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Rituais da Nação Ijexá no Rio Grande do Sul

Por Eduardo Cezimbra - Babalorixá Tita de Xangô

A religião de origem africana é cultuada no Brasil desde o século XVI, trazida da África pelos negros, escravos,
arrancados de sua terra para este país, que hoje, depois de tantas perseguições, lutas e desafetos podem cultuar
seus Deuses de forma livre.

No princípio era muito difícil para o negro fazer seus rituais, e se valiam dos Santos da Igreja Católica, que
serviam de escudo para a
realização dos ritos, hoje não se
tem mais esta necessidade, e
alguns africanistas não admitem a
presença de imagens dos Santos
Católicos dentro dos terreiros de
nação Africana; não quero criar
polêmica, mas, acho que
devemos aos santos católicos a
manutenção da nossa religião,
pois será que, sem este artifício
muito bem usado pelos negros
antigos, poderíamos ter mantido nossos fundamentos? Será que não teríamos que agradecer aos santos da igreja
ter hoje em dia o respeito e até reconhecimento oficial com leis para manter e preservar a cultura africana, é bom
pensar sobre isto, não que eu queira manter o sincretismo, nem pensar, só não precisa menosprezar os santos da
igreja. Ao invés disto deveríamos lutar para preservar nossa cultura que está sendo invadida por gente que não
tem se quer vontade de manter e preservar os rituais e fundamentos antigos, se aproximam dos terreiros com o
intuito de aprender os segredos para fazer mal uso, e utilizarem desta religião para explorar, fazer comércio; são
estes indivíduos que deveríamos banir dos nossos terreiros. Muitos Babalorixás e Yalorixás antigos, deixavam de
ensinar até mesmo para aqueles que mereciam saber, com medo do mal uso da religião. Seria tão bom se
pudéssemos resgatar metade da sabedoria dos nossos antepassados. Sou bisneto de uma escrava africana que
viveu na cidade de Lages em Santa Catarina, e sinto não saber nada da sua historia individual, como foi sua
permanência neste mundo, qual os seus laços familiares etc.

A religião que era somente dos negros se propagou pelo mundo, os Orixás chamam a atenção de antropólogos,
estudiosos e pesquisadores alguns até se bandeando para o seio da cultura africana. Pudera os negros de outrora
ter em suas mãos a facilidade que temos nos dias de hoje em cultuar nossas divindades, tenho certeza que no
futuro teríamos, ainda, grandes conhecedores dos segredos, grandes conhecedores do uso dos trabalhos, das
magias, das rezas, dos cultos de como fazer um Orixá, entre outros fundamentos de nossa cultura. Peço a Olurum
que ilumine o pensamento daqueles antigos Babalorixás e Yalorixás que tem em seu poder os ensinamentos
passados pelos seus antecessores para que passem a quem de verdade merecer saber e levem avante esta cultura
linda de rituais incomparáveis. Quantas criaturas devem sua vida a gente do santo que por um ou outro motivo
tiveram que fazer trabalhos, benzeduras, rezas para poderem se salvar, para poderem ter saúde, para poderem ter
um trabalho, para poderem ter união, paz no lar, para poderem ser salvos de perseguições; quantos lares
preservados graças a intervenção de gente do santo.

A Religião Africana tem um dos mais belos rituais do nosso planeta, é uma vastidão de ciência, que vamos
envelhecer, morrer e nunca vamos saber tudo da religião. Há diferentes conceitos sobre o culto aos Orixás, cada
Nação, cada região do País tem uma maneira de tratar e cultuar os Orixás; faço aqui uma exposição daquilo que
herdei dos antigos sacerdotes de Orixá do meu convívio e de meu Babalorixá, pai Tuia de Bará, que detem
grande conhecimento dos rituais de Orixás e de Eguns da Nação Ijexá vinda para o Rio Grande do Sul. Tenho
conhecimento de que um dos baluartes da Nação Ijexá, aqui no sul, foi sem dúvida, pai Paulino de Oxalá,
homem de sabedoria profunda no culto; tinha entre seus filhos de religião o saudoso Pai Idalino de Ogum, Mãe
Antonia de Bará e Pai Manezinho de Xapanã. Pai Manezinho formou outros grandes batuqueiros do sul, dos
quais podemos citar alguns: Estela de Iemanjá, Ondina de Xapanã, Antonieta de Bará, Diva de Iemanjá, Ademar
de Ogum, Miróca de Xangô, Nelson de Iemanjá, Olmira de Xangô entre outros. Da grande Mãe Olmira deu-se
origem a outro grande conhecedor nos cultos africanos da Nação Ijexá e no ritual de eguns que é o Pai Tuia de
Bará, filho carnal de Nininho de Ogum decendente também de Manézinho de Xapanã. Ao Pai Tuia devo meus
humildes conhecimentos dentro de nossa nação e espero poder passar adiante o que me foi delegado por este
Babalorixá de grande sabedoria.
Além da Nação Ijexá há outros cultos como: Cabinda, Jêje e Oyó, que também usam fundamentos de Ijexá, já
que é uma das nações mais bem conservadas no sul, principalmente suas rezas em Yoruba servem o ritual de
todas as nações. Cada terreiro tem sua particularidade em fazer seus rituais, as vezes o que serve para um, não
serve para outro, e isto deve ser respeitado; é bom salientar que quanto mais conservarmos os rituais de nossa
feitura mais será preservada a força de nossa Nação, mantendo as tradições daqueles que nos passaram os
ensinamentos, diga-se de passagem ainda tem gente cheia de dúvidas. A Religião Africana que era exclusiva dos
grupos negros descendentes de escravos, mudou, se espalhou por todos os lugares e deixou de ser uma religião
exclusiva do segmento negro, passando ser uma religião para todos; só que as velhas tradições, até alguns anos
preservadas, infelizmente, com esta propagação deixaram de ser mantidas e corremos grande risco de num futuro
bem próximo estarmos a mercê de gente que nada tem a ver com os cultos, que entraram para a religião por
acharem bonita, interessante e uma boa fonte de ganhar dinheiro, não que para fazer os rituais não precise de
dinheiro, precisa sim, mas não da maneira que estão fazendo. Antigamente um axé de Búzios e Facas eram dados
a quem tinha DOM comprovado e que realmente aquele iniciado teria sido escolhido pelos Orixás, não ao
contrário; só então teria argumentos para receber o aprendizado, o axé se dava, não era vendido. Por que hoje em
dia se debandam uma porção de batuqueiros para a Igreja Universal entre outras? Muitas vezes estas pessoas
estavam onde não deviam, pois quem é verdadeiramente do Santo já mais o abandona, por mais dificuldades que
se passe não se pula de galho em galho. Há pessoas que pensam por ser do ritual africano não poderá ter uma dor
de barriga; o que iriam dizer os nossos antepassados, que comeram o pão que o diabo amassou no período da
escravidão, não existe no Brasil raça mais massacrada do que a do negro e mesmo assim os verdadeiros
religiosos prosseguiram com sua fé nos Orixás, ou bem ou mal o ritual continua. A culpa não é só desses que
vivem saltitando religiões, é também dos sacerdotes que por qualquer queixa que recebem de um consulente já
acabam os colocando no chão (iniciando-os), sem necessidade, contribuindo com o entra e sai nos terreiros,
deveríamos fechar mais nossas portas a esses acontecimentos, muitas vezes com um simples axé se ajuda a
pessoa em dificuldades, sem precisar colocá-las em compromisso. Ao pastor o que é do pastor e aos terreiros o
que é dos Orixás. Nos dias de hoje cumprir com as obrigações não é nada barato, dar uma festa de quatro pés,
precisa-se de uma boa quantia em dinheiro, e não se consegue fazer se não unir várias pessoas num barco.
Sabemos de sacerdotes antigos que não tem conseguido cumprir com seus rituais de obrigações por falta de
dinheiro. Hoje a religião dos humildes se tornou a religião que tem o mais alto custo em seus rituais, e isto não é
culpa dos religiosos, é a crise financeira que assusta o mundo.

A religião que antes encontrara condições sociais, econômica e culturais muito favoráveis, hoje privilégio de
poucos terreiros, deixou de ser a religião dos pobres de todas as origens étnicas e raciais e passou a ser a religião
das elites, não só no sul, mas em todo Brasil. A princípio a expansão da religião deveria ser para a conservação
dos rituais, temo que aconteça ao contrário, peço ao grande pai Oxalá e à Olorum, que ilumine a mente dos
verdadeiros sacerdotes para que possam refletir sobre estes fatos e passar a formar verdadeiros herdeiros dos
segredos nos cultos Africanos.

Há também o culto aos eguns, que há poucos que dominam bem esta parte da religião. Este é o lado mais
melindroso de nossa religião, não é uma coisa assim tão misteriosa, porém, não se faz este ritual com freqüência,
assim como fizemos para os Orixás. Hoje em dia todos querem ter o assentamento de Balê; antigamente só
sentava Balê quem tinha pai ou mãe de santo falecidos(dentro da Nação Ijexá), para poder ter um egum chefe
dentro do Balê; As rezas de eguns são poucas pessoas que sabem tirar como nos tempos passados. É importante
que , aqueles que ainda detem conhecimentos no culto aos eguns que passe aos seus descendentes religiosos,
assim como os trabalhos, trocas, limpezas, rezas e outros fundamentos da religião africana. Nas décadas passadas
quando um Babalorixá ou uma Yalorixá precisava passar uma limpeza ou fazer uma troca, enfim , qualquer tipo
de trabalho os seus próprios filhos de religião estavam aptos para fazer, hoje em dia, muitas vezes tem que
depender de sacerdotes de outros terreiros; e nem sempre se cai em boas mãos. Quando falecia um pai ou mãe de
santo os filhos da casa eram quem faziam as obrigações de erissum (èrìsún); hoje muitas vezes dependem de
gente de outras casas para fazerem este ritual, se morre alguém da Nação Ijexá é importante que o èrìsún seja
feito por gente da mesma Nação e assim por diante.
ORIXÁS DA NAÇÃO IJEXÁ

Bará
Este é o Orixá saudado em primeiro lugar em todos terreiros de nação Africana; sem
bará não se faz nada, é o principio e o fim de tudo. Bará é o dono das encruzilhadas,
dono das porteiras, de todas as chaves e de todos os caminhos, se estiver
atrapalhado, precisando de ajuda para obter um emprego ou realizar qualquer tipo de
negócios este é o Orixá que pode te dar a solução. É o primeiro a receber oferendas,
antes de qualquer outro orixá, o bará é insubstituível, em qualquer situação temos
que chegar até ele.

No Rio Grande de Sul, cultuamos:

BARÁ LODÊ - que tem seu assentamento feito do lado de fora do terreiro, junto
com Ogum Avagãm.

BARÁ ADAGUE - trabalha nas encruzilhadas, seu assentamento é feito dentro dos
terreiros; é um dos mais requisitados, faz a frente dos Orixás: Ogum, oiá, xangô,
ode, otim, oba, ossae e xapanã.

BARÁ LANÃ - trabalha também nos cruzeiros, tem as mesmas funções do bará
adague, responde também nos cruzeiros de mato.

BARÁ AJELÚ - este é o bará dos orixás de água como oxum iemanjá e oxala, além
do epô usa-se mel nas sua oferendas, trabalha de acordo com ogum adiola.
Bará é Deus de todo e qualquer movimento, é ele quem faz a ligação entre o homem
e os demais Orixás, é o mais humanos de todos, pois é o que está mais próximos de
nós, está em toda parte dia e noite, se tens algum projeto na sua vida e quer que tudo
corra bem, agrade este orixá. A cor de bará é o vermelho seu dia da semana é
segunda-feira.
Ogum Orixá

Deus guerreiro, senhor da guerra, dono do ferro e todos os seus derivados, senhor
de todas as armas, dono da faca e da bebida de álcool, é o legítimo esposo de
Iansã', que o traiu com o rival xangô. Para vencer demandas tem que se agarrar
com ogum, depois de bará é o próximo a receber oferendas, aliás diga-se de
passagem , estes dois orixás são os que mais trabalham dentro do panteão
africano. Algumas qualidades de Ogum trabalham de acordo com o Orixá Bará,
citemos como exemplo Ogum Avagãm, que tem seu assentamento junto com
Bará Lodê, e sua morada é na frente do terreiro, do lado de fora da casa. Na
Nação Ijexá também cultuamos Ogum Onira e Ogum Adiola, este último é um
guerreiro guardião que trabalha na beira da água aos mandos de Oxum Iemanjá e
Oxala. Qualquer sacerdote de Orixá tem que ter Ogum em seus assentamentos,
pois este é o dono do axé de facas; suas cores são o vermelho e verde, seu dia da
semana é quinta-feira, seu sincretismo aqui no sul é com São Jorge. Ogum é o
protetor dos Policiais e dos soldados.

Iansã

Orixá dos ventos e das tempestades, foi esposa de Ogum, o qual deixou por amor
a Xangô; dos Orixás femininos é a mais guerreira; Iansã é associada a
sensualidade. Tanto acompanhou Ogum quanto Xangô em suas batalhas, é a dona
das relações sexuais.
Certas Iansãs são ligadas ao culto dos eguns (espíritos dos mortos), é o Orixá que
comandas o Balê junto com Xangô.
As filhas de Iansã são audaciosas, poderosas, autoritárias, se contrariadas em
seus objetivos deixam levar a manifestações de extrema cólera. A espada também
é seu símbolo, representando seu caráter guerreiro; divide com Xangô o poder
sobre o raio; sua cor é o vermelho e branco seu dia são terça e quinta-feira. Seu
sincretismo é com Santa Bárbara.
Orixá

Xangô

Orixá do raio e do trovão, senhor da justiça, é um dos mais cultuados no


Brasil. No Rio Grande do Sul cultuamos: Xangô Ogodô, Xangô Aganju e
Xangô de Beije.
Xangô Ogodô é sincretizado com São Jerônimo, Aganju com São Miguel
Arcanjo e Xangô de Beije com Cosme e Damião. Sua comida preferida é o
Amala.
Este orixá representa a sedução masculina, já que teve como mulheres três
iyabás, 0xum, Oba e Iansã. È o protetor dos estudiosos, intelectuais, dos
Advogados, Juízes e tudo que se relacione com justiça. Sua cor é o vermelho
e branco seu dia da semana é terça-feira, sua saudação é Kaô Kabiecilê!

Orixá

Ibêje - Ìbeji

Ibêje, na Nação Ijexá, cultuada no sul do Brasil, são entidades Gêmeas que
formam um único orixá, permanentemente duplo, (formado por duas
entidades distintas), que coexistem, representando o princípio básico da
dualidade. São Orixás crianças; seu assentamento é feito em "vultos" (orixás
feito em madeira). São os Deuses gêmeos de grande prestígio no sul , como
em todo Brasil, a maior homenagem aos ibêjes consiste numa mesa (toalha
arreada no chão) na qual se serve somente crianças até sete anos de idade,
para comerem canja feita das aves que foram sacrificadas aos ibêjes , e doces
de toda qualidade, ganham brinquedos, balas, pirulitos etc.
Odé Orixá

Odé é o orixá das matas e florestas onde vive a caçar; é o protetor dos
caçadores; seus filhos são espertos, rápidos e atentos, tomam conta de um lar
perfeitamente, buscando tudo para alimentar seus dependentes. Qualquer
expedição que envolva caça, é bom oferendar Odé para obter bons resultados.
Este Deus representa a fartura das matas, seu símbolo é o arco e flecha, sua
cor é o azul marinho, seu dia da semana é segunda-feira, seu sincretismo no
sul é com São Sebastião.

Orixá

Otim

Orixá que acompanha Odé, vive no mato a caçar junto com seu companheiro,
come toda espécie de caça. Junto com Odé também é dona da pontada
pneumonia, no Brasil esta iyaba é muito pouco cultuada; Aqui no Rio Grande
do Sul o culto á Otim ainda se mantém e quase todos sacerdotes tem os
assentamentos de Otim entre seus Orixás, mas mesmo assim é raro ver filhos
de Otim.
Orixá

Obá

Obá, é uma das mulheres de Xangô, Orixá guerreira, que por ser fisicamente
forte, é muito respeitada pelos Orixás masculinos; Quando Obá se tornou
mulher de Xangô surgiu grande rivalidade com oxum, a qual lhe pregou
grande peça que lhe custou a perda de uma das orelhas. Obá reponde pelos
amores com perturbações, ciúmes, desonra e falsidade. Para nós aqui no Rio
Grande do Sul ela é a dona da navalha, do corte, da roda e da direção. É
protetora dos motoristas, as seguranças para automóveis são feitas para Obá;
é dona também do enxume. È o Orixá feminino associado as lutas, seu ritual
se perdeu com a falta dos antigos sacerdotes, não é muito fácil encontrar
filhos de Obá.
Seu dia da semana na nação Ijexá é segunda-feira, sua cor é o marrom é
sincretizada com Santa Catarina.

Orixá

Ossain

É o nosso médico da Religião Africana, é o dono das plantas medicinais, sua


importância é fundamental nos ritos africanos desde uma simples lavação de
cabeça até o assentamento de orixás começam com o uso de suas ervas.
Geralmente os filhos de ossain tem as mãos boas para fazer trabalhos para
cura de enfermos, seus filhos tem caráter equilibrado, capazes de ouvir e dar
bons conselhos.
Todas as ervas, chás, folhas e vegetação pertencem a Ossain; é ele quem
libera a propriedade mágica das folhas. Sua cor é o verde claro, seu dia da
semana na nação Ijexá é segunda-feira.
Orixá

Xapanã

Deus da varíola e de todas as doenças contagiosas, senhor da saúde e das


doenças, pois tanto pode produzir as doenças como curá-las; este é o Orixá do
sofrimento, e com sua ajuda pode-se ter grande triunfo em toda e qualquer
dificuldade.
Xapanã, embora seja Rei de Jejê, é muito cultuado na nação Ijexá; trabalha
nos matos e cemitérios, xapanã é associado a morte; fuma cachimbo; é o
dono da vassoura, com que varre os males dos nossos caminhos, é o legitimo
dono da limpeza. Na maioria dos trabalhos de religião que envolva limpezas
sempre Xapanã é reverenciado.
Sua cores são o vermelho e preto, roxo, lilás e sua vassoura para trabalhos
tem sete cores, é sincretizado com Nosso Senhor dos Passos, seu dia da
semana na nação Ijexá é quarta-feira.

Oxum

Orixá das águas doces rios, lagos e cachoeiras; Oxum representa a


beleza, dona da aliança, da união , do amor, do casamento, da alegria e
da felicidade.
Oxum é a rainha da nação Ijexá; é deusa da fertilidade, é dona do ouro
e de todas as jóias preciosas. Das esposas de Xangô, Oxum é a mais
amada, é a iyaba mais vaidosa do panteão africano. Tudo que se
Orixá
relacione a alegria e a riqueza tem a ver com Oxum. Também é
protetora das crianças; os casais que tem dificuldades para terem filhos
tem que se apegar com Oxum, ela é a Deusa da fertilidade, é a mãe
que ajudou a criar todos os filhos de Iemanjá, ela controla a
fecundidade e o ventre materno. Oxum, é a senhora elegante, de
muitas jóias, deusa da prosperidade e da fartura; sua cor é o amarelo,
seu dia da semana é o sábado, seu sincretismo é com diversas Nossa
Senhora.
Orixá

Iemanjá

Mãe poderosa, que governa os oceanos, dona da mente e do


pensamento, dona da viagem e das mudanças.
Iemanja é a mais popular dos Orixás no Brasil, representa o mar. De
seu ventre nasceram a maioria dos Orixás, é esposa de Oxala, senhor
da criação, ela é freqüentemente representada por uma sereia,
principalmente na Umbanda, ela representa a mãe, a família, senhora
imponente, se contrariada não tem quem a acalme. A dança de Iemanja
é solene e cheia de ondulações, seu dia da semana é sexta-feira, sua
cor é o azul, no Sul é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes,
inclusive, uma das maiores homenagens feita para Iemanja é no dia
dois de fevereiro, dia da Santa católica.

