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- Direito Constitucional Financeiro, Direito Orçamental, Direito Fiscal, Contabilidade Pública, Direito
público, Económico e Administração Financeira Orçamental.
- Constituição da República Portuguesa/1976 e Tratado da União Europeia/ Pacto de Estabilidade e
Crescimento;
- Lei de Enquadramento Orçamental portuguesa;
- Lei Quadro do OGE.9
O QUE É O DIREITO FINANCEIRO?
O direito financeiro é o ramo do direito público que estuda o ordenamento jurídico das finanças do Estado e as
relações jurídicas decorrentes de sua atividade financeira e que se estabeleceram entre o Estado e o particular.
O QUE SÃO AS FINANÇAS PÚBLICAS?
As finanças públicas referem-se a tudo o que tem a ver com os fenómenos de captação de receitas e de
realização de despesas que permitam a satisfação de necessidades económicas. Quando se fala em finanças
públicas, Sousa Franco refere-se à “atividade económica de um ente público tendente a afetar bens à satisfação
de necessidades que lhe estão confiadas”.
Segundo Sousa Franco, o conceito de finanças públicas tem vários sentidos:
- Sentido orgânico: Designa o conjunto de orgãos do Estado ou outro ente público a quem compete gerir
recursos económicos para a satisfação de certas necessidades;
- Em sentido objetivo: Designa a atividade através da qual o Estado afeta bens económicos à satisfação
de certas necessidades sociais;
- Em sentido subjetivo: Designa a disciplina científica que estuda os princípios e regras que regem a
atividade do Estado, com o fim de satisfazer as necessidades que lhe estão confiadas.
O Estado pretende que sejam satisfeitas determinadas necessidades coletivas. Para tanto, propõe-se produzir
bens. - mas a produção de bens implica despesas. O Estado precisa, portanto, de obter receitas para cobrir
essas despesas, isto é, precisa de dinheiro e de meios de financiamento. O âmbito do objeto de finanças públicas
se cingirá a duas atividades fundamentais:
- Gestão do dinheiro (receitas);
- Controlar os gastos (despesas).
Receitas: São todos os recursos obtidos durante um dado período financeiro para a satisfação das despesas
públicas a cargo de um ente público. Os impostos são receitas do Estado.
Despesas: Gasto ou dispêndio de bens por parte dos entes públicos para criarem ou adquirirem bens ou
prestarem serviços susceptíveis de satisfazer necessidades públicas; elas concretizam o próprio fim da actividade
financeira do Estado – satisfação de necessidades.
Só existem finanças públicas se existir um poder político organizado, é esta existência que vai permitir pôr de pé
o poder coactivo e determinar quais as despesas que vão ser satisfeitas e as receitas que vão ser recolhidas.
QUAIS OS PRINCÍPIOS ECONÓMICOS DAS FINANÇAS PÚBLICAS?
- Teorias do Estado mínimo (Locke, Hume, Adam Smith);
- Socialismo utópico (Saint-Simon);
- Doutrina Social da Igreja (Papa Leão XIII);
- Teorias socialistas (Karl Marx);
- Teorias social-fascistas;
- “Socialização”;
- Teorias intervencionistas;
- Teorias-neokeynesianas/neodesenvolvimentistas;
- Joseph Sliglitz (crescimento económico sustentável);
- Teorias neo-monetárias.
CRESCIMENTO DO ESTADO:
- Modelo Totalitário Socialista;
- Modelo Democrático Keynesiano;
- Modelo Democrático- Interesses particulares.
A GRANDE CRISE DE 2007-2009:
Foi o resultado do fracasso da política dos governos, das suas políticas monetárias e das políticas monetárias do
BCE, e dos efeitos perversos da adesão ao Euro. Caracterizou-se por:
- Crise do suprime;
- Crise de crédito/bancária;
- Crise económica;
- Crise orçamental;
- Crise da dívida soberana;
- Recessão;
- Crise bancária;
- Segunda recessão;
- Crise de sustentabilidade das finanças públicas;
- Défices;
- Inflação.
COMO SE DESENVOLVE A ATIVIDADE FINANCEIRA?
A atividade financeira do Estado propõe-se à satisfação das necessidades coletivas e concretizada em receitas e
despesas. A ciência das finanças estuda a atividade financeira, isto é, uma atividade do Estado que se exprime
em receitas e despesas (Teixeira Ribeiro). Segundo Maria d’Oliveira Martins, a atividade financeira consiste em
“explicar a existência de despesas públicas, às quais o Estado deve afetar receita”.
Obstante os objetivos da atividade financeira, é importante ter noção que a atividade financeira se constrói em
função da satisfação das necessidades sentidas por uma comunidade e que são assumidas pelo poder político.
Devemos ter também consciência que não podemos nem temos de satisfazer todas as necessidades, no mesmo
grau nem qualquer necessidade até ao último grau.
Ex: Os antigos atenienses proporcionavam banhos públicos e ginásios aos cidadãos, mas nunca lhes
proporcionaram o que quer que fosse de remotamente parecido com seguro de desemprego ou segurança social.
Faziam uma opção sobre a maneira de gastar os dinheiros públicos, opção essa presumivelmente baseada na
noção que tinham dos requisitos necessários à vida em comum.
