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PRINCÍPIOS JURÍDICOS: 

 
- Direito  Constitucional  Financeiro,  Direito  Orçamental,  Direito  Fiscal,  Contabilidade  Pública,  Direito 
público, Económico e Administração Financeira Orçamental. 
- Constituição  da  República  Portuguesa/1976  e  Tratado  da  União  Europeia/  Pacto  de  Estabilidade  e 
Crescimento; 
- Lei de Enquadramento Orçamental portuguesa; 
- Lei Quadro do OGE.9 
 
O QUE É O DIREITO FINANCEIRO? 
 
O  direito  financeiro  é  o  ramo  do  direito  público  que  estuda  o  ordenamento jurídico das finanças do Estado e as 
relações jurídicas decorrentes de sua atividade financeira e que se estabeleceram entre o Estado e o particular. 
 
O QUE SÃO AS FINANÇAS PÚBLICAS? 
 
As  finanças  públicas  referem-se  a  tudo  o  que  tem  a  ver  com  os  fenómenos  de  captação  de  receitas  e  de 
realização  de  despesas  que  permitam  a  satisfação  de  necessidades  económicas.  Quando  se  fala  em  finanças 
públicas, Sousa Franco refere-se à “atividade económica de um ente público tendente a afetar bens à satisfação 
de necessidades que lhe estão confiadas”. 
Segundo Sousa Franco, o conceito de finanças públicas tem vários sentidos: 
- Sentido  orgânico:  Designa  o  conjunto  de  orgãos  do  Estado  ou  outro  ente  público a quem compete gerir 
recursos económicos para a satisfação de certas necessidades; 
- Em  sentido  objetivo:  Designa a atividade através da qual o Estado afeta bens económicos à satisfação 
de certas necessidades sociais; 
- Em  sentido  subjetivo:  Designa  a  disciplina  científica  que  estuda  os  princípios  e  regras  que  regem  a 
atividade do Estado, com o fim de satisfazer as necessidades que lhe estão confiadas. 
 
O  Estado  pretende  que  sejam  satisfeitas  determinadas  necessidades  coletivas.  Para  tanto,  propõe-se  produzir 
bens.  -  mas  a  produção  de  bens  implica  despesas.  O  Estado  precisa,  portanto,  de  obter  receitas  para  cobrir 
essas  despesas,  isto  é,  precisa  de  dinheiro e de meios de financiamento. O âmbito do objeto de finanças públicas 
se cingirá a duas atividades fundamentais: 
- Gestão do dinheiro (receitas); 
- Controlar os gastos (despesas). 
 
Receitas:  São  todos  os  recursos  obtidos  durante  um  dado  período  financeiro  para  a  satisfação  das  despesas 
públicas a cargo de um ente público. Os impostos são receitas do Estado.  
 
Despesas:  Gasto  ou  dispêndio  de  bens  por  parte  dos  entes  públicos  para  criarem  ou  adquirirem  bens  ou 
prestarem  serviços  susceptíveis  de satisfazer necessidades públicas; elas concretizam o próprio fim da actividade 
financeira do Estado – satisfação de necessidades. 
 
Só  existem  finanças  públicas  se  existir  um  poder  político organizado, é esta existência que vai permitir pôr de pé 
o poder coactivo e determinar quais as despesas que vão ser satisfeitas e as receitas que vão ser recolhidas. 
 
QUAIS OS PRINCÍPIOS ECONÓMICOS DAS FINANÇAS PÚBLICAS? 
 
- Teorias do Estado mínimo (Locke, Hume, Adam Smith); 
- Socialismo utópico (Saint-Simon); 
- Doutrina Social da Igreja (Papa Leão XIII); 
- Teorias socialistas (Karl Marx); 
- Teorias social-fascistas; 
- “Socialização”; 
- Teorias intervencionistas; 
- Teorias-neokeynesianas/neodesenvolvimentistas; 
- Joseph Sliglitz (crescimento económico sustentável); 
- Teorias neo-monetárias. 
 
CRESCIMENTO DO ESTADO: 
 
- Modelo Totalitário Socialista; 
- Modelo Democrático Keynesiano; 
- Modelo Democrático- Interesses particulares. 
 
A GRANDE CRISE DE 2007-2009: 
 
Foi  o resultado do fracasso da política dos governos, das suas políticas monetárias e das políticas monetárias do 
BCE, e dos efeitos perversos da adesão ao Euro. Caracterizou-se por: 
- Crise do suprime; 
- Crise de crédito/bancária; 
- Crise económica; 
- Crise orçamental; 
- Crise da dívida soberana; 
- Recessão; 
- Crise bancária; 
- Segunda recessão; 
- Crise de sustentabilidade das finanças públicas; 
- Défices; 
- Inflação. 
 
COMO SE DESENVOLVE A ATIVIDADE FINANCEIRA? 
 
A  atividade financeira do Estado propõe-se à satisfação das necessidades coletivas e concretizada em receitas e 
despesas.  A  ciência  das  finanças  estuda  a  atividade  financeira,  isto  é,  uma atividade do Estado que se exprime 
em  receitas  e  despesas (Teixeira Ribeiro). Segundo Maria d’Oliveira Martins, a atividade financeira consiste em 
“explicar a existência de despesas públicas, às quais o Estado deve afetar receita”.  
 
Obstante  os  objetivos  da atividade financeira, é importante ter noção que a atividade financeira se constrói em 
função  da  satisfação  das  necessidades  sentidas  por  uma  comunidade  e  que  são  assumidas  pelo  poder  político. 
Devemos  ter  também  consciência  que  não  podemos  nem  temos  de  satisfazer  todas  as  necessidades,  no  mesmo 
grau nem qualquer necessidade até ao último grau.  
 
Ex:  Os  antigos  atenienses  proporcionavam  banhos  públicos  e  ginásios  aos  cidadãos,  mas  nunca  lhes 
proporcionaram  o  que  quer  que  fosse  de  remotamente  parecido  com  seguro  de  desemprego  ou  segurança  social. 
Faziam  uma  opção  sobre  a  maneira  de  gastar  os  dinheiros  públicos,  opção  essa  presumivelmente  baseada  na 
noção que tinham dos requisitos necessários à vida em comum.  
 
O  Estado  tem,  assim,  a  atividade  financeira  que for ditada pela decisão política. Isto é proporcional a dizer que 
a  despesa  pública de um Estado é ditada por decisão política. Por isso, podemos ilustrar alguns traços históricos 
por que a atividade financeira já passou: 
 
- Regimes económicos liberais:  
❖ Despesa pública o mais reduzida possível (princípio do mínimo); 
❖ Despesa  pública  exclusivamente  financiada  pelo  dinheiro  dos  impostos,  de  forma  a  cumprir  o 
princípio do equilíbrio; 
❖ Separação entre economia e finanças; 
❖ Abstenção económica por parte do Estado perante o mercado; 
❖ Organização  da  atividade  financeira  pública,  de  forma  a  não  perturbar  a  atuação  livre  dos 
sujeitos económicos; 
❖ Predomínio da instituição parlamentar, de forma a assegurar que todos os cidadãos controlam 
o  exercício  da  atividade  económica  por  parte  do  Estado,  associada  com  a  aplicação  de  um 
estrito princípio da legalidade; 
❖ Importância  primordial  do  imposto:  O  Estado deve ter um património reduzido, portanto, todo 
o dinheiro que deve possuir deve resultar da contribuição dos seus cidadãos; 
❖ Equilíbrio  orçamental,  impondo  que  as  despesas  normais  fossem  financiadas  apenas  por 
receitas  normais,  apenas  podendo  recorrer-se  ao  crédito  em  situações  de  guerra  ou 
calamidade,  para  evitar  que  o  Estado  tenha  de  recorrer  a  empréstimos  que  iriam 
necessariamente  onerar  as  gerações  futuras  e  desviar  dinheiro  do  setor  privado  para  o 
público. 
 
