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Outros livros de
LAURENCE J. PETER
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LAURENCE J. PETER
TODO
MUNDO
É
INCOMPETENT
E
INCLUSIVE VOCÊ
Tradução de
HEITOR FERREIRA
Capa e desenhos de
ZIRALD0
11ª edição
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Titulo do original norte-americano
ISBN 85-03-00141-1
Peter, Laurence J.
P574 Todo mundo é incompetente inclusive você: as leis da incompetência
por Laurence J. Peter e Raymond Hull; tradução de Heitor Ferreira, ilustrações de
Ziraldo. 11ª. Ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1986.
Do original em inglês: "The Peter Principle".
Glossário.
Bibliografia.
1. Administração — Anedotas. I. Hull, Raymond. II. Titulo.
CDD - 658.00207
74-0213 CDU - 65(088.3)
5
Dedico este livro àqueles todos que, folgando, trabalhando,
amando, vivendo e morrendo em seu Nível de
Incompetência, possibilitaram elementos à fundação e ao
desenvolvimento da benéfica ciência da Hierarquiologia.
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SUMÁRIO
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TODO
MUNDO
É
INCOMPETENT
E
INCLUSIVE VOCÊ
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Introdução
RAYMOND HULL
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malhar homens e coisas contemporâneos apenas por serem
contemporâneos. A incompetência desconhece as barreiras de tempo e
espaço.
Macaulay nos oferece um quadro da marinha britânica em 1684,
baseado num relatório de Samuel Pepys. "A administração naval era
um prodígio de esbanjamento, corrupção, ignorância e indolência...
previsão nenhuma era de se confiar... nenhum contrato era cumprido...
nem controle algum exercido... alguns dos novos navios de guerra
eram tão ordinários que se não entrassem imediatamente em reparos
afundariam nos ancoradouros. Os marinheiros, pagos com tal
impontualidade que davam graças ao encontrarem um agiota que lhes
comprasse os vales com quarenta por cento de desconto. A maior
parte das unidades da esquadra estava sob o comando de homens que
enjoavam ao simples balanço do navio."
Wellington, examinando a relação nominal dos oficiais postos sob
seu comando para a campanha de 1810 em Portugal, comentou: "—
Só espero que o inimigo, quando ler a lista de seus nomes, estremeça
como eu agora".
Richard Taylor, general da Guerra de Secessão, referindo-se à
Batalha dos Sete Dias, disse: "— Os comandantes confederados
conheciam tão bem a topografia da região a um dia de marcha de
Richmond quanto a da África Central”.
Robert E. Lee, certa ocasião, queixou-se amargamente: "— Os
oficiais ouvem atentamente minhas ordens e, depois, fazem
exatamente o contrário!"
Durante a maior parte da Segunda Guerra Mundial as forcas
armadas britânicas lutaram com explosivos muito inferiores aos das
bombas e granadas alemãs. Já em 1940 os cientistas britânicos sabiam
que a adição, simples e barata, de um pouco de alumínio em pó,
duplicaria a forma dos explosivos existentes; no entanto esse
conhecimento só foi aplicado ao findar de 1943.
Nessa mesma guerra, o comandante australiano de um navio-
hospital foi olhar os reservatórios de água, após uma reforma, e
verificou que estavam pintados internamente a zarcão, o que teria
envenenado todo mundo a bordo.
Coisas assim — e centenas de outras iguais — leem-se, veem-se e
ouvem-se constantemente, o que me levou a admitir a universalidade
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da incompetência.
Não me surpreendo mais quando um foguete lunar não sai do solo
porque alguém esqueceu alguma coisa, uma peça quebrou, algum
dispositivo não funcionou, ou algo deflagrou antes da hora.
Já não me espanta que o conselheiro matrimonial empregado pela
repartição do governo seja homossexual.
Hoje sei que os homens de Estado mostrar-se-ão incompetentes
para levar a cabo suas promessas eleitorais. Admito que, se fizerem
algo, será para cumprir as promessas'', de seus adversários.
Essa incompetência já seria irritante se limitada às obras públicas,
a política, às viagens espaciais e outros tantos remotos da atividade
humana. Mas não o é. Está também à nossa volta — uma presença
pestífera e constante.
Quando escrevo esta página, a senhora do apartamento vizinho
está ao telefone. Ouço tudo que ela diz. São dez horas da noite e o
cavalheiro do apartamento em frente ao meu foi cedo para a cama,
resfriado. Ouço-lhe a tosse intermitente. Quando se vira na cama,
posso ouvir as molas rangendo. E não vivo numa casa de cômodos:
moro num elegante edifício de apartamentos, moderno, alto, de
concreto, e caro. Que é que há com esse pessoal que o projetou e
construiu?
Ainda outro dia, um amigo meu comprou uma serra para metais,
levou-a para casa e começou a cortar um parafuso emperrado. No
segundo golpe a lâmina partiu-se e a junta ajustável do arco quebrou,
ficando inutilizada.
Na semana passada, precisei usar um gravador de fita no palco do
auditório novo de um ginásio. Não consegui energia para o aparelho.
O engenheiro responsável pelo edifício contou-me que, em um ano de
uso do auditório, não fora capaz de achar o interruptor que ligava a
corrente para as tomadas no chão do palco. Ele começava a crer que as
tomadas não tinham fio.
Hoje de manhã saí para comprar um abajur. Numa grande loja de
móveis e utilidades domésticas encontrei o que queria. O vendedor ia
empacotá-lo, mas eu pedi que primeiro o experimentasse. (Estou
ficando cauteloso, ultimamente.) Ele, evidentemente, não tinha muita
prática em testar equipamento elétrico, pois levou bastante tempo para
encontrar uma tomada. Por fim conectou o abajur, mas não conseguiu
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acendê-lo! Tentou com outro do mesmo tipo, que tampouco acendeu.
O lote todo tinha interruptores defeituosos. Fui embora.
Recentemente encomendei sessenta e seis metros quadrados de
fibra de vidro isolante para um chalé que estou reformando. Fiquei ao
lado da moça no balcão, para ter certeza de que havia lançado a
quantidade certa. Foi em vão! A firma de material de construção
cobrou-me por setenta e sete metros quadrados e entregou noventa e
quatro!
A educação, tantas vezes decantada como a cura de todos os
males, parece não ser a cura da incompetência. A incompetência corre
solta pelos salões da educação. Um em cada três diplomados no curso
secundário ainda não lê bem; hoje é comum dar-se aulas de leitura aos
calouros nas universidades. Em alguns cursos colegiais, vinte por
cento dos alunos não leem o suficiente para entenderem os próprios
livros didáticos!
Recebo correspondência de uma grande universidade. Há um ano
e três meses, mudei de endereço. Mandei a comunicação normal à
universidade, mas minha correspondência continuou indo para o
endereço antigo. Após mais duas comunicações de mudança de
endereço, e um telefonema, estive lá pessoalmente. Mostrei com meu
dedo o endereço errado no fichário deles, ditei o novo endereço e vi a
secretaria anotá-lo. A correspondência ainda foi para o velho
endereço. Dois dias atrás surgiu uma novidade. Recebi um chamado
telefônico da senhora que me sucedera no velho apartamento e que,
naturalmente, estivera recebendo minhas cartas da universidade. Ela
própria havia se mudado de novo, recentemente, e minha
correspondência da universidade passara a ir, agora, para o novo
endereço dela!
Como disse, estou conformado com essa incompetência
onipresente. No entanto concluí que se ao menos sua causa fosse
descoberta, poder-se-ia encontrar a cura. Passei, então, a formular
indagações.
Ouvi muitas teorias.
Um banqueiro culpava as escolas: "— As crianças, hoje em dia,
não aprendem hábitos de trabalho eficientes”.
Um professor atribuía a responsabilidade aos políticos: "— Com
tamanha ineficiência no seio do governo, que se pode esperar dos
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cidadãos? Além do mais, eles não atendem nossas reivindicações
legítimas por orçamentos mais adequados para a educação. Se
pudéssemos ter pelo menos um computador em cada escola..."
