precipitação medida no aberto = P. total L= vazamento freático


T= transpiração Pp= percolação profunda (vazamento por falhas na rocha)
Ic= interceptação pelas copas das árvores Rs= escoamento superficial (em canais ou para superfície)
Ip= interceptação pelo piso Rss= escoamento sub-superficial
Eo= evaporação do solo e de superfícies líquidas Rb= escoamento básico (água subterrânea)
Et= evapotranspiração (total de perdas por evaporação) f= infiltração
Q= deflúvio Pc= precipitação direta nos canais
s= variação do armazenamento da água do solo U= vazamento (água que flui por fora do leito)
CICLO HIDROLÓGICO - Balanço
A equação : BALANÇO : ENTRADAS = SAÍDAS + VARIAÇÃO DE RESERVA

Precipitação = Escorrência + Evaporação + Transpiração + Armazenamento

QUANTIFICAÇÃO DAS VÁRIAS PARCELAS DO CICLO


CICLO HIDROLÓGICO - Balanço

P = (T + Ic + Ip + Eo) + Q + s ± L + U
P - ET - Q ± S = 0
CICLO HIDROLÓGICO – Balanço: água doce vs água salgada
Volume Volume total de água Volume de água doce
(103 km3) (%) (%)
Oceanos 1338000 96,5 -
Lagos:
doces 91,0 0,008 0,26
salgados 85,4 0,006 _
Pântanos 11,5 0,0008 0,03
Rios 2,1 0,0002 0,006
Humidade no solo 16,5 0,0012 0,05
Água subterrânea
doce 10530 0.76 30,1
salgada 12870 0.93 _
Gelo e neve (permafrost) 340,6 0.025 1,0
Calotes polares 24023,5 1.7 68,6
Água na atmosfera 12,9 0,001 0,04
Água biológica 1,1 0.0001 0,003
Total de água 1385985 100
Água doce 35029 2,5 100
CICLO HIDROLÓGICO – Tempo de residência para os reservatórios
Volume Tempo de residência
(103 km3) (%)
Oceanos 1338000 2500 anos
Lagos e pântanos 187,9 17 anos
Rios 2,1 16 dias
Humidade no solo 16,5 1 ano
Água subterrânea 23400 1400 anos
Gelo e neve (permafrost) 340,6 10000 anos
Calotes polares 24023,5 9700 anos
Água na atmosfera 12,9 8 dias
CICLO HIDROLÓGICO – Balanço: água doce vs água salgada
VAPOR DE ÁGUA (ATMOSFERA)
Os processos de superfície (evaporação, precipitação,
Precipitação: Chuva escorrência) ocorrem mais rapidamente do que os
Neve (entrada) processos de sub-superfície (fluxo subterrâneo,
Granizo infiltração, recarga e descarga)
Orvalho
TERRA
Intercepção: Vegetação
Telhados (etc) Horas
EVAPORAÇÃO

Detenção Superficial: Charcos Dias (atmosfera)
Pântanos

Humidade do Solo EVAPORAÇÃO e TRANSPIRAÇÃO
Semanas (rios)
EVAPOTRANSPIRAÇÃO 
Meses

Escorrência superficial Mar EVAPORAÇÃO (parte) Anos
Rios 
Décadas

Infiltração
Século
Escorrência subterrânea Mar 
Emergências EVAPORAÇÃO Milénios (água subterrânea)
(aquíferos, por exemplo) (fontes)
BACIA HIDROGRÁFICA
BACIA HIDROGRÁFICA = SISTEMA

Um sistema é um conjunto de partes inter- conectadas que formam um todo.

(por exemplo: ciclo hidrológico = precipitação, evaporação, escorrência, …)

Este sistema pode dividir-se em subsistemas: subsistema da água atmosférica (processos de precipitação, evaporação, interceção, e
transpiração), o subsistema da água superficial (fluxo superficial, escorrência superficial), o subsistema da água subterrânea (fluxo
subterrâneo)

BACIA HIDROGRÁFICA = SISTEMA HIDROLÓGICO

Gregersen e Brooks (1988): unidades físicas topograficamente delineadas, drenadas por um sistema de linhas de água ou seja a
superfície total que é drenada até um certo ponto de uma linha de água ou de um rio