Orixá

Oxalá

O grande Orixá, o mais elevado do panteão africano depois de


Olurum, senhor da criação do mundo e dos homens. Oxalá é o pai de
todos os deuses africanos, usa branco é o patrono da paz, grande chefe
da ciência espiritual, Deus purificador, senhor das águas doces.
Oxalá é representado por um velho encurvado, mas, de compostura
serena, benévola, que tem resposta para tudo, é o sábio do universo.
Também cultuamos o Oxala jovem, que em sincretismo seria Menino
Jesus de Praga, este se manifesta em seus filhos dançando como um
moço e tem as mesmas funções do Oxalá velho.
Oxalá usa o cajado que representa o poder, é o orixá da transformação
da natureza.
Sua cor é o branco, é sincretizado no Sul com Divino Espírito Santo e
Nosso Senhor do Bom Fim, seu dia da semana (no sul) é domingo.
É bom deixar bem claro que, o que relatei aqui neste site, são aprendizados dentro do culto na nação Ijexá, cada
terreiro tem os seus costumes e maneiras diferentes de tratar seus Orixás, é um particular de cada nação e de cada
casa seguir aquilo que lhe foi passado por seus sacerdotes; respeito os fundamentos diferentes dos meus, pois a
cada cabeça uma sentença, talvez nem todos que lerem o que aqui está escrito concordarão; contudo seguirei
aquilo de que foi passado durante os vinte e um anos de aprontamento que tenho; convivi no meio de batuqueiros
velhos como Pai Pedro de Iemanja, Mãe Antonia de Bará, Preta de Oxala, Miróca de Xangô, Ademar de Ogum,
Nininho de Ogum, Pai Araci de Odé, Almiro de Bará, Delurdes de Oxum, Branca de oxum entre muitos outros,
os quais tenho grande respeito e agradecimentos com aqueles que alguma coisa me passaram e que me ajudou na
minha caminhada. No Rio Grande do Sul a maior nação ainda é a do Ijexá, isto não quer dizer que todas as casas
de Ijexá tem que fazerem exatamente igual os axés para os Orixás, cada um tem uma coisinha diferente para
acrescentar ou modificar, e isto é válido depende do que nos foi passado, se está indo bem assim para que
mudar? Só porque achou bonito o que viu na casa do outro? Não é bem assim cada casa de religião tem sua
maneira de proceder e no final todos chegam a mesma luz.
ÌJÈSÀ

Ilexá é uma cidade histórica, situada


no estado de Osun (Oxum),
localizado no sudoeste da Nigéria,
cujo povo ficou conhecido como
nação Ijexá; localiza-se na
interseção de Ilê Ifé, Oshogbo e
akure. A cidade é uma das mais
tradicionais da história do povo
yorubá, já chegou a ser a capital do
reino de Oyó, nos tempos do
império; e no século XIX com a
queda de oyó, Ilexá se tornou sujeito
a Ibadan. Das cidades e aldeias desta
região da Nigéria , Ilexá é a maior,
com uma população com mais de
cem mil habitantes nos dias de hoje;
é um centro agrícola e comercial,
cujos principais produtos são: o
cacau, noz de cola, óleo de palma e
inhame. Ilexá possui 18 escolas
secundarias e também uma academia
de educação do estado, e tem um
grau de unidade cultural e lingüística que se distingue dos outros povos. A cidade tem rede de estradas que
contribui para o sistema de esferas comerciais que ativa a distribuição de produtos dentro e fora da região.

A parte meridional da região era uma floresta que se transformou numa área de produção de cacau e noz de cola.
Na parte norte há uma vasta plantação de inhames e milho; além de outros produtos que além de serem
consumidos contribuem com o comércio com outras cidades importantes da área, inclusive Ilê-ife, Osogbo,
Akure, e mais adiante com Ibadan e Lagos, além das outras cidades da Nigéria. As estradas principais que ligam
Ilexá com outras regiões são pavimentadas, mas também há lugares onde a estrada é de chão batido, que dificulta
a passagem principalmente em dias de chuvas.

Como em todas as comunidades yorubás, a maior parte dos comerciantes são mulheres; elas são mulheres de
negocio que operam pequenos empreendimentos. A cidade de Ilexá tem a maior esfera comercial na região. O
mercado, localizado perto do palácio do Obá (rei), tem mais de mil comerciantes, que vendem por atacado e
varejo e ainda exportam seus produtos. Muitas pessoas de Ilexá são fazendeiras que praticam a horticultura, onde
a terra é cultivada pelos homens, enquanto as mulheres se empenham no comércio. Plantam arroz, bananas e
uma grande variedade de legumes. Algumas pessoas vão trabalhar fora da cidade durante um período de tempo
ou até se aposentarem, e ao retornam investem em pequenas fazendas, tais como: viveiros de peixes, produção
de frutas cítricas, produção de mel em pequena escala e outros empreendimentos econômicos baseados em
produção de comida.

Há um grupo de pessoas que formaram organizações que enfocam projetos para o desenvolvimento das
atividades da comunidade. Existe uma organização regional chamada Grupo de Solidariedade de ilexá, que
busca trazer membros de todas as comunidades para planejar, organizar e incentivar o desenvolvimento da
região. Eles já publicaram várias idéias de desenvolvimento industrial em Ilexá que deram certo.
SIMPATIAS, AXÉS E CHÁS

Defumação para descarregar casa ou comércio:


Comprar mirra, incenso, bejoim, aniz estrelado, breu, alecrim e alfazema; misturar tudo e por num defumador
com brasa, defumar dos fundos para frente; despacha nos verdes e bota um copo de água em cima.

Defumação para abrir caminhos:


Misturar num recipiente três colheres de açúcar, três colheres de pó de café, três colheres de canela moída e sete
folhas de louro seco; defumar a casa da frente para os fundos fazendo pedidos, é bom fazer a defumação para
descarregar a noite e no outro dia pela manhã ao nascer do sol fazer esta para chamar dinheiro, freguesia e tudo
que é bom.

Banho para descarregar o corpo:


Colher pela manhã: levante, manjericão, alecrim, guaco, malva cheirosa, espada de são Jorge, espada de santa
Catarina, orô, oito folhas de ameixa, um punhado de folhas de pitangueira, gervão, sete ramos de arruda, guiné,
oito folhas de boldo, folhas de alfazema; por numa panela grande e bota a ferver por quatorze minutos, apague o
fogo e deixe ficar em temperatura boa para banho, ponha o líquido sem as folhas num balde, entre dentro de uma
bacia, vá despejando o conteúdo do balde por cima do corpo com uma caneca, faça os pedidos para os bons
guias retirarem todos os males que tem em vosso caminho etc.., peça para alguém largar esta água de banho nuns
verdes ou água corrente, por favor não vá por o banho no ralo do banheiro; você pode pegar este mesmo
preparado e lavar a casa dos fundos para frente para descarregar, em vez de ferver, as ervas também podem ser
maceradas, piladas, com água, o efeito é melhor ainda. Caso você não tenha como colher estas ervas podem ser
compradas nos mercados ou ervanárias.

Banho para atrair bons fluídos:


Misture dinheiro em penca, folhas de dólar, folhas de malva cheirosa, folhas de laranjeira, folhas de elevante,
folhas de manjericão, folhas de fortuna, macere estas ervas com água e coe, misture um pouco de água quente
para dar temperatura de banho, ponha num balde entre dentro de uma bacia e vá despejando o banho por cima do
corpo (nunca ponha nenhum tipo de banho na cabeça), despeje o conteúdo da bacia dentro do quintal. Se quiser
lavar a casa com esta receita é bom lavar da frente para os fundos e despeje o resto no fundo do quintal; como é
um banho para atrair bons fluidos não deve ser despachado do lado de fora do pátio, caso você more em
apartamento deixe um vaso grande com folhagens numa área onde possa colocar estes banhos.

Banho para o amor:


Cozinhar um quarto de quilo de canjica amarela com bastante água, após cozida, coar e por o líquido a ferver
com folhas de pitangueira por mais dezesseis minutos; após, acrescente dezesseis gotas de perfume de seu gosto,
uma rosa branca, uma vermelha e uma amarela, todas despetaladas, tome um banho do pescoço para baixo.
Ponha a canjica que sobrou numa bandeja com papel amarelo leve numa pracinha ponha de baixo de uma árvore
e despejar o resto do banho em volta da bandeja fazendo pedidos, se puder deixe um vela branca acesa. Este
banho é bom fazer antes de sair para festas ou lugares que você quer chamar atenção, pro amor faça antes de
receber o companheiro(a).

Xarope para fortificar:


Um vidro de Biotônico Fontoura, seis ovos de codorna, meia lata de leite condensado, por no liquidificador e
bater bem, por na geladeira, tomar um cálice antes das principais refeições.

Simpatia contra olho grande:


Pegue um copo grande e ponha mel até o meio, aí quebre um ovo e ponha dentro do copo e termine de encher de
mel, deixe em lugar bem visível; de oito em oito dias despeje o conteúdo do copo em água corrente, (pode ser até
na pia e deixe correr bastante água).

Para nunca faltar dinheiro:


Consiga um imã de tamanho médio, um prato oval, lentilha crua, dezesseis moedas corrente; ponha a lentilha no
prato (crua), coloque o imã bem no centro do prato em cima da lentilha, deixe oito moedas grudadas no imã e as
outras em volta sem encostar no imã, ele ficará atraindo o dinheiro, ponha num lugar onde ninguém veja, é bom
por na primeira peça da casa, logo na entrada; se for comércio deixe perto de onde guarda o dinheiro.

Para atrair clientes:


Pegue uma taça de champanhe, vá até o portão (ou entrada principal), despeje a champanhe dos dois lados da
entrada, acenda um cigarro de filtro branco, longo, dê três pitadas, baforando a fumaça para o lado de fora;
coloque o cigarro num cantinho da entrada e deixe queimar até o fim; esta simpatia serve para chamar clientes
em salão de beleza, casas de religião, boates e tudo que requer movimento.
Para adoçar alguém:
Uma maçã, mel puro, algodão, uma lata com tampa. Tire o tampo da maça e fazer um oco; escreva oito vezes o
nome da pessoa e o seu por cima, corte as pontas do papel, passe mel nos nomes, dobre e coloque dentro da
maçã, encha a maçã com mel, tampe a maçã e envolva em algodão, pedindo o que quer; ponha a maçã dentro da
lata e tampe a lata, acenda uma vela branca em cima. (obs. Nunca saia de casa quando acender velas, se precisar
sair peça licença e apague a vela, guando chegar acenda novamente).

Para ter sorte em provas e concursos:


Seis bananas sta. Catarina ou banana da terra, abra a banana com a faca até o meio ( com casca e tudo) ponha
mel dentro, ponha em circulo numa bandeja, leve estas bananas e deixe em cima de uma pedra grande , acenda
uma vela branca, e faça os pedidos para Xangô; guando tudo der certo vá na mesma pedra e ofereça doze
bananas e seis velas em agradecimento.

Para ter movimento em comércio:


Pegue sete balas de mel e sete moedas corrente, vá na encruzilhada mais próxima de seu estabelecimento, segure
as balas e as moedas com a mão direita bem perto da boca e faça os pedidos para o bará, após atire para o alto
para cair no meio do cruzeiro, saia de costas, é bom fazer pela manhã ao nascer do sol em lua que não seja
minguante.

Para quem tem mal dormir:


Pegue duas espadas de São Jorge e cruze em baixo do colchão do lado em que dorme, deixe sempre um copo de
água doce do lado da cabeceira da cama e todos os dias despeje esta água numa planta que esteja em faze de
crescimento, se for criança as espadas devem ser pequenas e na água vai açúcar e mel.

Simpatia para bronquite e asma:


Compre um coco de casca marrom, tire a água, encha de mel e enterre para o lado que baixa o sol; deixe
enterrado por nove dias. No nono dia desenterre e deixe na geladeira, dê uma colher de café para pessoa tomar
pela manhã e a noite, guando terminar o mel (tem que ser mel puro), leve o coco e atire dentro de um rio pedindo
que assim como a água leva tudo que leve a asma, a bronquite do(a) fulano(a); é bom a pessoa comer o mel sem
saber que é simpatia.

Xarope para sistema nervoso: (xorope = jarabe)


ferver um litro de água, um punhado de folhas de alfafa, cidró, alecrim, melissa, guaco, maracujá, laranjeira,
hortelã, funcho, araçá e alface, com açúcar mascavo ou cristal, até ficar em ponto de xarope. Tomar 2 ou 3
colheres ao dia.

Ungüento para combater infecções:


Colocar em vidro de boca larga, folhas das seguintes plantas, lavadas e machucadas: 2 folhas de malva, 1 folha
de confrei, 2 de guaco, 2 de salsaparrilha, 1 de maracujá, 2 de araçá, 2 de sálvia, 2 de alface, 2 de tansagem, um
punhado de pétalas de rosas branca, 1 pedaço de cardamomo e 3 caroços de pêssego. Encher o vidro com azeite
de cozinha, fechá-lo e colocá-lo ao sol. Após 5 dias, mexer bem, depois tomar uma colher por dia. Este ungüento
é usado, também, para curar feridas e para problema de pele.

Pomada para rachaduras: (xícara = taza)


Fritar, até torrar bem, 1 xícara de sebo e um punhado de salsa. Coar. Passar 1 ou 2 vezes ao dia. Melhor após o
banho da noite.

Pomada para micose, sarna, unheiro, unhas encravadas:


Fritar 14 folhas de espirradeira em uma concha de banha ou outra gordura limpa, em panela tampada e a fogo
brando, até não frigir mais. Coar e guardar longe do alcance das crianças. Não se deve aspirar o vapor, ao abrir a
panela. A pomada serve, também, para as feridas crônicas, mal curadas.

Vômitos, má digestão e diarréia: (soco = jugo)( colher=cuchara)( até=hasta)


1 copo de água fria, não bem cheio, 1 colher de suco de limão, 1 colher de farinha de trigo, 1 colher de açúcar
cristal. Misturar e passar de um copo para outro, até formar bastante espuma, enchendo o copo. Tomar tudo de
uma só vez e repetir, se necessário.

Verrugas:
Aplicar na verruga leite de figueira ou de coroa de cristo. Cuidar para não atingir os olhos. Ou torrar a casca de
uma banana e colocá-la, com a parte branca sobre a verruga e prender bem. A banana pode estar verde ou
madura, este remédio também serve para calos.
Tosse Alérgica:
Marmelo (fruta); colocar um marmelo num litro de água. Cozinhar e esmagá-lo com um garfo ou socador e
recolocá-lo para ferver, com duas xícaras de açúcar. Tomar 1 colherinha três vezes ao dia.

Asma, Bronquite, Tosse:


Figo da índia, também chamado de tuna, cáctus: Cortar em fatias uma palma (folha) e colocar as fatias em
camadas, com um quilo de açúcar, numa vasilia (não de alumínio). Deixar assim toda noite. De manhã, levar ao
forno, até ficar em ponto de mel. Coar. Tomar uma colher, 3 vezes por dia, durante quinze dias.
Crem: Ferver, durante 10 minutos, um punhado de folhas de crem com meio quilo de mel ou de açúcar. Tomar
uma colher, 3 vezes ao dia.
Mil em ramas: ferver durante 2 minutos, uma folha em uma xícara de água. Tomar quando necessário.
Nabo: Cortar um nabo em rodelas e colocar em panela (não de alumínio), com uma xícara de açúcar. Deixar em
repouso, durante uma noite. De manhã por no fogo, até ficar cor de mel. Esmagar as partes inteiras. Coar. Tomar
uma colher, três vezes por dia, durante 15 dias.

Bronquite:
Bananeira:Tomar um pé de bananeira, de 30 a 60 cm, com raiz, cortar em rodelas e colocar em camadas numa
vasilia (não de alunímio), com um quilo de açúcar. Deixar uma noite de repouso. De manhã, cozinhar, até o
ponto de mel. Coar. Deitar no bagaço que ainda resta, açúcar e meio litro de água e ferver durante 15 minutos.
Guardar em geladeira. Se fermentar, ferver de novo. Tomar uma colher 4 vezes ao dia.
Aipo ou salsão: ferver durante 15 minutos, 1 pé com raiz e tudo em 1 litro de água e meio quilo de açúcar. Tomar
uma colher 3 vezes ao dia.

Reumatismo no sangue:
Carrapicho (bardana): pegar um punhado de 200 gr de carrapicho ou semente de bardana, parti-las ao meio e
colocar num vidro de boca larga, com xícara de mel. Encher o litro com um vinho suave. Deixar em repouso, por
4 dias, coar, tomar 1 colher 4 vezes ao dia. Fazer uma pausa de 10 dias e repetir a dose. Se não houver cura
repetir a receita novamente.
Limeira: Preparar um chá, com 10 cm de raiz de limeira, por um litro de água. Tomar uma xícara, 3 vezes ao dia.

Dor de Cabeça:
Cravo da índia: colocar dentro de 3 xícaras de água fria 3 cravos, bem esmagados, durante 15 minutos. Depois
tomar.
Corticeira: ferver, durante 2 minutos, uma folha ou um pedacinho da casca da corticeira em uma xícara de água.
Tomar, podendo adoçar com mel.
Batata inglesa: Cortar em rodelas, 1 batata inglesa e pôr uma pitada de sal. Colocar na testa
Café, limão ou laranja: Tomar aos goles, 1 xícara de café preto, quente, adoçado, misturado com uma colher de
suco de limão ou de laranja.

Cólicas:
Manjerona, poejo - ferver, durante 3 minutos, em 2 xícaras de água um galhinho de manjerona ou poejo, tomar
frio em um dia.

Cólicas menstruais:
Louro: ferver durante 3 minutos, 1 folha de louro em 1 xícara de água. Tomar de uma só vez.
Funcho: Colocar um punhado de funcho machucado em álcool de farmácia 96, após 1 hora tomar 10 gotas, em
meio copo d'água.

Cólicas de nenês:
Extrair o suco das folhas de manjerona e com o mesmo esfregar a barriguinha da criança, massageando
suavemente.

Diabete:
Sabugueiro: ferver durante 3 minutos uma folha em 1 xícara de água. Tomar uma xícara por dia durante 90 dias.
Abacateiro: ralar o caroço de 1 abacate, colocar em um vidro com o suco de 9 limões. Deixar na geladeira
durante 9 dias. Coar. Tomar 1 colherinha por dia.
Carambola (fruta): Chupar em jejum 1 fruta de carambola por dia. Cuidado ela faz baixar a glicose em pouco
tempo.
Carambola (folhas): ferver 2 folhas em uma xícara de água, durante 3 minutos. Tomar uma ou mais xícaras por
dia, conforme se acertar com a glicose.
Jambolão: Ferver uma folha em uma xícara e água. Tomar uma xícara por dia.
Nogueira: ferver, durante 3 minutos, 1 folha por xícara de água. Esta chá liquida com a diabete, purificando o
sangue.
Abcesso ou Tumor:
Cebola branca: Cozinhar uma cebola e colocá-la, cortada em rodelas, sobre o furúnculo ou abcesso.
Língua de Vaca: lavar bem, uma folha de língua de vaca, secá-la, esmagar nas nervuras, com uma garrafa,
aquece-la no fogão, passar um pouco de banha e colocá-la sobre o furúnculo.
Babosa: (cataplasma) Pegar uma folha de babosa, tirar os espinhos e esmagá-la bem. Juntar uma colher de mel e
uma colher de farinha de trigo. Colocar esta mistura sobre o abcesso ou furúnculo.

Ácido Úrico:
Couve: machucar uma folha e ferver, durante 2 minutos, em 3 xícaras de água. Tomar 1 xícara, 3 vezes ao dia.
Cipó-cabeludo: ferver um pedaço de 15 centimetros, durante 7 minutos, em 3 xícaras de água. Tomar 1 xícara 3
vezes ao dia.
Alho: Esmagar os dentes de uma cabeça de alho. Colocar no álcool. Expor o vidro aos raios de sol, durante 15
dias, sacudindo o vidro, todos os dias. Tomar, em meio copo de água, 5 gotas por dia.

Adenóides:
Limão: espremer um limão médio num copo. Colocar uma colherinha de sal. Diluir e pingar uma gota por dia,
em cada narina. Molhar o algodão com esta mistura e fazer massagens nos lados das narinas.
Própolis: Passar essência de própolis, pingar e massagear, por fora das narinas.

Afecções do baço:
Alfazema: Aplicar catlapasma quente. Cozinhar uma planta (caule e folhas) e aplicar sobre a região do baço.
Chá de Alfazema: Preparar o chá, com 2 folhas de alfazema, por xícara de água. Tomar 1 xícara, 4 vezes ao dia.

