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Instituto Politécnico de Saúde do Norte - Escola Superior de Saúde do Vale do Ave

Licenciatura em Enfermagem
Epistemologia da Enfermagem

Teoria das Transições de Afaf Meleis

Joana Silva (nº 24919)


Inês Norte (nº 26388)
Joana Ferreira (nº 26536)
Liliana Carvalho (nº 26185)

Vila Nova de Famalicão


2019
Instituto Politécnico de Saúde do Norte – Escola Superior de Saúde do Vale do Ave
Licenciatura em Enfermagem
2º ano / 2º semestre
Ano letivo 2018/2019

Trabalho apresentado ao curso de Enfermagem do Instituto


Politécnico de Saúde do Norte – Escola Superior de Saúde do
Vale do Ave.

Docente: Professora Doutora Lia Sousa

Discentes: Inês Norte (nº 26388)


Joana Silva (nº 24919)
Joana Ferreira (nº 26536)
Liliana Carvalho (nº 26185)

Vila Nova de Famalicão, Março 2019

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Índice:
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 5
TEORIA DAS TRANSIÇÕES DE AFAF MELEIS ........................................................... 6
CASO CLÍNICO (A) ........................................................................................................ 9
TEORIA DAS TRANSIÇÕES DE AFAF MELEIS EM CORELAÇÃO COM O CASO
CLÍNICO A.................................................................................................................... 10
PROCESSO DE ENFERMAGEM ................................................................................ 13
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 15
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................. 16

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Índice de Ilustrações:
FIGURA 1: TEORIA DAS TRANSIÇÕES DE MELEIS: UMA TEORIA DE MÉDIO ALCANCE ............ 6
FIGURA 2: TEORIA DE MÉDIO ALCANCE DAS TRANSIÇÕES (ADAPTADO DE MELEIS ET AL.,
2010, P.56) ............................................................................................................ 10

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Introdução:

No âmbito da unidade curricular de Epistemologia da Enfermagem do segundo


ano, segundo semestre, da licenciatura de enfermagem da Escola Superior de Saúde
Vale do Ave, no ano letivo 2018/2019, foi-nos proposto a realização de um trabalho em
que o tema principal é Teoria das Transições de Afaf Meleis.
Neste trabalho iremos realizar, uma breve descrição desta teoria e com o auxílio
de um caso clínico (proposto pela professora), vamos preencher a avaliação inicial de
enfermagem, caracterizar a transição vivida pela pessoa descrita no caso clínico e
propor um plano de cuidados de enfermagem para o mesmo, enquadrando e explicando
estes passos na teoria das transições.
A teoria de Afaf Meleis Baseia- se na capacidade de adaptação dos indivíduos,
sobretudo à doença pressupondo um processo de enfermagem.

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Teoria das Transições de Afaf Meleis:

A transição pode ser entendida como a passagem de uma fase da vida, condição
ou estado para outra transição refere-se tanto ao processo como aos resultados de uma
complexa interação entre a pessoa e o ambiente. Pode envolver mais do que uma
pessoa e está embutida no contexto e na situação.
As transições implicam uma mudança na condição de saúde, nos papéis, nas
expectativas ou habilidades requerendo, por parte do indivíduo, a incorporação de
novos conhecimentos, alteração do comportamento e mudança na definição de si no
contexto social.
A transição é um processo que ocorre num período de tempo com fim
identificável.
A transição desenrola-se ao longo de um período de instabilidade, confusões,
stress e termina na fase de estabilidade, mas a imposição de limites temporais à
transição torna-se difícil, uma vez que cada mudança tem que ser integrada numa
pessoa, numa família e num contexto específico.

Figura 1: Teoria das Transições de Meleis: Uma teoria de médio alcance

Considerando que o foco de enfermagem se centra nas respostas que os


indivíduos dão à doença e aos processos de vida, podem ser identificados três domínios
distintos, que compreendem, a natureza da transição (tipos, padrões e propriedades),
as condicionantes facilitadores ou/e inibidores da transição (pessoais, comunidade
e sociedade) e os padrões de resposta (indicadores de processo e indicadores de
resultado) face à transição.