CONAF (1994): sistema ambiental Homem – sociedade – natureza contendo uma área delimitada por uma linha divisória a partir
do qual as águas são drenadas até atingir o mesmo rio
BACIA
Bacia HIDROGRÁFICA
Hidrográfica
Podem existir dois tipos de divisórias, uma topográfica (superficial) e outro (hidro)geológica (freática ou subterrânea). Esta última é, em geral,
determinada pela estrutura geológica dos terrenos sendo muitas vezes influenciado pela topografia.
Resumindo, segundo Garcez bacia hidráulica é um conjunto de área com declividade no sentido de determinada secção transversal de um
curso de água, medidas as áreas em projeção horizontal
BACIA HIDROGRÁFICA

Bacia hidrográfica do rio Vouga


Imagem cedida por João Ribeiro
BACIA HIDROGRÁFICA

Bacia hidrográfica do rio Vouga


Imagem cedida por João Ribeiro
CICLO HIDROLÓGICO – Balanço: água doce vs água salgada
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL

o A importância das rochas sedimentares como aquíferos


para os recursos hídricos subterrâneos
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL

Sistemas Aquíferos
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
Vulnerabilidade e Risco de Contaminação dos Sistemas Aquíferos
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
Hidroquímica Pontual
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS RENOVÁVEIS (HM3/ANO)

RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS


Sectores utilizadores da água
RENOVÁVEIS POR UNIDADE HIDROGEOLÓGICA
subterrânea
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
Rochas do Complexo Xisto-Grauváquico
Xistos argilosos, xistos cloríticos, xistos sericíticos e talco-xistos (xistos luzantes), micaxistos.

Furo de captação

A circulação tem lugar - Diaclases


ao longo: - Planos de xistosidade

Estas rochas originam, por alteração, solos argilosos, pouco


(1) permeáveis, e dão origem à formação de enchimentos argilosos
(2)
ao longo das fendas, sobretudo, nas zonas mais superficiais.

(1) Diaclases/fracturas mais aquíferas


(2) Diaclases/fracturas c/ tendência para fechar

Escoamento superficial muito intenso.


HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
A circulação de águas subterrâneas é mais favorável nas zonas de
alteração e nas zonas intensamente fraturadas. O Maciço Hespérico (Paleozóico)

Critério de Alcalinidade vs
Permeabilidade

Quanto mais básica for a rocha


eruptiva mais baixa será a
permeabilidade

devido à mais fácil formação de


produtos argilosos ao longo das
fracturas.
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL

Os minerais dos granitos INTERACÇÃO ÁGUA - ROCHA

Rochas ígneas e o ataque dos silicatos


• PLAGIOCLASE CÁLCICA – CAAL2SI2O8 Iões tais como o Na+, Ca2+, Mg2+ e o K+ encontram-se por vezes
• PLAGIOCLASE SÓDICA – NAALSI3O8 debilmente retidos na estrutura silicatada.
• FELDSPATO POTÁSSICO – KALSI3O8 O processo de dissolução é função do pH e da temperatura da água.
• QUARTZO – SIO2
Formação de substâncias insolúveis, de modo geral minerais argilosos, as
• MOSCOVITE – K2AL4(AL2SI6)O20(OH)4
quais tendem a fixar de forma irreversível o ião K+.
• BIOTITE – K2(MG,FE)6(AL2SI6)O20(OH)4

Exemplo da meteorização do granito, dando origem à


formação de “caos de blocos”.
Hidrogeologia de Portugal

As águas relacionadas com rochas granitóides são em geral pouco mineralizadas.


água-granito

Domina o HCO3- e o Na+ e/ou Ca2+.


Interação

Existem quantidades importantes de sílica (entre 20 e 100 ppm), resíduo da hidrólise dos silicatos, dando origem à formação
de minerais argilosos.
Só uma percentagem muito reduzida da sílica provém da dissolução do quartzo.

2NaAlSi3O8 + 9H2O +2H+ +2HCO3- =Al2Si2O5(OH)4 +2Na+ +2HCO3- + 4H4SiO4


HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
o Fácil solubilidade Orlas Meso-Cenozoicas
de formações
Domínio Calcárias
o Fácil penetração da água no
Gresosas
sub-solo
Argilosas
o Relevo Cársico

Exsurgências: dão origem a rios de certa importância.


Os caudais são elevados com oscilações que acompanham as curvas
pluviométricas (zonas extremamente vulneráveis)
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL

Rochas sedimentares Rochas “resistentes” - materiais que não sofreram dissolução

Materiais insolúveis Materiais que foram depositados


(quartzo, zircão) antes que a hidrólise pudesse
terminar a sua ação.

