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CORPORATIVA
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
GOVERNANÇA CORPORATIVA
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), é com grande prazer que apresento a você o livro que fará parte da dis-
ciplina “Governança Corporativa”. Preparei este material a fim de facilitar a sua aquisição
de conhecimento sobre cinco temáticas: governança corporativa e suas boas práticas;
governança corporativa em cooperativas; como a estrutura das cooperativas favorece
a implantação da governança; como são constituídas as instâncias de gestão em coo-
perativas e quais suas atribuições. Traremos para você o conceito de cooperativismo e
seus princípios, bem como o quanto o cooperativismo influencia no desenvolvimen-
to econômico e social dos locais onde atua. O objetivo é que você compreenda esses
conceitos para que sejam aplicados em sua prática profissional. Para tanto, contribuirei
com a experiência profissional de quem atua junto à governança de uma cooperativa
e também com referências importantes de pesquisadores na área. Vamos juntos nessa
jornada desafiadora?
Este material está dividido em cinco unidades:
A Unidade I, “Governança Corporativa”, abordará sobre o desenvolvimento das orga-
nizações e os motivos que levaram à implantação da governança corporativa. Nesta
unidade, serão conhecidos os conceitos, os valores e as boas práticas em governança
corporativa. A unidade apresentará também as especificidades em cooperativas quanto
à aplicação da governança corporativa.
A Unidade II, “Representatividade em Cooperativas”, fornecerá a você as diferenças
quanto a sua natureza jurídica entre cooperativa e as sociedades comerciais. Trará a es-
trutura da propriedade acionária nas cooperativas e abordará como a legislação deter-
mina a forma de realização das assembleias gerais. Além disso, será estudado o processo
eleitoral, o relacionamento com o quadro social nas cooperativas e suas relações com as
boas práticas de governança corporativa.
Na Unidade III, “ Gestão Estratégica”, será apresentada a estrutura de gestão em coope-
rativa, juntamente com sua formação e atribuições dos membros que compõem cada
instância da governança. Esta unidade contribuirá para que você compreenda o porquê
da segregação das funções do presidente do conselho de administração e do diretor-
-presidente, e como o conselho atua na posição de “guardião das boas práticas de go-
vernança”. Você estudará sobre a secretaria de governança e entenderá a importância da
atuação do profissional nesta área. Abordará ainda as políticas básicas que norteiam as
ações das instâncias de governança em busca da aplicação das melhores práticas.
A Unidade IV, “Gestão Executiva”, trará as atribuições da diretoria executiva e o papel do
executivo principal, assim como sua responsabilidade em atuar e se comunicar, den-
tro dos princípios da governança corporativa junto às partes relacionadas. Esta unidade
abordará também a importância dos sistemas de controles internos, a atuação dentro
da ética no cumprimento dos códigos aprovados pelo conselho de administração e as
responsabilidades da diretoria executiva quanto à gestão dos recursos humanos.
APRESENTAÇÃO
UNIDADE I
GOVERNANÇA CORPORATIVA
15 Introdução
43 Considerações Finais
48 Referências
50 Gabarito
UNIDADE II
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
53 Introdução
58 Propriedade
62 Assembleias Gerais
66 Processo Eleitoral
74 Considerações Finais
10
SUMÁRIO
79 Referências
81 Gabarito
UNIDADE III
85 Introdução
86 Conselho De Administração
98 Comitês
126 Referências
127 Gabarito
UNIDADE IV
GESTÃO EXECUTIVA
131 Introdução
159 Referências
161 Gabarito
UNIDADE V
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
165 Introdução
172 Auditoria
177 Compliance
207 Referências
209 Gabarito
210 CONCLUSÃO
Professora Esp. Silvia Giacomassi de Morais
GOVERNANÇA
I
UNIDADE
CORPORATIVA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Contextualizar o expansionismo das corporações e a importância da
governança na gestão.
■■ Estudar o conceito de Governança Corporativa, o processo e as boas
práticas.
■■ Apresentar os principais modelos e os princípios básicos da
governança corporativa.
■■ Conhecer a Governança Corporativa no Brasil.
■■ Compreender a diferença entre Governança Corporativa e
Governança Corporativa em Cooperativa.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Desenvolvimento das Organizações e a Governança Corporativa
■■ O Conceito e a Prática da Governança Corporativa
■■ Concepções e Valores da Governança Corporativa
■■ A Governança Corporativa no Brasil
■■ Governança e suas Especificidades em Cooperativas
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INTRODUÇÃO
Diante das transformações no mercado, a partir dos anos 80, com crises e
escândalos no meio corporativo, reforçou-se a importância da governança cor-
porativa, pois, com práticas adequadas de gestão, pautadas nos princípios da
governança, foram elevados o valor e o desempenho das companhias.
No segundo tópico, abordaremos o conceito, o processo e as boas práticas
de governança corporativa. Estudaremos como se define a estrutura de poder,
processos e práticas de governança corporativa e seus agentes.
No terceiro tópico, apresentaremos os principais modelos de governança,
seus princípios e valores. Será possível compreender, a partir dos princípios da
governança, que sua aplicação na gestão agrega valor, gera credibilidade e pere-
nidade ao negócio.
E no Brasil? Bem, a governança corporativa chegou por aqui de forma mais
lenta, porém não menos importante. Mostraremos que, tanto no Brasil quanto
em outros países, as forças internas e externas exercem influência direta sobre
a forma como a governança corporativa é praticada. Além disso, foi necessário
um realinhamento das estratégias no mundo corporativo a partir das privatiza-
ções e abertura para os mercados de capitais, inclusive estrangeiros.
No quinto tópico, compreenderemos a diferença entre governança corpora-
tiva e governança corporativa em cooperativas. Trataremos das especificidades
do tipo de sociedade cooperativa, para assim sustentar o desenvolvimento do
tema nas unidades seguintes do nosso livro.
Espero que o estudo desta unidade contribua para seu desenvolvimento
profissional.
Bons estudos!
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DESENVOLVIMENTO DAS ORGANIZAÇÕES E A
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Segundo Silveira (2014, p. 1), “todas as organizações – com ou sem fins lucra-
tivos – possuem sua estrutura de poder e forma de direcionamento.” Assim,
vemos gestões autocráticas, centralizadas, democráticas, descentralizadas e ins-
titucionalizadas. A gestão corporativa toma diversas formas em seus processos
decisórios e regras. Podemos dizer que há inúmeras combinações entre as dife-
rentes características de governança.
Silveira (2014) aponta como questão central a afirmação de que todas as
organizações, de forma consciente ou não de seus líderes, terão uma forma pró-
pria de gestão. Afirmamos que a governança corporativa pode ser aplicada a
qualquer tipo de entidade, independentemente do tipo jurídico. Desta forma, a
organização, com transparência sobre o negócio, seja na dimensão financeira ou
não, poderá cumprir seu papel junto aos públicos internos e externos, tais como
acionistas, credores e comunidade em geral.
Com a Revolução Industrial, o processo de acumulação de capital se expandiu no
mundo. Verificamos que a produção agrícola reduziu a contribuição para a forma-
ção da riqueza, enquanto que a indústria fabril, na época, contribuiu sobremaneira
ao agregar valor aos bens produzidos. Naquele período, houve um aumento da pro-
dutividade e uma alteração nas relações entre os agentes econômicos. Surge uma
nova classe dominante, composta por proprietários das grandes manufaturas, pro-
dutores de bens de capital e de empreendedores dos novos sistemas de transportes.
GOVERNANÇA CORPORATIVA
17
Uma forma eficiente de captar recursos foi a criação das sociedades anô-
nimas, que, já no século XVI, teve como precursora as chamadas “companhias
licenciadas”, entre as quais as de maior destaque foram a Companhia das Índias
Orientais e a Companhia Holandesas das Índias Orientais. Já a primeira sociedade
anônima moderna foi criada em 1883, nos Estados Unidos, com 76 acionistas.
A partir do século XX, podemos dizer que a ciência da administração e o
mundo corporativo criaram estreita relação com o sistema capitalista. Ao se recu-
perarem da grande crise dos anos 30, as corporações passaram a crescer de forma
significativa. Assim, devido à expansão da tecnologia e das empresas com pro-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lucros, proporcionando melhoria ao conjunto social. Contudo, alguns pontos da
teoria neoclássica foram questionados nos últimos 20 anos. Andrade e Rossetti
(2007, p.118) afirmam que:
[...] a concorrência perfeita modificou-se substancialmente com o agigan-
tamento das corporações e a formulação de oligopólios, cartéis e mono-
pólios. Modificaram-se também as condições macroambientais, de que
são exemplos os efeitos danosos da atividade produtiva em escalas cres-
centes ecologicamente incorretas – as chamadas externalidades negativas.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ciasse, sobremaneira, a criação de imagem das organizações.
O despertar sobre a governança corporativa foi influenciado ainda por três
razões externas e três internas, de acordo com Andrade e Rossetti (2007). Entre
as razões externas estão as mudanças no macroambiente, ou seja, a globalização
dos mercados produtivos e financeiros com a consolidação dos blocos econômi-
cos, mercados comuns e acordos bilaterais que estimulam a circulação global do
capital; o Estado que saiu da atuação como empresário com as privatizações, o que
ampliou a competitividade e a produtividade e a terceira razão foi ascensão de novos
players globais, como a China, que chegou aos mercados de forma competitiva e
desafiadora. Segundo Andrade e Rossetti (2007, p. 96) “novos países competidores,
como os asiáticos, estabeleceram-se em cadeias de negócios até então dominadas
pelas economias centrais”. Nesta nova lógica de mercado, com apetite para ganhos
em curto prazo, é fundamental que se tenha padrões de análise e mensuração da
saúde financeira das empresas e acompanhamento dos riscos do negócio.
Como razões internas destacamos as mudanças societárias, os realinhamentos
estratégicos e os reordenamentos organizacionais, exigindo maior profissionali-
zação e implantação de controles preventivos contra fraudes e riscos. Na busca
de consolidação, houve mudanças no ambiente de negócios a partir das rees-
truturações setoriais, com fusões e aquisições para fortalecer as estruturas de
competição. As revisões nas instituições do mercado de capitais, juntamente com
posturas mais ativas dos investidores institucionais, exigiram das empresas novas
formas de atuação e maior flexibilidade e capacidade de análise.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e a comunidade em geral. É alicerçada em princípios derivados de códigos de
condutas, políticas corporativas e valores, os quais pautam as práticas de negó-
cio, e, principalmente, a transparência sobre o negócio em todas as dimensões.
A partir de 1990, a discussão sobre o tema estimulou um grande movimento
em prol da boa governança. Os princípios e as práticas de governança corporativa
se aplicam a toda natureza de empresa, sem considerar seu porte, natureza jurídica
ou tipo de controle. Evidenciamos ainda que o conceito de governança corporativa
é amplo, pois abrange um conjunto de propósitos, princípios, processos e práti-
cas mandatárias no sistema de poder e nos mecanismos de gestão nas empresas.
O termo governança corporativa, traduzido literalmente da língua inglesa,
corporate governance, é usado na referência aos arranjos institucionais que nor-
teiam as relações entre acionistas (ou outros grupos) e a administração das
organizações. Governança corporativa trata do governo estratégico das organi-
zações, articulação e distribuição de poder entre as partes relacionadas. Além
das questões contábeis, auditorias e remuneração dos gestores, aborda também
o efetivo exercício da gestão da propriedade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança (IBGC, 2009, p. 19):
Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são di-
rigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos
entre proprietários, conselho de Administração, Diretoria e órgãos de
controle. As boas práticas de Governança Corporativa convertem prin-
cípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a fina-
lidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu
acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade.