Um ateu carregou sobre as igrejas: "— ... entorpecendo a mente
das pessoas com fábulas de um mundo melhor, e distraindo-as das
coisas práticas."
Um clérigo culpou a televisão, o rádio e o cinema: "— ... muitas
distrações da vida moderna desencaminharam o povo dos
ensinamentos morais da igreja".
Um sindicalista incriminou os empregadores: — ... gananciosos
demais para abrirem mão sequer de um salário de sustento. O
trabalhador não pode tomar interesse em seu trabalho com esses
salários de fome".
Um empregador acusou os sindicatos: "— O operário, hoje em dia,
simplesmente não liga para nada. Só pensa em aumentos, férias,
vantagens e aposentadorias".
Um individualista comentou que a estatização do bem-estar resulta
numa atitude geral de falta de interesse. Uma assistente social
explicou-me que a lassidão moral no lar e o desmoronamento da
família produzem irresponsabilidade no trabalho. Um psicólogo
esclareceu-me que as repressões precoces dos impulsos sexuais
causam um desejo subconsciente de fracassar, como expiação do
sentimento de culpa. Um filósofo observou: "— Os homens são
humanos; acidentes acontecem".
A profusão de explicações tão diferentes vale tanto quanto
explicação nenhuma. Passei a sentir que jamais entenderia a
incompetência.
Foi quando, certa noite, no saguão de um teatro, durante o segundo
intervalo de uma peça tristemente representada, estava eu
resmungando sobre atores e diretores incompetentes, quando entabulei
conversação com o Dr. Laurence J. Peter, cientista que dedicara
muitos anos ao estudo da incompetência.
O intervalo foi muito curto, apenas o bastante para aguçar minha
curiosidade. Depois do espetáculo fui para sua casa e lá estive até três
da manhã, escutando sua exposição lúcida, e surpreendentemente
original, de uma teoria que finalmente respondia a minha interrogação
"Por que a incompetência?"
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O Dr. Peter inocentava Adão, agitadores e acidentes, e apontava
um aspecto de nossa sociedade como perpetuador e premiador da
incompetência. Sua tese era perfeita.
A incompetência explicada! Minha mente rutilava ante a ideia.
Quem sabe o passo seguinte pudesse ser a incompetência erradicada!
Com sua modéstia habitual, o Dr. Peter até então satisfizera-se em
discutir sua descoberta com alguns poucos amigos e colegas, e
proferir uma ou outra palestra ocasional acerca de suas pesquisas. Sua
vasta coleção incompetenciana, sua galáxia brilhante de teorias e
fórmulas da incompetência ainda não haviam aparecido em letra de
forma.
— É possível que meu Princípio viesse beneficiar a humanidade
— dizia Peter — mas vivo desesperadamente ocupado com a rotina de
dar aulas e a consequente papelada; sem falar nas reuniões das
comissões do corpo docente, e minha continuada pesquisa. Algum dia
talvez eu possa classificar o material e organizá-lo para publicação,
mas nos próximos dez ou quinze anos simplesmente não vou ter
tempo.
Acentuei, então, o perigo da procrastinação, e por fim o Dr. Peter
concordou numa colaboração: ele colocaria à minha disposição o
imenso manuscrito e os extensos relatórios de pesquisas; eu os
condensaria num livro. As páginas que se seguem contêm a exposição,
pelo Professor Peter, de seu Princípio: a mais penetrante descoberta
psicológica e social do século.
Ousarão ler o que aí vem?
Terão coragem de enfrentar, numa espantosa revelação, a razão
por que as escolas não outorgam sabedoria, por que os governos não
conseguem manter a ordem, por que as cortes não dispensam justiça,
por que a prosperidade não gera felicidade, por que planos utópicos
declinam de produzir utopias?
Não decidam levianamente. A decisão de continuar a ler é
definitiva. Depois de ler, nunca mais se volta ao estado anterior de
bendita ignorância; o leitor jamais tornara a venerar seus superiores e
dominar seus subordinados irrefletidamente. Jamais! Não se pode
esquecer o Princípio de Peter, uma vez conhecido.
Que pode o leitor ganhar, lendo? Dominando a incompetência em
si mesmo, e entendendo a incompetência nos demais, poderá realizar
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seu trabalho mais facilmente, obter promoções e ganhar mais dinheiro.
Terá condições de evitar dolorosas moléstias. O leitor pode tornar-se
um condutor de homens. Pode gozar de seu lazer. Pode deleitar seus
amigos, confundir seus inimigos, impressionar seus filhos e enriquecer
e revitalizar seu casamento.
Em suma, este conhecimento revolucionará sua vida — talvez
mesmo a salve.
Assim, não lhes faltando a coragem, leiam, anotem, memorizem e
apliquem o Princípio de Peter.
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Capítulo I
O Princípio de Peter
"Começo a suspeitar de alguma trama."
M. DE CERVANTES
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mostrava que tudo fora recebido em ordem. Porém vinha junto uma
carta dizendo: "A nova regulamentação determina que estes
requerimentos não sejam aceitos pela Secretaria de Educação se não
forem registrados no correio para assegurar a entrada. Solicito-vos a
fineza de colocar outra vez a documentação no correio, tendo o
cuidado, desta vez, de registrá-la".
Comecei a suspeitar que o sistema local não tinha monopólio da
incompetência.
Observando mais detidamente, percebi que toda organização
continha certo número de pessoas incapazes de realizar seu trabalho.
Um Fenômeno Universal
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GAVETA PREFEITURAS, PASTA N.º 17
G. Asmin1 era gerente de conservação na secretaria de obras de
Excelsior City. Um protegido dos altos funcionários da prefeitura.
Todos louvavam suas boas maneiras.
— Gosto de Asmin — dizia o superintendente de obras. — Tem
muito bom-senso, é sempre educado e agradável.
Tal conduta caia bem na posição de Asmin: ele não tinha que ser
puxa-saco, e assim nunca precisava discordar de seus superiores.
O superintendente de obras aposentou-se e Asmin o substituiu.
Continuou a concordar com todo mundo. Transmitia ao seu gerente
toda sugestão que lhe vinha de cima. Os conflitos de política
resultantes e a continua mudança de planos em breve desmoralizaram
o departamento. Queixas e mais queixas chegavam do prefeito e
outras autoridades, dos contribuintes e do sindicato dos trabalhadores
em conservação.
Asmin ainda diz "Sim" a todos, e leva e traz recados,
energicamente, entre seus chefes e seus subordinados. Embora seja o
superintendente, na realidade faz o papel de um mensageiro. O
departamento de conservação habitualmente ultrapassa seu orçamento,
mas não completa o programa de trabalho. Em suma, G. Asmin, um
competente gerente, virou um superintendente incompetente.
1
Troquei alguns nomes para proteger os culpados.
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enquanto quem deveria fazer o trabalho fica olhando, e os demais
mecânicos andam por ali, esperando nova tarefa. Resulta que a oficina
esta sempre acumulada de serviço, numa confusão, muitas vezes não
cumprindo as datas de entrega.
Mendão não pode entender que o cliente médio não se importa
muito com perfeição — quer é o carro no dia marcado! Não pode
entender que a maioria dos seus homens se interessa mais pelo cheque
do salário que por seus motores. Assim, não se entende nem com os
fregueses nem com seu pessoal. Era um mecânico competente, agora é
um chefe incompetente.
Um Indício Importante
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a Pílula Perfeita S. A., e que seu contramestre fazedor de pílulas morre
de úlcera perfurada. Você precisa de um substituto. Naturalmente, vai
procurá-lo entre os empregados do 2.° time.
A Sra. Oval, o Sr. Cilindro, a Srta. Elipse e o Sr. Cubo, todos
evidenciam graus variados de incompetência. Você escolherá — as
demais coisas se equilibrando — o seu fazedor de pílulas mais
competente, Sr. Esfera, promovendo-o a contramestre.