Muitas destas rochas estão total ou parcialmente cimentadas por materiais mais ou menos solúveis (carbonato de
cálcio)

A água em contacto com estas formações geológicas tenderá a apresentar uma composição química semelhante à do
cimento solúvel e/ou à da água que se produziria do contacto com as formações geológicas que deram origem aos
clastos.
HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
Rochas “hidrolisíticas” – são formadas na sua maior parte por partículas derivadas da hidrólise dos minerais de
Rochas sedimentares
outras rochas.
Trata-se fundamentalmente das argilas

Podem armazenar quantidades apreciáveis de água, a qual


vai sendo expulsando, pouco a pouco, à medida que vão
sofrendo compactação.
Na grande maioria são muito pouco
permeáveis ou mesmo impermeáveis.

lodos → argilitos → argilas → xistos argilosos


HIDROGEOLOGIA DE PORTUGAL
MATERIAIS GEOLÓGICOS - SOLOS
Pedón é uma outra palavra em grego que
significa solo.

Pedosfera é a camada de solo na


superfície terrestre.

Os solos são constituídos por ar, água,


minerais, matéria orgânica e organismos.

Pedosfera é uma mistura entre a litosfera,


a biosfera, a hidrosfera e a atmosfera.

Meio poroso estruturado, biologicamente activo, que se desenvolveu na superfície continental do planeta e forma a
PEDOSFERA;
ou
Meio poroso gerado na superfície da Terra devido à meteorização de rochas mediante processos biológicos, geológicos e
hidrológicos;
ou
Camada superior da superfície sólida da Terra, formada pela meteorização das rochas, onde se enraízam as plantas e que
constitui um meio ecológico particular para certos seres vivos.
MATERIAIS GEOLÓGICOS - SOLOS
Hidrogeologia de Portugal
MATERIAIS GEOLÓGICOS - Textura
MATERIAIS GEOLÓGICOS - Infiltração
Grupo A – Solos arenosos profundos; têm alta capacidade de infiltração e geram pequenos
escoamentos;
Grupo B – Solos franco arenosos pouco profundos; têm menor capacidade de infiltração e
geram maiores escoamentos do que o solo A;
Grupo C – Solos franco argilosos; têm menor capacidade de infiltração e geram maiores
escoamentos do que A e B.
Grupo D – Solos argilosos expansivos; têm baixa capacidade de infiltração e geram grandes
escoamentos.

Grupo A

Grupo D
MATERIAIS GEOLÓGICOS - Infiltração
Infiltração: é o processo pelo qual a água penetra no solo e se move para baixo, em direção ao lençol freático, devido:
 à ação da gravidade
 à tensão capilar (atração entre a água e os minerais).
 pressão

Se a chuva for inferior a 30 mm/h o solo não atinge a capacidade


de infiltração e fica "disponível" para outra chuvada, não há O solo pode absorver a água da chuva até um certo valor de
escoamento. intensidade, acima do qual se dá o escoamento superficial.

A capacidade de infiltração designa-se por f e exprime-se em mm/h.


MATERIAIS GEOLÓGICOS – Factores que limitam a infiltração
Humidade do solo: um solo seco tem maior capacidade de infiltração porque se somam as forças gravitacionais e de capilaridade.
Permeabilidade do solo: há tendência para confundir-se capacidade de infiltração com permeabilidade. Permeabilidade é a velocidade de
infiltração para um gradiente unitário de carga hidráulica num fluxo saturado através de um meio poroso.
Temperatura do solo: a capacidade de infiltração depende da temperatura da água e da condição de contorno ou seja da profundidade
do solo.
Profundidade da camada impermeável: a capacidade de infiltração depende da temperatura da água e da condição de contorno ou seja
da profundidade do solo.
Cobertura vegetal (tipo de cultura): uma cobertura vegetal densa tende a promover maior infiltração, devido ao sistema radicular que
proporciona a formação de pequenos túneis e que retira humidade do solo através da transpiração, e à cobertura vegetal que previne a
compactação do solo
Compactação do solo (drenagem do solo): solos nus podem-se tornar parcialmente impermeáveis pela ação compatadora das grandes
gotas de chuva (que preenchem os vazios do solo com material fino), e pela ação do tráfego constante dos homens, veículos e animais
Presença de materiais finos e grosseiros

Precipitação – Escoamento superficial (runoff) = 𝑪𝒂𝒑𝒂𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒊𝒏𝒇𝒊𝒍𝒕𝒓𝒂çã𝒐