Alcoolismo:
Maracujá: Colocar 3 folhas e 3 flores ou 3 frutos dentro de uma garrafa de cachaça, durante 7 dias. Tomar uma
colher pela manhã e uma à tarde.
Couve: Colocar 3 talos de couve, durante 7 dias, dentro de uma garrafa de cachaça. Tomar uma colher de manhã
e uma à tarde.
Pimentão verde: Colocar um pimentão verde, dentro de uma garrafa de cachaça, durante 7 dias, tomar uma
colher de manhã e uma à tarde.
Cancerosa: Colocar 10 folhas dentro de uma garrafa de cachaça, durante 7 dias. Tomar uma colher de manhã e
uma à tarde.
Guiné: Colocar 3 raízes dentro de uma garrafa de cachaça, durante 7 dias. Tomar uma colher pela manhã e uma à
tarde.
Café e Sal (para passar a bebedeira): Tomar 1 xícara de café forte com sal.

Anemia e Fraqueza:
Beterraba: Uma beterraba com casa, cortada em rodelas, colocadas em camadas numa vasilia (não de alumínio) ,
com meia xícara de açúcar, deixar em repouso, durante 3 horas, tomar 3 vezes ao dia: adultos, 1 colher e
crianças, 1 colherinha.
Ferro: Pôr um pedaço de ferro, de 4 centimetros, e sem outras misturas, dentro de um vidro de 800 gramas, de
melado de cana ou rapadura e encher o vidro com vinho. Deixá-lo exposto aos raios do sol, durante 7 dias.
Tomar 1 colher por dia.
Melado: Tomar uma colher de melado 3 vezes ao dia.
Mocotó: ferver uma pata de rês, sem casco, até desmanchar. Colocar sal, retirar toda a gordura e comer, uma vez
por semana, todas as nervuras, tomando um copo do caldo que restou. Isto reconstitui o cálcio do organismo
alivia o cansaço da cabeça.
Cenoura ralada: Tomar um copo de cenoura ralada, com leite ou com vinho, ou melado, pela manhã.
Espinafre: Bater no liquidificador, um punhado de cerca de 200 gramas de espinafre. Adoçar com mel e colocar
suco de limão. Tomar uma colher 2 vezes ao dia.

Angina do Peito, Dores do Coração, Angústia:


Aspargo: ferver durante 5 minutos, uma raiz de aspargo ou raminho, em 1 xícara de água. Tomar 1 vez por dia.
Pêssego: ferver, durante 10 minutos, 1 caroço de pêssego, em 3 xícaras de água. Tomar 1 xícara 3 vezes ao dia.
Jasmim: Ferver, durante 10 minutos, 3 folhas de jasmim, em 3 xícaras de água. Tomar 1 xícara, 3 vezes ao dia.

Palpitações:
Mel: Tomar uma colher de mel puro, todos os dias.
Alface: fazer uma chá com uma folha de alface, para uma xícara de água. Colocar a folha na xícara e sobre a
mesma água fervente. Tampar e deixar em infusão, durante 5 minutos. Tomar uma xícara, 3 vezes ao dia. Este
chá serve também para nevralgias, cólicas intestinais e reumatismos.
Artrite (reumatismo deformante):
Bardana: Pegar 4 ou 5 folhas de bardana e colocá-las uma em cima da outra, cobri-las com um pano e passar
ferro quente. Colocar as folhas aquecidas sobre a parte dolorida.

Câimbras:
Mel: Tomar 2 colheres de mel, à noite, antes de deitar.
Laranja e Mel: Colocar 1 xícara de mel em 1 litro e terminar de enchê-lo com suco de laranja. Agitar bem. Tomar
tudo, durante 1 dia.
Banana: Comer 2 bananas , ao deitar.

Reumatismo no Sangue:
Carrapicho (bardana): Pegar um punhado de 200 gramas de carrapicho ou semente de bardana, parti-las ao meio
e colocá-las num vidro de boca larga, com 1 xícara de , mel. Encher o vidro com um vinho suave. Deixar em
repouso por 4 dias . Coar. Tomar 1 colher, 4 vezes ao dia. Fazer uma pausa de 10 dias e repetir a dose. Se não
houver cura repetir a receita novamente.
Limeira: preparar um chá, com 10 cm de raiz de limeira, por 1 litro de água. Tomar 1 xícara 3 vezes ao dia.

Ataques Epiléticos:
Pente de macaco: para chá, pode-se usar toda a planta. Pegar um punhado de 200 gramas de folhas, por litro, ou
um pedaço de 4 cm de cipó, por litro. Tomar uma xícara de chá, 2 vezes ao dia.
Essência de cipó de pente de macaco: apanhar 3 punhados de folhas de cipó de pente de macaco, por litro de
álcool ou 9 pedaços de cipó , de 4 cm. Colocar as folhas ou cipó num vidro de um litro e encher com cachaça ou
álcool de farmácia. Deixar em infusão, durante 4 dias. Tomar com água , 4 vezes ao dia, conforme segue: de 0 a
1 ano de idade, 3 gotas; de 2 a 4 anos, 4 gotas; de 5 a 8 anos 5 gotas; de 9 a 11 anos, 8 gotas; de 15 anos em
diante, 10 a 15 gotas.

Cançaso nas pernas (pernas inchadas):


Sal e água: com água morna e sal grosso, fazer uma salmoura e lavaras pernas,deixando-as de molho por 15
minutos.
Laranjeira e sal: ferver, durante 5 minutos, um bom punhado de folhas de laranjeira, em 3 litros de água e 1
punhado de sal. Depois lavar as pernas, deixando-as de molho por uns 15 minutos.
Aveia ou lentilha: cozinhar em 3 litros de água, um punhado de sementes de aveia ou lentilha, com um punhado
de sal. Depois lavar as pernas, deixando-as de molho por 15 minutos.
Pão molhado: pôr os pés em cima de 2 fatias de pão molhado em água.
Vinho, cravo da índia, noz-moscada, erva doce e açúcar: ferver até o ponto de xarope (uns 20 minutos), 1 garrafa
de vinho, 1 colher de cravo da índia, meia colherinha de noz-moscada moída, 1 colher de canela em casca, 1
colher de erva doce ou funcho moído e meio quilo de açúcar. Coar, tomar uma colher 3 vezes ao dia, crianças
uma colherinha, 3 vezes ao dia.

Cobreiro:
Alho: Esmagar folhas ou dentes de alho e misturar com azeite. Passar no local afetado, 1 ou 2 vezes ao dia.

Coluna - para dor e reumatismo:


Composto de Ervas: Colocar em um vidro um punhado de 100 gramas de angico, 50 gr de corticeira, de
preferência verdes, 100 gr de mil em ramas, 1 folha de chapéu de couro, 3 folhas de Maria mole, 1 galho de
folhas de beladona (virados para baixo, geralmente, com 3 lírios, no final da haste, rosa ou amarelo) e algumas
sementes de girassol. Machucar bem as folhas. Encher o vidro com azeite de milho ou de arroz ou de oliva. É
anti-inflamatório e anestésico, mas , somente para uso externo.
Cloreto de Magnésio: 10 gramas para cada 3 litros de água fervida e fria. Tomar 4 colheres, ou 50 ml , 2 vezes ao
dia.
Fazer escalda-pés, com água morna, durante 30 minutos. Isto alivia a dor da coluna. Esfriando a água colocar
mais água quente.
Corticeira: ferver durante 15 minutos, 3 pedaços médios de casca de corticeira, em 1 litro de água. Tomar 1
xícara, 3 vezes ao dia.
Corticeira, raiz de funcho, folhas de avenca: ferver 4 pedacinhos de casca de corticeira, 1 raiz de funcho e varias
folhas de avenca, em 1 litro de água. Tomar 1 xícara, 2 vezes ao dia.

Doença da Gota (inflamação nas juntas e tornozelos):


Manteiga e vinho: Aquecer 1 xícara de manteiga sem sal. Juntar 1 xícara de vinho. Ferver durante 10 minutos.
Deixar esfriare depois, passar no local dolorido, massageando levemente.
Óleo de capivara: Misturar álcool canforado com óleo de capivara. Passar no local dolorido, esfregando-o
levemente.
Chapéu de couro: Colocar 3 folhas em 1 litro de cachaça. Deixar em infusão durante 15 dias. Tomar uma colher
de manhã e a noite, em meio copo de água. Ou ferver um pedacinho da folha durante 5 minutos, em 1 xícara de
água. Tomar 1 xícara de manhã e 1 a tarde.
Samambaia: ferver um punhado de folhas de samambaia em água e sal. Ensopar uma toalha e colocar no local
dolorido, enrolando, por cima, outra toalha seca. Fazer isto em dias alternados, 1 sim e o outro não.

Enxaqueca:
Pétalas de rosa: ferver durante 2 minutos, 4 pétalas de rosa, de preferência branca, em 1 xícara de água. Tomar 2
xícaras por dia ou quando for necessário.
Cebola e Açúcar: Caramelar 1 xícara de açúcar. Juntar uma cebola ralada, 4 colheres de água. Cozinhar durante 5
minutos. Tomar 1 colher, 3 vezes ao dia.
Casca de Laranja: Mastigar, durante o dia, casca de laranja, por 6 dias seguidos.
Ovo e Pimenta: Aquecer 1 ovo, durante 3 minutos; quebrar-lhe a ponta e juntar 3 grãos de pimenta bem moída.
Tomar de uma só vez.
Café e Limão: 1 xícara de café preto, bem quente, adoçado. Juntar uma colher de suco de limão ou de laranja.
Tomar em goles. Repetir se for necessário .
Semente de aveia: Dormir com travesseiro de sementes de aveia.

Orientações Gerais:

1) - Quando recolher as plantas ou ervas?


Para secar e guardar, as ervas devem ser colhidas, a partir das 9 horas da manhã, para não ficarem úmidas com o
orvalho.
Deixá-las secar bem, guardar em vidros bem fechados e rotulá-las, indicando o que contêm, para que servem e
como usá-las.

2) - Que folhas juntar?


Escolher sempre as folhas mais "velhas". Não usar folhas com bolor ou com aparência duvidosa.

3) - Como proceder?
Recolher as ervas e cobrí-las, para secar, em lugar bem limpo e ventilado, na sombra, pode ser sobre uma mesa.

4) - Como preparar o chá?


Somente algumas plantas são fervidas, as que tem folhas secas e caules duro. O tempo de fervura varia de 5 a 30
minutos. As folhas macias, finas e verdes não devem ser fervidas. Coloca-se água fervente sobre elas, tampa-se e
deixa-se em descanso por 15 minutos. Depois o chá pode ser tomado, conforme a receita.
O BATUQUE

A religião Afro-Brasileira, estabelecida no Estado do Rio Grande do Sul, no tocante à história de suas origens,
não guardou uma fonte segura de informações, e o pouco que se tem guardado vem de opiniões do boca a boca
de geração para geração, e as incertezas nas colocações de como eram os rituais antigos ainda estão contidos nos
descendentes, que hoje pouco revelam os segredos e as histórias, acontecimentos religiosos que se posto à
público só enriqueceriam o nosso aprendizado, exatamente por este motivo muitos sacerdotes tem maneiras
diferentes de cultuar seus Orixás, há regras que ainda se segue sem mudança alguma, como é o caso da Balança
quando há festa de quatro pés, da Obrigação do Atã, na terminação da festa, do Ecó para levar embora as cargas
negativas, e outras obrigações mudam com o passar dos anos como por exemplo a feitura de um filho de Santo.
Na antiga casa de religião do saudoso Paulino de Oxalá a feitura de um filho de santo começava com uma
lavação de cabeça com o omieró, em seguida um aribibó, e após este fazia-se um Bori e sentava-se o Bará para
aquele filho; este Bará recebia obrigações de quatro pés durante sete anos e só depois é que ele aprontava o filho
com o assentamento do restante das obrigações. Pai Paulino de Oxalá, nasceu na cidade de Pelotas, no Estado do
Rio Grande do Sul, e foi pronto na religião por uma escrava que veio de navio para o porto de Rio Grande e ali
se estabeleceu, sua origem era da Nigéria (África), provavelmente este grupo de escravos tenha passado por
outros estados no Brasil, mas se estabeleceram, graças a Deus, aqui no Rio Grande do Sul. Há muitos que
pensam que o nosso batuque é filho direto do Candomblé praticado na Bahia, porém, em visita a uma casa de
origem Ketu, de um respeitado Babalorixá chamado Albino de Paula, descendente direto de raízes africanas, e de
pai Ademir de Iansã, Tata de Inkinsi pronto há muitos anos na nação Angola constata-se que nosso ritual é muito
distante do Candomblé, o que mais nos aproxima é a linguagem yoruba, que também é usado no candomblé de
Ketu, mas, mesmo com as adaptações que foram feitas pelos afros-descendentes que se estabeleceram em cada
estado brasileiro, para poderem continuar cultuando seus Orixás, a diferença nos rituais são imensas, fazendo
com que nosso ritual seja quase que único, de uma especialidade inigualável. Temos que dar mais valor a nossa
cultura, procurar saber mais de nossa história religiosa e divulgar o nosso culto, fazer respeitar as raízes afro do
nosso Rio Grande do Sul, e manter esta árvore viva.

Tenho sido enfático no tocante a preservação dos nossos rituais Africanos por que se nota que o batuque puro,
fiel às raízes, vem perdendo espaço para chamada linha cruzada, o fato é que se facilitar surgirá uma mistura que
não se saberá o que se está cultuando, há de ter uma separação para preservação da "ciência" na prática dos
rituais, Umbanda é Umbanda, Quimbanda é Quimbanda e Nação Africana é outro ritual, seria melhor cultuar um
de cada vez. As casas de religião tem autonomia para decidir sobre seus afazeres no culto de seus rituais, sem
que haja interferências, o Pai ou Mãe de Santo exerce sua autoridade, mas com jeitinho as coisas acabam
mudando; muitas vezes se aproxima da casa, novos filhos que já cultuam a umbanda e ou os exus, e os
sacerdotes, procuram aprender as práticas rituais da umbanda e dos exus; o que não se pode é deixar um ritual
tomar conta de outro, como já se vê em certos lugares, o melhor é cultuar um de cada vez, e todos os rituais
serão preservados.

FESTA GRANDE

Chamamos de festa grande a obrigação que tem ebó, ou seja quando há sacrifícios de animais de quatro pés,
oferecemos aos Orixás cabritos, cabras, carneiros, porcos e ovelhas, (quando se matam somente aves aí é
quinzena). Costumamos fazer festa de quatro pés para nossos Orixás de quatro em quatro anos, e serve para
homenagear o Orixá "dono da casa", e é onde os filhos que ainda não tem sua casa de religião própria
aproveitam para fazerem suas obrigações de dar comida a seus Orixás também. È uma cerimônia que coincide
com a data em que aquele sacerdote teve assentado seu Orixá de cabeça, ou seja a data de sua feitura. A festa dos
Orixás tem um ciclo ritual longo, começando com a feitura de trocas (limpezas de corpo) que é feita em todos os
filhos que irão fazer obrigações para seus Orixás; limpeza na casa compreendendo todas as construções que
fazem parte daquele terreiro, o Pai ou Mãe de Santo também faz uma troca. Troca é um trabalho de limpeza de
corpo que se faz dentro da religião, usando vários axés de Orixás, varas de marmelo vassouras de Xapanã, um
galo para sacrifício e uma outra ave para soltar viva, geralmente usa-se pombo, mas conforme for o caso
podemos soltar galos ou galinhas, vivos, para acompanhar um axé de troca (que envolve sacrifício). Após tudo
descarregado ainda fizemos um axé doce para os Orixás de praia Bará Ajelú, Oxum, Iemanja e Oxala e também é
passado nos elebós e na casa. No dia da matança é que fizemos a homenagem para os Barás, que também serve
como segurança para a obrigação; no candomblé chamam este ritual de Padê. Por que são feitos tantos axés antes
do começo de uma obrigação? Muita gente faz esta pergunta e é bom esclarecer que se uma pessoa vai dar
"comida" a seus Orixás, irá fazer um retiro espiritual dedicado ao Santo, tem que estar com o corpo e a "aura"
limpos, sem qualquer vestígio de cargas negativas, sem acompanhamento espiritual ruim, em fim livre de
qualquer perturbação, pois se alguém colocar Axorô (sangue) na cabeça com cargas ruins no corpo, acabam
fortalecendo mais a força negativa; todos indivíduos que participarem de uma obrigação de Orixá, desde o
tamboreiro (alabê) devem estarem "limpos", também, espiritualmente. Nesta ocasião também se confirmam os
graus de iniciação dos filhos da casa como Bori, e aprontamento, no qual os filhos podem receber seus axés de
facas e de búzios, enfim é nesta ocasião que se realizam as grande solenidades rituais dos terreiros de nação para
o crescimento pessoal e espiritual dos filhos da casa, e também servem para reforçar os próprios sacerdotes e
seus Orixás. Antigamente as casa de religião afro realizavam a festa do boi, com sacrifício de um touro pequeno,
o ritual durava um mês inteiro, após, era a festa de quatro pés, com sacrifício de bodes, cabras, ovelhas, porcos e
carneiros, depois a matança era de peixe e finalmente a confirmação da festa com sacrifício de aves e a
terminação era com a mesa dos Ibêjes; hoje em dia, quase não existe mais quem faça este ritual.

Após as limpezas todas, logo que se passa o axé de Bará e o galo que será oferecido no cruzeiro (encruzilhada),
os elebós (pessoal de obrigação) tomam um banho de descarga e já ficam confinados ao templo, ou seja,
abandonam provisoriamente a vida social externa em favor dos rituais. A partir deste momento não se pode
dormir em camas, fazer a barba e tomar banho (nos dois primeiros dias), conversam somente o necessário, não
vêem televisão, não falam ao telefone, não comem com garfo e faca; comida comum come-se de colher, e de
orixás, usa-se os dedos para por os alimentos na boca, de acordo com o chefe da casa estas imposições podem
ser mais ou menos rígidas, por exemplo em certas casas quem tem o axé de facas podem fazer uso de facas para
cortarem os alimentos.

Quando o pessoal que foi fazer a obrigação de corte no cruzeiro voltar aí começa a matança no Bará Lodê e
Ogum Avagã, que habitam uma casa na parte da frente do terreiro, nesta matança é oferecido um quatro pé e
aves para o Lodê e outro quatro e as aves,correspondentes, para Ogum Avagã. Nesta matança participam
somente homens e mulheres que não mestruam mais. Os quatro pés são apresentados aos Orixás; faz-se uma
"chamada", na qual são feitos os pedidos de proteção e caminhos abertos para tudo aquilo que é bom para todos
os filhos presentes e ausentes etc... encaminha-se os cabritos, já com os pés lavados, do portão até a frente da
casa dos Orixás Lodê e Avagã, onde estão as vasilhas com os assentamentos, os animais devem comer folhas
verdes(orô, folhas de laranjeira, etc.), que é um sinal de aceitação da oferenda pelo Orixá, assim que o animal
comer já é levantado e é feito o corte para o Orixá Lodê e em seguida o mesmo para Ogum Avagã; a matança é
acompanhada com o toque de tambores e agê, e tira-se axés para cada Orixá que receberá o sacrifício, na hora
que corre o axorô tira-se um axé determinado, isto é para todos Orixás que irão ter animais de quatro pés como
oferenda. Na nação Ijexá os animais sacrificados para o Bará Lodê e Ogum Avagã, entram pela porta dos fundos
do salão; neste já esta arriado no chão uma toalha grande com todos os axé de Bará a Oxalá; coloca-se nesta
"mesa" os quatro pés e as aves. E aí canta-se novamente um axé para cada Orixá do Bará ao Oxalá e levanta-se
os quatro pés e leva-se, pela porta dos fundos, para serem limpos; tira-se o couro, que será aproveitado(para fazer
tambores), tira-se a buchada que será enterrada, e dos miúdos como: fígado, rins, coração etc.. são cozidos e
destes são tirados pedaços que farão parte das inhalas (partes dos animais que pertencem aos Orixás) do restantes
dos miúdos é feito o chamado sarrabulho. Assim que são retirados da "mesa" os quatro pés dos orixás de rua,
começa a obrigação dos Orixás de dentro de casa; o ritual é o mesmo começando agora com Bará Adague que
come cabrito de cor avermelhado ou preto com branco; Bará Ajelú que come cabrito Branco; Ogum come bode
de cores variados menos preto, Iansã come cabra avermelhada ou preto com branco; Xangô que come carneiro,
Odé come porco, Otim come porca, Obá come cabra mocha (sem chifres), Ossãe come bode de cor clara;
Xapanã come bode de cores variadas, menos preto; Oxum come cabra amarelada, Iemanja come Ovelha, Oxalá
come cabrita branca; Na nação Ijexá não oferecemos animais de cor preta para nenhum Orixá, nem mesmo para
o Bará Lodê, que é Orixá de rua. Para cada Pessoa que está de obrigação corta-se um quatro pé para o Bará que
corresponde para ela, nesta nação, não se pode dividir um animal de quatro pés para mais de um Bará; e o animal
do Orixá de cabeça também é separado, cada Orixá de cabeça come seu quatro pé correspondente.