Suponhamos ainda que o Sr. Esfera se mestre um contramestre
competente. Mais tarde, quando o mestre legal, Legree, sobe para
Gerente de Operações, Esfera estará em linha para ocupar seu lugar.
Por outro lado, sendo Esfera um contramestre incompetente, não
será mais promovido. Ele acaba de atingir aquilo a que eu chamo seu
"nível de incompetência". Ali permanecerá até o fim de sua carreira.
Alguns empregados, como Cubo e Elipse, atingem um nível de
incompetência no grau inferior e nunca são promovidos. Outros, por
exemplo, Esfera (se não for um contramestre satisfatório), chegam a
ele após uma promoção.
R. Mendão, o chefe de oficina de automóveis, atingiu seu nível de
incompetência no terceiro estágio de sua hierarquia. O General
Goodwin atingiu seu nível de incompetência no próprio topo de sua
hierarquia.
Minha análise de centenas de casos de incompetência profissional
levou-me, então, a formular O Princípio de Peter:
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A hierarquiologia, não obstante ser disciplina relativamente nova;
parece apresentar notável aplicabilidade aos campos da administração
pública e privada.
Mais cedo ou mais tarde, cada posto tende a ser ocupado por alguém
que é incompetente para suas funções.
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Os fenômenos da "sublimação percuciente" (mais conhecida como "o chute para cima") e
do "arabesco lateral" não constituem; como o observador desatento poderia pensar;
exceções ao Princípio. Trata-se, tão somente, de pseudo-promoções, das quais nos
ocuparemos no Capitulo 3.
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O trabalho é feito por aqueles empregados que ainda não chegaram
ao nível de incompetência.
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Capitulo II
O Princípio em Ação
"Contar lá fora as coisas da escola."
J. HEYWOOD
O Caso da Conformista
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Idênia, por exemplo, fora uma estudante extremamente quadrada, no
colégio. Seus deveres eram plágios dos livros didáticos e revistas, ou
transcrições das aulas dos professores. Sempre fazia exatamente
aquilo que lhe diziam, nem mais nem menos. Era considerada uma
estudante competente. Formou-se com distinção na Faculdade de
Filosofia de Excelsior.
Quando se tornou professora, passou a ensinar exatamente como
fora ensinada. Seguia com precisão o livro, o currículo e a campainha.
Seu trabalho é bem aceitável, exceto quando não existe qualquer
regra ou precedente. Por exemplo, certo dia um cano de água rebentou
e inundou a sala de aula. Dona Aspásia continuou dando aula até que
o Diretor veio correndo e liberou a turma.
— Senhorita Aspásia! — Exclamou ele — Pelo Nome do
Superintendente! Há quase dez centímetros de água no chão desta
sala. Como é que essas crianças ainda estão aqui?
— Eu não ouvi a campainha dar o sinal de emergência — foi a
resposta. — E o senhor sabe que eu presto atenção a essas coisas.
Tenho certeza de que o senhor não tocou a campainha.
Estatelado com a força de tão reverente non sequitur, o diretor
invocou um dispositivo do regulamento da escola que lhe conferia
poderes de emergência em situações extraordinárias e conduziu a
turma toda ensopada para fora do edifício.
E assim, muito embora não quebre nunca uma regra ou desobedeça
uma ordem, D. Aspásia frequentemente está em apuros, e nunca terá
uma promoção. Competente como estudante, ela atingiu seu nível de
incompetência como simples professora, e portanto permanecerá
nessa posição toda a sua carreira de ensino.
A Maioria Elegível
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Alan Beak fora um estudante competente e tornou-se um professor
de ciências muito popular. Suas aulas e sessões práticas de laboratório
eram estimulantes. Seus alunos cooperavam e mantinham o
laboratório em ordem. O Sr. Beak não era bom de burocracia, porém
essa fraqueza não era levada em conta por seus superiores, dado seu
sucesso como professor.
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Professores, ser presidente da Liga de Melhoramentos da Comunidade
e consultor do Comitê pela Decência na Literatura.
Sua escola perdeu o apoio da comunidade e ele caiu em desfavor
com o superintendente. Cano veio a ser tido, pelo público e por seus
superiores, como um diretor incompetente. Quando vagou o posto de
vice-superintendente, o conselho escolar recusou-se a nomeá-lo. Ele
permanece, e ali ficará até aposentar-se, infeliz e incompetente como
diretor.
O AUTOCRATA
O Dr. Matos Quela, tendo provado sua competência como
estudante, professor, chefe de departamento, subdiretor e diretor, foi
promovido a vice-superintendente. Até então lhe competia apenas
interpretar a política do conselho escolar e fazer com que fosse
eficientemente cumprida em sua escola. Agora, como vice-
superintendente, tem de participar das discussões do plano de ação do
conselho, e conduzi-la de forma bem democrática.
Acontece que Matos Quela não gosta de procedimentos
democráticos. Finca pé em sua condição de entendido. Dá ordens aos
membros do conselho, tal como instruía seus alunos ao tempo de
professor. Tenta reger o conselho como dominava seus assessores
quando era diretor.
Hoje, o conselho o considera um vice-superintendente
incompetente. Não receberá mais promoções.
DESGASTOU-SE LOGO
S. Banja foi um competente estudante, professor de inglês, chefe
de departamento, subdiretor e diretor. Trabalhou, então, seis anos
como vice-superintendente — patriótico, diplomático, urbano e
estimado. Foi promovido a superintendente. Ai viu-se obrigado a
decifrar o campo das finanças escolares, atrapalhando-se
completamente.
Desde o início de sua carreira de professor, Banja nunca se ocupara
com assuntos de dinheiro. Sua mulher tomava-lhe o cheque de
pagamento, pagava todas as contas e semanalmente lhe dava dinheiro
para cigarros e condução.
Agora a incompetência de S. Banja na área das finanças está
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evidenciada. Adquiriu um grande número de máquinas de ensinar a
uma firma irresponsável, que faliu sem ter produzido quaisquer
programas para alimentá-las. Mandou equipar com televisores todas
as salas de aula da cidade, esquecendo-se de que os únicos programas
transmitidos na área destinavam-se ao curso secundário. Banja
encontrou seu nível de incompetência.
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efeito?
Examinarei tais questões nos capítulos seguintes.
31
32
Capítulo III
Exceções
Aparentes
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principal de uma pseudopromoção é despistar quem está fora da
hierarquia. Isto conseguido, diz-se da manobra que foi bem sucedida.
Mas o hierarquiologista experiente nunca será tapeado.
Hierarquiologicamente falando, o único deslocamento que podemos
aceitar como promoção genuína é aquele que parte de um nível de
competência.
Qual é o efeito de uma sublimação percuciente bem lograda?
Suponhamos que Dupont Appé, o empregador de Bloch, ainda seja
competente. Ao remover Bloch, atinge três objetivos:
1) Dissimula o insucesso de sua política de promoções. Admitir
que Bloch era incompetente daria lugar a comentários:
"Dupont deveria ter visto, antes de dar-lhe a última
promoção, que Bloch não era o homem para o lugar". Ao
passo que a sublimação percuciente justifica a promoção
anterior (aos olhos dos empregados e circunstantes, não de
um hierarquiologista).
2) Levanta o moral da equipe. Pelo menos alguns empregados
hão de pensar: "Se Bloch pôde ser promovido, eu também
posso". Uma sublimação percuciente tem um efeito de isca
para muitos outros empregados.
3) Conserva a hierarquia. Mesmo sendo Bloch um incompetente,
não deve ser despedido: provavelmente sabe tanto dos
negócios de Appé que seria perigoso numa hierarquia
concorrente.
Um Fenômeno Comum
Um Resultado Paradoxal
34
percuciente. Naonda simplesmente transferiu para um espetacular
Escritório Central de doze milhões de cruzeiros todo o seu pessoal não
criativo, não produtivo e redundante.
