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FAH – FACULDADE ADVENTISTA DE HORTOLÂNDIA

S.U.S: UMA ANÁLISE NA QUALIDADE DE VIDA DOS


TRABALHADORES DA SAÚDE

HORTOLÂNDIA
2011
2

S.U.S: UMA ANÁLISE NA QUALIDADE DE VIDA DOS


TRABALHADORES DA SAÚDE

Trabalho de conclusão de curso do Centro


Universitário Adventista de Hortolândia do
curso de , sob orientação do prof. Ms. .

HORTOLÂNDIA
2011
3

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de Hortolândia,


do curso de , Hortolândia, (mês) de 2011.

Orientador

Nome completo do segundo leitor (Assinatura do segundo leitor)


4

Dedico este trabalho a minha família


pelo amor e carinho que sempre me
concedeu.

AGRADECIMENTOS
5

 A Deus pela proteção e amparo em todos os momentos de minha vida;


 Ao corpo docente da Faculdade Adventista de Hortolândia pelos
ensinamentos e experiências que compartilharam conosco durante os anos
deste curso;
 Aos orientadores que possibilitaram um melhor encaminhamento para a
realização do presente trabalho;
 Aos colegas e amigos que contribuíram de alguma forma para a
concretização desta pesquisa, cuja amizade também deixará saudades.
6

A diferença entre o possível e o


impossível está na vontade humana.

Louis Pasteur
RESUMO
7

O presente estudo tem o objetivo de realçar a importância para maior eficácia do


sistema de saúde público brasileiro como o Sistema Único de Saúde (SUS) em
proporcionar melhores condições de trabalho, com um nível de estresse menor,
proporcionando maior qualidade no atendimento assistencial à população. Como
objetivos específicos, foram estudados de maneira breve o conceito de saúde e a
evolução da assistência à saúde no Brasil; aspectos sobre o SUS e a importância do
trabalho para o homem; o conceito de estresse e sua influência no profissional e no
ambiente de trabalho na área da saúde. A pesquisa é bibliográfica. Constatando,
assim, que o estado físico e mental do trabalhador pode influenciar em seu próprio
bem estar e na qualidade dos serviços que presta.

Palavras-chave: Saúde, Estresse, Qualidade de Vida, Qualidade de Atendimento.


ABSTRACT

The present study it has the objective to enhance the importance for bigger
effectiveness of the brazilian system of public health as the Only System of Health
(SUS) in providing better conditions of work, with a level of stress lesser, providing
bigger quality in the assistential attendance to the population. As objective specific,
the concept of health and the evolution of the assistance to the health in Brazil had
been studied in brief way; aspects on the SUS and the importance of the work for the
man; the concept of stress and its influence in the professional and the environment
of work in the area of the health. The research is bibliographical. Evidencing, thus,
that the physical and mental state of the worker can influence in its proper one
welfare and the quality of the services that give.

Key Words: Health, Stress, Quality of Life, Quality of Attendance.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 9

2 A SAÚDE NO BRASIL.......................................................................................................12
2.1 Conceito e História.....................................................................................................12
2.2 Alguns Sistemas - Modelos Assistenciais para a Saúde........................................14

3 O TRABALHO E O ESTRESSE........................................................................................17
3.1 O Homem e o Trabalho..............................................................................................17
3.2 Estresse...................................................................................................................... 20
3.4 A Área da Saúde no Brasil e o Estresse...................................................................23

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS.........................................................................................27

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................32

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 34

ANEXO A – Parábola de Bertrand Russell sobre o Trabalho...........................................37

ANEXO B – Imagens de Atendimentos em Hospitais Públicos.......................................38


1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa apresenta uma interessante abordagem acerca da


qualidade de vida dos trabalhadores da área da saúde no Brasil, em especial sobre
os atuam junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Certamente o cenário brasileiro no que tange à saúde, não é um modelo de
eficiência apesar de consideráveis avanços nessa área, como a descentralização e
regionalização de sua gestão.
O Sistema Único de Saúde, por sua vez, foi instituído pela Constituição
Federal de 1988 buscando aprimorar o atendimento à saúde através da integração
de práticas voltadas à promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde.
Embora, tal proposta legal não tenha se revelado o bastante para se alcançar o êxito
desejado. Como ressalta Rodriguez (2009, p. 10), a integração da saúde requer o
envolvimento pleno dos participantes:

A integração da saúde no processo de desenvolvimento implica tratar os


problemas numa perspectiva intersetorial, reunindo esforços, analisando e
interpretando os contextos social, político, econômico e cultural, criando
assim condições necessárias para a participação ampla de todos os atores
e grupos sociais envolvidos.

Porém, é possível afirmar que o SUS mesmo em sua performance não tão
exemplar trouxe à população o acesso a certos tratamentos que até então não lhes
eram promovidos, como a assistência médico hospitalar abrangendo cuidados, por
exemplo, para uma série de moléstias.
O SUS ao longo de sua existência, tem se defrontado com aspectos que
podem refletir diretamente em sua eficiência e eficácia, como os referentes aos
investimentos destinados à área da saúde e aos recursos humanos, este último,
representando um elemento fundamental, que requer valorização, condições de
aprimoramento profissional, e que hoje vem atuando da “maneira que se é possível”
mesmo com os problemas gerados pela “quase” ausência de recursos financeiros
destinados à infraestrutura na área da saúde em alguns estados brasileiros.
Além de que, a carga horária cumprida pela maioria dos profissionais da
saúde, como os enfermeiros, é excessiva e as tarefas se sobrecarregam devido à
falta de pessoal no setor, entre outros agravantes, como os riscos de caráter
químico, físico e biológico, o contato contínuo com os sofrimentos, as dores e cenas
de morte em sua rotina diária, e, muitas vezes o assédio por parte de superiores
representando assim, um maléfico conjunto que degrada a qualidade de vida do
trabalhador da saúde e possivelmente seu desempenho como profissional,
desencadeando problemas, como por exemplo, o estresse.
Sob essa visão, desenvolve-se a seguinte problemática: O trabalhador da
saúde ao se encontrar em um ambiente de trabalho inadequado e gerador de
estresse, pode prejudicar a qualidade do serviço prestado à população,
comprometendo a eficácia do Sistema Único de Saúde (SUS)?
Em hipótese é possível afirmar que o profissional de saúde, principalmente os
que atuam na saúde pública, está constantemente submetido às influências de
situações que geram estresse, como um ambiente de trabalho inadequado e jornada
de trabalho excessiva, cenário este que requer mudanças em prol de superar os
desafios para que o SUS apresente resultados mais eficazes junto à população, no
que diz respeito à universalização, regionalização e disponibilizando um atendimento
de qualidade para a prevenção de doenças e tratamento da saúde.
Assim, a justificativa para a elaboração desta pesquisa está contida no estudo
acerca dos cenários que hoje comumente se vê em hospitais e dentre os
trabalhadores da saúde, cuja qualidade do trabalho remetido à população tem sido
comprometida, bem como, a própria saúde desses profissionais devido à
inadequação de vários requisitos no ambiente em que atuam.
O presente trabalho tem como objetivo geral destacar a importância para a
eficácia do sistema de saúde brasileiro em contar com profissionais de saúde
comprometidos e que atuem em condições adequadas de trabalho. Aos objetivos
específicos: discorrer brevemente sobre a evolução da assistência à saúde no
Brasil; abordar alguns dos principais aspectos referentes ao SUS; destacar a
relevância do trabalho para o homem; conceituar estresse; e, mencionar alguns
fatores geradores de estresse e sua influência no profissional da área da saúde.
Este trabalho segue uma metodologia baseada em pesquisa bibliográfica,
sendo mencionados diversos autores como, Dejours (1992), Fontana e Siqueira
(2009), Lipp (1999), Teixeira (2007) e dentre outros, que aprofundaram seus estudos
em aspectos que estão relacionados a esta abordagem.
O desenvolvimento do presente trabalho está dividido em capítulos sendo:
O primeiro capítulo compondo esta introdução, ressaltando o tema abordado,
a problemática, hipótese, justificativa, objetivos e metodologia.
O segundo capítulo apresenta ao leitor uma breve explanação acerca da
evolução da assistência da saúde no país, mencionando alguns modelos
assistenciais e enfatizando o Sistema Único de Saúde (SUS).
O terceiro capítulo discorre na questão referente à importância do trabalho
para o homem e traz algumas definições sobre o estresse, bem como a sua
influência no trabalhador da saúde.
No quarto capítulo sintetiza-se uma discussão acerca de alguns resultados
expostos em pesquisas realizadas por estudiosos sobre a predominância do
estresse junto aos trabalhadores da saúde, e, consequentemente o
comprometimento da qualidade do atendimento aos usuários do sistema público de
saúde brasileiro.
Por fim, seguem as considerações finais, referências e anexos que
complementam a compreensão desta abordagem.
Acredita-se que esta pesquisa reunida a outras já elaboradas por outros
estudiosos que defendem essa mesma linha de raciocínio será contribuidora para
que ações necessárias possam ser tomadas a fim de melhorar o desempenho dos
trabalhadores da saúde, bem como, a qualidade dos serviços voltados à saúde junto
à população brasileira.
Este trabalho é direcionado a todos que tenham algum interesse acerca deste
tema e a docentes, discentes e profissionais da área da saúde.
2 A SAÚDE NO BRASIL