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Segundo (Guimarães & da Silva, 2016), de acordo com a natureza as transições
podem ser: desenvolvimental, onde surge em fases transitórias da vida, são
consideradas normativas, envolvendo estágios do ciclo vital desde do nascimento até à
morte. Situacional, onde assume caracter acidental, são inesperadas, tem
consequências mais dramáticas e perturbadoras do equilíbrio individual e familiar.
Saúde/Doença, a pessoa e a família trilham de um estado de saúde e bem-estar, para
uma situação de doença, na qual a pessoa se depara com alterações súbitas que
provocam sentimento de inadequação perante a nova situação. E por fim,
organizacional, onde estão relacionadas com as mudanças no ambiente que rodeia a
pessoa/família, normalmente, são precipitadas. Por alterações ao nível do contexto
social, político ou económico, ou alterações dentro da organização e dinâmica de um
grupo.
Relativamente aos padrões as transições podem ser simples (uma única
transição) ou múltiplas, sequenciais (onde ocorrem em intervalos de tempo distintos) ou
simultâneas, podem ainda ser relacionadas ou não relacionadas, tudo isto dependo dos
diferentes eventos que a despoletaram. A natureza das transições possui ainda
propriedades que são ainda essenciais às experiências de transição, como a
consciencialização, que se refere à perceção e ao reconhecimento da experiência de
transição, sendo essencial para iniciar a procura de estratégias adaptativas. O individuo
apenas se pode envolver depois de consciencializar-se das mudanças físicas,
emocionais, sociais ou ambientais. O envolvimento onde há o investimento pessoal ou
familiar sobre a transição. A mudança é uma característica clara que se associa à
transição, onde implica uma postura integradora e tenta perceber o significado que a
mudança acarreta. Esta deve ser explorada segundo a sua natureza, expetativas
pessoais, familiares e sociais. Temporalidade, ajuda a compreender qual o sentido
atribuído ao tempo da mudança. Pontos críticos e eventos, estão relacionados com o
aumento da consciencialização da mudança, diferença ou ao aumento do envolvimento
na experiência de transição. Podem por exemplo, estar associados a situações de morte
ou diagnósticos de uma doença crónica. Este ponto critico deve exigir do enfermeiro
uma maior atenção pois corresponde a uma fase de maior vulnerabilidade para a
pessoa.
“Para compreender experiências vivenciadas dos indivíduos durantes as
transições é necessário conhecer os condicionantes pessoais da comunidade e
sociedade os quais podem facilitar ou dificultar o processo para que o individuo alcance
uma transição saudável (Guimarães & da Silva, 2016).”

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Os condicionantes pessoais atribuem significados ao processo de transição que
podem ajudar ou não num processo de transição saudável. As crença e atitudes, quando
o preconceito está associado a uma transição pode influenciar as emoções associadas
a uma transição. Os indivíduos com status socioeconómicos mais baixos têm
ponderação nos sintomas psicológicos e factos que dificultam a transição. A preparação
prévia facilita a transição, pelo contrário a falta desta dificulta a transição. O recurso da
comunidade e as condições sociais podem facultar ou impedir a transição. Para existir
uma transição saudável esta é determinada pelos padrões de resposta que o individuo
dá a este processo. Estão associados a estes padrões de respostas os: indicadores de
processo, pois permitem reconhecer se o individuo se dirige para a saúde e bem-estar
ou para a vulnerabilidade e riscos. Os indicadores de processo compreendem-se na
necessidade de se sentirem ligados à família e amigos, conhecer novas pessoas,
manter o contacto com os já existentes, um clima de entreajuda e cooperação são
indicadores importantes para uma transição saudável. Outros indicadores são: os
contactos pessoais que são a primeira fonte de informação e o sentir uma relação de
confiança com os profissionais de saúde. Os indicadores de resultado, manifesta-se
pela mestria e pela integração da entidade. Referem-se ao domínio de novas
competências e à reformulação de identidade mais fluida e dinâmica. Para cumprir esta
transição com sucesso é necessário desenvolver novas competências. As intervenções
de enfermagem permitem detetar aéreas de ação, a nível da prevenção, promoção,
intervenção e da adesão respondendo assim às necessidades. Com isto permite que
ocorra uma transição positiva, saudável sendo promotora da homeostasia pessoal. É
importante apostar numa enfermagem que englobe estas dimensões, de forma a
aumentar ganhos em saúde (Araújo, 2015).

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Caso clínico (A):