O Estado tem, assim, a atividade financeira que for ditada pela decisão política. Isto é proporcional a dizer que
a despesa pública de um Estado é ditada por decisão política. Por isso, podemos ilustrar alguns traços históricos
por que a atividade financeira já passou:
- Regimes económicos liberais:
❖ Despesa pública o mais reduzida possível (princípio do mínimo);
❖ Despesa pública exclusivamente financiada pelo dinheiro dos impostos, de forma a cumprir o
princípio do equilíbrio;
❖ Separação entre economia e finanças;
❖ Abstenção económica por parte do Estado perante o mercado;
❖ Organização da atividade financeira pública, de forma a não perturbar a atuação livre dos
sujeitos económicos;
❖ Predomínio da instituição parlamentar, de forma a assegurar que todos os cidadãos controlam
o exercício da atividade económica por parte do Estado, associada com a aplicação de um
estrito princípio da legalidade;
❖ Importância primordial do imposto: O Estado deve ter um património reduzido, portanto, todo
o dinheiro que deve possuir deve resultar da contribuição dos seus cidadãos;
❖ Equilíbrio orçamental, impondo que as despesas normais fossem financiadas apenas por
receitas normais, apenas podendo recorrer-se ao crédito em situações de guerra ou
calamidade, para evitar que o Estado tenha de recorrer a empréstimos que iriam
necessariamente onerar as gerações futuras e desviar dinheiro do setor privado para o
público.
- Regimes económicos mais intervencionistas:
❖ Contra o pensamento clássico, sob a égide do pensamento keynesiano;
❖ Despesa pública mais elevada, devida a uma maior intervenção do Estado na economia;
❖ O princípio do mínimo é substituído pela regra do ótimo;
❖ A elevação da despesa pública conduz a uma diversificação das receitas do Estado (que
passam pela exploração do património público e pelo recurso ao crédito) e ao progressivo
abandono do princípio do equilíbrio;
❖ O endividamento é encarado como mais uma receita do Estado;
❖ Integração entre economia e finanças públicas;
❖ Intervenção/ ordenação económica por parte do Estado;
❖ Complexificação do fenómeno financeiro, que conduz ao necessário avultar da instituição
governamental;
❖ O Governo é o único que está em posição de dominar os números de um Estado cada vez maior
e com crescentes funções.
O QUE É E COMO SE DESENVOLVE O FENÓMENO FINANCEIRO:
O direito financeiro positivo não se deve limitar ao “de iure condito”, mas avançar também para os caminhos “de
iure condendo”. Isto é, não pode hoje prescindir pelo menos em domínios relevantes, dos resultados, do valor
acrescido que as vertentes mais economicistas ou sociológicas que hajam dominado a ciência das finanças.
Os meios financeiros têm de se adquirir e servem para se utilizar na compra de produtos e serviços ou como
reserva de valor.
As finanças públicas constituem um ramo científico autónomo.
Três vertentes em que se tem sido perspetivado o objeto da ciência das finanças públicas:
- Jurídica;
- Económica;
- Sociológica ou política.
O primeiro conceito de Ciência das Finanças, que se impôs nos primórdios do séc. XX, pode resumir-se na
seguinte definição de G. Jèze: “o estudo dos meios pelos quais o Estado promove a obtenção dos recursos
necessários à cobertura das despesas públicas e reparte o correspondente encargo pelos cidadãos”.• O estudo
científico da actividade financeira alargou, nos dias de hoje, o seu campo a domínios e a métodos próprios das
ciências sociais, o que, para além de todas as vantagens que a isso se aponta, em termos do aprofundamento e
da riqueza da nova ciência das finanças, também demonstra que a actividade financeira, enquanto actividade
social, não pode deixar de ser analisada na perspectiva complexa e multidisciplinar própria daquelas ciências.
Para Teixeira Ribeiro, as finanças públicas são os meios ou instrumentos financeiros: dinheiro e créditos. ora,
os meios financeiros têm de se adquirir e servem para se utilizar na compra de produtos e serviços ou como
reserva de valor.
Torna-se necessário garantir a satisfação de necessidades sociais por entes públicos em virtude de o mercado,
só por si, espontaneamente, não assegurar a compatibilidade entre eficiência e equidade. A atual economia de
mercado tem diversas limitações que se prendem com:
- Desigualdade na distribuição da riqueza;
- Instabilidade na provisão de necessidades;
- Custo crescente dos serviços públicos;
- Situações monopolísticas abundantes e crescentes;
- Existência de exterioridades;
- Má distribuição de bens públicos e de recursos entre o presente e o futuro.
Por isso, torna-se indispensável aperfeiçoar os meios de regulação pública relativamente à economia, a fim de
assegurar um equilíbrio entre a concorrência e uma justa distribuição de recursos. A economia de bem-estar
pressupõe sempre a consideração não só das necessidades individuais, mas também da coesão social. As despesas
públicas têm de ser limitadas, em razão da equidade intergeracional, não podendo esquecer-se o resultado em
termos de qualidade de vida dos cidadãos, harmonizando equidade e eficiência.
O objetivo natural da atividade económica corresponde ao aumento geral do bem-estar, que depende, por sua vez,
de duas condições essenciais:
- Aumento do rendimento nacional;
- Distribuição desse rendimento.
Num momento em que o endividamento atingiu níveis incomportáveis, é essencial ponderar com especiais cautelas
custos e benefícios não formalmente, mas atendendo à vida das pessoas concretas e às respetivas necessidades
humanas. Para cada sujeito económico o ponto ótimo de oferta de bens públicos é aquele em que a utilidade
marginal dos bens públicos é igual à desutilidade marginal do imposto. Importa, pois, ter sempre em consideração
a relação entre o pagamento de impostos e a provisão de bens públicos. O fenómeno financeiro público está,
deste modo, sempre confrontado com a necessidade de considerar permanentemente o equilíbrio entre utilidade
dos bens públicos e desutilidade do imposto. Só haverá bem-estar social se a desutilidade resultante do imposto
for inferior à utilidade assegurada pela provisão dos bens públicos.
Assim, a distribuição da carga fiscal deve assentar nos princípios segundo os quais:
- Os desiguais devem ser tratados desigualmente, de acordo com uma diferenciação positiva;
- A redução das desigualdades aumenta o bem-estar geral.