O Escritório Central não tem sequer sombra de câmaras,
microfones ou transmissores; na verdade, fica a quilômetros do
estúdio mais próximo. Os funcionários do Escritório Central vivem
freneticamente ocupados, preparando relatórios, esboçando
fluxogramas e marcando horas para entrevistarem-se uns com os
outros.
Recentemente foi anunciada uma rearticulação, objetivando
dinamizar as operações de comando. Quatro vice-presidentes foram
desdobrados para oito vice-presidentes, um coordenador assistente do
presidente.
Vemos assim que a sublimação percuciente serve para que os
ociosos deixem de amolar quem trabalha!
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Outro vice-presidente supérfluo está há três anos às voltas com a
tarefa de escrever a história da companhia.
Concluo que quanto maior a companhia, mais fácil o arabesco
lateral.
UM CASO DE LEVITAÇÃO
A equipe inteira de 82 funcionários de um pequeno departamento
do governo foi transferida para outro departamento, deixando o
diretor, com vencimentos de 16 mil dólares por ano, sem ter nada
para fazer nem ninguém que dirigir. Depara-se-nos aqui o raro
fenômeno de uma pirâmide hierárquica constituída apenas da pedra de
topo, suspensa no espaço sem uma base a suportá-la! A essa
interessante condição eu chamo cume flutuante livre.
36
departamento de folhas de pagamento e que me dava o direito de
descontar cheques na livraria da universidade. Fui à livraria,
apresentei meu cartão e entreguei um cheque de viagem American
Express de vinte dólares.
— Só trocamos cheques de pagamento e cheques pessoais —
avisou a caixa da livraria.
— Mas isto é melhor que um cheque pessoal — argumentei. — É
melhor até que um cheque de pagamento. Posso trocá-lo em qualquer
loja, mesmo sem este cartão especial. Cheque de viagem é dinheiro.
— Mas não é cheque de pagamento ou cheque pessoal — alegou a
caixa.
Depois de alguma discussão, pedi para falar com o gerente, que me
ouviu pacientemente, mas com uma expressão distante, e depois
declarou calmamente:
— Nós não trocamos cheques de viagem.
Todos sabemos de hospitais que perdem um tempo precioso
preenchendo maços de formulários de entrada, antes de atender
acidentados. Já ouvimos o caso da enfermeira que diz:
— Acorde! Está na hora de tomar a pílula para dormir.
Talvez o leitor conheça a história do irlandês Michael Patrick
O'Brien, que passou onze meses numa barca, fazendo o percurso entre
Hong Kong e Macau. Não tinha os papéis necessários ao desembarque
em qualquer das extremidades da viagem, e ninguém queria expedi-
los.
Particularmente entre os funcionários mais de baixo, sem poderes
de discernimento, nota-se uma obsessiva preocupação com o
preenchimento correto de formulários, tenham as fórmulas alguma
utilidade ou não. Nenhum desvio da rotina é permitido, por pequeno
que seja.
O Automatismo Profissional
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público como a matéria-prima que serve para mantê-lo, aos
formulários, aos rituais e à hierarquia!
O autômato profissional, do ponto de vista de seus apelantes,
clientes ou vítimas; parece um incompetente. Portanto o leitor, sem
dúvida, deve estar a perguntar-se: "Por que será que tantos autômatos
profissionais são promovidos?" Estaria o autômato profissional isento
dos efeitos do Princípio de Peter?
Para responder a estas perguntas tenho primeiro que formular
outra: "Quem determina a competência?"
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explicado quais eram as exigências da Alfândega, o viajante pensaria:
"Que prestativo!" Mas com seu superior ele teria perdido pontos por
desobedecer a uma regra do departamento.
Tivesse a caixa da livraria descontado meu cheque de viagem, eu a
consideraria prestimosa: o gerente repreendê-la-ia por exceder limites
de autoridade.
3
Existem duas espécies de decisão de pequeno porte que tenho visto, algumas vezes,
tomadas por Invertidos de Peter promovidos:
a) Arrochar o cumprimento de dispositivos regulamentares.
b) Criar novos dispositivos regulamentares para cobrir casos marginais, que não se
enquadram exatamente nos dispositivos existentes.
Tais ações servem apenas para reforçar a inversão.
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inglês conseguiu infundir nos alunos seu próprio entusiasmo pela
literatura clássica e moderna. Alguns providenciaram cartões de
consulta na Biblioteca Pública de Excelsior City; outros começaram a
rondar pelas livrarias e sebos. Foi tamanho o interesse, que leram
muitos livros não constantes na Lista de Leitura Aprovada para as
Escolas de Excelsior.
Não demorou muito e vários pais irados e delegações
escandalizadas de duas austeras seitas religiosas procuraram o
superintendente escolar com a queixa de que seus filhos estavam
estudando literatura "indesejável".
Buchman foi avisado de que seus serviços não seriam necessários
no ano seguinte.
A professora estagiária Srta. Clara recebeu como primeira
designação uma turma especial de crianças retardadas. Mesmo avisada
de que os guris não se sairiam muito bem, lançou-se ao trabalho com
todo interesse. No fim do ano muitas das crianças retardadas de D.
Clara tiveram notas melhores nos exames de leitura e aritmética, que
alguns coleguinhas das classes normais.
Clara recebeu, junto com a comunicação de dispensa, o comentário
de que havia descuidado por demais das sessões com cordões de
contas, caixão de areia e outros trabalhos manuais, coisas que as
crianças retardadas deviam fazer. Também não fizera uso adequado da
massa para modelar, quadros de cavilhas e tintas de dedo; fornecidos
pelo Departamento de Educação de Excepcionais de Excelsior City.
O Sr. Castor, também professor estagiário, tinha notáveis dotes
intelectuais. Como ainda não estava condicionado, pôs em prática o
que aprendera na faculdade sobre atribuição de pontos às diferenças
individuais dos alunos. Em consequência disso, seus alunos mais
brilhantes acabaram em um ano o trabalho correspondente a três anos.
O diretor foi muito delicado quando explicou a Castor que não
podia recomendá-lo para nomeação permanente. Sem dúvida, ele
entenderia que havia conturbado o sistema, não se ativera ao curso
normal dos estudos e criara dificuldades para as crianças que não se
enquadrariam no programa do ano seguinte. Havia desobedecido o
método normal do currículo e de emprego dos livros didáticos, além
de causar extrema preocupação para o professor que teria de enfrentar
no ano seguinte crianças que já haviam feito todo o trabalho relativo à
40
série.
Explicado o Paradoxo
41
não lhe causaria a dispensa, muitas outras vendedoras estando abaixo
da média. Mas ela era péssima na extração de notas: apertava os
botões errados da caixa registradora, aceitava cartões de crédito de
magazines concorrentes e — para cúmulo — colocava o carbono ao
contrário, quando preenchia uma nota. E ainda entregou à freguesa a
primeira via. Esta saía com os dois registros (um de cada lado da nota)
e Desy Affor ficava sem nenhum. O pior, no entanto, é que Desy era
insolente com seus superiores. Depois de um mês foi despedida.
W. Kirk, pastor protestante, detinha pontos de vista radicais sobre
a natureza da Divindade, a eficácia dos sacramentos, a segunda vinda
de Cristo e a vida depois da morte — posições frontalmente opostas à
doutrina oficial de sua seita. Portanto, tecnicamente Kirk era
incompetente para dar aos seus paroquianos a condução espiritual que
dele esperavam. Evidentemente, não teve nenhuma promoção; mesmo
assim, ficou em seu posto vários anos. Então escreveu um livro que
condenava a quadrada hierarquia da Igreja e apresentava argumentos
fundados a favor da taxação de todas as igrejas. Propugnava pela
apreciação eclesiástica de problemas sociais como o uso de drogas, o
homossexualismo, as injustiças raciais e outros que tais... Passara; de
um salto, da incompetência para a superincompetência, e foi
prontamente dispensado.
