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Efeitos, Morfologia, Discussão da ZTA nos aços inoxidáveis.

Andrys Coutinho Alves andryscout@ig.com.br

Milton Santos Kobo milton381@itelefonica.com.br

Wanilto dos Santos waniltodossantos@ig.com.br

1 - Aspectos Gerais dos Aços Inoxidáveis.

Os aços inoxidáveis são ligas desenvolvidas para serem utilizadas em aplicações que
exigem elevada resistência à corrosão e alta resistência mecânica. Para atender estas
exigências as ligas são compostas basicamente de Fe- Cr- ou Fe- Cr- Ni.

O Cromo é o principal elemento desta liga quando o objetivo for a elevada resistência
a corrosão, pois em contato com o ar atmosférico, ou outro meio oxidante, forma-se uma
camada de óxido na superfície da liga, tornando à passiva. Esta camada protege o metal
contra o ataque de diversos meios corrosivos. Para que esta camada de óxido seja efetiva é
necessário que o teor mínimo de cromo no aço seja em torno de 11%. Portanto durante o
processo de soldagem devem-se tomar alguns cuidados para não reduzir o teor de cromo
na região da solda dos aços inoxidáveis.

O Níquel é outro elemento que tem função importante na composição química dos
aços inoxidáveis. Ele é um excelente formador de austenita, melhora a resistência à
corrosão em meios não oxidantes, a tenacidade e a soldabilidade.

Além desses elementos principais (Fe, Cr, Ni), há (em menor quantidade) adições de
outros elementos tais como: carbono, manganês e nitrogênio, resultantes do processo de
fabricação ou adicionados intencionalmente para facilitar a fabricação ou para modificar
certas propriedades. Alumínio, molibdênio, cobre, titânio nióbio e cobalto podem ser
adicionados para melhorar as propriedades do aço em casos de aplicações específicas. As
impurezas (oxigênio, fósforo e enxofre) são elementos indesejáveis,pois formam compostos
com baixo ponto de fusão. Com exceção do enxofre que pode ser adicionado para melhorar
a usinabilidade do aço.

Após o processo de soldagem, a microestrutura de um aço inoxidável dependerá do


balanço de seus elementos alfa e gamagênicos em estabilizar a austenita ou a ferrita na
microestrutura do aço à temperatura ambiente. Os elementos que estabilizam a ferrita são
:Cr, Si, Mo, Ti e Nb; e os que estabilizam a austenita são: Ni, C, N e Mn. Devido a esta
microestrutura, os aços inoxidáveis podem ser divididos em quatro classes principais: aços
inoxidáveis ferríticos, austeníticos, martensíticos e duplex.

1.1 - Os aços inoxidáveis Ferríticos apresentam teor de Cr entre 16 a 20%, C inferior


a 0,15% e Ni entre 6 e 14%, dentro desta proporção o resultado pertinente a proteção
contra a corrosão se apresenta mais eficaz.

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Sendo estes os mais comuns dos inoxidáveis e o de maior utilização, apresentam
uma estrutura predominantemente ferrítica binária, ou seja, liga composta de Fe- Cr com o
teor de Cr entre 11 e 30% e C inferior a 0,2% isento de Ni e são magnéticos.

A temperatura ambiente estes aços são formados por uma matriz de ferrita α, uma
solução sólida de cromo e outros elementos de liga em ferro. Muito utilizado no estado
recozido e raramente na condição laminado a frio. Podem ser facilmente forjados e possuem
boa usinabilidade.

A ductibilidade e a tenacidade são menores se comparando aos aços austeníticos,


bem como sua proteção a corrosão é maior se comparando aos martensíticos.
A principal vantagem desse aço é sua resistência a corrosão sob tensão em meio
contendo cloreto, corrosão atmosférica e a oxidação, a um custo baixo em relação aos
outros aços inoxidáveis.

Figura 1- Microestrutura típica de aço inoxidável ferrítico. Fonte: ASM


Handbook, 2004, p. 1630.

Em relação aos austeníticos este apresenta uma soldabilidade, em geral, baixa. Sua
solda é caracteriza por ductilidade e tenacidade baixas além de sensibilidade à corrosão
intergranular, devido formação de uma estrutura de granulação grosseira, à precipitação de
carbonetos e nitretos e a formação de uma rede de Martensita ao longo dos contornos dos
grãos de ferrita. A sensitização é fator comum se comparando aos austeníticos, tendo como
diferença nestes aços a baixa solubilidade de Nitrogênio na estrutura ferrítica resultando em
um precipitado chamado nitreto de Cromo ou Cr2N. Para evitá-la; a escolha do material
adequado (estabilizado ao titânio ou ao nióbio); reduzir a energia de soldagem são ações
importantes e se for por influência do hidrogênio, utilizar procedimento de soldagem que
introduzam pouco hidrogênio durante a soldagem.

Utilizado na fabricação de eletrodomésticos (fogões, geladeiras, etc.), balcões


frigoríficos, moedas, indústria automobilística, talheres.