- Regimes económicos mais intervencionistas: 
❖ Contra o pensamento clássico, sob a égide do pensamento keynesiano; 
❖ Despesa pública mais elevada, devida a uma maior intervenção do Estado na economia; 
❖ O princípio do mínimo é substituído pela regra do ótimo; 
❖ A  elevação  da  despesa  pública  conduz  a  uma  diversificação  das  receitas  do  Estado  (que 
passam  pela  exploração  do  património  público  e  pelo  recurso  ao  crédito)  e  ao  progressivo 
abandono do princípio do equilíbrio; 
❖ O endividamento é encarado como mais uma receita do Estado; 
❖ Integração entre economia e finanças públicas; 
❖ Intervenção/ ordenação económica por parte do Estado; 
❖ Complexificação  do  fenómeno  financeiro,  que  conduz  ao  necessário  avultar  da  instituição 
governamental; 
❖ O  Governo  é  o  único  que  está  em posição de dominar os números de um Estado cada vez maior 
e com crescentes funções.  
 
O QUE É E COMO SE DESENVOLVE O FENÓMENO FINANCEIRO: 
 
O  direito  financeiro positivo não se deve limitar ao “de iure condito”, mas avançar também para os caminhos “de 
iure  condendo”.  Isto  é,  não  pode  hoje  prescindir  pelo  menos  em  domínios  relevantes,  dos  resultados,  do  valor 
acrescido que as vertentes mais economicistas ou sociológicas que hajam dominado a ciência das finanças. 
Os  meios  financeiros  têm  de  se  adquirir  e  servem  para  se  utilizar  na  compra  de  produtos  e  serviços  ou  como 
reserva de valor. 
 
As finanças públicas constituem um ramo científico autónomo. 
 
Três vertentes em que se tem sido perspetivado o objeto da ciência das finanças públicas: 
- Jurídica; 
- Económica; 
- Sociológica ou política. 
O  primeiro  conceito  de  Ciência  das  Finanças,  que  se  impôs  nos  primórdios  do  séc.  XX,  pode  resumir-se  na 
seguinte  definição  de  G.  Jèze:  “o  estudo  dos  meios  pelos  quais  o  Estado  promove  a  obtenção  dos  recursos 
necessários  à  cobertura  das  despesas  públicas  e  reparte  o  correspondente  encargo  pelos  cidadãos”.•  O  estudo 
científico  da  actividade  financeira  alargou,  nos  dias  de  hoje,  o  seu  campo  a  domínios  e  a  métodos  próprios das 
ciências  sociais,  o  que,  para  além  de  todas  as  vantagens  que  a  isso se aponta, em termos do aprofundamento e 
da  riqueza  da  nova  ciência  das  finanças,  também  demonstra  que  a  actividade  financeira, enquanto actividade 
social, não pode deixar de ser analisada na perspectiva complexa e multidisciplinar própria daquelas ciências. 
 
Para  Teixeira  Ribeiro,  as  finanças  públicas  são  os  meios  ou  instrumentos  financeiros:  dinheiro  e créditos. ora, 
os  meios  financeiros  têm  de  se  adquirir  e  servem  para  se  utilizar  na  compra  de  produtos  e  serviços  ou  como 
reserva de valor.  
 
Torna-se  necessário  garantir  a  satisfação  de  necessidades  sociais  por  entes  públicos  em  virtude de o mercado, 
só  por  si,  espontaneamente,  não  assegurar  a  compatibilidade  entre  eficiência  e  equidade.  A  atual  economia  de 
mercado tem diversas limitações que se prendem com: 
- Desigualdade na distribuição da riqueza; 
- Instabilidade na provisão de necessidades; 
- Custo crescente dos serviços públicos; 
- Situações monopolísticas abundantes e crescentes; 
- Existência de exterioridades; 
- Má distribuição de bens públicos e de recursos entre o presente e o futuro.  
 
Por  isso,  torna-se  indispensável  aperfeiçoar  os  meios  de  regulação  pública  relativamente  à  economia,  a  fim  de 
assegurar  um  equilíbrio  entre  a  concorrência  e  uma  justa  distribuição  de  recursos.  A  economia  de  bem-estar 
pressupõe sempre a consideração não só das necessidades individuais, mas também da coesão social. As despesas 
públicas  têm  de  ser  limitadas,  em  razão  da  equidade  intergeracional,  não  podendo  esquecer-se  o  resultado  em 
termos de qualidade de vida dos cidadãos, harmonizando equidade e eficiência.  
 
O objetivo natural da atividade económica corresponde ao aumento geral do bem-estar, que depende, por sua vez, 
de duas condições essenciais: 
- Aumento do rendimento nacional; 
- Distribuição desse rendimento.  
 
Num  momento  em  que o endividamento atingiu níveis incomportáveis, é essencial ponderar com especiais cautelas 
custos e benefícios não formalmente, mas atendendo à vida das pessoas concretas e às respetivas necessidades 
humanas.  Para  cada  sujeito  económico  o  ponto  ótimo  de  oferta  de  bens  públicos  é  aquele  em  que  a  utilidade 
marginal dos bens públicos é igual à desutilidade marginal do imposto. Importa, pois, ter sempre em consideração 
a  relação  entre  o  pagamento  de  impostos  e  a  provisão  de  bens  públicos.  O  fenómeno  financeiro  público  está, 
deste  modo,  sempre  confrontado  com  a  necessidade  de  considerar  permanentemente  o  equilíbrio  entre  utilidade 
dos  bens  públicos  e  desutilidade  do  imposto.  Só  haverá  bem-estar  social  se  a desutilidade resultante do imposto 
for inferior à utilidade assegurada pela provisão dos bens públicos. 
 
Assim, a distribuição da carga fiscal deve assentar nos princípios segundo os quais: 
- Os desiguais devem ser tratados desigualmente, de acordo com uma diferenciação positiva; 
- A redução das desigualdades aumenta o bem-estar geral.  
 
Neste  sentido,  o  imposto  deve  ser  repartido  segundo  as  capacidades  contributivas  dos  cidadãos,  devendo  as 
despesas públicas ser postas ao serviço da justiça distributiva. 
 