O presente capítulo aborda questões acerca do conceito de saúde,


brevemente sua evolução histórica, além de mencionar alguns modelos assistenciais
que surgiram no Brasil, em destaque o Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, cabe ressaltar que apresentar um conceito pleno acerca da saúde
é uma tarefa complicada, que ao longo dos anos o homem em sua existência,
buscou formá-lo teoricamente de maneira sistêmica.

2.1 Conceito e História

Como aponta Silva (2001, p. 11), o conceito de saúde já sofria divergências


mesmo no passado mais distante como na Grécia Antiga e em outras regiões:

[...] onde o deus da medicina – Asciépios – tinha duas filhas: Higéa,


que prevenia as doenças, e Panacéa, que curava os doentes.
Hipócrates (460-377 a.C.), o ‘pai da medicina’, afirmava que a saúde
era ‘uma natural conseqüência do harmonioso equilíbrio entre
‘humores’, secreções ou líquidos-bile, sangue, catarro e bile negra,
‘que’ supunha existirem no corpo’ de cada pessoa. (...) entre os
romanos, quem se destacou foi Galeno (131-201 d. C.) que, na
dependência de Hipócrates também definiu saúde como sendo ‘o
equilíbrio íntegro dos princípios da natureza, ou dos humores em nós
existentes, ou a atuação sem nenhum obstáculo das forças naturais.

Comumente o conceito de saúde é relacionado à ausência da doença,


pensamento este que predominou na década de 1970.
Para Ferreira (1993, p. 495), o indivíduo com saúde é: “O estado daquele
cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham em situação normal.” Ocorre
que diante das tentativas de conceituar saúde, a compreensão se porta para a ideia
do que é normal ou anormal ou patológico.
Segundo Rezende (1989, p. 85), em 7 de Abril de 1948, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu um conceito de saúde: “É um estado de
completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de afecção ou
doença.”
Embora, caiba salientar que há certa discussão acerca do que é ter saúde, do
que representa o bem estar, pois, pode-se, por exemplo, entender que o bem estar
refere-se a uma adaptabilidade entre homem e ambiente, cuja doença seja um
“desencontro” a essa harmonia, desencadeando assim, o mal estar. Ao mesmo
tempo em que ao se analisar o conceito formulado pela OMS, pode-se entender que
a saúde não seja um estado fácil a ser alcançado ou de ser mensurado.
Várias teses foram defendidas sobre o conceito colocado à saúde, Silva
(2001, p. 13) aponta a de Canguilhem (1995): “Estar em boa saúde é poder cair
doente e se recuperar, é um luxo biológico.” À luz desse raciocínio, compreende-se
que a doença, a patologia tornam-se normais conforme faz parte da vida dos
indivíduos.
No entendimento de Filho (2011), a visão do epistemólogo francês Georges
Canguilhem em defender a saúde como uma questão filosófica e que se realiza no
genótipo, na própria história de vida do indivíduo referente ao meio, não restringe o
estudo científico da saúde.
Embora outros autores como Samaja (1997) apud Filho (2011, p. 9),
defendam que é necessário construir o conceito da saúde como um elemento de
diversas faces hierárquicas: “Permite dialetizar La salud/enfermedad y las prácticas
que La constituyen, dejando lugar al reconocimiento de vários planos de
emergência, en un sistema complejo de procesos adaptativos.”
No entanto, em suma, é essencial observar que a relação saúde-doença
ultrapassa a simples ideia de um bom ou um mau funcionamento do organismo,
mas, comporta também a condição do indivíduo em interagir com ambientes físicos
e sociais do qual faz parte, bem como em suas condições de sobrevivência
(trabalho, poder aquisitivo-distribuição de renda na sociedade qual se insere,
condições de desenvolvimento como pessoa, dentre outros fatores).
O conceito de saúde ainda se torna mais amplo quando se trata de Saúde
Coletiva, uma vez que inclui as ciências humanas e os inumeráveis aspectos que
influenciam no bem estar social.
Segundo Silva (2001), o ano de 1970 demarcou o início da Saúde Coletiva,
sendo que no Brasil apresentando três dimensões: o campo de produção de
conhecimentos; o esforço da formulação da política pública; e, a expressão de
organização corporativa de parcelas de profissionais de saúde do setor público, os
sanitaristas. A Saúde Coletiva por sua vez, pode ser compreendida como uma das
formas propostas na sociedade a fim de reconhecer seus problemas e necessidades
da saúde, possibilitando soluções às mesmas.
De acordo com Filho (2011, p. 10), alguns estudiosos como Paim (1982)
esclarece que o objeto da Saúde Coletiva forma-se:

[...] nos limites do biológico e do social e compreende a investigação


dos determinantes da produção social das doenças e da organização
dos serviços de saúde, e o estudo da historicidade do saber e das
práticas sobre os mesmos. Em suma, a Saúde Coletiva também se
constituiu como âmbito de práticas, encontrando seus limites e
possibilidades na distribuição do poder no setor saúde e no campo
político de uma dada formação social.