Pela ordem, a cada sacrifício os filhos vão recebendo o axorô de seu Orixá no ori, cobre-se a cabeça com as
penas das aves e o padrinho amarra a trunfa. No momento que se corta para o Orixá de cabeça é guando o Orixá
pode se manifestar em seu filho(a).

Os quatro pés oferecidos para os Orixás de dentro de casa também são arreados na toalha que está estendida no
chão (no salão), com os axés de Bará ao Oxala. Após cotar para o último Orixá, que é o pai Oxalá, tira-se
novamente uma reza para cada Orixá (canta para os Orixás) do Bará até o Oxalá e os Orixás que estão no
mundo, incorporados em seus filhos, vão despachar as águas das quartinhas que estavam na "mesa" de quatro
pés, na volta já é levantado a mesa, retirando-se os animais na ordem em que foram sacrificados; Neste momento
entra em ação o pessoal da cozinha, que já começam a servir a obrigação do pirão do Lodê e do Avagã e todos
devem comer de pé(os fiéis não se sentam, para comer, em respeito a este Orixá), é servido primeiro para os
homens e para as mulheres de cabeça de Orixá masculino, pede-se agô, na porta da frente e deve ser comido sem
o auxilio de talheres, usa-se os dedos para comer o pirão; Todos os animais que foram sacrificados deverão
serem limpos e preparados para servir para os que estão de obrigação e distribuídos para o pessoal levar para
casa no final da festa, junto com outros axés como: pipoca, rodelas de batata doce frita, feijão miúdo cozido e
refugado com tempero verde ( salsa e cebolinha verde), farofa, bananas, maças, laranjas, acarajé, axoxó, que são
servidos em bandejas e é o que chamamos de mercado; através dos "mercados" a energia dos orixás, festejados,
também chegam até a casa dos participantes em geral, nesta obrigação.
FESTA

No dia da festa o salão é enfeitado com as cores do Orixá homenageado, e as cores dos axós (roupas) também
obedecem a esse padrão. Numa festa para Xangô, as cores preferenciais para todos é o vermelho e branco, o que
não significa que todos tenham que usar somente essas cores, os filhos de oxum , por exemplo, podem usar o
amarelo.

A abertura da festa se da com a chamada(invocação aos Orixás), feita com a sineta (adjá), e o sacerdote se
ajoelha em frente a seu peji (quarto de santo), saudando de Bará a Oxala e pedindo para os orixás tudo de bom
para este evento. Isto feito, os tamboreiros (alabês) começam a tirar (cantar) as "rezas" de cada Orixá, forma-se a
roda para dançarem, no centro do salão, movimentando-se no sentido anti-horário. A cada Orixá correspondem
coreografias especiais, relacionadas às suas características; nesta roda só dança quem é pronto, que tenha bori ou
obrigação de quatro pés no ori (cabeça).

Tira-se as "rezas" de Bará até Xangô, quando, interrompe-se tudo para formar a "Balança", nesta só participam
os que tem aprontamento completo, com Orixás assentados; É uma cerimônia realizada somente em festa que
tenha sido sacrificado animais de quatro pés, (em obrigações só de aves não se faz balança), é considerado o
ponto crucial da obrigação, esta "roda" traz Orixás e se mal executada pode levar "gente". Se romper a balança,
algo de muito grave poderá acontecer, possivelmente a morte de alguém que participa da "roda de prontos"; por
isso é bom escolher bem quem vai participar de uma obrigação tão séria como esta. A balança é de Xangô, e o
número de participantes é de seis, doze ou vinte e quatro pessoas; As pessoas entrelaçam firmemente as mãos,
avançam e recuam para o centro e a periferia da "roda", que gira no sentido anti-horário, e os Orixás vão se
manifestando; logo é tocado o Alujá de Xangô, e neste momento a roda se desfaz e há grande número de Orixás
manifestados em seus filhos, sendo saudados pelos fiéis.

Há um intervalo, para descanso dos alabês e em seguida recomeça o toque dos tambores cantando-se para Odé,
Otim, Obá, Ossãe e Xapanã. No final do axé de Xapanã, despacha-se o ecó, cujo objetivo é expulsar todas as
cargas negativas, também aqueles males extraídos durante as "limpezas" (axés) conduzidas pelos Orixás nos
fiéis, esta parte da obrigação é destinada ao Orixá Bará.

Após a obrigação do ecó, tira-se os axés (cantos) para os Ibêjes, na qual tem a participação das crianças. Neste
dia não tem a tradicional mesa de Ibêjes, é oferecido para o Orixá Oxum ou Xangô uma bandeja contendo balas,
fatias de bolos, frutas e pirulitos, e estes distribuem para criançada. Na continuação da festa, tira-se o axé de
Oxum, que se manifesta em seus filhos, estas chegam vaidosas, distribuindo alegria, atiram perfume nos fiéis,
que saúdam a deusa da felicidade; em seguida os cantos são para Iemanja, que se manifestam para serem
homenageadas; Seguem-se os axés, tirando agora os axés do Pai Oxalá, que ao se manifestar sempre é saudado
com grande louvor. Os Orixás se cumprimentam entre si, batem cabeça para os Orixás e sacerdotes mais velhos ,
há um respeito mutuo entre eles. Após os axés do pai Oxala tira-se o axés (cantos) para serem entregues os
presentes, como: bolos, bandejas contendo quindins, flores, jóias etc.., que são oferecidos ao Orixá
homenageado. Os orixás(ou Orixá da casa) dão as mensagens finais e de agradecimento, tiram (cantam) seus
axés, e são despachados para virarem erês (aqui no sul dizem axerê ou axêro, que é um estágio intermediário
entre o orixá manifestado e o estado normal do "filho", falam um vocabulário próprio, e se comportam como
crianças, fazem brincadeiras, e demonstram sua alegria com a festa. Os outros Orixás também cantam seus axés
para serem despachados, e termina a cerimônia . É distribuído os mercados,o qual já mencionei anteriormente, e
o pessoal vai embora. Os filhos que estão de obrigação permanecem no terreiro para dar continuidade ao ritual.

LEVANTAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Geralmente, três dias após a "matança", é feita a "levantação" das obrigações. Esta etapa, corresponde a um
momento particular, na qual participam somente os filhos da casa e os que estão em iniciação. Neste momento,
todos os "otás" (ocutás), e objetos sagrados que receberam o axorô (sangue dos animais) são retirados das
"vasilhas" (alguidares e bacias de louça), e são lavados com omieró, (no Orixá Bará passa-se apenas um pano
umedecido no omieró, não se deve molhar muito os objetos de assentamento deste Orixá).

OBRIGAÇÃO DO PEIXE

Após a levantação de quatro pés deixa-se os orixás "descansarem" por um ou dois dias; e no dia da semana,
marcado para "matança do peixe" pela manhã, bem cedo vai-se ao mercado público, ou no cais do porto, buscar
o peixes vivos. usa-se na nação Ijexá Jundiá, para os Orixás Bará, Ogum, Xangô, Odé, Ossãe e Xapanã e peixe
da qualidade Pintado para todas iyabás e também para o pai Oxalá. Os peixes devem chegar vivos ao templo
para a cerimônia. Todas as "vasilhas" com os Otás (ocutás) e ferramentas recebem o axorô (sangue) do peixe. A
carne dos peixes é consumida pelos elebós (iniciados que estão reclusos no templo). A obrigação do peixe fica
arreada por vinte e quatro horas. Após este período levanta-se a obrigação e leva-se para praia junto com os axés
de orixás que acompanham esta obrigação de muito fundamento da nação africana. O peixe, significa fartura e
prosperidade, é o símbolo da riqueza para os seguidores da religião africana. Geralmente a levantação do peixe é
realizada numa sexta-feira, enquanto o pessoal vai na praia para entregar os axés, o pai ou mão de santo
(sacerdote de Orixá) fica fazendo preparando os orixás que estavam arreados; fazem o que chamamos de " miosé
" , e logo os arruma nas prateleiras. Quando o pessoal chega da praia, já começa a obrigação de matança das aves
que é para saudar os Orixás que estavam arreados, e também cortar as aves para os Ibêjes, pois destas, será feito
a canja que será servida na "mesa das crianças", que antecede a obrigação de terminação.

"MESA DOS IBEJÊS E FESTA DO PEIXE" - ENCERRAMENTO

Mesa de Ibêjes: No sábado, após o por do sol, é realizada a cerimônia dedicada aos Ibêjes, e desta, fazem parte
grande número de crianças. Estende-se uma toalha no centro do salão e coloca-se ali: doces de toda qualidade,
inclusive doces de calda, arroz de leite, doce de abóbora, doce de batata doce, sagu, ambrusia, doce de coco,
bolos, tortas, balas, pirulitos, bombons, um amalá, uma vela grande vermelha e branca, um bouquê de flores, as
quartinhas de Oxum e Xangô, mel. Primeiramente é servido a canja feito com as aves sacrificadas para os ibêjes,
e em seguida os doces. Ao som de "rezas" (axés", cantigas) que fazem parte desta obrigação, as crianças sentam-
se no chão ao redor da toalha, e são servidas em número múltiplos de 6 (12,24,etc.). As crianças de colo vão
acompanhadas, e mulheres grávidas também sentam-se a mesa, depois de da canja, são servidos doces e
refrigerantes; distribui-se brinquedos. Nesta obrigação sempre "descem" alguns Orixás, principalmente Xangô e
Oxum. Ao terminar de comer, as crianças recebem uma colher de mel, um gole de água, suas mãos são lavadas e
enxugadas, levantam-se, dão voltas na mesa, ao som do alujá de xangô, enquanto é recolhido o que sobrou na
"mesa" para ser colocado no peji. Os orixás são "despachados" e ficam em axerô (erê), brincam com as crianças,
cantam, dançam etc... e é encerrada esta parte da obrigação. O pessoal descansa um pouco, pois logo em seguida
começará o batuque de encerramento das obrigações.

FESTA DO PEIXE OU "TERMINAÇÃO"

È uma cerimônia semelhante a primeira festa realizada no sábado anterior. Porém, desta vez não teremos a
obrigação da "balança". A obrigação se inicia pela "chamada" dos Orixás à porta do "quarto de santo". Depois
começam as "rezas" (cantos) para Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Obá, Ossãe, Xapanã, guando termina o
axé de Xapanã despacha-se o "ecó" (conforme descrito antes) e da Oxum, Iemanja e Oxalá. Os Ibêjes, já foram
homenageados anteriormente na "mesa de Ibêjes". Se tiver entregas de axés (axé de facas e axé de búzios), a
cerimônia é feita após o axé da Oxum, estes graus de investidura são entregues somente aos "filhos" que tenham
"aprontamento completo" e que gozem de confiança do "pai ou mãe de santo", e a partir daí estão aptos para se
tornarem, também, babalorixas ou Ialorixas. Num determinado momento do axé do pai Oxalá, estende-se o Alá,
no "salão"; sob este pano branco, as pessoas dão uma volta na "roda"(de dança) para obter as bênçãos do orixá.
Terminado o axé de Oxalá, é feito uma obrigação, na qual os Orixás Ogum e Iansã, simulam uma bebedeira e o
combate de espada entre si, para lembrar a "passagem" (história oral) em que Iansã, legitima esposa de Ogum,
embebeda o Orixá para fugir com Xangô. Na dramatização do fato incluem-se a Adaga de Ogum e a Espada de
Iansã, para simulação da luta, e garrafas contento "Atã" (uma bebida ritualisticamente preparada para o Orixá
Ogum) , que os dois Orixás simulam beber , e Ogum acaba ficando "bêbado", dando margem para traição de
Iansã.

Terminada a "festa", há distribuição dos "mercados", as comidas rituais preparadas para os Orixás; neste é
obrigado ter peixe junto com outras iguarias como: acarajé, frutas, pipoca, polenta, etc.... Estes alimentos são
condicionados em bandejas descartáveis e enroladas em papel de embrulho, para que as pessoas levem para suas
casas a energia dos orixás, contidas nas "comidas". É bom deixar bem claro que nem todos os terreiros e casa de
nação tenham um segmento único, cada um tem seu particular ritual e as diferenças existem, cada um faz de
acordo com que aprendeu na sua raiz. As idéias contidas nestes textos, não são para porem a público os segredos
dos rituais, pois tudo que está escrito não representa um quinto das obrigações feitas nos terreiros, a cada passo
de uma obrigação de festa ou de matança envolve inúmeros afazeres que se fossemos escrever daria um livro de
proporção enorme, já que nossos fundamentos são passados de forma oral, não teria por que expor os segredos, o
conteúdo deste site, no entanto serve para os interessados na cultura africana, conhecerem um pouco do nosso
batuque praticado no sul do Brasil. Para formar um Babalorixá ou uma Ialorixá, leva-se muitos anos, não seria
estas poucas linhas o todo de nossa religião,. Não sou fanático pela, porém, amo demais os Orixás, tenho
consciência de seus poderes, e vou fazer o que puder para a preservação do culto, com as bênçãos de Oxalá.
NAÇÃO

Nação Cabinda

A nação Cabinda, originária de Angola, adotou o panteão dos Orixás Iorubas, embora estas divindades Bantus
teriam como nome correto Inkince.

Os Inkinces são para os Bantus o mesmo que os Orixás para os Yorubás, e o mesmo que os Voduns são para os
Jêjes. Não se trata da mesma divindade, cada Inkince, Orixá ou Vodum possui identidade própria e culturas
totalmente distintas. A linguagem ritual originou-se predominantemente das línguas Kimbundo e Kikongo; são
línguas muito parecidas e ainda utilizadas atualmente. O Kimbundo é o segundo idioma nacional em Angola. O
Kikongo, provém do Congo, sendo também falado em Angola.

Aqui no Rio Grande do Sul a raiz forte da Cabinda foi o Sr. Valdemar Antonio dos Santos, filho do Orixá Xangô
Kamucá Baruálofina; e uma de suas descendentes foi a Sra. Madalena de Oxum, que se destacou grandiosamente
dentro desta nação.

Outros que se iniciaram pelas mãos de Valdemar de Xangô, e alguns, com sua morte passaram para as mãos de
Mãe Madalena de Oxum: Pai Tati de Bará, Mãe Palmira de Oxum, Ramão de Ogum, Moacir de Xangô (tinha o
apelido de Guri Bontito), Pai Mario de Ogum e Pai Nascimento de Sakpatá, oriundo de outra nação. Depois
foram surgindo outros ícones da nação Cabinda, onde podemos citar Pai Romário de Oxalá, filho de santo de
Mãe Madalena de Oxum; Mãe Olê de Xangô, mulher de Pai Tati de Bará; Pai Henrique de Oxum, enteado e filho
de santo de Mãe Palmira de Oxum; Pai Adão de Bará de Exu Biomi; Pai Cleon de Oxalá; Antonio Carlos de
Xangô, Alabê e Babalorixá, Mãe Marlene de Oxum, filha de santo de Pai Romário; Pai Paulo Tadeu de Xangô;
Pai Genercy de Xangô; Hélio de Xangô, Pai Adão de Bará; Didi de Xangô; João Carlos de Oxalá, de Pelotas;
Juarez de Bará; Pai Gabriel de Oxum, que foi um grande Babalorixá da Nação Cabinda, filho de santo de
Romário de Oxalá; Lurdes do Ogum; Enio de Oxum, também da casa de Pai Romário; Luiz vó da Oxum Docô,
foi filho de santo de Pai Romário de Oxalá; Ydy de Oxum, filho de santo de Pai Henrique de Oxum, entre muitos
outros que conservam, ainda, os fundamentos desta Nação tão importante nos rituais Africanos do Sul.

Os praticantes da Nação Cabinda também se valem dos rituais da Nação Ijexá, já que esta última é atualmente a
modalidade ritual predominante aqui no Rio Grande do Sul; a diferença se dá basicamente no respeito à memória
de seus ancestrais e a outros fatores como o início dos fundamentos da Nação Cabinda, que é justamente onde
termina os das outras Nações: o cemitério.

O Orixá Xangô é considerado Rei desta nação, e é o dono dos Eguns, juntamente com Oyá e Xapanã; E o culto
aos Eguns é tão forte que na maioria dos terreiros desta nação, se encontra o assentamento de Balé (culto aos
Eguns); Os filhos de Oxum, Yemanja e Oxalá, podem entrar e sair de cemitérios quando necessário for, sem
nenhum prejuízo a sua feitura, já nas outras nações estes só entram no cemitério em extrema necessidade; Se
estiver acontecendo uma festa num terreiro de Cabinda, e se o Orixá Xangô, tendo recebido oferendas de quatro
pés, e vier a falecer algum membro da casa ou da família religiosa, não ficará a obrigação prejudicada, conforme
acontece nos outros terreiros, nos quais teriam que interromper toda a obrigação.

Os Orixás cultuados na Nação Cabinda são os mesmos da Nação Ijexá acrescentando Bará Elegba, Oyá Dirã e
Oyá Timboá que são cultuados em alguns terreiros desta Nação. Na maioria das vezes as oferendas também são
iguais com pouca diferença como por exemplo a obrigação do peixe que em alguns terreiros de Cabinda
oferecem Pintado a determinados Orixás, que no Ijexá damos Jundiá.

Nação Jêje

Quando se fala em Nação Jêje, aqui no sul do Brasil, logo se lembra do Pai de Santo mais famoso desta nação
que foi o Pai Joãozinho de Bará (Exu Bý), que sem dúvidas foi a maior expressão desta nação, famoso no Brasil
e em outros países como Uruguai e Argentina. Ele era filho de Santo de Mãe Chininha de Xangô Aganju, a mais
antiga mãe de santo da nação Jêje que se tem notícias aqui no Rio Grande do Sul. A primeira filha de santo de
pai João foi a Sra. Vandina de Oxum e depois dela vieram outros importantes adeptos do Jêje que se tornaram
Babalorixás ou Yalorixás feitos pela mão de Pai Joãozinho de Bará como a Tia Nica de Bará, Alzira de Xangô,
Dêde de Oxum, tio Cristóvão de Oxum, tia Conceição (irmã de Cristóvão de Oxum), Valdomiro de Bará Lodê,
muito respeitado e temido por todos, foi um dos maiores feiticeiros de que se teve conhecimento no Rio Grande
do Sul; Cotinha de Xangô, Valina da Oyá, irmã de Vandina de Oxum; Pai Pirica de Xangô, Jurema de Xangô,
tamboreira, teve sua iniciação pelas mãos de Pai Paulino de oxalá da Nação Ijexá , e com a morte deste passou a
ser filha de santo de pai João, Evinha de Xangô, também uma das melhores tamboreiras do sul; tia Licinha da
Oyá, vó Aurora do Ogum, vó de Pirica de Xangô; tia Eva de Bará, João vó da Oxum Docô, falecido em outubro
de 2003; Rosália de Odé, Landa de Bará, Tirôni de Xapanã; Rení da Iansã, filha de criação do Pai João; Pequeno
de Bará Lodê, esposo de Reni de Oyá; Tia Tereza de Oxalá, filha carnal de Alzira de Xangô; tia Jaci de Yemanja;
Valdir de Xangô, Mesquita de Xangô, Nadir de Ogum, Zé de Xangô, tio de Valdir de Xangô; Nelson de Xangô,
Pai de Santo de Vinicios de Oxalá; Zé da Saia de Xangô; Ziza de Odé, Zaida de Oxalá; Julieta de Odé, Patinha
de Bará, Marta de Bará, famosa por sua vidência, também praticava Umbanda, as mulheres grávidas faziam filas
para saber qual era o sexo do filho, quando a pessoa entrava em seu portão ela já sabia o que foi fazer em sua
casa; Leda de Xangô, também famosa por seus feitos na Umbanda e vidente das melhores, tenho muitos
agradecimentos a esta grande mãe de Santo; Santa de Yemanja, Catarina de Ogum, Tião de Bará, Elaine de
Oxum, Cleusa de Oyá, Elza de Oxalá, morava no Rio de Janeiro, para onde Joãozinho de Bará viajava
freqüentemente. A Nação de Jêje puro já deixou de existir a muito tempo, a maioria das casas praticam junto a
nação Ijexá (Nagô), cujas rezas e rituais são utilizadas por todas as casas de batuque do Rio grande do Sul e para
os países onde o ritual africano, do sul, foi levado como Uruguai e Argentina. Nas festas de ritual Jêje as rezas
não são na linguagem Yorubá e sim na linguagem Fon, e a dança é feita de par, as pessoas dançam de par uma de
frente para o outra e alternam os lugares conforme muda o rítimo dos tambores. Os tambores usados para os
rituais são parecidos com os tambores da Nação Ijexá, embora sejam em tamanhos bem menores e sempre tem
que ser em número de dois tambores, um toca com dois Aquidavís e o outro faz a marcação com um só aquidavi,
que são os famosos "pausinhos", erradamente usam-se o termo "Jêje de pausinhos', que na verdade são os
Aquidavís usados para tirar o som dos tambores de Jêje, o acompanhamento é feito por um instrumento chamado
Gãn. Joãozinho de Bará e Tia Licinha, sua irmã, tocavam Jêje juntos, dizem que era um dos melhores rituais
quando esses dois se juntavam.