1.2 - Os aços inoxidáveis Austeníticos contêm na sua matriz uma porcentagem de


mínima de Cr 16%, Ni de 8%, e C num teor entre 0,02 e 0, 015%, não são ferromagnéticos e
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possuem baixo limite em relação ao escoamento se comparando aos martensíticos
apresentando alta ductibilidade. A alta estabilidade dos grãos austeníticos em altas faixas de
temperatura torna possível sua empregabilidade criogênica e em trocadores de calor.
Nestes aços o teor de carbono deve ser controlado para prevenir precipitação de carbonetos
de cromo, pois poderá apresentar empobrecimento de cromo em regiões aos contornos de
grãos, após a soldagem ou conformação a quente.

Através de tratamento Térmico, podem apresentar melhora no tocante a resistência e


a corrosão. Quanto à soldabilidade, para se evitar a sensitização os cuidados devem se dar
em relação a escolha do material ( geralmente os de baixo teor de carbono ou
estabilizadores referentes ao Titânio ou ao Nióbio, controlando a taxa de resfriamento no
processo de soldagem). Os problemas apresentados por trincas a quente podem ser
evitados utilizando aço com baixo teor de enxofre e fósforo e utilizar metais de adição que
garantam sugestivamente, no mínimo, um teor de ferrita de pelo menos 8% no cordão de
solda.

São utilizados em indústrias químicas, petroquímicas, indústrias farmacêuticas e


alimentícias.

Figura 2- Aço Inoxidável Austenítico AISI 316. Microestrutura típica

Fonte: ASM Handebook, 2004, p. 1603.

1.3 - Os aços inoxidáveis Martensíticos são essencialmente ligas Fe-Cr-C, com


possibilidade de pequenas adições de elementos de liga, tais como: Mo, Ni, Si, Mn e outros
no intuito de aumentar a tenacidade e a resistência frente a corrosão.

A sua microestrutura é determinada principalmente pelo percentual de cromo que


pode variar de 12 a 17%, C que pode atingir até 1,2%. Pelo tratamento térmico têm
capacidade de se transformar de austenita para martensita dentro de quase todas as
velocidades de resfriamento.

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A resistência ao desgaste dos aços inoxidáveis martensíticos é muito dependente do
teor de carbono. Possui dureza elevada, estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado
(martensítica) na condição temperada e são magnéticos.

Sua aparência varia com o conteúdo de carbono. Com o aumento do conteúdo de


carbono a martensita torna-se fina, mudando da forma de ripas para placas.

São úteis para aplicações que requerem resistência à abrasão e arestas de corte, tais
como, rotores de bomba e cutelos.

Na soldabilidade destes aços pode ocorrer a fragilização por hidrogênio onde o ideal
será se precaver, utilizando processos que introduzam pouco hidrogênio durante a
soldagem, como nos ferríticos; utilizar técnicas que reduzam a velocidade de resfriamento
da junta (pré-aquecimento, pós aquecimento).

São empregados na fabricação em molas, parafusos e porcas, peças para bombas,


peças para aviões, eixos de hélices marítimas, peças para fornos, componentes para a
indústria petroquímica e pelo seu baixo carbono são fáceis de conformar a frio no estado
recozido; maior tenacidade pode ser conseguida por adequado tratamento térmico
( recozimento pleno ou isotérmico), possuem ótima usinabilidade.

1.5 - Os aços inoxidáveis Duplex são aços que possuem 50% austenita e 50% ferrita,
Possuem maior porcentagem de cromo, na ordem de 18 a 28% e menores de níquel de 3,5
a 8% apresentando Mo e Ni. O molibdênio e o cromo são forte estabilizador de ferrita,
enquanto o nitrogênio da austenita.

Apresentam resistência mecânica maior que os aços convencionais e sua tenacidade


e ductibilidade dependem exclusivamente do equilíbrio ferrita e austenita na composição.

Sua estrutura mostra grãos alongados devido ao processo de laminação e são mais
resistentes a corrosão sob tensão quando comparado aos austeníticos.

São utilizados em equipamentos geralmente expostos a água do mar, meio


extremamente favorável a corrosão, trocadores de calor, bombas e tubos nas indústrias
químicas petroquímica e de celulose.

Figura 3- Microestrutura típica de um Aço Duplex.


Fonte: ASM Handbook, 2004, p. 1657

São endurecidos por precipitação e possuem designação AISI 600, endurecido pela
precipitação de liga como alumínio, titânio e tântalo, processo conhecido também como
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envelhecimento. Esta classe pode ter composição cristalina austenítica, semi austenítica, ou
martensítica.

2 - Formação da ZTA nos aços inoxidáveis.

Zona termicamente afetada é a região da solda que não se fundiu durante a


soldagem, porém teve sua microestrutura e propriedades alteradas pelo calor introduzido
durante o processo de soldagem. O calor do processo de soldagem e posterior
resfriamento faz com que ocorram alterações na região da ZTA. A extensão da ZTA e a
mginutude de suas mudanças microestruturais depende da difusividade térmica do metal
base e do heat input aplidado durante o processo de soldagem.

A difusividade térmica do material de base desempenha um grande papel, se a


difusividade é alta, o material possui uma alta taxa de resfriamento e uma pequena zona
termicamente afetada, uma difusividade baixa possui uma taxa de resfriamento mais lenta
tendo assim uma ZTA maior.