MATERIAIS GEOLÓGICOS – Infiltração vs Textura e ocupação
MATERIAIS GEOLÓGICOS - Infiltração
Variação da taxa de infiltração com o tempo
 Tensão capilar constante E
 A energia da gravidade aumenta com a profundidade de infiltração MAS
 A resistência ao fluxo aumenta com a profundidade de infiltração

INFILTRAÇÃO HORIZONTAL INFILTRAÇÃO VERTICAL

A infiltração vertical também diminui com o tempo mas em menor proporção


que a infiltração horizontal
Nos primeiros minutos a situação é idêntica à observada na infiltração
horizontal porque as forças capilares dominam. Depois a força de
gravidade DOMINA

TAXA DE INFILTRAÇÃO MÁXIMA



Depende da
PERMEABILIDADE da formação (solo)
 Não há influência da gravidade; a tensão capilar é
constante
 Com o tempo a resistência é maior, a infiltração é mais
lenta com o tempo
 A taxa de infiltração diminui com o tempo
MATERIAIS GEOLÓGICOS – Velocidade de infiltração
É a velocidade média do escoamento da água através de um solo saturado,
determinada pela relação entre a quantidade de água que atravessa a unidade de
área do material do solo e o tempo .

Depende da permeabilidade e do gradiente hidraulico e é determinada pela Lei de


Darcy.

𝒅𝒉
𝑽 =𝑲 ×𝑨 ×
𝒅𝒍
V - velocidade de infiltração;
K – condutividade hidráulica (medida através de permeâmetros);
A – área da secção analisada;
H carga piezométrica ou altura piezométrica;
L – distância entre os pontos medidos
MATERIAIS GEOLÓGICOS – Velocidade de infiltração

Condutividade hidráulica do solo saturado (valores em cm/h). Adaptado de Rawls et al., 1993)
INFILTRAÇÃO – Equipamentos de medida
Infiltrómetro de Duplo Anel
Consiste de dois anéis concêntricos, o de menor com 25 cm de diâmetro e o maior com diâmetro de 50 cm. Ambos com 30cm de altura. Os
anéis devem ser instalados no solo com o auxilio de uma marreta. Coloca-se água, ao mesmo tempo nos dois anéis. Após aplicação da água
procede-se a leitura do volume em intervalos geralmente de 10 minutos. A medição prossegue-se até que a variação do nível permaneça
praticamente constante; Recomenda-se que durante os primeiros 5 a 10 minutos, as leituras sejam feitas a intervalos curtos (30 segundos a 1
minuto em solos arenosos, dois a cinco minutos nos argilosos). A partir daí, se for observada uma redução na taxa de infiltração, as leituras
podem passar a ser mais espaçadas

Com uma régua graduada acompanha-se a infiltração vertical no cilindro


interno (Dh) para vários intervalos de tempo (Dt).
∆𝒉
Capacidade de infiltração instantânea: 𝑰𝒕 =
∆𝒕
INFILTRAÇÃO – Equipamentos de medida
Infiltrómetro de Duplo Anel

A água é colocada, simultaneamente nos dois cilindros,, medindo-se apenas a quantidade colocada no cilindro interno.
Normalmente as medidas de capacidade de infiltração feitas com infiltrómetros são apresentadas em tabelas e gráficos como os
demonstrados a seguir:
(1) (2) (3) (4) (5)

Tempo Volume lido Variação de volume Altura da lâmina Capacidade de infiltração

(minutos) (cm3) (cm3) (mm) (mm/h)

[3] 𝐴𝑡 [4] ∆𝑡

f = 𝒇𝒄 + 𝒇𝟎 − 𝒇𝒄 × 𝒆− 𝑲 ×𝒕
onde:
f é a capacidade de infiltração no tempo t (mm/h)
f0 é a capacidade de infiltração inicial para t = 0 (mm/h);
fc é a capacidade de infiltração final (mm/h);
k é uma constante para cada curva (h-1) e deve ser obtida
experimentalmente;
t é o tempo médio do intervalo (h). A unidade de t deve ser
compatível com a unidade de k
INFILTRAÇÃO – Equipamentos de medida
Infiltrómetro de Tensão
O melhor método para determinar a permeabilidade e
capilaridade de uma superficie.
Área de medição é pequena (diámetro de 30 cm).
Difícil de usar.
Alto custo (US$1.500).
INFILTRAÇÃO – Equipamentos de medida
Infiltrómetro de Pressão