A D.ª Maria tem 53 anos, é casada e tem 2 filhos (de 20 e 18 anos) que ainda
moram com ela. Recentemente, a sua mãe de 77 anos (viúva) começou a esquecer-se
das coisas, a ficar mais agitada e com um comportamento menos adequado nas
atividades básicas e instrumentais de vida diária. A D.ª Maria marcou uma consulta no
neurologista para a mãe, na qual lhe foi diagnosticada Doença de Alzheimer, em estádio
moderado. Como a D.ª Maria é filha única, decidiu juntamente com o marido, que a sua
mãe iria viver com eles.
O nível financeiro da família permite-lhes colocar a senhora num centro de dia
privado, podendo a D.ª Maria continuar a trabalhar. No entanto, as noites são agitadas
e o descanso é complicado devido às alterações psicológicas e comportamentais da
sua mãe.
A D.ª Maria pensa que a mãe “faz algumas coisas de propósito” e que poderia
“ajudar mais”. Inclusivamente, numa noite recente, a D.ª Maria ficou “chocada e triste”
por a mãe a ter tentado agredir. Desde então, cuidar da sua mãe tem sido muito difícil,
tendo mesmo sido equacionado institucionalizar a senhora num lar.
A D.ª Maria nunca tinha cuidado de ninguém e sente-se sozinha e com baixa
capacidade e conhecimento para enfrentar a situação. Decide então pedir ajuda à
enfermeira de família. Esta inicia com ela um programa de capacitação para o papel de
cuidadora familiar.
Desde que terminou o programa e com as visitas periódicas da enfermeira de
família, a D.ª Maria sente-se mais capaz de tomar decisões e de cuidar da mãe. Aos
poucos vai integrando a sua nova vida como cuidadora.

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Teoria das Transições de Afaf Meleis em corelação com o caso clínico A:

Figura 2: Teoria de Médio Alcance das Transições (adaptado de Meleis et al., 2010, p.56)

No caso clínico exposto, o foco de atenção é a vivência do cuidador informal


perante as advertências de saúde expostas, ou seja, face à transição dependência da
pessoa com Doença de Alzheimer (mãe), na globalidade do processo de adaptação à
sua nova condição.
A análise do nosso caso clínico, baseou-se na Teoria das Transições de Afaf
Meleis:

NATUREZA DAS TRANSIÇÕES


• Tipos:
- Situacional: após um comportamento menos adequado da sua
mãe nas atividades básicas e instrumentais de vida diária, juntamente com alterações
psicológicas a D.ª Maria teve que incorporar o papel de cuidadora informal, ou seja, foi
um acontecimento inesperado que mudou a dinâmica e estrutura familiar.

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- Saúde/Doença: a D.ª Maria passou de um estado de saúde e
bem-estar para um de doença (depressão).

• Padrões:
- Múltiplos: não ocorreu apenas uma única transição, mas sim
duas no mesmo momento. Ser cuidadora informal e a depressão.
- Simultâneos: porque ambos os acontecimentos ocorrem ao
mesmo tempo, no mesmo individuo.
- Relacionados: ambos os acontecimentos estão relacionados,
visto que, foi a Doença de Alzheimer da mãe da D.ª Maria que despoletou a depressão
na mesma.

• Propriedades:
- Consciencialização presente: a D.ª Maria teve a autonomia de
recorrer aos cuidados de saúde para pedir auxílio no processo de transição que a sua
mãe está a passar neste momento.
- Envolvimento com a equipa de saúde: a D.ª Maria encontra-se
cooperante com a equipa de saúde, visto que, aderiu a um “programa de capacitação
para o papel de cuidadora familiar”.
- Sentimento de mudança presente: “aos poucos vai integrando a
sua nova vida como cuidadora”.
- Espaço de tempo indefinido: ambas as transições que a D.ª
Maria está a vivenciar não tem termo definido, pois esta só deixará de ser cuidadora
informal quando a sua mãe falecer. E em relação à depressão esta terá que ser
submetida a uma terapia (farmacológica ou não), estando assim sujeita a esse período
de tempo de tratamento.
- Ponto critico: quando a mãe da D.ª Maria começou a ter
comportamentos menos adequados esta ficou “chocada e triste”, foi a partir deste
momento que esta percebeu que teria que mudar algo, ou tomar alguma atitude.

CONDICIONANTES DA TRANSIÇÃO: FACILITADORES E INIBIDORES


• Pessoais:
- Significado: o facto de a D.ª Maria se encontrar com baixa
capacidade, sozinha e vivenciar noites agitadas, irá condicionar a sua transição.

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- Status socioeconómico: classe média alta, “o nível financeiro da
família permite-lhes colocar a senhora num centro de dia privado”.
- Preparação e conhecimento: a D.ª Maria está informada sobre o
seu estado clínico, mas em contrapartida em relação à sua mãe, esta encontra-se com
baixo conhecimento para enfrentar a situação, estando assim a ser instruída e treinada
para ser cuidadora informal.

PADRÕES DE RESPOSTA:
• Indicadores de processo:
- Sentir-se ligado: a D. Maria aparenta estar envolvida/ligada tanto
com os profissionais de saúde como também, no seu processo de transição.
- Interagir: existe uma interação evidente entre a D.ª Maria, os
enfermeiros e o Centro de Saúde da sua localidade.
- Estar situado: ela sente-se situada no seu processo de transição,
visto que, procurou ajuda nos profissionais de saúde, ao invés de se acomodar com
toda a situação.
- Desenvolver confiança e coping: perante o caso clínico
percebemos que a cliente demonstra estratégias de coping, tais como, iniciou um
programa de capacitação para o papel de cuidadora familiar e assim auxiliar a sua mãe
na adaptação da sua nova situação.