- Aspecto  Jurídico  do  Fenómeno  Financeiro:  Existência  de  um  conjunto  de  princípios  ou  de  regras  que 
regulam a actividade financeira do Estado e este é feito em dois planos: 
➔ Organização do funcionamento interno da actividade financeira do Estado: 
❖ Matéria de Controlo/Execução Orçamental; 
❖ Normas que definem qual a estrutura financeira do Estado. 
 
➔ Relação Financeira entre o Estado e outras entidades privadas, como os particulares e 
normas que disciplinam a captação de recursos por parte do Estado. Normas que protejam os Particulares. 
 
 
 
 
 
O QUE DISTINGUE AS FINANÇAS PÚBLICAS DE FINANÇAS PRIVADAS? 
 
Finanças públicas:  Finanças privadas: 
- As despesas influenciam as receitas;  - As receitas influenciam as despesas; 
- As  fontes  de  financiamento  são  feitas  - Persecução do lucro. 
através de impostos e receitas tributárias; 
- As  Regiões  Autónomas  e  os  Municípios   
podem criar impostos;   
- Persecução  de  interesses  públicos  e 
necessidades coletivas.  
 
Quando  falamos  de  Finanças  Públicas  referimo-nos  “à  atividade  económica  de  um  ente  público  tendente  à 
afetação  de  bens  à satisfação de necessidade que lhe estão confiadas”, segundo Sousa Franco. Enquanto, neste 
caso,  estamos  perante  a  atividade  de  entes  públicos  ou  perante  a  utilização  de  dinheiros  e  valores  públicos, 
falamos,  por  contraponto,  de  Finanças  Privadas  para  referir  os  aspetos  monetários  do  financiamento  de uma 
economia,  incluindo  as  questões  ligadas  à  moeda,  ao  crédito,  aos  mercados  financeiros,  nos  quais  se 
transacionam ativos representados por títulos a médio e longo prazos.  
 
Na  terminologia  usada  pela  Escola  do  Direito  Financeiro  de Lisboa fundada pelo Prof. Sousa Franco fala-se de 
fenómeno  financeiro  quando  respeita  à  Finanças  Públicas  e  de  fenómeno  financial  quando  está  em  causa  a 
moeda e o crédito e as Finanças Privadas. 
 
COMO SE RELACIONA O DIREITO FINANCEIRO COM AS OUTRAS VERTENTES DO DIREITO? 
 
As normas de direito financeiro estão relacionados com o Direito Constitucional: 
- Regula a competência do Estado; 
- Regula os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos; 
 
As normas de direito financeiros estão relacionados com o Direito Comunitário: 
- Impõe limites ao défice; 
- Impõe limites à dívida pública; 
- Impõe  uma  série  de  disposições  legais  e  princípios  dos  Tratados,  que  se  impõem  aos  diversos 
Estados-Membros, em relação a juros, dividendos e a tributação. 
- O IVA é, no essencial, matéria de direito comunitário, dado que: 
➔ Parte  significativa  do  orçamento  da  UE  provém  de  uma  percentagem  do  IVA  de  cada 
Estado-Membro; 
➔ Como  o  IVA  incide  sobre  transações,  a  existência  de  mercado  único  europeu  exige  certa 
uniformidade neste tipo de impostos nos diversos Estados-Membros. 
 
As normas de direito financeiro estão relacionados com o Direito Processual: 
- Um orgão jurisdicional próprio para apreciar a execução financeira do Estado (o Tribunal de Contas); 
- Um  forte  número  de  litígios  em  matéria  fiscal  que  deve  ser  trazido  perante  uma  jurisdição  própria 
(Tribunais Administrativos e Fiscais). 
 
O QUE É O IMPOSTO? 
 
Os  impostos  são  uma  receita  coativa  sem  contrapartida  direta,  daí  que  as  normas  que  determinam  impostos 
tenham de ser especialmente cuidadas. 
 
O  imposto  é criado por lei. Pode ser definido como uma "prestação pecuniária, unilateral, definitiva e coactiva". A 
sua  distinção  da  figura  do  tributo  também  não  suscita  demais  questões,  propendendo  a  maioria  da  doutrina 
para  considerar  este  último  como  um  conceito  género de que o imposto é apenas uma espécie. Fazem assim parte 
do conceito de tributo, para além do imposto, as taxas e as contribuições especiais. 
 
Uma nota característica do conceito de imposto, aliás, de qualquer outro tributo, importa, contudo, salientar: ele 
não  tem  carácter  de  sanção.  Assim,  a  multa  e  a  coima  não  fazem  parte  do  conceito  de  tributo,  não  obstante 
serem  igualmente prestações pecuniárias, unilaterais e coactivas. A pena pecuniária, contrariamente ao tributo, 
pressupõe  uma  ruptura  anterior  da  ordem  jurídica, a violação de uma norma, sendo a sua natureza de carácter 
sancionatória. 
 
Se  esta  distinção  é hoje clara para a doutrina, nem sempre, ao longo dos tempos, foi a concepção predominante. 
Por  influência  da  ideologia  liberal,  há  ainda  autores,  nos  finais  do  século  XX,  que equiparam as normas fiscais 
às normas penais. 
 
É  relevante  focar  a  modificação  que  se  verificou  ao  nível do elemento teleológico ou fim do imposto, na transição 
para  a  época  contemporânea.  Como  veremos  melhor,  é  o  fim  extrafiscal  do  imposto  associado  aos princípios da 
tributação  segundo  a  capacidade  contributiva  e  a  implementação  de  um  sistema  tributário  progressivo  que 
permitem  a  realização  de  uma  maior  igualdade  fiscal,  ou  seja,  uma  maior  igualdade  material  de  entre  os 
cidadãos. 
 
- Imposto no Estado Liberal de Direito: 
A ideologia liberal em que assentava os pilares da organização jurídico-política do Estado europeu dos 
séc.  XVIII  e  XIX,  conduziu  a  que  o  imposto  fosse  aceite,  na  altura,  com  forte  relutância,  quase  como  um  mal 
inevitável. 
 
A  razão  de  fundo  que  originou  um  tal  sentimento  de  rejeição  derivou  do  facto  de  o  mesmo  constituir  como  um 
atentado  contra  o  direito  à  propriedade  privada,  o  qual  era  entendido  como  um  direito  absoluto,  natural  e 
inviolável, por isso, não se permitiam limitações, senão, as livremente consentidas pelos seus titulares. 
 
Por  outro  lado,  na  medida  em  que o poder tributário provinha do Estado e as receitas se destinavam ao Estado 
que,  à  partida,  não  devia  interferir  nas  esferas  "sagradas"  dos  direitos  e  liberdades  individuais,  aumentava  o 
sentimento de aversão por parte dos cidadãos, sobretudo da burguesia. 
 
Vale  a  pena  ver,  em  termos  necessariamente  muito  sumários,  como  a  própria  doutrina  da  altura  concebia  a 
figura do imposto. 
 
Adam  Smith  referia  que  os  impostos  eram  todos  "mais ou menos antieconómicos que aumentam o rendimento do 
soberano". 
 