1 - Piston valve to open or close the water


outlet
2 - Moveable air tube to set the applied
water pressure H on infiltrating surface
3 - Marriote type water reservoir
4 - Plexiglass tube of a small diameter to
enable accurate fading of the water level
5 - Iron ring with a radius of a driven into
the soil to the depth d
6 - Bulb of field saturated soil
7 - Wetting front
8 - Wetted zone
INFILTRAÇÃO – Equipamentos de medida
Medidores de resistência elétrica
INFILTRAÇÃO – Equipamentos de medida
O Manual de Drenagem Urbana de Denver recomenda em estudos preliminares que sejam usados as seguintes taxas de infiltração.

Período de retorno Primeira meia hora Segunda meia hora até ao final
2 a 5 anos 25,4 mm/h 12,7 mm/h
10 a 100 anos 12,7 mm/h 12,7 mm/h

Rubem Porto no livro de Drenagem Urbana,1995 recomenda as seguintes estimativas dos parâmetros de Horton e que constam do software
denominado ABC4
Classificação hidrológica do solo segundo Soil Conservation Service (SCS)
Parâmetros da
Tipo A Tipo B Tipo C Tipo D
fórmula de Horton
(mm/h) (mm/h) (mm/h) (mm/h)
fc 250 200 130 80
f0 25 13 7 3
k 2 2 2 2

Segundo (McCuen, 1997) o valor de f0 é de 3 a 5 vezes o valor de ff e cita ainda que os valores de k variam de 1/h até 20/h, enquanto que
(Akan,1993) cita que os valores de k variam de 0,67/h até 49/h sendo que na ausência de dados deve ser usado 4,14/h, conforme sugestão
de (Hubber e Dickinson, 1988). (Akan,1993) recomenda que quando não se tem dados, pode-se estimá-los usando as tabelas.
INFILTRAÇÃO – Fórmula de Horton
Tipo de solo fc (mm/h)
Solo argiloso com areia, silte e argila 0 a 1,27 mm/h
Solo arenoso argiloso 1,27 a 3,81 mm/h
Solo siltoso com areia, silte e húmus 3,81 a 7,62 mm/h
Solo arenoso 7,62 a 11,43 mm/h

Tipo de solo f0 (mm/h)


Solo seco com pouca ou nenhuma vegetação 127 mm/h
Mistura de solo com areia, silte, argila e húmus com pouca ou nenhuma vegetação 76,2 mm/h
Solo argiloso seco com pouca ou nenhuma vegetação 25,4 mm/h
Solo arenoso seco com vegetação densa 254 mm/h
Solo seco, sendo mistura de solo com areia, silte, argila e húmus com vegetação densa 152,4 mm/h
Solo argiloso seco com vegetação densa 50 mm/h
Solo arenoso húmido com pouca ou nenhuma vegetação 43,18 mm/h
Mistura de solo húmido com areia, silte, argila e húmus com pouca ou nenhuma vegetação 25,4 mm/h
Solo argiloso húmido com pouca ou nenhuma vegetação 7,62 mm/h
Solo arenoso húmido com pouca ou nenhuma vegetação 83,82 mm/h
Mistura de solo úmido com areia, silte, argila e húmus com
50,8 mm/h
vegetação densa
Solo úmido argiloso com vegetação densa 17,78 mm/h
INFILTRAÇÃO – Capacidade de infiltração
Curva de Capacidade de Infiltração.
100,00

80,00
I, f (mm/h)

60,00

40,00

20,00

0,00
7:55 9:07 10:19 11:31 12:43 13:55 15:07
Horário

I (mm/h)

100,00

80,00

f = 𝒇𝒄 + 𝒇𝟎 − 𝒇𝒄 × 𝒆− 𝒌 ×𝒕
I, f (mm/h)

60,00

40,00

20,00

0,00
7:55 9:07 10:19 11:31 12:43 13:55 15:07
Horário
fo, fc e k são parâmetros ligados ao tipo de solo (ver grupos de solo A, B, C e D)
I (mm/h) f (mm/h)
INFILTRAÇÃO – Capacidade de infiltração

Curva de Capacidade de Infiltração. f = 𝒇𝒄 + 𝒇𝟎 − 𝒇𝒄 × 𝒆− 𝒌 ×𝒕

f(mm/h) f(mm/h) f(mm/h)


f0 f0 f0 P
Acumulação ou escoamento
superficial

P
P infiltração infiltração
infiltração t(h) t(h) t(h)