Neste sentido, o imposto deve ser repartido segundo as capacidades contributivas dos cidadãos, devendo as
despesas públicas ser postas ao serviço da justiça distributiva.
- Aspecto Jurídico do Fenómeno Financeiro: Existência de um conjunto de princípios ou de regras que
regulam a actividade financeira do Estado e este é feito em dois planos:
➔ Organização do funcionamento interno da actividade financeira do Estado:
❖ Matéria de Controlo/Execução Orçamental;
❖ Normas que definem qual a estrutura financeira do Estado.
➔ Relação Financeira entre o Estado e outras entidades privadas, como os particulares e
normas que disciplinam a captação de recursos por parte do Estado. Normas que protejam os Particulares.
O QUE DISTINGUE AS FINANÇAS PÚBLICAS DE FINANÇAS PRIVADAS?
Finanças públicas: Finanças privadas:
- As despesas influenciam as receitas; - As receitas influenciam as despesas;
- As fontes de financiamento são feitas - Persecução do lucro.
através de impostos e receitas tributárias;
- As Regiões Autónomas e os Municípios
podem criar impostos;
- Persecução de interesses públicos e
necessidades coletivas.
Quando falamos de Finanças Públicas referimo-nos “à atividade económica de um ente público tendente à
afetação de bens à satisfação de necessidade que lhe estão confiadas”, segundo Sousa Franco. Enquanto, neste
caso, estamos perante a atividade de entes públicos ou perante a utilização de dinheiros e valores públicos,
falamos, por contraponto, de Finanças Privadas para referir os aspetos monetários do financiamento de uma
economia, incluindo as questões ligadas à moeda, ao crédito, aos mercados financeiros, nos quais se
transacionam ativos representados por títulos a médio e longo prazos.
Na terminologia usada pela Escola do Direito Financeiro de Lisboa fundada pelo Prof. Sousa Franco fala-se de
fenómeno financeiro quando respeita à Finanças Públicas e de fenómeno financial quando está em causa a
moeda e o crédito e as Finanças Privadas.
COMO SE RELACIONA O DIREITO FINANCEIRO COM AS OUTRAS VERTENTES DO DIREITO?
As normas de direito financeiro estão relacionados com o Direito Constitucional:
- Regula a competência do Estado;
- Regula os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos;
As normas de direito financeiros estão relacionados com o Direito Comunitário:
- Impõe limites ao défice;
- Impõe limites à dívida pública;
- Impõe uma série de disposições legais e princípios dos Tratados, que se impõem aos diversos
Estados-Membros, em relação a juros, dividendos e a tributação.
- O IVA é, no essencial, matéria de direito comunitário, dado que:
➔ Parte significativa do orçamento da UE provém de uma percentagem do IVA de cada
Estado-Membro;
➔ Como o IVA incide sobre transações, a existência de mercado único europeu exige certa
uniformidade neste tipo de impostos nos diversos Estados-Membros.
As normas de direito financeiro estão relacionados com o Direito Processual:
- Um orgão jurisdicional próprio para apreciar a execução financeira do Estado (o Tribunal de Contas);
- Um forte número de litígios em matéria fiscal que deve ser trazido perante uma jurisdição própria
(Tribunais Administrativos e Fiscais).
O QUE É O IMPOSTO?
Os impostos são uma receita coativa sem contrapartida direta, daí que as normas que determinam impostos
tenham de ser especialmente cuidadas.
O imposto é criado por lei. Pode ser definido como uma "prestação pecuniária, unilateral, definitiva e coactiva". A
sua distinção da figura do tributo também não suscita demais questões, propendendo a maioria da doutrina
para considerar este último como um conceito género de que o imposto é apenas uma espécie. Fazem assim parte
do conceito de tributo, para além do imposto, as taxas e as contribuições especiais.
Uma nota característica do conceito de imposto, aliás, de qualquer outro tributo, importa, contudo, salientar: ele
não tem carácter de sanção. Assim, a multa e a coima não fazem parte do conceito de tributo, não obstante
serem igualmente prestações pecuniárias, unilaterais e coactivas. A pena pecuniária, contrariamente ao tributo,
pressupõe uma ruptura anterior da ordem jurídica, a violação de uma norma, sendo a sua natureza de carácter
sancionatória.
Se esta distinção é hoje clara para a doutrina, nem sempre, ao longo dos tempos, foi a concepção predominante.
Por influência da ideologia liberal, há ainda autores, nos finais do século XX, que equiparam as normas fiscais
às normas penais.
É relevante focar a modificação que se verificou ao nível do elemento teleológico ou fim do imposto, na transição
para a época contemporânea. Como veremos melhor, é o fim extrafiscal do imposto associado aos princípios da
tributação segundo a capacidade contributiva e a implementação de um sistema tributário progressivo que
permitem a realização de uma maior igualdade fiscal, ou seja, uma maior igualdade material de entre os
cidadãos.
- Imposto no Estado Liberal de Direito:
A ideologia liberal em que assentava os pilares da organização jurídico-política do Estado europeu dos
séc. XVIII e XIX, conduziu a que o imposto fosse aceite, na altura, com forte relutância, quase como um mal
inevitável.
A razão de fundo que originou um tal sentimento de rejeição derivou do facto de o mesmo constituir como um
atentado contra o direito à propriedade privada, o qual era entendido como um direito absoluto, natural e
inviolável, por isso, não se permitiam limitações, senão, as livremente consentidas pelos seus titulares.
Por outro lado, na medida em que o poder tributário provinha do Estado e as receitas se destinavam ao Estado
que, à partida, não devia interferir nas esferas "sagradas" dos direitos e liberdades individuais, aumentava o
sentimento de aversão por parte dos cidadãos, sobretudo da burguesia.