Mais  tarde,  autores,  como  Otto  Mayer, qualificaram o dever de pagar imposto como "une formule dénuée de sens 
et  de  valeur  juridique"  e  o poder financeiro do Estado foi equiparado ao poder de polícia; porém, enquanto este se 
fundamentava no direito natural, aquele não passava de uma força de domínio. 
 
Ferreira  Borges  sublinhava  que  "é  por  tanto  o  tributo  um  desfalque  da  riqueza  de  cada  um  para  alcançar  os 
bens,  que  resultam  à  sociedade  da  observância  da  lei,  isto  é,  a  segurança  do  domínio  e  da  liberdade.  É  um 
sacrifício; mas é preço da segurança. Se é um mal, é um mal necessário para obter um bem evidente e essencial à 
sociedade". 
 
Se esta era a concepção que predominava, ela não deixava de reflectir as estruturas económico-sociais da época. 
É  que  toda  a  fiscalidade,  na  realidade,  era  estruturada  de  acordo  com  os  interesses  da  classe  burguesa, 
estimulando a sua avidez para a acumulação e para o investimento 
 
- Imposto no Estado Social de Direito: 
 
Paulatinamente  os  interesses  económicos  da  classe burguesa foram abrindo um profundo fosso social nos países 
ocidentais e o aparelho estadual viu-se obrigado a intervir. 
 
A  intervenção  do  Estado  na  sociedade  e  na  economia,  mormente  para  corrigir os desequilíbrios provocados pelo 
capitalismo,  exigiu  a  ampliação  da  máquina  administrativa  e,  consequentemente,  o  aumento  das  despesas 
públicas.  Assim,  o  imposto  foi  encarado  pelos  estadistas  e  pela  doutrina  jurídico-financeira  como  a  via,  por 
excelência,  através  da  qual  se  podia  dar  satisfação  às  crescentes  necessidades  financeiras.  Com  a  nova 
actividade  estadual  de  conformação  económico-social,  o  imposto, outrora considerado elemento neutro, passou a 
desempenhar  uma  nova  função  -  a  extrafiscal  -,  ou  uma  função  paralela  à  que  tradicionalmente  lhe  estava 
adstrita. 
 
Mas  esta  nova  concepção  não  se  instalou  na  doutrina  sem  entraves. A verdade é que da finalidade unicamente 
fiscal  do  imposto  se  passou  para  uma  teoria  da  finalidade  principalmente  fiscal, depois para uma concepção da 
finalidade  paritariamente  fiscal,  para  evoluir  ainda  para  uma  outra,  de  fim  fiscal  secundário  e,  ainda,  de  fim 
extrafiscal  exclusivo.  Essa  evolução  revela  o  entendimento  que  se  foi  tendo,  ao  longo  dos  tempos,  acerca  das 
incumbências  do  Estado  que,  por  sua  vez,  dependiam  das  concepções  sobre  as  múltiplas  relações  entre  o  poder 
estadual e a sociedade. 
 
No  entanto,  refira-se  que  a  função  fiscal  e  extrafiscal  sempre  coexistiram  na  figura  do  imposto. Já os estados 
na  Antiguidade  utilizavam  a  tributação  para  a  realização  de  fins  extrafiscais.  A  este propósito, é de destacar, 
designadamente,  o  Reino  de  Ptolomeu  do  antigo  Egipto,  em  que  existiam  cerca  de  200  impostos  com  fins  não 
fiscais. 
 
Não  vamos  tratar  pormenorizadamente  da  evolução  das  várias  fases  da  função  extrafiscal  do  imposto, 
afigurando-se-nos  mais  consentâneo  com  o  nosso  tema  assinalar  aqui apenas os contributos mais importantes 
da doutrina fiscal que marcaram essas várias etapas. 
 
Existe como defensor desta ideologia, o autor Wagner. 
 
Nesta  nova  concepção,  o  imposto  constituía,  não  só  um  meio  para  a  satisfação  das  necessidades  financeiras 
públicas,  mas  também  um  instrumento  para a repartição dos rendimentos e da riqueza; portanto, pari passu de 
uma  finalidade  fiscal,  o  imposto  podia  prosseguir  uma  finalidade  extrafiscal.  Para  a  teoria  wagneriana,  estas 
duas  finalidades  tinham  o  mesmo  peso,  situavam-se  ao  mesmo  nível,  significando  que  um  imposto  que  se 
destinasse unicamente à realização de um fim político-social não perderia a sua qualidade de imposto. 
 
A  função  "político-social"  do  imposto  conjuntamente  com  a  teoria  da  utilidade  marginal  dos  rendimentos 
constituíram  os  principais  suportes  teóricos  para  a  criação  do  imposto  progressivo,  em  muitos  Estados 
ocidentais, em substituição da tributação proporcional que favorecia principalmente a classe burguesa. 
 
QUAIS OS SETORES DO DIREITO FINANCEIRO? 
 
- Despesas; 
- Receitas; 
- Património. 
 
É no campo das receitas que os direitos, liberdades e garantias têm importância fundamental, sobretudo quanto 
aos impostos, principal fonte de receita. 
 
É  aqui  que  a esfera dos particulares é mais fortemente agredida, já que não há contrapartida direta do Estado 
ao esforço imposto aos particulares. 
 
Noutras fontes de receita, os particulares cooperam voluntariamente com o Estado. 
Ex:  Empréstimos  públicos  ou  a  prestação  dos  particulares  é  sinalagmática  de  uma  prestação  do 
Estado, como as taxas. 
 
Os  impostos  são  uma  receita  coativa  sem  contrapartida  direta,  daí  que  as  normas  que  determinam  impostos 
tenham de ser especialmente cuidadas. 
 
 
 
 
 
O QUE DISTINGUE A TAXA DE UM IMPOSTO? 
 
O  imposto  tem  um  caráter  unilateral,  ou  seja,  é  uma  obrigatoriedade,  tem  de  ser  pago  e  não  existe  nada  a 
receber  em  troca.  É  uma  contribuição,  uma  ajuda  de  cada  cidadão para o orçamento nacional. Todos temos de 
pagar o imposto sobre o consumo, o IVA ou o imposto sobre os imóveis, o IMI. 
 
A  taxa  já  tem  um  caráter  bilateral.  Ou  seja,  é  também  um  pagamento  que  deve  ser  feito  para  receber algo em 
troca.  No  âmbito  público,  ao  pagarmos  a  taxa  de  saneamento  básico  estamos  a  receber  em  troca  o serviço de 
recolha  de  lixo  das  ruas,  providenciado  pelo  Estado.  Claro  que  também  existem  as  chamadas  taxas  de  juro  e 
outros  tipos  de  pagamentos  adicionais  que  contam  como  tal,  a  nível  do setor privado. Também aí há uma troca 
de serviço pelo pagamento. 
 
- Quanto à falta de pagamento: 
❖ Nos  impostos,  sejam  sobre  os  rendimentos,  produtos,  imóveis  ou  serviços,  implica  penalização 
económica, civil ou penal, caso as obrigações não sejam cumpridas. 
❖ A  taxa  é  facultativa.  Se  os  contribuintes  não  a  pagarem,  simplesmente  deixam  de  receber  o 
serviço. 
 
