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livro foi organizado a partir das Sessões Dirigidas realizadas no

© 2013 ABENGE - Associação Brasileira de Educação em Engenharia


SEPN Quadra 516, Bloco A, Sala 506-Ed. Inácio de Lima Ferreira
XLCongresso Brasileiro de Educação em Engenharia
Brasília- DF- CEP : 70770-515 COB ENGE 2012 - Belém, 03 a 06 de setembro de 2012

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poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados:
Eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros . .

Diretoria da ABENGE

Ficha Técnica:
Coordenação Geral: Vanderlí Fava de Oliveira Nival Nunes de Alm~ida Presidente
Capa: José Fernandes Marcos José Tozzi Vice-presidente
Revisão: Diogo Britto Ana Maria Mattos Rettl Diretora Administrativa
Vand erli Fava de Oliveira Diretor de Comunicação
edito Guimarães Aguiar Neto Diretor Acadêmico
Tiragem: 1.000 exemplares

Ficha Catalográfica preparada ela ABENGE

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA: Formação em Engenharia,


Internacionalização, Experiências Metodológicas e Proposições I Vanderli Comissão Organizadora do COBENGE 2012
Fava de Oliveira, Marcos José Tozzi e José Hélio Alvarez Elarrat-
Organizadores - Brasília: ABENGE, 2013
Luciano Sérgio Brito Nicolau da Costa - Coordenador
360p
Antônio Malaquias Pereira
José Hélio Alvarez Elarrat
C749XL Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia
Maria Emília de Lima Tostes
(COB ENGE 2012) - Belém, 03 a 06 de setembro de 2012 - ABENG E
Lindemberg Lima Fernandes
Luiza Helena Meller da Silva
ISBN: 978-85-64541 -04-7
Marco José de Sousa
Marlice Cruz Martelli
1 - Educação em Engenharia; 2 - Extensão; 3- Metodologias Ativa;
Roberto Serra Pacha
4- Projeto Pedagógico; 5- Objetos de Aprendizagem .
I. Título
Roberto Tetsuo Fujiyama
Renato Martins das Neves
Rosana Paula de Oliveira Soares
CDU: 658.5
F" '

CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

Capítulo VI

OBJETOS DE APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA
'

Alberto do Canto
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Laurete Zanol Sauer


Universidade de Caxias do Sul - UCS

Arandi Ginane Bezerra Jr.


Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

Diego Eduardo Lieban


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Sui - IFRS

Érico Marcelo Hoff do Amaral


Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Evanildo dos Santos Leite


Instituto Federal Fluminense - IFF

Filipe Arantes Fernandes


Instituto Federal Fluminense- IFF

Flávia Pereira da Silva*


Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

/solda Gianni de Lima


Universidade de Caxias do Sul - UCS

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 311


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharl1 CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

Jocarly Patrocínio de Souz SUMÁRIO


Universidade de Passo Fundo - UPF

Jorge Alberto Len:z


Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR 11NTRODUÇÃ0 ... ... ..... ........... ..... ... ..... .. .. .... ........ .... ... ... .... ......... .... ...... 314
2 EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA APOIADA POR RECURSOS
José Valdeni de Um TECNOLÓGICOS .. ... .. ........ ... .... ..... ...... .... .... ... ... ...... ...... .. ... ... ....... ........317
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
3 O QUE SÃO OBJETOS DE APRENDIZAGEM? .. ... .... ..... ...... .. ... ... ... 319
4 ALGUNS OA PARA A EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA ... ........ .. ...... 322
Liane Ludwig Lodet
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 4.1 Um modelo didático para utilização de vídeo educativo .. ... ...... .. .. ... 322
4.2 Uma proposta pedagógica utilizando o ambiente em realidade
Marcos Florczal aumentada ........... ....... ..... ... .. ... .. .. ..... ... ... ... .. .. .. .... .. ..... ... ... ... ... ... .. ... .. ... .328
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
4.3 Uso de videoanálise no ensino de mecânica em cursos de

Nestor Saavedr 1 engenharia ... ... .. .. .. .... .......... ..... .. ..... ... ... ....... ..... ... .... ....... ..... ........ ....... .. 335
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR 4.4 Um objeto de aprendizagem como recurso mediador na
construção de conceitos de matemática para engenharia ...... ..... .... ... ..341
Rafael Marimon Boucinh
4.5 MEC - Modelo para o ensino de cálculo para engenharia: Uma solução
Faculdade Luterana São Marco
baseada na integração de objetos de aprendizagem interativos .. ......... 346
5 DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .... ... ..... .. .. .... ... ... .. ........ .353
Suzana da Hora Maced
Instituto Federal Fluminense - IFr 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..... ............. .......... .... ..... .. ....... .. .356
7 LISTA DE PRESENTES ... ....... .. ..... .. ... ....... ......... ..... ..... ...... .... .. .. ..... .359
Thaísa Jacintho Müll r
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisino

Vinicius Geovane Garc/1


Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFP

Zacarias Martin Chamberlain Prav/1


Universidade de Passo Fundo - UPI

312 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 313


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharl CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

OBJETOS DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA em grande parte das situações, utilizam-se novas ferramentas a fim d
agilizar as formas tradicionais de ensino: pesquisa na internet ao invés d
biblioteca, projetores ao invés de quadros, postar no webfolio ao invés d
1 • INTRODUÇÃO entregar por escrito.
Assim, ao se discutir sobre educação e tecnologia, vári as
questões se colocam : o que há de novo para explorar como recursos de
A evolução tecnológica tem promovido novas possibilidades d ensino e aprendizagem suportados pela tecnologia? Os estudantes que
interação em todos os contextos sociais, afetando diretamente as mais cresceram utilizando o computador aprendem de forma diferente? Se
diversas classes profissionais. Médicos, advogados, biólogos, geógrafos essas diferenças existem, os métodos de ensino estão sendo ajustados
e outros passaram a rever seus procedimentos, incorporando recurso, ou atualizados? Como utilizar a tecnologia para melhorar os processos de
tecnológicos para viabilizar alternativas de trabalho antes inexistentes. ensino e de aprendizagem em engenharia?
Também o engenheiro tem visto sua atuação profissional se modificar com
Diante dessas considerações, na seção 2 deste capítulo discute-
a integração de instrumentos digitais, CADs e simuladores .
se sobre a importância de se promover estratégias de aprendizagem
Muitos ramos da engenharia passaram a ser uma área meio, n adequadas à formação do engenheiro, com as habilidades e competências
qual não se lida diretamente com o usuário final do projeto, mas sim con1 requeridas atualmente. Para tanto, não se trata mais de discutir sobre a
outros profissionais que, para atender ao usuário final, necessitam d inclusão, ou não, de recursos tecnológicos em ambientes de aprendizagem
desenvolvimento de novos dispositivos. para cursos de Engenharia. É tempo de se aproveitar o potencial da
O impacto da tecnologia, na profissão de engenheiro, afell tecnologia, a fim de criar ambientes de aprendizagem onde seja possível
diretamente os cursos de engenharia que, para atender às demanda• promover a participação ativa do estudante e, como consequência ,
atuais da formação destes profissionais, devem estar em constant a formação de engenheiros empreendedores e com autonomia para
atualização curricular, metodológica, de infraestrutura de laboratóri ' aprender continuamente.
e dos ambientes de aprendizagem, tanto para o ensino presencial e Na seção 3 são destacados os objetos de aprendizagem- OAs,
distância quanto para o desenvolvimento da iniciativa e da aprendizaget1t apontados, neste trabalho, como recursos pedagógicos eficientes pelo fato
autônoma. de constituírem estratégias planejadas com foco na ação de quem aprende.
Como agentes principais da formação em engenharia, Para tanto, com base na definição do lnstitute of E/ectrica/ and E/ectronics
professores têm se beneficiado do uso das tecnologias: projetor , Engineers, os objetos de aprendizagem, OAs, são considerados recursos
lousas eletrônicas, simuladores, máquinas de calcular e internet s t1 digitais ou não-digitais que podem ser (re)utilizados ou referenciados na
recursos tecnológicos que, aos poucos, vêm sendo integrados às prátic 1 aprendizagem apoiada por tecnologia. Como projetá-los e utilizá-los em
pedagógicas. No entanto, essa atualização tecnológica nem sempt ft situações de ensino e aprendizagem? O que os favorece em relação a
é acompanhada de uma atualização pedagógica para a integração 11 métodos clássicos e tradicionais de ensino? Essas questões nortearam
tecnologia como mediadora de processos mais dinâmicos e eficientes tH ' as reflexões que encaminham para a descrição de alguns OAs, que
desenvolvimento de aprendizagens. O que se observa na prática é qu . compõem a seção 4. Finalmente, na seção 5, considerações finais são

314 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHAI IA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 31 5