Mas, considerando os estudos acerca do processo saúde-doença como


causa biológica no final do século XIX, algumas práticas de saúde passaram ser
estruturadas e planos e/ou modelos assistenciais se evoluíram até os dias de hoje.

2.2 Alguns Sistemas - Modelos Assistenciais para a Saúde

Os modelos assistenciais se referem a uma espécie de organização e


trabalho condizente dentre os vários recursos físicos, tecnológicos e humanos
existentes a fim de atuarem em prol da solução de problemas de saúde. Muito
embora, na visão de Júnior e Alves (2007, p. 1), até hoje não se pode dizer que
existam modelos certos ou errados no enfrentamento dos problemas voltados à
política de saúde:

Consideramos que no mundo existam diversos modelos assistenciais


calcados na compreensão da saúde e da doença, nas tecnologias
disponíveis em determinada época para intervir na saúde e na
doença e nas escolhas políticas e éticas que priorizam os problemas
a serem enfrentados pela política de saúde. Por esse motivo,
ressaltamos que não há modelos certos ou errados, ou receitas que,
quando seguidas, dão certo (...). O tema de qualquer modelo de
atenção à saúde faz referência não a programas, mas ao modo de se
construir a gestão de processos políticos, organizacionais e de
trabalho que estejam comprometidos com a produção dos atos de
cuidar do indivíduo, do coletivo, do social, dos meios, das coisas e
dos lugares [...].

No Brasil, por exemplo, é possível mencionar alguns modelos de saúde


criados ao longo do tempo. Como na época da República, esforços de profissionais
sanitaristas e técnicos se voltaram para combater as epidemias – varíola, febre
amarela e peste, campanhas desse teor segundo Junior e Alves (2007) se
transformaram em política de saúde pública relevante para a época, a qual se
manteve como modalidade de intervenção no combate às endemias e epidemias até
os dias de hoje.
A partir de 1920, com a intensificação do trabalho operário (devido à
industrialização), surgiram as Caixas de Aposentadoria e Pensão (Caps) – inserindo-
se políticas previdenciárias e de assistência à saúde. Em 1930, a política de saúde
pública impôs condições mais palpáveis, como a instalação de centros e postos de
saúde, além da criação de programas como pré-natal, vacinação, doenças
sexualmente transmissíveis, dentre outros.
Além de outros programas criados para a assistência da saúde, se destaca no
Brasil com base na Constituição Federal de 1988, a instituição do Sistema Único de
Saúde (SUS) integrando práticas relacionadas à promoção, prevenção, recuperação
e reabilitação da saúde.
Embora, tal posição legal da Constituição não se fez suficiente a ponto de
alcançar o êxito esperado, uma vez que, a integração da saúde envolve uma série
de elementos relacionados aos contextos social, político, econômico e cultural e a
necessidade da participação efetiva de todos os envolvidos no processo de
desenvolvimento.
Como explica Araújo (2005, p. 95):

Para o desenvolvimento de ações de saúde na perspectiva da


integralidade, faz-se necessária uma aproximação integral entre os
sujeitos que prestam o cuidado. Ou seja, estabelecer uma prática
comunicativa como estratégia para o enfrentamento dos conflitos,
significa romper com velhas estruturas hierarquizadas, tão presentes
no modelo de saúde hegemônico.

Antes de surgir o SUS, o Ministério da Saúde se voltava para a promoção da


saúde e prevenção de doenças, como no caso das campanhas de vacinação. A
assistência médica hospitalar não era focada pelo Ministério da Saúde, a qual era
então prestada por instituições filantrópicas, como as Santas Casas.
De acordo com Rodriguez (2009), em 1974 surge através do regime militar o
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), o qual é
conhecido atualmente como o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O
INAMPS por sua vez, dispunha-se a atender os problemas relacionados somente às
doenças.
Em 1970 nasce o movimento da Reforma Sanitária, e sucessivamente com as
crises financeiras sofridas pelo INAMPS, o mesmo passa por transformações
universalizando progressivamente o atendimento juntamente à transição com o
SUS. Rodriguez (2009, p. 12) finaliza explicando:

O Sistema Único de Saúde teve seus princípios estabelecidos na Lei


Orgânica de Saúde, em 1990, com base no artigo 198 da
Constituição Federal de 1988. Os princípios da universalidade,
integralidade e equidade são princípios ideológicos ou doutrinários
do sistema, e os princípios da descentralização, da regionalização e
da hierarquização, os princípios organizativos.

O SUS possui uma legislação a qual abrange uma série de leis e de atos
normativos, que buscam assegurar o êxito em seus resultados, como por exemplo, o
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) (2003, p. 22), destaca a Lei
Orgânica da Saúde nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe acerca das
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços, realçando em seus artigos 2 e 3 o seguinte texto:

Art. 2º. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o


Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
§ 1º. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação
e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução
de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de
condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e
aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 3º. A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes,
entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o
acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da
população expressam a organização social e econômica do País.
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por
força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
social.

Em 1994, o SUS, porém, sofre uma reestruturação, sendo criado o Programa


da Saúde da Família (PSF).
No entanto, há de se observar que os trabalhadores da saúde, principalmente
os que atuam junto à saúde pública, defrontam-se com um problema que vem
predominando no ambiente de trabalho, que é o estresse. Assim, o próximo capítulo
trará uma explanação acerca da importância do trabalho para o homem e o conceito
de estresse.
3 O TRABALHO E O ESTRESSE
Neste capítulo discorre-se por algumas reflexões a respeito da importância do
trabalho na vida do homem, e, que com a evolução da civilização, criações
inovadoras e nos tempos modernos, surge a figura do estresse como ameaçador à
qualidade de vida do próprio ser humano e que pode também comprometer a
qualidade dos serviços por ele prestados a seus semelhantes.

3.1 O Homem e o Trabalho

O homem em sua existência tem em suas raízes o sentido do termo trabalho,


como algo precioso e necessário para sua subsistência.
Villar (2002, p. 11), entretanto, evidencia que na maioria dos idiomas o
trabalho é conceituado como penoso ao ser humano:

Na língua grega, a execução do trabalho é expressa pelos termos


ponos, que indica um grande esforço, kámatos, que designa
ocupação exigindo capacidade e esforço intelectual e kopos que quer
dizer esforço corporal e extenuante. Na língua latina distingue-se
entre opus, que significa a obra e labor, que designa esforço,
sofrimento. A palavra labor, por sua vez deriva do verbo labo que
quer dizer vacilar sobre um grande peso e sofrer uma grande dor. (...)
Em português temos o termo labuta, que também está impregnado
do sentido de pena, sacrifício.