Joãozinho do Bará doutrinava muito bem seus filhos de santo, ensinava os filhos a tirar as rezas dos Orixás e a
tocar tambor; ele ensinava os filhos tocando na mesa com duas colheres e no outro dia já os colocava a tocar no
tambor com os aquidavís, e com certeza logo aprendiam. Ele foi uma árvore que deu muitos frutos, eu diria que
foi João de Bará no Jêje e Manoelzinho de Xapanã no Ijexá. Ainda há algumas casas que conseguem fazer o
ritual Jêje, destas podemos citar a casa de pai Pirica e a do Tião do Bará e seus descendentes, que também
completam seus rituais com as rezas da nação Ijexá de linguagem Yorubá, mas são nestes terreiros que ainda se
vê acontecer o ritual jêje-nagô à moda antiga. O que é chamado de nação Jêje é o ritual africano formado pelos
povos fons vindo da região de Daomé, hoje Benin. Os povos Jêjes, chegados ao Brasil, em sua grande maioria se
estabeleceram em São Luiz do Maranhão, onde ainda existe a Casa das Minas, Salvador e Cachoeira de São
Félix (Bahia), Rio de Janeiro e para o Rio Grande do Sul sabe-se que vieram alguns descendentes do Daomé,
inclusive um príncipe. O Daomé foi colônia de diversos países , e quando passou a ser propriedade da Grã-
Bretanha, os Ingleses tiveram que entrar em acordo com os Reis e príncipes negros que governavam as terras.
Um desses acordos resultou a vinda de um príncipe de São João Batista de Ajudá, que deixou sua terra na Costa
da Mina; este escolheu o Brasil, inicialmente fixou-se em Rio Grande e, mais tarde foi para o interior de Bagé,
onde ficou conhecido por manter viva a tradição religiosa Africana. De Bagé veio para Porto Alegre, adotou
como nome Custódio Joaquim de Almeida, conhecido no meio religioso como Príncipe Cústódio. Seu ilê era
freqüentado por figuras importantes da época, inclusive foi ele quem fez o assentamento de um Bará no mercado
público de Porto Alegre, onde todos adeptos do culto africano fazem reverencia cada vez que terminam uma
obrigação aos seus Orixás.

Nação Oyó

A maioria dos rituais africanos praticados dentro do Rio Grande do Sul, vem do interior da África,
principalmente das regiões da Nigéria onde encontramos as cidades de Ìlèsà, cujo povo é conhecido como da
nação Ijexá e Oyó, a terra de Xangô, o Obá (Rei) de Oyó. No Brasil a vida útil do negro, escravo, era muito
curta, pois passavam a maior parte de suas vidas trabalhando para seus servos; fora as epidemias e outras
doenças, na época incuráveis, que acabaram matando centenas dos nossos antepassados. Devido a estas e outras
dificuldades, nossos antigos sacerdotes acabaram levando para o túmulo muitos conhecimentos dos rituais
sagrados africanos; Contudo ainda conseguimos guardar boa parte dos fundamentos das diversas nações vindas
da África, berço histórico do Brasil; entre estes fundamentos temos a nação Oyó cujas tradições de seus rituais
permanecem vivos aqui em Porto Alegre, e em algumas cidades do interior do estado. Para nós Riograndenses é
um privilégio ter a presença desta nação, pois quase não se ouve falar de Oyó em outras partes do Brasil, pois
raras foram as vezes em que os interessados na captura de escravos conseguiram atingir as localidades do interior
da Nigéria, como as cidades de Oyó e Ilexá.

Uma das fontes da nação Oyó na cidade de Porto Alegre foi a Sra. Ermínia Manoela de Araújo, conhecida como
mãe Donga de Oxum. Era filha de Oxum (Osun) com Ossãe (Osányìn); morava na colônia africana, nas
imediações onde é hoje o Auditório Araújo Viana.

Dona Ermínia nasceu no dia cinco de maio de 1889, era uma negra de grande sabedoria, e seguia as tradições
religiosas de acordo com o que herdou de seus genitores, que praticavam as culturas de Oyó e Ijexá juntos, já
naquela época, até por que são nações de muita proximidade dentro do território nigeriano, inclusive a língua
Yorubá é o idioma falado pelos dois povos, com apenas algumas diferenças no dialeto.
Nas aldeias africanas os assentamentos de Orixás eram feitos para servir uma comunidade inteira, até mesmo
uma cidade, e toda população se dedicavam aquele Orixá cultuado na região; os assentamentos, os rituais, as
obrigações ficavam de uma geração para outra; tem lugares que ainda hoje, conservam assentamentos de Orixás
com quatrocentos anos ou mais, eu mesmo visitei um terreiro em Salvador que mantém um Xangô Ogodô,
trazido da África, cujo assentamento foi feito a mais de duzentos anos. Foi esta tradição que deu origem ao
Xangô Aganjú do Povo. As tradições deste ritual foram passados à mãe Donga, e não é apenas um okutá de
Xangô, é sim um conjunto de Orixás (Irúnmòle), que foram preparados para servir a comunidade inteira daquela
família religiosa de tradição Oyó da bacia de mãe Donga de Oxum, e ser passado pelas gerações vindouras. E
assim aconteceu; os assentamentos após passar por vários terreiros de Oyó, hoje estão, nas mãos de uma
descendente direta de mãe Donga, a Yalorixá Nélia de Ossãe, que humildemente tem a guarda destes
assentamentos em seu terreiro. Antigamente era escolhido um Axogum (Asògún), ou seja, um homem que teria a
função de fazer o sacrifício dos animais para este ritual; um deles foi o senhor Mário Lopes, que após um
derrame passou o cargo ao Sr. Rolim de Oxalá, que morou na rua Lucas de Oliveira, e antes de falecer passou a
responsabilidade para o sr. Jorge de Xapanã; após sua morte não se teve uma pessoa exclusivamente para fazer
os sacrifícios para Xangô Aganjú do Povo, hoje a responsabilidade da matança é da pessoa que tem a guarda dos
assentamentos em seu terreiro, e a data da festa é sempre o dia vinte e dois de julho, que antigamente
movimentava todo o povo de santo de Porto Alegre e arredores.

Ermínia Manoela de Araújo teve quatro filhos: Maria Rosaura de Araújo Souza, ficou conhecida como mãe
Rosália de Xangô, nasceu em 8 de abril de 1911 e faleceu em 05 de agosto de 1989; Luiza de Araújo Souza,
conhecida como tia Luiza de Ogum, nasceu em 25 de novembro de 1915 e morreu em 19 de julho de 1994;
Mário de Araújo Souza, conhecido como Mário Bocão, filho de Odé, não temos certeza das datas de seu
nascimento e morte; e a outra filha era Lurdes de Araújo Souza, cujo Orixá era Xapanã, também não temos
certeza das datas de seu nascimento e morte. Dona Ermínia (Donga de Oxum) contraiu a gripe espanhola e
faleceu em 1918, deixando os quatro filhos pequenos, tia Rosália de Xangô com seis anos e sua irmã Luiza de
Ogum com dois anos de idade, e os outros dois filhos também pequenos. Em Porto alegre, foi criado um
cemitério especialmente para as vitimas da gripe espanhola, que matou em todo país cerca de 300 mil pessoas.

O único filho de santo que Dona Donga de Oxum deixou pronto com todos os assentamentos foi o Sr. Antoninho
de Oxum, que herdou além das tradições religiosas, também todos os seu filhos de ventre e de axé (filhos de
santo); as informações sobre a vida de mãe Donga me foram passadas pela Yalorixá Nélia de Ossãe, filha carnal
de tia Luiza de Ogum.

Dona Donga tinha uma cunhada que também seguia as tradições da nação Oyó, chamada dona Leopoldina de
Oxalá, que também passou ser filha de santo e auxiliar de Pai Antoninho, junto com uma outra senhora chamada
carinhosamente de Velha, que também foi uma luz neste antigo terreiro. Antoninho de Oxum trabalhava fora e
ainda arrumava tempo para se dedicar a inúmeros filhos de santo e consulentes que o procuravam; teve dois
filhos carnais, e outros tantos de criação, entre elas dona "dona Maria Garçoneta" que morava nas imediações da
Igreja Nsra. Do Trabalho, tive a felicidade participar de um batuque em seu ilê, na Vila Ipiranga.

Em tempos passados os Babalorixás e Yalorixás, além da prática religiosa, dedicavam-se à caridade, a maioria
tinha muitos filhos de criação, inclusive se um indivíduo estivesse passando necessidades, era acolhido no
terreiro até que tivesse condições de sobrevivência, aquele ia embora e já dava lugar a outro.

Hoje, em alguns casos, é difícil até mesmo a própria sobrevivência dos sacerdotes, já não da mais para seguir o
exemplo de amparar os necessitados nos terreiros.

A maioria do pessoal que escreve sobre a religião africana no Rio Grande do Sul, cita o Príncipe Custódio como
introdutor dos rituais de Batuque aqui no sul, não é bem assim, pois o negro se faz presente neste Estado muito
antes da família de Osuanlele (Príncipe Custódio) ser retirada em 1897 de Benin (antigo Daomé), já no censo da
população do Rio Grande do Sul, feita no ano de 1814, nos mostra uma população negra expressiva perfazendo
um total de 36,7% de afro-brasileiros, contra um total de 45,6% de brancos no estado, outro dado relevante é que
pesquisadores, sérios, situam o período inicial do Batuque nesta região entre os anos de 1833 e 1859, na mesma
época em que o Candomblé ganhava espaço na Bahia. O lendário Príncipe Custódio só pisa em solo gaúcho no
ano de 1899, na cidade de Rio Grande, e já encontra aqui rituais religiosos de origem africana, popularmente
denominada de Batuque. Ele contribuiu sim com nossa religião, com seus contatos políticos, pois Custódio,
vinha de uma família nobre, sua saída da África foi política; ele sabia como se destacar e fazia bom uso de sua
sabedoria religiosa, o que ajudou a travar as perseguições as casas de culto africano. As pesquisas realizadas para
saber sobre as nações Oyó, Cabinda, Ijexá e Jêje nos comprovam que o Batuque se estabeleceu aqui no Rio
Grande do Sul há quase dois séculos;
Ainda falando da nação Oyó outra contemporânea de mãe Donga de Oxum foi mãe Andrezza Ferreira da Silva,
que foi pronta na religião por um velho babalorixá que ainda tinha a sua volta alguns africanos nativos, e ela teria
vivido de 1882 a 1951 em Porto Alegre.

Dos descendentes religiosos da raiz de Pai Antoninho de Oxum, os que mais se destacaram foram: a yalorixá
Rosália de Xangô, que morreu com 79 anos de idade; morou alguns anos na rua Souza Lobo, na vila jardim,
onde tive o privilégio de participar de um ritual de Batuque em seu ilê; sua irmã de ventre e de axé que foi tia
Luiza de Ogum que morreu com 78 anos, morou na avenida Saturnino de Brito, 408 na vila jardim, deixou dois
filhos, uma é Nelia de Ossãe, que é quem mantém vivo o ritual do Xangô Aganjú do Povo em Porto Alegre, e o
outro filho já é falecido. Outra mãe de santo que se destacou muito, uma das mais importantes, depois de
Antoninho, foi a sra. Lídia Gonçalves da Rocha, popularmente conhecida como mãe "Moça de Oxum", que
entrou para a religião africana aos cuidados de pai Antoninho de Oxum por motivos de doença e se tornou a mais
destacada yalorixá da nação Oyó dos últimos tempos; podemos citar também, Cecília de Xangô Aganjú; mãe
Leopoldina de Oxalá que era cunhada de mãe Donga de Oxum; Mocinha de Oxalá; Mário "bocão" se destacou
como Alabê (tamboreiro) da nação Oyó e também aprendeu a tocar Jêje com os aquidavis; Jorgina de Xapanã;
Dilina de Oxum; mãe Manoela Mendonça de Oxum; Pai Máximo de Odé, que também era tamboreiro; pai
Máximo de Odé também foi pai de santo de Tia Valesca, esposa de pai Antoninho; Mijica de Yemanjá;
Benjamim de Oxalá; Camarada de Yemanjá; mãe Quininha de Oyá, mãe Andressa de Oxum; mãe Manoelinha de
Oxum, mãe Miguela de Xangô, esta Yalorixá foi uma das ultimas a fazer durante os toques, a fogueira de Xangô,
e paramentava todos os Orixás com suas vestes e indumentárias; A mãe Oxum de pai Antoninho também se
paramentava quando "incorporada" em seu filho, usava suas vestes com muitas pedrarias. Doralice da Silva
Alves, conhecida como Chininha de Oxalá, era casada com pai Máximo de Odé, ela também tinha o apelido de
"Caquinha" e aprontou outros bons descendentes do Oyó como a mãe Vera de Ossãe e Sarinha de Xangô, que
completou 60 anos de assentamento de seu pai Xangô no dia 18 de outubro de 2004; outros da raiz Oyó que
podemos citar são as pessoas de Guilhermina de Yemanjá, que era cozinheira da casa de Antoninho, e também
fez "pirão" na casa de muita gente antiga do Oyó; João Gumercindo Saraiva, esposo de dona Doralvina; Yatolá
de Oyá, pai Darci de Oxalá, entre outros; Felisberto de Ossãe. Outras pessoas que também se destacaram na
nação Oyó foram: mãe Apolinária Batista, Olga da Iansã, Fábio de Oxum, Tim de Ogum, mãe Albertina de Obá;
Edelvira de Oxalá, pai Acimar de Xangô; Luiz de Bará; Paulinho de Xangô (filho de santo de mãe Rosália de
xangô);; Esperança de Oyá; Toninho de Xangô, herdeiro espiritual de pai Acimar de Xangô. Vários informantes
dizem que pai Joãozinho de Bará, também teve uma breve passagem pelas mãos de pai Antoninho de Oxum.

Pai Antoninho de Oxum morou no Mont'Serrat, na cidade de Porto Alegre, e segundo consta faleceu no ano de
1932.

E mais recente, na história do Oyó, podemos citar alguns descendentes da geração de mãe Moça de Oxum, que
também contribuem ou contribuíram para continuidade dos rituais de Oyó como: Laudelina de Bará; Valdomiro
de Oxalá, alabê, Zeca Neto de Oxalá; Carola de Oxum; Eva de Oxum; Leinha de Oxum, (falecida em fevereiro
de 2005) e Odete de Oxum entre outros.

Há uma outra grande raiz da nação Oyó que derivou de uma famosa mãe de santo chamada Emília fontes de
Araújo, Mãe Emília de Oyá. Era descendente de uma família nobre da África, morou na rua Visconde do Herval
em Porto Alegre, era contemporânea de Antoninho da Oxum, porém não tinham ligações de bacia, apenas elos
de nação. Segundo informações coletadas junto a Pai Paulinho de Agandjú, Mãe Emília faleceu por volta de
1930 e deixou vários herdeiros de seu ritual, onde podemos citar: Mãe Alice de Oxum; Pai Alcebíades de Xangô;
Vó Dóca de Yemanjá que morava na av. Praia de Belas esquina com a rua Rodolfo Gomes, Mãe Matilde
Fabrício, mãe carnal de Mãe Nenéca de Xangô, que também é herdeira espiritual desta raiz do Oyó; Mãe
Cadinha de Odé; Mãe Araci de Odé, que faleceu com 112 anos de idade, e seu Orixá Ode tinha 91 anos de
assentamento. Dona Araci fez um ritual de entrega de Axé de Búzios na casa de mãe Ilda de Obá no qual eu
estava presente, e até então nunca tinha assistido algo igual. As obrigações do ritual fúnebre de mãe Araci foram
feitas por Pai Paulinho de Agandjú, por recomendações expressas da própria Araci, que deixou gravado sua
exigência. Eram também da casa de Mãe Emília as pessoas de Negrinha de Odé; Ramiro de Ogum; Dona Rola,
esposa de Pai Alcebíades de Xangô.

Mãe Alice de Oxum, se destaca também nesta ramificação do Oyó, deixando vários herdeiros espirituais, entre
estes podemos citar a mãe Nicóla de Xangô Dadá, que morou na rua Cuibá, 95 e faleceu em 1975 aos 69 anos de
idade, vitima de derrame. Mãe Nicóla deixou vários filhos de santo, um dos que mais se destacou e ainda hoje
cumpre os rígidos rituais de sua raiz é a pessoa que nos passa estas informações, Pai Paulinho de Agandjú, com
64 de idade, e seu Orixá com 50 anos de assentamento. Com a morte de Mãe Nicóla, terminou de aprontar na
religião alguns de seus descendentes como, Pai Adãozinho de Bará, um dos principais Alabês da Nação Oyó. Pai
Paulinho fala com autoridade dos rituais que pratica, como a obrigação de Tumbê, Arikú e muitas outras que
ainda mantém; e nos cita como sendo ordem de toque para os Orixás de seu terreiro a seguinte seqüência: Bará,
Ogum, Xapanã, Odé, Ossãe, Orunmilá, Obokun, Xangô, Ibejis, Agandjú, Yemanjá, Otim, Obá, Nana Buruku,
Yewa, Oxum, Oyá e Oxalá.

Alguns sacerdotes nos dão a informação no tocante aos rituais de Batuque da nação Oyó, dizendo que a ordem
de toque para os Orixás em seus terreiros seguem quase a mesma seqüência da nação Ijexá: Bará, Ogum. Oyá,
Xangô, Ibejis, Odé, Otim, Obá, Ossãe, Xapanã, Oxum, Yemanjá e Oxalá; e outros dizem que as casas antigas de
Oyó, tocavam primeiro para os Orixás masculinos, e depois para as Yabás (Orixás femininos) na seguinte ordem:
Bará, Ogum, Ossãe, Xapanã, Odé e Otim, Xangô, Ibejis, Obá, Oyá, Oxum, Yemanjá e Oxalá. O fato é que há
varias fontes da mesma nação, cada uma seguindo os costumes de seu terreiro de origem, muitos se vendo num
segmento de nação pura, outras mesclando com outras nações, e assimilando outras práticas em seus rituais.

Das antigas nações africanas que se fixaram no Rio Grande do Sul, e que foram submetidas, a variados graus de
mudança e assimilação, ressalta a do Ijexá como a que melhor conservou a configuração africana original
absorvendo outras nações. Os sacerdotes e iniciados por mais antigos que sejam, nos cultos africanos no Rio
Grande do Sul, na maioria, se mesclaram com o Ijexá, esse processo, entretanto, não eliminou de todo a
consciência histórica e certas tradições religiosas que predominam tanto no Oyó como também no Jêje e na
Cabinda; se alguém tiver alguma informação que possa nos ajudar no resgate a história das nações africanas no
Estado do Rio Grande do Sul, por favor entrar em contato via e-mail deste site, pois toda informação é bem
vinda.

Candomblé

O Candomblé é um segmento religioso que pratica as tradições, ritos e crenças africanas, trazidos pelos
antepassados, cujos rituais tem origens nas culturas Jêje, Ketu, Angola, entre outras nações que fazem parte das
religiões afro-brasileiras.

A cultura religiosa africana foi desenvolvida no Brasil através do conhecimento de sacerdotes negros, que com
parte de seu povo, foram capturados e escravizados, juntamente com seus Orixás, entre 1532 e 1888.

Com o "fim" da escravatura em 1888, o candomblé se expandiu consideravelmente, e prosperou muito desde
então. Hoje, cerca de 3 milhões de brasileiros declaram ser seguidores das religiões afro, mas acredito que o
número seja bem maior, visto que, conforme o local e ocasião os seguidores dizem ser católicos, com medo da
discriminação; (os católicos, de acordo com o censo somam 75%, enquanto os que praticam as religiões afro-
brasileiras aparecem com 1,5% da população brasileira).

