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Duzentos anos atrás, antes do advento do capitalismo, o status social de um

homem permanecia inalterado do princípio ao fim de sua existência: era


herdado dos seus ancestrais e nunca mudava. Se nascesse pobre, pobre seria
para sempre; se rico – lorde ou duque –, manteria seu ducado, e a propriedade
que o acompanhava, pelo resto dos seus dias.
Contudo, a população rural se expandiu e passou a haver um excesso de
gente no campo. Os membros dessa população excedente, sem terras
herdadas ou bens, careciam de ocupação. Também não lhes era possível
trabalhar nas indústrias de beneficiamento, cujo acesso lhes era vedado pelos
reis das cidades. O número desses “párias” crescia incessantemente, sem que
todavia ninguém soubesse o que fazer com eles. Eram, no pleno sentido da
palavra, “proletários”, e ao governo só restava interná-los em asilos ou casas
de correção. Em algumas regiões da Europa, sobretudo nos Países Baixos e
na Inglaterra, essa população tornou-se tão numerosa que, no século XVIII,
constituía uma verdadeira ameaça à preservação do sistema social vigente.
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O desenvolvimento do capitalismo consiste em que cada homem tem o direito
de servir melhor e/ou mais barato o seu cliente. E, num tempo relativamente
curto, esse método, esse princípio, transformou a face do mundo,
possibilitando um crescimento sem precedentes da população mundial.
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Obviamente, do nosso ponto de vista, o padrão de vida dos trabalhadores era
extremamente baixo. Mas, se as condições de vida nos primórdios do
capitalismo eram absolutamente escandalosas, não era porque as recém-
criadas indústrias capitalistas estivessem prejudicando os trabalhadores: as
pessoas contratadas pelas fábricas já subsistiam antes em condições
praticamente subumanas.
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A velha história, repetida centenas de vezes, de que as fábricas empregavam
mulheres e crianças que, antes de trabalharem nessas fábricas, viviam em
condições satisfatórias, é um dos maiores embustes da história. As mães que
trabalhavam nas fábricas não tinham o que cozinhar: não abandonavam seus
lares e suas cozinhas para se dirigir às fábricas – corriam a elas porque não
tinham cozinhas e, ainda que as tivessem, não tinham comida para nelas
cozinharem. E as crianças não provinham de um ambiente confortável:
estavam famintas, estavam morrendo.
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O intervencionismo
Diz uma frase famosa, muito citada: “O melhor governo é o que menos
governa”. Esta não me parece uma caracterização adequada das funções de
um bom governo. Compete a ele fazer todas as coisas para as quais ele é
necessário e para as quais foi instituído. Tem o dever de proteger as pessoas
dentro do país contra as investidas violentas e fraudulentas de bandidos, bem
como de defender o país contra inimigos externos. São estas as funções do
governo num sistema livre, no sistema da economia de mercado.

Que é o intervencionismo? O intervencionismo significa a não-restrição, por


parte do governo, de sua atividade, em relação à preservação da ordem, ou –
como se costumava dizer cem anos atrás – em relação à “produção da
segurança”. O intervencionismo revela um governo desejoso de fazer mais.
Desejoso de interferir nos fenômenos de mercado.

Inflação
Quando, no século XVI, as reservas de ouro e prata da América foram
descobertas e exploradas, enormes quantidades desses metais preciosos
foram transportadas para a Europa. A consequência desse aumento da
quantidade de moeda foi uma tendência geral à elevação dos preços. Do
mesmo modo, quando, em nossos dias, um governo aumenta a quantidade de
papel-moeda, a consequência é a queda progressiva do poder de compra da
unidade monetária e a correspondente elevação dos preços. A isso se chama
de inflação. Infelizmente, nos Estados Unidos, bem como em outros países,
alguns preferem ver a causa da inflação não no aumento da quantidade de
dinheiro, mas na elevação dos preços.

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