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Valas

abertura, escoramento provisório


e esgotamento D’água
José Luiz de Godoy e Vasconcellos

Valas
abertura, escoramento provisório
e esgotamento D’água

São Paulo 2013


Copyright © 2013 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa e Projeto Gráfico


Monica Rodrigues

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
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C189e

Christilliano, Alex
Eu gosto de sexo e daí? : sexo sem meias palavras / Alex Christilliano.
- São Paulo: Baraúna, 2011.

ISBN 978-85-7923-462-0

1. Sexo. 2. Educação sexual. I. Título.

11-8290. CDD: 306.7


CDU: 392.6

08.12.11 15.12.11 032013


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www.editorabarauna.com.br
Sumário

1. Abertura de valas................................................... 7
1.1 Tipos de valas.................................................. 8
1.1.1 Valas sem escoramento................................. 8
1.1.2 Valas com escoramento................................ 9
2. Componentes dos escoramentos......................... 17
3.Tipos de escoramentos provisórios...................... 37
3.1 Escoramento Descontínuo ou Aberto............... 37
3.1.1 Descontinuo com longarinas......................... 37
3.1.2 Descontinuo sem Longarinas......................... 40
3.1.2.1 Pontaleteado....................................... 40
3.1.2.2 Pórtico trincheira (vertical shore)........ 41
3.2 Escoramento fechado ou contínuo.................... 42
3.2.1 Tábuas justapostas verticalmente................ 42
3.2.2 Pranchas justapostas horizontalmente........ 43
3.2.3 Escoramento especial................................. 45
3.2.3.1 Estacas pranchas de madeira tipo
macho-fêmea. . .......................................... 45
3.2.3.2 Estacas pranchas metálicas.. ........... 48
3.2.3.3 Estacas pranchas de pvc ou fibra de vidro.....49
3.2.3.4 Estacas pranchas pré-moldadas de
concreto. . ................................................. 49
3.2.4 Escoramento metálico-madeira (perfil/
pranchão).................................................... 50
3.2.5 Trilho/painéis deslizantes (slide rail).. ... 54
3.2.6 Caixa-trincheira (trench box ou escudo).... 55
3.2.7 Gabarito móvel de cravação (shoring machine).57
4. Processos de abertura de valas.......................... 58
4.1 Escavação manual............................................. 58
4.2 Escavação mecânica.......................................... 59
4.2.1 Retroescavadeira e clamshell...................... 59
4.2.2 valetadeiras................................................ 60
5. Controle do nível d’água e esgotamento das valas....63
5.1 Esgotamento a céu aberto................................. 66
5.2 Ponteiras filtrantes............................................ 67
5.3 Injetores........................................................... 69
5.4 Bombas submersas............................................ 70
5.5 Eletrosmose...................................................... 73
6. Procedimentos em serviços de valas................. 75
6.1 Valas pouco profundas ( h ≤ 5,00m)................. 87
6.2 Valas profundas (b ≥ 5,00m)............................. 92
Bibliografia............................................................. 103
1. Abertura de valas

A vala é uma abertura feita no solo que se caracteriza


por apresentar largura e profundidade de pequena exten-
são, se comparadas ao comprimento, sendo basicamente
utilizada nas obras lineares de infraestrutura tais como:
galerias, esgotos, gasodutos e redes telefônicas.
A escavação pode ser por processo manual ou mecâ-
nico e, neste caso, os equipamentos preferencialmente uti-
lizados são as retroescavadeiras e as escavadeira de conchas
(clamshell), que se localizam fora da área escavada e junto
à sua periferia. Há ainda equipamentos específicos para
abrir valas de larguras e profundidades padronizadas, que
conseguem grande produtividade em trechos retos e de-
simpedidos da interferência de outras redes transversais à
vala escavada, são as denominadas valetadeiras mecânicas.
Dependendo da profundidade, das condições do
solo ou da duração da abertura da vala poderá ser neces-
sária a contenção das paredes das valas com escoramen-
to provisório. O escoramento consiste na proteção das
paredes da vala contra possíveis desmoronamentos ser-
vindo de sustentação do maciço de solo no trecho onde
situa-se a vala. É uma estrutura provisória que deve ser
removida posteriormente.
1.1 Tipos de valas

A escolha do tipo de vala depende da natureza do


terreno, do serviço, do processo de escavação, da profun-
didade e, da segurança dos trabalhadores.
As obras escavadas podem algumas vezes lançar mão
de escavações em taludes, cujas superfícies inclinadas re-
petem o ângulo de talude natural do solo em questão.
As seções trapezoidais ou mistas possibilitam a dis-
pensa do uso de escoramento e são indicadas para solos
estáveis desde que haja espaço disponível e vantagem téc-
nica ou econômica.

1.1.1 Valas sem escoramento

Vala com paredes verticais

Vala em talude

8
Vala mista

Vala com bermas

A execução de valas taludadas pressupõe que se possa


obter taludes estáveis e que não interferem com as cons-
truções e redes de utilidades situadas próximas às valas.
A inclinação desse talude é função das condições
geológicas do solo.

1.1.2 Valas com escoramento

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O escoramento da vala é uma estrutura provisória,
removível posteriormente, destinada a manter estáveis
os taludes das escavações e que visa dar proteção ao tra-
balhador e segurança aos prédios lindeiros e às redes de
infraestrutura próximas à vala. Os escoramentos devem
resistir às pressões laterais devido ao solo e à água.
No caso de areias puras ou de areias pouco argilosas
e siltosas submersas, qualquer que seja a altura do corte a
ser praticado, a escavação deverá ser acompanhada com a
contenção lateral das paredes do corte.

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As escavações com contenções provisórias são bas-
tante frequentes em obras civis e por serem flexíveis per-
mitem uma certa movimentação, sendo capazes de absor-
ver deformações do solo circunvizinho.
Porém as contenções flexíveis comumente denomi-
nadas escoramentos, ao se deformarem, podem fazer com
que o solo junto a uma construção vizinha também se
deforme, podendo causar nessa problemas indesejáveis,
como recalques, trincas, esforços não previstos, etc.
O emprego de escoramento e seu dimensionamento
depende da profundidade das valas; tipo de solo; água de
infiltração; intervalo de tempo durante o qual a vala fica
aberta; depósito da terra escavada próximo à vala; exis-
tência de prédios; postes; vibração e trânsito de veículos
próximo a borda da vala.
O ângulo de talude natural é o maior ângulo de in-
clinação para um determinado tipo de. solo exposto ao
tempo, obtido sem ruptura do equilíbrio do maciço.
No caso das areias, solos não coesivos, esse ângulo
praticamente coincide com o ângulo de atrito interno.
Para solos coesivos impermeáveis, argilas, teoricamente
valem 90°, porém as fissuras de retração por molhagem e
secagem permitem infiltração de água no topo do talude
gerando sua instabilidade.
Por isso o ângulo de talude natural de solos coesivos
situa-se em torno dos 40°.
Esse ângulo de talude natural do solo é afetado pela
presença de água, seu grau de compactação, homoge-
neidade, permeabilidade e das vibrações e sobrecargas
atuantes sobre ele.

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A seguir temos uma tabela com o ângulo de talu-
de e quando depararmos com valores superiores a estes
deve-se necessariamente escorar e conter a vala, caso a
profundidade da escavação supere o corte vertical estável
chamado de altura crítica, Hc.

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A largura do fundo da vala deve ser fixada em
função do solo, profundidade, processo de execução,
diâmetro do tubo e espaço necessário à execução das
juntas, formas e principalmente permitir adequada
compactação. A largura mínima de vala para entrada de
trabalhadores é de 0,50 m.