O heat input aplicado está associado a cada processo de soldagem e tem que ser
específico para cada tipo de material.Processos de Soldagem oxicombustiveis possui calor
inicial muito alto fazendo a ZTA aumentar de tamanho. Processos como solda a laser e
soldagem por feixe de elétrons dão uma quantidade muito concentrada e limitada de calor,
resultando em uma pequena ZTA. Soldagem a arco está entre esses dois extremos, com a
processos individuais que variam na entrada de calor.

2.1 - Efeitos na região da ZTA.

Devido a estes fatores ocorrem modificações que afetam mecânica, térmica e


metalurgicamente a microestrutura desta região. Estas alterações são provocadas por
problemas como: crescimento de grão, precipitação de carboneto de cromo e precipitação
de nitretos, que podem diminuir a resistência mecânica, resistência à corrosão e a
tenacidade. Como os aços inoxidáveis são formados por composição química e fases
microestruturais especifica para cada tipo de aço, a formação de ZTA e os problemas
gerados nela serão diferente para cada tipo de aço.

2.2 - Formação da região da ZTA de um aço inoxidável ferrítico.

Um dos problemas mais significativos que podem ocorrer na região da ZTA dos aços
inoxidáveis ferríticos é o crescimento de grãos.

Nos aços ferríticos a energia de soldagem imposta resulta no aumento do tamanho


do grão localizado na ZTA, comprometendo a resistência e a tenacidade da soldagem em
temperaturas acima de 1200ºC.

A região solda dos aços inoxidáveis ferríticos pode ser separada em dois grupos.

- Aços ferríticos não estabilizados.


- Aços ferríticos estabilizados com Nb ou Ti.
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Nos aços não estabilizados a solda é caracterizada por uma estrutura de granulação
grosseira, apresentando uma rede de martensita junto aos contornos de grão e precipitados
finos de carbonetos e nitretos nos contornos e no interior dos grãos.

Figura 4 - Formação da microestrutura da solda de um aço inoxidável ferritico


que atravessa o campo bifásico (ferrita + austenita)
MB – metal de base
A- Região bifásica (ZTA).
B- Região de crescimento de grão (ZTA)
ZF – zona fundida

Fonte: soldabilidade dos aços inoxidáveis – Acesita.

A figura acima mostra as transformações que ocorrem em aços não estabilizados e


cujo teor de elementos intersticiais são suficiente para causar a formações de austenita a
alta temperatura. Nestes materiais, a solda (ZF e ZTA) apresenta as seguintes regiões.

A - Região bifásica: corresponde a região da ZTA que foi aquecida acima do campo
de coexistência da austenita e ferríta. A austenita se forma preferencialmente nos contornos
de grão de ferrita e, após resfriamento transforma-se em martensita.

B – Região de crescimento de grão: corresponde a região da ZTA aquecida acima do


campo de coexistência da austenita e da ferrita. Durante o resfriamento (pelo afastamento
da poça de fusão) está região vai atravessar o campo de coexistência da austenita e ferrita.
Neste processo a austenita é formada nos contornos de grão e os precipitados se
transformam em carbonetos e nitretos nos contornos e no interior dos grãos, com
resfriamento rápido esta austenita se transforma em martensita.

Em aços estabilizados com Nb ou Ti, o crescimento de grão pode ser reduzido


parcialmente pela maior estabilidade dos carbonitretos destes elementos em relação aos de
cromo.

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2.3 - Formação da região da ZTA de um Aço Inoxidável Austenítico.

A formação da ZTA dos aços inoxidáveis austeníticos depende da composição e


microestrutura do metal base.
Podem ocorrer as seguintes reações metalúrgicas na região da ZTA de um aço
inoxidável austenítico, tais como: crescimento de grãos, formação de ferrita, precipitação de
carboneto, trincas de solidificação.

2.3.1- Precipitação de carboneto de cromo.

A precipitação de carbonetos de cromo nos aços inoxidáveis ocorre em função de


tempo e temperatura. Portanto quando a região da ZTA for submetida a um patamar de
temperatura entre 420-870º C por um longo período de tempo poderá ocorrer a precipitação
de carbonetos. Neste patamar de temperatura, a velocidade de difusão do cromo no aço é
relativamente baixa, favorecendo a precipitação de carbonetos, que forma uma fina região
empobrecida em cromo junto aos contornos de grão.

Caso o teor de cromo desta região fique abaixo de 11%, será uma região
empobrecida de cromo formando uma zona sensitizada,que terá sua capacidade de
resistência á corrosão reduzida. Esta região empobrecida de cromo, quando exposta a um
meio corrosivo, os carbonetos não são atacados, mas, sim,a fina região empobrecida de
cromo que é menos resistente à corrosão, dando origem a corrosão intergranular.

Uma maneira de restringir a sensitização é adicionar elementos estabilizantes como :


Nb ou Ti. Estes elementos combinam com o carbono e formam carbonetos que se
precipitam aleatório e não nos contornos de grão, evitando assim a sensitização.

2.3.2- Trincas de solidificação.

A ZTA dos aços inox austeníticos também podem ser sensível á trinca de
solidificação, principalmente na região mais próxima ao metal de solda. Em geral o trinca a
quente está associado à segregação (durante a solidificação), que provoca a formação de
fases ainda líquidas (com baixo ponto de fusão) nos contornos de grãos recém-solidificados.
Elementos como boro, fósforo e enxofre são particularmente nocivos neste aspecto, por
favorecerem a formação de fases com baixo ponto de fusão. Entretanto, elementos como
silício, nióbio e manganês também podem provocar a formação dessas fases. Muitos desses
elementos são mais solúveis na ferrita do que na austenita. Por outro lado, o silício aumenta
a resistência à oxidação em altas temperaturas e o nióbio forma carbonetos endurecedores.

