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ORGANIZACIONAL
AULA 3
CONTEXTUALIZANDO
Você já parou para pensar como surgiu a ideia de trocar um produto por
uma quantidade x de dinheiro? Para nós, é tão normal ir à padaria da esquina e
comprar nosso pão de manhã; nessa compra, trocamos um real por, digamos,
três pãezinhos. Procedemos dessa forma em todas as nossas compras;
podemos trocar quase tudo por uma quantidade x de dinheiro. Como surgiu essa
relação de troca mediada pelo dinheiro que chamamos de mercado? O sociólogo
Karl Marx (1975) analisou o surgimento do mercado. Vamos acompanhar sua
argumentação.
Imagine que houve um tempo em que as pessoas produziam tudo o que
precisavam para sobreviver: comida, roupa, casa. Para produzir o que
necessitavam, os homens e as mulheres modificavam a natureza. Por exemplo,
para fabricar o pão, é necessário plantar o trigo, fazer a farinha, tirar o leite da
vaca, criar galinhas e colher-lhes os ovos, fabricar um forno; ou seja, o pãozinho
é o resultado de todo um processo que envolve diversos tipos de trabalho. Por
meio desse raciocínio, Marx (1975) afirma que o trabalho humano é a base de
todas as mercadorias produzidas.
Com o tempo, os homens perceberam que, se reunindo e dividindo as
tarefas, conseguiam produzir mais e melhor. Dessa forma, o homem, um animal
social, desenvolve tanto a cooperação como a divisão do trabalho. Com a divisão
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do trabalho, cada um na comunidade poderia produzir um tipo de produto e trocá-
lo por outro produzido por outro membro da comunidade. Com isso, os homens
e mulheres reunidos produziam tudo do que necessitavam para viver. No início,
tanto a produção como a troca tinham como finalidade apenas a manutenção do
produtor e de sua comunidade.
Com o tempo, os homens e as mulheres dominaram e aprimoraram as
técnicas de produção, o que lhes permitiu produzir um excedente. A produção
de mais produtos do que o necessário para se manter e a divisão do trabalho
tornam possíveis as trocas.
O produto do trabalho humano se torna uma mercadoria ao ser destinado
à troca em um mercado. Toda mercadoria tem um valor de uso – o valor de uso
do pão é realizado quando comemos o pão; o valor de uso de um casaco é
realizado quando o vestimos para nos aquecer. Todavia, uma mercadoria tem
também um valor de troca. Marx (1975) se pergunta como é possível medir o
valor de troca de mercadorias distintas. Por exemplo, como vamos saber por
quantos pãezinhos trocamos o casaco que produzimos?
Marx (1975) chega à conclusão de que, em comum, todas as mercadorias
são fruto do trabalho humano. Seu valor de troca pode ser determinado pela
quantidade de trabalho humano abstrato necessário para produzir determinada
mercadoria. Com o desenvolvimento da troca, surgem o mercado e o dinheiro.
A produção passa a ser destinada à troca e o objetivo da produção se torna a
acumulação de capital. O historiador inglês Eric Hobsbawm resume esse
raciocínio de Marx:
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entre os produtores, nas quais se afirma o caráter social dos seus
trabalhos, assumem a forma de relação social entre os produtos do
trabalho. (Marx, 1975, p. 80)
O método que Marx (citado por Quintaneiro; Oliveira, 2015) utiliza para
estudar a vida social é o materialismo histórico. Chama-se materialismo pois a
base do método são as relações materiais que os homens estabelecem e o modo
como produzem seus meios de vida. De acordo com Marx, as relações concretas
entre os indivíduos para produzir e assim reproduzir sua existência formam a
base de todas as relações sociais; o que os indivíduos são reflete aquilo que
produzem e como produzem – ou seja, suas condições materiais de produção.
Assim, para compreender determinada sociedade, é preciso estudar sua base
material.
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Todavia, Marx (citado por Hobsbawm, 1985) observa que a forma como
os homens produzem muda ao longo do tempo. As relações de produção dentro
de uma fábrica na Inglaterra, em meados do século XIX, diferem das relações
de produção em um feudo na França, no século XII, assim como das relações
de produção na Roma do século V. Marx chama de modo de produção o conjunto
de relações de produção em determinada configuração histórica: os exemplos
citados são exemplos, respectivamente, do modo de produção capitalista, do
modo de produção feudal e do modo de produção antigo.
Essa perspectiva histórica põe em evidência as mudanças sociais ao
longo do tempo. É por isso que o método de Marx é o materialismo histórico,
pois ele busca captar o movimento dos fenômenos com base nas
transformações das formas como os indivíduos se organizam para produzir e
distribuir o produto do seu trabalho. Marx e Engels (1998) ressaltam que a forma
atual de determinado fenômeno é apenas uma configuração transitória.
Vimos algumas análises deste autor polêmico das ciências sociais: Karl
Heinrich Marx. Vamos conhecer um pouco mais de sua vida, com base em
Bottomore (2012)! Marx nasceu em 5 de maio de 1818 em Trier, uma cidade
alemã próximo da fronteira com Luxemburgo e França e morreu em Londres em
14 de março de 1883. Marx era de uma família da classe média judaico-alemã.
Seu pai era um advogado bem-sucedido. Marx foi batizado em uma igreja
protestante. Ele se casou com Jenny von Westphalen, filha de um barão de Trier.
