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Aqueles que tinham acesso ao governo, à corte, à pessoas influentes na sociedade ou mesmo
aqueles que eram abastados financeiramente faziam parte do grupo hierarquicamente
superior. Assim, as regras sociais, os costumes, a lei, tudo era analisado e disciplinado para
atender a dois grupos distintos: os escravos e os homens livres.
Desta forma, a cultura brasileira foi sedimentada em perpetuar relações hierárquicas que elege
símbolos relacionados com cada parte da pirâmide social.
Tais atitudes são frutos da perpetuação dessa relação hierárquica que gerou tantas distorções
de comportamento que consideramos normais. Na verdade são frutos da mentalidade colonial.
Em verdade, nós cremos que o Brasil é um país igualitário, entretanto, estamos repletos de
exemplos que demonstram nossa dificuldade em pensar e agir dessa maneira. Se olharmos
detalhadamente notaremos que ainda pensamos de forma seletiva. Isto é, a igualdade que
pensamos apenas diz respeito àqueles iguais. Afastamos da aplicação dos benefícios os
diferentes de nós para aplicar-lhes regras distintas.
Assim acontece com as quotas raciais, a quantidade de vagas em empresas, sejam elas
públicas ou privadas, para deficientes físicos, a ascensão profissional da mulher, etc. Essa
igualdade, aqui debatida, deve ser efetiva substancial e materialmente para que de fato tenha
efeito.
CONCLUSÃO
Essa herança, digamos genético-comportamental, acaba por transformar os espaços de
convivência social do Brasil um universo de medo, perigo e insegurança, pois há a consciência
da existência dessa cultura, ao passo que, se por outro lado olharmos para os espaços familiar
e de amizades, se mostram seguros e receptivos.
É imperioso que se busque a libertação dessa herança negativa através do abandono dos
hábitos hierárquicos-coloniais e se apregoe nas diversas instâncias dos relacionamentos do
cotidiano a igualdade para todos, sejam iguais ou desiguais.