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

OBJETOS DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA em grande parte das situações, utilizam-se novas ferram
agilizar as formas tradicionais de ensino: pesquisa na internet 1 1111 ,
biblioteca, projetores ao invés de quadros, postar no webfolio ao h1v
1 - INTRODUÇÃO entregar por escrito.
Assim, ao se discutir sobre educação e tecnologia, v 111
questões se colocam: o que há de novo para explorar como recursos
A evolução tecnológica tem promovido novas possibilidades de
ensino e aprendizagem suportados pela tecnologia? Os estudantes qu
interação em todos os contextos sociais, afetando diretamente as mais
cresceram utilizando o computador aprendem de forma diferente? Se
diversas classes profissionais. Médicos, advogados, biólogos, geógrafos
essas diferenças existem, os métodos de ensino estão sendo ajustados
e outros passaram a rever seus procedimentos, incorporando recursos
ou atualizados? Como utilizar a tecnologia para melhorar os processos de
tecnológicos para viabilizar alternativas de trabalho antes inexistentes .
ensino e de aprendizagem em engenharia?
Também o engenheiro tem visto sua atuação profissional se modificar com
Diante dessas considerações, na seção 2 deste capítulo discute-
a integração de instrumentos digitais, CAOs e simuladores.
se sobre a importância de se promover estratégias de aprendizagem
Muitos ramos da engenharia passaram a ser uma área meio, na
adequadas à formação do engenheiro, com as habilidades e competências
qual não se lida diretamente com o usuário final do projeto, mas sim com
requeridas atualmente. Para tanto, não se trata mais de discutir sobre a
outros profissionais que, para atender ao usuário final, necessitam do
inclusão, ou não, de recursos tecnológicos em ambientes de aprendizagem
desenvolvimento de novos dispositivos.
para cursos de Engenharia. É tempo de se aproveitar o potencial da
O impacto da tecnologia, na profissão de engenheiro, afeta tecnologia, a fim de criar ambientes de aprendizagem onde seja possível
diretamente os cursos de engenharia que, para atender às demandas promover a participação ativa do estudante e, como consequência ,
atuais da formação destes profissionais, devem estar em constante a formação de engenheiros empreendedores e com autonomia para
atualização curricular, metodológica, de infraestrutura de laboratórios aprender continuamente.
e dos ambientes de aprendizagem, tanto para o ensino presencial e à
Na seção 3 são destacados os objetos de aprendizagem - OAs ,
distância quanto para o desenvolvimento da iniciativa e da aprendizagem
apontados, neste trabalho, como recursos pedagógicos eficientes pelo fato
autônoma.
de constituírem estratégias planejadas com foco na ação de quem aprende.
Como agentes principais da formação em engenharia, os Para tanto, com base na definição do lnstitute of E/ectrical and E/ectronics
professores têm se beneficiado do uso das tecnologias: projetores, Engineers, os objetos de aprendizagem, OAs, são considerados recursos
lousas eletrônicas, simuladores, máquinas de calcular e internet são digitais ou não-digitais que podem ser (re)utilizados ou referenciados na
recursos tecnológicos que, aos poucos, vêm sendo integrados às práticas aprendizagem apoiada por tecnologia. Como projetá-los e utilizá-los em
pedagógicas. No entanto, essa atualização tecnológica nem sempre situações de ensino e aprendizagem? O que os favorece em relação a
é acompanhada de uma atualização pedagógica para a integração da métodos clássicos e tradicionais de ensino? Essas questões nortearam
tecnologia como mediadora de processos mais dinâmicos e eficientes no as reflexões que encaminham para a descrição de alguns OAs, que
desenvolvimento de aprendizagens . O que se observa na prática é que, compõem a seção 4. Finalmente, na seção 5, considerações finais são

314 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 315


CAPITULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPITULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

apresentadas, destacando as vantagens observadas com a utilização 2 • EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA APOIADA POR RECURSOS
dos OAs descritos, bem como depoimentos significativos, que ocorreram TECNOLÓGICOS
durante o desenvolvimento da Sessão Dirigida: Objetos de Aprendizagem
na Educação em Engenharia.

A educação em Engenharia, área do conhecimento em permanente


evolução, requer cada vez mais a implantação e a gestão de processos
educativos adequados a esse contexto de constantes transformações .
A formação de indivíduos criativos e empreendedores, como se requer
na Engenharia, depende de intervenções pedagógicas que renovem as
formas de ensinar e áe aprender.
Se partirmos do pressuposto de que a aprendizagem decorre
do agir sobre o que se pretende conhecer, explorando, elaborand o
conjecturas, testando-as, fazendo analogias, construindo explicações,
sempre em processos reflexivos, então aprender precisa estar relacionado
a essas operações.
No caso particular da educação em Engenharia, o perfil desejável
do formando aponta competências, habilidades e atitudes desejadas para
o profissional desta área, tais como conduta criativa, questionadora e
cientifica. Essas qualidades, quando se trata de conhecimentos básicos
necessários à profissão, demandam o desenvolvimento de capacidades
como observar, identificar variáveis intervenientes, analisar dados e
informações, e propor metodologias de investigação. Além do mais , o
processo educacional contemporâneo deve visar a formação de um
profissional pronto para aprender sempre, buscando e gerenciando
informações, derivando delas o conhecimento necessário para interagir
no seu meio em condições de compreender e propor soluções para cad a
nova situação.
O processo educativo, portanto, para estar de acordo com o que se
espera do engenheiro, deve ser empreendedor, com ações colaborativa s
para o desenvolvimento das competências requeridas. As estratégias
pedagógicas precisam estar tocadas na ação do estudante, promovendo

316 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA


317
CAPÍTULO VI -Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

aprend izagens significativas, que, segundo Ausubel et a/. (2003), são 3 - O QUE SÃO OBJETOS DE APRENDIZAGEM?
ancoradas em conceitos prévios e baseadas no fazer e compreender, com
tomada de consciência do processo. (PIAGET, 1978)
O ato de aprender é individual e endógeno a cada sujeito. As Os objetos de aprendizagem (OAs) envolvem em sua elaboração
formas de aprender são diversas. Algumas pessoas aprendem de modo a concepção e a prática da interdisciplinaridade, uma tendência que
mais autônomo, enquanto outras necessitam a mediação de alguém vem aproximando o engenheiro de outros profissionais. Nesse caso,
que oriente , precisando de mais suporte, de auxílio para conduzir seus considera-se a possibilidade de projetar dispositivos digitais para fins de
processos de reflexão e compreensão . Por tudo isso, os professores são aprendizagem.
instados a planejar e criar propostas pedagógicas diferenciadas.
Não se trata apenas de planejar e ministrar uma aula; trata-se
Diante dessas considerações, os objetos de aprendizagem, OAs, de projetar uma situação de aprendizagem como um recurso reutilizável
se destacam como materiais pedagógicos que possibilitam e propiciam sem a presença física do professor, sem tempo e local de aplicação
que os estudantes vivenciem diversas operações cognitivas fundamentais determinados.
para a consecução do processo de aprender: observar, analisar, identificar,
A história dos objetos de aprendizagem possui componente
levantar e testar hipóteses, interpretar linguagens de múltiplos formatos e
vinculado aos processos de engenharia, principalmente em áreas
simular situações, dentre outras.
relacionadas ao projeto de dispositivos digitais e software, notadamente a
Como objetos digitais, os OAs podem utilizar diversos recursos , Engenharia Eletrônica e Engenharia de Software.
tais como desenhos, textos, imagens, gráficos, simulações ou jogos,
A ideia de reutilização de Objetos de Aprendizagem foi fortalecida
propondo aos estudantes relacionar determinado conteúdo ao seu
por empresas como a CISCO, companhia multinacional que oferece
significado ou aplicação. Uma fórmula pode deixar de ser apenas uma
soluções para redes e comunicações que, preocupada com os elevados
sequência de variáveis, números e operações , e passar a ser algo com
custos de treinamento para suas diversas unidades no mundo, definiu
significado e representação.
estratégias para passar de cursos de treinamento tradicionais para o
A variedade desses objetos integra a criação de modelos ilustrativos desenvolvimento de objetos disponíveis em bancos de dados, os quais
de ideias ou conceitos, de rotinas instrucionais ou de exploração, onde o possam ser reusados, pesquisados e modificados (CISCO, 1999), os
aluno pode descobrir por si algum fato novo ou uma propriedade, seguindo RIOs - Reusab/e lnformation Objects. Trata-se de uma realidade também
etapas a cumprir, dicas ou sugestões. (WILEY, 2009). para as empresas brasileiras, como apresentado na seção 4.1, um caso
Na próxima seção, uma atenção especial é dada aos OAs, sobre o uso de soluções tecnológ icas para atender as necessidades de
procurando aprofundar a reflexão sobre os mesmos e sobre o potencial capacitação de pessoal na CEEE, empresa concessionária de engenharia
que apresentam quando utilizados visando a aprendizagem significativa . elétrica no Rio Grande do Sul.
Outro exemplo que mostra a forte vinculação do projeto de objetos
de aprendizagem com a profissão de engenheiro é o envolvimento direto da
IEEE (lnstitute of Electrical and Electronics Engineers) no estabelecimento

318 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 319


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

de padrões tais como o IEEE Standard for Learning Object Metadata 4.4 e 4.5, que apresentam objetos de aprendizagem desenvolvidos
(1 484.12 .1-2002). O Quadro 6.1 a seguir apresenta a defin ição IEEE de para tornar mais concreta e interativa a aprendizagem de matemática,
Objetos de Aprendizagem. proporcionando assim um aprendizado mais significativo de disciplinas
que exijam um alto grau de abstração (AUSUBEL et ai. , 2003).
Quadro 6. 1: Definição IEEE de Objeto de Aprendizagem Não obstante, as evidências de que o uso de Objetos de
Learning Objects are defined here as any entity, digital or non-digital, Aprendizagem na educação em engenharia proporcionem um ganho de
which can be used, re-used or referenced during technology supported eficácia e eficiência educacionais (Quadro 6.2), esse tipo de ferramenta
learning. vem sendo utilizado de uma forma tímida. Por quê?