Apesar  de  os  dois  serem  pagos  por  razões  específicas,  podemos  admitir  que  as  taxas  têm  contrapartidas  mais 
diretas  do  que  os  impostos.  O  contribuinte  nunca  recebe  uma  troca  por  este  pagamento  na  mesma  proporção 
com que o paga. 
 
Várias  doutrinas  levantam  várias  teses  de  diferenciação,  desde  a  divisibilidade  ou  indivisibilidade  dos  bens  ou 
serviços  até  à  voluntariedade  ou  obrigatoriedade  de  tais  tributos,  mas  o  que  os  distancia  realmente  é  a 
unilateralidade  ou  bilateralidade  dos  mesmos.  Tanto  um  como  outro  são  obrigações  patrimoniais  já  que  é 
desembolsada  uma  contribuição  sobre  o  património  do  devedor,  sendo  esta  normalmente  de  origem  pecuniária 
apesar  de  surgirem  certos  cenários onde a mesma é realizada através de géneros, caso por exemplo da dação em 
pagamento na fase da cobrança coerciva relativamente ao imposto. 
 
Não  se  verifica  igualmente  um  carácter  de  sanção,  pois  o  pagamento  de  qualquer  deles  não  provém  de  nenhum 
acto  ilícito  praticado,  de  nenhuma  infração  mas  sim  como  modo  de  possibilitar  a  realização  de  fins  públicos, 
outra  das  características  de  ambos,  uma  vez  que  a  sua  inexistência  impediria  a  oferta  dos  vários  bens  ou 
serviços  básicos  proporcionados  pelo  Estado  ou  demais  entes  da  mesma  natureza,  designadamente  a  saúde, 
educação, defesa nacional, redistribuição da riqueza, entre outros. 
 
São  ainda  realizados a título definitivo sem qualquer carácter de restituição, tal como acontece por exemplo num 
empréstimo  público  forçado  onde  o  montante  terá  que  ser  devolvido  posteriormente.  E  não  se  confunda  o 
reembolso do IRS já que aqui assiste-se apenas a um retorno do excedente despendido pelo sujeito passivo. 
 
 
 
 
COMO SE DESENVOLVE A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA? 
 
A  função  financeira  essencial  do  Estado  é  a  afetação  de  recursos.  Mas  não  é  exclusiva  porque  também  faz 
parte dessas funções a distribuição de riqueza e a estabilidade económica. 
- A afetação de recursos é primordial (ela é que permite satisfazer necessidades públicas); 
- É  relevante,  como  função  paralela,  a  distribuição  de  recursos,  uma  vez  que,  mesmo  limitando-se  a  um 
Estado,  à  satisfação  de  necessidades  públicas,  essa  atividade  tem  reflexos necessários na distribuição 
de riqueza. 
 
Através  da  intervenção  económica,  o  Estado  tenta  modificar  a  forma  natural  como  os  agentes  económicos 
atuariam,  quer  através  das  políticas  económicas,  quer  através de ações pontuais através das quais se pretende 
melhorar a eficiência económica. 
 
O Estado intervém devido às capacidades ou falhas do mercado (estas são situações naturais do mercado): 
- Bens coletivos ou Bens Públicos; 
- Custos decrescentes e o efeito Monopólio; 
- Exterioridades Positivas e Exterioridades Negativas; 
- Incapacidade Macro Económica; 
- Incerteza e Risco da Actividade Económica. 
 
O QUE SÃO BENS PÚBLICOS? 
 
O bem público possui as seguintes caraterísticas: 
- Impossibilidade de exclusão de qualquer cidadão do seu gozo; 
- Surgimento face a necessidades que: 
❖ O mercado é incapaz de satisfazer; 
❖ O mercado poderia satisfazer, mas que pelo elevado custo que comportam não são atrativas; 
❖ O  mercado  poderia  satisfazer,  mas  que  o  Estado entende, por opção política, reservar para si 
ou satisfazer em paralelo com o mercado. 
 
A  imprescindível  intervenção  do  estado  na  economia  desempenha  várias  funções,  quer  como  regulador  quer 
enquanto  fornecedor  ou  consumidor  de  bens  e  serviços.  Se  tomarmos  como  assente  a  ideia  de  Teixeira  Ribeiro 
que  afirma  que  o  Estado  não  é  um  indivíduo,  mas  uma  coletividade  de  indivíduos,  e  como  tal  não  tem  conteúdo 
psíquico, não pensem nem sente necessidades.  
 
Facilmente  compreendemos  que  quando  o  Estado,  realiza  despesas  não  está  verdadeiramente  a  satisfazer 
necessidades  próprias  mas  antes  a  satisfazer  necessidades  das  pessoas  físicas  e em certa medida das pessoas 
jurídicas. 
 
Os  bens  públicos  caracterizam  se  por  serem  bens  do  uso  não  rival  e  não  excluíveis.  Não  rivalidade  ou 
indivisibilidade  no  sendo  do  consumo  ou  utilização  do  bem  ou  serviço  por  um  indivíduo  não  pôr  em  causa  a 
utilização  ou  consumo  feita  por  outros.  Uma  quantidade de bens pode assim ser utilizada por um enorme número 
de  consumidores  sem  que  isso  ponha  em causa a utilidade de cada um deles retira da utilização do bem, trata se 
de  bens  cujo  o  custo  marginal  de  produção  é  zero  ou  absolutamente  insignificante,  por  isso,  se  afastarmos 
utilizadores colocamos em causa a utilidade total. 
 
O  mercado  não  funciona  se  não  houver  estímulo  à  produção  de  um  lado  e  por  outro  lado,  se  os bens não forem 
dos  como  importantes  para  o  desenvolvimento  da  economia  e  para  o  bem  estar  das  populações.  Se  estivermos 
perante  um  bem  de  uso  não  rival  e  não  excluível  que  não  seja  produzido,  mas  que  seja  útil  à  sociedade  estamos 
então  perante  uma  possibilidade  de  provisão  pública,  ou  seja,  perante  uma  situação  em  que  cabe  ao  estado  a 
decisão sobre a produção, a forma de acesso e o financiamento total ou parcial da produção do bem. 
 
Não podemos, no entanto, falar de bens públicos sem falar dos denominador bens de mérito, estes bens são bens 
que  uma  determinada  classe  dominante  do  poder  ou  a  sociedade  entende que por razões ético sociológicas devem 
estar acessíveis a toda a sociedade ou então devem ser proibidos. 
 
NO QUE CONSISTE A ESTABILIDADE ORÇAMENTAL? 
 
As  políticas  orçamentais centradas na estabilidade permitem utilizar a despesa pública para atenuar flutuações 
cíclicas da atividade económica e para, quando necessário, para ajudar a mitigar crises. 
 
A  estabilidade  orçamental  consiste  numa  situação  de  equilíbrio  ou  excedente  orçamental,  calculada  de  acordo 
com  a  definição  constante  do  Sistema  Europeu  de  Contas  Nacionais  e  Regionais,  nas  condições  estabelecidas 
para cada um dos subsectores. 
 
A estabilidade orçamental consiste numa situação de equilíbrio ou excedente orçamental. 
 
