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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: O preconceito linguístico e seus efeitos em discussão no Brasil

Introdução: Parágrafo introdutório apresenta bem o tema, o expõe de forma clara, mas não
explicita tese. Uma dica: é interessante que se coloque como fechamento da introdução uma
miniproposta, como a iniciada por “com efeito

Desenvolvimento I: Os recursos coesivos são responsáveis por conferir fluidez ao texto e facilitar
seu entendimento. No parágrafo acima, eles são escassos.

1 Arte da Gramática da Língua mais usada no Brasil” é o nome da tentativa de


2 Padre Antônio Vieira de codificar a língua a fala da colônia, advinda da fusão do Portu-
3 guês e das línguas nativas. Sob essa perspectiva, infere-se que o trabalho do jesuíta não
4 se ateve puramente à realidade linguística, uma vez que a descrição dialetal ocorreu,
5 mas sob as luzes de normas europeias. Assim, a prevalência de determinada corrente
6 em detrimento de outra é uma realidade cristalizada na história do país, acarretando
7 impactos na sociedade. Com efeito, o Estado, por intermédio de instituições sociais, deve
8 promover ações a fim de que se atenue a segregação causada pela realização do registro
9 oral.
10 Impende ressaltar que o assédio linguístico é incondizente com a história da lín-
11 gua Portuguesa. Isso se deve ao fato de que o português advém do latim vulgar – moda-
12 lidade popular do idioma matriz. Negar as variações linguísticas correntes é a tentativa
13 frustrada e purista de negar o fato: a língua é viva e passível de mudança, tal qual seus
14 falantes. É importante lembrar que cada variante possui características intrínsecas e isso
15 é patrimônio cultural de determinado grupo, logo, discriminar algumas formas de rea-
16 lização configura etnocentrismo e falta de conhecimento da história de um país. Diante
17 disso, ficam evidentes a inconsistência do preconceito e a necessidade de proposição de
18 políticas públicas a fim de que se erradique essa problemática.
19 É necessário aceitar que o prestígio da norma culta é ferramenta eficaz para a
20 manutenção da segregação social. Sob esse prisma, é correto afirmar que sujeitos com
21 maior escolaridade e maior poder aquisitivo, por exemplo, sobressaem-se em detri-
22 mento daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades, reforçando, assim, a lógica
23 meritocrática. Segundo Bechara – membro emérito da Academia Brasileira de Letras
24 – cada qual deve ser poliglota em sua própria língua, isto é, não é necessário pensar em
25 correções ou incorreções gramaticais, mas em adequação às situações de fala.
26 Impende, contudo, que o preconceito seja encarado como um ponto que requer
27 atenção. Cabe ao MEC ações que reformulem os cursos de letras nas instituições de en-
28 sino superior no país. Ainda ao mesmo órgão em conjunto com a mídia cabe a descen-
29 tralização da variante metropolitana em horário nobre ou em situações importantes e
30 de repercussão nacional, como por exemplo os telejornais, contemplando a diversidade.

Desenvolvimento II: No parágrafo acima, falta um conectivo que o introduza, bem como um
fechamento da ideia: elementos imprescindíveis para a progressão textual.

Conclusão: A proposta interventiva deve apresentar: o agente interventor, a ação interventiva, o meio da ação, a finali-
dade da ação e um detalhamento. O parágrafo acima mostra apenas os agentes e as ações. Além disso, há a confusão
do conectivo “contudo”, que indica ADVERSIDADE e não conclusão.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: O preconceito linguístico e seus efeitos em discussão no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 “Arte da Gramática da Língua mais usada no Brasil” é o nome da tentativa de Padre Antônio Vieira de

2 codificar a língua a fala da colônia, advinda da fusão do Português e das línguas nativas. Sob essa perspectiva,

3 infere-se que o trabalho do jesuíta não se ateve puramente à realidade linguística, uma vez que a descrição dialetal
4 ocorreu, mas sob as luzes de normas europeias. Assim, a prevalência de determinada corrente em detrimento
5 de outra é uma realidade cristalizada na história do país, acarretando impactos na sociedade. Portanto, não é
6 aceitável que a questão do preconceito linguístico continue sendo tratada com descaso. Com efeito, o Estado, por

7 intermédio de instituições sociais, deve promover ações a fim de que se atenue a segregação causada pela realiza-

8 ção do registro oral.

9 A priori, vale ressaltar que o assédio linguístico é incondizente com a história do idioma lusitano. Isso se
10 deve ao fato de que o português advém do latim vulgar – modalidade popular do idioma matriz. Por isso, negar
11 as variações linguísticas correntes é a tentativa frustrada e purista de negar o fato: a língua é viva e passível de
12 mudança, tal qual seus falantes. Além disso, é importante lembrar que cada variante possui características intrín-
13 secas e isso é patrimônio cultural de determinado grupo, logo, discriminar algumas formas de realização configura
14 etnocentrismo e falta de conhecimento da história de um país. Diante disso, ficam evidentes a inconsistência do
15 preconceito e a necessidade de proposição de políticas públicas a fim de que se erradique essa problemática.
16 Somado a isso, é necessário aceitar que o prestígio de norma culta é ferramenta eficaz para a manutenção
17 da segregação social. Sob esse prisma é correto afirmar que sujeitos com maior escolaridade e maior poder aquisi-
18 tivo, por exemplo, sobressaem-se em detrimento daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades, reforçando,
19 assim, a lógica meritocrática. Segundo Bechara – membro emérito da Academia Brasileira de Letras – cada qual
20 deve ser poliglota em sua própria língua, isto é, não é necessário pensar em correções ou incorreções gramaticais,
21 mas em adequação às situações de fala. De certo, essa problemática reflete os erros das gestões públicas em relação
22 aos temas educacionais e por isso, é imprescindível que as autoridades tomem atitudes cabíveis para estancar esse
23 impasse.
24 Impende, portanto, que o preconceito seja encarado como um ponto que requer atenção. Cabe ao MEC
25 ações que reformulem os cursos de letras nas instituições de ensino superior no país, atuando na conscientização
26 dos corpos docente e discente para que não falem sobre o assunto apenas, mas o destrinchem a fim de formar
27 alunos que respeitem os variados registros. Ainda ao mesmo órgão em conjunto com a mídia cabe a descentrali-
28 zação da variante metropolitana em horário nobre ou em situações importantes e de repercussão nacional, como
29 por exemplo os telejornais, contemplando a diversidade, para que a maioria dos brasileiros seja representada. Só
30 assim todos aprenderão a ser poliglotas em português.

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