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tores têm ao aplicar a boa governança, já que diz respeito à sociedade como um
todo e à capacidade que as organizações têm de contribuir com o desenvolvi-
mento social, econômico e ambiental.
Com base em princípios éticos, considerados inegociáveis, (fairness, disclo-
sure, accountability e compliance), sobre os quais falaremos posteriormente, a
governança corporativa, além de atuar com suas práticas sobre a gestão de con-
flitos de agência, a gestão de relacionamentos internos e externos e minimizar
custos, também está focada na busca do máximo retorno total de longo prazo
aos shareholders (acionistas). No entanto, não podemos desconectar das boas
práticas de governança os interesses dos stakeholders, ou seja, de todas as partes
interessadas, inclusive as partes externas à organização. Desta postura vem a boa
reputação e a credibilidade junto ao mercado e aos diversos públicos. As orga-
nizações dependem de avaliações positivas junto ao mercado, que se utiliza do
conceito triple bottom line, ou seja, ao avaliar uma empresa, considera elemen-
tos econômicos financeiros, sociais e ambientais, para valorização de suas ações.
A necessidade da aplicação de boas práticas de governança tomou forma no
início dos anos 1990, com o despertar das organizações para uma nova visão
empresarial e busca pela sustentabilidade das empresas. Todas as partes interes-
sadas passaram a exigir transparência e compromisso com a sociedade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: a autora.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEPÇÕES E VALORES DA GOVERNANÇA
CORPORATIVA
Fonte: a autora.
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Com a participação desses acionistas nos conselhos e, por consequência, nas deci-
sões estratégicas, foi aberto o caminho para a consolidação das boas práticas de
governança em busca da maximização dos resultados, porém pautados nos prin-
cípios da ética.
Outro marco foi o Relatório Cadbury, organizado na Inglaterra em 1992, que
serviu de inspiração para outros. No Reino Unido, até essa data, os conselhos
de administração eram considerados medíocres e tinham atitudes como troca
de favores e privilégios entre conselheiros de várias corporações. Neste cená-
rio, o Banco da Inglaterra criou um comitê sob a responsabilidade de Adrian
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sir Adrian Cadbury foi presidente do comitê que elaborou o relatório pionei-
ro sobre governança corporativa, em 1992. Este relatório foi considerado o
primeiro Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa, e influen-
ciou a mudança na forma de gestão dos conselhos de administração na In-
glaterra. Além disso, serviu de base para os códigos das melhores práticas
de governança corporativa em vários países.
Fonte: a autora.
Outro ponto determinante para a consolidação das boas práticas de governança foi
a divulgação pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico) dos princípios de governança corporativa, em 1999. Esses princípios
serviram para as empresas de capital aberto e ainda para aquelas que não possuem
capital negociado na bolsa de valores. Com a participação das organizações em
mercados globais, esses princípios foram adotados inclusive por países que não
eram membros da organização (OCDE). As práticas e princípios da boa gover-
nança se interpõem nas questões sobre o direito dos acionistas, a equidade entre
os acionistas, a posição que ocupam os stakeholders, a transparência e a respon-
sabilidade do conselho de administração, de forma individual e como colegiado.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)
foi fundada em 1960, composta por 34 países, com o objetivo de coopera-
ção internacional. Com sede em Paris, França, foi criada com propósito de
buscar soluções para a reconstrução dos países da Europa, após a Segunda
Guerra Mundial.
Atualmente, seus principais objetivos são a busca do desenvolvimento eco-
nômico, tanto dos países membros como dos demais, além do desenvolvi-
mento humano e do nível de empregos.
Fonte: a autora.
GOVERNANÇA CORPORATIVA
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De acordo com o IBGC ([2016], on-line)1, “há duas grandes categorias, que
abrigam os principais modelos de governança adotados pelo mundo – Outsider
System e Insider System. Outros modelos situam-se numa nuance entre esses dois
modelos, aproximando-se mais de um ou outro sistema”.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Japão, é constituído por grandes acionistas no comando das operações diárias,
diretamente ou via pessoas de sua indicação. A estrutura de propriedade é mais
concentrada e o mercado de dívida e títulos exerce um papel importante no cres-
cimento e financiamento das empresas. É comum o controle familiar nas grandes
companhias, bem como a presença do Estado como acionista relevante. Há tam-
bém a presença de grandes grupos/conglomerados empresariais, muitas vezes
altamente diversificados, baixo ativismo e menor investimento Neste modelo, o
ativismo por parte dos acionistas é baixo e os investimentos institucionais são
menores. Há um maior reconhecimento por parte dos stakeholders não finan-
ceiros, especialmente, os funcionários. Esse modelo é orientado para as partes
interessadas (IBGC, [2016], on-line)1.
No Brasil, o modelo se aproxima mais do Insider System, “com predomi-
nância da propriedade concentrada, papel relevante do mercado de dívida, forte
presença de empresas familiares e controladas pelo Estado e mais orientado às
partes interessadas inclusive por disposições legais” (IBGC, [2016], on-line)1.
Apesar disso, devido ao espaço para o financiamento das empresas por meio
do mercado de capitais, pode-se considerar que o modelo anglo-saxão (pelo
menos, algumas de suas características) tem conquistado espaço no modelo de
gestão brasileiro.
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PRINCÍPIOS DA GOVERNANÇA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os di-
versos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social,
ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo prazos.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com certeza, as boas práticas de governança corporativa, que em um mo-
mento eram utilizadas como um rótulo para a prospecção de bons negó-
cios, passam a ser vistas pelo mercado como a realidade de uma empresa
sólida, transparente e estruturada para sobreviver a todas as circunstâncias,
mesmo as mais difíceis.
(Sidney Ito)
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Desta forma, as empresas brasileiras têm aperfeiçoado seu sistema de gestão com
a aplicação das melhores práticas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Somadas às ações das bolsas, dos fundos de pensões e às pressões dos inves-
tidores, estão a difusão dos princípios de governança pelo Instituto Brasileiro de
Governança (IBGC), a partir do Código das Melhores Práticas de Governança
Corporativa, o qual já estava em sua 5ª edição em 2015.
Para Andrade e Rossetti (2007), no ambiente das corporações no Brasil, a
governança é pautada em uma estrutura predominante da propriedade acioná-
ria, com pressões de forças externas, mundiais ou nacionais. Os autores também
ressaltam que, na estrutura de controle, é prevalecente a alta concentração. E as
relações das empresas com acionistas minoritários revelam conflitos, principal-
mente por ocasião da transferência de controle, não considerando os interesses
dos sócios minoritários.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lançaram o Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativa e o Guia das
Melhores Práticas de Governança para Cooperativas, ambos com o propósito de
nortear a governança das cooperativas no Brasil. Desta forma, a gestão das orga-
nizações no Brasil vai se alinhando às gestões das organizações globais.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As cooperativas trazem em sua estrutura de Governança, por força da Lei
5.764/1971, a obrigatoriedade da composição de Conselho de Administração
ou de Diretoria e Conselho Fiscal. De acordo com a Casa Civil, por meio da Lei
5.764 (BRASIL,1971, art. 47):
A sociedade será administrada por uma Diretoria ou Conselho de Admi-
nistração, composto exclusivamente de associados eleitos pela Assembleia
Geral, com mandato nunca superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a
renovação de, no mínimo, 1/3 (um terço) do Conselho de Administração.
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PRINCÍPIOS COOPERATIVISTAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços. Con-
tudo, ao aderirem à cooperativa, assumem as responsabilidades como
membros (sócios), sem discriminação social, racial, política, religiosa
ou de gênero.
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4. Maior responsabili-
dade social da coope-
rativa junto à socieda-
de civil.(OCB, 2015,
p. 13)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo ganham a vida como
membros ou funcionários de uma cooperativa, isso sem mencionar o em-
prego indireto e o desenvolvimento local proporcionado pela sua atuação.
Cooperativas servem, em primeiro lugar, às necessidades dos seus mem-
bros, o que significa hoje, globalmente, 1 bilhão de indivíduos. Assim, ao
pensar nas necessidades humanas e coletivas, as cooperativas respondem à
crise de hoje com sustentabilidade e oferecem uma forma distinta de valor
para o associado.
Fonte: COOP International Co-operative Alliance ([2017], on-line)2.
GOVERNANÇA CORPORATIVA
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
referência de valor junto às empresas e aos mercados. Assim, essa é uma tendên-
cia que veio para ficar no campo da gestão, pois tem como benefícios a redução
do custo de capital e maior acesso ao mercado, inclusive mercado estrangeiro.
Influenciadores também foram os escândalos, as crises econômicas e de gestão,
pois a governança contribui para a ampliação do monitoramento e controle dos
gestores, além de garantir mais tranquilidade aos acionistas, inclusive aos minori-
tários, que não estão no dia a dia das organizações onde têm seus investimentos.
Vimos que no Brasil não é diferente, ou seja, impulsionadas pelas mudanças
globais e internas, nossas organizações têm aderido às boas práticas de gover-
nança e se adaptado à nova realidade de gestão.
A implementação de estrutura de governança é favorável em qualquer moda-
lidade de organização, respeitando suas necessidades, capacidade de absorver
custos de estrutura e modelo adequado.
Assim, destacamos o desafio no ramo de cooperativas quanto à implemen-
tação das boas práticas, pois há uma diversidade significativa de segmentos
econômicos e portes. Diante do desafio apresentado, salientamos que, mais
importante que a estrutura, é a consciência das pessoas que ocupam posições
executivas e de conselho, com relação aos “seus deveres e direitos e do papel
que exercem no sucesso ou insucesso destas organizações” (IBGC, 2015, p. 14).
Considerações Finais
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Governança Corporativa
Giacometti, Celso; Gusso, Eduardo; Alves, Elismar
Editora: Elsevier (Edição Digital)
Sinopse: o livro está dividido em três partes. A parte I é uma
abordagem conceitual sobre como surgiu e evoluiu a governança
corporativa no MUNDO e no Brasil. A parte II apresenta esse
modelo que possibilita às empresas avaliarem seu estágio de
governança, com foco na conquista de melhores práticas, e a
parte III diz respeito à metodologia de assessment para aplicação do modelo.O livro apresenta um
Modelo Brasileiro de Governança Corporativa, elaborado por especialistas do Núcleo de Governança
Corporativa da Fundação Dom Cabral.
Material Complementar
48
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.ibgc.org.br/index.php/governanca/origens-da-governanca/princi-
pais-modelos>. Acesso em: 17 mai. 2017.
Em: <http:// ica.coop>. Acesso em: 27 jun. 2017.
2
3
Em: <http://www.coopeder.org.br/a-coopeder/cooperativismo/cooperativismo-no-
-mundo/>. Acesso em: 27. jun. 2017.
GABARITO
REPRESENTATIVIDADE EM
II
UNIDADE
COOPERATIVAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Estudar sobre a natureza das sociedades comerciais e cooperativas.
■■ Entender a estrutura da propriedade acionária e o direito a voto dos
sócios nas cooperativas.
■■ Aprender sobre as assembleias gerais e o âmbito de suas
competências.
■■ Contextualizar as regras legais para o processo eleitoral em
cooperativas.