A  concessão  clássica  do  equilíbrio  orçamental  corresponde  ao  equilíbrio  efetivo:  devem  contabilizar-se  as 
despesas  que  diminuem  e  as  receitas  que  aumentam  o património do Estado. Deste modo, se as receitas efetivas 
igualarem  as  despesas  efetivas,  no  termo  do  ano  económico  o  Estado  tem  exatamente  o  mesmo  património  que 
TInha no início. Não se verificam perdas nem ganhos.  
 
Assim,  excluíam-se  destes  cálculos  os  valores  relativos  a  empréstimos  do  Estado:  embora  o  ativo  do  Estado 
diminua  (devido  à  saída  de  dinheiro),  o  seu  passivo  diminui  na  mesma  medida  (a  dívida  diminui).  Esta  despesa 
corresponde  à  receita  obtida  anteriormente  com  o empréstimo. Os valores anulam-se. Todas as outras despesas 
eram  consideradas  como  efetivas,  tanto  quando  relativas a bens de consumo como relativas a bens duradouros. 
Segunda  esta concessão, os bens duradouros do Estado não dão rendimento já que não produzem receita líquida. 
É  o  caso  das  obras  públicas,  que  não representavam rendimento para o Estado: ao proceder à sua construção, 
o  Estado  perdia  o  montante  investido,  não  recebendo  nada  em  troca.  O  mesmo  se  aplicava  para  a  venda  de 
imóveis:  o  Estado  recebia  o  valor  da  compra  mas  não  perdia  nada  em  troca  (porque  os  aqueles  imóveis  não 
davam  rendimento  ao  Estado).  Sendo  esta  uma situação pouco frequente, do lado da receita contava sobretudo 
a  receita  obtida  mediante  impostos.  Assim,  o  equilíbrio  do  orçamento era dado pela igualdade entre as despesas 
totais (às quais se retirava o reembolso de empréstimos) e os impostos (não se contabilizando o endividamento). 
 
QUAIS AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DO ESTADO? 
 
São  os  atores  da  atividade  financeira.  São  os  modos,  instrumentos  ou  agentes,  através  dos  quais  a  atividade 
financeira se realiza. 
 
O  Estado  é  o  agente  financeiro mais importante. Dentro dele, levantam-se questões de divisão de poderes, tendo 
o Governo e a Assembleia da República reservado papéis importantes. 
 
Na base da divisão de competências, estão os princípios democrático, da separação de poderes e autorregulação. 
 
- Parlamento: 
A CRP constitui a supremacia da decisão financeira à Assembleia da República. - art. 161º. 162º, al. 
d) e e); 164º, 165º e 103º. 
A  Assembleia  da  República  é  competente  na  criação  de  cada  imposto,  mas apenas no regime geral das 
taxas. 
❖ Incidência; 
❖ Taxa; 
❖ Benefícios fiscais. 
 
Um  dos  fenómenos que se tem vindo a verificar é o da desparlamentarização da decisão financeira, pela 
qual ocorre uma distanciação muito visível entre o modelo político plasmado. 
 
- Governo: 
Os Governos possuem hoje algumas competências financeiras. 
❖ Elaborar e aprovar o programa de Governo; - artigo 199º, al. a) e b). 
❖ Elaborar e aprovar, em Conselho de Ministros, a proposta de Orçamento de Estado; 
❖ Solicitar autorização para a contração ou concessão de empréstimos; 
❖ Apresentar  propostas  de  lei  e  de  resolução  à  Assembleia  da  República.  -  artigo  197º,  al.  d); 
artigo 161º, al. g). 
 
Os  Governos,  em  geral,  legislam  muito  mais  do  que os Parlamentos Nacionais, já que estes não possuem 
estruturas,  nem  orgãos  dotados  de  meios  técnicos  que  lhes  permitam  discutir  com  profundidade  as  propostas 
financeiras dos Governos. 
 
Os  Governos  possuem,  normalmente,  maiorias  sujeitas  a  disciplinar  partidária  que  impedem  os 
deputados de fugir aos sentido de voto imposto.  
 
Assiste-se a um reforço do papel do Estado na vida económica pela via dos Governos e a uma diminuição 
do papel dos Parlamentos.  
 
 
 
- Administração Pública: 
Cabe  à  Administração  Pública  executar o orçamento (é ela que cobra taxas e impostos e que realiza as 
despesas). O Ministro das Finanças e os seus organismos desempenham um papel crucial: 
❖ Elaboração do Orçamento; 
❖ Perceção de impostos e recurso a empréstimos através dos seus organismos; 
❖ Libertação dos meios necessários às despesas de outros ministérios. 
Ex:  Quem  paga  as  despesas  dos  hospitais  é  o  Ministério  da  Saúde, mas é o Ministro 
das Finanças que envia os fundos com que serão pagas essas despesas. 
 
- Segurança Social:  
A Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) também oferece algumas perspetivas acerca do orçamento 
da Segurança Social. 
 
Artigo 63º e 105º, CRP. O orçamento de Estado deve incluir o orçamento da Segurança Social (artigo 
1º, al. b) e artigo 5º). - LEO. 
 
Regra da não consignação: As receitas do Estado não podem aparecer afetas a despesas específicas. 
 
Artigo  28º,  LEO.  As  receitas  efetivas  da  Segurança  Social  devem  ser  equivalentes  às  receitas.  Na 
prática,  porém,  tem  sido  difícil  cumprir  este  objetivo.  Caso  as  receitas  sejam  superiores  às  despesas,  manda  o 
nº2  do  artigo  que  o  saldo  para  o  Fundo  de  Estabilização  Financeira  da  Segurança  Social.  è  o  inverso  do  que 
acontece no Orçamento do Estado. 
 
Há uma verdadeira autonomia financeira da Segurança Social. 
 
O  Orçamento  não  pode  consignar  certa  receita  a  certa  despesa:  as  receitas  são  empregues  para 
satisfazer  as  despesas  que  forem  surgindo,  aparecendo  como  um  todo.  Esta  regra  deve-se  à  necessidade  de 
flexibilidade  na  gestão  orçamental  e  ainda  se  justifica  por  permitir  evitar  pressões  específicas  no  sentido  de 
aumentar  receitas  por  causa  das  despesas  a  que  estão  consignadas  e  vice-versa.  Por  esta  razão, o orçamento 
da  Segurança  Social  é  uma  das  exceções  à  regra  geral.  No orçamento da Segurança Social é até obrigatória a 
consignação  de  receitas.  Deve  estar  indicado  qual  a  despesa  concreta  a  que  esta  afeta  cada  receita.  Isto 
porque as receitas da Segurança Social são apenas afetadas ao financiamento da Segurança Social. 
 
- Administração Autónoma: 
As  regiões  autónomas:  Resulta  do  artigo  6º  da  CRP,  que  o  Estado  respeita  o regime autónomo insular 
nomeadamente dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. 
 
CRP: Artigo 271º, nº1, al. i); Artigo 271º, nº1, al. j); Artigo 271º, nº1, al. r); Artigo 232º, nº1. 
 