Vale a pena ver, em termos necessariamente muito sumários, como a própria doutrina da altura concebia a
figura do imposto.
Adam Smith referia que os impostos eram todos "mais ou menos antieconómicos que aumentam o rendimento do
soberano".
Mais tarde, autores, como Otto Mayer, qualificaram o dever de pagar imposto como "une formule dénuée de sens
et de valeur juridique" e o poder financeiro do Estado foi equiparado ao poder de polícia; porém, enquanto este se
fundamentava no direito natural, aquele não passava de uma força de domínio.
Ferreira Borges sublinhava que "é por tanto o tributo um desfalque da riqueza de cada um para alcançar os
bens, que resultam à sociedade da observância da lei, isto é, a segurança do domínio e da liberdade. É um
sacrifício; mas é preço da segurança. Se é um mal, é um mal necessário para obter um bem evidente e essencial à
sociedade".
Se esta era a concepção que predominava, ela não deixava de reflectir as estruturas económico-sociais da época.
É que toda a fiscalidade, na realidade, era estruturada de acordo com os interesses da classe burguesa,
estimulando a sua avidez para a acumulação e para o investimento
- Imposto no Estado Social de Direito:
Paulatinamente os interesses económicos da classe burguesa foram abrindo um profundo fosso social nos países
ocidentais e o aparelho estadual viu-se obrigado a intervir.
A intervenção do Estado na sociedade e na economia, mormente para corrigir os desequilíbrios provocados pelo
capitalismo, exigiu a ampliação da máquina administrativa e, consequentemente, o aumento das despesas
públicas. Assim, o imposto foi encarado pelos estadistas e pela doutrina jurídico-financeira como a via, por
excelência, através da qual se podia dar satisfação às crescentes necessidades financeiras. Com a nova
actividade estadual de conformação económico-social, o imposto, outrora considerado elemento neutro, passou a
desempenhar uma nova função - a extrafiscal -, ou uma função paralela à que tradicionalmente lhe estava
adstrita.
Mas esta nova concepção não se instalou na doutrina sem entraves. A verdade é que da finalidade unicamente
fiscal do imposto se passou para uma teoria da finalidade principalmente fiscal, depois para uma concepção da
finalidade paritariamente fiscal, para evoluir ainda para uma outra, de fim fiscal secundário e, ainda, de fim
extrafiscal exclusivo. Essa evolução revela o entendimento que se foi tendo, ao longo dos tempos, acerca das
incumbências do Estado que, por sua vez, dependiam das concepções sobre as múltiplas relações entre o poder
estadual e a sociedade.
No entanto, refira-se que a função fiscal e extrafiscal sempre coexistiram na figura do imposto. Já os estados
na Antiguidade utilizavam a tributação para a realização de fins extrafiscais. A este propósito, é de destacar,
designadamente, o Reino de Ptolomeu do antigo Egipto, em que existiam cerca de 200 impostos com fins não
fiscais.
Não vamos tratar pormenorizadamente da evolução das várias fases da função extrafiscal do imposto,
afigurando-se-nos mais consentâneo com o nosso tema assinalar aqui apenas os contributos mais importantes
da doutrina fiscal que marcaram essas várias etapas.
Existe como defensor desta ideologia, o autor Wagner.
Nesta nova concepção, o imposto constituía, não só um meio para a satisfação das necessidades financeiras
públicas, mas também um instrumento para a repartição dos rendimentos e da riqueza; portanto, pari passu de
uma finalidade fiscal, o imposto podia prosseguir uma finalidade extrafiscal. Para a teoria wagneriana, estas
duas finalidades tinham o mesmo peso, situavam-se ao mesmo nível, significando que um imposto que se
destinasse unicamente à realização de um fim político-social não perderia a sua qualidade de imposto.
A função "político-social" do imposto conjuntamente com a teoria da utilidade marginal dos rendimentos
constituíram os principais suportes teóricos para a criação do imposto progressivo, em muitos Estados
ocidentais, em substituição da tributação proporcional que favorecia principalmente a classe burguesa.
QUAIS OS SETORES DO DIREITO FINANCEIRO?
- Despesas;
- Receitas;
- Património.
É no campo das receitas que os direitos, liberdades e garantias têm importância fundamental, sobretudo quanto
aos impostos, principal fonte de receita.
É aqui que a esfera dos particulares é mais fortemente agredida, já que não há contrapartida direta do Estado
ao esforço imposto aos particulares.
Noutras fontes de receita, os particulares cooperam voluntariamente com o Estado.
Ex: Empréstimos públicos ou a prestação dos particulares é sinalagmática de uma prestação do
Estado, como as taxas.
Os impostos são uma receita coativa sem contrapartida direta, daí que as normas que determinam impostos
tenham de ser especialmente cuidadas.
O QUE DISTINGUE A TAXA DE UM IMPOSTO?
O imposto tem um caráter unilateral, ou seja, é uma obrigatoriedade, tem de ser pago e não existe nada a
receber em troca. É uma contribuição, uma ajuda de cada cidadão para o orçamento nacional. Todos temos de
pagar o imposto sobre o consumo, o IVA ou o imposto sobre os imóveis, o IMI.
A taxa já tem um caráter bilateral. Ou seja, é também um pagamento que deve ser feito para receber algo em
troca. No âmbito público, ao pagarmos a taxa de saneamento básico estamos a receber em troca o serviço de
recolha de lixo das ruas, providenciado pelo Estado. Claro que também existem as chamadas taxas de juro e
outros tipos de pagamentos adicionais que contam como tal, a nível do setor privado. Também aí há uma troca
de serviço pelo pagamento.