■■ Compreender o processo para admissão, manutenção e retirada dos
cooperados.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Diferença entre sociedade comercial e sociedade cooperativa
■■ Propriedade
■■ Assembleias Gerais
■■ Processo Eleitoral
■■ Relacionamento e Comunicação com o Quadro Social
53
INTRODUÇÃO
Introdução
54 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIFERENÇA ENTRE SOCIEDADE COMERCIAL E
SOCIEDADE COOPERATIVA
SOCIEDADE COMERCIAL
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
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SOCIEDADE COOPERATIVA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rias econômicas e sociais, sem abandonar os objetivos econômicos. Em certos tipos
de cooperativas, o cooperado atua, de forma concomitante, como proprietário, prin-
cipal fornecedor e até mesmo como principal cliente. A distribuição do resultado,
ou, conforme a legislação, das sobras, é proporcional ao valor ou volume das ope-
rações realizadas junto à cooperativa. Desta forma, a distribuição das sobras está
desvinculada da participação no capital da cooperativa. O foco do cooperado é que
seus interesses sejam atendidos, ou seja, que a cooperativa contribua com o seu
desenvolvimento econômico, profissional, financeiro ou outro, conforme o ramo
da cooperativa. Contudo, a cooperativa sempre atuará de forma coletiva, pensando
no bem comum, e suas decisões serão pautadas sempre na vontade da maioria. O
controle é democrático; assim, cada pessoa corresponde a um voto, sendo que o
quórum de uma assembleia, estabelecido na Lei 5.764/1971, tem por base o número
de cooperados presentes. No tópico 3 desta unidade, traremos como deve ser o
quórum para uma assembleia geral, em conformidade à legislação.
Os dirigentes devem possuir habilidades, na administração, para construir
coalizões, consensos e mobilização. Além disso, os componentes dos órgãos
diretivos devem ser cooperados, assegurando a renovação mínima dos cargos
ocupados pelos conselheiros.
As cooperativas, com regime jurídico próprio, de natureza civil e não sujeita
à falência, são sociedades de pessoas que, visando a um objetivo comum e por
meio de união, buscam melhorias socioeconômicas. Logo, as cooperativas se
diferenciam das sociedades privadas e das sociedades por ações, que buscam
maximizar os lucros dos sócios, pois os seus cooperados são proprietários, ges-
tores e ao mesmo tempo clientes, como é dito a seguir:
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PROPRIEDADE
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
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De acordo com a Lei 5.764 (BRASIL, 1971), todo cooperado é proprietário da coo-
perativa e independente do capital subscrito, ou quotas partes, tem o mesmo poder
de decisão. Desta forma, a participação é assegurada a todos os cooperados, de forma
equânime. A referida lei ainda diz, em seu artigo 24, parágrafo 1º, que a integrali-
zação das quotas partes está restrita a um terço do total; porém, em alguns tipos de
cooperativas, a integralização deverá ser proporcional ao valor transacionado entre
o associado e a cooperativa. Um exemplo é o ramo de crédito, em que o associado
poderá integralizar capital para alavancar suas transações financeiras junto à coope-
rativa. Assim, em cooperativa, o cooperado só responde pelo limite do seu capital.
FUSÕES E INCORPORAÇÕES
Propriedade
60 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO, 2016).
As tendências de fusões e incorporações em cooperativas também são obser-
vadas em vários países como o Canadá, a França e a Holanda.
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
61
Propriedade
62 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ASSEMBLEIAS GERAIS
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
63
CONVOCAÇÃO
A convocação deve ser feita de forma abrangente, conforme a Lei 5.764 (BRASIL,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Assembleias Gerais
64 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2) Destinação das sobras apuradas ou rateio das perdas decorrentes.
3) Eleição dos componentes dos conselhos de administração e fiscal.
4) Fixação do valor dos honorários, gratificações e da cédula de presença dos
membros dos conselhos de administração e fiscal, e da diretoria executiva.
5) Outros temas de interesse do quadro social, excluindo-se os que são de
competência da Assembleia Geral Extraordinária.
Os temas dos itens de 1 a 4 (acima) podem gerar conflito de interesse para os
membros dos órgãos de gestão e de fiscalização da cooperativa. Por isso, como boa
prática, os gestores da cooperativa não devem participar da votação destes itens.
De acordo com a Lei 5.764 (BRASIL, 1971, art. 44), a Assembleia Geral Ordiná-
ria deverá ser realizada nos três primeiros meses do ano, após o término do
exercício social. A única exceção a esta regra são as cooperativas de crédito
que, pela Lei complementar 130 (BRASIL, 2009, art. 17), autoriza realizar a
Assembleia Geral Ordinária nos quatro primeiros meses do exercício social
seguinte, ou seja, até abril. A Assembleia Geral Extraordinária pode ser reali-
zada em qualquer tempo.
Fonte: BRASIL (1971) e BRASIL (2009).
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
65
A ordem do dia e os documentos referentes aos temas que serão tratados na assem-
bleia geral devem ser disponibilizados com antecedência para os cooperados,
garantindo, assim, um bom nível de transparência e ampliação da oportunidade
de manifestação dos cooperados. Além disso, para garantir a transparência, evi-
ta-se usar o item “outros assuntos”, para que temas importantes deixem de ser
revelados antecipadamente.
Outros assuntos podem ser propostos pelos cooperados ao final da assem-
bleia; contudo, não podem ser deliberados (votados), por não constarem no
edital de convocação e não terem sido amplamente divulgados.
Para estimular a participação, os cooperados devem ter espaço para mani-
festação nas pré-assembleias ou outros encontros com a gestão da cooperativa.
Assembleias Gerais
66 UNIDADE II
PROCESSO ELEITORAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REGRAS LEGAIS NO PROCESSO ELEITORAL EM COOPERATIVA
Por ser um modelo democrático, o processo eleitoral em cooperativa deve ser partici-
pativo, aberto e transparente. É organizado com regras claras e objetivas, para não se
tornar um evento crítico. Nele, estão refletidos os interesses e o direcionamento da ges-
tão da cooperativa. Segundo Boesche (2005, p. 50), “[...] a competência, a dedicação,
o profissionalismo com que é conduzido o processo eleitoral que gera a participa-
ção dos cooperados e, por consequência, o comprometimento do quadro social.”
Ao definir as regras para os processos deliberativos, a cooperativa mostrará
maturidade e institucionalização dos mecanismos decisórios internos (VENTURA
et al., 2009). Tais autores indicam que “um mecanismo de reconhecida efetivi-
dade para assegurar a qualidade dos processos eletivos é a Comissão Eleitoral,
composta com a finalidade específica de organizar esses processos” (2009, p. 105).
Essa comissão deverá ser formada por membros isentos e em tempo hábil, a
fim de que se avalie e divulgue o processo eleitoral. A cooperativa deverá disponi-
bilizar recursos físicos, para que a comissão se reúna para verificar o cumprimento
dos requisitos necessários dos membros que compõem as chapas inscritas.
Conforme o artigo 38 da lei 5.764 (BRASIL, 1971), parágrafo 1º, “as delibera-
ções nas Assembleias Gerais serão tomadas por maioria de votos dos cooperados
presentes com direito de votar.” Já em relação à forma de votação nas assembleias
gerais, o IBGC (2015, p. 30) recomenda “a utilização de mecanismos que permi-
tam a contagem individual e inequívoca dos votos.” Assim, a cooperativa garantirá
a participação efetiva de seus cooperados de forma transparente e equânime.
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
67
Processo Eleitoral
68 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Podemos dizer que o relacionamento é um dos fortes diferenciais no modelo
cooperativo, pois as pessoas são a base do modelo de negócio. O cooperado,
ao ingressar em uma cooperativa, o faz de forma livre e voluntária, princípio
número 1 do cooperativismo, com o objetivo de utilizar os produtos e serviços
oferecidos. Porém, há condições estabelecidas no estatuto social das cooperati-
vas, às quais a pessoa deve atender para fazer parte do quadro social, bem como
aderir aos propósitos sociais.
ADMISSÃO DO ASSOCIADO
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
69
MANUTENÇÃO DO ASSOCIADO
RETIRADA DO ASSOCIADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
II - por morte da pessoa física;
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
71
■■ Nas ações acima sempre ouvir os cooperados para entender suas demandas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O “Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES) é um recur-
so usado com autonomia pelas cooperativas e, se bem empregado, trará
grandes benefícios, uma vez que financia programas de aperfeiçoamento e
desenvolvimento do quadro social, dirigentes e colaboradores das coope-
rativas, bem como programas sociais promovidos pela cooperativa ou pela
intercooperação.
A Lei 5.764 (BRASIL, 1971, art. 28), no Inciso II, estabelece que as cooperati-
vas devem constituir o “Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social
(FATES), destinado à prestação de assistência aos associados, seus familiares
e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa, consti-
tuído de 5% (cinco por cento), pelo menos, das sobras líquidas apuradas no
exercício”. A destinação do FATES é votada em Assembleia Geral Ordinária,
após a aprovação das contas.
Fonte: BRASIL (1971).
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
73
Mantenha a dedicação nos estudos, pois cada tópico traz a você um pouco
mais de conhecimento sobre esse tema pulsante que é o cooperativismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
todos têm o mesmo valor, independentemente do patrimônio que tenha aplicado.
Outro fator que nos mostrou a forma democrática como as cooperativas
são geridas foi a explanação sobre o processo assemblear. Nós estudamos que as
assembleias são o momento em que o cooperado tem para exercer seu direito ao
voto, decidindo o direcionamento e as decisões estratégicas da cooperativa em
que participa. Pudemos perceber que a legislação dá suporte e norteia as ações
da gestão da cooperativa, e que as assembleias tratam de temas diferenciados,
sendo que a Assembleia Geral Ordinária é obrigatória por lei para a prestação de
contas, sempre ao final do exercício social. No processo eleitoral, que também é
votado pelo cooperado em assembleia geral, vimos que todos os cooperados têm
direito de concorrer aos cargos nos conselhos das cooperativas; contudo, é preciso
atender aos requisitos que a legislação e o estatuto social da cooperativa exigem.
Trouxemos a importância do relacionamento como diferencial no modelo
de negócio cooperativo. Apresentamos formas de comunicação com o quadro
social na busca da mobilização e participação mais efetiva deste grupo. Além
disso, ressaltamos a importância da educação cooperativa e o quanto ela pode
apoiar a sustentabilidade das cooperativas. Desse modo, destacamos as palavras
de Meinen (2012, p. 50) “[...] o cooperativismo é movimento propulsor para a
construção de uma sociedade mais equilibrada, inclusiva e sustentável.”
REPRESENTATIVIDADE EM COOPERATIVAS
75
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.rabobank.com.br/pt/content/sobre_o_rabobank/sala_de_im-
prensa/2015/nova_estrategia.html>. Acesso em: 22 mai. 2017.
81
REFERÊNCIAS
GABARITO
III
GESTÃO ESTRATÉGICA:
UNIDADE
CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a formação do conselho de administração, sua
atuação, papel e forma de relacionamento com as demais instâncias
da governança.
■■ Entender o porquê da segregação das funções de Presidente do
conselho e diretor-presidente e conhecer suas atribuições.
■■ Conhecer as recomendações para os comitês de apoio ao conselho
de administração e seu papel no fortalecimento da governança e da
gestão.
■■ Estudar a importância do papel da secretaria de governança na
integração do CA e da gestão.
■■ Apresentar as políticas básicas que guiam o processo na decisão de
temas específicos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Conselho de Administração
■■ Presidente do Conselho de Administração
■■ Comitês
■■ Secretaria de Governança
■■ Políticas Básicas
85
INTRODUÇÃO
Introdução
86 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Conselho De Administração
88 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A lei que regulamenta o funcionamento das cooperativas estabelece a ne-
cessidade da parte interessada em manifestar-se, quando impedido de votar.
“Art. 52. O diretor ou associado que, em qualquer operação, tenha interesse
oposto ao da sociedade, não pode participar das deliberações referentes a
essa operação, cumprindo-lhe acusar o seu impedimento.”
Fonte: BRASIL (1971).
Conselho De Administração
90 UNIDADE III
OBJETIVOS AÇÃO
Estratégia Assegurar a estratégia mais adequada para o modelo de negó-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cio da organização
Gestão de risco Assegurar que os executivos estejam atentos e respondam aos
riscos aos quais a organização está exposta.
Caráter ético Zelar pelos valores éticos na atuação da gestão e nos negócios
da alta gestão da organização.