A definição IEEE permite classificar como Objeto de Aprend izagem Quadro 6.2: Eficiência e Eficácia Educacional -
qualquer dispositivo utilizado em uma aula de laboratório, ou mesmo baseado em conceitos propostos por Drucker (1993).
qualquer outra entidade apenas referenciada em au las teóricas. O caráter Eficácia: indicador que mede a proporção em que os objetivos
genérico desta definição IEEE incitou críticas por parte de Johnson e educacionais propostos foram alcançados.
Hall (2007), que a consideram exageradamente genérica , propondo sua
própria definição: Objeto de Aprendizagem é qualquer recurso digital
Eficiência: medida inversamente proporcional ao esforço necessário
de aprendizado que possa ser reutilizado. Observa-se que, dadas as
para alcançar o objetivo, isto é, quanto maior o esforço necessário,
particularidades do ensino de engenharia, onde os estudantes devem
menor a eficiência.
desenvolver habilidades específicas relacionadas ao uso de instrumentos
e equipamentos, faz-se necessário o uso de definições mais abrangentes,
como a proposta pelo IEEE. Dois exemplos dessa situação são Na seção que encerra este capítulo, além de resultados observados
com a utilização dos OAs, descritos na seção 4, são apresentados os
apresentados nas seções 4.2 e 4.3, onde os estudantes realizam aulas
de laboratório lidando com dispositivos concretos, questão essencial destaques do debate ocorrido entre os participantes da sessão dirigida
"Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia", no COBENGE
para o desenvolvimento de habilidades motoras e para o aprendizado na
2012, sobre o uso de OAs, suas vantagens, além de considerações sobre
construção de experimentos que permitam visualizar a aplicabilidade dos
dificuldades e tendências de avanço no uso de Objetos de Aprendizagem
modelos utilizados para os dispositivos. Nestas seções são apresentados
nos cursos de engenharia .
exemplos em que a realidade dos laboratórios é ampliada com o uso
de tecnologia digital, permitindo que se possa visualizar em uma tela
os campos magnéticos de um rotor que está sendo filmado (seção 4.2)
ou introduzir marcação de pontos em um experimento filmado pelos
estudantes (seção 4.3). De outro lado, o uso de objetos de aprendizagem
não se restringe apenas a objetos concretos, como mostram as seções

320 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 321


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

4 -ALGUNS OAS PARA A EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA potencializadas, considerando-se a sua capacidade de sensibilização e
motivação, conforme Dallacosta, Tarouco e Franco (2007).
As linguagens da TV e do vídeo atraem e retém a atenção, pois
4.1 Um modelo didático para utilização de vídeo educativo no
são dinâmicas e se dirigem primeiramente à afetividade, e não à razão ,
grupo CEEE conforme Moran (1995). Sua leitura utiliza mais os sentidos de visão e
audição do que raciocínio e abstração .
O presente estudo apresenta o desenvolvimento de um objeto de
aprendizagem estruturado na forma de hipervídeo, tendo como objetivo
"A linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes
propiciar a aprendizagem móvel através de tablets.
perceptivas: solicita constantemente a imaginação e
Segundo Sawhney, Balcom e Smith (1996), o hipervídeo seria a reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial
junção do hipertexto com o vídeo digital, o que oferece ao seu autor e aos no mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve
possíveis utilizadores a possibilidade de narrativas múltiplas, assim como mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica."
diferentes formas de estruturar essas narrativas, combinando o vídeo (MORAN, 1995, p.29)
digital com texto e links.
O termo aprendizagem móvel, ou m-learníng, refere-se à aquisição
Dentre as inúmeras possibilidades de uso do vídeo citadas por
de conhecimento ou habilidade através do uso de tecnologia móvel de
Moran (1995) para aplicação na área de engenharia, destacam-se:
forma a permitir a aprendizagem em qualquer lugar e a qualquer hora
Ilustração: O uso do vídeo como ilustração é a exemplificação
(MASROM e ISMAIL, 2010).
do conteúdo que está sendo exposto e enriquece o aprendizado, pois
A escolha do hardware para o uso do objeto de aprendizagem
contextualiza determinada situação ou realidade distantes; e
justifica-se em virtude do tamanho da tela, a qual permite apresentar
Simulação: O uso do vídeo como simulação pode ser considerado
detalhes do vídeo, visualização de marcações do hipervídeo e leitura de
uma ilustração mais elaborada, por meio da qual é possível fazer
textos.
demonstrações que, em um ambiente natural, envolveriam algum risco e/
Segundo Moran (1995), o uso do vídeo em sala de aula é percebido
ou bastante tempo e recursos.
como momento de descontração, e não como parte integrante da mesma ,
Embora se apresente como algo lúdico e desperte elementos
interferindo em suas expectativas quanto ao uso deste recurso. Logo,
afetivos, Fischer (1998) critica o uso linear de vídeo por considerar que
é preciso aproveitar esta predisposição no contexto do planejamento
o aluno fica passivo diante da mídia, sem possibilidades de criar e de
pedagógico, "mas ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar
interagir.
atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas
Com o advento de novas tecnologias e a evolução de ferramentas
da aula" (MORAN, 1995, p.28).
para web, a interação com vídeos tornou-se possível, embora seu uso na
Dessa maneira, entende-se que as possibilidades de associação
educação ainda seja incipiente.
do vídeo às dinâmicas de aula não devem ser menosprezadas, e sim
Com o uso de ferramentas adequadas que permitam ao usuário

322 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 323


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI -Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

trilhar os caminhos do conhecimento, o aprendizado pode se tornar ativo, Observações


de acordo com Dallacosta, Tarouco e Franco (2007). • As anotações silo exibidas nos players padrão do YouTube e nos olavers incorporados
Timm et a/. (20 12) ressaltam que proporcionar a efetiva participação • As anotações nllo silo exibidas no telefone celular (m.youtube.com . Android ou iPhone)
• As anotações nllo silo exibidas nos players personalizados Chromeless do YouTube
do aluno no processo de aprendizagem pode facilitar os processos de
construção do conhecimento. Tal participação pode ser motivada por
recursos de interatividade utilizando uma interface adequada. Figura 6.1: Limitações da ferramenta anotações do Youtube
Lévy (2006, p.176) define interface como "um dispositivo que Fonte: http://support.google.com/youtube/bin/answer.py?hl=pt-
garante a comunicação entre dois sistemas informáticos distintos ou um BR&answer= 1092582
sistema informático e uma rede de comunicação". É por meio da interface
que o aluno irá interagir com o objeto de aprendizagem, e é importante Embora não possa ser utilizado para desenvolver objetos de
que a mesma seja adequada ao objetivo pedagógico. aprendizagem para tablets e celulares, os recursos criados pelo Youtube
Em junho de 2008, o Youtube lançou a versão beta do recurso podem ser utilizados como referência para desenvolvimento de vídeos
Anotações para os vídeos hospedados em seu servidor, permitindo interativos.
a edição desses vídeos diretamente na web e sem necessidade de De acordo com o W3C (s/d), o HTML, desde sua origem "foi criado
programação. Como o Youtube é o site de vídeo mais acessado no para ser uma linguagem independente de plataformas, browsers e outros
mundo, ao disponibilizar essa ferramenta o mesmo popularizou o uso de meios de acesso". Para a manipulação de áudio e vídeo, exigência de
indexação e marcadores em vídeos. Conforme informação do relatório qualquer aplicação multimídia, o HTML4 necessitava a utilização de plug-
Doubleclick Ad Planner, o Youtube é o segundo site mais acessado no ins para apresentar estes elementos.
mundo, perdendo apenas para o Facebook. O padrão de mídia para web, até o advento do HTML5, estava
O Editor de anotações criado pelo Youtube é uma ferramenta baseado no desenvolvimento de mídias com o uso de ferramentas como
que permite colocar sobreposição de texto, pontos ativos e links no o Flash, plataforma proprietária da Adobe. Essa dependência de plug-
vídeo, enriquecendo a experiência com informações, interatividade in externo exigia a instalação prévia do plug-in do Flash, nem sempre
engajamento (YOUTUBE, 2012). suportada por dispositivos móveis, a exemplo dos tablets da Apple.
O Editor de Anotações do Youtube é uma ferramenta eficaz par O HTML5 modifica a forma de como escrevemos o código e
criação de vídeos interativos, permitindo o diálogo com o usuário, m organizamos a informação na página. Seria mais semântica com menos
apresenta restrições para utilização em plataforma móvel. A Figura 6.1, código. Teria mais interatividade sem a necessidade de instalação de
disponível na página de suporte do Google, salienta as restrições d t plug-ins e perda de performance. É a criação de código interoperável,
ferramenta: pronto para futuros dispositivos e que facilita a reutilização da informação
de diversas formas (W3C, s/d).
Seres (2011) destaca que o HTML5 fornece uma maneira padrão
de reprodução de mídia em uma página da Web sem necessitar de um

324 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENIII\1 111 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 325


CAPÍTULO VI- Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI- Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

plug-in para navegador. No entanto, como os formatos suportados pelos A Figura 6.2 demonstra um vídeo de manutenção de linhas de
browsers são diferentes, é necessário disponibilizar o arquivo de vídeo transmissão, onde está sendo substituída a cadeia de isoladores. Neste
em diferentes formatos. A Tabela 6.1 apresenta a compatibilidade de cada exemplo, foi marcada a cadeia de isoladores e, ao clicar no link, o usuário
browser. tem acesso à especificação do produto.