2.4 - A formação da região da ZTA nos aços inoxidáveis martensíticos.

Nos aços martensíticos a ZTA apresenta, após resfriamento rápido, martensita, cujo
grau de dureza depende do teor de carbono encontrado na liga.

Esta fase dura e frágil fica com sua resistência mecânica comprometida e sensível à
trinca.

2.5 - Formação da região da ZTA nos aços inoxidáveis duplex.

Os Aços Inoxidáveis Duplex apresentam um balanço de elementos alfagênicos e


gamagênicos em sua composição química. Para temperaturas em torno de 1300º C, a
austenita torna-se instável e o material tende a tornar-se completamente ferritico.

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Nesta condição, um intenso crescimento ocorre (similar ao que ocorre nos aços inoxidáveis
ferríticos).
Durante o resfriamento, a austenita volta a ser formada, nucleando nos contornos de
grão de ferrita. Devido á elevada velocidade de resfriamento, a quantidade de ferrita tende a
ser menor que a originalmente existente no metal base e não é possível a completa difusão
dos átomos de carbono e nitrogênio em solução para a austenita formada. Portanto pode
ocorrer precipitação de nitretos e carbonetos no interior dos grãos de ferrita.

Elementos como o Nb ou Ti inibe o crescimento de grão pela maior estabilidade dos


carbonitretos destes elementos em relação aos de cromo. Em aços com menores teores
intersticiais, a quantidade de precipitados é menor, portanto, o problema de crescimento de
grão é mais intenso.

Formação da microestrutura da solda de um aço inoxidável duplex. O diagrama é


uma representação esquemática do corte do sistema Fe-Ni-Cr para 70% Fe.

Figura 5 - Formação da microestrutura da solda de um aço inoxidável duplex.


O diagrama é uma representação esquemática do corte do sistema Fe-Ni-Cr para 70%
Fe. Fonte: soldabilidade dos aços inoxidáveis. – Acesita.

Na figura acima nota-se que a região (B) apresenta aumento do tamanho de grão
ferrítico, redução da quantidade de austenita, modificação de sua morfologia e precipitação
de carbonetos e nitretos. Na região ( C ) a microestrutura será caracterizada por um
crescimento de grão menos intenso do que ocorre na região anterior, uma pequena redução
na quantidade austenita, mas sem mudança na sua morfologia.
3 - Os problemas gerados por alterações nas propriedades mecânicas na região da
ZTA dos aços inoxidáveis.

Os problemas que geram alterações na microestrutura da zona termicamente afetada


resultam das transformações estruturais do metal base causados pelas características do
ciclo térmico e tensões residuais introduzidas durante a soldagem.

Os ciclos térmicos em uma junta soldada dependem fortemente da geometria da junta


e da energia de soldagem. Quanto maior for o valor da energia de soldagem, mais grosseira
será a granulação desta região e maior será a sua extensão. Assim, os processos de

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soldagem por eletroescória e a arco submerso geram uma região maior de crescimento de
grãos e de granulação mais grossa que a soldagem com eletrodos revestidos.

Os principais problemas associados à ZTA dos aços inoxidáveis são: o excessivo


crescimento de grão, formação de microestrutura martensítica, precipitação de carbonetos
de cromo, precipitação de compostos intermetálicos e desbalanceamento de fases.

3.1 - Crescimento de grão

A região de granulação grosseira, ou região de crescimento de grão, é a região que


pode sofrer uma fragilização mais intensa durante a soldagem. O aumento do tamanho do
grão diminui a resistência e a tenacidade nesta região. Os fatores que afetam esta região
são as características do ciclo térmico e a temperatura de crescimento de grão. Este
crescimento é mais intenso nos aços ferríticos, pois a estrutura ferrítica tem uma propensão
maior ao crescimento de grão do que os aços austeníticos e duplex.

Nos aços ferríticos não estabilizados em temperaturas acima de 1200ºC , a estrutura


passa a ser totalmente ferrítica. Nesta faixa de temperatura os carbonetos e nitretos estão
dissolvidos na matriz, possibilitando um rápido crescimento de grão.

Este crescimento de grão pode ser minimizado por:

-Redução do aporte térmico

-Escolha de graus estabilizados com titânio ou nióbio.

Nos aços ferríticos estabilizados com Nb ou Ti , o crescimento de grão tende a ser


menor porque o carbono tem mais afinidade com o titânio ou o nióbio do que com o cromo,
formando ,assim,precipitados que tem faixa maior de temperatura para entrar em solução.
Estes precitados tende a frear o crescimento de grão.

Variação do tamanho de grão médio em função da temperatura e de tratamento para


dois aços inoxidáveis ferríticos com 17% de Cr.

a)- sem Nb

b)- com 0,6% de Nb e 0.08% de (c+n).