Avaliação de Assegurar avaliação de desempenho de forma adequada e
desempenho justa.
Investimentos Avaliar os investimentos e aquisições de forma adequada, com
caráter técnico.
Remuneração e Promover um sistema de remuneração com incentivos e plano
Sucessão de sucessão baseados na meritocracia.
Transparência Assegurar que as informações sobre os resultados globais, ou
e Comunicação seja, financeiros e não financeiros sejam de qualidade.
Fonte: Silveira (2014, p. 79).
Conselho De Administração
92 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ção do negócio dos cooperados, busca também a criação e sustentação de uma
imagem positiva e a transformação nas sociedades onde estão inseridas.
Considerado o órgão central do sistema de governança em cooperativas,
o Conselho de Administração deve cuidar de seus diversos relacionamentos
com os cooperados, o executivo principal e os demais executivos, os Comitês, o
Conselho Fiscal e as Auditorias. A relação deve ser de forma transparente e eficaz.
Conselho De Administração
94 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nais técnicos; por isso, é fundamental um relacionamento de cooperação entre
o conselho e os comitês.
É alçada do conselho estabelecer o escopo das atividades dos comitês, bem
como acompanhar e aprovar seus trabalhos e relatórios. Para o IBGC (2015a, p.
58) “o conselho deve reunir-se regularmente com os comitês”, e, assim, aprofundar
as análises, para posterior deliberação em reunião do conselho de administração.
Conselho De Administração
96 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES
A orientação de boas práticas é que não haja sobreposição das funções estraté-
gica e executiva, ou seja, que o presidente do Conselho não seja a mesma pessoa
na função de diretor-presidente (executivo principal) da Diretoria. Além disso,
não poderá ter vínculos diretos, por exemplo, de relações de parentesco.
Destacamos que, apesar de não possuir maiores poderes, legalmente, que os demais
membros do Conselho, cabe ao presidente exercer a liderança e conduzi-lo para
a isenção da gestão diária.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(Elvira Cruvinel Ferreira Ventura, et al.)
COMITÊS
Os comitês, como boa prática e modelo ideal, devem ser compostos unicamente
por conselheiros. Porém, no Brasil, existe a “prática de indicar outros persona-
gens como membros de comitês do conselho, tais como diretores da própria
empresa” (SILVEIRA, 2014, p. 83).
Há também a inclusão, por vezes, de consultores externos contratados. O
melhor, ressalta Silveira (2014), é que os consultores participem em eventuais
reuniões dos conselhos e não componham comitês, pois é preciso lembrar que as
responsabilidades dos conselheiros são intransferíveis e, havendo a participação de
consultores em comitês, poderá ficar subentendido responsabilidades para estes.
Entre os comitês recomendados pelos códigos de boas práticas, citamos os de
maior destaque: Auditoria, Gestão de Riscos, Compliance, Recursos Humanos e
Remuneração, Governança e Sustentabilidade” (IBGC, 2015a, p. 51).
A quantidade de comitês varia de acordo com o porte da cooperativa e a
quantidade de membros na composição do Conselho. Entretanto, é preciso cau-
tela, para não se criar um número excessivo de comitês e causar interferências
não produtivas à gestão.
Em seu funcionamento, após análises do tema, o comitê prepara o material
necessário, o qual será encaminhado ao conselho com a recomendação de voto
para que este analise e vote.
Vejamos as atribuições de alguns comitês para compreender melhor sua atuação.
Comitês
100 UNIDADE III
Comitê de Auditoria
Este comitê tem como finalidade principal “avaliar a conformidade dos relató-
rios contábeis e financeiros da administração, do sistema de controles internos,
da gestão de riscos e do compliance” (IBGC, 2015a, p. 52). Sua atuação irá asse-
gurar que a gestão desenvolva controles internos confiáveis e efetividade do
desempenho da Auditoria Independente. Recomenda-se que pelo menos um
membro deste comitê tenha experiência na área contábil ou de auditoria contábil.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Comitê de Recursos Humanos
Comitê de Governança
Tem como função zelar pelo cumprimento do código de ética e conduta, acom-
panhar as atividades da ouvidoria e, sobretudo, zelar pela adoção de boas práticas
de governança na cooperativa.
Poderá recomendar ao conselho a constituição de comitês de assessora-
mento, a ampliação do número de membros, bem como apoiar sua avaliação
como órgão e dos conselheiros individualmente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Comitê de Risco
Comitê de Sustentabilidade
Comitês
102 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A resolução nº 4.327, de 25 de abril de 2014, do Conselho Monetário Na-
cional estabelece diretrizes para as instituições financeiras sobre Política de
Responsabilidade Socioambiental (PRSA). Nesse contexto, estão inseridas as
cooperativas de crédito. Em seu artigo 3º, parágrafo 2º, estabelece:
Art. 3º As instituições mencionadas no art. 1º devem manter estrutura de
governança compatível com o seu porte, a natureza do seu negócio, a com-
plexidade de serviços e produtos oferecidos, bem como com as atividades,
processos e sistemas adotados, para assegurar o cumprimento das diretri-
zes e dos objetivos da PRSA.
§ 2º É facultada a constituição de comitê de responsabilidade socioambien-
tal, de natureza consultiva, vinculado ao conselho de administração ou,
quando não houver, à diretoria executiva, com a atribuição de monitorar e
avaliar a PRSA, podendo propor aprimoramentos.
Fonte: Banco Central do Brasil (2014).
Vale destacar que os comitês devem funcionar de forma efetiva e não somente no
papel ou para atender códigos de governança, pois só assim irão agregar valor à
cooperativa e aos seus cooperados, consequentemente. Além disso, sua atuação
e existência devem ser reavaliadas periodicamente pelo conselho, “[...] de forma
a assegurar que essas tenham um papel efetivo e eficaz” (IBGC, 2015a, p. 51).
Comitês
104 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SECRETARIA DE GOVERNANÇA
Para operar o sistema de governança, faz-se necessário ter alguém que cuide do
modelo: a Secretaria de Governança. Para Silveira (2014, p. 93), “[...] deve asse-
gurar que as práticas e procedimentos estabelecidos para os órgãos decisórios
ou de assessoramento – conselho, diretoria, comitês etc. – estão sendo cumpri-
dos adequadamente e revisados periodicamente”.
Nas cooperativas, é recomendado pelo IBGC (2015a, p. 60) ao “Conselho de
Administração indicar um profissional (que não seja um dos conselheiros) para
exercer a função de secretário.” O porte e a maturidade do sistema de governança
Secretaria de Governança
106 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Comprometimento, credibilidade e independência, que segundo o IBGC (2015b,
p. 29) significa:
O profissional de governança deve inspirar confiança entre os agentes
– tanto do ponto de vista da transparência quanto da fidedignidade das
informações – e demonstrar comprometimento com os resultados a
serem atingidos e independência em relação a interesses ou pressões.
Esse profissional irá trabalhar com o propósito do “fiel registro das delibe-
rações, atuando como agente neutro, que assegura a transparência e a equidade
das informações, ou seja, um ‘elo’ entre todos os agentes e órgãos de governança”
(IBGC, 2015b, p. 29).
O escopo de trabalho da secretaria de governança é definido conforme o
porte da organização e suas necessidades. Assim, é importante que haja um
apoiador para a criação da Secretaria de Governança, ou seja, o presidente do
conselho ou o diretor-presidente, pois será necessário respaldo para a atuação
do secretário de governança.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Secretaria de Governança
108 UNIDADE III
Como boa prática, a cooperativa deve criar a secretaria para organizar ativida-
des e acompanhamento.
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Ferramentas na atuação da Secretaria de Governança
O calendário vai além do planejamento das datas das reuniões; tem também
como objetivo mitigar os riscos e organizar o trabalho, sendo fundamental para
a integração e a articulação do Sistema de Governança. Deverão ser organizados
calendários para os Conselhos de Administração e Fiscal, Diretoria Executiva,
Comitês e assembleias.
Com o uso do calendário, é possível estabelecer a agenda temática, a qual se
constitui de temas específicos e estratégicos planejados antecipadamente para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Secretaria de Governança
110 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: a autora.
Agendas de Reunião
O líder do órgão que se reúne é que tem competência para definir a agenda da
reunião. Dessa forma, o representante de cada órgão alinhará a agenda e pauta
de sua reunião:
■■ Conselho de administração.
■■ Conselho fiscal.
■■ Comitê do conselho.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Diretoria.
Secretaria de Governança
112 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Atas de Reunião
Proposta de Deliberação
Entendemos que não é mera burocracia, mas um norte para orientar o pensa-
mento empresarial decisório. Esse documento possibilita definir os responsáveis,
prazos e resultados e como a forma de decisão será acompanhada. Portanto, “per-
mite-se, assim, a transparência e a rastreabilidade das informações contidas no
documento e a clara definição do contexto no qual foram tomadas as delibera-
ções” (IBGC, 2015b, p. 24).
Caro(a) aluno(a), a seguir apresentaremos um modelo de Proposta de
Deliberação que poderá auxiliá-lo na sua atuação profissional. Porém, você
poderá construir um modelo que mais se adeque à cooperativa em que atua.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Secretaria de Governança
114 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
grafo 3º, do mesmo artigo, a Diretoria Executiva, através do presente expe-
diente, remete o voto relativo ao tema em referência, nos seguintes termos:
I. Objeto do Voto
Atendendo solicitação do Conselho de Administração foi elaborado o orça-
mento anual para 2017, levando em conta o conjunto de projetos e as metas
estratégicas da companhia.
Os documentos anexos apresentam os detalhes dos trabalhos menciona-
dos.
II. Objetivo dos temas colocados
1) Aprovação do Orçamento 2017;
2) Aprovação do Plano de Projetos 2017; e
3) Aprovação das Metas dos Indicadores 2017.
III. Pontos para Deliberação
Avaliação e aprovação das peças orçamentárias e indicadores pelo Conse-
lho de Administração.
IV. Anexos
Orçamento e indicadores 2017_ConsAd nov 16_Env.pdf
Assim, solicitamos a apreciação e deliberação desse conselho quanto ao
tema, já mencionado neste voto.
DELIBERAÇÃO:
DESTINAÇÃO:
Portal de Governança
POLÍTICAS BÁSICAS
Políticas Básicas
116 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De acordo com o IBGC (2015a, p. 89), “essa política deve contemplar a divulga-
ção de outras informações, além das exigidas por lei ou regulamento. A premissa
é que a divulgação seja completa, objetiva, tempestiva e igualitária.”
Logo, a cooperativa atenderá ao princípio da transparência e ao direito do
cooperado de receber as informações sobre a gestão da cooperativa, nos âmbi-
tos financeiro, operação e governança. Além disso, a cooperativa, por meio do
seu relatório anual, que deve ser divulgado no primeiro trimestre do ano subse-
quente, leva suas informações às demais partes interessadas.
Toda cooperativa deve ter uma política que estabeleça diretrizes para a preven-
ção e o combate a atos ilícitos. É preciso estabelecer procedimentos padrão e
conscientizar a todos da responsabilidade sobre atos ilícitos, prevenção a lava-
gem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
As cooperativas de crédito, em relação à prevenção, lavagem de dinheiro,
financiamento ao terrorismo e combate a atos ilícitos, “devem cumprir compulso-
riamente a lei e as normas definidas pelo Banco Central do Brasil (BACEN) e pelo
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)” (IBGC, 2015, p. 91).
Políticas Básicas
118 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
120
As cooperativas de crédito no Brasil, por força dos órgãos reguladores, vêm implemen-
tando as práticas de Governança Corporativa em sua gestão. Também é possível verifi-
car o engajamento e a ampliação da participação dos cooperados. A participação em
cooperativa é voluntária, e a compreensão do que é o negócio cooperativo tem crescido
no Brasil.