Variação da infiltração em função da intensidade da precipitação


INFILTRAÇÃO – Capacidade de infiltração
Proposto pelo Soil Conservation Service (SCS) e permite determinar a capacidade de armazenamento do solo (S) em função do tipo de solo (A, B,
C ou D), da humidade inicial e do uso do solo pela equação:

𝟐𝟓𝟒𝟎𝟎
𝑺 = − 𝟐𝟓𝟒
𝑪𝑵
onde:
S é a retenção potencial do solo (mm) e depende do tipo de solo;
CN é o valor da curva número e é função do grupo de solo, humidade inicial e uso do solo. Este valor depende de 3 fatores:
 Tipo de solo (A, B, C ou D);
 Uso do solo (agrícola, urbano, etc);
 Humidade inicial do solo

o CONDIÇÃO I – solos secos – as chuvas nos últimos 5 dias não ultrapassam 13 mm. 𝟒,𝟐 × 𝑪𝑵(𝑰𝑰)
CN: Condição I  𝑪𝑵 𝑰 =
o CONDIÇÃO II – situação média na época das cheias – as chuvas nos últimos 5 dias 𝟏𝟎 −𝟎,𝟎𝟓𝟖 × 𝑪𝑵(𝑰𝑰)
totalizaram entre 13 e 53 mm.
o CONDIÇÃO III – solo húmido (próximo da saturação) – as chuvas nos últimos 5 dias foram Consultar tabela
superiores a 53 mm e as condições meteorológicas são desfavoráveis para altas taxas de
evaporação.
𝟐𝟑,𝟎 × 𝑪𝑵(𝑰𝑰)
CN: Condição IIII  𝑪𝑵 𝑰𝑰𝑰 =
𝟏𝟎 −𝟎,𝟏𝟑 ×𝑪𝑵(𝑰𝑰)
INFILTRAÇÃO – Método da curva CN
Uso do solo Superfície A B C D Uso do solo Superfície A B C D

Solo lavrado Com sulcos retilíneos 77 86 91 94 Pastagens Pobres, em curva de nível 47 67 81 88


Normais, em curva de nível 25 59 75 83
Em fileiras retas 70 80 87 90
Boas, em curva de nível 6 35 70 79
Plantações regulares Em curva de nível 67 77 83 87 Esparsas, de baixa transpiração 45 66 77 83

Terraceado em nível 64 76 84 88 Normais 36 60 73 79


Densas, de alta transpiração 25 55 70 77
Em fileiras retas 64 76 84 88
Chácaras Normais 56 75 86 91
Plantações de cereais Em curva de nível 62 74 82 85 Estradas de Terra Más 72 82 87 89
Terraceado em nível 60 71 79 82 De superfície dura 74 84 90 92
Florestas Muito esparsas, baixa transpiração 56 75 86 91
Em fileiras retas 62 75 83 87
Esparsas 46 68 78 84
Plantações de legumes ou Em curva de nível 60 72 81 84
Densas, alta transpiração 26 52 62 69
cultivados
Terraceado em nível 57 70 78 89 Normais 36 60 70 76

Pobres 68 79 86 89

Normais 49 69 79 94

Boas 39 61 74 80
Valores CN (condição II – 13 < P5dias < 53mm):
ÁGUA RETIDA NO SOLO
ÁGUA RETIDA NO SOLO (Zona Não Saturada)

Adesão Coesão

(a) Por forças não capilares (pouco importante em Hidrologia e do ponto


de vista agrícola)

 Por atração elétrica (carácter dipolar da molécula de água);


 Adsorvida nas partículas sólidas (características das partículas);
 Presença de sais dissolvidos na água – pressão osmótica da solução.