A conceituação de trabalho humano não é específica, já que engloba uma


gama de reflexões particulares. Entretanto, Villar (2002) afirma que a origem da
palavra trabalho também se relaciona com atribulação – tribulum, obstáculo – trabs e
instrumento de tortura dos escravos e réus que praticaram certos crimes – tripalium.
Gonçalves (1998, p. 4) apresenta um enfoque lançado por alguns estudiosos
como Neft, Faverge e O’toole entre os anos de 1968 a 1973 sobre a definição de
trabalho:

É uma atividade instrumental executada por seres humanos, cujo


objetivo é preservar e manter a vida, e que é dirigida para uma
alteração planejada de certas características do meio ambiente;
Trabalhar é colocar em ação forma de pensamente, é utilizar
algoritmos ou heurísticas, é empregar técnicas e estratégias, é tomar
decisões;
Trabalho é uma atividade que produz algo de valor para as outras
pessoas.
O trabalho para o homem tornou-se com o passar dos anos primordial, sendo
que, é por meio do trabalho que o ser humano supre seus interesses, que alimenta
seu amor próprio, levando a uma valorização pessoal, entre outros aspectos. Dessa
forma, Villar (2002) explica que é através do trabalho que o ser humano se afirma
como indivíduo, considerando que a representação social do trabalho se refere
diretamente às atividades que o indivíduo desenvolve no meio qual faz parte (da
sociedade).
Embora, o trabalho durante muitos anos foi visto como parte integrante da
escravatura, isto é, significava a atividade física e forçada de escravos e serviçais.
Villar (2002) explica que no período da Grécia Clássica, no século IV a.C.,
Aristóteles defendia que o indivíduo deveria ser livre para atingir a própria perfeição,
algo que o trabalho braçal e prático limitava o alcance desse objetivo. No entanto, o
homem não se colocava como objeto de conhecimento, posição esta que se
transformou somente a partir da sociedade moderna, devido às necessidades
materiais e da formação do próprio trabalho como ‘ponte’ para a inserção do homem
no meio social.
Anos posteriores, o trabalho recebe forte influência religiosa, se posicionando
como uma virtude e ao indivíduo, uma obrigação religiosa – trabalhar. Situa Weber
(1983), que ainda com o surgimento da burguesia, predomina o sistema capitalista
transformando a vida das massas, e a maneira de se realizar o trabalho, apoiando-
se assim, em meios técnicos de produção e em um processo que defendia a
formalização de regras (divisão de tarefas, jornada de trabalho, hierarquia de cargos,
etc.).
O sistema capitalista ao reinar no ocidente, destaca o nome de Taylor, cujos
estudos por ele desenvolvidos (que abrangeram empresas e trabalhadores)
repercutiram por várias décadas (senão ainda repercutem em algumas situações) no
ambiente organizacional e no sentido do trabalho. Como mencionam Montana e
Charnov (1998, p. 11):

Frederick W. Taylor, considerado o pai da administração científica,


estudou várias atividades e, ao dividi-las em tarefas, determinou a
maneira mais eficiente de realizá-las. Chamava seu método para a
compreensão do trabalho e a melhoria na eficiência do trabalhador ‘a
única maneira correta’.
Como demonstra a citação anterior, Taylor no início do século XX influenciou
fortemente a maneira de realizar o trabalho. Montana e Charnov (1998) relatam que
Taylor conseguiu melhorar substancialmente a eficiência do trabalhador usando os
seus estudos sobre tempos e movimentos e de um sistema que ficou conhecido
como o “pagamento por peça”, quando neste, os trabalhadores recebiam segundo o
seu rendimento, ou seja, pela quantidade produzida.
Conforme elucida Ruas (1985), as transformações provocadas pelo
“taylorismo”, integraram em um ritmo acelerado o trabalho do homem com o
ambiente de produção, em união ao avanço tecnológico como os dos equipamentos,
resumindo em uma estrutura que se exige o que se deve fazer e em qual tempo,
atribuído a um rígido controle e disciplina.
Para Dejours (1992, p. 29) o sistema de trabalho baseado em Taylor, leva a
impactos de caráter físico e principalmente psicológico ao trabalhador: “Tal é o
paradoxo do sistema que dilui as diferenças, cria o anonimato e o intercâmbio
enquanto individualiza os homens frente ao sofrimento.”
Como expressa Villar (2002), o problema é que o modelo taylorista foca a
realização do trabalho por um modo mecanicista. Modo o qual, em um ambiente
cujas relações entre trabalhador, trabalho e superiores têm repercutido
negativamente no comportamento do indivíduo e nos grupos dentro das
organizações, levando em conta que os papéis exercidos nas empresas podem
desencadear conflitos.
Entretanto, é através do trabalho realizado de forma individual e em equipe
nas organizações, que a sociedade é impactada, construindo e transformando a
história da civilização. Fialho e Cruz (1999, p. 6) sintetizam o trabalho como:

Uma atividade essencialmente humana. Sua característica principal é


a sua ação transformadora, sua capacidade de modificação de um
dado aspecto da realidade. Trabalhar é sempre desafiar a realidade,
procurando superá-la.

Mas, atualmente as organizações cada vez mais se encontram meio a um


mercado turbulento e de forte concorrência, o que promove a busca por maior
eficiência e o aumento da produtividade. Villar (2002) relata que essa situação em
muitos casos gera um tratamento errôneo ao trabalhador, o que pode provocar
problemas como indiferença do indivíduo para com a equipe de trabalho, falta de
comprometimento profissional com a própria empresa da qual faz parte, e ainda,
insatisfação e falta de motivação com o seu trabalho e o surgimento de várias
doenças como o estresse.
3.2 Estresse

Ao regredir na história da civilização, para um momento específico, como a


pré-história, destaca-se a figura de um ancestral humano realizando uma importante
descoberta que viria a mudar a vida do homem nas suas infinitas e futuras gerações,
ou seja, que utilizando uma lasca de pedra ele teria seu trabalho facilitado, e,
posteriormente, com a invenção da roda, que viria a tornar a vida mais confortável.
Assim, com o trabalho facilitado por estas novas ferramentas, o homem
economizaria seu tempo e poderia descansar mais entre os seus.
Mas, como enfatiza Zillig (1998), levando em conta que o homem jamais teve
tantas ferramentas, instrumentos, equipamentos, infraestrutura como possui hoje, o
lógico seria que o homem moderno desfrutasse de um maior tempo livre, já que
viveria com tamanha liberdade. Porém, a lógica e a realidade raramente caminham
de mãos dadas, e, é paradoxal que no Japão, por exemplo, país visto hoje como um
dos mais adiantados do mundo, se trabalhar em média 10 horas por dia, cujas férias
dadas aos trabalhadores são por volta de 10 dias, consagrando até um termo
especial por quem “morre” de trabalhar no Japão, como: “Karoshi”. Em anexo A
segue uma interessante parábola de Bertrand Russell acerca dessa reflexão
supramencionada.
Assim, certamente um dos problemas mais comuns em que o homem vem
enfrentando hoje, independente de sua idade, é o estresse. Como apontam Lipp et
al. (1986) de alguma forma todos já experimentaram o estresse, porém, poucos o
compreendem ou reconhecem o seu impacto na sua saúde e em sua rotina diária.
Peretto (2004, p. 11) explica: “Estamos na era do estresse. A ansiedade afeta
a qualidade de nossa vida, pois, sem relaxarmos, não podemos desfrutá-las. (...) é
impossível viver sem problemas.” O estresse leva a hábitos autodestrutivos, por
exemplo, o indivíduo fica mais propenso ao uso de drogas, a praticar excessos como
comer demasiadamente ou trabalhar demais.
Estresse ou stress, segundo Lipp (1999) é uma palavra latina utilizada na
área da saúde no século XVII, porém, somente em 1926 que o “pai da
estressologia”, Dr. Hans Selye, a usou para descrever um estado de tensão
patogênico do organismo.
Lipp (1999, p. 11) ainda salienta:
[...] Hoje em dia já existe a palavra ‘estresse’ nos dicionários da
nossa língua, mas os especialistas continuam a fazer uso da
forma ‘stress’. Chama-se de stress a um estado de tensão que
causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo. É por isso
que às vezes, em momentos de desafios, nosso coração bate
rápido demais, o estômago não consegue digerir a refeição e a
insônia ocorre.