Recomendamos este artigo para ampliar seu conhecimento quanto à forma de gestão
em cooperativas de crédito no Brasil, um importante modelo de instituição financeira.
GOVERNANÇA COOPERATIVA E O PAPEL DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO EM
COOPERATIVAS DE CRÉDITO NO BRASIL
O aumento da competitividade e as pressões por eficiência e ganhos de escala decor-
rentes da abertura comercial dos mercados induziram as empresas a buscarem novas
fontes de recursos para sua expansão, principalmente no mercado de capitais. Os inves-
tidores, por sua vez, tornaram-se também mais exigentes quanto a sua capacidade de
influenciar a atuação das empresas nas quais participavam, principalmente como forma
de garantir o melhor retorno a seus investimentos. Esse é o contexto que alavancou o
movimento recente pela melhoria da governança corporativa.
Dentro de uma perspectiva histórica, foi a percepção dos problemas que a diferença de
interesses, propensão a risco e motivações entre proprietários e gestores traziam para
a empresa, já na década de 30, que motivou a busca de medidas para contornar essas
diferenças. Resulta que, desde então, o objetivo principal da governança corporativa
passou a ser associado a formas de assegurar que os executivos persigam os objetivos
determinados pelos acionistas, no denominado problema de agência.
As denominadas “boas práticas” de governança corporativa passaram a ser perseguidas
e exigidas, principalmente, pelos investidores institucionais, vistas como uma forma do
investidor recuperar seu poder na organização. Estudos posteriores, que mostravam um
valor de mercado superior às empresas que adotavam essas práticas, trouxeram grande
contribuição para que se multiplicasse a adoção da governança.
Atualmente, é claro que nem todos os mercados têm esse problema de fragmentação
do controle, sendo que o problema de agência ocorre principalmente entre acionistas
controladores e minoritários. As pesquisas sobre governança têm, então, se orientado
para propor soluções a questões mais abrangentes, resultantes das interações entre
os grupos de influência sobre a organização – proprietários, gestores, e conselhos, e a
forma como o poder é compartilhado e as decisões são tomadas, inclusive quanto aos
aspectos de prestação de contas, transparência, representatividade, direitos e equidade.
121
O impacto positivo das boas práticas de governança nas empresas de capital aberto
atraiu o interesse de outras organizações que, mesmo não dependendo fundamental-
mente de investidores, tinham também arranjos vinculando propriedade e gestão e
podiam se beneficiar do referencial teórico-prático construído. Empresas estatais, fami-
liares, organizações sem fins lucrativos, clubes de futebol, fundos de pensão e cooperati-
vas são exemplos de contextos nos quais os mecanismos de controle externo e interno,
alinhamento de interesse e redução de custos de agência vêm sendo adotados.
Dentre os diversos mecanismos utilizados para a melhoria da governança, aquele de
maior convergência é, certamente, o conselho de administração (CA). Escolhidos pelas
assembleias de proprietários ou acordos de acionistas, os membros do conselho de ad-
ministração representam a interligação entre os acionistas e os gestores, acompanhan-
do de forma mais próxima o dia a dia da empresa. Além de concentrar o interesse de
grupos dispersos de acionistas, tem como dever fiduciário buscar o melhor desempe-
nho da empresa. Entretanto, seu papel nem sempre é claro, o que impacta tanto em sua
atuação como obviamente nas formas de avaliar sua contribuição.
Sua constituição legal varia para cada tipo de organização, reflexo da premissa dos legis-
ladores sobre seu papel esperado. Neste artigo tomamos como objeto as cooperativas
de crédito no Brasil, para verificar como é exercido o papel do conselho de administra-
ção. A importância desse segmento se justifica não apenas por uma crescente participa-
ção no sistema financeiro nacional, como também por ser, muitas vezes, o veículo único
de acesso de comunidades a esse sistema. Do ponto de vista da governança, por ser
uma organização autogerida, atuando em um mercado competitivo, compreender suas
práticas de gestão e propor melhorias pode trazer benefícios tanto para essas organiza-
ções quanto para diversos outros segmentos, para os quais há ainda poucos referenciais
específicos sobre governança.
O referencial utilizado na pesquisa tomou por base a taxonomia, proposta por Hung
(1998) para os papéis do conselho. Na segunda parte, apresentamos o referencial te-
órico utilizado para construir o modelo de análise. A seguir, o contexto e as questões
da governança das cooperativas de crédito são apresentados. A quarta parte detalha a
metodologia e os resultados da pesquisa, incluindo avaliações desses resultados frente
ao referencial teórico. Nas considerações finais são propostos desdobramentos para me-
lhoria do modelo de governança das cooperativas de crédito, tendo como base o papel
do conselho de administração.
1. Segundo Ventura et al. (2009), o conselheiro pode exercer outra atividade fora
da cooperativa, o que certamente agregará conhecimento e ampliará sua capa-
cidade de atuação como conselheiro. Sobre as experiências profissionais que
um conselheiro deve ter, leia as afirmações e assinale a alternativa correta:
I. Experiência na participação de outros conselhos.
II. Como executivo.
III. Em gestão de mudanças.
IV. Gestão de pessoas.
V. Controle de riscos.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas.
2. A orientação de número ímpar de membros é para se evitar o “voto de minerva”
do presidente em votações divergentes. Considerando o conhecimento adquiri-
do na disciplina Governança Corporativa em Cooperativas, marque a quantida-
de de membros que um Conselho de Administração deve ter como melhor
prática.
a) Ter no mínimo três e no máximo onze.
b) Ter no mínimo cinco e no máximo onze.
c) Ter no mínimo cinco e no máximo vinte.
d) Ter no mínimo três e no máximo quatorze.
e) Ter no mínimo três e no máximo quinze.
3. Andrade e Rossetti (2007) descrevem sete objetivos centrais de um conselho
efetivo que adota as boas práticas de governança. De acordo com o material
didático, cite os sete objetivos centrais e descreva-os.
123
Cadernos de Governança
Caderno de Boas Práticas para Reuniões do Conselho de Administração. Lançado pelo IBGC em
2010 trata de procedimentos para as etapas antes, durante e depois da reunião do Conselho. Vale
a pena fazer download e sempre que necessário consultá-lo.
Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/index.php/publicacoescadernos-de-governanca>.
Material Complementar
126
REFERÊNCIAS
IV
UNIDADE
GESTÃO EXECUTIVA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Estudar as atribuições da Diretoria Executiva e seu relacionamento
com as partes interessadas.
■■ Evidenciar o papel do Executivo Principal como responsável por
comunicar, de forma transparente e equânime, as informações às
partes interessadas.
■■ Compreender a importância dos sistemas de controles internos como
atitude preventiva.
■■ Cumprir e fazer cumprir os códigos aprovados pelo conselho de
administração.
■■ Elencar as responsabilidades da diretoria executiva quanto à gestão
de recursos humanos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Diretoria Executiva
■■ Transparência (Disclosure)
■■ Controles Internos
■■ Código de Ética e de Conduta
■■ Gestão de Recursos Humanos
131
INTRODUÇÃO
Introdução
132 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIRETORIA EXECUTIVA
Caro(a) aluno(a), a gestão executiva atua como “órgão realizador”, ou seja, sua
atuação é mais voltada para o curto prazo. Na Governança Corporativa, deve
haver um equilíbrio entre a gestão e a estratégia, para se atingir a qualidade dese-
jada. Dessa forma, Raso (2014, p. 244) explica que é “fundamental uma gestão
competente e alinhada, além do bom desempenho dos órgãos de controle”.
A diretoria executiva, ou seja, a gestão, é responsável pelo Plano de Negócios,
bem como do detalhamento do processo de execução da estratégia, em conso-
nância com as diretrizes recebidas do Conselho de Administração. A diretoria
executiva é a responsável pela preservação dos valores da organização, com atu-
ação ética e transparente. Carnevalli-Filho (2014, p. 77) diz que “em governança,
quando se fala em gestão, a palavra-chave é alinhamento.” Salienta ainda que ali-
nhar pessoas é um grande desafio.
A área de recursos humanos deve ser acompanhada pelo diretor principal,
e o desenvolvimento organizacional voltar-se mais às pessoas que aos proces-
sos. Dessa forma, o processo de governança corporativa cumprirá seu papel de
apoiar o crescimento da organização com a participação das pessoas.
Convido você, caro(a) aluno(a), a aprofundar-se nos estudos sobre gover-
nança corporativa, tema tão atual nas organizações.
GESTÃO EXECUTIVA
133
Diretoria Executiva
134 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Coordenar tecnicamente as estratégias de negócios junto às equipes, em
busca do melhor atendimento ao cooperado.
■■ Acompanhar os resultados e as necessidades de treinamento e desenvol-
vimento das equipes.
Todos os diretores têm responsabilidades por atos praticados na gestão, seja por
culpa, dolo ou omissão. E, ainda, cabe a estes “representar a sociedade, zelar por
seus valores e promover o objeto social dentro das regras estabelecidas pelo esta-
tuto e políticas internas” (SILVEIRA, 2014, p. 86).
Contudo, na diretoria executiva, o papel do executivo principal é de extrema
relevância, pois ele capitaneia as ações de toda a diretoria e ainda presta con-
tas ao Conselho de Administração. “O executivo principal, em conjunto com os
outros executivos e demais áreas da cooperativa, é responsável pela elaboração
e implementação de todos os processos operacionais e financeiros após a apro-
vação do CA” (IBGC, 2015, p. 65-66).
Logo, os membros que compõem a diretoria executiva devem estar aptos
para o exercício do cargo, conhecer profundamente sobre cooperativismo e ter
dedicação em tempo integral à função. Evidenciam Ventura et al. (2009, p. 180)
que “os administradores com funções executivas, responsáveis que são pela ges-
tão operacional, devem dedicar tempo integral às atividades da cooperativa”.
Ressaltamos a importância de que esses administradores tenham capacidade téc-
nica e gerencial, de acordo com as exigências da função e suas complexidades. A coesão
entre os membros da diretoria é fundamental para a boa governança, daí a indicação
de que as decisões de maior relevância sejam sempre tomadas de forma colegiada.
GESTÃO EXECUTIVA
135
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Partes interessadas são todas pessoas ou entidades que se relacionam com a coo-
perativa de alguma forma. Podemos citar os cooperados, empregados, clientes,
fornecedores, credores, órgãos reguladores, governos e a comunidade em geral.
Certamente há várias outras partes que travam relacionamento com a cooperativa.
É de responsabilidade do executivo principal e dos demais executivos “garan-
tir um relacionamento transparente e de longo prazo com as partes interessadas
e definir a estratégia de comunicação com esses públicos” (IBGC, 2015, p. 66).
Destacamos ainda o respeito aos princípios éticos nas relações com as par-
tes interessadas, o que, de acordo com Fontes Filho e Brostein (2014, p. 39),
“promove a redução do paternalismo e do clientelismo, na consolidação de um
melhor ambiente empresarial e segurança nas relações de trabalho”.
Diretoria Executiva
136 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Benefícios para fornecedores
Informados sobre o padrão ético das relações, os fornecedores têm maior segurança
para investir em qualidade e eficiência para um cliente. É de responsabilidade da
diretoria executiva divulgar os critérios de decisão de compras da empresa, e as polí-
ticas sobre as quais essas decisões estão pautadas.
Transparência e responsabilidade sócio ambiental são dois pontos impor-
tantes para estabelecer relacionamento comercial. Os gestores devem priorizar
a realização de transações comerciais com empresas que possuem valores pró-
ximos dos valores da cooperativa.
GESTÃO EXECUTIVA
137
Diretoria Executiva
138 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRANSPARÊNCIA (DISCLOSURE)
Desta forma, ser transparente significa informar além daquilo que a legislação exige.