Tabela 6.1: Formatos de vídeo suportados por cada browser


Video Formats and Browser Support
Currently, there are 3 supported video formats for the <video> element: MP4, WebM, and Ogg:

Browser MP4 l WebM Ogg


Internet Explore r 9 YES NO NO

Firefox 4.0 NO YES YES

Google Chrome 6 YES YES YES

Apple Safari 5 YES NO NO

Opera 10.6 NO YES YES

Fonte: http://w3schools.com/html5/html5_ video.asp

Observou-se que muitos engenheiros eletricistas que ingressam


no Grupo CEEE possuem conhecimento acadêmico, mas desconhecem as
atividades técnicas que envolvem a manutenção de linhas de transmissão .
Dessa forma, considerou-se que o vídeo possa ser um importante recurso
para facilitar a aprendizagem dos novos engenheiros ou de empregado
Figura 6.2: Substituição de cadeia de isoladores em Linha de
que mudam de setor.
transmissão. Fonte: Autor
Para o desenvolvimento dos vídeos, foram utilizados filmes d
treinamentos disponibilizados pelos instrutores do Centro Técnico d
Aperfeiçoamento e Formação do Grupo CEEE. Os vídeos foram convertido O modelo proposto para utilização de hipervídeos como objeto
para os formatos MP4, WebM e Ogg para garantir a compatibilidade 111
de aprendizagem poderá auxiliar os novos engenheiros a aprender as
dispositivos distintos. Os marcadores e as mensagens de apoio for 111 atividades técnicas sob sua responsabilidade, evitando saídas a campo e
adicionados com a utilização API Popcorn.js, a qual permite control 11 acelerando, assim, a aprendizagem .
elementos de mídia com o uso de uma timeline. A utilização do código desenvolvido em HTML5 permitirá o
Por tratar-se de um protótipo, definiu-se como objetivo identifl , 11 desenvolvimento de inúmeros objetos de aprendizagem destinados
nos vídeos, todos os equipamentos e ferramentas utilizados p 11 1 a dispositivos móveis. Após a realização de pesquisa para análise da
eletricistas que estão executando a manutenção de linha de transmi usabilidade deste objeto de aprendizagem, pretende-se desenvolver
uma enciclopédia de equipamentos e ferramentas utilizadas pela Área de
326 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENG Nlll\lil DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 327
CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

Transmissão do Grupo CEEE. Esta proposta pedagógica está baseada na Teoria da


Aprendizagem Significativa de David Ausubel. "Aprendizagem significativa
4.2 Uma proposta pedagógica utilizando o ambiente em é um processo pelo qual uma nova informação se relaciona com um
realidade aumentada aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo" (MOREIRA
e MASINI, 2001). Guimarães (2009) afirma que, para que a Aprendizagem
A conversão direta da energia elétrica em mecânica só ·é possível Significativa possa ser observada, deverá ser criada "uma situação nova
graças à interação de campos magnéticos rotativos cuja base científica é o que exija transformação do conhecimento original".
Eletromagnetismo. São conceitos de fundamental importância na formação Foi feito um teste preliminar no mês de junho de 2011, com 44
dos alunos que estudam Eletricidade. Segundo Paz, "constatamos que alunos dos grupos de teste que cursavam a disciplina Máquinas Elétricas
as dificuldades de aprendizagem dos conteúdos de Eletromagnetismo no Instituto Federal Fluminense, turno diurno, utilizando este experimento
se concentram no entendimento das interações e comportamento das em sala de aula. Para o experimento foi utilizado um laptop com webcam
variáveis eletromagnéticas no espaço tridimensional" (2007). e um projetor. Inicialmente os estudantes puderam observar o professor e
O ensino tradicional do campo girante se dá , em geral, através posteriormente cada um pode manipular o experimento.
da análise da Figura 6.3 ou uma figura similar. Nota-se que é uma figura O experimento com os alunos foi a demonstração do campo
bidimensional e estática, explicando um campo girante que na realidade é magnético girante de um motor. A Realidade Aumentada (RA) foi aplicada
tridimensional e dinâmico. ao estator de um motor elétrico, onde foram misturados o mundo real e
o mundo virtual da segu inte maneira: a câmera filmou o motor e surgiu
a imagem do mundo virtual, em que apareceram os campos magnéticos
envolvidos, que no mundo real são invisíveis. O resultado disso foi uma
imagem em RA: o motor e os campos magnéticos, neste caso, visíveis para
o aluno, superando a grande dificuldade encontrada pelos estudantes,
que é a visualização dos campos.
O motor elétrico utilizado nesse experimento é o motor de corrente
alternada assíncrono monofásico de fase dividida. Foi simulado o campo
FIGWN 13.h
FkJJCpattDt'l1 CIIII'IG!aot I . girante do estator. Segundo Carvalho (2008), estator "é o nome dado à
parte fixa do motor, que pode conter um ou mais enrolamentos por polo".
Figura 6.3: Imagem utilizada para analisar o campo girante.
Fonte: Fernandes, 2010.

Este tipo de estudo conduz o educando a muitas dúvidas, já qu


é uma visualização rudimentar em que dificilmente o aluno consegu
visualizar este campo magnético girante.

328 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESA FIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 329


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

Ainda neste mesmo experimento, o marcador agora fará outro link,


com o objetivo de se visualizar o campo girante lateralmente (Figura 6.9).
Surgirá, no mundo virtual, o campo girante visto da parte lateral do motor.
Serão visualizados o motor e o seu campo girante em vista lateral em
ambiente deRA. Nas Figuras 6.1O, 6.11 e 6.12 pode-se observar o campo
girante.

Figura 6.4: Estator do motor em que foi realizado o experimento junto


com o marcador.

Este experimento foi desenvolvido com o software ARTooiKit, pela


facilidade de programação oferecida pelo mesmo.
Na Figura 6.4 pode-se observar o estator utilizado no experimento.
O marcador é colocado no centro do estator (mundo real), visto na Figura
Figura 6.6: Estator do motor junto Figura 6.7: Estator do motor junto
6.5, para que o seu campo magnético apareça (mundo virtual), formando
com o campo girante posição1 com o campo girante
o ambiente de RA. Surge o campo girante do estator, que pode ser visto
posição 2
na Figura 6.6. Nas Figuras 6.7, 6.8 e 6.9 pode-se ter uma idéia do campo
girante, já que o mesmo está sendo mostrado em outras posições.

Figura 6.8: Estator do motor junto Figura 6.9: Estator do motor junto
Figura 6.5: Estator do motor em que foi realizado
com o campo girante com o campo girante posição 4
o experimento junto com o marcador
posição 3

330 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 331


CAPÍTULO VI- Objetos de Aprendi zagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI -Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

As atividades foram realizadas em quatro grupos, três de teste ,


em que foi realizado o experimento com RA (grupos A, B e C), totalizando
44 alunos, e um grupo de controle que não participou do experimento com
RA (grupo D), com 17 alunos.

Quadro 6.3 : Atividades realizadas


Grupos de Teste Grupo de Controle
Aula em PowerPoint sobre forma- Aula em PowerPoint sobre forma-
ção do campo girante ção do campo girante
Figura 6.10: Vista lateral do Figura 6.11: Vista lateral do
campo girante- posição 1 campo girante - posição 2 Explicação tradicional do campo Explicação tradicional do campo
girante girante
Experimento usando RA XXX
Teste: O princípio básico de fun- Teste: O princípio básico de fun-
cionamento de um motor de cor- cionamento de um motor de cor-
rente alternada é o campo girante. rente alternada é o campo girante.
Explique como funciona o campo Explique como funciona o campo
girante em um motor trifásico. girante em um motor trifásico.