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Para tubos de pequeno a médio, e profundidade da
ordem de até 4,00m costuma-se fixar, para cada lado do
tubo, um espaço livre de 0,15m entre a parede do tubo e
o escoramento da vala. Deve-se ainda, respeitar as largu-
ras mínimas de valas em função da profundidade:

16
2. Componentes dos escoramentos

Os sistemas de escoramentos provisórios e os elemen-


tos que compõem essas estruturas estão descritos a seguir:
LONGARINAS - São as peças colocadas longitudi-
nalmente, isto é, correm paralelas ao eixo da vala; servem
para solidarizar o conjunto e transmitir o esforço às es-
troncas; podem ser de madeira ou aço. Vigas de madeira
6x12cm; 6x16 cm; 8x18; 10x20 cm e perfis de aço 1a
alma “I” de 10”, “I” de 12” simples ou duplos.

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ESTRONCAS ou ESCORAS - São as peças desti-
nadas a absorver esforços horizontais da reação de apoio
das cortinas de proteção das escavações. São colocadas
sob tensão transversalmente à vala e, transmitem a força
resultante do empuxo da terra de um lado da vala para o
outro. Quanto a natureza dos materiais podem ser vigas
de madeira de 6x12cm; 6x16 cm simples ou duplas e 8
x 18cm troncos de eucalipto de ϕ 15 ou 20 cm ou ainda
perfis de aço I ou duplo I de 10” ou 12”. O seu posiciona-
mento na vala deve levar em conta o cálculo dos esforços
bem como considerar-se a menor perturbação possível na
estrutura a ser construída dentro da escavação.

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19
STICKS - São estroncas metálicas, construídas com
tubos circulares ocos, em montagens telescópicas, que
podem ser travados, pressionados por rosca.

ESTACAS METÁLICAS - São peças colocadas na


posição vertical e que recebem o empuxo da terra trans-
mitida pelos pranchões, são constituídas de perfis I ou H.

CHAPUZ - São peças de madeira que servem para


calçar as íongarinas e evitai que os quadros de madeira se
desloquem verticalmente.

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QUADROS DE MADEIRA - estruturas formadas
pelas íongarinas e estroncas e fixados entre si por peças
verticais denominadas suspensórios. São usados para
manter as estacas, pranchas ou tábuas na posição vertical.

21
QUADROS METÁLICOS AJUSTÁVEIS (WA-
LER SYSTEMS) - são pré-fabricados em estrutura de
aluminio, fáceis de manusear devido ao baixo peso e à
regulagem hidráulica da sua largura. São posicionados
através de suspensórios de correntes com ganchos pre-
sos ao topo das pranchas do escoramento. Encontrado
nos comprimentos de 2,45 a 4,90m e ajustável na lar-
gura de 0,45m a 2,20m através das duas ou três escoras
hidráulicas existentes.

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23

Samba manual para


pressurteação hidráulica
CONSOLE - suporte metálico soldado nos perfis me-
tálicos cravados com a finalidade de receber as longarinas de
perfil I ou duplo I que compõe os quadros metálicos.

PRANCHÕES - São as peças horizontais de ma-


deira que recebem diretamente o empuxo da terra e o
transmitem às estacas. As mais comuns são de pinho ou
peroba com largura 0,20m e espessura nominal variando
entre 3” e 6”. Há as do tipo Louvre de seção trapezoidal.

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TIRANTE - Elemento que permite a transmissão
de um esforço na superfície do terreno para uma zona
predeterminada do subsolo.

ESTACAS PRANCHA DE MADEIRA - Lisas ou


tipo macho-fêmea com largura variando entre 0,15 e
0,20m e espessuras entre 0,05 e 0,08m e comprimento
de até 5,00m. As extremidades superiores são cortadas à
45° para evitar rachaduras durante a cravação com mar-
retas ou marteletes e, as pontas inferiores são chanfradas
para diminuir a resistência à cravação.

25
26
ESTACAS PRANCHA METÁLICAS - são peças
de aço laminado zincadas ou não, de perfis transversais
normalizados dotadas de encaixes nas suas extremidades
ao longo do seu comprimento. As dimensões variam de
4,25mm até 12mm na espessura, 0,34 a 0,50m na largu-
ra e o seu comprimento vai até 9,00m. Quando utiliza-
das no gabarito móvel de cravação elas devem ter furacão
longitudinal a cada 0,50m para a inserção dos tarugos de
aço do acionamento hidráulico.

27
28
ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO -
normalmente utilizadas para escoramentos permanentes.
Comprimentos e seções, conforme necessidade do projeto.
Podem ser de face com ou sem encaixe macho-fêmea.

PRANCHA DE PVC - são peças de seções ondu-


ladas dotadas de encaixes tipo macho-fêmea ao longo
do seu comprimento. São usadas em conjunto com os
quadros metálicos ajustáveis.

GUIA DE ESTAQUEAMENTO (SPEED SHO-


RE) - são fixadas nos trilhos do sistema trilho/painel.
Proporcionam sustentação quando é necessário contornar
interferências de redes públicas, onde nesses intervalos ins-

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talam-se estacas pranchas de aço, PVC ou fibra apoiadas
nessas guias que também são utilizadas para balizar a cra-
vação das pranchas. Os comprimentos das guias variam de
2,00m a 5,00m e equivalem ao espaçamento dos trilhos.

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ESTACAS PRANCHA DE FIBRA DE VIDRO -
são peças de seção trapezoidal com espessura de 6,3mm,
comprimento entre 1,50 e 2,44m e larguras de 0,45m,
0,70m e l,15m. As pranchas podem vir pintadas com
uma faixa a cerca de 0,60m na borda indicando a altura
da ficha de cravação.

CAIXA TRINCHEIRA - são escudos pré-fabri-


cados compostos de chapas metálicas simples ou du-
plas dispostas paralelamente e interligadas por quatro
escoras fixas (não extensíveis). São encontrados com
alturas variando entre 1,22m e 3,05m, comprimento
variando entre 2,44m e 8,53m. e larguras de 0,61 m
a 2,44m. É possível em alguns modelos trabalhar com
duas caixas sobrepostas para atingir maior profundida-
de de vala. As caixas são movimentadas com o auxílio
de uma retroescavadeira.

31
TÁBUAS - de peroba ou pinho com espessura 2,7
cm e largura de 16 cm, 20 ou 30 cm.
PAINEL DESLIZANTE – chapas metálicas duplas
que podem deslocar-se ao longo das guias do sistema tri-
lho/painel. O comprimento varia entre 2,00m e 5,00m
(de 0,50 em 0,5m) e altura de 2,40m ou 2,60m. Sua mo-
vimentação é feita com o emprego da retroescavadeira.

TRILHO - perfil metálico reforçado utilizado no


sistema de escoramento tipo trilho/painel. Contém

32
guias por onde os painéis metálicos duplos podem des-
lizar no sentido vertical. Atingem comprimentos de
3,00m até 7,40m. Cravados por compressão com em-
prego do braço da retroescavadeira.

GABARITO MÓVEL DE CRAVAÇÃO - é uma


estrutura composta por perfis metálicos formando um
quadro retangular que serve de gabarito na cravação
das estacas pranchas metálicas com furos longitudi-
nais ou dos pranchões metálicos duplos de contenção
igualmente perfurados longitudinalmente. Este equi-
pamento permite cravar e sacar hidraulicamente os
pranchões e/ou estacas pranchas. O posicionamento e
deslocamento do gabarito é feito através do apoio de
uma retroescavadeira. Os gabaritos são encontrados nos
comprimentos de 5,50m ou 6,70m e largura de 3,00m
permitindo escavações de valas com profundidades va-
riando de 4,50m a 9,00m.

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Gabarito móvel de cravação
Bomba Manual para Pressurização Hidráulica
34
PRANCHÃO METÁLICO DUPLO - são chapas
dobradas formando seção retangular tendo larguras de
0,35m e 0,70m e comprimentos de até ll,50m. Rece-
bem furacões dispostas longitudinalmente espaçadas de
0,50m onde são fixados os tarugos do macaco hidráulico
do gabarito móvel de cravação.