 
 
Os  artigos  25º  e  26º  da  LRA  concretizam  que  tanto  o  IRS  como  o  IRC  são  receitas  próprias  das 
regiões autónomas.  
Ex:  Uma  empresa  açoriana  contratou  um  arquiteto  espanhol  a  quem  pagará  honorários.  O 
arquiteto  espanhol  é  tributado  em  Portugal  através  do  sistema  de  retenção  na  fonte.  Ou  seja,  a  empresa 
açoriana  pagara-lhe  X,  valor  do  qual  excluirá  Y,  em resultado da retenção na fonte. A retenção é entregue aos 
cofres do Estado, sendo considerada receita própria da Região Autónoma dos Açores. 
 
O  IVA  surge  as  mesmas  regras  do  IRC  e  IRS,  isto  é,  o  IVA  é  cobrado  por  operações  realizadas  na 
Região Autónoma é receita da própria Região Autónoma (artigo 28º, LRA). 
 
LRA: Artigo 29º, 30º, 32º, 33º, 34º, 35º e 36º. 
 
O poder tributário próprio das Regiões Autónomas manifesta-se nos seguintes poderes: 
❖ Artigo 56º, nº2, al. a) e artigo 57º; - LRA. 
❖ Artigo 56º, nº2, al. b); - LRA. 
❖ Artigo 58º; - LRA. 
❖ Artigo 59º. - LRA. 
 
- Autarquias locais: 
Por  força  dos  artigos  6º  e  235º,  nº1  e  nº2  da  CRP.  O  Estado  respeita  a  autonomia  das  autarquias 
locais  e  descentralização  democrática  da  Administração  Pública.  Ora,  autonomia  implica  autonomia 
financeira.  
❖ Artigo 238º, CRP; 
❖ Artigo 6º, RFAL; - Princípio da autonomia financeira. 
❖ Artigo 254º. 
 
Existe  uma  convergência  entre  a  autonomia financeira das regiões autónomas e a aplicação das taxas 
de IMI do Estado às autarquias.  
 
O  Estado  e  as  autarquias  locais  estão  vinculadas  a  um  dever  de  solidariedade  nacional  recíproco  que 
obriga  à  contribuição  proporcional  do  setor  local  para  o  equilíbrio  das  contas  públicas  nacionais.  -  Artigo  8º, 
RFAL. 
 
Artigo  10º,  nº2,  RFAL:  Princípio  da  justa  repartição  dos  recursos  públicos  entre  o  Estado  e  as 
autarquias locais. Há um equilíbrio vertical e horizontal na questão das distribuições das receitas. 
❖ Equilíbrio vertical: Estabelece o equilíbrio entre o Estado central e das autarquias locais; 
❖ Equilíbrio horizontal. 
 
As  receitas  dos  municípios  têm,  muitas  vezes,  fonte  local.  Estas  receitas  são  discriminadas  no  artigo 
14º da RFAL. Destacam-.se as seguintes: 
❖ IMI; 
❖ IMT; 
❖ As derramas; 
❖ Imposto sobre a circulação automóvel. 
 
Artigo 20º, RFAL: Os municípios têm liberdade para criar taxas próprias.  
 
As  receitas  dos  municípios  não  vêm  apenas  da  fonte  local.  De  acordo  com  o artigo 25º, RFAL, provém 
também da distribuição que é feita pelo Estado, de modo a atingir os objetivos do equilíbrio vertical e horizontal. 
 
Existem três princípios relacionados com a opção de receber os 5% ou menor percentagem: 
❖ Capacidade contributiva; 
❖ Estado unitário; 
❖ Igualdade. 
 
Artigo 49º, RFAL: Recurso ao crédito - As autarquias locais também podem recorrer a empréstimos. 
 
COMO SE DESENVOLVE O SETOR EMPRESARIAL DO ESTADO? 
 
As empresas públicas são fonte de receita para o Estado, provindo de: 
- Dividendos; 
- Privatizações; 
- Impostos. 
 
Artigo  293º,  CRP:  Trata  do  destino  das  receitas  que  o  Estado  obtinha  com  a  privatização  de  empresas.  A 
alínea  d)  é  uma  exceção  à  regra  orçamental  da  não  consignação,  segundo  a  qual  nenhuma  receita  pode  estar 
afim de uma despesa concreta.  
 
TRIBUNAIS FINANCEIROS: 
 
Consistem em dois tipos: 
- Tribunal de Contas; (Lei 98/97 de 16 de agosto). 
- Tribunal  Administrativos  e  Fiscais:  Discute-se  a  legalidade dos atos praticados pela Administração na 
cobrança de impostos. Estão em causa as relações jurídicas entre particulares e o Estado.  
❖ 2ª instância: Tribunal Central Administrativo; 
❖ Supremo Tribunal Administrativo. 
 
PATRIMÓNIO DO ESTADO: 
 
Conjunto  de  bens  de  que  o  Estado  é  titular.  Este  conjunto  é  susceptível  de  satisfazer  necessidades  e  também 
responsabilidades que o Estado assumiu. O património é o conjunto do ativo e do passivo do Estado.  
❖ Os bens, os impostos, etc, entram no lado ativo.  
❖ Os contratos celebrados, os encargos, etc, entram no lado passivo. 
 
O TESOURO: 
 
É  ao  tesouro  que  compete a gestão e financiamento através da dívida pública, o pagamento de empréstimos, etc. 
O tesouro é gerido pela agência de gestão da tesouraria e da dívida pública. 
 
COMO É FEITO O CONTROLO ORÇAMENTAL? 
 
Em  Portugal,  a  fiscalização  da  execução  orçamental  é  feita  de  três  formas  cumulativas:  Controlo 
Administrativo;  Controlo político;  Controlo jurisdicional.  O  controlo  administrativo  é  levado  a  cabo  pelos 
órgãos  da  administração  pública  e  segue  um  procedimento  que  está  estabelecido  na  lei.  Este  procedimento  é 
diferente  consoante  se  trate  de  serviços  com  mera  autonomia  administrativa,  ou  de  serviços  com  autonomia 
administrativa e financeira.   
 
O  controlo  político  é  efetuado  pela  Assembleia  da  República,  aquando  da aprovação da Conta Geral do 
Estado.  O  controlo  jurisdicional  é  feito  pelo  Tribunal  de  Contas  e  pelos  demais  tribunais  (art.58º/2  e  3; 6 da 
velha  LEO)  Dada  a  importância  dos  três  tipos  de  controlo,  é  necessário  verificar  as especificidades de 
cada  um  deles,  mas  ao  que  o  orçamento  da  receita  diz  respeito,  a  verificação  da  boa  execução  orçamental  é 
bastante  simples,  porque  é  limitada  à  verificação  do  cumprimento  do  princípio  da legalidade e dos comandos 
que  tinham  sido  dados  pela  LEO.  Já  a  execução  do  orçamento  de  despesa  é  mais  complexa,  e  por  isso  vamos 
analisá-la detalhadamente. 
 