• Indicadores de resultado:
- Mestria: a paciente apresenta domínio nas novas competências,
pois, esta “sente-se mais capaz de tomar decisões e de cuidar da mãe”.
- Integração fluida da identidade: esta integração só irá ser
concluída quando a cuidadora informal tiver adquirido e implementado todas as
capacidades que validem o seu desempenho de forma incontestável.

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Processo de enfermagem:

• Avaliação inicial:

• Maria
Dados pessoais • 53 anos
• Casada
• 2 filhos (de 20 e 18 anos)
• Marido
Agregado familiar • 2 filhos (de 20 e 18 anos)
• Mãe (77 anos, viúva)
Nível socioeconómico • Alto
• Insónias
Estado emocional • Sente-se sozinha
• Baixa capacidade e conhecimento
para enfrentar a situação
• “Chocada e triste”
Interações de papeis • Filha única
• Cuidadora informal (sem
capacitação) da mãe que lhe foi
diagnosticada Doença de
Alzheimer.

• Plano de Cuidados de Enfermagem

Foco Ser Humano – Pessoa - Ser humano – Individuo – Pessoa –


Razão da Ação – Emoção – Ação – Interdependente – Prestar
Tristeza Cuidados
Diagnóstico Tristeza presente Conhecimento do prestador de
de cuidados diminuído
Enfermagem
Resultado Tristeza ausente Conhecimento do prestador de
cuidados não diminuído
Objetivo Garantir o equilíbrio Adquirir conhecimentos adequados
emocional da dona Maria às necessidades da mãe
Intervenções - Planear prevenção do estilo - Ensinar [estratégias] ao prestador
de de vida de isolamento social de cuidados sobre [Alzheimer]
Enfermagem da pessoa - Ensinar prestador de cuidados
- Iniciar técnica de sobre envelhecimento
relaxamento à pessoa - Ensinar prestador de cuidados
- Regular hábitos de sono da [técnicas de controlo] para agitação
pessoa - Referir prestador de cuidados para
serviço de saúde

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Justificação Segundo a CIPE b2 (1999) Segundo a CIPE versão ß2 (1999
Tristeza é um tipo de emoção pág.45), “Papel de Prestador de
com as seguintes Cuidados é um tipo de Interacção de
características especificas: Papéis com as seguintes
sentimentos de desalento, características específicas: interagir
melancolia associada com de acordo com as
falta de energia. responsabilidades de cuidar de
A dona Maria após vivenciar alguém, interiorizando as
alterações psicológicas e expectativas das instituições de
comportamentais saúde e profissionais de saúde,
associadas à patologia da membros da família e sociedade
mãe, despoletando quanto aos comportamentos de
sentimentos de tristeza, papel adequados ou inadequados
angustia e baixa capacidade de um prestador de cuidados;
para enfrentar a situação. expressão destas expectativas
como comportamentos e valores;
fundamental em relação aos
cuidados aos membros
dependentes da família.”
Perante a falta de conhecimento da
Maria sobre a patologia da mãe e
como executar os seus devidos
cuidados, foi elaborado este plano
de cuidados.
Avaliação de A D.ª Maria vai se Depois de uma conversa onde se
Enfermagem comprometer a fazer explicou à Dona Maria o que era
técnicas de relaxamento, 2 necessário fazer, ela comprometeu-
vezes por semana, tentar se a fazer um esforço para aprender
uma melhor higiene de sono o máximo possível sobre a patologia
e conviver mais com as suas da mãe e assim conseguir prestar
amigas. os devidos cuidados.

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Conclusão:

Com a elaboração deste trabalho aprofundamos o nosso conhecimento à cerca


das transições e que o isso implica na vida da pessoa que sofre essa transição e de
quem está ao seu redor.
Na resposta que os indivíduos dão à doença e aos processos de vida
identificamos 3 domínios diferentes (natureza das transições, condicionantes
facilitadores ou/inibidores da transição e padrões de resposta).
Também nos foi atribuído um caso clínico ao qual corelacionamos com a Teoria
das Transições de Afaf Meleis.
Posto isto, este trabalho elucidou-nos sobre uma nova teoria, a Teoria das
Transições de Afaf Meleis.

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Bibliografia:

Araújo, A. S. (2015). O processo de transição do cuidador informal da pessoa com


AVC .
Guimarães, M. S., & da Silva, L. R. (2016). Conhecendo a Teoria das Transições e a
sua aplicabilidade para a enfermagem.

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