A transparência na comunicação não dá espaço para especulações sobre a empresa
e sua gestão, gera credibilidade junto ao mercado e aos públicos relacionados. No
caso das cooperativas, assim como das demais organizações, é imprescindível que
os gestores estabeleçam uma relação de confiança com os sócios.
É responsabilidade da alta gestão implementar a cultura da transparência
na organização. Na Figura 1, representamos o efeito da informação transparente
sobre a gestão do negócio.
GESTÃO EXECUTIVA
139
Transparência (Disclosure)
140 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
reza e prevalecendo a substância sobre a forma.”
Portanto, a comunicação deve ser realizada de forma equânime, desse modo,
as pessoas com níveis de conhecimento diferentes compreenderão as informações
prestadas. Fatores importantes também a se considerar na comunicação são a qua-
lidade e o equilíbrio; para tanto, é preciso usar de neutralidade, principalmente
se a informação divulgada influenciar nas decisões dos cooperados, por exemplo.
As informações devem ser divulgadas de forma rápida e simultânea a todos
os interessados, e a cooperativa deverá usar de todos os recursos disponíveis para
fazer a informação chegar aos cooperados. Como boa prática, o IBGC (2015, p. 67)
sugere “[...] disponibilizar as informações de caráter público, como as demonstra-
ções financeiras, em local de fácil acesso”, como e-mail ou website da organização.
Assim, observamos que a comunicação, de forma transparente e justa, tem rele-
vância no relacionamento em todas as instâncias na Governança Corporativa.
O executivo principal, além de influenciar a construção da cultura organiza-
cional, faz a “avaliação individual de desempenho e a indicação de novos diretores
para a apreciação do conselho” (SILVEIRA, 2014, p. 87). O relatório anual é uma
forma abrangente para prestação de contas e divulgação de informações para a
sociedade, porém a cooperativa não deve se limitar a apenas essa oportunidade.
GESTÃO EXECUTIVA
141
PADRÕES INTERNACIONAIS
Transparência (Disclosure)
142 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONTROLES INTERNOS
GESTÃO EXECUTIVA
143
Controles Internos
144 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Autorizações eletrônicas ou Estabelece a necessidade de assinatura no
manuais sistema para concretizar uma transação ou
operação.
Conciliação Confronto de informações de diferentes
origens, com o objetivo de averiguar possíveis
inconsistências.
Controle físico Proteção física ou contagem de estoque de
inventários, caixa e equipamentos.
Delimitação de responsabili- Definição de responsabilidades quanto às
dades ações dos gestores.
Disponibilização e padroniza- Comunicação efetiva entre as áreas para que
ção de informação as informações cheguem de forma precisa e
tempestiva.
Execução de plano de contin- Formalização e testes para planos de contin-
gência gências em condições críticas para assegurar
a continuidade de operações que não podem
ser interrompidas.
Manutenção de Registros Manutenção periódica, atualizada e organiza-
da de registros.
Monitoramento ou revisão de Acompanhamento de atividades com o obje-
desempenho tivo de avaliar seu desempenho e antecipar
adequações, se for o caso.
Normatização interna Formalização das normas internas para dar
diretriz as execuções das atividades na organi-
zação.
Processamento de informação Verificação de integridade, precisão e autoriza-
ção nas transações.
GESTÃO EXECUTIVA
145
Controles Internos
146 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Na Alemanha, as cooperativas de crédito usam os controles como forma de
minimizar os riscos. Como regra, aplica-se a prática do princípio dos “quatro
olhos”, ou seja, segregação das várias funções, verificações cruzadas, duplo
controle de ativos, duplas assinaturas, entre outros (SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO, 2016). Você acredita que esse prin-
cípio contribui para gerar credibilidade às organizações?
GESTÃO EXECUTIVA
147
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
os princípios e as políticas estabelecidas pelo Conselho de Administração, pois
este colegiado é que aprovará o referido código.
De acordo com o IBGC(2015, p. 83), nas cooperativas em geral, “o código deve
refletir adequadamente a cultura da cooperativa e os princípios cooperativistas.”
Nele, devem constar caminhos para a resolução de conflitos - principalmente de
ordem ética - e disponibilizar caminhos para comunicação, como a ouvidoria.
Podemos dizer que os aspectos éticos pautam a conduta das pessoas em uma
organização. Desta forma, compreendemos que o código deverá trazer indica-
ção de condutas éticas para todas as partes relacionadas à organização.
Apresentamos, a seguir, os principais temas que devem compor o Código
de Ética e Conduta:
■■ Os valores e princípios organizacionais deve constar no início, pois ser-
virão de base para as orientações.
■■ Conduta com relação aos colaboradores nas questões de contratação,
demissão, discriminação, tratamento entre chefia e subordinados,
nepotismo, entre outros.
■■ Conduta no relacionamento com o Estado, de acordo com a legislação
vigente e com as políticas fiscal, tributária e trabalhista, regras contra
suborno e corrupção.
GESTÃO EXECUTIVA
149
A conduta ética exige um agente consciente, e o líder deve ser esse agente, pois
seu comportamento refletirá nas atitudes de seus liderados e na preservação dos
valores da organização. Segundo Silveira (2014, p. 143):
[...] assim como as demais políticas corporativas, a implementação efe-
tiva do Código de Ética e Conduta dependerá de uma postura exemplar
das lideranças, bem como de sua participação efetiva na disseminação
e na exigência de seu cumprimento pelos subordinados.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
GESTÃO EXECUTIVA
151
Meinen (2012, p. 199) explica que o modelo ideal em Gestão de Pessoas nas coo-
perativas é “instituir políticas de gestão de pessoas que permitam atrair e reter
bons profissionais, e mantê-los em sintonia com os objetivos da organização.”
O autor ainda salienta que algumas práticas são consideradas “virtuosas” para
se atingir o modelo ideal. Dentre elas, destacamos:
a. Contratação e retenção de pessoas com bom relacionamento interpessoal.
b. Área de Gestão de Pessoas composta por pessoas qualificadas e conhe-
cedoras do modelo de negócio cooperativo.
c. Instituição de plano de cargos e salários, com premiações, benefícios e
incentivos de longo prazo.
d. Capacitação e desenvolvimento para os funcionários, diretores e dirigentes.
e. Plano de metas estrategicamente elaborado com incentivos por mérito.
Silveira (2014, p. 60) destaca que existem “três fatores principais relaciona-
dos ao contexto social que ativam a consciência das pessoas, induzindo a um
comportamento mais cooperativo e orientado para o interesse coletivo”:
■■ Os ensinamentos e os exemplos dos líderes.
■■ A perspectiva da atitude os outros nas mesmas circunstâncias.
■■ A compreensão dos efeitos de suas ações sobre os outros membros da
organização.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As citações anteriores evidenciam que a organização, sob o comando do exe-
cutivo principal, deve adotar práticas de governança que reforcem a tomada de
consciência das pessoas nas condutas diárias. Silveira (2014, p. 61) traz como
exemplo “a realização periódica de ações de conscientização, capitaneadas pre-
sencialmente pelas principais lideranças da empresa.” Além disso, orienta “a
promoção de encontros periódicos dos administradores com o stakeholders [...]”,
para fomentar a percepção dos resultados de suas decisões.
Como líder, o executivo principal deve fomentar a cooperação entre o time, pois
onde há maior cooperação interna, há também maior oportunidade de crescimento.
GESTÃO EXECUTIVA
153
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
comportamentais. Sua forma de liderança fará toda a diferença no desenvolvi-
mento e na sustentabilidade da organização.
No tópico 2, evidenciamos que os executivos principais, junto aos demais
diretores, devem garantir um relacionamento transparente e de longo prazo
com as partes interessadas, com a aplicação de estratégias e uma comunicação
de qualidade.
Na sequência, trouxemos a importância da área de Controles Internos, como
suporte e diferencial, na prática da Governança Corporativa. Apresentamos sua
função de prevenção às fraudes e erros, e sua contribuição para mitigar eventu-
ais problemas de gestão e conduta.
Examinamos a importância do Código de Ética e Conduta e a necessidade
de que seus valores sejam disseminados a partir da alta gestão, pois só assim ele
será efetivamente aplicado. Neste código, deverá constar também as responsa-
bilidades sociais e ambientais.
Além disso, ressaltamos a importância de políticas bem estruturadas em
Gestão de Recursos Humanos, e o compromisso do principal executivo em
desenvolver e acompanhar essa área, pois as pessoas são fundamentais na sus-
tentabilidade do negócio.
Assim, destacamos que a implantação de um bom sistema de Governança
Corporativa é relevante na sinalização de valores de uma organização junto
aos seus públicos. Entretanto, são as pessoas que transformam esses valores em
virtudes.
GESTÃO EXECUTIVA
155
A cultura organizacional
Cultura organizacional significa o conjunto de valores, crenças e normas adotadas nas
organizações. A cultura organizacional exerce grande influência no dia a dia da empresa
e em seus resultados, pois afeta o ambiente interno e externo. Entendemos que a cultu-
ra é dinâmica quando utilizada como mecanismo de adaptação nas organizações.
Para Maximiano (2009, p. 312), a compreensão da cultura organizacional exige “distin-
guir os componentes que são observáveis diretamente daqueles que requerem exame
aprofundado.” Essa afirmação vai ao encontro da ideia de que a cultura organizacional
é dividida em níveis; valores e crenças; histórias, mitos e heróis; artefatos, linguagem e
hábitos.
Assim, evidenciamos que na cultura organizacional há preceitos visíveis ou ocultos. Os
preceitos visíveis são orientados pelo aspecto organizacional já os preceitos ocultos são
direcionados pela emoção e relações humanas.
A cultura organizacional delimita as regras de como fazer e define as premissas dos pro-
cessos administrativos e operacionais; porém, é necessário que indicadores analisem a
estratégia adotada. Além disso, ela é dinâmica, ou seja, modifica-se o tempo todo.
Alguns autores afirmam que a cultura organizacional pode desenvolver disfunções, que
são consideradas desvios no comportamento coletivo. Entre essas disfunções, Maximia-
no destaca o particularismo, a satisfação dos interesses pessoais, o excesso de regras,
hierarquia, individualismo e o mecanismo.
A gestão humanizada
Se não considerarmos que as relações são a maior riqueza, iremos gerar inúmeros pro-
blemas nas organizações. Acreditamos na necessidade de trabalhar com amor e por
amor; acreditar que o sucesso é consequência. Logo, destacamos que a necessidade de
humanizar as relações entre gestor e subordinados é imperiosa na atualidade.
A prática da gestão humanizada demanda do gestor habilidades na gestão dos con-
flitos e dos relacionamentos interpessoais, pois atua junto a times com diversidade de
gerações e crenças. Dessa forma, o gestor deve desenvolver-se e aprender a lidar com
seus anseios e objetivos, alinhados aos da empresa e, consequentemente, ao de cada
membro do time sob sua gestão. Para uma gestão humanizada, é preciso romper com o
preconceito e aprender a colocar-se no lugar do outro.
O trabalho com cooperação e canais de comunicação simples e abertos proporcionam
um ambiente de escuta assertiva, o que leva ao bom desempenho e ao equilíbrio nas
relações interpessoais na empresa.
Fonte: adaptado de Dobis (2016, p. 10-17).
156
1. O IBGC (2015, p. 65) afirma que o principal executivo “atua como elo entre a Ges-
tão e o Conselho de Administração.” Com base nos estudos realizados, assina-
le as alternativas que correspondem às atribuições do principal executivo.
I. Elaborar e encaminhar ao Conselho de Administração, para apreciação, o plano
de trabalho anual e propostas orçamentárias.