O esfoliado superincompetente tem que apresentar duas
importantes características:
a) Não produz (output).
b) Não sustenta a coesão interna da hierarquia (input).
42
você também pode tornar-se supercompetente ou superincompetente.
Método P. H. N.º 1
Método P. H. N.º 2
O Método Explicado
43
classes, ao invés de pela base.4
A inserção de novos empregados num nível elevado pode às vezes
aumentar o rendimento. O Paraquedismo Hereditário, então, não
despertará má vontade fora da hierarquia.
Todavia, a chegada do Paraquedista é até certo ponto mal vista
pelos outros membros da hierarquia. A verdade é que os empregados
têm uma atitude sentimental (Pendor de Peter) em relação ao processo
de promoção pelo qual eles próprios subiram e pelo qual ainda
esperam subir mais. Tendem a ressentir-se de colocações feitas por
outros meios.
4
Para um exame completo do funcionamento das hierarquias num sistema de classes, vide
o Capítulo 7.
44
formara.
Pickwick, por sua vez, criou novos postos: um supervisor antilixo,
seis inspetores de lixo, um escritório com três moças e um relações
públicas.
Bohm Papp, o RP, organizou concursos de redação para as
crianças, concursos de jingles e posters para os adultos, e encomendou
dois filmes, um de propaganda antilixo e outro sobre embelezamento
de parques. Os filmes seriam preparados por um produtor
independente, antigo companheiro de Pickwick e Bohm Papp no
grupo de arte dramática da universidade.
Tudo correu às mil maravilhas: o Diretor Ptyx ultrapassou seu
orçamento e conseguiu verbas muito maiores para o ano seguinte.
45
mais elevadas.
Conclusões
46
47
Capítulo IV
Impopularidade do Empistolado
48
A INVEJA NÃO TEM LÓGICA
Semy Fusa ouvia há tanto tempo coros e orquestras escolares que
odiava música e crianças! Evidentemente (em termos de rendimento)
não seria mais competente que O'Reilly como supervisor de música.
O ressentimento dos professores, então, não era realmente contra a
incompetência de O'Reilly, mas contra a violação, por ele, do secular
sistema da antiguidade.
Os empregados de uma hierarquia, na realidade, não têm objeções
à incompetência (Paradoxo de Peter): simplesmente alegam
incompetência para disfarçar sua inveja dos empregados que têm
Pistolão.
1. Encontre um Padrinho
2. Motive o Padrinho
49
Minha pesquisa produziu inúmeros exemplos desse processo de
motivação, alguns encantadores, outros sórdidos. Não vou citá-los.
Antes farei deste ponto um teste para o leitor, teste que denominei A
Ponte de Peter. Se você não for capaz de atravessá-la por seus
próprios meios é porque já atingiu seu nível de incompetência e de
nada adiantarão meus conselhos.
3. Saia de Baixo
50
um Supertitular, procure os indicadores de Locação Final, descritos
nos Capítulos 11 e 12 deste livro.
4. Seja Flexível
51
52
Capítulo V
5
Alger, Horatio, Jr. (1832-99) . Subindo com Esforço, Devagar e Sempre, e muitas outras
obras.
6 Peale, Norman V. (1898-19??) . 0 Poder do Pensamento Positivo, 1952, e vários outros
trabalhos.
53
etc. Ainda mais, o Esforço também não tem qualquer efeito sobre o
nível final de colocação. Isto porque todos os empregados, tímidos ou
agressivos, estão sujeitos ao Princípio de Peter, e mais cedo ou mais
tarde repousarão em seu nível de incompetência.
Os Perigos do Esforço
O Veredicto Final
54
Exceção que Confirma a Regra
Um Perigoso Engano
55
simples ilusão moralística a que eu chamo Complexo de Alger.
Aspecto Médico
Importante Distinção
56
57
Capítulo VI
Seguidores &Líderes
"Considere o que precede e o que sucede."
P. SYRUS
Bum! Bum!
Uma tarefa urgente que tive de enfrentar foi a demolição de tantas
falácias que restaram da era pré-científica da hierarquiologia.
Pode haver coisa mais enganosa do que a frase "Não há sucesso
melhor que o sucesso"?
Como o leitor a esta altura já compreendeu, a hierarquiologia
demonstra claramente que não há fracasso pior do que o sucesso,
quando um empregado é alçado para seu nível de incompetência.
Daqui a pouco, quando discutirmos a Incompetência Criativa,
mostrarei que não há sucesso melhor que o fracasso.
Porém neste capítulo discorrerei particularmente sobre o antigo
ditado "Só quem bem sabe seguir será bom líder".
Isso é típico das falácias hierarquiológicas muito em voga nos
círculos administrativos. Por exemplo, quando pediram à mãe de
George Washington que comentasse a mestria militar do filho, disse
ela:
— Ensinei-o a obedecer.
E fomos assim brindados, neste país, com mais um non sequitur.
Como pode a capacidade de liderar depender da aptidão de seguir?
Poder-se-ia muito bem dizer que a habilidade de boiar depende da
faculdade de afundar.
58
postos. O empregado que se sai bem obedecendo ordens será
promovido ao posto onde sua função é dar ordens.
O mesmo princípio permanece nas hierarquias mais complexas:
seguidores competentes denotam alto potencial de promoção nos
escalões inferiores, revelando posteriormente sua incompetência como
líderes.
Recente pesquisa de negócios fracassados revelou que em 53 por
cento a causa estava simplesmente na incompetência gerencial. Lá
estavam os ex-seguidores metendo-se a líderes!
59
Em realidade, na maioria das hierarquias os empregados com
maior potencial de liderança não podem tornar-se líderes. Dou-lhes
um exemplo.
P. Dall era ciclista de entregas do Serviço de Mensageiros
Mercúrio . Sistematizou seu serviço de entregas a um grau sem
precedentes. Por exemplo, explorou e mapeou todo beco, ruela e
atalho de sua área; mediu a cronômetro os tempos de mudança de
todos os sinais de tráfego, para poder planejar seu roteiro sem
interrupções.
Em consequência, sempre entregava toda a sua quota de
encomendas e ainda sobravam duas horas, que empregava nos cafés
lendo livros sobre administração de empresas. Quando começou a
reorganizar os roteiros dos demais mensageiros, foi despedido.
Por um momento pareceu um fracasso, um exemplo de esfoliado
hierarquial superincompetente, testemunho vivo da teoria do "mau-
seguidor-mau-líder".
Em breve, porém, ele abriu um negócio próprio, a Pégaso Entregas
Rápidas, e em três anos liquidou com os negócios da Mercúrio.
Vemos, portanto, que uma competência excepcional para a
liderança não abre caminho numa hierarquia estabelecida.
Normalmente, ela abandona a hierarquia e começa de novo noutro
lugar.
60
destruída ou temporariamente suspensa.
Mas, e o Princípio?
61
62
Capítulo VII
63
Relatório Preliminar
O Legislativo
As modernas legislaturas — mesmo nos países não democráticos
— são eleitas pelo voto popular. Poder-se-ia admitir que os eleitores,
em seu próprio interesse, haveriam de identificar, e eleger para
representá-los na capital, os estadistas mais competentes. Essa é,
afinal, a teoria simplificada do governo representativo. Na realidade, o
processo é um pouco mais complicado.
A política de nossos dias é dominada pelo sistema de partidos.
64
Alguns países têm um partido oficial apenas; outros têm dois; outros,
vários. Um partido político, em geral, é ingenuamente pintado como
um grupo de pessoas com ideias semelhantes, que cooperam na
provisão de seus interesses comuns. Isso já não é mais válido: Tal
função hoje é inteiramente atendida pelo lobby, a ação política de
antessalas e corredores, e tantos lobbies há quantos são os interesses
especiais em jogo.
O partido político agora existe primordialmente como aparato para
escolha de candidatos e para levá-los à eleição.