Segundo Ausubel (1 980), um dos meios de se obter indícios


da Aprendizagem Significativa é submetendo os alunos a uma situação
inédita e observar os resultados. A seguir, estão os resultados do teste
Figura 6.12: Vista lateral do Figura 6.13: Vista lateral do campo
realizado com este objetivo. Os alunos responderam à questão: "O que é
campo girante - posição 3 girante - posição 4
campo girante? Explique como o mesmo se forma".
Nos grupos de teste, 80% dos alunos acertaram ; no grupo
Ao final da aula os alunos responderam o teste para verificação
de controle, 50% dos alunos acertaram o teste para verificação da
da ocorrência da Aprendizagem Significativa.
Aprendizagem Significativa. Como todos os grupos aprenderam de
De acordo com Moreira (2006) uma maneira de se evitar a acordo com a Teoria da Aprendizagem Significativa, observa-se que uma
"simulação da aprendizagem Significativa" é formular questões inéditas boa porcentagem dos alunos de todos os grupos acertou o Teste para
ao aprendiz. Moreira e Masini (2001) propõem que para verificar os verificação da Aprendizagem Significativa . Comparando-se os grupos de
indícios da Aprendizagem Significativa seja colocada uma nova tarefa que teste com o grupo de controle, percebe-se que os alunos dos grupos de
dependa da precedente. A partir da aula sobre formação do campo girant teste se saíram melhor, já que os mesmos utilizaram técnicas de RA. Os
foram realizadas as atividades do Quadro 6.1.
DESAFIOS DA ED UCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 333
332
CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI- Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

gráficos 1 e 2 mostram os resultados obtidos nos grupos. uma webcam e um laptop); foi utilizado também um data show com telão ,
sendo que o projetor não é necessário, servindo apenas para enriquecer
Explique como funciona o campo girante em um motor trifásico. o experimento; o ambiente em Realidade Aumentada é excelente para
visualização dos campos magnéticos.
% Grupos A+B+C Situação inédita Grupo D Situação inédita
20
Neste trabalho foi proposta uma nova forma de ensinar campo
magnético. Os resultados mostram que houve melhorias estatisticamente
significativas no desempenho dos aprendizes do grupo experimental
quando comparados aos aprendizes do grupo de controle.
80% DSIM O SIM
li NÃO li NÃO Com o experimento, e de acordo com o teste respondido pelos
Gráfico 1: Alunos que acertaram Gráfico 2: Alunos que acertaram alunos, pode-se verificar que a Realidade Aumentada pode contribuir
o Teste para verificação da o Teste para verificação da como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem do campo girante
Aprendizagem Significativa Aprendizagem Significativa a partir da Teoria da Aprendizagem Significativa .

4.3 Uso de videoanálise no ensino de mecânica em cursos de


A RA utilizada como ferramenta neste trabalho propõe ao aluno engenharia
o estudo de eletromagnetismo de forma exploratória de acordo com os
princípios propostos pela teoria da Aprendizagem Significativa. Já foi comentado na introdução deste capítulo que recursos
Os resultados foram positivos, os alunos demonstraram um bom desenvolvidos em Engenharia Eletrônica e de Software tornaram-se
aproveitamento nos testes realizados. Com o uso da RA foi percebida atividades meio no ensino de Engenharia. Isso inclui o uso do computador
uma maior motivação para que ocorresse a Aprendizagem Significativa. como instrumento para aquisição de dados nos laboratórios didáticos de
Os alunos foram colocados diante de situação inédita (explicar a formação física, ferramenta cujas possibilidades têm sido amplamente exploradas
do campo girante trifásico) e conseguiram ter bom rendimento. Constatou- (VEIT, 2005; CAVALCANTE et a/., 2008). Neste contexto, a análise de
se que houve uma Aprendizagem Significativa por parte da maioria dos vídeo, ou videoanálise, é um Objeto de Aprendizagem (OA) que apresenta
alunos. No entanto, as turmas que utilizaram RA apresentaram resultados grande potencial (BARBETA; YAMAMOTO, 2002; BROWN, 2011;
melhores . BROWN; COX, 2009; CATELLI et a/., 201 O; CORVELONI et a/., 2009).
A Realidade Aumentada apresentou as seguintes vantagens: Dentre as alternativas na utilização de videoanálise, o software
permitiu aos alunos a visualização do campo magnético girante; permitiu Tracker (BROWN, 2011 ), destinado à análise de vídeos de movimento
a interação do aluno com esses campos magnéticos; a partir do momento quadro a quadro, foi recentemente apresentado com perspectivas
em que o Objeto de Aprendizagem em Realidade Aumentada foi e resultados promissores (BROWN; COX, 2009; OLIVEIRA et ai.,
elaborado, sua utilização é simples e prática; simplicidade e economl 2011 ). Uma das vantagens da videoanálise com o Tracker advém da
do equipamento utilizado (os experimentos foram realizados com apena simplificação dos procedimentos e da eliminação de algumas tarefas

334 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 335


CAPÍTULO VI - Objelos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

intermediárias que surgem quando da análise dos dados colhidos de são explicados nos manuais presentes no programa (BROWN, 2011;
forma artesanal e de fotografias obtidas com máquinas digitais. O uso do TRACKER BRASIL, 2011 ). Na Figura 6.14 é apresentada uma tela típica
Tracker permite integrar essas medidas, uma vez que o software fornece do Tracker.
automaticamente os valores de distância a partir de um padrão (que pode
ser uma escala graduada colocada no pano de fundo da filmagem). O
software também identifica automaticamente a quantidade de quadros por
segundo empregada pela câmera digital usada. Além disso, os dados de
posição e tempo são apresentados em uma tela que possibilita a análise
e manipulação desses dados de forma simples e rápida. Por esse motivo,
a proposta do Tracker é adequada ao tempo e espaço onde ocorreria
uma aula de laboratório de física, ou mesmo como apoio a uma aula
expositiva . Daqui, destaca-se uma característica fundamental do Tracker:
por ser um software livre, permite uma série de iniciativas relacionadas
à sua apropriação pelos usuários como, por exemplo, a distribuição
gratuita de cópias do programa, a tradução para idiomas de interesse e
a elaboração de manuais de utilização, acarretando vantagens óbvias
para seu uso e divulgação no àmbiente escolar. Em resumo, o Tracker Figura 6.14: Tela do Tracker correspondente ao experimento sobre a 2a

cumpre várias funções no processo de ensino-aprendizagem: permite Lei de Newton. Os pontos no centro, à esquerda, representam quadros
aos alunos acompanharem a evolução das grandezas físicas, pondo fim sucessivos do movimento do carrinho. À direita, é apresentada uma
à mera sequência de passos experimentais em roteiros de laboratórios tabela com os dados de posição e tempo e o respectivo gráfico.
estruturados ao extremo; permite a manipulação dos dados e construção
dos gráficos a partir de tais observações, fundamentais para a construção Na parte esquerda da tela, é exibido recorte da filmagem
do conhecimento físico por meio de atividades experimentais (ALVES realizada. Notam-se as marcações (pontos) representando o movimento
FILHO, 2004) e, finalmente, permite aos atores deste processo serem quadro a quadro do carro, depois de abandonada uma massa suspensa,
agentes ativos na construção, customização e adequação do programa que também está presente na imagem. À direita, observa-se um gráfico da
às suas realidades, como, por exemplo, a tradução do Tracker para o posição horizontal do carro em relação ao tempo (acima) e também uma
português feita pelos autores e já disponibilizada para a comunidad tabela com esses mesmos valores (abaixo). Essas tabelas de dados podem
(TRACKER BRASIL, 2011 ). ser analisadas com os recursos presentes no Tracker para realização de
Um procedimento típico mediado pelo uso do Tracker consiste n 1 ajustes de curvas e obtenção das respectivas equações ou por programas
organização do experimento e na filmagem do movimento de interess específicos destinados ao tratamento de dados experimentais como,
Transfere-se, então, o arquivo de vídeo para o programa e faz-se 1 por exemplo, o SciDAVis (SCIDAVIS, 2011 ), ou o editor de planilhas do
marcação dos pontos quadro a quadro. Os procedimentos necessárl 1 BrOffice (BROFFICE , 2011 ), também softwares livres.

336 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGEN HAI lt\ DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 337
CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

O experimento aqui proposto é recorrente nos livros de texto, e Desta forma, pode-se proceder ao experimento mantendo-se
consiste em um carrinho deslizando numa superfície horizontal, sendo fixa a massa do carrinho (m) e variando-se a massa suspensa (M). Os
tracionado por um cabo que, ao passar por uma polia, está preso a uma gráficos para o deslocamento do carrinho e da aceleração do conjunto são
massa suspensa em sua outra extremidade. A Figura 6.15 mostra a mostrados nas Figuras 6.16a e 6.16b, respectivamente. O gráfico ilustrado
montagem do aparato experimental. na Figura 6.16b também permite o cálculo do valor da aceleração da
gravidade no local do experimento por meio do coeficiente angular da reta
que corresponde à regressão matemática dos pontos. Tal procedimento
forneceu o valor de 9,76 m/s2, um bom parâmetro para validar o Tracker
na observação e descrição do movimento. Nesse ponto, ao observar e
realizar a regressão linear dos dados experimentais (curvas na figura
6.16), utilizando a equação (1 ), surge um dado novo: a reta obtida na
figura 6.16b apresenta coeficiente linear negativo, cujo significado físico
discutiremos a seguir.