II. Assegurar a implantação do planejamento estratégico, financeiro e de investi-
mentos da Cooperativa, além de acompanhar a sua execução.
III. Representar a Cooperativa, ativa ou passivamente, em juízo ou fora dele.
IV. Votar o plano estratégico definido pelo conselho.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I, II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
2. É responsabilidade da alta gestão implementar a cultura da transparência na or-
ganização. De acordo com Borgerth (2014, p. 101) a informação de forma trans-
parente sobre a gestão gera efeitos positivos na empresa. Apresentamos, a seguir,
alguns efeitos positivos ocasionados pela transparência na comunicação nas orga-
nizações. Assim, leia as afirmações e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) Melhor aproveitamento das oportunidades.
( ) Melhor controle de riscos.
( ) Gestão mais eficiente.
( ) Mais poder para o principal executivo.
( ) Melhor conhecimento do negócio.
157
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://pertencer.sicredi.com.br/home>. Acesso em: 25 mai. 2017.
161
REFERÊNCIAS
GABARITO
FISCALIZAÇÃO E
V
UNIDADE
COMPLIANCE
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar sua composição, atribuições e atividades pertinentes ao
órgão.
■■ Conhecer as características das auditorias interna e independente, e
o escopo de trabalho de ambas.
■■ Compreender a influência do compliance no equilíbrio entre o
desempenho e a conformidade com as obrigações da organização.
■■ Aprender que, nos relacionamentos entre as partes relacionadas,
deve-se evitar o conflito de interesses, com a prática do princípio da
equidade.
■■ Identificar a exposição ao risco financeiro ou de imagem, bem como
compreender a necessidade de escolhas estratégicas em prol da
perenidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Conselho Fiscal
■■ Auditoria
■■ Compliance
■■ Conflito de Interesses
■■ Gerenciamento de Risco e Sustentabilidade
165
INTRODUÇÃO
Introdução
166 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSELHO FISCAL
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
167
Conselho Fiscal
168 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO FISCAL
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
169
Conselho Fiscal
170 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
selheiros as solicitações e providencia a remessa de material, passagens, estadias
e prestações de contas; minuta as atas e as distribui.”
Lamb (2014, p. 201) esclarece que “a atuação competente exige a busca de fami-
liaridade com os negócios, do maior número e qualidade de informações e de
capacidade instrumental para análise crítica.” O autor salienta ainda que a matu-
ridade, o preparo para atuar com bom senso, conhecimento e diplomacia são
fundamentais para o exercício do posto de conselheiro fiscal, devido à ampli-
tude das relações no ambiente societário.
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
171
Nas cooperativas em geral, de acordo com a Lei 5.764 (BRASIL, 1971, art. 56),
os membros do conselho fiscal são eleitos anualmente. Já nas cooperativas
de crédito, a Lei Complementar 130 (BRASIL, 2009, art. 6) estabelece que “o
mandato dos membros do conselho fiscal das cooperativas de crédito terá
duração de até 3 (três) anos”. Desta forma, nas cooperativas de crédito, o
prazo será fixado no estatuto social em assembleia geral.
Fonte: BRASIL (1971).
Conselho Fiscal
172 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AUDITORIA
Essa atuação gera confiança para aqueles que não estão no dia a dia da gestão,
mas que investem seus recursos financeiros na organização, pois a auditoria se
desenvolveu ao longo do tempo, passou de uma atuação voltada à área contábil,
para a revisão de processos e a identificação de fraudes ou erros.
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
173
AUDITORIA INTERNA
Auditoria
174 UNIDADE V
AUDITORIA INDEPENDENTE
De acordo com o IBGC (2015, p. 73), “toda organização deve ter suas demons-
trações financeiras auditadas por auditor externo independente.” No caso das
companhias e cooperativas, cujo direito de propriedade é pulverizado e a ges-
tão é delegada a terceiros, dependem fortemente de controle e monitoramento
externos para garantir a segurança do negócio.
O Conselho de Administração, junto ao Comitê de Auditoria, definem em
conjunto com os auditores independentes o plano de trabalho, bem como os hono-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rários a serem pagos. É recomendável que a renovação com a empresa de auditoria
passe pelo crivo do conselho de administração, e que a empresa de auditoria con-
tratada garanta “a rotação dos profissionais-chave da equipe” (IBGC, 2015, p. 75).
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
175
Auditoria
176 UNIDADE V
PARECER DA AUDITORIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e a opinião do auditor emitida e, por consequência,
a responsabilidade assumida” (IBGC, 2015, p. 74). O
relatório concluído pela auditoria externa será levado
ao conhecimento do Conselho de Administração, do
Conselho Fiscal e da Assembleia Geral dos sócios.
A NPA 01 - Norma de Procedimento de Auditoria 01,
do IBRACON, estabelece que:
O parecer emitido pelo auditor independente compõe-se, basicamente,
de três parágrafos, como se segue:
A legislação sobre as sociedades por ações, em seu artigo 177, § 3º diz: “as
demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigato-
riamente submetidas a auditoria por auditores independentes nela regis-
trados.”
Fonte: BRASIL (1976).
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
177
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
COMPLIANCE
Silveira (2014, p. 109) esclarece que, embora o Compliance pareça “uma expressão
complicada”, ela traz em sua essência uma explicação bastante simples. O autor
explica que a expressão “tomou corpo nos últimos anos no mundo empresarial
[...]. Trata-se da conformidade da organização a normas externas e internas, tais
como leis, regulamentações e políticas corporativas.”
O compliance é um dos pilares da Governança Corporativa, e mitiga riscos
sobre imagem, reputação, receita, investimento, além de evidenciar a consciên-
cia social da organização. Desde 2002, a Lei Sarbanes-Oxley, nos Estados Unidos,
conferiu ao Compliance maior importância, a partir do momento que diversas
companhias implementaram áreas de procedimentos para cumprir as exigên-
cias legais. Silveira (2014, p. 109) aponta que:
Com o tempo, muitas outras regulamentações nacionais e internacio-
nais – relativas a assuntos como corrupção, lavagem de dinheiro, meio
ambiente, insider trading, impostos etc. – começaram a exigir progra-
mas específicos para essa finalidade.
Compliance
178 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
empresas, a fim de reduzir os passivos legais. A partir dessa lei, as companhias
e seus administradores passam a responder legalmente por atividades ilícitas,
mesmo que “a violação tenha ocorrido sem intenção ou conhecimento de sua
cúpula administrativa” (SILVEIRA, 2014, p. 109).
No Brasil, o maior número de organizações que adotam mecanismos de pre-
venção, detecção e solução de não conformidades são as instituições financeiras,
por exigência do Banco Central. Nesse grupo estão as cooperativas de crédito.
Nessas organizações, o compliance é integrado à auditoria interna, tendo como
parâmetros os valores e os objetivos dos cooperados (sócios).
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
179
INFLUÊNCIA DO COMPLIANCE
sua vez, respondem pelos atos civil e criminalmente, e perdem sua reputação
junto ao mercado de trabalho.
Assim, a atuação fora do marco regulatório e da ética proporciona mudan-
ças estruturais nas companhias, tais como responsabilização e substituição dos
executivos-chave.
Silveira (2014, p. 110) esclarece que a Siemens, empresa Alemã, após um
escândalo de pagamentos de propinas para obter contratos em países emergentes,
implementou um programa amplo de compliance, e incluiu na política de remu-
neração variável dos principais executivos “métricas relativas ao compliance.”
Compliance
180 UNIDADE V
ETAPA DESCRIÇÃO
Identificar os principais Selecionar a legislação pertinente ao negócio e conhecer
regulamentos aplicáveis. profundamente as que devem ser cumpridas.
Elaborar as diretrizes, políti- Criar documentos como código de ética e conduta, que se-
cas e normas internas. jam em linguagem simples e integradas ao cotidiano dos
colaboradores, sem burocracias, para uma maior adesão.
Estruturar a área de Com- Definir executivo responsável pela área e alocar recursos
pliance na organização. humanos, financeiros e tecnológicos compatíveis com a
importância do tema na empresa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Avaliar os principais riscos e Identificar as áreas, funções e unidades sujeitas a riscos
ameaças de não conformi- mais relevantes de não conformidade e realizar treinamen-
dade. tos mais específicos e de maior profundidade.
Implantar ações de treina- Treinamento para os executivos e colaboradores para
mento, conscientização e comunicar as políticas vigentes, importância, penalida-
comunicação. des para o não cumprimento e relação com os valores da
empresa. Estabelecer canal permanente para esclarecer
dúvidas sobre as políticas corporativas.
Criar canal de denúncias. Os funcionários e outras partes interessadas poderão
reportar violações e práticas não conformes. O canal deve
assegurar proteção e investigação independente. Ouvi-
doria para sugestões e críticas dos clientes. Informar os
reguladores sobre não conformidades apuradas.
Monitorar de forma peri- Realizar auditoria independente, principalmente nas ativi-
ódica e independente as dades de maior risco.
práticas adotadas.
Documentar as atividades Registrar e guardar documentos como atas de comitês,
de Compliance. treinamentos, denúncias, investigações, auditorias e pe-
nalidades. Gerir as normas, políticas e regulamentos, bem
como sua atualização e divulgação.
Incorporar o Compliance na Integrar o Compliance a avaliação de desempenho dos
avaliação dos executivos. executivos, e, consequentemente, na remuneração variá-
vel e promoção na carreira.
Criar indicadores para a Relatórios que possam munir de informações o conselho
avaliação do programa de e a diretoria quanto ao programa de Compliance. Entre os
Compliance. parâmetros, destacam-se o número de treinamentos e de
denúncias, resultado das investigações e ações tomadas.
Fonte: Silveira (2014, p. 111-112).
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
181
Compliance
182 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONFLITO DE INTERESSES
Para Silveira (2014, p. 28), conflito de interesses “é a questão central que moti-
vou inicialmente os debates sobre Governança Corporativa.” Sua ocorrência se
dá quando uma pessoa envolvida em uma decisão possui interesses próprios, os
quais divergem do interesse coletivo.
Os interesses próprios podem ser de natureza financeira ou qualquer outro
tipo de vantagem. Por exemplo, se um conselheiro avalia a contratação de um
parente para um cargo ou prestação de serviço para a organização. Silveira
adverte que, ainda que essa contratação esteja embasada em regras de mercado,
sem qualquer benefício a mais, nessa situação específica, o conselheiro agiria
com conflito de interesses.
Para Silveira (2014), os conflitos de interesses aparecem nas esferas da
Assembleia Geral de sócios, do Conselho de Administração e na Diretoria
Executiva nas companhias. Dessa forma, eles aparecem nas três principais esfe-
ras, sobre as quais detalhamos no quadro a seguir:
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
183
Conflito de Interesses
184 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dirigentes serão responsabilizados.
Já nas empresas de capital aberto, quando a gestão é exercida por um agente
não-especializado e surgem problemas de ineficiência, tais problemas são detec-
tados pelo mercado. Como ocorrem esses conflitos? O IBGC (2015), em seu
“Guia das Melhores Práticas de Governança em Cooperativas”, ressalta que tais
conflitos ocorrem quando alguém não é independente em relação à matéria em
discussão, e pode influenciar ou tomar decisões motivadas por interesses dis-
tintos daqueles da cooperativa. O conflito de interesse pode ser direto, indireto
ou condicionado. Veja a definição a seguir:
■■ Direto: quando um membro da administração decide ou vota em fun-
ção de vantagens próprias e não objetiva o melhor para a cooperativa.
■■ Indireto: quando a posição ou voto do membro da administração é voltada
ao interesse de grupo de cooperados, de concorrentes, clientes, fornece-
dores e outros e não do todo.
■■ Condicionado: quando o membro da administração influencia o voto
dos demais, em virtude de sua liderança, levando o grupo a votar contra
os interesses da organização.