PÓRTICO TRINCHEIRA (VERTICAL SHORE)


- dispositivo leve constituído de dois perfis reforçados
de alumínio unidos por duas a quatro escoras metálicas
ajustáveis hidraulicamente. o comprimento desses perfis
variam de 0,46m a 2,13m nos do tipo simples e 0,25m
a 4,88m nos do tipo reforçado. As escoras extensíveis são
para larguras de vala que variam de 0,43m a 2,24m. São
instalados e removidos manualmente sem a necessidade
de adentrar-se nas valas.

35
Pórtico Trincheira

Bomba Manual para Pressurização Hidráulica


36
3.Tipos de escoramentos provisórios

Os escoramentos podem ser classificados em des-


contínuos ou contínuos. Essa distinção corresponde
ao espaçamento entre tábuas ou dos elementos empre-
gados na contenção.

3.1 Escoramento Descontínuo ou Aberto

É aquele que não cobre toda a superfície lateral da


vala, ou seja, as peças usadas no escoramento das paredes
estão dispostos verticalmente e afastadas entre si normal-
mente de l,00m a l,50m.

3.1.1 Descontinuo com longarinas


É usado em terrenos firmes, argila dura, e com pou-
ca ou nenhuma água. Tábuas, estacas-pranchas de aço ou
madeira, são colocadas verticalmente a intervalos regula-
res de cerca de 0,30m.
As tábuas, pranchas de madeira ou metálicas são
travadas horizontalmente por quadros de madeira com-
postos de longarinas de 0,06m x 0,16m em toda a sua
extensão, distantes entre si verticalmente de l,00m e por
sua vez fixados com estroncas de Φ 0,20m espaçadas de

37
l,35m, sendo que a 1a estronca está colocada a 0,40m da
extremidade da longarina.
Pode-se adotar também quadros metálicos ajustá-
veis para escorar as tábuas ou pranchas. A longarina ou
quadro mais raso deve situar-se a cerca de 0,20m da su-
perfície do terreno ou do pavimento e a mais profunda
distando no máximo 0,50m do fundo da vala. Este tipo
de escoramento serve para valas de até 2,50m de pro-
fundidade em solo competente e seco e, não costuma
ter ficha de cravação.

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Descontínuo com longarina
0,16 a 0,30m

Longarinas
Estroncas
(0,06 x 0,16m)
(Φ - 0,20m)

1,36m 1,36m
39

0m
,5
a1
00
1,
3.1.2 Descontinuo Sem Longarinas
3.1.2.1 Pontaleteado
Escoramento comum descontínuo, constituído de
elementos de contenção vertical de tábuas 0,027m x
0,30m espaçadas de 1,35 m e travadas horizontalmente
com estroncas de madeira ou Sticks espaçados vertical-
mente de l,00m, porém sem a colocação de longarinas.
São empregados em terrenos firmes e secos e argila dura.
A escora mais profunda deve situar-se a distância máxima
de 0,50m do fundo da vala e a mais rasa a cerca de 0,20m
da borda da vala ou nível do pavimento. Não se utiliza
ficha de cravação nestas tábuas e a profundidade máxima
da vala deve ser de 2,50m.

40
3.1.2.2 Pórtico trincheira (vertical shore)
Utilizam os pórticos de alumínio com duas ou mais
escoras ajustáveis à largura da vala são posicionados verti-
calmente obedecendo espaçamentos de até l,35m entre si.
41
3.2 Escoramento fechado ou contínuo

Neste grupo estão os escoramentos cujas peças de


contenção das superfícies laterais ficam justapostas longi-
tudinalmente cobrindo todas as faces das valas.

3.2.1 Tábuas justapostas verticalmente


Composto de tábuas de 0,027 x 0,30m ou 0,027
x 0,20m, justapostas de modo a cobrir toda a superfície
lateral da vala, travadas uma às outras horizontalmente,
por longarinas de 0,06m x 0,16m em toda sua exten-
são, espaçadas verticalmente de l,00m, com estroncas de
madeira de Φ 0,20m espaçadas de l,35m, a menos das
extremidades das longarinas, de onde as estroncas devem
estar a 0,40m. Pode-se neste caso substituir as longarinas
e estroncas de madeira por quadros metálicos ajustáveis.
As tábuas podem ter fichas de 0,20m a 0,30m cra-
vadas no fundo da vala. A medida que a vala vai sendo
escavada as tábuas vão descendo, sempre encostadas ou
cravadas no fundo.

42
3.2.2 Pranchas justapostas horizontalmente
Composto de pranchas de madeira de 5,0 cm 6,3
ou 7,6 cm de espessura e comprimento de 2,50m a
4,50m justapostas horizontalmente de modo, a cobrir
toda a superfície lateral da vala, travadas umas às ou-
tras por pórticos compostos por pranchas verticais de
0,08m x 0,16m ou 0,12m x 0,16m e estroncas horizon-
tais de madeira de Φ 0,10m ou Φ 0,12m. Este conjunto
está espaçado entre si de aproximadamente de l,25m a
2,10m. Até uma profundidade de pelo menos 0,50m
abaixo da superfície do terreno devem ser colocadas
pranchas duplas. Pode-se empregar também o pórtico
trincheira na sustentação da tábuas.

43
44
3.2.3 Escoramento especial
Este grupo de escoramentos tem como característica
o emprego de estacas tipo prancha com dispositivos que
permitam o encaixe longitudinal entre elas. Devem ser
cravadas sequencialmente.

3.2.3.1 Estacas pranchas de madeira tipo


macho-fêmea

As estacas pranchas são peças de madeira e formam


por justaposição as cortinas, planas ou curvas, destinadas
a servir de obras de retenção do solo e água.
As cortinas de estacas pranchas de madeira de 0,06m
x 0,16m são travadas horizontalmente em toda a sua ex-
tensão por quadros de madeira compostos de longarinas
de 0,08m x 0,18m e estroncas de Φ 0,20m, espaçadas de
l,3Sm, a menos das extremidades das longarinas, de onde
as estroncas devem estar a 0,40m. As longarinas devem
ser espaçadas verticalmente de l,00m. Pode-se usar qua-
dros metálicos ajustáveis em substituição ao conjunto de
longarinas e estroncas.
No escoramento de pranchas macho-fêmea a esca-
vação é levada até à profundidade máxima de l,50m,
quando então são preparados os quadros compostos de
longarinas com estroncas fixadas perpendicularmente a
estas para serem instalados entre o terreno e as estacas-
-pranchas de madeira. À medida que a escavação prosse-
gue, as estacas vão sendo cravadas penetrando no solo de
maneira que o terreno esteja sempre escorado.

45
Deve-se observar que os quadros construídos não
devem ser descidos mas, isto sim, deve-se construir novos
quadros nas profundidades maiores.
O espaçamento entre quadros varia de l,00m a
l,50m e entre estroncas de l,50m aproximadamente.
A longarina (ou quadro) mais profundo deve situar-
-se no máximo a 0,50m do fundo da vala e, a mais rasa a
0,20m do nível do terreno ou pavimento.
As pranchas de madeira em geral de 0,06m x 0,16m
têm a extremidade inferior cortada em forma de cunha e
longitudinalmente se encaixam através dos recortes ma-
cho-fêmea tipo trapezoidal, quadrado ou triangular.
No escoramento devem ser usadas madeiras duras,
resistentes à umidade (peroba, maçaranduba, angelim,
canafístula, etc) as estroncas podem ser de eucalipto.
A cravação das pranchas verticais justapostas vão
sendo aprofundadas à medida que avançam as escava-
ções, devendo suas pontas estar sempre abaixo do fundo
da escavação, com uma ficha mínima de 0,50m.
Elas são cravadas por percussão ou vibração com
bate-estacas ou marteletes pneumáticos ou vibradores.
Quando estacas cravadas por bate-estacas apropriado, ou
por marreta, o topo da peça a cravar deve ser protegido
para evitar o lascamento.
As pranchas dotadas de encaixe macho-fêmea são in-
dicadas para areias e terrenos argilosos moles, por melhor
vedarem a passagem da água e das partículas finas do solo.
A partir de 3,00m de profundidade de escavação
deve-se providenciar urna segunda pranchada, ou seja,
um segundo lance .