O ritmo de vida atual do ser humano se mostra cada vez mais acelerado, não
havendo tempo para um reajuste às mudanças, uma vez que transformações de
caráter econômico e cultural atingem a rotina do homem, exigindo que desenvolva a
capacidade de adaptar-se a elas, e assim consiga driblar o risco de estresse.
Na visão de Peretto (2004, p. 13) o estresse pode ser compreendido como:

A maneira como uma pessoa reage diante de qualquer situação


desconhecida que lhe traga mudanças. Qualquer situação que
desperte uma emoção intensa, boa ou não, é um agente
estressor. Percebendo-se ameaçado física ou psicologicamente,
surge uma aflição. Isso ocasiona uma descarga de hormônios no
corpo, deixando a corrente sanguínea mais densa, o que acaba
acarretando hipertensão, ataques cardíacos, derrames,
enxaqueca, dores crônicas, envelhecimento precoce, etc.

Sob a mesma linha de raciocínio de Peretto (2004), Lipp e Rocha (1994)


salientam que de acordo com suas pesquisas e também com a de outros cientistas,
em momentos de estresse, o indivíduo pode sofrer com o aumento da pressão
arterial, pois, o corpo prepara-se ou para lutar ou para fugir da situação em que se
encontra por meio de uma série de mudanças, como o aumento na produção de
adrenalina e maior constrição dos vasos sanguíneos. Mudança a qual, aliada a
outras que ocorrem, fazem com que o coração bata mais rápido ao mesmo tempo
em que a resistência é aumentada nos vasos sanguíneos periféricos. Portanto, uma
situação de estresse provoca mudanças no corpo do indivíduo.
Lipp e Rocha (1994, p. 63) definem o termo estresse: “O termo stress pode
ser utilizado em dois sentidos, tanto para descrever uma situação de muita tensão,
quanto para definir a nossa reação a tal situação.”
O indivíduo meio ao estresse pode apresentar problemas como gastrites,
dores de cabeça, aumento da pressão arterial, problemas renais, infecções, dentre
outras doenças que são causadas devido à baixa imunidade de suas defesas.
Segundo Molina e Calvo (2011), o homem é biopsicossocial e expõe seu
sofrimento e sua insatisfação de forma psicossomática, considerando que suas
reações biológicas, psicológicas e sociais se relacionam com sua condição de vida.
Nessa perspectiva, afirmando que o homem passa a maior parte de sua vida
no ambiente de trabalho, o estresse tem sido substancialmente discutido em vários
países, como no Brasil, pois, como destaca Alves (2011), tem havido uma elevada
incidência e prevalência do sofrimento mental do trabalhador, direcionando-o ao
adoecimento físico e mental, situação a qual gera elevados custos às organizações
e aos governos, além da baixa produtividade e absenteísmo.

3.3 Motivação do Trabalhador no Ambiente de Trabalho e Qualidade de Vida

No ambiente organizacional, a motivação é uma das principais


responsabilidades gerenciais. Todavia alinhar as diferenças individuais das pessoas
em parâmetros universais a fim de que a empresa possa usar para motivar os
mesmos em um padrão de igualdade é difícil, pois, nem sempre o que “interessa ou
agrada” uns, terá o mesmo reflexo em outros.
Chiavenato (2005, p. 213-214) esclarece que “há sempre um componente
subjetivo na motivação que provoca uma enorme complicação. A motivação funciona
como um dinamizador, um impulsionador do comportamento humano.”
Molina e Calvo (2011) dizem que elementos como infraestrutura (inadequada),
rotina moldada a tensões, riscos, etc. e relacionamento com superiores (pressão por
atingir metas, liderança inflexível/autoritária, falta de reconhecimento, etc.) e/ou o
ambiente de trabalho de uma forma geral pode contribuir para a desmotivação e o
desencadeamento de doenças, devido aos desgastes físicos e emocionais pelos
quais os trabalhadores são submetidos em sua jornada nas organizações, o que
repercute em sua qualidade de vida.
Sob uma mesma ótica, Pinto (1996, p. 140) complementa:

A qualidade de vida de um indivíduo é um importante agente


facilitador no estabelecimento de doenças, tendo-se por base um
referencial multifatorial, (...) para o qual a avaliação de qualidade
de vida deve ser feita de modo a incluir múltiplas variáveis,
inclusive biomédica, e não somente através de métodos
psicométricos, que, analisem apenas as variáveis psicossociais.
De modo que, um ambiente organizacional condizente, gera maior qualidade
de vida e contribui mantendo os funcionários motivados, o que pode configurar
benefícios e gerar bons resultados para a organização, podendo até mesmo reduzir
o nível de estresse e problemas correlacionados.
No entanto, percebe-se que em determinadas áreas, a presença do estresse
predomina dentre os profissionais com maior intensidade, como é o caso da área da
saúde, em hospitais da rede pública no Brasil.

3.4 A Área da Saúde no Brasil e o Estresse

De acordo com Lipp (1996) as mudanças ocorridas no nível da organização


da sociedade estão correlacionadas com outras relacionadas à saúde, como por
exemplo, no século passado, a causa mais frequente de morte era a infecção,
atualmente, são as doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial que
representa boa parte das mortes em decorrência de Acidente Vascular Cerebral
(AVCs), tendo como um dos fatores contribuintes para a patogênese – o estresse.
Assim, toda mudança que exija adaptação por parte do organismo causa certo nível
de estresse, portanto, todas as mudanças de organização, pode gerar estresse no
indivíduo.
No Brasil, as mudanças por sua vez, ocorrem a um ritmo acelerado,
impactando várias áreas e grande parte dos profissionais, não diferentemente aos
da área da saúde.
Martins (2011, p. 1) esclarece:

Os serviços de saúde, os hospitais em particular, constituem


organizações bastante peculiares, concebidas quase
exclusivamente em função das necessidades dos utentes.
Dotados de sistemas técnicos organizacionais muito próprios,
proporcionam aos seus trabalhadores, sejam eles técnicos de
saúde ou não, condições de trabalho precárias, sendo, na maior
parte das vezes, piores do que as verificadas na grande maioria
dos restantes setores de atividade.