Os negros escravos pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os Yorubá (Nagôs), os Ewe, os Fon, e os
Bantos, que contribuíram não só com seus rituais religiosos, mas, também com a música, dança, alimentação,
língua e outras manifestações culturais como o samba, capoeira, em fim a contribuição cultural negra é
inestimável. O negro escravizado ao invés de se isolar, aprendeu a conviver entre grupos étnicos diferentes. A
religião africana ao chegar no Brasil sofreu uma transformação imposta pela nova fronteira e pela nova
sociedade em transformação. O homem africano foi proibido de praticar seus ritos, no entanto nossos Orixás
mais importantes chegaram até hoje com a proteção do sincretismo católico, contudo, o negro conseguiu
preservar as crenças étnicas principalmente os ritos de iniciação, os cânticos em linguagens africanas, o culto aos
antepassados entre outras tradições. Através do tempo os vários cultos foram se transformando até assumirem
uma postura mais ou menos fiel a sua origem.

Os Orixás da Mitologia Yorubá, foram criados por um Deus supremo chamado Olorum (Olóòrun) ou Olodumare
(Olódùmarè); já os Voduns da Mitologia Fon ou Mitologia Ewe, foram criados por Mawu e Lisa; e os Nkisis
(inquices) da Mitologia Banto, foram criados por Zambi, Deus supremo e criador.

Candomblé de Ketu

Ketu é o nome de um antigo reino da África, na região agora ocupada pela República Popular do Benin e pela
Nigéria. Seu rei tem o nome de alaketu, de onde vem o sobrenome da conhecida ialorixá Olga de Alaketo.
Também indica o nome do povo dessa região, que veio como escravo para o Brasil. Em termos de identidade
cultural, forma uma subdivisão da cultura iorubana. Em geral, membros de origem ketu são responsáveis por boa
parte dos terreiros mais tradicionais da Bahia. É a maior e mais popular nação do Candomblé, e a diferença das
outras nações está no idioma utilizado, no caso o Yorubá, no toque dos seus atabaques, nas cores e símbolos dos
Orixás, e nas cantigas; Os fundamentos são passados oralmente por sacerdotes de Orixás que são chamados de
Babalorixá (masculino) Yalorixá (feminino). Os rituais mais conhecidos são: Padê, Sacrifício, Oferenda, lavar
contas, Ossé, Xirê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum e Axexê. Uma outra grande diferença é em relação
ao culto dos Eguns; existe um sacerdote preparado para este ritual especifico chamado Ojé ou Baba Ojé, que faz
o uso de um ixãn para dominar os Eguns; conforme informações de um antigo sacerdote de Ketu, chamado
Balbino de Xangô, quem lida com Orixás não lida com Eguns; Já no Rio Grande do Sul, sempre, é o próprio
Sacerdote de orixá quem faz os rituais de Eguns.

Os cargos principais na nação Ketu são:

- Babalorixá ou Yalorixá: autoridades máximas no Candomblé


- Iyakekerê: mãe pequena
- Babakekerê: pai pequeno
- Yalaxé: mulher que cuida dos objetos ritual.
- Agibonã: mãe criadeira supervisiona e ajuda na iniciação.
- Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação.
- Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo.
- Iaô: filha de santo (que já incorpora Orixá).
- Abian: novato.
- Axogun: responsável pelo sacrifício de animais.
- Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques.
- Ogan: tocadores de atabaques.
- Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá.

Os Orixás cultuados na nação Ketu são: Exu, Ogum, Oxossi, Logunedé, Xangô, Obaluayê, Oxumaré, Ossaim,
Oyá ou Iansã, Oxum, Iemanjá, Nana, Ewa, Oba, Axabó (Orixá feminino da família de Xangô),Oxalá, Ibeji,
Irôco, Ifá ou Orunmila.

Na nação Ketu, existente principalmente na Bahia, predominam os Orixás de origem Yorubá, e os terreiros mais
conhecidos são: a Casa Branca do Engenho Velho, o Ilê Axé Opô Afonjá, o Gantois; o Candomblé de Alaketu e o
Ilê Axé Opô Aganjú localizado em Lauro de Freitas. O Candomblé de origem ketu já se espalhou por todos os
grandes centros urbanos do Brasil e também para o exterior, e nota-se um movimento de recuperação de raízes
africanas, que rejeita o sincretismo católico, procurando reaprender o yorubá como língua original e tenta
reproduzir os rituais que estavam perdidos ao longo do tempo, há casos em que muitos sacerdotes procuram
viajar até a África para descobrir mais sobre a cultura dos Orixás.

Candomblé de Angola

Religião afro-brasileira, de origem banto, que compreende as nações de Angola e Congo (Cassanges, Kikongos,
Kimbundo, Umbundo e Kiocos), e se desenvolveu entre os escravos africanos que falavam a linguagem
Kimbundo e Kikongo e são facilmente reconhecidos pela maneira diferente de cantar, dançar e percutir seus
tambores.

Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de inquinces) e para
mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices), que correspondem ao Babalorixá e a Yalorixá dos Yorubás, e o
Deus supremo é Zambi (Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga).

O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados indígenas. Há uma nação que
faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é a Cabinda.

Os rituais da nação Angola começam com o Massangá, que é o batismo na cabeça do iniciado, feito com água
doce e Obi; Bori com sacrifício de animais para o uso do sangue (menga); ritual de raspagem, conhecido como
feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano; ritual de obrigação de 3 anos, onde muda o grau de iniciação; ritual
de obrigação de 5 anos, com o uso de frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado
ao grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Após 7 anos de obrigações, será renovado a cada
ano com o rito de Obi ou Bori, conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete as obrigações para conservar o
individuo forte, se transformando em Kukala Ni Nguzu, que quer dizer um ser forte. Além dos búzios, outro
sistema antigo de consulta é o Ngombo, no qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna.

Os principais Nkisi são: Aluvaiá (também conhecido como: Nkuyu Nfinda, Tata Nfinda, Tona e Cubango),
Bombo Njila(Bombojira), Vangira(feminino), Pambu Njila, Pambuguera; Nkisi Nkosi Mukumbe, Roxi
Mukumbe, Burê; Nkisi Kabila, Mutalambô, Gongobila, Lambaranguange; Nkise Katendê; Nkisi Zaze (Nsasi,
Mukiamamuilo, Kibuco, Kiassubangango) Loango; Nkisi Kaviungo ou Kavungo, Kafungê; Nkise Angorô e
Angoroméa; Nkisi Kitembo ou Tempo; Nkisi Tere-Kompenso; Nkisi Matamba, Bamburussenda,
Nunvurucemavula; Nikisi Kisimbi, Samba; Nkisi Kaitumbá, Mikaiá; Nkisi Zumbarandá; Nkise Wunge; Nkisi
Lembá Dilê, Lembarenganga, jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda; Nkisi Nwunji, Nkisi Kaitumbá,
Mikaiá, Kukueto; Nkisi Ndanda Lunda; Nkisi Kaiangu; Kariepembe, Pungu Wanga; Kobayende; Pungu
Kasimba; Nkita Kiamasa; Nkita Kuna; Lukankazi, Luganbe, Nzambi Bilongo; Mutalambô, Katalombô, Gunza,
Nkuyo Watariamba;

Os cargos e divisão do poder espiritual são:


Mam'etu ria Mukixi - Sacerdotisa chefe (Angola)
Nengua ia Nkisi - Sacerdotisa chefe (Congo)
Tat'etu ria Mukixi - Sacerdote chefe (Angola)
Dise ia Nkisi - Sacerdote chefe (Congo)
Tata Kivonda - Pai sacrificador de animais (Congo)
Kambodu Pokó - Sacrificador de animais (Angola)
Muxikiangoma - Tocador de atabaque
Njimbidi - Cantador (Angola)
Ntodi - Cantador (Congo)

Candomblé Jêje

Dahomé, o berço da nação Ewe e fon, denominados Jêjes, no Brasil, enumeram-se em diversas tribos como os
Agonis, Axantis, Gans, Popós, Crus etc. Os primeiros povos jêjes tiveram como destino São Luis do Maranhão,
onde ainda se mantém vivas as tradições religiosas trazidas da terra mãe, África. Também se encontra o ritual
jêje em Salvador, Cachoeira de São Félix, Pernambuco entre outros estados do Brasil como Rio Grande do Sul e
São Paulo, que também importou os rituais desta nação.

O negro descendente do Dahomé, hoje Benin, trouxe consigo o culto à suas divindades chamadas Voduns, cujo
Deus Supremo é Mawu , a quem são subordinados, assim como Olodumaré o Deus Supremo dos Orixás
Yorubás. Diz a Mitologia Fon que Mawu tinha um companheiro chamado Lisa, e são filhos de Nana Buruku (ou
Nana Buluku), a grande mãe criadora do mundo. Mawu era a Lua, que teve força ao longo da noite e viveu no
oeste. Lisa era o Sol, que fez sua morada no Leste. Quando existia um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa estavam
fazendo amor. Eles eram pais de todos os outros Deuses. E existem quatorze destes deuses, que eram sete pares
de gêmeos. Este relato é um mito do primeiro povo do Dahomé, os Fons.

O culto aos Voduns teve ênfase na Bahia, conhecido como Candomblé Jêje, e no Maranhão Tambor de Mina.

Nos terreiros mais influenciados pela mina jêje, o predomínio, em certos grupos, é de mulheres como filhas de
santo. Os devotos têm que se submeter a longo processo de iniciação. Os detalhes dos rituais são pouco
comentados, não há rituias públicos de iniciação; a cada comunidade, apenas duas ou três pessoas se dedicam ao
ritual completo de iniciação. Em geral as Vodunsis dão poucas informações sobre os rituias relacionados com o
culto, os segredos são mantidos a sete chaves.

Assim como os Orixás do Batuque, os Voduns incorporados, conversam com a assistência, dando bênçãos,
conselhos, deixam recados e mantêm os olhos abertos. È comum no culto jêje fazer provas com os iniciados
incorporados com os Voduns, como, por exemplo, mergulhar a mão no azeite de dendê fervendo.

Algumas casas de jêje tiveram influencias dos yorubás e vice-versa, formando o que se chama de cultura Jêje-
Nagô. A exemplo do candomblé, as instalações dos terreiros contam com um barracão central para as danças,
pequenas casas reservadas para as diferentes famílias de divindades, onde são mantidos os assentamentos. O
forte sincretismo prevê, também a instalação de uma pequena capela com altar católico, há uma cozinha, quartos
para dormir e se vestir e quarto onde os iniciados ficam recolhidos durante as obrigações. há também a casa de
Legba, onde são feitas grandes obrigações.

A iniciação jêje requer um longo período de confinamento, que pode durar de seis meses a um ano de reclusão,
onde um Vodunsi aprende as tradições religiosas jêje como: danças, cantigas, preparo das comidas sagradas,
cuidar de árvores e espaços sagrados, votos de segredo e obediência. As entidades são assentadas, recebem
sacrifícios de animais , comidas, bebidas e outros presentes. Os assentamentos são preparados em pedras, que
representam um "imã" que tem a força do Vodun, e ficam guardadas no quarto de segredo recobertos com jarras,
louças e ferramentas. Existem, também, assentamentos em outras partes da casa e do quintal marcados por
árvores como a cajazeira, ginja e pinhão branco. È comum ter assentamentos no centro do barracão de danças;
assim como em outras nações, no culto jêje também são feitos rituais de limpezas, banhos com ervas e muitas
preces. Nos rituais antigos o contato com os voduns dependia muito da vidência das Vodunsis, e a adivinhação
era feita através da interpretação dos sonhos, consulta com os Voduns e exame da luz de velas, atualmente é
comum o uso dos Búzios para consultar as divindades.

As casas de jêje, além do culto aos Voduns, também incorporam em seus rituais alguns orixás nagôs. O panteão
jêje é numeroso, sendo os Voduns agrupados em famílias como: Dambirá, Davice, savaluno e Queviossô.
As atividades religiosas requerem um extenso calendário com rituais reservados aos iniciados, e em festas
públicas que duram um, três ou sete dias; no final das obrigações todos comem as comidas preparadas com a
carne dos animais oferecidos em sacrifício às divindades.

Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon, criador do mundo, dos seres vivos e das divindades. Mawu
(feminino) e Lissá (masculino) forman a divindade dupla Mawu-Lissá cujos Voduns são filhos e descendentes de
ambos. Os principais Voduns são: Loko; Gu; Heviossô; Sakpatá; Dan; Agbê; Águé; Ayizan; Agassu; Legba e Fa.

A casa de jêje chama-se Kwe, e o local destinado ao culto dos Voduns é chamado Hunkpame, que é o templo
onde está dentro a divindade; é chefiado por um sacerdote ou sacerdotisa, que são responsáveis pelos
ensinamentos aos futuros Vodunsis.

No Rio Grande do Sul, os terreiros que ainda mantém firme a cultura Jêje, nota-se a conservação de certas
obrigações, à exemplo, nos assentamentos de Ogum Avagã cujas ferramentas usadas são as mesmas para o
assentamento de Gu no Dahomé, e algumas não tem o uso do okutá; e também há nomes de Orixás que usam o
mesmo dos Voduns, como por exemplo Dã, cujo Orixá de uma famosa Yalorixá da nação Jêje chamava-se Dã e
um outro antigo Babalorixá de Porto Alegre pertencente a esta mesma nação, tinha o assentamento de Sobô;
(Sobô é nome de um Vodun do Dahomé). Dos pais e mães de santos atuais, da nação Jêje do Rio Grande do Sul,
muitos desconhecem a palavra Vodun; deve-se este fato ao predomínio da nação Ijexá, de origem Yorubá que
acabou absorvendo as demais, e o termo Vodun com o tempo deixou de existir; mas é certo que a linguagem
usada nos cantos rituais e o uso dos aquidavís para percussão dos tambores, o uso do Gã (instrumento de
percussão), entre outros fatos refletem muito os fundamentos do antigo Dahomé.

Há casos em que as tradições culturais africanas resistem, mais que em outros, à mudança, mas em nenhuma
instância, nem mesmo nos terreiros mais antigos e ostensivamente zelosos à suas origens, deixou de existir,
contudo, se tivesse, no sul um maior interesse em pesquisar a origem dos fundamentos de cada nação é certo que
achariam a ligação direta do jêje praticado aqui, com os povos do antigo Dahomé, e assim por diante.

O que sobrevive da vertente jêje como legado cultural acha-se incorporado ou associado ao acervo Yorubá,
embora não se fale em Vodu no Rio Grande do Sul, certas práticas da religião do antigo Dahomé, hoje Benin,
pode ser detectadas no Batuque do Rio Grande do Sul, principalmente nos terreiros que fazem parte da raiz do
falecido Joãozinho de Bará (Esú Biyí).

Povo Nagô

Estudando os cultos africanos, podemos concluir que a maioria das religiões afro-brasileiras são frutos de uma
forte nação chamada de nagô, também denominada Yorubá. Na década de 1930, quando realmente o candomblé
ganhava espaço na Bahia, dois grandes líderes religiosos se destacam abrindo caminhos para religião e a
comunidade negra em geral, são eles a Yalorixá Eugênia Ana dos Santos, a famosa Aninha de Xangô do Axé
Opô Afonjá e o Babalawo Martiniano Eliseu do Bonfim. Estes dois são atualmente os nomes mais lembrados na
tradição oral dos terreiros da Bahia, eram reconhecidos como detentores legítimos do saber religioso; conheciam
bem suas origens étnicas e culturais. Seres queridos, respeitados e temidos, e são lembrados com muita
reverência nos terreiros de candomblé baianos.

A Yalorixá Eugênia dos Santos, Aninha, nascida em 13 de junho de 1869, era filha de Sérgio dos Santos
chamado de aniió e Lucinha Maria da Conceição, chamada de Azambrió na linguagem grunce. Aninha dizia que
sua seita era Nagô puro, filha de santo de Marcelina Obatossi, que por sua vez era "prima e filha de santo de Ia
Nasso", uma das fundadoras da casa branca do engenho velho (o primeiro terreiro de candomblé da Bahia).
Depois de certos desentendimentos, Aninha sai do engenho velho com seu pessoal e vai para uma roça no Rio
vermelho onde funcionava a roça de Joaquim Vieira de Xangô (Oba Sãiyá), um dos maiores conhecedores da
religião africana da época. Logo Aninha funda o seu terreiro, a casa de Xangô Afonjá, com seu amigo e irmão de
santo tio Joaquim, que morreria pouco depois. Aninha passou a ter a ajuda confiável de Martiniano e dos
conhecimentos da velha Maria Bada; e com sua boa vontade , seu espírito batalhador e ajuda de todos que a
acompanhavam construiu seu ilê axé, chamado Opô Afonjá que deu origem a outras grandes personalidades do
candomblé: Maria Bibiana do espírito Santo, Senhora de Oxum Muiwá que recebeu em 1952, o título honorífico
de Iyanassô pelo Aláàfin Oyó, da Nigéria; Marcelina da Silva, Oba Tossi; Ondina Valéria Pimentel, filha do Balé
Xangô José Teodoro Pimentel; Isolina A. de Araújo; Mestre Didi; entre outros grandes, também, posso citar o
meu amigo pessoal Albino Daniel de Paula (Obaraim) filho de santo de mãe Senhora, que foi o único homem a
se tornar Babalorixá no Opô Afonjá, e segue firme na prática dos antigos fundamentos. Maria Bibiana do
Espírito Santo, Mãe Senhora, era descendente direta da família Asìpá (axipá), e foi depois de mãe Aninha, a mais
importante yalorixá do Opô Afonjá.
Martiniano Eliseu do Bonfim foi um membro muito influente dos candomblés da Bahia, desde os fins do século
XIX. Era filho de pais africanos, que haviam comprado sua própria liberdade; foi enviado pelo pai mais ou
menos aos quatorze anos, a Lagos, Nigéria, e estudou as tradições religiosas africanas de seus antepassados.
Voltou à Bahia, onde seus conhecimentos foram reconhecidos e o conduziu rapidamente a fama. Seu pai era da
tribo egbá, foi trazido para o Brasil cerca de 1820 e liberto em 1942. O nome de sua mãe era Manjegbassa, era da
nação Ijexá, e tinha as marcas da nação no rosto (marcas tribais dos iorubas). Seus pais lhe deram ao nascer o
nome de Ojeladê. Martiniano era conhecido e chamado, nos terreiros, inclusive de culto aos eguns, por seu nome
nagô Ojeladê. Ficou em lagos durante onze anos; para ele "África" era Lagos, eram os nagôs, os iorubas, sua
nação. A ida à África era um importante elemento legitimador de prestigio e gerador de conhecimentos.
Martiniano Eliseu do Bonfim e Eugênia Ana dos Santos eram grandes amigos, e é sabido que o Babalawo
colaborou largamente com a Yalorixá, inclusive na estruturação do grupo dos Obás ou Ministros de Xangô, no
Axé do Opô Afonjá; recebeu de Aninha o honroso título de Ajimudá, o que marcou o profundo respeito e
consideração que a yalorixá tinha pelo sábio Babalawo e vice-versa. Estes fatos mostram que muitos rituais
praticados hoje em terreiros baianos seguem algumas raízes, também, da nação Ijexá oriunda da Nigéria. Outro
contemporâneo de Martiniano e Aninha foi Eduardo Ijexá, que também se destacou como grande Babalawo dos
candomblés baianos; como se vê a nação Ijexá tem muitos frutos espalhados por solo brasileiro.

Aqui no Rio Grande do Sul, o maior destaque da nação Ijexá foi o sr. Manoel Antonio Matias, Manoelzinho de
Xapanã, nascido em 17 de junho de 1896. O Orixá de Manoelzinho trouxe a maioria das rezas cantadas nos dias
de hoje nos batuques. O pai Xapanã "chegava no mundo" e pegava o tambor para tocar e ensinar as rezas
(cantigas de Orixás) para seus filhos de santo. Era conhecido como mão pelada, pelo poder de seus Feitiços,
viajava muito, pois adquiriu fama em todo território sulino. Dizem os antigos sacerdotes que Manoelzinho fazia
um breve muito poderoso que em seguida endireitava a vida das pessoas que usavam. até seu pai de santo,
Paulino de Oxalá, temia o Xapanã Jubiteiú de Manoelzinho. Outra famosa Yalorixá da Nação Ijexá foi tia
Antonia de Bará, filha do Pai Paulino de Oxalá Efan, porém, aprendeu todos os rituais de nação, no terreiro de
Manoelzinho. Tia Antonia faleceu aos 96 anos de idade no dia primeiro de dezembro de mil novecentos e
noventa e oito e deixa como herdeiras de seu axé as yalorixás Maria Helena de Xangô e Lurdes de Ogum, suas
filhas de ventre.