46
Ao final do reaterro são sacadas e seu reaproveita-
mento é próximo de três vezes por causa da pouca dura-
bilidade frente a alternância de umidade e ressecamento
a que estão expostas, bem como o rompimento das peças
durante a cravação em camadas de solo mais resistentes.

47
3.2.3.2 Estacas pranchas metálicas
São vários os tipos de estacas pranchas de aço que
se encontram no mercado, que possibilitam execução de
parede de contenção pela cravação sucessiva de perfis en-
caixados uns nos outros, formando uma parede contínua,
mas ao mesmo tempo flexível. São cravadas no solo antes
da escavação da vaia.
As principais vantagens das estacas pranchas metá-
licas sobre as de madeira e as de concreto são: maior fa-
cilidade de cravação e de recuperação, maior regularida-
de, melhor estanqueidade, grande variedade de módulos
de resistência, possibilidade de efetuar cortinas de grande
altura e facilidade de serem reutilizados várias vezes.
As estacas prancha metálicas são implantadas atra-
vés de cravação por percussão ou por vibração e são sa-
cadas após o reaterro das valas. A cravação é sequencial
até uma determinada profundidade para um conjunto
de peças de forma a garantir o perfeito encaixe entre as
peças. A ficha mínima é de 0,50m,

48
Estacas pranchas metálicas

Furo para arrefecimento

3.2.3.3 Estacas pranchas de pvc ou fibra


de vidro

As estacas pranchas têm perfis semelhantes às de aço,


e são instaladas por vibração, compressão ou vão sendo
descidas acompanhando a escavação, mantendo ou não a
ficha no fundo da vala.
A vantagem reside em não serem atacadas por águas
agressivas do subsolo e por serem mais leves que as metálicas.
São fixadas com quadros metálicos ajustáveis e estes
são posicionados com ganchos e cabos de sustentação fi-
xados no topo das estacas.

3.2.3.4 Estacas pranchas pré-moldadas de


concreto

As estacas são muito mais resistentes que as de ma-


deira, mas tem uso limitado a contenções altas por seu
porte avantajado, são muito pesadas, o que torna difícil o

49
seu manejo e passíveis de serem danificadas, especialmen-
te nas juntas, o que permite a passagem de água e solo
para dentro das escavações.
As estacas de concreto raramente são empregadas,
dadas as maiores vantagens das estacas-pranchas metáli-
cas, inclusive porque estas provocam menores vibrações
no solo durante a cravação.

3.2.4 Escoramento metálico-madeira (perfil/


pranchão)

Requisitado quando a escavação se processa abaixo


do lençol freático, em areias ou argilas muito moles, tipo
turfa, o escoramento metálico madeira, também conhe-
cido como escoramento tipo hamburguês, inicia-se com
a cravação dos perfis metálicos I duplo I ou H de 10” ou
12” com espaçamentos variando de l,00m a 3,00m e seu
comprimento leva em conta a profundidade de vala mais
um complemento, ficha, de cerca de 30% do compri-
mento da escavação com um mínimo de l,50m.
À medida que a escavação avança, as pranchas hori-
zontais vão sendo colocadas atrás dos perfis para escora-
mento da terra. As peças horizontais (pranchões de ma-
deira) devem ser solidarizadas entre si com utilização de
peças verticais de madeira com a finalidade de mantê-las
unidas caso haja um acidente com vazamento de água,
ruptura brusca de canos, provocando um vazio no solo
por trás da cortina. Antes de prosseguir a escavação pre-
enche-se os vazios atrás da cortina.
Esse conjunto perfil mais os pranchões formam uma
contenção flexível.

50
A espessura dos pranchões varia em função do vão
entre perfis metálicos e profundidade de escavação

À medida que se escava vão sendo instalados os


pranchões e encunhados contra os perfis metálicos.
Não deve haver espaço vazio entre o tardoz do
pranchão e o solo que ele deverá conter e, se a escavação
for maior deverá preencher-se o espaço por trás com
solo socado ou areia.
Para permitir a saída d’água e evitar o carreamen-
to de partículas do solo para dentro da vala quando a
escavação avança abaixo do nível do lençol freático uti-
lizando-se pranchas tipo Louvre trapezoidais (forma de
veneziana) ou emprega-se geotextil (tipo Bidim) na face
de contato entre as pranchas garantindo a saída de água e
evitando a sobrepressão no fundo da vala.
O carreamento intenso dos grãos através das
pranchas pode provocar movimentos verticais na su-
perfície do terreno.
Os perfis são cravados com bate-estacas e quando quer
se evitar as vibrações no terreno faz-se pré-furos para instalar
os perfis e o espaço, não ocupado pelo perfil deve ser preen-
chido por material auto adensável, tipo solo cimento.

51
No caso das tensões de reação serem insuficientes
para equilibrar o peso do terreno lança--se mão dos estron-
camentos, escoras, ou ainda atirantamentos dos perfis.
A remoção do escoramento processa-se da seguinte
forma: aterrar até 1° nível inferior das estroncas e removê-
-los, ir assim até o topo e após o reaterro, remover tábuas e
pranchas por tração ou vibração. Deve-se preencher vazios
resultantes dos perfis metálicos com areia e água com em-
prego de vibradores de agulha usados em concretagens.
Durante o reaterro os pranchões vão sendo re-
cuperados. Terminado o reaterro da vala os perfis são
retirados com guindastes ou equipamentos saca-perfis
(com ou sem vibração).
O reaproveitamento dos pranchões é de cerca
de três vezes.
O espaço vazio deixado no solo quando sacarem o
perfil deve ser preenchido com areia adicionando água
usando vibradores de imersão.

52
53
3.2.5 Trilho/painéis deslizantes (slide rail)
Consiste de trilhos que ftmcionam como guias por
onde são fixadas e deslizam os painéis de chapas me-
tálicas duplas com formato retangular. Os trilhos são
compostos aos pares com escoras metálicas ajustáveis. A
chapa metálica inferior é chanfrada no topo para faci-
litar a cravação no fundo da vala. As chapas e os trilhos
são empurradas ou sacadas com o emprego da retroesca-
vadeira. As chapas de aço duplas tem dimensões de 5m
de comprimento por 2,5m de altura. Resistem a pressões
de 40 KN/m2. Os trilhos são travados por escoramentos
de perfis metálicos ou Sticks.

54
3.2.6 Caixa-trincheira (trench box ou escudo)
Estrutura formada por módulos que se superpõem,
de acordo com a profundidade da vala.
As caixas são instaladas na frente de serviço (vala)
recém aberta e deslocada à medida que vai sendo conclu-
ída a instalação da rede e o aterro do trecho de extensão
equivalente ao comprimento da caixa utilizada.
São utilizados de duas formas conforme seu tipo:
leve ou pesado. Os do tipo pesado são deslocados por
arraste a medida que avança a escavação da vala, a mes-
ma retroescavadeira utilizada na abertura da vala puxa a
caixa-trincheira para o trecho da vala recém escavado.
A retroescavadeira neste caso deve ser compatível
com o grande esforço necessário para essa movimen-
tação da caixa trincheira pesada. Portanto, uma única
caixa pesada é suficiente para execução da obra. Já as
caixas do tipo leve utilizam retroescavadeiras conven-
cionais para instalá-las ou removê-las das valas, sendo
em ciclo com a utilização de três peças sucessivamente.
Neste caso as valas deverão ter cerca de 5 cm a mais do
que a largura da caixa.
Os painéis são de chapas metálicas simples e du-
plos resistindo pressões do terreno de até 40 KN/m»
fornecem ambiente seguro para os operários trabalha-
rem dentro das valas.