A Hierarquia Partidária
65
lenta e desajeitadamente, a encher envelopes, colocando dois folhetos
num envelope, nenhum folheto noutro, dobrando-os errado,
derrubando-os no chão, e assim por diante, enquanto permanecer no
partido.
Um angariador de fundos competente pode ser promovido à
comissão de escolha de candidatos. Embora fosse um bom
requestador, pode não ser um competente julgador de homens como
legislador e vir a apoiar um candidato incompetente.
Ainda que a maioria da comissão de escolha consista de
competentes avaliadores de homens, ela selecionará o candidato, não
por sua sabedoria potencial como legislador, mas pela admitida
capacidade de vencer a eleição!
Incompetência no Legislativo
66
Mas o legislador competente está em condições de receber
promoção a uma posição de maior poder — membro de uma comissão
importante, presidente de comissão ou, em certos sistemas, ministro
de gabinete. Em qualquer desses postos, por outro lado, o promovido
pode ser incompetente.
Vê-se, portanto, que o Princípio de Peter controla todo o ramo
legislativo do governo, desde o mais humilde soldado partidário aos
detentores dos mais eminentes postos eletivos. Cada um tende a
chegar a seu nível, e cada posto tende, com o tempo, a ser ocupado
por alguém que é incompetente para cumprir com seus deveres.
O Executivo
Igualitarismo e Incompetência
7
A eficiência de uma hierarquia é inversamente proporcional ao seu Quociente de
Madureza, Q. M.
67
Consideremos um país imaginário chamado Pistolândia, onde são
desconhecidas coisas tais como concursos públicos, igualdade de
oportunidade e promoção por merecimento. Pistolândia tem um
sistema rígido de classes, e os altos postos de todas as hierarquias —
governo, negócios, forças armadas, Igreja — são reservados para os
membros da classe dominante.
Notem que evito a expressão "classe superior"; o termo encerra
conotações infelizes. Considera-se, em geral, que se aplica a uma
classe dominante pelo nascimento aristocrático ou gentil. Mas minhas
conclusões aplicam-se também a sistemas em que a classe dominante
é resguardada da classe subordinada por diferenças de religião,
estatura, raça, língua, dialeto ou filiação política.
Não importa qual desses seja o critério em Pistolândia: o fato
importante é que o país tem uma classe dominante e uma classe
subordinada. O diagrama abaixo representa uma hierarquia
pistolandesa típica, com a clássica estrutura piramidal.
68
promovido para fora da área CS, de forma que essa área mantém seus
empregados competentes, e os utiliza continuamente.
Evidentemente, então, nos graus inferiores de uma hierarquia, a
manutenção de uma barreira de classe assegura um grau mais elevado
de eficiência, do que seria possível sem a barreira.
Vejamos agora a área CD, acima da barreira de classe. Conforme
já concluímos, as possibilidades que tem um empregado de atingir seu
nível de incompetência estão na razão direta do número de graus na
hierarquia — quanto mais postos mais incompetência. A área CD, na
prática, forma uma hierarquia fechada, de poucos graus. Obviamente,
pois, muitos de seus empregados nunca atingirão seu nível de
incompetência.
Além disso, a perspectiva de começar perto do cume da pirâmide
atrairá para a hierarquia um grupo de empregados brilhantes que ali
jamais iriam ter se fossem obrigados a começar pela base.
Olhemos a situação por outro ângulo. No capítulo 9 discutirei as
pesquisas de eficiência, e demonstrarei que a única maneira efetiva de
aumentar a eficiência numa hierarquia é a infusão de sangue novo nos
níveis superiores. Na maioria dos modernos sistemas, tais infusões
têm lugar a intervalos, por exemplo, após uma reorganização, ou
durante períodos de rápida expansão. Mas nas hierarquias
pistolandesas constituem um processo continuo: novos empregados
estão continuamente ingressando num alto nível, acima da barreira de
classe.
Irretorquivelmente, então, nas áreas CS e CD acima e abaixo da
barreira de classe as hierarquias pistolandesas são mais eficientes que
suas congêneres de uma sociedade igualitária ou sem classes.
69
uma faculdade obscura — não importa o quanto seja competente —
não tem as mesmas oportunidades de promoção que tem o aluno de
um estabelecimento famoso.
A situação está mudando. Existe uma forte tendência no sentido de
tornar o grau universitário um pré-requisito de mais e mais posições,
mesmo nos níveis mínimos de certas hierarquias. Isso aumentará o
potencial de promoção de todos os formados, diminuindo assim o
valor classista do grau de prestígio.
Meus estudos pessoais desse fenômeno, devido à lamentável falta
de fundos, estão incompletos, mas eu arriscaria predizer que, a cada
ano que passa, todo formado na universidade terá maiores
oportunidades de atingir seu nível de incompetência, quer nas
empresas particulares quer no governo.
70
71
Capítulo VIII
Alusões Premonições
"Os poetas são os hierof antes de
uma impercebida inspiração."
P. B. SHELLEY
72
elevado a seu nível de incompetência como cozinheiro, pode pôr sal
demais e arruinar o bom trabalho dos outros seis cozinheiros que
estavam preparando o cozido.
"O serviço da mulher nunca termina", é um triste comentário da
alta proporção de mulheres que atingiram seu nível de incompetência
como donas de casa.
Em seu Rubáiyút, O. Khayyám reparou acremente na elevada
incidência de incompetência nas hierarquias educacionais e religiosas:
73
E já pairando pouco aquém de um anjo, ainda há de sempre
querer mais.
(Essay on Man, Epistle I, 11. 173-74)
74
capacidade e da necessidade.
Ainda que se despreze esta incoerência do esquema marxiano, o
Princípio de Peter vem mostrar agora que não se pode ter esperança no
trabalho "de cada um na medida de sua capacidade". Para que tal se
verificasse, teríamos de manter os empregados permanentemente em
seus níveis de competência. Isto, porém, é impossível: cada
empregado deve subir até seu nível de incompetência e, uma vez
chegado àquele nível, não será capaz de produzir de acordo com sua
capacidade.
Vemos, portanto, a teoria marxista como um sonho, outro ópio das
massas. Governo algum que já tenha tentado aplicá-la foi jamais capaz
de fazê-la funcionar.
Marx deve ser despachado como visionário não-científico.
Parece que melhor ciência se encontra entre os poetas. O aforismo
de E. Dickinson
75
não podem casar com suas mães, e assim por diante.
Mas Freud perdeu-se ao pensar que a frustração vem do desejo de
mudança para uma posição mais atraente (homem, pai, marido da
mãe, esposa do pai, etc.), quer dizer, desejo por uma promoção! A
hierarquiologia nos mostra claramente que a frustração ocorre como
resultado de uma promoção.
Essa inadvertência de Freud ocorreu devido a sua natureza
extremamente introspectiva: ele insistiu em estudar o que estava
acontecendo (ou imaginava ele estaria acontecendo) no interior de
seus pacientes. A hierarquiologia, ao contrário, estuda o que se passa
fora do paciente, estuda a ordem social em que opera o homem e,
portanto; explica racionalmente qual a função do homem naquela
ordem. Enquanto Freud perdeu seu tempo buscando nos obscuros
recessos do subconsciente, eu devotei meus esforços ao exame do
comportamento humano, que é discernível e mensurável.
Os psicologistas freudianos, por deixarem de estudar a função do
homem na sociedade, podem ser comparados a uma pessoa olhando
um computador eletrônico e tentando compreendê-lo pela especulação
sobre seu mecanismo e estrutura interna, sem experimentar descobrir
para que é usado o instrumento.
Não minimizemos, porém, o trabalho pioneiro de Freud. Ele
descobriu muitas coisas, a despeito do muito que não entendeu.
Sempre olhando o interior do paciente, tornou-se famoso pela força de
sua teoria de que o homem não tem consciência de suas próprias
motivações, não entende os próprios sentimentos e portanto não tem
esperança de mitigar suas frustrações. A teoria era inexpugnável, pois
ninguém podia, consciente e racionalmente, discutir sobre a natureza
de seu inconsciente.