Toda a religião de origem africana tem o mesmo propósito em sua crença, em qualquer nação africana, o ritual
em sua essência é quase o mesmo, usando as mesmas determinações, como o sacrifício de animais, toques de
atabaques, cânticos na linguagem de origem, rigidez nos rituais de iniciação imutáveis em qualquer nação
africana, fato que deveria contribuir mais para a aproximação dos terreiros em vez da rivalidade que se instalou
nos cultos através dos tempos, acho até que todas as religiões deveriam se unir visando o bem comum da
humanidade, visto que, há tantas desgraças, "temos recebido tantos recados" como aquele terrível acontecimento
que abalou a Ásia no final de 2004, e ainda assim, não procuramos entender o que os seres superiores estão nos
mostrando.
Os Yorubás

Idioma Yorubá

Falado principalmente na Nigéria, o idioma yorubá é complexo e arraigado em tradições. É o segundo maior
idioma da Nigéria, é falado em várias seitas difundidas pelo mundo, entre estes estão a República do Benin,
Cuba, Brasil, Trinidad, e Estados Unidos.

A origem deste idioma é obscura, e não existe nenhuma evidencia conclusiva provando onde exatamente se
originou. A quem diga que o idioma yorubá provém dos Egípcios, à centenas de anos atrás, evidenciados no fato
de que um vasto número de palavras yorubás ser bem parecidas com as Egípcias, porém realmente, não existe
nenhuma explicação formal de como surgiu o idioma na Nigéria.

Quem são os Yorubás

Os Yorubás são um dos mais importantes grupos étnicos da Nigéria, apreciam uma história e cultura muito rica.
Existem várias teorias sobre a origem do povo yorubá, estas informações se agrupam cuidadosamente nas
declarações via tradição oral.

Este povo parece ter se originado de Lamurudu, um dos reis de Mecca (na atual Arábia Saudita). Lamurudu teve
um filho chamado Oduduwa, que é amplamente conhecido como o fundador das tribos yorubás. Durante o
reinado de seu pai, Oduduwa era muito influente a atraiu vários seguidores, transformou as mesquitas, em
templos para a adoração de ídolos, com a ajuda de um sacerdote chamado Asara.

Asara teve um filho, Braima, que foi educado como muçulmano, e se ressentiu da adoração obrigada de ídolos.

Por influência de Oduduwa, todos os homens da cidade, eram ordenados em uma expedição de caça, que durava
três dias, em preparação para honra e culto de seus deuses. Braima aproveitou a oportunidade da ausência dos
homens e tomou a cidade. Ele destruiu tudo, inclusive os ídolos, deixando um machado no pescoço do ídolo
mais importante. Na volta da expedição, se deram com a cidade destruída, e foram atrás de Braima para queimá-
lo vivo. Neste momento começou uma revolta que desencadeou uma guerra civil.

Lamurudu foi morto e seus filhos expulsos de Mecca. Oduduwa e seus seguidores conseguiram escapar, com
dois ídolos, para Ilê Ifé (ainda ilê ifé na Nigéria moderna). Oduduwa e seus filhos juraram se vingar; mas
Oduduwa morreu em Ilê Ifé, antes de ser poderoso suficiente para lutar contra os muçulmanos de seu país. Seu
primogênito Okanbi, comulmente chamado de Idekoseroke, também morreu em Ilê Ifé. Oduduwa deixou sete
príncipes e princesas. Destes originaram-se várias tribos yorubás. A primeira era uma princesa que se casou com
um sacerdote e se tornou mãe de Olowu, que se tornou rei de Egbá. A segunda princesa se tornou mãe de
Alaketu, progenitor do povo de ketu; o terceiro se tornou rei do povo de Benin; o quarto Orangun, se tornou rei
de Ila; o quinto Onisabe, se tornou rei de Savé, e o sexto se tornou rei dos Popos. O sétimo e último a nascer era
Oranyan (Òrànmíyàn) (odede) , que se tornou progenitor dos yorubás; ele era o mais jovem, mas eventualmente
se tornou o mais rico. Ele construiu a cidade de Oyó Ajaka, hoje Oyó.

De Ilê Ifé, os descendentes de Oduduwa espalharam-se por outras zonas da região yorubá; entre os estados que
fundaram estão Ijesha (Ijexá), Ekiti e Ondo a leste; ketu, Sabe e Egbado a oeste; Oyó a norte, e Ijebu a sul.

Oranyan, fundou a dinastia de Oyó, que veio a ser o mais conhecido dos estados yorubás, em virtude de seu
domínio político-militar sobre grande parte do sudoeste da Nigéria e da área que é hoje a República de Benin.
Estas estruturas políticas e militares tem sido muitas vezes citadas como modelos de organização, onde figurava
o Alafin ou rei, considerado como um chefe cuja posição na terra era comparável à do ser Supremo no Paraíso. O
Alafin governava com a ajuda de seus poderosos conselheiros, os Oyó Mesi, que eram numericamente sete e que
tinham também a seu cargo a escolha do novo Alafin, de entre os filhos do rei anterior. O chefe dos Oyó Mesi, o
Basorun, tinha como funções às de chefe de estado e de conselheiro principal do Alafin, enquanto que o exército
de Oyó era chefiado durante uma guerra por um grupo de nobres conhecidos por Eso, o chefe dos quais era o
Are-Onakakanfo ou o generalíssimo do exército.

A Religião dos Yorubás

A religião tradicional yorubá envolve adoração e respeito a Olorun ou Olòdùmarè, o criador, dos Orixás e dos
antepassados, e cultuam 401 deidades; a maior parte desses Orixás são figuras antropomorfas, que também são
associadas com características naturais. As pessoas rezam e fazem sacrifícios, de acordo com suas necessidades e
situação. Cada divindade tem suas regras, ritos e sacrifícios próprios. Os yorubás rezam para os Orixás para
intervenção divina em suas vidas.
Olorun (o dono do céu), ou Olòdùmarè é o Deus supremo dos yorubás, ele é o criador, é invocado em benções e
em certas obrigações, mas nenhum santuário existe para ele, nenhum sacerdócio organizado.

Os yorubás, também, crêem que os antepassados interfiram diariamente nos eventos da terra. Em algumas
cidades são feitos, anualmente festivais, onde cada Egungun dança, e é festejado. Como já vimos os yorubás, são
um povo com uma cultura muito rica. Eles superaram muitos obstáculos para alcançar o ponto que estão hoje.
Sua cultura e história podem ser vista ao longo do mundo, especialmente as convicções religiosas, em outras
palavras, os yorubás são dos mais influentes povos do mundo.

Outra explicação que se faz a respeito do aparecimento das divindades seria que Oxalá ou Obatalá, deus da
criação instalou seu reino em Ifé, lugar sagrado dos yorubás. Fala-se que Obatalá tinha um irmão mais moço
chamado Oduduwa, que ambicionava executar as tarefas que Olòdùmarè confiou a Obatalá e, para tanto, fez um
ebó, contando com a colaboração de Esu (Exu), que armou uma cilada, provocando muita sede em Obatalá, que
se encontrava bastante cansado da viagem. Ao se aproximar de uma palmeira, usando seu cajado, furou a dita
palmeira e bebeu o emu ( vinho de palma) que jorrava. Exausto embriagou-se rapidamente e ali mesmo deitou e
adormeceu. Oduduwa que vinha de espreita na retaguarda, passou em sua frente, tornou-se fundador dos povos
yorubás.

Olodumare

Poucos sacerdotes falam de Olòdùmarè, pois não existe nenhum altar, nenhum assentamento dedicado a ele e
nenhum filho ou filha lhe é consagrado. A religião é parte essencial da cultura dos povos africanos, e acreditam
que Olòdùmarè seja o ser supremo, é o Obá Orum, rei do céu. É ele acima de tudo; onipresente, ele é Olorun
Alagbara, o Deus Poderoso.

Diz a mitologia yorubá que Olòdùmarè, junto com a criação do céu e da terra , trouxe para a existência as outras
divindades Orixás, para ajudar ele a administrar sua criação, e a importância de cada divindade depende da
posição dentro do panteão yorubá. Olòdùmarè é o Deus Supremo dos yorubás, merecedor de grande reverência ,
seu status de supremacia é absoluto.

Ele é onipotente - tão onipotente que para Olòdùmarè nada é impossível, ele é o rei cujos trabalhos são feitos
para perfeição.

Ele é imortal - olòdùmarè nunca morre, os yorubás crêem que seja inimaginável para Elemi (o dono da vida)
morrer.

Ele é Onisciente - Olòdùmarè sabe tudo, não existe nada que possa se esconder dele; ele é sábio, tudo está ao seu
alcance. Alguns estudiosos dizem que a religião yorubá, é a religião monoteísta mais antiga da humanidade.

Cronologia Real Yorubana

1 - Oduduwa
2 - Oranyan
3 - Ajaka
4 - Sango
5 - Ajaka
6 - Aganjú
7 - Kori
8 - Oluaso
9 - Onigbogi
0 - Ofiran
11 - Eguguojo
12 - Orompoto
13 - Ajiboyede
14 - Abipa
15 - Obalokun
16 - Oluodo
17 - Ajagbo
18 - Odarawu
19 - Kanran
20 - Jayin
21 - Ayibi
22 - Osiyago
23 - Ojigi
24 - Gberu
25 - Amuniwaiye
26 - Onisile
27 - Labisi
28 - Awonbioju
29 - Agboluaje
30 - Majeogbe
31 - Abiodun
32 - Awole Arogangan
33 - Adebo
34 - Maku
35 - Majotu
36 - Amodo
37 - Oluewu
38 - Atiba Atobatele
39 - Adelu
40 - Adeyemi eu Alowolodu

Nos dias de hoje, o rei (Obá ou Oòni) de Ilê Ifé, seria como o Papa negro, é o homem que representa toda cultura
negra iniciada por Oduduwa. É o líder espiritual da cultura yorubana, sua coroa representa a autoridade dos
Obás. Todos os demais Obás (reis) dependem e curvam-se a seus conselhos. Em seu palácio em Ilê Ifé estão
guardados os oráculos oficiais de Oduduwa, fundador de Ilê Ifé e bisavô de Xangô. Presume-se que Oduduwa
tenha vivido de 2.180 a 1800 A.C.

O Alafin de Oyó, (rei de oyó) é o líder político da cultura yorubana, na realidade é o líder dos yorubás. Senta no
mesmo trono que seu ancestral Xangô ocupou. Representa o poder ancestral dos conquistadores desta raça.

Nascimento dos Yorubás

Outra formalidade importante yorubá é o nascimento de uma pessoa. Dar nome a um filho envolve a
comunidade inteira, que participa dando boas vindas ao recém nascido, felicitando os pais e fazendo pedidos em
conjunto para que o filho tenha um futuro feliz e afortunado.

A família, primeiramente, escolhe o nome apropriado ao filho; o nome geralmente é escolhido de acordo com as
circunstancias do nascimento da criança, observando as tradições de família e até fenômenos naturais que
aconteceram em torno da nascimento do bebê. Depois do nome selecionado, o pai ou um parente mais velho
anuncia o dia de dar o nome que é chamado Ikomojade. Tradicionalmente, para meninos é um dia após o
nascimento, para meninas é no sétimo dia e para gêmeos de ambos os sexos, no oitavo dia de nascimento. Hoje
em dia a prática é feita no oitavo dia para todos os recém nascidos.

A cerimônia acontece ao ar livre, a criança deve estar com os pés descalços, e á a primeira vez que ela tem
contato com os pés na terra, é a primeira vez que o filho sai fora de casa. Todos os parentes e membros da
comunidade têm interesse em dar boas vindas ao recém nascido, cada pessoa trará dinheiro, roupas e outros
presentes tanto para o filho quanto para aos pais. As mulheres entregam os presentes à mãe e os homens dão os
presentes ao pai. Depois de todos os presentes à mãe entrega o filho a um ancião, que exercerá os rituais; é
apropriado que um velho ancião seja o primeiro a guiar o filho.

Tudo começa quando um jarro de água é jogado sobre o telhado, de forma que o recém nascido é seguro de
baixo e recebe no corpo a água que cairá de volta. Se o filho se manifesta gritando é considerado de bom sinal,
isto indica que ele veio para ficar. A água é o primeiro dos muitos itens cerimoniais, seu uso reflete a importância
do filho para a família. Após o filho ser borrifado com água o ancião sussurra o nome do recém nascido em seu
ouvido; e molha seu dedo na água e toca a fronte do bebê, e anuncia o nome escolhido em voz alta para que
todos ouçam. São colocadas as vasilhas contendo os ingredientes necessários para continuação da formalidade;
cada ingrediente tendo um significado especial. A primeira vasilha consiste em pimenta vermelha da qual o
ancião dá uma prova ao pequeno filho. A pimenta simboliza que o bebê será resoluto e terá comando acima das
forças da natureza. A pimenta então é distribuída para o gosto da assembléia inteira; depois da pimenta o recém
nascido experimenta água, significando a pureza de corpo e espírito, que o deixará livre das doenças; logo o
ancião oferece sal ao bebê, que simboliza a sabedoria, a inteligência; deseja-se que nunca lhe falte o sal, mas que
sua vida não seja salgada, que ele tenha felicidade e doçura na vida, que tenha uma vida sem amargura; depois é
oferecido óleo de palma (epô) que é tocado com os dedos nos lábios do bebê, num desejo de potência e saúde. O
filho então saboreia mel, e o ancião pede que ele seja tão doce quanto mel, para a família e para a comunidade,
que tenha felicidade. Depois é oferecido vinho, para que o filho tenha fartura e prosperidade na vida; e
finalmente o bebê recebe uma prova de noz de kola, simbolizando o desejo para boa fortuna do filho. O ancião,
ou particularmente o pai da criança, pode adicionar mais ingredientes para fazer parte da formalidade, pode ser
objetos que representam as divindades que a família cultua, como por exemplo se a deidade da família é Ogum,
o pai exige que uma faca ou espada seja usada na formalidade, e assim por diante.

O nascimento mais importante é de gêmeos (Ibejis), o nome do primeiro nascido será Táíwo, e o segundo a
nascer será chamado de Kéhìndé;

E o filho nascido depois de gêmeos será chamado de Idowu, este nascimento é cercado de superstições.

Depois do item final ser distribuído para a comunidade, começam as festividades, e todos comem e dançam
numa grande alegria que durará até a madrugada.

Os Yorubás e a morte

Os yorubás e muitos outros grupos africanos acreditam que a vida e a morte alternam-se em ciclos, de tal modo
que o morto volta ao mundo dos vivos, reencarnado-se num novo membro da própria família. São muitos os
nomes yorubás que exprimem exatamente esse retorno, como Babatundê, que quer dizer "o pai renasceu".

Para os yorubás, o mundo em que vivem os seres humanos em contato com a natureza, chama-se de aiê, e um
mundo sobrenatural, onde estão os Orixás, outras divindades e espíritos, é chamado de orum. Quando alguém
morre, seu espírito ou parte dele vai para o orum, de onde pode retornar ao aiê nascendo de novo.

Alguns espíritos são cultuados e se manifestam nos festivais de egungum no corpo de sacerdotes que se dedicam
a esta parte do ritual africano, comandados pelo sacerdote chefe chamado Babansìkù; nesta ocasião transitam
entre os humanos, julgando suas faltas, dando conselhos e resolvendo contendas e pendências de interesse da
comunidade. Assim como a sociedade egungum cultua os antepassados masculinos do grupo, outra sociedade de
mascarados, a sociedade Gèlédé, se dedica a homenagear as mães ancestrais (as Iya Nla).

Na concepção yorubá, existe a idéia do corpo material, que chamam de ara, o qual se decompõe com a morte e é
reintegrado a natureza, por este motivo os sacerdotes antigos não gostavam da idéia de serem enterrados, pós-
morte, em outro lugar a não ser direto na terra. A parte espiritual é formada de várias unidades reunidas: 1º emi
essência vital de cada pessoa que independe de seu corpo físico e que sobrevive a morte deste, 2º o ori que é a
personalidade-destino, espécie de portão espiritual para o culto, é no ori que reside a força principal de captação
e re-emissão do axé, é nesta região que se determina qualquer tipo de comportamento, onde se pode reproduzir o
conjunto de atitudes que correspondem às características psicológicas de um orixá. É conseqüentemente no ori
que se manifesta o dupo que cada pessoa possui na natureza, o seu tipo de comportamental cujas características
advêm da humanização de uma energia da natureza. 3º Elemi ou Eledá, a identidade sobrenatural ou identidade
de origem que liga a pessoa à natureza, ou seja, o Orixá pessoal e 4º o espírito propriamente dito ou egum. Cada
parte destas precisa ser integrada no todo que forma a pessoa durante a vida, tendo cada um destino diferente
após a morte. O emi, sopro vital que vem de Olorum, que está representado pela respiração, abandona o corpo
material na hora da morte, sendo reincorporado à massa coletiva que contém o principio genérico e inesgotável
da vida, força vital cósmica do deus-primordial Olódùmarè. O emi nunca se perde e é constantemente
reutilizado. O ori, que nós chamamos de cabeça e que contém a individualidade e o destino, desaparece com a
morte, pois é único e pessoal, de modo que ninguém herda o destino do outro. Cada vida será diferente, mesmo
com a reencarnação. O orixá individual, que define a origem mítica de cada pessoa, retorna com a morte ao
Orixá geral, do qual faz parte. Finalmente o egum, que é a própria memória do vivo em sua passagem pelo aiê,
vai para o Orum, podendo daí retornar, renascendo no seio da própria família biológica. No caso do egum, os
vivos podem cultuar sua memória, que pode ser invocada através de um altar ou assentamento, assim como se
faz para os Orixás ou outras entidades espirituais. Sacrifícios votivos são oferecidos ao egum que integra a
linhagem dos ancestrais da família ou da comunidade mais ampla. Representam as raízes daquele grupo.

Na religião de origem africana, a morte de um iniciado implica na realização de rituais funerários. O rito fúnebre
é denominado èrìsún (erissum) no Batuque do rio Grande do Sul, tendo como principal fim, despachar o egum
do morto, para que ele deixe o mundo terreno e vá para o mundo espiritual. Como cada iniciado passa por ritos e
etapas iniciativas ao longo de toda a vida, os ritos funerários serão tão mais complexos quanto mais tempo de
iniciação o morto tiver. O rito funerário é, pois, o desfazer de laços e compromissos e a liberação das partes
espirituais que constituem a pessoa, nesta cerimônia. os objetos sagrados do morto são desfeitos, desagregados,
quebrados, partidos e despachados, cortando qualquer possibilidade de vínculo do egum com o mundo terreno .
Nestas obrigações, há cantos específicos e danças , sacrifícios e oferendas variadas ao egum e os Orixás ligados
ritualmente ao morto, várias divindades participam ativamente do rito funerário através de transe. Nos rituais
funerários da nação Ijexá, costuma-se velar o corpo em casa, ou seja, no terreiro, onde há toques de tambores,
danças e cantigas apropriadas. A primeira providencia a ser tomada pós-morte é despachar os Barás que
pertenciam ao irúmòle do falecido. O ponto culminante do rito, é o èrìssùn, que acontece no sétimo dia. Estes
rituais variam de terreiro para terreiro, de nação para nação.

A Fé

Esta é a parte mais importante na feitura de qualquer trabalho, seja este para amor, negócios ou saúde, tem os
que fazer com muita fé, confiar no poder dos Orixás, fazer com o coração aberto, sem dúvidas da resposta; A fé é
"meio trabalho", muitas vezes não precisa grandes oferendas, damos uma vela com fé e recebemos a graça
desejada, é claro que em seguida damos uma oferta maior para agradecer os Orixás, nós precisamos desta força
interior. E há casos em que desejamos determinados acontecimentos, e o objetivo não é alcançado, neste caso,
não devemos ficar irados com os Orixás, nem sempre aquilo que queremos servirá para nos fazer feliz, pode ser
bem ao contrario, não devemos perder tempo com ilusões, só virá até nossas mãos aquilo que merecemos, eles
não nos darão um fardo maior do que possamos carregar.