55
56
3.2.7 Gabarito móvel de cravação (shoring machine)

Equipamento ideal para áreas urbanas, com pouca dis-


ponibilidade de espaço na superfície, ou onde não possa ha-
ver ruídos ou vibrações durante a cravação ou retirada da
estacas. É composto de um quadro de perfis metálicos aco-
plados a macacos hidráulicos e esse conjunto é deslocado
com a ajuda da retroescavadeira. As estacas pranchas me-
tálicas e os pranchões metálicos duplos vão sendo cravados
à medida que aprofunda-se a escavação. É possível escavar
valas com até 9,00m de profundidade.

Gabarito móvel de gravação - Bomba Manual para


Pressurização Hidráulica

57
4. Processos de abertura de valas

As condições vigentes no local da futura vala com-


preendendo: perfil geológico do terreno, nível do lençol
íreático, presença de redes próximas ou cruzando a vala,
profundidade da escavação, espaço disponível para im-
plantação do canteiro conjuntamente com prazo e pro-
dutividade da obra devem ser os elementos norteadores
da seleção entre escavação manual e mecânica com retro-
escavadeira ou valetadeira.

4.1 Escavação manual

A escavação de até 5,00m de profundidade pode ser


feita manualmente com pás, picaretas, chibanca, lançan-
do-se a terra com pás e baldes nas plataformas apoiadas
nas estroncas em estágios sucessivos de l,50m a 2,00m de
altura até chegar a ser depositado nas bordas da vala.
Quando a escavação é de até l,50m denomina-se
simples “tiro”, pois a terra escavada vai sendo lançada
diretamente na borda da vala. As valas com profun-
didades maiores são de dois, três ou mais tiros con-
forme a quantidade de transbordos da terra escava-
da. Ressaltamos que nas escavações mecânicas pode
ser necessário, como medida de segurança escavar-se

58
manualmente os trechos mais próximos de tubulações
que cruzem a vala.

4.2 Escavação mecânica

Os equipamentos de escavação de valas classificam-se


em: de produção descontínua (com destaque para as retroes-
cavadeiras), clamshell e as de produção contínua (com grandes
volumes escavados/minuto, conhecidos como valetadeiras).

Estronca

Plataforma

4.2.1 Retroescavadeira e clamshell


A retroescavadeira é indicada para valas taludadas
ou nos casos em que a sua largura exceda a do dispositivo
de corte das valetadeiras (acima de 0,60m) ou as valas
forem de extensões pequenas ou ainda com profundi-
dades acima das possíveis com o emprego de valetadei-
ras, acima de 2,50m, porém menores que 7,00m.

59
A clamshell é ideal para escavações de grande pro-
fundidade, ou em solos moles ou ainda onde a baixa ca-
pacidade de suporte do solo nas bordas da vala não per-
mitam o uso da retroescavadeira.

Retroescavadeira:

4.2.2 valetadeiras
As valetadeiras são classificadas em dois tipos: as de
disco dentado e as de serra (composta de corrente denta-
da ou de conchas móveis).

60
São equipamentos para empregar-se em extensas
frentes de serviço de valas relativamente estreitas, com
até 0,60m e em solos com boa estabilidade para suportar
o peso do equipamento.
As máquinas de escavação contínua requerem solo
relativamente macio e homogêneo para obter máximo o
rendimento das valetadeiras portanto, em solos pedrego-
sos, não são recomendáveis.
As valetadeiras de disco ou de serra podem abrir va-
las com profundidade variando entre 0,45m e 2,50m e
largura de 0,05m e 0,60m.
As valetadeiras de disco são equipamentos de gran-
de produtividade, apropriados para abertura de valas em
pavimentos de asfalto ou concreto. O material solto que
vai sendo escavado é lançado ao lado da borda da vala.
As escavações acima de l,50m a princípio devem ser
escoradas caso seja necessária a entrada de operários den-
tro da vala. O mais indicado é o escoramento descontí-
nuo com pórtico trincheira.
Quando temos interferência de redes cruzando o
trajeto da vala a ser aberta, o equipamento deve pular esse
trecho para ser escavado manualmente, portanto pode ser
inviável usar-se vaietadeiras em trechos urbanos mais car-
regados de redes de infraestrutura.

61
Valetadeira de serra

Valetadeira de disco

62
5. Controle do nível d’água
e esgotamento das valas

O aparecimento de água nas escavações é muito fre-


quente e pode ser associado ao escoamento superficial
das chuvas, aos vazamentos das redes de água, esgoto ou
galerias pluviais que compõem a infraestrutura urbana e
principalmente ao lençol freático.
A presença de água apresenta vários inconvenien-
tes, pois não só dificulta ou impossibilita o trabalho, mas
também modifica o equilíbrio do solo, podendo gerar
instabilidade de fundo da escavação, desmoronamento
de taludes e no caso de valas escoradas um incremento
do empuxo sobre as contenções. Por conseguinte deve-se
eliminar ou reduzir a água presente no terreno acima da
cota de fundo da vala, através de um sistema de esgota-
mento ou rebaixamento do lençol d’água.
O controle da água infiltrada nas escavações influi
diretamente na qualidade e velocidade de execução das
obras, sendo necessário investigar sua ocorrência antes de
iniciar-se as obras.
Preferencialmente, o rebaixamento do lençol d’água
deve preceder a escavação para evitar os efeitos nocivos
do fluxo de água ou da presença de água livre.

63
A definição do sistema de esgotamento a ser ado-
tado depende da geologia da permeabilidade e tipo
do aquífero e da profundidade da escavação abaixo
do nível d’água.
A medida que aumenta a altura de rebaixamento ou
diminui a permeabilidade do solo caminha-se em geral e
sucessivamente da captação superficial para as ponteiras,
poços profundos e eletrosmose.

64
Os sistemas usados podem ser:
• esgotamento a écu aberto;
• rebaixamento do lençol freático por ponteiras
filtrantes;

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• rebaixamento do lençol freático por injetores;
• rebaixamento do lençol freático por poços profundos;
• rebaixamento do lençol freático por eletrosmose.
Sendo que os quatro últimos são projetados, instala-
dos e operados por firmas especializadas.

5.1 Esgotamento a céu aberto

Consiste em conduzir-se as águas que adentram a


escavação para um ponto baixo (poço de captação) de
onde a água é bombeada para longe da escavação.
O bombeamento direto do fundo da vala só deve ser
empregado em obras de pequeno porte e curta duração
cuja altura de recalque seja pequena. Geralmente o bom-
beamento direto acarreta o amolecimento do solo no fun-
do da vala quando este for argiloso (sobrepressão) ou o
afofamento (areia movediça) para solos arenosos ou ainda,
o carreamento da partículas finas do solo e, consequente-
mente o solapamento e recalques das fundações vizinhas.
Nos solos coesivos geralmente são usadas bombas de
esgotamento superficial, cujo dimensionamento é função
do volume de água. Estas bombas podem ser centrífugas
com mangotes de sucção, bombas submersíveis ou bom-
bas de diafragma (manuais ou mecânicas) acionadas por
motores elétricos ou à explosão.
Para grandes e médias vazões são utilizadas bombas
submersíveis, para vazões baixas, normalmente são usa-
das bombas de diafragma e bombas centrífugas.
As bombas submersíveis podem ser elétricas, a ar
comprimido ou motores à explosão e com vazões varian-
do de 20,5 m3/h a 270m3/h e alturas de recalque entre

66
2m a 32m. Para alturas de recalque do dobro ou triplo
da capacidade da bomba pode-se instalá-las em séries de
duas ou três bombas. Nos dimensionamentos considera-
-se a altura máxima de sucção das bombas de 7,00m.

bomba submersa

5.2 Ponteiras filtrantes

Trata-se de um sistema recomendável para solos não


coesivos, muito empregado para o rebaixamento do aquífe-
ro até valores da ordem de 5m. São instalados no subsolo ao

67
redor da área a rebaixar, ponteiras drenantes, que recolhem
a água do subsolo através da aplicação de vácuo no sistema.
O afastamento usual das ponteiras em solos grossos
varia entre 0,50m e l,50m e, em solos finos, entre l,50m
e 4,00m e com vazão por ponteira simples, da ordem de
1,50 m3/hora.
O sistema é constituído por um conjunto moto-
-bomba e uma câmara de vácuo interligada a um tubo
coletor colocado lateralmente à vala, que por sua vez re-
cebe a água do solo por intermédio de tubos de menor
diâmetro cravados no terreno e a ele ligados, os quais têm
sua extremidade inferior uma ponteira filtrante.
As ponteiras devem estar 0,50m dentro do aquífero,
constituído de tubos de PVC ou galvanizados de ø 3,8 a
5,1 cm com cerca de l,00m da sua extremidade perfurado
e envolvido em tela drenante.
Caso o rebaixamento requerido do lençol supere os
5,00m e havendo disponibilidade de espaço para escava-
ção taludada em dois níveis, pode-se implantar dois está-
gios de rebaixamento com até 4,50m de desnível entre os
tubos coletores. Não é economicamente recomendável a
construção de mais de dois estágios.