Num lampejo de gênio profissional, inventou a psicanálise, pela
qual afirmou poder tornar seus clientes conscientes de seus
inconscientes.
Aí exagerou, psicanalisou a si mesmo e proclamou estar consciente
de seu inconsciente. (Alguns críticos, hoje, insinuam que tudo quanto
foi capaz de conseguir foi tornar seus pacientes conscientes de seu —
dele, Freud — inconsciente.) Seja como for, com esta da auto-
psicanálise, tirou a escada de baixo de seus próprios pés.
Conhecesse hierarquiologia, Freud teria evitado esse último passo
76
e não atingiria seu nível de incompetência.
Minando dessa maneira a grandiosa estrutura que havia construído
sobre a impenetrabilidade do inconsciente, Freud abriu caminho para
seu grande sucessor, S. Potter.
Potter, como Freud, é um psicólogo satírico (ou um satirista
psicológico) e bem pode ser colocado ao nível de Freud pela agudeza
de observação e o arrojo da criação de uma terminologia pitoresca e
memorável para descrever o que via.
Tal qual Freud, Potter observou e classificou muitos fenômenos da
frustração humana. A condição de sofrer uma frustração ele denomina
"perder um ponto", estar "um-abaixo" (one-down), ao passo que a
sensação estimulante causada pela remoção de uma frustração é
chamada "marcar ponto", "passar um-acima" (one-up). Porte do
princípio de que o homem tem o instinto inato de avançar daquele
estado para este. A técnica de efetuar esse deslocamento, chama "arte
de passar um-acima" (one-upmanship).
A principal diferença entre os dois homens está em que Potter
rejeita a doutrina de Freud, da motivação inconsciente. Explica o
comportamento humano em termos de um impulso consciente para
ultrapassar outras pessoas, triunfar das circunstâncias, e assim ficar
por cima. Potter nega, também, o dogma freudiano de que o paciente
frustrado necessita de ajuda profissional, e explana um tipo de
psicologia de cada-um-por-si. Ensina truques, tramas e macetes que,
adequadamente empregados, possibilitam ao paciente "passar um-
acima".
Para resumir as teorias de Potter, elegantemente apresentadas, os
Para-Cima, os Cidadãos do Mundo, os Jogadores, estão todos
empregando formas várias de atitudes odiosas para se elevarem nos
escalões das hierarquias sociais, profissionais, comerciais e
desportivas.
Potter escreve de forma tão divertida que o leitor tende a não
perceber a debilidade central de seu sistema, a presunção de que, uma
vez aprendidos suficientes truques, o Passador-Para-Cirna pode
continuar sempre a marcar pontos, passando permanentemente um-
acima.
Na realidade, não há arte de passar um-acima que leve alguém a
ultrapassar seu nível de incompetência. O único resultado da técnica
77
será ajudar a pessoa a chegar àquele nível mais cedo do que chegaria
de outra maneira. Uma vez ali, o homem está numa situação de "um-
abaixo" que não há carreirismo que resolva.
Só é possível atingir-se a felicidade duradoura evitando-se a última
promoção, escolhendo, a certa altura da subida, o ponto em que se
deve abandonar a arte de passar um-acima e pôr em prática, em seu
lugar, o que ele poderia ter chamado a arte-de-ficar-onde-está
(estaticismo) . Mostrarei mais adiante, no capítulo sobre a
Incompetência Criativa, como isso pode ser feito.
Entrementes, devo saudar Potter como um verdadeiro grande
teórico, que preencheu com mestria o espaço entre a Ética Freudiana e
o Princípio de Peter.
C. N. Parkinson, eminente cientista social, observou com precisão
e descreveu delicadamente o fenômeno do acúmulo de funcionários
nas hierarquias. Mas tenta explicar o que chama "a pirâmide que
cresce", partindo da suposição de que os empregados de níveis
superiores estão pondo em prática a estratégia de dividir para
conquistar, e deliberadamente tornam a hierarquia ineficiente como
meio de auto-engrandecimento.
Essa teoria é falha nos seguintes aspectos. Primeiro, admite
intenção ou propósito da parte de pessoas em posição de supervisão,
Minhas investigações mostram que muitos empregados de escalões
superiores são incapazes de formular quaisquer planos efetivos para
dividir, ou conquistar, ou lá o que seja.
Segundo, os fenômenos que Parkinson descreve — superemprego
e subprodução — muitas vezes são diametralmente opostos ao
interesse do pessoal de supervisão e direção. A eficiência cai tanto que
os negócios entram em colapso e os empregados responsáveis se veem
desempregados. Nas hierarquias governamentais podem ser
importunados e humilhados ante comissões parlamentares, ou
diretores de repartições, em inquéritos sobre desperdício e
incompetência. Não é admissível que se fossem prejudicar dessa
maneira.
Terceiro, igualando-se os demais fatores, quanto menos dinheiro se
gastar com salários de subordinados, maiores os lucros do negócio e
mais dinheiro disponível para salários, gratificações, dividendos e
vantagens para o staff de alto escalão. Se a hierarquia pode operar
78
eficientemente com mil empregados, a gerência não tem por que
empregar mil e duzentos.
Mas suponhamos que a hierarquia não esteja funcionando
eficientemente com seus mil empregados. De acordo com o Princípio
de Peter, muitos, ou a maioria, dos empregados mais antigos terão
atingido seus níveis de incompetência. Nada podem fazer para
melhorar a situação com o funcionalismo existente — cada um já está
fazendo o máximo que pode. Então, num esforço desesperado para
conseguir eficiência, empregam mais gente. Conforme ficou dito no
Capitulo 3, um aumento do número de empregados pode resultar em
melhora temporária, mas o processo de promoções, com o tempo,
produz seu efeito nos recém-chegados, que também sobem a seus
níveis de incompetência. Então, o único remédio aparente é outro
aumento de empregados, outro arranco temporário e outra descida
gradual para a ineficiência.
Eis por que não existe relação direta entre o volume do
funcionalismo e o montante de trabalho útil produzido. O acúmulo de
funcionários não pode ser explicado pela teoria conspiratória de
Parkinson : ela resulta de uma tentativa sincera, embora inútil, de
aumentar a eficiência, por parte dos membros superiores da
hierarquia.
79
Por exemplo, a Formação do T Voador.
80
Infelizmente, a investigação de Parkinson não vai suficientemente
longe. E bem verdade que o trabalho pode expandir-se para preencher
o tempo que lhe é destinado, mas pode expandir-se ainda muito mais.
Pode crescer além da vida da organização, e a companhia ir à falência,
um governo cair, urna civilização afundar no barbarismo, enquanto os
incompetentes prosseguem trabalhando. Temos assim que excluir,
com pesar, a teoria de Parkinson, tão atraente. Não obstante, ele
merece todos os louvores por haver chamado nossa atenção para
aqueles fenômenos que agora são, pela primeira vez, cientificamente
explicados pelo Princípio de Peter.
81
82
Capítulo IX
A Psicologia
da Hierarquiologia
"Céus! Inconscientes do desastre
As pequeninas vítimas brincam."
T. GRAY
83
No entanto, a questão do vislumbre é, em si, uma questão
interessante: "A que percepção de sua própria inutilidade chega o
indivíduo?" Minhas respostas a essa pergunta são subjetivas, não
tendo o valor científico que apresenta a média deste trabalho.
Na maioria dos casos encontrei poucos sinais de percepção real.
Mas algumas das minhas cobaias estavam fazendo análise e eu obtive
os relatórios psiquiátricos. Entrevia-se que os pacientes
racionalizavam, culpando outros por suas dificuldades.
Nos casos que chegaram a análise mais profunda, houve melhor
aceitação por parte da pessoa. Entretanto nunca observei, em um
indivíduo, a menor compreensão do sistema hierarquial, ou da
promoção como causa de incompetência ocupacional.