Desse modo, o ambiente hospitalar proporciona não somente a ocorrência de


acidentes de trabalho, mas, contribui para o surgimento de frequentes situações de
estresse, fadiga física e mental.
Martins (2011) também explica que as organizações hospitalares são
sistemas complexos que comportam vários departamentos e profissões,
transformando-se, sobretudo em uma organização de pessoas que se deparam com
situações emocionalmente intensas (vida, doença, morte), as quais promovem a
ansiedade, tensão física e mental.
No Brasil, a rede pública de saúde conta, por exemplo, com o Sistema Único
de Saúde (SUS), que como apontam Fontana e Siqueira (2009), tem a função de
assegurar a todo o cidadão a integralidade, a universalidade do acesso e a equidade
no atendimento. Mas, para tal, requer que profissionais realizem suas tarefas com
cuidados e de forma comprometida, conscientes de que a doença representa além
da quebra da harmonia entre o corpo e o meio ambiente.
De modo que, dentre os vários profissionais que atuam na área de saúde, é
possível tomar como exemplo, o enfermeiro, o qual alimenta um papel fundamental,
como ressaltam Fontana e Siqueira (2009, p. 492):

Acredita-se que o enfermeiro, em seu trabalho, pode ser um


facilitador na construção de mecanismos para o alcance dos
condicionantes e determinantes de saúde. Entre seus papéis, está
o de contribuir para produzi-la, utilizando processos e dispositivos
que promovam a saúde individual e coletiva [...].

No entanto, como se tem observado na maioria dos hospitais da rede pública


brasileira, os profissionais preenchem uma carga horária de trabalho muitas vezes
excessiva, além de executarem várias atividades. Fontana e Siqueira (2009)
afirmam que essa situação pode ser geradora de estresse para o profissional,
considerando que durante sua rotina laboral, o enfermeiro exerce múltiplas e,
comumente fatigantes funções. Nesse contexto, a gestão de pessoas, muitas vezes
não se encontra em conformidade com a ética, e a sobrecarga de atividades e
jornada de trabalho causa esgotamento físico e mental, podendo comprometer a
qualidade dos serviços prestados e a própria vida do profissional.
Teixeira (2007, p. 29) explica que as doenças relacionadas ao trabalho, como a
mental, sempre vêm acompanhadas de consequências como, por exemplo, o
estresse que pode levar ao alcoolismo, o qual provoca a depressão, que pode levar
a pensamentos de suicídio e até mesmo sua prática. Entretanto, somente a partir de
meados do século XX é que houve certa ênfase na relação entre trabalho – doença
e saúde do trabalhador:

A partir da segunda metade do século XX a relação entre


saúde/doenças mental e trabalho se consolidou no campo científico
no âmbito da psicologia aplicada à área do trabalho. (...) das
pesquisas realizadas nessa área resultou a inclusão de enfermidades
psicossomáticas, psicológicas e psíquicas no âmbito das doenças
ocupacionais. Além do ciclo originado da relação homem-máquina,
os pesquisadores reconheceram que diversos outros fatores no meio
ambiente do trabalho podem afetar a saúde mental, tais como:
relações interpessoais e coletivas inerentes à própria organização do
trabalho, ambiente físico (ruído, iluminação, temperatura, intoxicação,
disposição do espaço físico), forma do exercício do poder de
comando na escala hierárquica e demais circunstâncias gerais
referentes à própria manutenção do emprego.

É fundamental que o ambiente de trabalho expresse a segurança e proteção


dos trabalhadores contra qualquer risco que possa prejudicar sua saúde, cabendo à
organização atender à legislação vigente e agindo de forma a manter um alto nível
de bem estar físico e mental dos trabalhadores.
Conforme destaca Teixeira (2007), a Organização Internacional do Trabalho
calcula que por ano há 270 milhões de acidentes do trabalho e 160 milhões de
casos de doenças ocupacionais, sendo que, no Brasil, há um registro de 390 mil
casos de doenças e acidentes no trabalho, cenário o qual precisa ser mudado.
A preservação e segurança da saúde do trabalhador ganharam espaço meio
ao Direito do Trabalho, como um importante segmento da sua ciência – a Segurança
e Medicina do Trabalho.
Garcia (2009) explica que a Segurança da Medicina do Trabalho abrange
aspectos do Direito Constitucional, do Direito Ambiental, do Direito da Seguridade
Social, e ainda, a Medicina, a Psiquiatria, a Psicologia e a Engenharia.
A Constituição Federal de 1988, no art. 7º, inciso XXII, também assegura o
direito de redução dos riscos inerentes ao trabalho, através de normas de saúde,
higiene e segurança.
Sussekind (2000. p. 388) menciona que o Tratado de Versalhes, de 1919 –
cria a Organização Internacional do Trabalho e:

Inclui na sua competência a proteção contra os acidentes de trabalho


e as doenças profissionais, cujos riscos dêem ser eliminados,
neutralizados ou reduzidos por medidas apropriadas da engenharia
de segurança e da medicina do trabalho. O termo ‘medicina’ é mais
abrangente do que ‘higiene’, tornando-se mais adequado para indicar
a referida matéria no campo das relações de trabalho e do respectivo
meio ambiente, alcançando a conservação da saúde, a cura de
doenças, bem como a sua prevenção no trabalho.
Portanto, cabe salientar que a qualidade do atendimento como a envolvida
dentre os trabalhadores da saúde que atuam junto ao Sistema Único de Saúde
(SUS), também depende dentre outros fatores, de seu estado físico e mental.
A contínua jornada excessiva de trabalho que muitas vezes predomina dentre
esses profissionais pode desencadear consideráveis reações de estresse, levando
inicialmente ao chamado burnout.
Segundo Lipp (1996), o burnout pode ser compreendido como um estado de
fadiga ou frustração proveniente da excessiva dedicação e prolongada a uma causa.
Podendo ocorrer pelo fato de a pessoa persistir na tentativa de atingir uma meta ou
preencher uma expectativa que se faz praticamente impossível de se alcançar em
determinado momento, causando desse modo um “esvaziamento” dos recursos do
indivíduo e um desgaste de sua vitalidade da energia e de sua habilidade de
funcionamento.
O burnout normalmente não é diagnosticado em sua fase inicial, e se
apresenta em homens ou mulheres competentes, autosuficientes e que escondem
bem suas fraquezas, mas, Lipp (1996, p. 226) ressalta que o burnout pode ocorrer:
“[...] em diferentes profissões em qualquer faixa etária, embora existam algumas
ocupações que apresentam um alto grau de contatos interpessoais: professores,
assistentes sociais, conselheiros, médicos, [...].”
Percebe-se desse modo, que o burnout incide dentre os profissionais da área
de ciências humanas e que frequentemente direciona o homem a uma deterioração
de seu bem estar físico, tornando-o exausto e doente.
França (1987) afirma que o burnout atinge os médicos em geral, em um grau
maior ou menor, em algum momento de sua vida, e considerando uma jornada de 10
a 15 anos de profissão, a sobrecarga da medicina é sentida com maior intensidade,
tornando o trabalhador da saúde mais vulnerável ao burnout.
O próximo capitulo trará uma discussão e alguns resultados sobre a qualidade
de vida dos trabalhadores da saúde e sobre o estresse destes no Brasil.