Osmose Adsorção
ÁGUA RETIDA NO SOLO
(b) Por forças capilares (tem interesse hidrológico e agrícola)

O contacto entre a água e o ar produz uma atração entre as


moléculas a que se designa de tensão superficial

Este é o único tipo de água utilizada pelas plantas tendo por isso um grande interesse agronómico
ÁGUA NÃO RETIDA NO SOLO
ÁGUA NÃO RETIDA PELO SOLO (Zona Saturada) Água gravítica ou subterrânea – parte da água que penetra no solo e desce
através dos seus vazios (ação da força da gravidade). Quando esta atinge a zona saturada, satura por sua vez a zona adjacente.
tem grande importância hidrológica (recursos hídricos subterrâneos). Circula em profundidade (gradientes piezométricos)

DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DA ÁGUA NO SOLO


PRESSÕES DA ÁGUA NO SOLO
FASES NO SOLO – Relações entre pesos e volumes
Relação de Volumes Relação de Pesos

Vg – Volume de ar
Pg – Peso de ar
V Va – Volume de água
Vs – Volume de sólidos
P Pa – Peso de água
Ps – peso de sólidos
Volume de Vazios = Vg + Vw
FASES NO SOLO
Volume do elemento solo  V = Vs + Va + Vg
Peso total do elemento solo  P = Ps + Pa + Pg
Peso específico das partículas sólidas  s = Ps / Vs
Peso específico da água  w = Pa / Va
Peso específico total  total = P / V
Peso específico do solo seco  d = Ps / V
Peso específico do solo submerso  ’ = total / a

Pesos específicos relativos ou densidades


Densidade das partículas sólidas  Gs = s / 0
Densidade da água  Gw = w / 0 (0 o peso específico da água a 4ºC)

Densidade aparente – relação entre o peso de uma amostra de solo seco e o peso de igual volume
de água
FASES NO SOLO – Relações entre volumes
Porosidade total: é a relação entre o volume total de vazios e o volume total de amostra e exprime-se normalmente em percentagem
(mt)
𝐕𝐚
𝐦𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 = 𝐕 × 𝟏𝟎𝟎 %
𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥

Água necessária para saturação: 450 litros

mt = (450/ 1000) x 100 = 45%


Em materiais naturais encontram-se valores para a porosidade total muito dispares, como 5% e
1m 60% ou, em termos de valores mínimos e máximos, <1% e >85%

Porosidade eficaz (ou cedência específica): é a relação entre o volume de poros interligados que possibilitam a circulação da água
e o volume total da amostra e exprime-se normalmente em percentagem (me). Também pode ser designada por porosidade efetiva.
𝐕𝐫𝐞𝐭𝐢𝐝𝐨
𝐦𝐞𝐟𝐢𝐜𝐚𝐳 = × 𝟏𝟎𝟎 %
𝐕𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥

Água que saiu após 2 a 3 dias: 180 litros

mt = (180/ 1000) x 100 = 18%

A água que saiu encontra-se nos vazios interligados e com certa dimensão (esta água é a que se
1m
pode aproveitar por captações de água subterrânea)
ÁGUA RETIDA NO SOLO

Variação da porosidade, rendimento específico e retenção específica com o tipo de solo


FASES NO SOLO – Relações entre volumes
Capacidade de retenção específica: é a relação entre o volume máximo de água que um solo pode reter e o volume total da
amostra e exprime-se normalmente em percentagem (ms)
𝐕𝐬
𝐦𝐬 = × 𝟏𝟎𝟎 %
𝐕𝐭

Água retida pelo solo: 450 - 180 litros = 270 litros

mt = (270/ 1000) x 100 = 27%


1m
A água que saiu encontra-se nos vazios interligados e com certa dimensão (esta água é a que se
pode aproveitar por captações de água subterrânea)

A porosidade total é igual a soma do valor da porosidade eficaz e do valor correspondente à capacidade de
retenção específica.
FASES NO SOLO REURSOS
– RelaçõesHÍDRICOS
entre pesos
– RELAÇÃO DE PESOS
Densidade aparente: relação entre o peso de uma amostra de solo seco e o peso de igual volume de água.

Peso do solo seco a 105 ºC = 1500 kg

densidade = (1500 / 1000) =1.5 % (1.1 a 1.6)


Os agrónomos quantificam a humidade do solo em proporções de pesos. Importante para
os estudos relacionados com a : EVAPOTRANSPIRAÇÃO
1m

Grau ou Teor de Humidade: é a percentagem em peso de água que um solo tem antes de seco em relação como peso da amostra
seca a 105 ºC durante 24 horas.