Figura 6.15: Esquema do experimento relacionado à segunda lei de


Newton. O sistema consiste em uma massa (M) ligada por um fio ao
carrinho (m) . Quando o carrinho é liberado, o movimento do sistema é
0,30
filmado para ser analisado com o Tracker, como visto na Figura 6.14.
0,25

Após a obtenção e análise dos pontos com o Tracker, os dados são


levados ao SciDavis para um tratamento mais detalhado. Desprezando o
--
E
X
0,20

0,15
atrito de rolamento e a massa da roldana, a análise desse movimento,
pelos procedimentos usuais de resoluções de problemas envolvendo 0,10
as Leis de Newton, conduz à expressão para a aceleração do sistema
(MERIAM & KRAIGE, 2008):
0,05 I X = 0,211 + 0,49t' I
0,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60
M
a= - - g t(s)
m+M
( 1)

338 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHI\1 11. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 339


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Ed ucação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

à direita pode ser entendido como a contribuição associada a elas e é


chamado de ad. Então, a equação 2 pode ser reescrita como:

2,50 M
a= - - g- a
m+M d
(3)

--
N
f/)
2,00

-
E 1,50

1,00
Assim, nota-se facilmente que ad é o coeficiente linear da reta
obtida a partir dos dados experimentais, ou seja , os efeitos do atrito
estavam mesmo implicitamente incluídos nestes dados experimentais, de
modo que se faz necessário refinar o modelo matemático, associando ao
0,50 a=- O,15 + 9,76[M,j(m+M.,.)] coeficiente linear os efeitos dissipativos.
Neste trabalho apresentamos o software livre Tracker e as
0,00 L.-.<L..:::.L--O..-L--'---L--'--L-......__-L..__.__L._j
0,00 0,05 O, 10 O, 15 0,20 0,25 0,30 possibilidades abertas pela videoanálise para o estudo dos movimentos.
Apresentamos experimentos da 2 8 . Lei de Newton, onde se valida
Mtix/( m+Mfixa)
a aplicação do mesmo não somente em situações idealizadas mas
Figura 6.16: (a) dados obtidos com o Tracker para o deslocamento do também naquelas em que são levados em conta aspectos reais de forças
carro no tempo, para um dos valores de M; o gráfico é uma parábola, logo, dissipativas e inércia rotacional de polias. O Tracker, no contexto da
o movimento é uniformemente acelerado. Em (b), aceleração em função formação em Engenharia, é um OA que apresenta recursos úteis para a
de M. Note o coeficiente linear negativo da reta. observação e descrição dos fenômenos da natureza . Nossos resultados
preliminares sugerem a possibilidade de ensinar a utilização deste
OA em poucas aulas e que, após algumas semanas, mesmo usuários
As atividades experimentais podem ser entendidas como objeto
relativamente inexperientes são capazes de empregá-lo na real ização de
didático (PINHO ALVES, 2004), também constituindo uma maneira de
experimentos significativos. Nesse sentido, o uso do Tracker desponta
propiciar aos estudantes a competência de testar e realizar modelos. No
como importante alternativa a ser usada para incrementar e requintar as
caso deste experimento relacionado à 2a. lei de Newton, cabe notar que
aulas de física na formação de engenheiros.
os dados experimentais embutem informações do sistema físico real ,
incluindo as forças dissipativas (atrito, resistência do ar, etc.). Ao incluir
essas forças dissipativas na equação 1, a segunda lei de Newton condu/ 4.4 -Um objeto de aprendizagem como recurso mediador na

a: construção de conceitos de matemática para engenharia

M f O objeto de aprendizagem, que se apresenta a seguir, foi


a= - - g- - -
m+M m+M (2 ) planejado e criado para apoiar o entendimento da construção de gráficos
de equações polares. A sua utilização mostrou mudanças sign ificativas no
onde f diz respeito às mencionadas forças dissipativas. o segundo tert11 11
340 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHAI IA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 341
CAPÍTULO VI- Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI -Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

entendimento e interpretação de gráficos construídos com processadores dificuldades em visualizar, interpretar e representar o gráfico de uma
geométricos e também com lápis e papel. equação em coordenadas polares, cuja lógica do sistema de posição
A Matemática, apesar de ser uma ciência de incontáveis considera a direção angular e a distância a um ponto fixo como
aplicações práticas, tem conceitos e ideias matemáticas como objetos de coordenadas de localização.
estudo. Tais conceitos e ideias são abstratos e requerem a formalização O conceito de fasor, estabelecido na matemática dos números
como construção de conhecimento. Por outro lado, os estudantes, complexos, foi transportado para a Engenharia para se operar com
ao se depararem com um conceito novo, muitas vezes retornam ao grandezas variáveis harmonicamente no tempo, na primeira metade do
estado operatório concreto, onde elementos concretos podem apoiar séc. XX. Na Engenharia Elétrica, essas grandezas podem ser tensões
as ações do pensamento. Por isso, os objetos de aprendizagem (OAs) e correntes elétricas alternadas (AC), bem como campos elétricos e
são reconhecidos como recursos que podem auxiliar na construção de magnéticos associados a ondas eletromagnéticas irradiadas por uma
conceitos. antena, por exemplo.
Assim, os educadores podem ampliar as possibilidades de O conceito está fundamentado na relação estabelecida no
aprendizagem, criando ou utilizando OAs, disponibilizados na web, como teorema de De Moivre que expressa uma exponencial complexa em uma
apoio na compreensão de conceitos e de ideias abstratas com as quais soma de sinusóides:
os estudantes devem operar. ·e
A representação de grandezas físicas com o uso do sistema e1 = cos8+ j sen8
polar, ao invés do cartesiano, torna mais simples algumas equações e
processamentos matemáticos que aparecem em certas situações da Essa igualdade pode ser reescrita, em termos de funções
Engenharia. É o caso da representação de tensões e correntes elétricas sinusoidais no tempo, como:
variáveis no tempo, fundamental na análise e no projeto de circuitos
jwt
elétricos, e para o consequente conceito de fasor (phasor, no original e = cos wt + J• sen wt
em inglês). No início dos cursos de Engenharia, especialmente em
Matemática e Física, é comum os estudantes defrontarem com dificuldades No caso específico da representação de sinais elétricos e
de aprendizagem, lacunas e defasagens, no reconhecimento e utilização radioelétricos, para os quais, muitas vezes, se fazem necessárias
de conceitos básicos que sustentam a construção e a aplicação de diferenciações e integrações matemáticas, a notação exponencial
novos conhecimentos. O sistema de representação de grandezas mais complexa se reveste de especial interesse, uma vez que derivar ou
utilizado é o sistema cartesiano, e o sistema de coordenadas polares é integrar funções exponenciais é bem menos laborioso que derivar e
novidade para a maioria dos estudantes. Assim, ao se introduzir o uso integrar funções sinusoidais. A expressão de sinais harmônicos na forma
de coordenadas polares, tem-se como um dos objetivos principais o de funções exponenciais complexas traz ainda a vantagem de permitir
entendimento da definição do sistema polar, bem como da relação entre a solução gráfica de problemas que envolvam sinais elétricos e sinais
sistema polar e o sistema cartesiano. radioelétricos. Isso porque permite estabelecer uma representação
Nesse processo, percebe-se que muitos estudantes têrn gráfica das funções exponenciais complexas que permitem descrever

342 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 343


CAPÍTULO VI -Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia
CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

esses sinais em coordenadas polares, e é esta representação que dá de funções em coordenadas cartesianas. A partir dessa constatação,
origem ao conceito de fasor. busca-se interpretar o gráfico da equação representada em coordenadas
Na aprendizagem do conceito de fasor, interessa que os estudantes cartesianas, pois a análise dessa representação cartesiana permite
analisem as relações entre os aspectos figurativo (representação) e interpretar e descrever o comportamento das variáveis da equação e, com
operativo (ações e operações) do conhecimento. Apesar de não ser um isso, representá-la no sistema polar. A ideia é simples, mas não é assim
problema de ordem espacial física, pois se trata de um problema que para muitos estudantes, que devem operar, distinguindo e compreendendo,-
envolve operações lógico-aritméticas e sua representação em um espaço o comportamento das variáveis nos dois sistemas. Para auxiliá-los a
matemático, é razoável supor que as abstrações que se dão nos espaços compreender e processar essas etapas (a representação da equação polar
(físico e matemático) são similares. Se o espaço constitui um ponto de no sistema cartesiano, a interpretação e descrição do comportamento
junção entre as propriedades do objeto e as operações do sujeito, sua das variáveis e, com isso, a representação da equação no sistema polar),
evolução não é menos instrutiva, pois que toda a evolução da geometria planejou -se um OA que execute essas etapas simultaneamente, como
é a de uma formalização progressiva que dissocia as formas operatórias na Figura 6.17, para a construção do gráfico da função polar r = cosq .
de seu conteúdo figurativo . No caso da compreensão e uso do conceito No ambiente do OA, a construção é dinâmica e por trechos de variação,
de fasor, as operações geométricas são semelhantes às operações de simultaneamente em cada um dos sistemas. O estudante pode explorar
álgebra com vetores, fazendo com que, muitas vezes, as operações o objeto, avançando após analisar e compreender a construção de cada
realizadas no espaço matemático (operação fasorial) e as realizadas trecho nos dois sistemas.
no espaço físico (operação vetorial) parecerem indistintas, levando o
L( S* UCSvortual
aprendiz a interpretações inadequadas dos resultados obtidos. --~~-~------------------