- Quanto à falta de pagamento:
❖ Nos impostos, sejam sobre os rendimentos, produtos, imóveis ou serviços, implica penalização
económica, civil ou penal, caso as obrigações não sejam cumpridas.
❖ A taxa é facultativa. Se os contribuintes não a pagarem, simplesmente deixam de receber o
serviço.
Apesar de os dois serem pagos por razões específicas, podemos admitir que as taxas têm contrapartidas mais
diretas do que os impostos. O contribuinte nunca recebe uma troca por este pagamento na mesma proporção
com que o paga.
Várias doutrinas levantam várias teses de diferenciação, desde a divisibilidade ou indivisibilidade dos bens ou
serviços até à voluntariedade ou obrigatoriedade de tais tributos, mas o que os distancia realmente é a
unilateralidade ou bilateralidade dos mesmos. Tanto um como outro são obrigações patrimoniais já que é
desembolsada uma contribuição sobre o património do devedor, sendo esta normalmente de origem pecuniária
apesar de surgirem certos cenários onde a mesma é realizada através de géneros, caso por exemplo da dação em
pagamento na fase da cobrança coerciva relativamente ao imposto.
Não se verifica igualmente um carácter de sanção, pois o pagamento de qualquer deles não provém de nenhum
acto ilícito praticado, de nenhuma infração mas sim como modo de possibilitar a realização de fins públicos,
outra das características de ambos, uma vez que a sua inexistência impediria a oferta dos vários bens ou
serviços básicos proporcionados pelo Estado ou demais entes da mesma natureza, designadamente a saúde,
educação, defesa nacional, redistribuição da riqueza, entre outros.
São ainda realizados a título definitivo sem qualquer carácter de restituição, tal como acontece por exemplo num
empréstimo público forçado onde o montante terá que ser devolvido posteriormente. E não se confunda o
reembolso do IRS já que aqui assiste-se apenas a um retorno do excedente despendido pelo sujeito passivo.
COMO SE DESENVOLVE A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA?
A função financeira essencial do Estado é a afetação de recursos. Mas não é exclusiva porque também faz
parte dessas funções a distribuição de riqueza e a estabilidade económica.
- A afetação de recursos é primordial (ela é que permite satisfazer necessidades públicas);
- É relevante, como função paralela, a distribuição de recursos, uma vez que, mesmo limitando-se a um
Estado, à satisfação de necessidades públicas, essa atividade tem reflexos necessários na distribuição
de riqueza.
Através da intervenção económica, o Estado tenta modificar a forma natural como os agentes económicos
atuariam, quer através das políticas económicas, quer através de ações pontuais através das quais se pretende
melhorar a eficiência económica.
O Estado intervém devido às capacidades ou falhas do mercado (estas são situações naturais do mercado):
- Bens coletivos ou Bens Públicos;
- Custos decrescentes e o efeito Monopólio;
- Exterioridades Positivas e Exterioridades Negativas;
- Incapacidade Macro Económica;
- Incerteza e Risco da Actividade Económica.
O QUE SÃO BENS PÚBLICOS?
O bem público possui as seguintes caraterísticas:
- Impossibilidade de exclusão de qualquer cidadão do seu gozo;
- Surgimento face a necessidades que:
❖ O mercado é incapaz de satisfazer;
❖ O mercado poderia satisfazer, mas que pelo elevado custo que comportam não são atrativas;
❖ O mercado poderia satisfazer, mas que o Estado entende, por opção política, reservar para si
ou satisfazer em paralelo com o mercado.
A imprescindível intervenção do estado na economia desempenha várias funções, quer como regulador quer
enquanto fornecedor ou consumidor de bens e serviços. Se tomarmos como assente a ideia de Teixeira Ribeiro
que afirma que o Estado não é um indivíduo, mas uma coletividade de indivíduos, e como tal não tem conteúdo
psíquico, não pensem nem sente necessidades.
Facilmente compreendemos que quando o Estado, realiza despesas não está verdadeiramente a satisfazer
necessidades próprias mas antes a satisfazer necessidades das pessoas físicas e em certa medida das pessoas
jurídicas.
Os bens públicos caracterizam se por serem bens do uso não rival e não excluíveis. Não rivalidade ou
indivisibilidade no sendo do consumo ou utilização do bem ou serviço por um indivíduo não pôr em causa a
utilização ou consumo feita por outros. Uma quantidade de bens pode assim ser utilizada por um enorme número
de consumidores sem que isso ponha em causa a utilidade de cada um deles retira da utilização do bem, trata se
de bens cujo o custo marginal de produção é zero ou absolutamente insignificante, por isso, se afastarmos
utilizadores colocamos em causa a utilidade total.
O mercado não funciona se não houver estímulo à produção de um lado e por outro lado, se os bens não forem
dos como importantes para o desenvolvimento da economia e para o bem estar das populações. Se estivermos
perante um bem de uso não rival e não excluível que não seja produzido, mas que seja útil à sociedade estamos
então perante uma possibilidade de provisão pública, ou seja, perante uma situação em que cabe ao estado a
decisão sobre a produção, a forma de acesso e o financiamento total ou parcial da produção do bem.
Não podemos, no entanto, falar de bens públicos sem falar dos denominador bens de mérito, estes bens são bens
que uma determinada classe dominante do poder ou a sociedade entende que por razões ético sociológicas devem
estar acessíveis a toda a sociedade ou então devem ser proibidos.
NO QUE CONSISTE A ESTABILIDADE ORÇAMENTAL?
As políticas orçamentais centradas na estabilidade permitem utilizar a despesa pública para atenuar flutuações
cíclicas da atividade económica e para, quando necessário, para ajudar a mitigar crises.
A estabilidade orçamental consiste numa situação de equilíbrio ou excedente orçamental, calculada de acordo
com a definição constante do Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais, nas condições estabelecidas
para cada um dos subsectores.