Estudou Direito, História e Filosofia – primeiro na Universidade de Bonn e depois
na Universidade de Berlim, onde integrava um grupo de jovens hegelianos e teve
como professor Bruno Bauer. Em 1841, Marx defende sua tese de doutorado,
em que analisa os sistemas filosóficos de dois filósofos gregos – Demócrito e
Epicuro – sob a perspectiva hegeliana. Marx tentou a carreira acadêmica, mas
foi vetado pelo governo prussiano. Marx então se volta ao jornalismo: se muda
para Colônia, onde é diretor de um influente jornal, de linha liberal, apoiado pelos
industriais da região: a Gazeta Renana. Mas, os artigos de Marx levam o governo
a fechar o jornal e ele se muda para Paris, em 1843. Em Paris, ele entra em
contato com os socialistas franceses e se torna comunista. Nessa época,
escreve os Manuscritos econômico-filosóficos, que só foram publicados em 1930
(Marx, 2004).
Em Paris, Marx conhece Friedrich Engels, que com ele inicia uma amizade
e colaboração para o resto da vida. As primeiras obras que Marx e Engels
escrevem juntos são A sagrada família, em 1845, e A ideologia alemã, em 1845-
1946 (Marx; Engels, 2003, 2006). Marx é expulso de Paris em 1845, se muda
para a Bélgica e depois para Londres. Ele e Engels ingressam na Liga
Comunista, uma organização de trabalhadores alemães emigrados, sediada em
Londres. Na conferência da Liga Comunista de 1847, Marx e Engels são
incumbidos de escrever um manifesto sucinto das concepções da organização:
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o Manifesto comunista foi publicado em 1848, ano em que ocorre uma onda de
revoluções na Europa (Marx; Engels, 1998). Nesse ano, Marx participa do
movimento revolucionário na Alemanha, o jornal no qual escreve é proibido e
Marx busca asilo político em Londres, onde viveu o resto de sua vida.
Ao longo de sua vida, Marx se dedicou tanto à atividade acadêmica, cuja
teoria abrange a filosofia, a economia, a história; como à atividade jornalística e
editorial. Ele se engajou na luta política cedo, no movimento estudantil alemão,
e, ao longo de sua trajetória, participou de diversas manifestações políticas: o
movimento socialista, na França, a Liga Comunista, em Londres, a fundação da
Associação Internacional dos Trabalhadores, em 1864. Ele também participou
da Comuna de Paris, em 1871, e da fundação do Partido Social-Democrata
Alemão, em 1875. Para Marx, a teoria e a práxis estavam intimamente ligadas:
“Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de distintos modos, cabe
transformá-lo” (Marx; Engels citados por Quintaneiro; Oliveira, 2015, p. 30).
Marx não se definia como sociólogo – a sociologia se desenvolveu na
condição de disciplina acadêmica somente na virada do século XIX para o XX;
mas suas análises do fator econômico na sociedade e das classes sociais
influenciaram enormemente a sociologia.
Principais obras de Marx:
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padronização e racionalização das técnicas de promoção e distribuição de
filmes, músicas, quadros.
A crítica de Adorno ao que ele chama de indústria cultural é que os
produtos culturais transformados em mercadorias foram feitos para serem
consumidos e não para estimularem a crítica e a reflexão (Bottomore, 2012). A
indústria cultural busca criar diversões e distrações, proporcionando uma fuga
momentânea dos problemas quotidianos. As análises de Adorno (2008) dos
programas de televisão, da música popular e da astrologia mostram que estes
reproduzem e reforçam a estrutura do mundo. Os produtos da indústria cultural
não levam à reflexão, muito menos ao questionamento e à crítica do mundo
social.
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TEMA 4 – O MERCADO NA ABORDAGEM DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA
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desse mercado, mas que crenças sobre esse mercado se desenvolvem e podem
gerar equilíbrios quando convergem entre si.
As relações sociais de troca também se transformaram, com novos
serviços e tecnologias. Frank Cochoy (citado por Steiner, 2012) analisa outra
variável nas relações de troca: o comportamento do consumidor. O consumidor
julga a qualidade dos produtos para então escolher qual deles comprar. Como é
construído esse julgamento? De quais informações os consumidores dispõem,
sobre os produtos ofertados? Com a internet, o acesso à informação e a
possibilidade de comparar produtos e ofertas aumentaram exponencialmente.
As novas tecnologias e o serviço de pós-venda também transformaram as
relações de troca:
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TEMA 5 – O MERCADO NA ECONOMIA SOLIDÁRIA
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surgiram a partir dessas lutas, questionando o princípio do mercado. Eles
seguem o princípio da redistribuição. Para se ter redistribuição, é preciso certa
centralização dos recursos. Polanyi ressalta as consequências positivas e
negativas disso:
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intelectuais e representantes de movimentos sociais começaram a utilizar o
termo economia solidária para designar essas iniciativas econômicas populares
baseadas no trabalho coletivo e na autogestão (Silva; Carneiro, 2016).
Os indivíduos que participam da economia solidária compartilham de
valores sobre o que é justo. Relações de confiança se estabelecem entre
produtores e consumidores e o sentimento é de contribuir para a construção de
um mundo mais justo. O princípio da redistribuição da economia solidária está
aliado às ações de um sujeito crítico, consciente e reflexivo (Nunes; Silva, 2011).
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
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mudanças seriam necessárias para as trocas serem baseadas no princípio da
reciprocidade?
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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