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
185
Conflito de Interesses
186 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Silveira (2014, p. 140-141).
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Há várias alternativas quando se tratar da parte operacional para a criação de
uma estrutura de gerenciamento de riscos, dependendo do nível de complexidade
das operações da empresa. Contudo, é no âmbito do Conselho de Administração
que a estratégia do gerenciamento de risco é definida, para garantir a vincula-
ção à estratégia da organização:
O conselho de administração deve ser o responsável por determinar
os objetivos estratégicos e o perfil de riscos da organização. Definir seu
perfil consiste em identificar o grau de apetite a riscos da organização,
bem como as faixas de tolerância a desvios em relação aos níveis de
riscos determinados como aceitáveis (IBGC, 2007c, p. 30).
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Gerenciamento de Riscos “não deve ser visto como algo frio e burocrático,
mas como um item fundamental para o sucesso da organização”.
(Alexandre Di Miceli da Silveira)
O IBGC (2007c, p. 29) aponta cinco “dimensões distintas que devem girar em
torno e se condicionar aos objetivos estratégicos e metas de desempenho da
organização.”
1. Processos Críticos: consiste em identificar os processos que geram ris-
cos e como mitigá-los.
2. Governança de Gerenciamento de Riscos: consiste em definir as alçadas
e as políticas para tomada de decisão quanto ao gerenciamento de riscos.
3. Organização e Pessoas: consiste em avaliar o modelo organizacional e se
as pessoas são capacitadas para atuar na mitigação dos riscos.
4. Sistemas de Controle: consiste em avaliar se os controles, o sistema de TI
(Tecnologia da Informação) e os relatórios são adequados.
5. Comunicação: consiste em averiguar se a comunicação com as partes
relacionadas é adequada, se os valores estão alinhados ao perfil do risco.
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
191
Coimbra (2014, p. 173) revela que “governança corporativa e gestão de riscos são
dois temas indissociáveis, que estarão cada vez mais interligados.” Concluímos
que Governança Corporativa e Risco estão interligados, e que a gestão de risco
efetiva demanda uma responsabilidade para o Conselho de Administração (CA).
Pensar em gestão de risco e debater sobre o tema no contexto da Governança
certamente impulsiona a atuação do CA, e contribui para a perenidade das orga-
nizações e a compreensão de valor pelas partes interessadas.
A ideia anterior nos remete ao tema Sustentabilidade, que, além de influen-
ciar sobremaneira o gerenciamento de risco, trata dos valores não financeiros
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SUSTENTABILIDADE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de substâncias da natureza e com substâncias que são produzidas e descartadas,
além de enfraquecer o sistema biológico e sua sustentação, tirando das pessoas
sua capacidade de sustentação.
Uma atuação não sustentável hoje significa a perda de capacidade de satis-
fazer as necessidades humanas no futuro. Desse modo, precisamos desenvolver
um modelo econômico que garanta equilíbrio e perenidade.
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
193
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com base no IBGC (2007b), apresentamos uma estrutura de matriz (Quadro 3),
cuja correlação entre sustentabilidade e fatores de sucesso serve também para
análise econômico-financeira de investimento ou não.
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
195
acesso ao
mercado
Eficiência e
eficácia de
custos e pro-
TANGÍVEL
dutividade
Gestão de
ativos
Acesso ao
capital (in-
vestimentos)
Gestão de
riscos
Licença para
operar
Capital hu-
INTANGÍVEL
mano
Gestão de
ativos
Marca
Reputação
Fonte: IBGC (2007b, p. 21).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
função de sua postura frente a estímulos externos (legislação e regulamenta-
ção vigente) e internos (integração à estratégia ou aos princípios e propósito da
empresa)”, podemos citar cinco destes estágios:
■■ Pré-cumprimento legal: momento em que a organização busca os lucros
a qualquer custo, ignora o tema sustentabilidade e entende as exigências
como custos adicionais.
■■ Cumprimento legal: neste contexto, a empresa gerencia seus passivos
e obedece às exigências legais (trabalhistas, ambientais e saúde). Ações
sócio ambientais são consideradas custos e sustentabilidade é usada ape-
nas como discurso.
■■ Além do cumprimento legal: organização percebe que pode ter economia
financeira e redução de riscos nas operações com ações de ecoeficiên-
cia, e ainda agregar valor com a melhoria na reputação. Contudo, as
ações de sustentabilidade estão restritas a alguns departamentos, não são
institucionalizadas.
■■ Estratégia integrada: aqui, há uma redefinição da marca e dos valores da
organização. Sustentabilidade é vista como investimento e oportunidade
de desenvolver produtos e serviços limpos. Sustentabilidade integrada a
estratégia tendo o CA como seu guardião.
■■ Propósito e paixão: sustentabilidade se torna filosofia, e a empresa compre-
ende seu lugar no mundo. As iniciativas de sustentabilidade emanam do CA.
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
197
A mudança de estágio nas organizações pode ser influenciada por diversos fato-
res. Entre eles, destacamos a pressão regulatória, crise de imagem, redução de
custo de produção, oportunidades de negócios (novos mercados, por exemplo),
gestão de risco, valor de mercado e líder com propósito (fundador/presidente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do conselho ou diretor-presidente).
Ressaltamos que as organizações estão no estágio estratégia integrada por-
que adotam práticas de sustentabilidade em busca do sucesso. Já as que estão
no estágio propósito e paixão têm sucesso porque adotaram as práticas de sus-
tentabilidade (IBGC, 2007b).
Na definição institucional, a missão e a visão de futuro da organização devem
expressar formalmente o conceito de sustentabilidade. Além disso, a declaração
formal dos valores organizacionais e o código de conduta devem ser norteadores
para a administração e meio de comunicação para a sociedade sobre a adoção
dos princípios da sustentabilidade.
As definições sobre sustentabilidade contidas na missão, visão e valores
devem ser estrategicamente orientadas como prioritárias. Em caso de fusões,
aquisições ou incorporações, deve-se assegurar as práticas sustentáveis na nova
formação organizacional. A sustentabilidade deve estar em conexão com a estra-
tégia: “desde a fase de projeto ou especificação dos produtos ou serviços, permite
o aproveitamento de oportunidades, visando impacto no valor econômico de
longo prazo da organização” (IBGC, 2007b, p. 26).
As diretrizes estratégicas irão converter-se em operações de negócios e estes,
de acordo com o IBGC (2007b, p. 27), estabelecem que:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
capitais nas organizações estão apoiadas em conceitos de sustentabilidade. Os
stakeholders influenciam sobremaneira a estratégia adotada e o comportamento
das empresas. Como falamos no início do tema sustentabilidade, os três apoios
- financeiro, social e ambiental - estão descritos no conceito Triple Bottom Line,
que consiste na “interação entre os resultados financeiros, ambientais e sociais
na mensuração do desempenho corporativo” (LEMME, 2010, p. 39).
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
199
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No tópico 1, foi possível aprofundar seus estudos sobre o Conselho Fiscal,
sua composição, atribuições e atividades. Vimos que o CF pode solicitar esclare-
cimentos a qualquer tempo, desde que sejam relativos à sua função fiscalizadora.
No tópico 2, conhecemos as características das auditorias interna e inde-
pendente, seu escopo de trabalho e atribuições. Percebemos que, embora sua
atuação seja de fiscalização e controle, suas funções são distintas do CF, porém
complementares. As auditorias devem munir o CF de relatórios, pareceres e reco-
mendações para efetuar trabalhos.
Na sequência, trouxemos a influência do Compliance no equilíbrio entre o
desempenho e a conformidade com as obrigações da organização, além da impor-
tância do atendimento aos marcos legais e normativos internos.
Além disso, no tópico 4, falamos sobre conflito de interesses, como ele afeta
as decisões do administrador e qual a postura que deverá ser adotada pelos admi-
nistradores (diretores e conselheiros), para evitar que os conflitos de interesses
lhes causem problemas de ordem ética e legal.
No tópico 5, o tema estudado foi gerenciamento de risco e sustentabilidade,
temas esses que têm demandado significativos investimentos por parte das orga-
nizações, para que seu valor financeiro e valor de imagem sejam ampliados.
Monitorar a exposição ao risco financeiro ou de imagem, e fazer escolhas
estratégicas que suportem a continuidade da organização, é o grande desafio
hoje para os administradores.
FISCALIZAÇÃO E COMPLIANCE
201
Lembramos que o administrador não responde por atos regulares de sua gestão, pra-
ticados no limite de suas atribuições, sem violação da lei ou previsto no estatuto. Não
responderá também por atos de terceiros, exceto se for conivente. Para se resguardar,
orientamos o devido registro em ata de sua divergência em decisões tomadas pelo ór-
gão colegiado. Se não for possível o registro em ata, dar conhecimento formal de sua
divergência ao órgão de administração, ao conselho fiscal ou a assembleia geral.
Conforme descrito, percebemos que há diversas implicações em ser um administrador
estatutário ou conselheiro em uma organização. Há muitos riscos envolvidos, com res-
ponsabilização nas esferas civil, administrativa e penal.
Sugerimos conhecer a Lei das Sociedades por Ações e o Código Civil, e, se possível, ou-
tras leis, regulamentos e o estatuto da organização na qual você atua. Assim, será possí-
vel mitigar seus potenciais passivos pessoais.
Fonte: adaptado de Silveira (2014, p. 88-91).
203
A Corporação - 2003
Sinopse: é um documentário canadense dirigido e produzido por
Jennifer Abbott e Mark Achbar, adaptado do livro de Joel Bakan.
O filme evidencia como empresas mundialmente poderosas se
apresentam para a sociedade e influenciam no comportamento
das pessoas/consumidores.
Comentário: por ser um documentário, seu roteiro é alicerçado
em entrevistas e discursos sobre como determinadas organizações
atuam de forma não ética, visando o lucro a qualquer preço.
Retrata o poder que as grandes corporações possuem e opiniões
sobre como deveriam mudar de atitude.
REFERÊNCIAS ON-LINE
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa jornada. Certamente, você irá comple-
tar seus estudos com pesquisas, livros e outros cursos futuros. Esperamos ter con-
tribuído para a construção da base de seu conhecimento por meio do olhar crítico
sobre o tema da Unidade I, Governança Corporativa, a qual, além de estar na pauta
da alta gestão na atualidade, é também um assunto relevante para todos os demais
colaboradores.
Na Unidade II, falamos sobre as diferenças entre sociedades comerciais e coope-
rativas, seu processo assemblear e a comunicação. Ressaltamos que a Governança
Corporativa deve ser adotada como prioridade na busca do sucesso em qualquer
modelo de organização.
Na Unidade III, apresentamos o modelo de gestão estratégica em Governança Cor-
porativa, com foco no Conselho de Administração.Percebemos que a boa governan-
ça cria valor para todas as partes relacionadas à organização.
Na Unidade IV, o enfoque foi na gestão executiva, nos controles internos, na ética e
na conduta. Compreendemos que o grande desafio para a boa governança é o fator
humano. Desenvolver pessoas é gerar capital humano e intelectual de qualidade.
Na Unidade V, estudamos sobre a fiscalização e compliance. Vimos que a governan-
ça está alicerçada em sólidos princípios e valores, sobre os quais as lideranças de-
vem pautar suas ações.
As organizações devem estabelecer critérios e caminhos próprios para a instalação
da governança corporativa. As teorias apresentadas servem apenas de embasamen-
to e referências.
Acreditamos que com os conhecimentos adquiridos por meio dos estudos dessa
disciplina, você ampliará a sua atuação profissional, pois estará apto a produzir
maior valor agregado ao seu trabalho. Acredite que, ao pôr seus conhecimentos em
prática, você irá obter sucesso e fará a diferença na organização em que atua. Desejo
muito sucesso a você!