68
Bomba de vácuo

Tubo coletor
de 0 4"

5.3 Injetores

O sistema funciona como um circuito semi-fecha-


do em que a água é impulsionada por bomba centrífuga
através de uma tubulação que vai até o fundo do poço
e em cuja extremidade é instalado um bico ejetor que
por sua vez através do efeito Venturi nesse bico ejetor
provoca-se a ascensão da água do subsolo.
Os poços com diâmetro entre 0,20 e 0,30m recebem
dois tubos um injetor de ø de l˝ e outro coletor de l 1/4˝.
O sistema de rebaixamento com injetares se torna
recomendável para grandes abaixamentos, superiores a
5,00m em aquíferos medianamente permeáveis com va-
zões não superiores a 6m3/hora.
O afastamento usual entre poços com injetor variam
entre 4,00 e 12,00m com vazão média, por poço, da ordem

69
de 4m3/hora e alturas máximas de elevação de 26,00m.
O rendimento do sistema entre 10% a 20% e alto
consumo de energia recomendam o seu emprego em obras
de curta duração ou em aquíferos pouco permeáveis.

5.4 Bombas submersas

Consiste em recalcar a água por meio de bombas


submersas de eixo vertical,instaladas no fundo de um
tubo filtrante. Num poço filtrante de 0,40 a 0,60m de
diâmetro é instalado um tubo de 0,15 a 0,30 m com a
base fechada e perfijrado ao longo do trecho da extremi-
dade, que situa-se abaixo do nível do lençol d’água.
O trecho perfurado recebe tela externa filtran-
te de maneira a impedir a passagem das partículas do

70
solo. Dentro do tubo, nesse trecho drenante, é instalada
a bomba elétrica submersa de eixo vertical de 0,075 a
0,35m de diâmetro.
Este sistema é indicado para rebaixamentos de grandes
profundidades em solos de média a grande permeabilidade.
Para solos de permeabilidade entre 10-¹ e 10-³ cm/
seg, o espaçamento entre poços é de 6,00m e para so-
los de alta permeabilidade (10-¹ cm/seg), o espaçamento
pode ser aumentado até 15,00m.
As bombas disponíveis permitem vazões de 6m3/h
a 40m3/h e alturas de elevação entre 2,00m e 25,00m.
Essas bombas possuem dispositivos de leitura do nível da
água no poço e interruptores automáticos que impedem
de operarem a seco e queimar motor.

71
72
5.5 Eletrosmose

A eletrosmose é recomendável para alguns solos


siltosos e os solos argilosos, muito finos, (permeabili-
dade entre 10-5 e 10-7 cm/seg)(por não serem passíveis
de drenagem eficiente através de ponteiras filtrantes
ou poços profundos.
O sistema consiste de dois eletrodos enterrados em
um solo saturado, após o estabelecimento de uma cor-
rente elétrica entre ambos, a água percolará no sentido
do ânodo (polo positivo) para o cátodo (polo negativo)
constituído, neste caso, por uma ponteira filtrante. A
água que migra através do solo pelo efeito da diferença
de potencial entre os eletrodos será coletada pela ponteira
e esgotada por uma bomba centrífuga.
Os eletrodos são instalados cerca de 2,00m abaixo
do fundo da vala e o espaçamento entre cátodos varia en-
tre 8,00m a 12,00m, entremeados pelas hastes dos âno-
dos. Este sistema envolve grande consumo de eletricidade
e deve ser entendido mais como um processo de esta-
bilização dos solos de taludes e de fundo de escavação,
porém seu emprego no Brasil é muito restrito.
A quantidade de água que percola na unidade de
tempo é proporcional ao gradiente elétrico gerado.

73
74
6. Procedimentos em serviços de valas

Durante toda a fase de execução e durante a exis-


tência da escavação, é indispensável ter-se no canteiro de
obra documentação técnica, conforme preconiza a NBR
9061, contendo os seguintes elementos:

- resultados das investigações geotécnicas;


- perfis geotécnicos do solo;
- profundidade e dimensões da escavação, bem como as
etapas a serem atingidas durante a execução e reaterro;
- condições da água subterrânea;
- levantamento das fundações das edificações vizi-
nhas e redes de serviços públicos;
- projeto detalhado do tipo de proteção das paredes
da escavação;
- levantamento de possíveis riscos de impregnação
do subsolo por emanações ou produtos nocivos;
- caso haja necessidade das ancoragens penetrarem
em terrenos vizinhos, deve-se ter autorização dos
proprietários para permitir a sua instalação:

É necessário considerar-se a ação das cargas e sobre-


cargas ocasionais próximos a vala, tais como fundações
de edifícios, trânsito de veículos, depósito de materiais,

75
bem como possíveis vibrações, para determinar-se a in-
clinação das paredes de talude, ou calcular-se os compo-
nentes do escoramento.
Costuma-se desconsiderar o efeito de sobrecarga de-
correntes de fundações de edifícios cuja ação se localiza
fora da zona de influência definida pela zona hachurada
que compreende uma faixa de l ,5 H ao longo das bordas
da vala. Como medida cautelar todas as construções aí
situadas deverão ser monitoradas através da instalação de
pinos de recalque para verificar-se possíveis deslocamen-
tos durante as escavações.

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77
O estroncamento deve ser executado em sequência
à escavação na medida em que a vala for sendo aberta e
sempre dentro da mesma jornada de trabalho.
O posicionamento das escoras nas valas e o afastamen-
to delas entre si deve ser em conformidade com a necessi-
dade de movimentação das peças e ferramentas utilizadas
na construção de galerias, poços de visita, tubulações, etc.
Cada escora deve ser protegida nas suas extremidades
contra o escorregamento, torção e deslocamento axial de-
vendo ser colocadas sob tensão para evitar a deformação
excessiva na cortina e diminuir-se o recalque superficial
do solo adjacente, por isso as de madeira são cortadas
com l a 2 cm maior para o ajuste por compressão local
Caso não se disponha de peças de madeira com as
bitolas indicadas no projeto de escoramento das valas, po-
derão ser adotadas peças com o módulo de resistência equi-
valente ou com dimensões imediatamente superiores.
Dependendo da distância a abertura de valas pode
causar recalques nas redes próximas por isso, antes de ser
iniciada uma obra de escavação, o responsável deve si-
nalizar adequadamente todas as redes enterradas existentes.