- Controlo  administrativo:  O  controlo  administrativo  da  execução  orçamental,  é  da  competência 
simultânea  de  várias  entidades:  a  própria  entidade  (serviço  ou  organismo)  que  executa  o 
orçamento,  a  entidade  responsável  pela  coordenação  e  acompanhamento  da  execução  do  orçamento 
(em  Portugal,  a  Direção  Geral  do  Orçamento  do  Ministério  das  Finanças)  e  as  demais 
entidades  de  controlo  existentes  em  cada  ministério.  Este  tipo  de  controlo  está  regulamentado 
na  LEO,  na  Lei  de  Bases  da  Contabilidade  Pública  (LBCP)  e  no  Regime  da  Administração 
Financeira  do  Estado  (RAFE),  existindo  regimes  diferenciados  consoante  estejamos  perante 
serviços  dotados  de  autonomia  administrativa  ou  serviços  dotados  de  autonomia administrativa e 
financeira.  Nos  serviços  com  mera  autonomia  administrativa,  a  execução  do  orçamento  cabe  aos 
dirigentes  máximos  dos  serviços,  mas  que  apenas  tem  competência  para  autorizar  despesas 
relativas  a  atos  de  gestão  corrente  (artigo  2ºLBCP), tendo em consideração os  limites  estabelecidos 
no  artigo  17º  do  Decreto-Lei  197/99  nas despesas com a  aquisição e locação de bens e serviços. 
Mesmo  nesses  casos,  por  força  do  princípio  da  legalidade,  encontram-se  submetidos  às  exigências  do 
Código  dos  Contratos  Públicos  (aprovado  pelo  Decreto-lei  nº  18/2008).  Como  não  têm  autonomia 
financeira  estes  serviços  ficam  obrigados  a  requerer  mensalmente  a  libertação  de  créditos  à  Direção 
Geral  do  Orçamento  (artigo  3º  da  LBCP  e  artigo  17º  do  RAFE).  Este  pedido  é  acompanhado  do 
balanço  da  execução  orçamental  do  mês  anterior,  e  da  descrição  dos pagamentos  que  se  espera 
que  venham  ocorrer  no  mês  seguinte.  Quando  recebe  este  pedido,  a  DGO  efetua  o  heterocontrolo 
interno  prévio  da  despesa,  destinado  a  verificar  a  correta  inscrição  orçamental  em  todas  as 
suas  dimensões  e  o  cabimento  orçamental  (art.  3º/3  LBCP  e  arts.  18º/2  a  4  e  19º  do  RAFE). 
Tratando-se  de  despesas  com  receitas  consignadas  é  ainda  necessário verificar o cumprimento do 
duplo  cabimento  (cfr.  art.  20º  RAFE).  Para  além  deste  controlo, os próprios serviços fazem  também 
um  controlo  da  despesa,  e  por  isso,  temos  aqui  um  autocontrolo  interno,  que  se  for  anterior à 
realização  da  despesa,  é  designado por  autocontrolo interno  prévio,  previsto  no art.26º do RAFE 
e  que  se  designa  nos  termos  da  lei  por  conferência.  Convém  não  confundir  este  controlo  com  a 
autorização  dada  pelo  dirigente  para  a  realização  de  despesa  (decorre  do  princípio  da  segregação 
de  funções).  Dentro  do  controlo administrativo encontramos também um controlo interno sucessivo 
em  que  é  feita  a  análise  dos  pressupostos  de  legalidade  da  prática  do  ato  ,  da  sua  eficiência  e da sua 
eficácia,  nos termos  do artigo  10º  LBCP e  22º  RAFE,  sendo por isso,  um  hétero controlo interno 
sucessivo. 
 
Nos serviços com autonomia administrativa e financeira, têm orçamento próprio e património próprio e 
em regra receitas próprias que representam mais do que dois terços da receita total. O regime de 
controlo  orçamental,  previsto  no  artigo  6º  e  ss.  da  LBCP  e  do  artigo  43º  e ss. do RAFE, reflete estas 
especificidades,  sendo  as  regras  do  art.  53º  do  RAFE  que  mais  importam  analisar.  Em  termos  de 
controlo,  a  gestão  orçamental  fica  sujeita  a  um  autocontrolo  interno  prévio  (“conferência”)  a efetuar 
pelos  órgãos  do  próprio  serviço  ou  organismo  (cfr.  art.  53º/1/a  RAFE),  bem  como  um  heterocontrolo 
interno  sucessivo  e  sistemático  a  efetuar  trimestralmente  pelo  Ministério  das  Finanças (art. 53º/1/b 
RAFE).  Nos  casos  em  que  seja  solicitada  a  transferência  das  verbas  inscritas  no orçamento 
de  estado,  a  DGO  efetua  um  heterocontrolo  interno  prévio  e,  quanto  a  essas  verbas,  um  controlo 
sucessivo por parte da DGO (art. 11º LBCP e art. 53º RAFE). 
 
- Controlo  político:  O  controlo  político  é  efetuado  pela  Assembleia  da  República,  aquando  da 
aprovação da Conta Geral do Estado. 
 
- Controlo  jurisdicional:  O  modelo  de  controlo  português  jurisdicional  da  execução  orçamental  baseia-se 
no  modelo  continental  de  fiscalização  da  execução  do  orçamento,  e,  por  isso,  para  além  do  controlo 
administrativo  e  do  controlo  político  a  que  é submetida a execução orçamental, é ainda feito o controlo 
pelos tribunais.  
 
Trata-se  de  um  controlo  feito  pelos  tribunais  jurisdicionais  que  podem,  em  todas  as  situações  em  que 
esteja  em  causa  a  legalidade  da  despesa  ou  da  receita,  verificar  o  cumprimento  das  normas  de direito 
financeiro  (art.  58º/6  e  7  da  Velha  LEO).  Para  além  dos  tribunais  comuns,  existe  em  Portugal, 
um  órgão  com  funções  específicas do controlo das contas públicas, designado por Tribunal de Contas. 
É  um  tribunal,  que  é  um  verdadeiro  tribunal,  embora  na  sua  composição  não  obedeça  às  mesmas 
regras  dos  demais  tribunais  –  composto  por  juízes  que  não  são necessariamente magistrados 
judiciais ou sequer juristas.  
 
A  atividade  do  Tribunal  de  Contas  é  regulada  pela  Lei  nº  98/1997  de  26  de  agosto.  No  âmbito  das 
suas  competências,  o  Tribunal  de  Contas  fiscaliza  a  legalidade  e  a  regularidade  da  receita  e  da 
despesa  pública,  mas  aprecia  também  a  boa  gestão  financeira  e  efetiva  a  responsabilidade  por 
infrações financeiras.   
 
De  todas  as  entidades  previstas  no artigo 2º da LOPTC, podemos dizer que estão sujeitos à jurisdição e 
ao  controlo  do  Tribunal  de  Contas  todas  as  entidades  públicas  e  todas  as  entidades  de  qualquer 
natureza  que  tenham  participação  de  capitais públicos, ou que sejam beneficiárias a qualquer título 
de dinheiro ou outros valores públicos na  estrita  medida  da fiscalização  da regularidade, legalidade  e 
correção económica e financeira da utilização desses dinheiros públicos.   
 
 
 
 
 
 
 
 

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