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Figura 6 - Variação do tamanho de grão médio em função da temperatura e de
tratamento para dois aços inoxidáveis ferriticos com 17% de Cr.
a)- sem Nb
b)- com 0,6% de Nb e 0.08% de (c+n).
Fonte: soldabilidade dos aços inoxidáveis – Acesita.

Nota-se no gráfico acima que nos aços não estabilizados (sem nióbio) a partir de 1000ºC há um
crescimento em demasia no tamanho do grão. Enquanto que nos aços estabilizados a partir de
1000ºC, este tamanho não é tão significativo.

Figura 7 - Efeito do tamanho de grão sobre a temperatura de transição de um aço


comercial com 17% de Cr.
Fonte: soldabilidade dos aços inoxidáveis – Acesita.

Nota-se no gráfico acima que o aumento do tamanho do grão aumenta a temperatura


de transição ao impacto, isto é, diminui a tenacidade do aço.

Nos aços inoxidáveis duplex o crescimento de grão ocorre em temperaturas em torno


de 1300º C , pois neste patamar de temperatura, o material tende a tornar-se
completamente ferrítico , tornando possível a ocorrência deste problema.

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3.2 - Formação de estrutura martensítica.

Enquanto no aço inox ferrítico a permanecia em altas temperaturas tem influencia


significativa na alteração da microestrutura da região da ZTA, nos inox martensíticos esta
não tem influencia tão marcante, pois as alterações na microestrutura da região da ZTA
deste aço dependem do teor de carbono em sua composição química. Devido à elevada
temperabilidade, a região da ZTA austenitizada durante a soldagem apresenta uma estrutura
martensítica após o resfriamento, aumentando a resistência mecânica e diminuindo a
tenacidade.

3.3 - Precipitação de carboneto de cromo.

A precipitação de carbonetos de cromo nos aços inoxidáveis ocorre em função de


tempo e temperatura. Portanto quando a região da ZTA for submetida a um patamar de
temperatura entre 420-870º C por um longo período de tempo poderá ocorrer a precipitação
de carbonetos. Neste patamar de temperatura, a velocidade de difusão do cromo no aço é
relativamente baixa, favorecendo a precipitação de carbonetos, que forma uma fina região
empobrecida em cromo junto aos contornos de grão.

Caso o teor de cromo desta região fique abaixo de 11%, será uma região empobrecida
de cromo formando uma zona sensitizada, que terá sua capacidade de resistência á
corrosão reduzida. Esta região empobrecida de cromo, quando exposta a um meio
corrosivo, os carbonetos não são atacados, mas, sim,a fina região empobrecida de cromo
que é menos resistente à corrosão, dando origem a corrosão intergranular.
Uma maneira de restringir a sensitização é adicionar elementos estabilizantes como
: Nb ou Ti. Estes elementos combinam com o carbono e formam carbonetos que se
precipitam aleatório e não nos contornos de grão , evitando assim a sensitização.

3.4 - Precipitação de compostos intermetálicos.

Os compostos intermetálicos são fases formadas por dois ou mais metais. Estes
compostos são chamados de fase sigma.

Nos aços inoxidáveis os compostos intermetálicos são formados pelos elementos


cromo e molibdênio, a uma temperatura de 565º C a 1050ºC. Nesta faixa de temperatura
forma-se precipitado de cromo com o molibdênio nos contornos de grão. A formação destes
precipitados empobrece a região adjacente ao contorno de grão, favorecendo a sensitisação
e fragilização da liga. Para minimizar a ocorrência da fase sigma na ZTA, deve ser
minimizada a energia de soldagem.

3.5 Precipitações de Intermetálicos em aços inoxidáveis austeníticos.

Nos aços austeníticos, além da precipitação de carboneto de cromo, ocorre também a


precipitação de compostos intermetálicos. Para os mais autos graus a cinética de
precipitação ocorre rapidamente em faixas de temperatura entre 800 a 900ºC.Este
fenômeno diminui a tenacidade da liga.

A figura abaixo mostra um diagrama tempo-temperatura-precipitado, para a formação


de fase sigma em alguns tipos de aço inoxidáveis mais comuns. Devido à rápida
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precipitação, o aporte de energia deve ser minimizado a fim de minimizar a formação da
fase sigma na ZTA.

Figura 8 - Isoterma da Cinética de Precipitação de formação de fases sigma e chi em


aços 254SMO, 904L e
317LMN, comparado com a cinética de transformação de carbonetos do tipo 316L
Fonte: entendendo a ZTA dos aços inoxidáveis.

O impacto na formação de fase sigma na resistência a corrosão de um aço inoxidável


com 6% de Mo é mostrado na figura abaixo. A temperatura critica necessária para produzir
corrosão por pitting diminui substancialmente quando a fase sigma é precipitada.

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Figura 9 - Curvas de Temperaturas iso-criticas para um aço AL-6XN ( UNS N08367)
mostrando a diminuição da resistência ao pitting em função da precipitação de fase
sigma. Fonte: entendendo a ZTA dos aços inoxidáveis.