A estabilidade orçamental consiste numa situação de equilíbrio ou excedente orçamental.
A concessão clássica do equilíbrio orçamental corresponde ao equilíbrio efetivo: devem contabilizar-se as
despesas que diminuem e as receitas que aumentam o património do Estado. Deste modo, se as receitas efetivas
igualarem as despesas efetivas, no termo do ano económico o Estado tem exatamente o mesmo património que
TInha no início. Não se verificam perdas nem ganhos.
Assim, excluíam-se destes cálculos os valores relativos a empréstimos do Estado: embora o ativo do Estado
diminua (devido à saída de dinheiro), o seu passivo diminui na mesma medida (a dívida diminui). Esta despesa
corresponde à receita obtida anteriormente com o empréstimo. Os valores anulam-se. Todas as outras despesas
eram consideradas como efetivas, tanto quando relativas a bens de consumo como relativas a bens duradouros.
Segunda esta concessão, os bens duradouros do Estado não dão rendimento já que não produzem receita líquida.
É o caso das obras públicas, que não representavam rendimento para o Estado: ao proceder à sua construção,
o Estado perdia o montante investido, não recebendo nada em troca. O mesmo se aplicava para a venda de
imóveis: o Estado recebia o valor da compra mas não perdia nada em troca (porque os aqueles imóveis não
davam rendimento ao Estado). Sendo esta uma situação pouco frequente, do lado da receita contava sobretudo
a receita obtida mediante impostos. Assim, o equilíbrio do orçamento era dado pela igualdade entre as despesas
totais (às quais se retirava o reembolso de empréstimos) e os impostos (não se contabilizando o endividamento).
QUAIS AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DO ESTADO?
São os atores da atividade financeira. São os modos, instrumentos ou agentes, através dos quais a atividade
financeira se realiza.
O Estado é o agente financeiro mais importante. Dentro dele, levantam-se questões de divisão de poderes, tendo
o Governo e a Assembleia da República reservado papéis importantes.
Na base da divisão de competências, estão os princípios democrático, da separação de poderes e autorregulação.
- Parlamento:
A CRP constitui a supremacia da decisão financeira à Assembleia da República. - art. 161º. 162º, al.
d) e e); 164º, 165º e 103º.
A Assembleia da República é competente na criação de cada imposto, mas apenas no regime geral das
taxas.
❖ Incidência;
❖ Taxa;
❖ Benefícios fiscais.
Um dos fenómenos que se tem vindo a verificar é o da desparlamentarização da decisão financeira, pela
qual ocorre uma distanciação muito visível entre o modelo político plasmado.
- Governo:
Os Governos possuem hoje algumas competências financeiras.
❖ Elaborar e aprovar o programa de Governo; - artigo 199º, al. a) e b).
❖ Elaborar e aprovar, em Conselho de Ministros, a proposta de Orçamento de Estado;
❖ Solicitar autorização para a contração ou concessão de empréstimos;
❖ Apresentar propostas de lei e de resolução à Assembleia da República. - artigo 197º, al. d);
artigo 161º, al. g).
Os Governos, em geral, legislam muito mais do que os Parlamentos Nacionais, já que estes não possuem
estruturas, nem orgãos dotados de meios técnicos que lhes permitam discutir com profundidade as propostas
financeiras dos Governos.
Os Governos possuem, normalmente, maiorias sujeitas a disciplinar partidária que impedem os
deputados de fugir aos sentido de voto imposto.
Assiste-se a um reforço do papel do Estado na vida económica pela via dos Governos e a uma diminuição
do papel dos Parlamentos.
- Administração Pública:
Cabe à Administração Pública executar o orçamento (é ela que cobra taxas e impostos e que realiza as
despesas). O Ministro das Finanças e os seus organismos desempenham um papel crucial:
❖ Elaboração do Orçamento;
❖ Perceção de impostos e recurso a empréstimos através dos seus organismos;
❖ Libertação dos meios necessários às despesas de outros ministérios.
Ex: Quem paga as despesas dos hospitais é o Ministério da Saúde, mas é o Ministro
das Finanças que envia os fundos com que serão pagas essas despesas.
- Segurança Social:
A Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) também oferece algumas perspetivas acerca do orçamento
da Segurança Social.
Artigo 63º e 105º, CRP. O orçamento de Estado deve incluir o orçamento da Segurança Social (artigo
1º, al. b) e artigo 5º). - LEO.
Regra da não consignação: As receitas do Estado não podem aparecer afetas a despesas específicas.
Artigo 28º, LEO. As receitas efetivas da Segurança Social devem ser equivalentes às receitas. Na
prática, porém, tem sido difícil cumprir este objetivo. Caso as receitas sejam superiores às despesas, manda o
nº2 do artigo que o saldo para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social. è o inverso do que
acontece no Orçamento do Estado.
Há uma verdadeira autonomia financeira da Segurança Social.
O Orçamento não pode consignar certa receita a certa despesa: as receitas são empregues para
satisfazer as despesas que forem surgindo, aparecendo como um todo. Esta regra deve-se à necessidade de
flexibilidade na gestão orçamental e ainda se justifica por permitir evitar pressões específicas no sentido de
aumentar receitas por causa das despesas a que estão consignadas e vice-versa. Por esta razão, o orçamento
da Segurança Social é uma das exceções à regra geral. No orçamento da Segurança Social é até obrigatória a
consignação de receitas. Deve estar indicado qual a despesa concreta a que esta afeta cada receita. Isto
porque as receitas da Segurança Social são apenas afetadas ao financiamento da Segurança Social.
- Administração Autónoma:
As regiões autónomas: Resulta do artigo 6º da CRP, que o Estado respeita o regime autónomo insular
nomeadamente dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira.