Por tudo isso, identifica-se dois patamares de dificuldade no Coordenadas cartesianas X Coordenadas Polares
~~ ! CU'IIItr .. _íl l
aprendizado do conceito de fasor: o primeiro nível de dificuldade reside
na compreensão da representação de grandezas em coordenadas ,..,..CliCoi'__.,GIItD•Ptl/4,flrr!OI:Ot'M~·l,_..O;

@õi5!)
polares; um segundo nível é representado pela dificuldade de dissociar
um fasor (entidade matemática que representa a variação temporal de
uma grandeza física) de um vetor (entidade matemática que representa a

*
~t
-..,. ........... o.~.-·-........,••,....o:
variação espacial de uma grandeza física). Ao utilizar espaços matemáticos ,_._.......,.dtllllf4•pll2,-•----tltiO_. .J;
,.,.--·Jiifl•,_.., __ ,._....,.•.
de referência ou representação distintos - respectivamente, o espaço
... ..1'11 ,.,...- •....,·fll.--·-....... ., . ,. .,
~ ,.,. fl;

~----.,. . . . . . . . . ,..., ........... _ 0 ;


,...,fiiQI ........
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a~oJi~Vl,~o.-IW&MdllldtO(!Yri· J;
-.fl&t~clf.llllv.lo,..,._,,..._.._..,.,~o;

,..,.,.,. ....... 11111'f•bi.--••-"'*•0(Nn l;


temporal e o espaço tridimensional - , a dificuldade na distinção entre os
conceitos de fasor e de vetor fica estabelecida, e consequentemente, a Figura 6.17: Gráficos em coordenadas polares disponível no acervo
interpretação dos resultados obtidos fica prejudicada. UCSvirtual - Ambiente Virtual de Aprendizagem que serve de apoio às
O sistema de coordenadas polares é novidade para os estudantes, disciplinas de graduação da Universidade de Caxias do Sul.
bem como as curvas polares, o que dificulta intuir o seu traçado a partir
da representação de pontos, um procedimento comum na representação A utilização do OA influenciou positivamente a representação de

344 DESA FIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA


DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 345
CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

equações em coordenadas polares. Com esse recurso, e ainda orientados Distância).


para um estudo em livros, os estudantes que se envolveram aprenderam, Para a elaboração dos materiais propostos, partiu-se da
sem maiores dificuldades, a representação de equações polares. Além investigação de modelos eficientes de aprendizagem, como a teoria da
disso, reduziu-se significativamente o tempo destinado a esse estudo carga cognitiva de Sweller (2003), o ciclo de aprendizagem de Kolb (1986),
em classe, possibilitando dedicar mais tempo para a resolução de a teoria de aprendizagem multimídia de Mayer (2001 ), entre outros. A
problemas e para outros conteúdos que também demandam uma atenção implementação destes está baseada em um conjunto de ferramentas de
diferenciada. autoria.
Como consequência do uso deste OA, os estudantes mostraram No ensino de Matemática à distância, assim como em qualquer
satisfação por seu aprendizado e, consequentemente, melhor desempenho situação de ensino nessa modalidade, o que se busca é a interação entre
nas avaliações em classe. Em autoavaliações, os alunos foram unânimes os alunos e destes com o professor, bem como o desenvolvimento de uma
ao afirmar que o OA auxilia no entendimento e na construção de gráficos autonomia na aprendizagem, a qual poderá ser baseada em materiais
em coordenadas polares. interativos.
No caso do OA apresentado, vislumbra-se a possibilidade de
É passível de se considerar que a experimentação é um aspecto
expandi-lo, tematizando fasores, uma vez que os resultados obtidos com
essencial na construção do conhecimento matemático, e é por esse motivo
seu uso até agora são promissores. A validação dos resultados obtidos
que se defende o uso do software GeoGebra.
na utilização do OA descrito neste trabalho poderá ser feita, também, em
Em relação à disciplina de Cálculo, percebe-se, em instituições
disciplinas correlatas, permitindo o aprimoramento desse recurso.
com as quais se tem contato, bem como em pesquisas relacionadas, uma
incidência muito grande de reprovações e dificuldades dos alunos em
4.5 MEC - Modelo para o ensino de Cálculo para Engenharia:
disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral. Acredita-se que os conteúdos
uma solução baseada na integração de objetos interativos de
específicos de Cálculo devem ser explorados de maneira a proporcionar
aprendizagem
no aluno a construção do conhecimento de forma mais significativa,
amenizando as dificuldades específicas destes tópicos.
Tem-se observado, em todos os níveis escolares, que os alunos
Uma iniciativa na tentativa de reverter este quadro é explorar
demonstram grandes dificuldades em Matemática, seja na Educação
componentes de caráter interativo.
Básica ou em disciplinas matemáticas de cursos superiores. No caso
Em uma comparação entre modelos de tecnologia, Silva (2000)
dessas últimas, pode-se afirmar que apresentam um expressivo índice de
observa que na modalidade computacional interativa permitida pelas
reprovação; logo, pode-se concluir que tal problema possa ser responsável
novas tecnologias informáticas, há mudança significativa na natureza da
por parte da evasão em cursos como Engenharia.
mensagem, no papel do emissor e no estatuto do receptor. A mensagem
Pensando nisso, propôs-se o desenvolvimento e integração dos
torna-se modificável na medida em que responde às solicitações daquele
seguintes objetos de aprendizagem a fim de apoiar o processo de ensino que a consulta, que a explora, que a manipula .
da Matemática: um website denominado "GeoGebrando - desenvolvendo
O conhecimento adquirido com os estudos realizados sobre
utilitários com GeoGebra" (DUG) e o projeto E20 (Ensino de Derivadas

346 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 347


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

ferramentas e softwares para o ensino de derivadas, em disciplinas de Aorganizaçãodesteobjetobuscaofereceraoestudanteinformações


Cálculo Diferencial e Integral, permitiu a proposta e implementação de que estão relacionadas diretamente à sua estrutura de conhecimento,
duas aplicações, DUG e E2D , descritas na sequência . a qual poderá ser construída durante uma fase de nivelamento. Além
O DUG visa utilizar a internet para compartilhar a prática, utilização disto, conforme apresentado na Figura 6.18, os módulos e objetos da
e a construção de modelos e materiais em GeoGebra, permitindo o acesso ferramenta estão dispostos a fim de atender o Ciclo de Aprendizagem
do aluno ao ambiente de forma interativa. Os recursos estão disponíveis proposto por Kolb (1986), no qual a etapa de apresentação do objeto está
em seções organizadas de forma que o estudante possa acessar relacionada às vivências concretas, a conceituação está atendida na fase
diferentes conteúdos de acordo com seu conhecimento prévio, permitindo Conceituação, as Regras de Derivação constituem os conceitos abstratos
sua evolução dentro do ambiente de acordo com suas capacidades . e por último tem-se a experimentação ativa caracterizada nas atividades
O E2D possui um conjunto de aplicações e atividades didaticamente práticas.
produzidas, com diferentes tecnologias multimídia e respeitando uma Sabendo que as maiores dificuldades dos alunos de Cálculo
linguagem padrão. Para a construção desse ambiente, diferentes encontram-se em problemas de matemática básica, propõe-se a
concepções teóricas foram elencadas, seguindo um processo linear de utilização do DUG como reforço aos conteúdos apresentados no E2D,
apresentação dos seus assuntos. Este modelo permite ao aluno criar uma duas ferramentas criadas separadamente, mas que podem ser utilizadas
base sólida de conhecimentos, necessária para o desenvolvimento das de forma integrada.
atividades, as quais estão disponibilizadas no ambiente de forma clara e As Figuras 6.19 e 6.20 mostram dois modos de interação,
de fácil interpretação por parte do usuário. respectivamente: na Figura 6.19 uma captura de tela do DUG e na Figura
6.20 uma captura de tela do E2D, mostrando em ambos os objetos a
Ododc possibilidade de interação viabilizada, por meio do GeoGebra, nestas
Kolb soluções .


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Figura 6.18: Alinhamento do E2D com o Ciclo ~~~~~i~.--~~~~--~~--~~~


proposto por Kolb (1986) Figura 6.19: Interação com GeoGebra através do DUG

348 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHA~II\ DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 349


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI -Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

2 . ::.