3.6 - Precipitações de Intermetálicos em aços inoxidáveis ferríticos:

A tenacidade dos aços inoxidáveis ferríticos pode ser reduzida quando estes forem
expostos a uma faixa de temperatura entre 820 e 320ºC durante longos períodos de tempo.
Esta redução de tenacidade é causada pela formação de fase sigma, que ocorre entre 820 e
510ºC e fase alfa que ocorre entre 540 e 320ºC e é conhecida como fragilização a
475ºC.Fase sigma e fase chi podem precipitar na ZTA em aços ferríticos, particularmente em
graus com alto teor de molibdênio. A fase sigma é um composto intermetálico, de
composição nominal Fe Cr, que é duro não magnético e apresenta uma célula tetragonal. A
precipitação desta fase é acompanhada por um aumento da dureza e intensa perda de
ductilidade. A fase alfa é uma fase rica em Cr e com uma estrutura CCC que se forma com
precipitados extremamente finos.

O diagrama tempo-temperatura-precipitado na figura abaixo, mostra as regiões de


formação de fase sigma e alfa primário em um aço 26% Cr – 4%Mo (ferrítico). Devido a este
longo período necessário para a ocorrência das reações de precipitação, a fragilização por
fase fase alfa não é geralmente considerada um problema para a soldagem dos aços
inoxidáveis ferríticos.

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Figura 10- Cinética de Isotermas de precipitação de fases intermetálicas em um aço
inoxidável ferrítico 26%
Cr4% Mo, note o enorme período necessário para a precipitação de alfa primário.
Fonte: entendendo a ZTA dos aços inoxidáveis.

Estes compostos intermetálicos reduzem a tenacidade nos aços ferríticos e nos aços
austeníticos reduzem à resistência a corrosão. A figura abaixo mostra a influencia do tempo
e temperatura na fragilidade por fratura frágil de um ao inox 29% Cr – 4% Mo.

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Figura 11- Comportamento de fragilidade por impacto de um aço inoxidável ferrítico
29% Cr 4% Mo em intervalos de 25 C e 100 C ( 77 e 212 F) com corpo de prova em
chrpy entalhe em V. As curvas Indicam onde o corpo de prova obteve 50% de
superfície fraturada frágil.
Fonte: entendendo a ZTA dos aços inoxidáveis.

3.7 - Precipitações de Intermetálicos em aços inoxidáveis duplex:

Como os aços inoxidáveis duplex apresentam uma microestrutura intermediaria entre


os tipos austeníticos e ferríticos ocorrem as fases alfa, Sigma e chi.

Nos aços duplex com maior porcentagem de liga , como o 2507 e 2205 podem sofre a
formação de fase sigma , relativamente após pouco tempo na faixa de temperatura de 800 a
930ºC. Dependendo do aporte térmico e da taxa de resfriamento a formação de fase sigma
poderá ocorrer na ZTA de aços duplex soldados.

A fase chi que forma nos contornos de grão entre 750 e 950ºC, após períodos de
tempo menores que a fase sigma. É uma fase dura e frágil que contém Mo e pode
comprometer as propriedades mecânicas do aço.

Na figura abaixo é mostrada curvas de tempo-temperatura-precipitado na formação de


compostos intermetálicos em vários tios de aços inox duplex.

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3.8 - Desbalanceamento de fases.

Os aços inoxidáveis duplex apresentam um balanço de elementos alfa e gamagênicos


em sua composição química, cujo objetivo é manter a proporção de austenita e ferrita,pois
um volume superior a 70% de ferrita pode levar a perda de tenacidade , por outro lado, um
enriquecimento da fase austenítica tende a diminuir a resistência a corrosão sob tensão na
região da ZTA. Portanto geralmente recomenda-se a proporção de 30 a 70% de ferrita.

O nitrogênio é um forte formador de austenita e provoca uma rápida transformação de


austenita em altas temperaturas, altos teores de nitrogênio produzem uma soldagem com
níveis mais adequados de austenita na ZTA.

Condições de soldagem que resultam em uma baixa velocidade de resfriamento


promovem a precipitação de austenita, balanceando, em parte, a microestrutura, mas
favorecem maior tamanho de grão na ZTA e a precipitação de fases fragilizantes . Por outro
lado,uma soldagem que leva à elevadas velocidades de resfriamento favorecem uma maior
quantidade de ferrita na ZTA , acarretando a precipitação de uma grande quantidade de
nitretos de cromo no interior da ferrita. Em ambos os casos tem- se como resultado uma
severa diminuição na tenacidade e na resistência à corrosão do material.

Deve-se, assim, procurar as condições de resfriamento adequadas para a soldagem


destes aços. São recomendados aportes térmicos entre cerca de 0,5 e 2,5 KJ/mm.

A figura abaixo mostra as transformações que ocorrem durante o processo de


soldagem de um aço inoxidável duplex.

Representação esquemática da região soldada, através de fotos de microestruturas:

Figura 12 - (-Representação esquemática extraída do manual ABIQUIM – Eduardo


Gomes – AçosDuplex em indústrias químicas página 13).

Na zona fundida, a presença de austenita é maior devido a ação do nitrogênio, que


faz com que esta fase tenha um aumento volumétrico maior do que a ferrita.
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Na zona afetada pelo calor, nota-se o aumento da fase ferrítica, que é característica do
próprio metal base; o metal base em sua condição natural: aproximadamente 55% de ferrita
e 45% de austenita.

4 - Mecanismos de corrosão.