Todos sacerdotes de Orixá, também precisam se descarregar, de vez enquanto fazer uma boa limpeza, uma boa
descarga para clarear a aura, os que vivem para ajudar, também precisam de ajuda, e seria melhor cultuada e
preservada a nossa religião se estes que ainda detem um pouco da sabedoria dos cultos, passassem a diante, é tão
bom quando se precisa de auxilio e ele esta próximo, se não passarmos os segredos do culto, como ficará no
futuro a nossa raiz?, já perdemos muito e o que resta tem que ter continuidade, peço aos meus irmãos de culto
que pensem nisto, não querer ensinar é egoísmo, se recebemos podemos dar, claro que temos que ver para quem
estamos passando os rituais sagrados dos Orixás, não dá para entregar na mão de qualquer um, mas, se olharmos
a nossa volta sempre terá um ou outro que seguirá a risca o que lhe for delegado, os Orixás sempre irão por
descendência na religião, porém, ninguém nasce sabendo.

Falando ainda na preservação dos cultos, tem muito pai e mãe de santo perdido, acham que sabem tudo, e as
vezes se deparam com situações difíceis, e não sabem para que lado correr, por que será? É por que não
perguntam quando tem dúvidas, não querem ser humildes e pedir explicações para quem sabe, acabam fazendo
errado aquilo que seria tão prático, pedir auxílio; o médico quando não tem certeza do que fazer, num caso raro,
pede ajuda de seus companheiros, fazem uma junta médica, e isto está faltando no culto, nós vamos morrer e não
vamos ver tudo, não vamos saber de tudo, sempre tem um que sabe um pouco mais. Tem sacerdote aí que só
quer aprender a fazer maldade, fazem mil assentamentos desnecessários, não se contentam só com Orixás que
devem fazer parte da sua feitura, querem ter "coisas" que nem pertencem a sua raiz (sua nação religiosa), estes
sempre acabam sem saída, temos que compreender que, o que é nosso ninguém nos tira, não é tendo um
"cemitério" em casa que me fará seguro; sempre tem uma arma para "matar" uma pomba voadora, e muitas
vezes só com nossos humildes "santinhos", conseguimos dar largos passos.
SETE LINHAS EXÚ GUARDIÃO

SIGNIFICADO DO NOME

OXALÁ

SETE ENCRUZILHADAS
Representa os diversos caminhos abertos em nossas vidas; representa ainda o livre-arbítrio professado na religião
de Umbanda e conseqüentemente nossa liberdade na escolha de nosso próprio caminho.

IEMANJÁ E NANÃ

MARABÔ
MA: Verdadeiramente
RA: envolver
ABÔ: proteção
Aquele que envolveu perfeitamente com sua proteção ou Salve aquele cuja força protege

OMOLU

CAVEIRA
Representa nossa mais profunda transformação, aquela onde nossa parte material já se encontra em profunda
degradação e, no entanto, nossa alma permanece em evolução.

OXOSSI E OSSÃE

SETE CAPAS
Representa o momento de transição final; é o Exú da hora da passagem; responsável pelo corte do cordão
fluídico no momento final dos filhos de Umbanda.

XANGÔ E IANSÃ

TIRIRI
TI: com grande força
RIRI: valor e mérito.
Aquele que protege com grande força aos que tem valor e mérito.

OXUM E OXUMARÉ

VELUDO
Representa a doçura, a delicadeza mas também a força, a resistência. Representa ainda a riqueza material e
espiritual trazidas pela Linha à qual serve.

OGUM E IBEJI

TRANCA-RUAS Representa um grande poder de defesa para aqueles que a ele se dirigem; defesa contra
aqueles que nos desejam o mal, contra nós mesmos e contra aqueles pensamentos e ações que tendem a impedir
nossa evolução.
JEJE IJEJA

Colores de guías y lo que comen los orixas son los siguientes

BARA: rojo / chivo


OSSANHA: verde y amarillo o verde y blanco / chivo

XANGO: blanco y rojo / carnero


OIA: marron o rojo y blanco / chiva

OXALA: blanco o blanco y negro / chiva


OBA: naranja o rosa / chiva
XAPANA: violeta / carnero

OGUM: verde / chivo


ODE-OTIM: azul y blanco - azul y naranja / chancho

IEMANJA: celeste / oveja (si es cabeza) pata (si es complemento)


IBEJIS: todos los colores / gallos y gallinas

OXUM: amarillo / chiva

Además, las cabezas no se comparten en obligación , pero sí los complementos. Se comparten entre los paes y
entre los filhos.

BARA - OGUM - OSSANHA


Xangó - XAPANA
OXUM - OXALA
OIA - OBA
VOCABULARIO YORUBANO Okan = coração.
Abô-agutam = ovelha.
" Vocabulário Yorubá " Eigiká = ombros.
Algumas palavras mais utilizadas Oguri = peixe.
obs: a grafia está em português e não Obó = nádegas.
em ioruba. Eiyele = pombo.
Akô = macho.
Animais Alodé = periquito.
Corpo Humano Abam = fêmea.
Ohá e Dudô = macaco.
Abô e Oubikó = carneiro Mulembu = dedo.
Ará = corpo.
Coquém e Sacuê = galinha d'angola. Rivenum = barriga.
Ory = cabeça.
Adié = galinha.
Ipakó = nuca. Utensílios Família
Uabaodié = galinha, galo.
Etu = orelha. Ilê = casa.
Malu = boi.
Imum = nariz. Ajaké e Tapacê = mesa.
Aban-malu = vaca.
Iban = queixo. Jajá = esteira.
Ifé e Olofu = gato.
Irun = cabelo. Egui = carvão.
Akokorô = galo.
Irun-ban = barba e bigode. Nlê = teto.
Pekeié e Apepeié = pato.
Efin = dente. Anda = rede.
Exie atabexi = cavalo.
Eeté = lábios. Tainguém = mesa.
Patapá = burro.
Apá = braço. Tânta-laiá = lâmpada, luz, clarão.
Ajaú e Adiaia = cachorro
Qué = mão. Jará = quarto.
Eran e Abô = carneiro.
Esse e Alessé = pé. Aputi = banco.
Aledá e Ledé = porco.
Itankó = coxas. Ilê-ageun = cozinha.
Agutan = ovelha.
Idi-cu = ânus. Cumbaú = cama.
Euré = cabra.
Kitaba e Ebeu = vagina. Idiôçu = cadeira.
Taleu-taleu = peru.
Éepã = testículo. Ajeké-neulune = fogão.
Ajapá e Logozé = cágado.
Ogungum = osso. Teçu = candieiro de querosene.
Adjiniju = elefante.
Enum = boca. Odu-ikekê = panela grande.
Ouê-êyá = rabo grande.
Erã e Ancê = carne. Itá = travessa, tigela de louça
Koji = leão. vidrada.
Ejé = Sangue.
Zamba = elefante. Obé-farÁ = faca tridente ou garfo
Euú e oju = olhos. tridente ou lança tridente.
Xenimi e xenifidam = sapo.
Ikkô = panela. Ubatá = sapato.
Outros Vocabulários da Língua
Obé = faca. Abatá e batá = sapatos. Yorubá

Oberó = alguidar. Filá = gorro, capuz de Obaluayê. -A-

Obé-nuxo-inxó = faca de ponta. Akêtê = chapéu. Adó = comida feita com pipocas em
grão e epô.
Babá-nla = avó, patriarca. Ojá = fita, faixa.
Abá = pessoa idosa, velho.
Babassá = irmão gêmeo.
Peké-pe'é = chapéu-de-sol. Abadá = blusão usado pelos homens
Aua-mete = tio. africanos.
Axó-dudu = roupa suja.
Okorim = esposo, marido. Abadó = milho de galinha.
Abadê = toalha.
Yá-lé = mulher favorita. Abará = nome de uma comida de
origem africana.
Dudu = preto
Omâm omoborim = filho.
Abébé = leque.
Fin-fun, mandulé = embombo e puti-
Babá = pai. branco.
Abiodum = um dos Obá da direita de
Xangô.
Bi-egun = viúva. Obádo = verde.

Adê = coroa.
Okebiã = noivo. Eivikei = vermelho.

Adetá = Oriki, nome sacerdotal.


Obirim = esposa, mulher. Okâm = azul.

Adun = comida de Oxun, milho


Mô-obirim e obirim-mim = minha Mucumbe = roxo.
pilado, azeite dendê e mel.
mulher.
Kiobambo = amarelo.
Afonjá = uma qualidade de Xangô.
Exi omobirim = filha.
Agboulá = nome de um Egun.
Ya-nla = avó. Bebidas Bebidas
Agôgô = instrumento musical feito
Muturi = viúva. Omim = água. de ferro.

Yá = mãe. Otin-nibé = cerveja. Ayabá = orixá feminino, senhora


idosa.
Ikobassu = solteiro. Otin-dudu = vinho tinto.
Aiê = o mundo terrestre.
Oko-Okorim = homem. Otin-fum-fum = aguardente.
Airá = uma qualidade de Xangô.
Ô-madê = menino. Oin = mel
Ajá = campainha, sino.
Tata-mete = primo. Aluá = Brasil, refresco feito de
rapadura com casca de abacaxi ou Ajimudá = título sacerdotal.
Okuamuri = casado. tamarindo.
Akôrô = uma das invocações e dos
Xeketé = milho e gengibre. nomes de Ogun.
Vestuário
Cores emeium = feito com epô. Aku = obrigação funerária.

Axó = roupa. furá = feito com diversas frutas. akukó = galo.


Alá = espécie de pano branco. Ajé = sangue.
Axogun = o encarregado dos
Alabá = nome de um sacerdote do sacrifícios. Ajeun = comida.
culto aos ancestrais.
A-ian-madê = como vão os meninos? Aguxó = espécie de legumes.
Alabê = tocadores de atabaque.
Adupé-lewô-olorun = graças a Deus -B-
Alafiá = felicidade; tudo de bom. por ter conservado minha vida e a
minha saúde até hoje. Babá = pai.
Alafin = invocação de Xangô: nome
do rei de Oió - Nigéria. Alabaxé = o que põe e dispões de Babalaô = sacerdote, pai do
tudo. ministério, aquele que faz consultas
Alapini = nome sacerdotal do culto através do jogo.
aos ancestrais. Alayê = possuidor da vida.
Badá = título sacerdotal.
Alasê = cozinheira. Axé = força espiritual e também a
palavra amém. Baiani = orixá considerada mãe de
Alé = noite. Xangô.
Ayê = céu.
Apaoká = uma jaqueira que tem esse Balé = chefe de comunidade.
nome no Axé Opô Afonjá. Agô = licença.
Balué = Banheiro.
Aramefá = conselho de Oxossi, Am-nó = o misericordioso.
composto de seis pessoas. Bamboxê = sacerdote do culto de
Aba-laxé-di = cerimônia da feitura Xangô.
Aré = nome do primeiro Obá de do santo.
Xangô. Bé = pular, pedir.
Axexê = cerimônia fúnebre do
Ararekolê = como vai? sétimo dia. Beji = orixá dos gêmeos.

Aressá = um dos Obá da esquerda de Amadossi d'Orixá = cerimônia do dia Bi = nascer, perguntar.
Xangô. do santo dar o nome.
Bibá = está aceito.
Ariaxé = banho na fonte no início Amacy no ori = cerimônia de lavar a
das obrigações. cabeça com ervas sagradas.
Bibé = está seco.

Arô = nome que se dá ao par de Aiê = terra, festa do ano novo.


Biuá = nasceu para nós.
chifres de boi usado p/ chamar
Oxossi. Ataré = pimenta da costa.
Biyi = nasceu aqui, agora.
Arôlu = nome de um dos Obá da Amalá = comida feita de quiabo com
direita de Xangô. ebá - angú de farinha. Bó = adorar

Assobá = sumo sacerdote do culto de Abará = bolo feito com feijão e frito Bô = cobrir.
Obaluaiyê. no epô.
Bobô = todos.
Ati = e (conjunção). Akará = bolo feito com feijão
Atori = vara pequena usada no culto fradinho, pimenta, camarão seco e Bodê = estar fora.
de Oxalá. frito no epô.
Bóri = oferenda a cabeça.
Auá = nós. Akarajé = o mesmo que o Akará.
Borogun = Oriki, aquele que adora
Anon = eles. Afurá = bolo feito com arroz. Ogun, saudação da família.
Ambrozó = feito de farinha de milho.
Axedá = oriki, nome sacerdotal. -D-
Abân = coco.
Axo = roupa. Dagan = titulo sacerdotal.
Dagô = dê licença. Éran = carne. Ibô = mato.

Dê = chegar. Êrê = as esculturas do orixá beji (dos Iemanjá = orixá patrono das águas
gêmeos). correntes.
Deiyi = chegou agora.
Eru = carrego. Ijexá = nome de uma região da
Dodô = banana da terra frita. Nigéria e de um toque para orixá
Oxum, Oxála e Ogun.
Durô = esperar.
Erúkéré = emblema feito com cabelo Iká = modo de deitar-se das pessoas
de animais, usado por Oxossi, Oyá, de orixá feminino, para saudação.
-E-
Egun e pessoas importantes do culto.
Iku = morte.
Ebá = pirão de farinha de mandioca
ou inhame. Etu = conquém.
Ilê = casa.
Ebé = sociedade. Euá = nome de um orixá.
Ilé = terra.
Ebô = comida feita de milho branco, Exu = nome de um importante orixá
especial para Oxalá. erradamente associado ao diabo Inã = fogo.
católico.
Ebo = sacrifício ou oferenda. Ipeté = inhame cozido, pisado,
-F- temperado com camarão seco, sal,
azeite de dendê e cebola.
Edun = nome próprio.
Fatumbi = título de um sacerdote de
ifá. Irê = bondade.
Egun = espírito ancestral.

Filá = gorro. Iuindejà = título sacerdotal.


Eie = pombo.

Fun = dar. Iuintonã = título sacerdotal.


Ejé = sangue.

Funké = nome sarcedotal. Ixu = inhame.


Ejilaeborá = nome que se dá às doze
qualidades de Xangô.
-G- Iyá = mãe.
Ejionilé = nome de um Odu, jogo do
orixá ifá. Gan = outro nome do agogô. Iyabasé = cozinheira.

Ekó = comida feita com milho -I- Iyalaxé = mãe do axé do terreiro.
branco ou de galinha; acaça.
Iangui = nome do rei dos Exu. Iyalodé = um alto título, líder entre
Eku = preá. as mulheres.
Ianlé = as partes da comida que são
Elebó = aquele que faz o sacrifício. oferecidas ao orixá. Iyalorixá = Zeladora do culto, mãe
do orixá.
Eledá = orixá, guia, criador da Iansan = orixá patrono dos ventos,
pessoa. do rio Niger e dos relâmpagos. Iyamasê = orixá da casa de Xangô.

Elemaxó = título de um sacerdote no Ibá = cuia. Iyamorô = título de uma sacerdotisa


culto de Oxalá. do templo de Obaluaiyê.
Ibi = aqui.
Elerin = um dos Obá da esquerda de Iyaô = nome dos iniciados antes de
Xangô. ibiri = objeto de mão, usado pela sete anos de iniciação.
orixá Nanã, feito em palha, couro e
Elessé = que está aos pés, seguidor. contas. -J-

Êpa = amendoim. Ibó = lugar de adoração. Ji = despertar


Logun = pessoa que pertença ao Odé = caçador; nome que também é
Jinsi = título sacerdotal. orixá Ogun. dado ao orixá Oxossi.

Jô = dançar. Logunedé = nome de um orixá. Odi = nome de um odu, jogo de ifá.

Jobi = título sacerdotal. Loná = no caminho. Odô = rio.

Joé = aquele que possui título. -M- Odófin = nome de um dos obá da
direita de Xango.
-K- Mariô = tala do olho do dendezeiro
desfiada. Odu = a posição em que caem os
Kaiodé = nome de uma sacerdotisa búzios ou o opelé ifá quando
de Oxossi. Modê = cheguei. consultados.

Kan = um (número cardinal). Mogbá = título de um sacerdote do Oduduá = orixá criador da terra.
culto de Xangô.
Kankanfô = um dos obá da direita de Ofun = nome de um odu.
Xangô. Mojubá = apresentando meu humilde
respeito. Ogã ou Ogan = nome dos homens
Kefá = sexto número ordinal. escolhidos p/ participar do terreiro.
-N-
Kejilá = décimo segundo ( numero Ogodô = uma qualidade de Xangô.
ordinal ). Nanã = nome da orixá, mãe de
Obaluaiyê. Oguê = instrumento de percussão
Kekerê = pequeno. feito de chifres de boi.
Nilê = na casa.
Ketà = terceiro (nº. ordinal ). Ogun = orixá patrono do ferro, do
-O- desbravamento e da guerra.
Kolabá = nome de uma sacerdotisa
do culto de Xangô. Obá = rei , ministro de xangô. Oin = mel.

Kopanijê = um toque especial do Obaluaiyê = nome do orixá patrono Oiakebê = nome de uma sacerdotisa
orixá Obaluaiyê. das doenças epidêmicas. de Iansan.

Koxerê = que seja feliz, e que tudo Obarayi = nome de uma sacerdotisa Ojá = ornamento feito com tira de
de bom aconteça. filha de Xangô. pano.

Labá = bolsa de couro usada no culto Obatalá = uma qualidade de Oxalá. Ojé = sacerdote do culto de Egun ou
de Xangô. Egungun.
Obatelá = nome de um dos obá da
- L- direita de Xangô. Ojó = dia da semana.

Lara = no corpo. Obaxorun = nome de um dos obá da Oju = rosto.


esquerda de Xangô.
Lê = forte. Ojubó = lugar de adoração.
Obi = fruto africano utilizado nos
Lessé = aos pés ( lessé orixá - rítuais. Oké = título sacerdotal.
seguidores do orixá ).
Obitikô = Xangô. Okê-Arô = saudação para Oxossi.
Ló = ir.
Oburô = alto título da hierarquia do Okó = marido.
Lodê = lado de fora; lá fora. culto.
Okô = roça, fazenda.
Lodô = no rio. Odê = fora, rua.
Okunlé = ajoelhar-se.
Olelé = bolo feito com feijão Orô = preceito, costume tradicional.
fradinho; abará. Pepelê = banco.
Orobô = fruta africana que se oferece
Olodê = o senhor da rua, do espaço, a Xangô. Peté = Comida exclusiva de Oxun.
de fora.
Orukó = nome próprio.
Olorôgun = festa de encerramento do
terreiro antes da quaresma. -S-
Ossãin = orixá patrono das ervas
(folhas).
Olorum = entidade suprema, força Sarapebé = mensageiro.
maior, que está acima de todos os Osé = semana; rito semanal.
orixá. Si = para.

Ossi = esquerda, ou a terceira pessoa Sòrò = falar.


Olouô = homem rico; senhor do de um cargo.
dinheiro.
Ossá = nome de um odu ifá Sun = dormir.
Oluá = senhor.
Otin = aguardente. Tanã = vela, lâmpada, fifo.
Oluayê = senhor do mundo
Otun = direita, ou segunda pessoa de Teni = nome sacerdotal.
Olubajé = cerimônia onde Obaluaiyê um cargo.
reparte sua comida com seus filhos e
seguidores. Tô = suficiente, basta.
Ouô = dinheiro.

Olukotun = o nome do ancestral Uá = vir.


Oxaguiã = uma qualidade de Oxalá
mais velho, cabeça do culto de Egun.
relacionado com o inhame novo. Umbó = está vindo, está chegando.
Oluô = o olhador, o que joga os
Oxalá = o mais respeitado, o pai de Unjé = comida.
búzios e o opelé ifá.
todos orixá.

Omi = água. Uô = olhar, reparar.


Oxalufã = ums qualidade de Oxalá;
Oxalá velho.
Omo = filho, criança. Xangô = orixá relacionado com o
fogo, o raio o trovão.
Oxé = sabão da costa africana.
Omolu = um dos nomme de
Obaluaiyê. Xaorô = pequenos guizos
Oxossi = orixá patrono da floresta e
Xarará = emblema do orixá
da caça.
Omõrixá = filho de orixá. Obaluaiyê.

Oxoxö = milho cozido com pedaços


Onã = caminho. Xê = fazer.
de coco; comida do orixá Ogun.

Onãsokun = um dos obá da esquerda Xekeré = cabaça revestida com


Oxum = uma das orixá das águas.
de Xangô. contas de Santa Maria ou búzios.

Oxumarê = nome do orixá


Onìkòyi = um dos obá da esquerda Xerê = chocalho especial para saudar
relacionado ao arco-íris.
de Xangô. Xangô, em cabaça com cabo ou em
cobre.
- P-
Onilé = dona da terra.
Xirê = festa, brincadeira.
Pá = matar.
Onilê = dona da casa.
Xokotô = calças.
Padê = encontrar.
Opaxorô = emblema de Oxalá.
Xorô = fazer ritual
Pê = chamar. .
Opô = pilastra.
Peji = altar.
Ori = cabeça.
Pelebé = pato.

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