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79
80
As redes de serviços que atravessem as valas devem ser
sustentadas por pendurais ou escoradas a fim de não so-
frerem qualquer deflexação durante o transcurso da obra.
Sempre que as condições o permitirem deve-se op-
tar pelo emprego dos quadros hidraulicamente ajustáveis
ou dos pórticos trincheiras ou dos caixões trincheira, os
quais são mais seguros do que os Sticks e escoras de ma-
deira, porque ao contrário destes não necessitam que o
operário entre na vala.
Após prolongados períodos de exposição ao tempo,
os taludes estáveis em terrenos consistentes podem perder
a umidade natural e consequentemente sofrer alteração
do ângulo de atrito, quando se tratar de solos arenosos,
ou perder a coesão quando se tratar de solos argilosos.
Por conta disso os taludes das escavações devem ser
protegidos durante todo o tempo de obra contra a ero-
são superficial decorrente do escorrimento de águas sobre
o talude através da construção de muretas com altura de
0,15m contornando toda a borda da vala e/ou canaletas
revestidas na crista do talude para recolher a água superfi-
cial e encaminhar as águas para pontos afastados das valas.
Complementarmentei nos taludes sem escoramen-
to, pode-se pintar com piche, chapiscar, gramar, instalar
lona plástica ou aplicar concreto projetado.

81
Concreto projetado
ou pintar de piche
Mureta ou chapiscar

Canal ie
drenagem

O escoramento não deve ser retirado antes do re-


enchimento atingir 0,60m acima do coletor ou l,30m
abaixo da superfície natural do terreno, desde que este
seja de boa qualidade, caso contrário o escoramento so-
mente deve ser retirado quando a vala estiver totalmente
preenchida. No escoramento metálico-madeira o contra-
ventamento de longarinas e estroncas pode ser retirados
quando o aterro atingir o nível dos quadros. As estacas
metálicas somente devem ser retiradas, quando a vala es-
tiver totalmente preenchida. O vazio deixado pelo arran-
camento dos perfis e estacas metálicas devem ser preen-
chidas com material granular fino.
Quando a escavação atingir o lençol d’água, deve-
-se manter o terreno permanentemente drenado, por
meio de bombas dentro da vala ou do lençol freático
externamente à vala.
Quando a vala for aberta em solos saturados de

82
água, deve-se calafetar as fendas entre as tábuas, vigas e
pranchas de escoramento, para impedir que o material
do solo seja carregado para dentro da vala, evitando o
solapamento desta e o abatimento da via pública.
No caso da escavação atingir cota abaixo do nível
d’água natural e proceder-se o esgotamento da vala por
bombeamento direto, dever-se-á atentar para a possibi-
lidade do esgotamento carrear as partículas finas e ge-
rar instabilidade do solo, solapamento do terreno ou das
fundações vizinhas. As fendas entre as tábuas, pranchas e
pranchões do escoramento devem ser calafetadas e para
tanto pode-se empregar além do Bidim, estopa, serragem,
ou capim e depois pregar-se uma ripa de mata-junta.

Perfil I Geo textil

Solo

83
O escoramento deve ser retirado à medida que for
sendo feito o reaterro e este deverá ser iniciado imediata-
mente após a conclusão dos serviços que deram origem à
escavação, empregando-se sempre materiais de qualidade
igual ou superior ao existente no subleito.
No preenchimento da vala, colocar terra compac-
tando-a até a altura do quadro inferior de estroncas e
longarinas, retirando-os a seguir, prosseguindo o reaterro
para ao final retirar-se as pranchas por tração ou vibração
e preencher-se os vazios deixados das pranchas e perfis
com areia com emprego de água e vibrador de agulha.
A compactação poderá ser manual ou mecânica, por
pressão, impacto ou vibração, no mínimo em três cama-
das, sendo a 1a até a geratriz superior do tubo, compacta-
da por impacto se argila e por vibração se areia ou pó de
pedra; a 2a até 0,50m acima da 1a camada e as demais até
o fim em camadas de 0,30m.
As ferramentas e equipamentos usados na compac-
tação de valas podem ser: os soquetes manuais monta-
dos nas obras utilizando-se tocos de madeira ou galões
cheios de concreto; os pilões mecânicos acima de 100
Kg (úteis para solos moles e terrenos úmidos) os sapos
mecânicos de baixo peso (úteis para terrenos secos e
úmidos) ou ainda as placas vibratórias de 200Kg ea 600
Kg (úteis para terrenos secos).
O reaterro com areia é mais fácil de executar porém,
no caso de redes sob pressão (água, gás) há o risco de um
eventual vazamento dessas redes facilmente espalharem
seus fluidos por uma distância considerável, tendo via de
acesso o material drenante do aterro. Além disso o rea-

84
terro com areia prejudica futuras escavações lindeiras na
medida que obrigará escoramento das novas valas mesmo
para pequenas profundidades para evitar desbarranca-
mento da areia..
Onde o fundo da vala for regularizado com areia ou
brita, deve ser executado um selo de argila com a mesma
espessura da camada de regularização, intercalada no mí-
nimo a cada l00 m.
O reaterro é um fator que influirá diretamente na
qualidade da recomposição do calçamento, e caso não
seja bem executado sofrerá recalques consideráveis.
Nos pavimentos asfálticos ou nos pavimentos arti-
culados de paralelepípedo ou blockretes é necessário cor-
tar a pavimentação cerca de 0,20m além da largura da
vala e 0,10m a mais dos passeios para assegurar-se uma
melhor qualidade do capeamento.

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86
Caso o terreno seja constituído de camada permeável
sobrejacente a camadas moles profundas, poderá haver recal-
ques nas construções vizinhas pelo adensamento das camadas
moles, devido ao rebaixamento do lençol freático induzido
pela escavação da vala e ou emprego de bombas de recalque.
Para minimizar o efeito do rebaixamento sobre fun-
dações vizinhas, poderão ser instalados poços de recarre-
gamento do freático a jusante do ponto de rebaixamen-
to com o objetivo de manter nível de água próximo ao
original nas cercanias das edificações.
Esses poços são instalados dentro da camada suscetí-
vel de sofrer os recalques.

6.1 Valas pouco profundas ( h ≤ 5,00m)

As valas com paredes verticais cuja profundidade


não ultrapassem a altura crítica são consideradas estáveis
temporariamente, podendo ficar sem escoramento caso
o tempo de vala aberta seja pequeno, podendo colocar-
-se à posteriori o escoramento descontínuo ou empregar
caixa trincheira como medida de segurança.

87
É necessário escoramento das valas com profundi-
dade H > l,25m onde houver risco de desmoronamen-
to e onde os taludes não puderem ser executados, bem
como nas escavações verticais de acima de l,75m de pro-
fundidade não taludadas.

88
Conforme o solo podemos utilizar os seguintes tipos
de escoramento para H ≤ 5,00m:

Taguá seco - escoramento descontínuo,


Taguá úmido - escoramento contínuo.
Turfa ou solo orgânico - pranchas de madeira ma-
cho-fêmea, metálicas ou escoramento perfil/pranchão.
Barro - escoramento contínuo ou descontínuo de-
pendendo do nível do freático (alto ou baixo).

89
Areia seca - escoramento contínuo.
Areia saturada - pranchas de madeira macho-fêmea,
metálicas, escoramento perfil / pranchão. Pedregulho
seco - escoramento contínuo.
taguá = solo cor rosada branca e marrom.
Barro = mistura areia/argila.
Usar estacas prancha metálicas ou madeira macho-fê-
mea em terrenos de areia sem coesão, argilas muito moles
ou turfas em presença de água para valas de até 3,00m .
As pranchas metálicas em cortes de até 3,00m de-
verão ter ficha mínima de 1,5 H se fixadas em balanço e
fichas mínima de 0,6 H se estroncadas no topo.

Nas escavações em argila mole ou turfa ou areia com


nível freático elevado deve-se:
- adotar ficha de B √2 com um mínimo de l,50m
para as estacas prancha metálicas ou de madeiara macho-
-fêmea, para aumentar o percurso da linha de percolação
da água e evitar-se a ruptura de fundo.