4.1 - Corrosão intergranular

Devido os aços inoxidáveis possuir elevado teor de cromo, os átomos de carbono


tornam-se deletérios. Como o cromo tem maior afinidade com o carbono do que com o ferro
em uma dada temperatura ocorre o fenômeno chamado precipitação de carboneto de
cromo. A precipitação de carbonetos está associada com diferentes efeitos, em geral
negativos, nos aços inoxidáveis como, exemplo a sensibilização à corrosão intergranular.

Mecanismo mais aceito para explicar a corrosão intergranular em aços inoxidáveis


austeníticos associa o problema com a precipitação de carbonetos de cromo nos contornos
de grãos do material em faixa de temperatura em que a velocidade de difusão do cromo é
relativamente baixa. Nestas condições, a precipitação leva à formação de uma fina região
empobrecida em Cr junto aos contornos de grão chamada de zona sensitizada ou
sensitização, a qual não pode ser eliminada pela difusão de átomos de Cr das regiões mais
afastadas dos contornos de grãos.

4.2 - Sensitização.

A zona sensitizada é formada devido a precipitação de carbonetos de cromo nos


contornos de grão, em uma faixa de temperatura em que a difusão do cromo no aço é
relativamente baixa. Esta região adjacente aos contornos de grão torna-se empobrecida
em cromo, portanto menos resistente à corrosão. Caso o teor de cromo desta região fique
abaixo de 11%, ela será corroída. Este tipo de fragilização ocorre quando o material fica
exposto na faixa de temperatura de 600 a 900°C. Nes ta condição, a precipitação de
carbonetos é bastante favorecida, produzindo a região sensitizada.

Fig. 13 - Representação esquemática da sensitização de um aço inox.


Fonte: Soldabilidade dos aços Inoxidáveis ( ACESSITA)- Senai- 2001. Pg 09.

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A figura acima apresenta um esquema da sensitização ocorrendo na zona afetada
pelo calor de um cordão de solda. Este fenômeno ocorre tanto nos aços inoxidáveis
austeníticos como nos ferríticos. Para evitar este problema deve-se utilizar um aço inox com
teor mais baixo de carbono (os aços grau L); utilizar elementos que possuam uma afinidade
maior com o carbono que o cromo (aços inoxidáveis estabilizados ao titânio e ao nióbio) ou
um tratamento de solubilização dos carbonetos, após a soldagem.

4.3 - Mecanismos de Corrosão nos Aços Inoxidáveis Austeníticos.

Para que ocorra a corrosão intergranular nos aços austeníticos primeiro a liga tem que
estar no estado sensitizado, ou seja, com precipitação de carboneto de cromo em contornos
de grãos da austenitas e expostos em meios corrosivos.

As regiões mais sensíveis a esse fenômeno são aquelas aquecidas, durante a


soldagem, a temperaturas em torno de 650°C, ZTA dos aços inoxidável austeníticos pode
ser rapidamente atacado por ambientes altamente agressivos.

A corrosão intergranular pode ocorrer em números meios, particularmente em meios


ácidos, como em ambientes ricos em ácidos sulfúricos, misturas de ácido sulfúrico e nítrico.

A alternativa é utilizar aços contendo menos de 0,03% de carbono e aqueles


estabilizados com nióbio ou titânio que são, em geral, insensíveis a este problema.

Figura 14 - Mecanismo de Corrosão Intergranular baseado no empobrecimento de


cromo das regiões adjacentes aos contornos de grão.
FONTE: efeitos metalúrgicos na ZTA – Acesita.

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A figura acima mostra a precipitação de carbonetos de cromo em uma faixa de
temperatura entre 500 a 700ºC. Neste patamar de temperatura os carbonetos de cromo
precipitam-se nos contornos de grão. A linha cheia mostra os carbonetos precipitados nos
contornos de grão, a linha pontilhada mostra a região empobrecida de cromo.

4.4 - Corrosão Sob Tensão.

A corrosão-sob-tensão (CST) é um tipo de fenômeno que leva a propagação de uma


trinca quando o material apresenta tensões residuais de tração e é expostos a um meio
corrosivo contendo cloreto. Neste processo há uma ruptura da camada passiva que é
rompida pela deformação plástica iniciada na ponta da trinca expondo o material sem
proteção ao meio corrosivo e, conseqüentemente, ocorre uma dissolução do material neste
local. Desta maneira, a trinca continua se propagando.
Para reduzir os efeitos da corrosão, recomenda-se remover a tensão por meio de um
recozimento a temperatura adequada.

4.5 - Corrosão por Pites

Devido a existência de pontos de maior fragilidade da camada passiva, o ph no


interior destes pontos se altera para aspecto acido, dificultando a restituição da camada
passiva inicial. Como a área anódica é menor que a catódica, ocorre a corrosão por pites. O
aumento da acidez (diminuindo o pH), além de uma solução de um determinado valor pode
resultar em um aumento dramático na taxa geral de corrosão.

Figura 15 Potential de Pitting in 3.5% NaCl Solutions.

A Figura acima indica níveis de cloreto de resistência ao pite, o aço inoxidável AL-6XN
é muito superior ao tipo de aço inoxidável 316L. Estes dados foram obtidos a partir de
ensaios de polarização anódica.

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4.6 Mecanismo de Corrosão nos Aços Inox Ferríticos.

O aço inox ferrítico apresenta dois mecanismos de corrosão intergranular.