4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

O Sistema Único de Saúde (SUS) promoveu à prática do trabalhador da


saúde uma gama de mudanças acerca da gestão em saúde, como o atendimento
em casas, os cuidados com a prevenção e reabilitação de doenças, acarretando na
necessidade de uma adequação e recolocamento de sua postura meio a esse novo
paradigma.
Cenário este que comporta elementos causadores de estresse e que,
portanto, requer maior atenção à saúde física e mental desses trabalhadores.
O estresse, entretanto, tem comprometido a qualidade de vida dos
trabalhadores da saúde já há alguns anos, como é possível comprovar mediante
uma pesquisa realizada por Carvalho e Malagris (2007). Ambos estudiosos,
entrevistaram 31 profissionais e obtiveram os seguintes resultados:

Quadro 1. Porcentagem de Profissionais em Relação ao Estresse


PROFISSIONAIS EM RELAÇÃO AO
ESTRESSE %
Encontram-se estressados 58%
Encontram-se estressados a nível de
resistência 94%
Estressados com prevalência de sintomas
físicos 56%
Estressados com prevalências de sintomas
psicológicos 44%
Profissionais estressados que ocupam cargos
relacionados à assistência social 100%
Fonte: Adaptado de Carvalho e Malagris (2007)

Como se percebe, a profissão e o estresse apresentam uma forte relação,


principalmente dentre os que trabalham com atividades assistenciais, como foi
destacado também nos estudos de Lipp (1996) mencionado no capítulo anterior
desta pesquisa, na página 28.
Outros números também apontam a predominância de excessos (jornada de
trabalho, sobrecarga de tarefas, etc.) que agravam os profissionais da saúde, como
demonstra a tabela a seguir de um levantamento referente à Licença de Tratamento
da Saúde (LTS), realizado neste ano de 2011, em um hospital localizado na cidade
de Campinas/SP.
Quadro 2. Levantamento Licença de Tratamento da Saúde – Hospital em Campinas/SP

JANEIRO LTS FI FEVEREIRO LTS FI


enfermagem MANHÃ 282 144 0 MANHA 228 156
TARDE 528 300 0 TARDE 510 288
NOITE NOITE
C 192 288 0 C 72 276 36
NOITE NOITE
D 48 36 D 48 94 6
total 1050 768 total 858 814 42

recepção MANHÃ 106 78 0 recepção MANHÃ 156 0 18


TARDE 84 12 0 TARDE 78 0 0
NOITE
C 96 36
NOITE
D 36 322 0
NOITE
total 1372 126 C 24 0 36
NOITE
894 D 48 24 6
total 306 838 84
1164

Como é possível perceber, há um número considerável de LTS em um determinado hospital de Campinas/SP, apontando no
mês de Janeiro um total de 894 LTS. E no mês de Fevereiro 838 LTS.

MARÇO LTS LTS FI ABRIL 50 100 LTS FI


MANHA 540 228 222 0 MANHA 432 348 84 216 0
TARDE 438 96 78 0 TARDE 498 378 120 6 0
NOITE NOITE
C 588 432 420 12 C 372 300 72 336 0
NOITE NOITE
D 300 144 244 0 D 120 84 36 36 24
total 1866 964 12 total 1422 594 24

recepção MANHÃ 78 48 36 0 recepção MANHÃ 24 6 18 12 6


TARDE 126 42 6 TARDE 72 54 18 6 12
NOITE NOITE
C 36 0 0 C 60 54 6 36 0
NOITE NOITE
D 60 0 0 D 48 36 12 0 0
total 36 300 78 6 total 204 54 18
2166 1042 18 1626 648 42
984

1944

No mês de Março foram 1042 LTS. E no mês de Abril, 1944 LTS.

MAIO 50 100% FALTAS LTS JUNHO 50 100% LTS FI


MANHA 246 48 60 546 MANHA 294 54 348 12 6
TARDE 400 108 TARDE 360 90 450 0 6
NOITE NOITE
C 426 102 C 102 42 144 408 0
NOITE NOITE
D 108 24 D 60 12 72 36 24
total 1180 282 1462 total 816 198 1014 456 48
GREVE recepção MANHÃ 18 18 36 0 0
recepção MANHÃ 24 228 TARDE 174 48 222 0 6
NOITE
TARDE 54 18 C 12 12 24 0 0
NOITE NOITE
C 60 24 D 6 6 12 0 0
NOITE
D 30 6 total 210 84 294 12 6
total 144 72 216 GERAL 1026 282 1308 468 60
GERAL 1678
EXECUTADAS 1389

Fonte: Adaptado pela autora com base em documentos do Hospital de Campinas/SP.

O mês de Maio apontou um número de 546 LTS. E no mês de Junho de 456 LTS.
Concorda-se desse modo com Lipp (1996), bem como, com Carvalho e
Malagris (2007), que um dos problemas mais sérios na sociedade moderna advém
do estresse excessivo que pode se manifestar em várias áreas, tanto na psicológica,
quanto física, e tanto em hospitais de cidades menores do interior, quanto de
cidades maiores como de Campinas, São Paulo, havendo severa predominância do
estresse entre os trabalhadores da saúde, acarretando à área da saúde outros
problemas, como ausência de profissionais, erros médicos, desprezo na atuação da
profissão junto à população, gastos públicos com tratamento de profissionais
doentes, dentre outros. Sob essa constatação, cabe aqui mencionar as palavras de
Fontana e Siqueira (2009, p. 498):

As condições precárias do serviço público e seu potencial para gerar


sofrimento no trabalhador provocam neste o sentimento de
impotência quanto à qualidade da assistência ao usuário o que, por
sua vez, gera insatisfação e rompimentos no seu processo de
trabalho.