CRP: Artigo 271º, nº1, al. i); Artigo 271º, nº1, al. j); Artigo 271º, nº1, al. r); Artigo 232º, nº1.
Os artigos 25º e 26º da LRA concretizam que tanto o IRS como o IRC são receitas próprias das
regiões autónomas.
Ex: Uma empresa açoriana contratou um arquiteto espanhol a quem pagará honorários. O
arquiteto espanhol é tributado em Portugal através do sistema de retenção na fonte. Ou seja, a empresa
açoriana pagara-lhe X, valor do qual excluirá Y, em resultado da retenção na fonte. A retenção é entregue aos
cofres do Estado, sendo considerada receita própria da Região Autónoma dos Açores.
O IVA surge as mesmas regras do IRC e IRS, isto é, o IVA é cobrado por operações realizadas na
Região Autónoma é receita da própria Região Autónoma (artigo 28º, LRA).
LRA: Artigo 29º, 30º, 32º, 33º, 34º, 35º e 36º.
O poder tributário próprio das Regiões Autónomas manifesta-se nos seguintes poderes:
❖ Artigo 56º, nº2, al. a) e artigo 57º; - LRA.
❖ Artigo 56º, nº2, al. b); - LRA.
❖ Artigo 58º; - LRA.
❖ Artigo 59º. - LRA.
- Autarquias locais:
Por força dos artigos 6º e 235º, nº1 e nº2 da CRP. O Estado respeita a autonomia das autarquias
locais e descentralização democrática da Administração Pública. Ora, autonomia implica autonomia
financeira.
❖ Artigo 238º, CRP;
❖ Artigo 6º, RFAL; - Princípio da autonomia financeira.
❖ Artigo 254º.
Existe uma convergência entre a autonomia financeira das regiões autónomas e a aplicação das taxas
de IMI do Estado às autarquias.
O Estado e as autarquias locais estão vinculadas a um dever de solidariedade nacional recíproco que
obriga à contribuição proporcional do setor local para o equilíbrio das contas públicas nacionais. - Artigo 8º,
RFAL.
Artigo 10º, nº2, RFAL: Princípio da justa repartição dos recursos públicos entre o Estado e as
autarquias locais. Há um equilíbrio vertical e horizontal na questão das distribuições das receitas.
❖ Equilíbrio vertical: Estabelece o equilíbrio entre o Estado central e das autarquias locais;
❖ Equilíbrio horizontal.
As receitas dos municípios têm, muitas vezes, fonte local. Estas receitas são discriminadas no artigo
14º da RFAL. Destacam-.se as seguintes:
❖ IMI;
❖ IMT;
❖ As derramas;
❖ Imposto sobre a circulação automóvel.
Artigo 20º, RFAL: Os municípios têm liberdade para criar taxas próprias.
As receitas dos municípios não vêm apenas da fonte local. De acordo com o artigo 25º, RFAL, provém
também da distribuição que é feita pelo Estado, de modo a atingir os objetivos do equilíbrio vertical e horizontal.
Existem três princípios relacionados com a opção de receber os 5% ou menor percentagem:
❖ Capacidade contributiva;
❖ Estado unitário;
❖ Igualdade.
Artigo 49º, RFAL: Recurso ao crédito - As autarquias locais também podem recorrer a empréstimos.
COMO SE DESENVOLVE O SETOR EMPRESARIAL DO ESTADO?
As empresas públicas são fonte de receita para o Estado, provindo de:
- Dividendos;
- Privatizações;
- Impostos.
Artigo 293º, CRP: Trata do destino das receitas que o Estado obtinha com a privatização de empresas. A
alínea d) é uma exceção à regra orçamental da não consignação, segundo a qual nenhuma receita pode estar
afim de uma despesa concreta.
TRIBUNAIS FINANCEIROS:
Consistem em dois tipos:
- Tribunal de Contas; (Lei 98/97 de 16 de agosto).
- Tribunal Administrativos e Fiscais: Discute-se a legalidade dos atos praticados pela Administração na
cobrança de impostos. Estão em causa as relações jurídicas entre particulares e o Estado.
❖ 2ª instância: Tribunal Central Administrativo;
❖ Supremo Tribunal Administrativo.
PATRIMÓNIO DO ESTADO:
Conjunto de bens de que o Estado é titular. Este conjunto é susceptível de satisfazer necessidades e também
responsabilidades que o Estado assumiu. O património é o conjunto do ativo e do passivo do Estado.
❖ Os bens, os impostos, etc, entram no lado ativo.
❖ Os contratos celebrados, os encargos, etc, entram no lado passivo.
O TESOURO:
É ao tesouro que compete a gestão e financiamento através da dívida pública, o pagamento de empréstimos, etc.
O tesouro é gerido pela agência de gestão da tesouraria e da dívida pública.
COMO É FEITO O CONTROLO ORÇAMENTAL?
Em Portugal, a fiscalização da execução orçamental é feita de três formas cumulativas: Controlo
Administrativo; Controlo político; Controlo jurisdicional. O controlo administrativo é levado a cabo pelos
órgãos da administração pública e segue um procedimento que está estabelecido na lei. Este procedimento é
diferente consoante se trate de serviços com mera autonomia administrativa, ou de serviços com autonomia
administrativa e financeira.
O controlo político é efetuado pela Assembleia da República, aquando da aprovação da Conta Geral do
Estado. O controlo jurisdicional é feito pelo Tribunal de Contas e pelos demais tribunais (art.58º/2 e 3; 6 da
velha LEO) Dada a importância dos três tipos de controlo, é necessário verificar as especificidades de
cada um deles, mas ao que o orçamento da receita diz respeito, a verificação da boa execução orçamental é
bastante simples, porque é limitada à verificação do cumprimento do princípio da legalidade e dos comandos
que tinham sido dados pela LEO. Já a execução do orçamento de despesa é mais complexa, e por isso vamos
analisá-la detalhadamente.