Ensino de Derivadas a Distância . . '· '

0 ca.tuh -.mait: ~ !-, -~----- CON CEITUAÇÃ O E APLICAÇAO- -

ÍC;eometricamente, podemos entender a deriVada de uma tunç.io em um ponto


:Como sendo o coeficiente 01ngu1ar da ,..g ~ngente ao gr.áfico d.a tunyio nesta
"--'-~"'-~~~~= ~~~~::.n1a u= ~:lh;:=:r:=~~ul!~:;;.~sc~ta~:~~~CO: u;:tJ:~~': APRESENTAÇAO

l
~~~e~l r omportamento da reta t.Jngent• a ~rtir du intervenções do usu.ário.
Muitos fenéimenos ffslcos envolv.., grandezas que vart.1m, como a velocidade de um
......,..........._.... i i uete, a inflação de uma moedi!, o número de bactérias em UINI euttu~ . a
li L.::~~=..~=--' Intensidade do tntmor de um terremoto, e assim por diante.
...-·····

L:":=::::::::::~..J Ii
c:& Menu de Recu,...ot:

Figura 6.21: Navegação no E2D


* P<oj - E20

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. ~bf0-- 1!
0. aPrC~!m<õmlti·O Oi C S t,;>mpara O ~ f!ISU~.lr!05

pelarazjoEBlEAepo;laOenvadotdiifunçbernC Épon:w.l
c!õldOS
Com a integração dos dois ambientes, obtém-se um alto nível de
,,
Pl'oten... .........l
eslabeleceralaumalt'hl~belltreoscoelcclen tesan oulot i"S
da reta secante AS~ da rata tal'lQente ;'i cutrd ~m A? O qu~
interatividade, visando auxiliar o aluno em sua aprendizagem.
~-:/Wolo!Julltr ~ i -awrrt~ce com a ra~o Ea/f;.. quando O= C' ?or Qun

Especificamente, tratando de objetos desenvolvidos para este


Figura 6.20: Interação com GeoGebra através do E2D
trabalho, destacam-se os modelos disponibilizados na seção "Atividades
Práticas" do E2D, nos quais o sujeito tem a oportunidade de tentar
Visto que a integração do DUG e E2D proporciona um ambiente resolver os problemas lançados como ilustram as Figuras 6.22 e 6.23. Um
computacional interativo e válido para o apoio ao ensino de Cálculo, todas ponto importante é o feedback imediato dado na própria plataforma do
as aplicações disponibilizadas nestes ambientes seguem uma ordem GeoGebra, o qu-al serve como norteador ao aluno, parabenizando-o, em
relacional, construídos com base em um layout de fácil compreensão. caso de acerto, e recomendando uma nova tentativa, então com opcional
Usando as ferramentas DUG e E2D, é possível incrementar e de uma dica, em caso de insucesso.
repensar as aulas de Cálculo, seguindo a seguinte linha de raciocínio: ~-~~t-1,~4SiFfJi1SEGI3_;::::::-
~-=·=:---~
i. .D e•
em um primeiro momento incentiva-se que o aluno explore a ferramenta
DUG, e no segundo momento passe ao E2D, passando pela introdução e
explanação sobre o uso do ambiente. Para o uso efetivo deste é proposta
uma aprendizagem guiada, a qual está composta pelas seguintes etapas:
-·-·....._.. ___
-·~~ ·--·~--
y= :t"-:Jx + ~
.
Ed~e a fu~o: f(x)dx'-:-:ix + -2 -
._;;..._ ;"
..
1) motivação ao assunto; 2) revisão dos pré-requisitos; 3) conceituação e Parabénslll Você acertou.

aplicações; 4) regras de derivação; 4) atividades práticas.


Essa sequência tem por objetivo cumprir com as demais etapas
do Ciclo de Kolb (1986). Tal sequência já está naturalmente presente no
E2D, uma vez que este já foi construído pensando nas etapas essenciais
a uma melhor construção do conhecimento . Na Figura 6.21 é apresentad
Figura 6.22: Atividade realizada com êxito: feedback positivo
a ordem das ações a serem seguidas na utilização do E2D .

350 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 351


CAPÍTULO VI -Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

5 • DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

- 1
E d~e a tunçao: f(x)=x' - 3x + 2~ j
-~"""'··~-·-·-- ......... Cada vez mais, Tecnologias de Informação e Comunicação têm
marcado presença constante no cotidiano dos cursos de Engenharia,
Tente novamente. r~ 01(-.A.

Revise o coeficiente angular e linear da reta.


acompanhadas da preocupação com sua inserção nos processos de
ensino e aprendizagem, de modo a garantir melhores resultados em
termos do desenvolvimento de competências e habilidades requeridas
atualmente. Nesse contexto estão os objetos de aprendizagem, que vêm
sendo tema de estudos e discussões envolvendo muitos pesquisadores
Figura 6.23: Diante do erro, recomendação de nova tentativa, no mundo. No âmbito dos COBENGE já foram produzidos dois capítulos
com opcional de dica de livros com conceituação, além da apresentação de diversos estudos,
tendo sido apontadas vantagens de sua aplicabilidade na educação em
Assim, com as diferentes possibilidades de ajuste, o usuário pode engenharia, bem como desafios a serem enfrentados, pelos autores
valer-se do objeto para realização de um conjunto de atividades que são envolvidos.
propostas, reforçando a articulação e integração entre os ambientes. Em particular, na seção 4 deste capítulo, softwares combinados
Por fim, destaca-se que a conexão entre as ferramentas DUG e com estratégias pedagógicas diferenciadas surgem com potencial para
E2D colabora com a inserção de ambientes informatizados no ensino de o desenvolvimento de OAs que podem qualificar os processos de ensino
Cálculo. Com isso, conclui-se que a integração das diferentes tecnologias e aprendizagem em Engenharia. Em todas as situações descritas foram
de softwares atuais, organizadas de acordo com preceitos de importantes destacados os benefícios da utilização dos OAs, desde que sejam
pesquisadores da área do ensino mediado por computador, permite devidamente (re)considerados os papéis do professor e alunos neste
construir um ambiente efetivo para o ensino de Cálculo, na modalidade contexto. De fato, torna-se evidente que em todas as situações de ensino,
presencial ou à distância. estas organizadas pelo professor, está implícita a sua epistemologia,
com base na qual as estratégias são criadas. Não se trata de substituir
o professor; ao contrário, o seu acompanhamento é o ponto central da
gestão pedagógica, que pode garantir o sucesso esperado nos processos
de ensino e aprendizagem.
Por outro lado, este estudo permitiu também inferir que, de
forma mais ampla, muitas dificuldades de aprendizagem que os alunos
apresentam estão ligadas aos processos educativos vigentes. Em boa
parte da formação em cursos de Engenharia, ainda é predomin ante

352 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 353


CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

uma prática pedagógica centrada no paradigma do professor, que "dá quantidade de OAs desprovidos das qualidades apontadas, visando a
aula" e que detém o conhecimento e, consequentemente, impõe a sua sua inclusão nos ambientes de aprendizagem significativa em cursos de
presença ao aluno como única possibilidade para que ele aprenda. Nesse Engenharia.
particular, a sugestão de utilização de OAs pode promover a superação De todo modo, já é possível perceber uma maior adesão à
deste paradigma a partir da compreensão de que a ação cognitiva do utilização, não somente de OAs, mas de materiais educacionais digitais,
aluno, descentrando o processo educativo da figura do professor, parece de modo geral, com ênfase no trabalho do professor como principal
ser uma estratégia mais coerente com a formação do engenheiro deste articulador do processo de ensino e aprendizagem.
tempo.
Além disto, embora cientes das limitações existentes, com a
utilização de OAs, os professores que participaram da Sessão Dirigida:
Objetos de Aprendizagem na educação em Engenharia foram unânimes
ao reconhecer muitos benefícios, todos eles relacionados à qualidade
da aprendizagem dos estudantes que reconhecem e assumem sua
responsabilidade neste processo. Ainda são bastante frequentes,
em discussões que envolvem professores de cursos de Engenharia,
depoimentos com foco nas dificuldades dos estudantes, causadas pela
falta de motivação para o estudo, além dos problemas decorrentes de um
Ensino Médio ineficiente. E os OAs foram apontados, por muitos, como
possibilidade de auxiliar na superação destas dificuldades, propondo
tais objetos como recursos para autoaprendizagem ou até mesmo com o
acompanhamento do professor, à distância.
No que diz respeito às limitações, essas foram relacionadas com
recursos de rede, qualidade do sinal em 3G e conhecimentos relacionados
com a tecnologia, que os professores, de modo geral, não têm. Entretanto
isso se faz necessário para a produção de um OA. Como forma de
avançar, os professores são unânimes ao concordar com a importância
de se conhecer OAs existentes em bases de dados disponíveis.
Além disso, outro desafio a ser enfrentado consiste na formação de
equipes multidisciplinares que incluam profissionais ligados às áreas de
tecnologia educacional.
Também foi destacada a importância de se promover uma "mineração
de dados" para auxiliar na classificação dos OAs existentes, dada a grande
354 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA 355
CAPÍTULO VI - Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia CAPÍTULO VI -Objetos de Aprendizagem na Educação em Engenharia

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Flávia Pereira da Silva CEEE-GT
lsolda Gianni de Lima ucs
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José Adeilson Amorim UFAL
José Adelido de Amorim UFAL
Joyce Suzana e Silva Santos UFAL
Laurete Zanol Sauer ucs
Maria Cristina Kessler UNISINOS
Marilan P. Dumke UNIDAVI - Rio do Sul I SC
Michele da Rosa Andrade Zimmermann
de Souza FURG

I
Neiva I. Jost Manzini UNISINOS
Rodrigo Cutri Escola de Engenharia Mauá
Sérgio Luiz Schubert Severo IF-Sul
Suzana da Hora Macedo Instituto Federal Fluminense
Thaísa Jacintho Muller PUC-RS; UNISINOS
Walter A. Bazo UFSC
Zacarias Martin Chamberlain Pravia UPF

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