- Corrosão por precipitação de carboneto de cromo

- corrosão por precipitação de nitretos

A precipitação de carbonetos de cromo nos contornos de grão da matriz, que ocorre


em função do tempo e temperatura, causa o empobrecimento de cromo nas regiões
adjacentes a estes contornos. Estas regiões empobrecidas de cromo tornam-se sentizadas.
Quando este material é exposto a um meio agressivo, a corrosão se processará
rapidamente ao longo dos contornos de grão causando o desprendimento deles.

A precipitação de nitretos também causa a sensibilização a corrosão intergranular . A


sensibilização é produzida pela precipitação que ocorre durante o resfriamento após
aquecimento acima de cerca de 925ºC, pois são necessárias maiores temperaturas para
solubilizar os elementos intersticiais. Portanto, este problema ocorre nas regiões da ZTA
mais próximas da zona fundida e também nela.

5 – Discussão

Ao longo deste trabalho mostrou-se as alterações na microestrutura e os problemas


metalúrgicos ocorridos na região da ZTA para cada tipo de aço inoxidável.

Nos aços inoxidáveis ferríticos o problema metalúrgico mais significante é o


crescimento de grãos, quando estes aços são submetidos a temperaturas acima de 1200ºC
durante o processo de soldagem. Para inibir este crescimento é aconselhável reduzir o
aporte térmico e usar aços inoxidáveis estabilizados ao Nb ou Ti, pois estes precipitados têm
faixa de temperatura mais elevada para entrar em solução, retardando o crescimento de
grão.

Nos aços inoxidáveis austeníticos um dos problemas metalúrgicos graves é a


sensitização, pois esta região sensitizada quando exposta a meios corrosivos pode originar
a corrosão intergranular. Para restringir a sensitização é recomendável controlar
temperatura de interpasse, controlar aporte térmico, ou usar aços estabilizados com Nb ou
Ti , pois estes elementos tem maior afinidade com o carbono e formam carbonetos que se
precipitam aleatoriamente e não nos contornos de grão. Outro problema significativo é a
trinca a quente devido ao baixo ponto de fusão dos compostos contendo impurezas. Para
evitar este problema é aconselhável usar aços com impurezas (P e S) em torno de0,03%

Nos aços martensíticos o principal problema é a trinca por hidrogênio, para restringir
este tipo de trinca é necessário controlar introdução de hidrogênio durante a soldagem,
tensão e estrutura martensítica.

Os aços inoxidáveis duplex apresentam soldabilidade complexa, pois as condições de


soldagem que resultam em uma baixa velocidade de resfriamento favorecem maior tamanho
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de grão ferrítico na ZTA e a precipitação de fases fragilizantes. Condições de soldagem que
leve a elevadas velocidades de resfriamento favorecem maior quantidade de ferrita na ZTA ,
e assim a uma perda de tenacidade. Portanto, deve-se procurar condições adequadas de
resfriamento para a soldagem destes aços.

6 – Conclusão

Para cada tipo de aços inoxidável e procedimento de soldagem há alterações


significativas na microestrutura da zona termicamente afetada. Estas alterações resultam
das transformações estruturais do metal de base associados com os ciclos térmicos e
deformações durante a soldagem, podendo haver grandes perdas na resistência mecânica e
tenacidade, e a principalmente na resistência a corrosão que é a principal característica dos
aços inoxidáveis. Isso nos leva a compreendermos os vários tipos de mecanismo de
degradação e de suscetibilidade dos aços inoxidáveis que pode levar a uma série de
problemas.

A correta seleção dos vários tipos de inoxidáveis e do procedimento de soldagem


pode minimizar consideravelmente os problemas metalúrgicos e a perda de propriedades na
região da zona termicamente afetada (ZTA).

7 – Bibliografia

*Luiz Gimenes JR- Entendendo a ZTA dos aços inoxidáveis

*Padilha, A.F., Guedes, L.C ( Angelo Fernando Padilha e Luiz Carlos Guedes- 1994- Aços
Inoxidáveis Austeniticos- Microestrutura e Propriedades).

* Allenstein, Angela Nardelli- Estudo de Resistência a Cavitação- Trabalho de Pós Graduação


Universidade Federal do Paraná\- 2007, p. 19, 20

* ACESITA: www.acesita.com.br

*Soldabilidade dos Aços Inoxidáveis ( ACESSITA)- Senai- 2001.

*I.L.Lima, Luciana- Metodologia da Corrosão da Zona Termicamente Afetada de Aço


Inoxidável AISI 439 SOLDADO- Programa de Pós Graduação- Universidade Federal de
Minas Gerais- 2007/ pg.02.

*John wiley & - Welding Metallurgy and Weldability of Stainless Steels: handbook.

* Joseph R. Davies- ASM Specialty Handbook : Stainless Steels ( ASM Specialty Handbook)

* Eduardo Gomes- ABIQUIM- Aços Duplex em Indústrias Químicas – Publicação Sandvik

* Descontinuidade em Soldagem- Trabalho de Pesquisa- Bernardini, A.N. Pedro- 10-1999.


21
*Apostila de Soldagem de Manutenção I e II. Professor Roberto Conz – 2009.

*Soldabilidade dos Aços Inoxidáveis- Coleção Tecnologia de Soldagem- SENAI- OSASCO-


2001.

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