Humidade equivalente: grau de humidade de uma amostra depois de submetida durante 40 minutos a uma força centrífuga de
10 atmosferas. (É praticamente igual à capacidade de campo pelo que substitui a sua determinação)

Peso da amostra húmida = 1770 kg


Peso da amostra depois de seca = 1500 kg

Peso de água: 1770 - 1500 = 270 litros

Capacidade de campo = (270/ 1500) x 100 = 18%


1m Capacidade de Campo = Densidade aparente x ms
ÁGUA RETIDARECURSOS
NO SOLO HÍDRICOS – ÁGUA RETIDA NO SOLO
Suponhamos agora que sobre este solo há uma cobertura vegetal cujas raízes têm a profundidade de um metro, isto é, podem utilizar a água
retida pelo solo em toda a sua espessura. Como as raízes vão retirando do solo a água retida, a sua humidade vai diminuindo pouco a pouco,
até que a força de sucção das raízes já não é suficiente para retirar a restante (pouca) humidade e as plantas começam a murchar. Atingiu-se
neste caso o ponto de emurchecimento permanente
Ponto de seca (ou emurchecimento) Permanente: grau de humidade de uma amostra de solo quando as plantas já não conseguem vencer as
forças de retenção da água. Obtém-se depois de determinado o grau de humidade de uma amostra depois de submetida durante 40 minutos
a uma força centrífuga de 15 atmosferas.

Peso da amostra após centrifugação = 1620 kg


Peso da amostra depois de seca = 1500 kg

Peso de água : 1620 - 1500 = 120 litros


ms = (120/ 1500) x 100 = 8%

1m

Água utilizável pelas Plantas: corresponde à diferença entre


a capacidade de campo e o ponto de emurchecimento
permanente.
ÁGUA RETIDA NO SOLO
ÁGUA RETIDA NO SOLO
Se quisermos calcular o valor em l/m2 correspondem estes 10% de teor de humidade utilizado pelas plantas:
A 18% correspondem 270 litros
A 8% correspondem 120 litros
150 litros / m2
O mesmo valor pode ser obtido calculando a quantos litros corresponde o teor de 10% :

A 100% peso solo seco corresponde 1500 kg


A10 % peso de água corresponde X
X = 150 Kg 150 l

A vantagem de ter a altura de água utilizável pelas plantas em mm é a de termos as mesmas unidades para todas as parcelas do
ciclo

VOLUME PESO

Porosidade Total / Porosidade Eficaz


Capacidade de Cedência Específica / Retenção Específica Capacidade de Campo (teor de humidade)
Grau de saturação Ponto de Seca Permanente (teor de humidade)
Relação de vazios ou índice de vazios Humidade equivalente
Humidade de saturação

Densidade aparente (Massa / Volume)


Capacidade de Campo = Capacidade de Retenção Específica x Densidade
ÁGUA RETIDA NO SOLO – Balanços hídricos

Balanço de água no solo pelo método de Thornthwaite-Matter para a estação meteorológica de Coimbra/Bencanta, referente ao período de 1971-2000, para uma
capacidade de água utilizável de: a) 20 mm, b) 50 mm, c) 100 mm, d) 200 mm. (R: capacidade de água utilizável de: a) 20 mm, b) 50 mm, c) 100 mm, d) 200 mm.
(R: Precipitação total (mm); ETP: Evapotranspiração potencial ajustada (mm/mês); ETR: Evapotranspiração real (mm); D: Défice de água (mm); S: Excesso de água (mm)
BALANÇO HÍDRICO – clima desértico vs clima equatorial
BALANÇO HÍDRICO – clima temperado seco vs húmido
BALANÇO HÍDRICO – Volume de água que se infiltra
Hm3 OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
ENTRADAS 1 1,2 0,8 0,8 0,7 0,9 0,9 1,0 1,2 1,3 0,6 0,5 0,7
SAÍDAS 2 1,4 0,9 0,9 0,8 1,1 0,9 0,9 1,0 1,0 0,4 0,4 0,7
mm
EXCEDENTES 15,3 17,0 21,1 16,2 14,4 - - - - - - -
INFILTRAÇÃO 11,3

Por exemplo em Outubro estimaram-se 15,3 mm de Excedentes

1 m2  15,3 litros
50 x 106 m2  x litros x = 0,765 Hm3
Infiltram-se 0,765 Hm3 – 0,2 Hm3 = 0,565 Hm3

OU em mm será:
0,565 Hm3  50 x 106 m2
x litros  1 m2 x = 11,3 mm

Outra forma de cálculo:


O rio ganha 0,2 Hm3 (200000 m3) em 50 Km2 (50 x 106 m2)
2x105 m3  50 x 106 m2
x m3  1 m2 x = 0,004 m = 4mm

INFILTRAM-SE  15,3 mm – 0,04 mm = 11,3 mm OU 0,565 Hm3

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