- Controlo administrativo: O controlo administrativo da execução orçamental, é da competência
simultânea de várias entidades: a própria entidade (serviço ou organismo) que executa o
orçamento, a entidade responsável pela coordenação e acompanhamento da execução do orçamento
(em Portugal, a Direção Geral do Orçamento do Ministério das Finanças) e as demais
entidades de controlo existentes em cada ministério. Este tipo de controlo está regulamentado
na LEO, na Lei de Bases da Contabilidade Pública (LBCP) e no Regime da Administração
Financeira do Estado (RAFE), existindo regimes diferenciados consoante estejamos perante
serviços dotados de autonomia administrativa ou serviços dotados de autonomia administrativa e
financeira. Nos serviços com mera autonomia administrativa, a execução do orçamento cabe aos
dirigentes máximos dos serviços, mas que apenas tem competência para autorizar despesas
relativas a atos de gestão corrente (artigo 2ºLBCP), tendo em consideração os limites estabelecidos
no artigo 17º do Decreto-Lei 197/99 nas despesas com a aquisição e locação de bens e serviços.
Mesmo nesses casos, por força do princípio da legalidade, encontram-se submetidos às exigências do
Código dos Contratos Públicos (aprovado pelo Decreto-lei nº 18/2008). Como não têm autonomia
financeira estes serviços ficam obrigados a requerer mensalmente a libertação de créditos à Direção
Geral do Orçamento (artigo 3º da LBCP e artigo 17º do RAFE). Este pedido é acompanhado do
balanço da execução orçamental do mês anterior, e da descrição dos pagamentos que se espera
que venham ocorrer no mês seguinte. Quando recebe este pedido, a DGO efetua o heterocontrolo
interno prévio da despesa, destinado a verificar a correta inscrição orçamental em todas as
suas dimensões e o cabimento orçamental (art. 3º/3 LBCP e arts. 18º/2 a 4 e 19º do RAFE).
Tratando-se de despesas com receitas consignadas é ainda necessário verificar o cumprimento do
duplo cabimento (cfr. art. 20º RAFE). Para além deste controlo, os próprios serviços fazem também
um controlo da despesa, e por isso, temos aqui um autocontrolo interno, que se for anterior à
realização da despesa, é designado por autocontrolo interno prévio, previsto no art.26º do RAFE
e que se designa nos termos da lei por conferência. Convém não confundir este controlo com a
autorização dada pelo dirigente para a realização de despesa (decorre do princípio da segregação
de funções). Dentro do controlo administrativo encontramos também um controlo interno sucessivo
em que é feita a análise dos pressupostos de legalidade da prática do ato , da sua eficiência e da sua
eficácia, nos termos do artigo 10º LBCP e 22º RAFE, sendo por isso, um hétero controlo interno
sucessivo.
Nos serviços com autonomia administrativa e financeira, têm orçamento próprio e património próprio e
em regra receitas próprias que representam mais do que dois terços da receita total. O regime de
controlo orçamental, previsto no artigo 6º e ss. da LBCP e do artigo 43º e ss. do RAFE, reflete estas
especificidades, sendo as regras do art. 53º do RAFE que mais importam analisar. Em termos de
controlo, a gestão orçamental fica sujeita a um autocontrolo interno prévio (“conferência”) a efetuar
pelos órgãos do próprio serviço ou organismo (cfr. art. 53º/1/a RAFE), bem como um heterocontrolo
interno sucessivo e sistemático a efetuar trimestralmente pelo Ministério das Finanças (art. 53º/1/b
RAFE). Nos casos em que seja solicitada a transferência das verbas inscritas no orçamento
de estado, a DGO efetua um heterocontrolo interno prévio e, quanto a essas verbas, um controlo
sucessivo por parte da DGO (art. 11º LBCP e art. 53º RAFE).
- Controlo político: O controlo político é efetuado pela Assembleia da República, aquando da
aprovação da Conta Geral do Estado.
- Controlo jurisdicional: O modelo de controlo português jurisdicional da execução orçamental baseia-se
no modelo continental de fiscalização da execução do orçamento, e, por isso, para além do controlo
administrativo e do controlo político a que é submetida a execução orçamental, é ainda feito o controlo
pelos tribunais.
Trata-se de um controlo feito pelos tribunais jurisdicionais que podem, em todas as situações em que
esteja em causa a legalidade da despesa ou da receita, verificar o cumprimento das normas de direito
financeiro (art. 58º/6 e 7 da Velha LEO). Para além dos tribunais comuns, existe em Portugal,
um órgão com funções específicas do controlo das contas públicas, designado por Tribunal de Contas.
É um tribunal, que é um verdadeiro tribunal, embora na sua composição não obedeça às mesmas
regras dos demais tribunais – composto por juízes que não são necessariamente magistrados
judiciais ou sequer juristas.
A atividade do Tribunal de Contas é regulada pela Lei nº 98/1997 de 26 de agosto. No âmbito das
suas competências, o Tribunal de Contas fiscaliza a legalidade e a regularidade da receita e da
despesa pública, mas aprecia também a boa gestão financeira e efetiva a responsabilidade por
infrações financeiras.
De todas as entidades previstas no artigo 2º da LOPTC, podemos dizer que estão sujeitos à jurisdição e
ao controlo do Tribunal de Contas todas as entidades públicas e todas as entidades de qualquer
natureza que tenham participação de capitais públicos, ou que sejam beneficiárias a qualquer título
de dinheiro ou outros valores públicos na estrita medida da fiscalização da regularidade, legalidade e
correção económica e financeira da utilização desses dinheiros públicos.