90
Em terrenos arenosos com esgotamento de vala dei-
xar frestas entre os pranchões do escoramento metálico-
-madeira para permitir a saída d›água. Instalar geotextil
entre os pranchões ou usar o do tipo Louvre para reter os
finos a fim de não gerar maiores recalques no solo.
O sistema de escoramento com pranchada vertical
de madeira geralmente se aplica em casos de pequenas
profundidades e de relativa facilidade de cravação , usu-
almente nas valas com H em l,50m e 4,00m, visto que as
pranchas medem entre 4,00m e 6,00m.
Os desmoronamentos do solo das bordas das valas
podem ser controlados deixando-se as pranchas com 5 a
l0cm acima do terreno natural.
Para escavações acima de 2,00m em solos areno-
sos ou fofos ou acima de 3,00m em solos estáveis du-
ros é economicamente recomendável a utilização de
perfis metálicos cravados com pranchões de madeira
instalados horizontalmente.

91
6.2 Valas profundas (b ≥ 5,00m)

A vala taludada e sem escoramento deverá ter pata-


mares (bermas) no máximo a cada 5,00m de profundida-
de e largura de bermas de no mínimo l,50m mantendo-
-se a inclinação de talude para solos coesivos em 45° ou
menos. As bermas reduzem a velocidade de escoamento
das águas superficiais do talude além de melhorar a esta-
bilidade das paredes da vala, O ângulo do talude depende
fundamentalmente das condições geotécnicas do solo.

β ≤ 45° - solo não coesivo e coesivos médios


β ≤ 60° - solo coesivo resistente

Ern valas profundas, nem sempre é possível atin-


gir o fundo da vala num único lance de pranchados de
madeira; neste caso, lança-se mão de escoramentos
duplos ou triplos. A construção se processa como se
fossem dois ou três escoramentos simples.
Valas profundas em dois lances, primeiro constrói-
-se o externo e depois o interno.

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Para escavações profundas empregam-se pran-
chões horizontais fixados em perfis de aço I ou duplo
I (qualquer profundidade); Trilho/Painéis Deslizantes H
≤ 9,00m); Gabarito Móvel de Cravação (H ≤ 9,00m) e
Caixas Trincheira (H ≤ 3,00m).
O tipo de escoramento com previa cravação de perfis
de aço I para servirem de suporte às pranchas horizontais
é o recomendado nas escavações em terrenos sem coesão
ou terrenos argilosos muito moles, abaixo do nível d’água.
Nas valas profundas é necessário mecanizar-se a
escavação com o emprego de retroescavadeiras ou esca-
vadeiras de concha (clamshell).

6.3 Segurança nos serviços de vala


Sempre que as valas se situarem em vias públicas,
preliminarmente deverá ser feito cadastro de todas as re-
des enterradas e obter-se a devida autorização da munici-
palidade para ocupação permanente do subsolo pela rede

93
enterrada, bem como da ocupação provisória do leito da
ruas durante a execução das obras.
As autoridades do trânsito orientarão quanto a ne-
cessidade de sinalização de advertência e de desvio de
tráfego e, na sua impossibilidade de desviá-lo,deverá ser
reduzida a velocidade dos veículos.
Antes de iniciar-se a sinalização deve-se observar a ve-
locidade e o sentido do fluxo, e sinalizar conforme a tabela.

Toda obra com abertura de valas, deve ser inteira-


mente cercada por tapumes contínuos e devidamente
conservados. A área tapumada além de conter a vala
deverá abrigar todos os materiais e equipamentos ne-
cessários aos serviços.

94
95
Em regiões urbanas os tapumes deverão ser dotados de
sinalização luminosa de advertência tipo contínua composta
de balde luminoso fixado no tapume ao longo de toda a ex-
tensão da obra e a sinalização diuturna tipo intermitente fixa-
da em cavaletes posicionados nas proximidades dos tapumes
servindo como advertência aos motoristas.
Além dessas medidas deverá prever-se passarelas
com largura mínima de 0,60m protegidas por guarda-
-corpo e rodapés quando for necessária a travessia de pe-
destres sobre a escavação.
A sinalização noturna horizontal (pintura nas pistas)
e vertical (placas, semáforos) obedecerão instruções da
autoridade de trânsito local, os tapumes nas bordas das
valas poderão ser substituídos ou precedidos de barreiras
pré-moldadas de concreto, conhecidas como New Jersey
de forma a minimizar os efeitos das colisões de veículos.

New Jersey

96
Segundo a NR-18 da Portaria do Ministério do Tra-
balho n° 3214/78 e a NBR 9061 as seguintes medidas
de segurança no trabalho de valas devem ser observadas:
- os equipamentos de proteção individual (EPI)
básicos para trabalho em valas são: capacete, calça-
do de segurança, bota cano médio de PVC quando
em presença de umidade, luva de couro ou lona
plastificada, capa impermeável, cinto de segurança,
uniforme e tira ou colete de refletivo para trabalhos
diurnos e noturnos em vias públicas.
- caso haja serviços com solda deve acrescentar-se
as máscara, óculos, luva, avental, perneira e mangas
especifícos para esse tipo de atividade.
- nos trabalhos de quebra do pavimento é necessário
óculos de segurança proteção total e protetor auricular
sendo que este último também é obrigatório nos ser-
viços de compactação mecânica do reaterro das valas.
- ao entrar ou sair das valas deve-se fazer uso de
escadas e não das estroncas.
- a vala e em especial as escoras devem ser inspe-
cionadas diariamente e sempre depois de chuvas

97
ou outras ocorrências possam aumentar os riscos
de deslocamentos,
- as escavações devem ser mantidas secas para as-
segurar condições de higiene e segurança para os
trabalhadores.
- as escavações com mais de l,25m de profundi-
dade devem dispor de rampas ou escadas coloca-
das próximas aos postos de trabalho, firmemente
apoiada no plano inferior e superior ultrapassando
este de no mínimo de 0,90m e com comprimento
máximo de 7,00m;
- para evitar sobrecarga no escoramento o material
escavado deve ser depositado a uma distância da
borda superior à metade da profundidade da vala
com um mínimo de l,00m ou conforme determi-
nado em projeto.

As passagens provisórias para veículos por sobre


as valas devem dispor de cobertura com chapas de aço
ou pranchas de madeira justapostas e solidarizadas com
travessas pregadas na face inferior. De preferência valas
transversais às vias públicas de densidade de trânsito mé-
dio a alto devem ser executadas após o horário de pico
e cobertos por chapas de aço com espessura mínima de
20mm, grampeadas no pavimento.

98
99
O apoio mínimo dessas chapas nas bordas das valas
é de 0,20m devendo as mesmas serem fixadas, no pavi-
mento de forma a garantir contra o seu deslocamento de
posicionamento. Para tanto devem ser fixadas nas bordas
através de grampos cravados no pavimento ou calçada.
Essas coberturas de valas necessárias em todos trechos das
calçadas onde hajam entradas de autos, bem como nas
pistas de rolamento onde não for possível desviar o trân-
sito de veículos sobre as valas.

Parafusos

100
As escavações próximas às redes e equipamentos urba-
nos fixados nas vias públicas, entre os quais postes, árvores,
tubulações corno também, as fundações e muros das edifica-
ções vizinhas as valas, podem necessitar obras de contenção
e sustentação especiais a fim de mante-las integras.

101
Quando existir cabo subterrâneo de energia elétrica
nas proximidades das escavações, as mesmas só poderão
ser iniciadas quando o cabo estiver desligado e na impos-
sibilidade de desligar o cabo, devem ser tomadas medidas
especiais junto à concessionária;
Analisando-se sob o aspecto da segurança dos operá-
rios, sempre que forem tecnicamente adequados, deve-se
optar pelo sistema de escoramento que não necessitem da
entrada do operário na vala para sua instalação e remoção,
tais como: pórtico trincheira, caixa trincheira, gabarito mó-
vel de cravação e trilho/painéis deslizantes.

Haste metálica

T«b Telas plásticas


para delimitação

102
Bibliografia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA.


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CAPACHI, Nick. Excavation & Grading Handbook. Carls-
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Portaria 3214 - Ministério do Trabalho 1978
Catálogo - Krings Verbau
Catálogo - Speed Shore
Catálogo - Saf-T-Shore.

104

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