O SUS por sua vez, defende em tese, a importância no contexto sanitário do


Brasil não apenas como estrutura de organização institucional da área da saúde e
modelo de atendimento à população, mas, se caracteriza na mudança exposta na
maneira de prestar a assistência à saúde dos brasileiros. Porém, muito se vê em
portas de hospitais públicos cenas inconcebíveis de um tempo que se diz tão
moderno, como o desrespeito e desvalorização remetida à população que busca a
assistência, como se pode visualizar em Anexo B deste, bem como, no interior do
sistema o menosprezo que ocorre muitas vezes com os trabalhadores da saúde.
Gomes, Oliveira e Sá (2007), afirmam que os trabalhadores da saúde como
os enfermeiros têm buscado determinar o seu processo de trabalho em consonância
com os demais processos de trabalho do campo da saúde, bem como das políticas
que se inserem.
Mas, de acordo com a análise de Gomes, Oliveira e Sá (2007), os
trabalhadores da saúde demonstram-se preocupados com as dificuldades impostas
aos usuários no interior do sistema da saúde, como a geração de demoras, e,
impossibilidades de que o atendimento ocorra, ou mesmo que este ocorra dentro
dos padrões da dignidade humana. O que com base no conceito de resolutividade
em saúde, acaba direcionando os profissionais a sobreviverem em meio ao
estresse.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desse estudo, é possível afirmar que o trabalho em si é um fator


fundamental para a sobrevivência da civilização, é através do mesmo que o homem
se sente capaz de conquistar o que almeja, de assegurar o seu sustento e o de seus
dependentes. O trabalho titula-se assim, em seu alto valor para o homem, mas, que
também se transformou com o passar dos anos em fundamento do Estado de Direito
e meio que rege a economia de uma nação.
Entretanto, ao mesmo tempo em que o trabalho traz benefícios ao homem,
sendo fundamental em sua vida, também em dadas circunstâncias pode ocasionar
problemas de saúde devido ao ambiente em que o indivíduo é submetido, a que se
refere a aspectos emocionais, físicos e sociais que repercutem na qualidade de vida
do trabalhador (a si mesmo) e a quem ele presta serviços.
Sendo o estresse um dos problemas mais comuns no ambiente de trabalho,
predominando entre os trabalhadores da saúde que rotineiramente tem um contato
maior com os usuários e suas morbidades, considerando ainda, que muitos
profissionais atuam integrados a um sistema público de saúde, como o SUS, que em
determinadas regiões do país, vem deixando muito a desejar, apresentando
problemas de ordem administrativa/financeira, acarretando em precária
infraestrutura (despreparação das instalações, falta de equipamentos e segurança),
redução de salários, fazendo com que os profissionais busquem mais de uma
ocupação para suprir seu padrão de vida, além, de sobrecarga de tarefas e jornada
excessiva de trabalho, ocasionadas também pela falta de profissionais.
Assim, diante do breve estudo aqui realizado, foi possível responder
afirmativamente à problemática inicialmente formulada - se o trabalhador da saúde
ao se encontrar em um ambiente de trabalho inadequado e gerador de estresse,
pode prejudicar a qualidade do serviço prestado à população, comprometendo a
eficácia do Sistema Único de Saúde (SUS). Comprovando, portanto, à hipótese
sugerida, ou seja, de que dependendo do estado físico e mental em que se encontra
o profissional de saúde, refletirá na qualidade do serviço prestado, e
consequentemente contribuirá ou não para maior eficácia do SUS.
Em suma, cabe ressaltar que os trabalhadores da saúde, considerando as
funções que exercem, precisam prestar atenção à sua saúde física e mental, uma
vez que, disso também depende a qualidade de seus atendimentos. Trabalhadores
com alto nível de estresse estão mais predispostos a contraírem outras doenças e
podem comprometer relevantemente a qualidade dos serviços prestados junto à
população.
O ambiente de trabalho por sua vez, deve ser monitorado e contar com ações
que contribuam para que se torne adequado às necessidades dos trabalhadores,
que estimule a motivação e preze pela segurança e proteção destes, buscando
reduzir e controlar os fatores de riscos e as situações de conflitos, contando com o
apoio de órgãos do governo e profissionais. Sendo necessário, portanto, melhorias à
área da saúde pública, a fim de melhorar o sistema de uma forma geral, tanto junto
aos trabalhadores da saúde, quanto para os usuários, buscando talvez, maior
humanização do sistema, investimentos reais em infraestrutura, na capacitação dos
trabalhadores de forma que cultivem habilidades e competências, além de um perfil
psicológico apto a lidar com a diversidade de problemas dos usuários, dia a dia.
A presente pesquisa visa contribuir para a área acadêmica, aprimorando o
conhecimento de discentes acerca desse assunto, bem como, para a sociedade em
geral, buscando incentivar maiores ações em prol da qualidade de vida dos
trabalhadores da saúde e do atendimento prestado à população no sistema público
de saúde brasileira.
Este trabalho pode ser continuado no futuro, analisando, por exemplo, a
satisfação da população frente ao sistema público de saúde praticado em uma
cidade com até 250.000 habitantes, como a de Hortolândia/SP.
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como Doença do Trabalho. Revista Trib. Reg. Trabalho. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.
46, n. 76, p. 27-44, jul./dez. 2007.

VILLAR, Rose Marie Siqueira. Produção do Conhecimento em Ergonomia na


Enfermagem. Dissertação (mestrado em Engenharia de Produção). 132 f. Programa
de Pós-graduação em Engenharia da Produção. 2002. Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis, 2002.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 3. ed. São Paulo:


Pioneira, 1983.

ZILLIG, Cezar. Dose o Stress: tempere a vida. Blumenau, RS: Eko, 1998.
ANEXO A – Parábola de Bertrand Russell sobre o Trabalho

Por Bertrand Russell:

Suponhamos que, atualmente, um certo número de pessoas esteja ocupado


com a produção de agulhas.
Trabalhando oito horas diárias, elas suprem todo o mercado mundial.
Acontece de alguém fazer um invento que, com o mesmo número de pessoas, pode
duplicar a produção de agulhas. Elas já são tão baratas, que sequer uma a mais
seria vendida, caso ficassem ainda mais em conta.
Num mundo razoável, sucederia que aqueles que estão ocupados fazendo
agulhas, passariam a trabalhar quatro, em vez de oito horas diárias, e tudo
continuaria como antes.
Porém, no nosso mundo real, se encara isso como desmoralizador. Os
fazedores de agulha ainda continuariam trabalhando oito horas, produz-se tanta
agulha que alguns fabricantes vão à bancarrota e a metade dos fazedores de agulha
perdem seus empregos. examinando-se com atenção, há agora tanto tempo livre
quanto havia com meia jornada de trabalho; pois agora, metade do pessoal não tem
absolutamente mais nada para fazer e a outra metade se estafa trabalhando.
Assim, prova-se que o inevitável tempo livre determina a miséria, em vês de
ele vir a se tornar a fonte de bem estar.
Pode se imaginar algo mais idiota?
Fonte: Zillig (1998, p. 110-111)
ANEXO B – Imagens de Atendimentos em Hospitais Públicos

Hospital Público de São Paulo


(pacientes tem que passar por triagem e esperar para ver se serão atendidos)

Hospital Público de Rio Grande do Norte


(em greve, médicos reduzem atendimento)

As imagens acima ilustram o mais cotidiano no dia a dia dos usuários do


sistema público de saúde no Brasil.
Continuação Anexo B

Hospital Público de São Paulo


(Brasil tem 2º pior atendimento a pacientes terminais)

Cirurgia realizada através do SUS


(quando há atendimento adequado, pode ser de grande importância para o bem estar da
população)

Fonte: REVISTA EXAME. Brasil tem 2º Pior Atendimento a Pacientes Terminais. Disponível em:
<http://exame.abril.com.br/economia/noticias/the-economist-brasil-tem-2o-pior-atendimento-
pacientes-terminais-578487> Acesso em: 01 agos. 2011.

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