84
pequeno, mas um fracassado obscuro. Sua autoconfiança decaiu mais
ainda, tornando-o ainda menos capaz para supervisor.
85
nenhuma ação.
Os Investigadores de Fora
86
A colocação ao acaso hoje está em grande parte substituída pelos
exames e testes de aptidão. A atitude geral se expressa melhor na
sentença "Não desista, tente outra coisa".
Evidentemente, de nada adianta passar testes de aptidão se não se
dispõe de pessoa competente para corrigir as provas e interpretar os
resultados. Com manejo incompetente, o sistema de testes é apenas
forma disfarçada de colocação ao acaso.
Mas competentemente utilizados, os testes de aptidão têm sua
aplicação. Existem testes gerais de aptidão e inteligência que
selecionam habilidade de linguagem, engenhosidade, capacidade de
computação, e assim por diante. Há testes de escritório que indicam
capacidade para lembrar números, copiar nomes e endereços, etc.
Outros testes classificam a pessoa quanto à habilidade mecânica,
inteligência social, capacidade artística, destreza física, raciocínio
científico e persuasão.
Os resultados são, em geral, apresentados num "perfil",
representação gráfica da competência do empregado nas várias
proficiências. Eis um perfil:
87
de persuasão, e tem também alta inteligência geral.
Briza foi empregado como vendedor e mais tarde teve duas
promoções: primeiro para Gerente Distrital de Vendas, quando ainda
passava a maior parte de seu tempo realizando vendas, depois para
Gerente Geral de Vendas, posto de supervisão e organização.
Vejam que sua marca mais baixa, bem abaixo da média, é
capacidade de organização. Pois esta é a faculdade que agora usa
diariamente. Por exemplo, seus vendedores são distribuídos
arbitrariamente. A. Esmo, vendedor inexperiente, foi mandado entrar
em contato com dois importantes clientes novos e conseguiu perder
não só as vendas como as boas relações. Hajmal Andro, empregado
novo que conseguira um recorde espetacular de vendas, foi promovido
a gerente distrital de vendas. Demonstrou pouco interesse por seus
vendedores. Seus métodos de manipulação, calculistas e astuciosos,
reduziram o moral de seus homens a um nível abaixo de zero.
C. Briza também administrava mal o trabalho de escritório. A
extensão e a topografia dos territórios de venda não guardavam
qualquer relação com o transporte, o volume de negócios ou a
experiência e capacidade do vendedor. Seus memorandos e registros
estão além da compreensão, e sua mesa é uma barafunda de papel.
Tal qual prevê o Princípio de Peter, sua carreira evoluiu da
competência para a incompetência.
As Pesquisas de Eficiência
88
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que os especialistas
investigadores também estão sujeitos ao Princípio de Peter. Chegaram
a suas posições pelos mesmos processos de promoção que
desmantelaram a organização ora em exame. Muitos deles estarão em
seus níveis de incompetência. Mesmo que enxerguem deficiências,
serão incapazes de corrigi-las.
89
Antiguidade numa hierarquia. Isso favorece automaticamente
a promoção de empregados com Pistolão, ou facilita sua
colocação inicial.
2) Uma das recomendações prediletas dos consultores de
eficiência é a designação de um coordenador entre dois
funcionários incompetentes ou dois departamentos
improdutivos.8 Falácia muito popular entre esses especialistas
e seus clientes é que "Incompetência coordenada é igual a
competência".
3) A única recomendação que realmente produz melhoria de
rendimento é "Empreguem mais gente". Em alguns casos, os
novatos farão o trabalho que não está sendo realizado pelos
velhos empregados que atingiram seu nível.
O consultor gerencial eficiente sabe disto, e recomenda vários
arabescos laterais e sublimações percucientes de incompetentes de alto
nível, além de esfoliação hierarquial de subordinados
superincompetentes. Consultores competentes fazem também úteis
recomendações concernentes a práticas de pessoal, métodos de
produção, dinâmica das cores, esquemas de incentivo e coisas assim,
capazes de aumentar a eficiência dos empregados competentes.
Incompetência Compulsiva
8
Uma pesquisa entre os especialistas em eficiência revela que designações de
coordenador, arabescos laterais e sublimações percucientes são sempre bem aceitos pela
gerência.
90
de incompetência.
Por outro lado, o aparecimento de um líder sindical competente ou
de um grande reitor de universidade, demonstra simplesmente que
naquela hierarquia em particular, não há postos suficientes para ele
atingir seu nível. Tais pessoas denotam Competência Apicilar.9
Observei que esses competentes apicilares frequentemente não se
satisfazem permanecendo em sua posição de competência. Não podem
ascender a uma posição de incompetência — já estão no topo — daí
terem a forte tendência de saltar para outra hierarquia — digamos; do
exército para a indústria, da política para a educação, do teatro para a
política, e assim por diante — e atingir, no novo ambiente, aquele
nível de incompetência que não puderam encontrar no antigo. Isso é
Incompetência Compulsiva.
9
Nossos registros contém uns poucos casos notáveis de Competência Apicilar Multimodal
— indivíduos que poderiam estar no ápice de várias hierarquias ao mesmo tempo. A.
Einstein é um exemplo desse fenômeno. Foi um pensador altamente competente, que
dotou a ciência com uma teoria especial e geral de relatividade. Ficou também evidenciado
que Einstein era altamente competente no setor da moda masculina. Seu estilo de
penteado e o vestir displicente criaram uma onda seguida pela juventude até os dias de
hoje. Considerando o que realizou no mundo da moda, sem esforço, imagine-se o que teria
feito se realmente quisesse.
91
considerando a mudança que há de levá-los, mais tarde, à
incompetência compulsiva.
92
93
Capítulo X
A Espiral de Peter
"Vivemos todos por demais em círculo."
B. DISRAELI
94
lucros. Satisfazer os clientes, garantindo um produto de alta qualidade.
Contentar os empregados pela manutenção de um bom nível salarial e
condições de trabalho seguras e confortáveis. Atender a comunidade,
cumprindo certas obrigações sociais e familiares. No esforço de
acomodar tantas exigências conflitantes, desgastou-se fisicamente.
Aumentos de equipe ou conselhos de repouso não poderiam reduzir o
tributo das funções de executivo.
Calculando a Incógnita
95
A Mente Domina a Matéria
A Incompetência Classificada
Esforço Inútil
A Matemática da Incompetência
96
97
Capítulo XI
A Patologia do Sucesso
"Desgraça Pouca é Bobagem"
Um Passo Ousado
10
Aquilo que sociólogos ou médicos comuns chamam "sucesso", o hierarquiologista
considera como a posição final.
98
2) "Que conselhos ou tratamento, havendo, prescreve o
senhor aos pacientes do grupo do sucesso?"
99
Percebi — e já agora o leitor está capacitado a concluir — que tais
sintomas indicam a incompetência constitucional dos pacientes para o
nível de responsabilidade a que chegaram.
11
"Recorrer ao Capítulo 5 para meios infalíveis de distinguir entre a Síndrome de Posição
Final e a Síndrome de Pseudoconsecução."
100
Três Erros Médicos (a)
101
— "A menos que vá mais devagar, você vai ter um ataque realmente
sério."
Tudo em vão. O cliente só pode mesmo "continuar assim". A única
coisa capaz de mudar-lhe o modo de vida seria uma promoção, e essa
não virá, pois ele já atingiu seu nível.
Outra linha de conselhos muito usada é a exortação à abstinência.
— "Entre em dieta."
— "Corte a bebida."
— "Deixe de fumar."
— "Acabe com as noitadas."
— "Contenha um pouco a vida sexual."
Isso, em geral, não adianta. O paciente de S.P.F. já anda deprimido
porque não tem prazer no trabalho. Por que deixar os poucos prazeres
que tem fora dele?
Além disso, muitos julgam haver certa aura de competência
associada à complacência abundante para com prazeres físicos. Ela se
reflete em expressões como "Ele tem um apetite que é uma beleza",
"É um grande galanteador," ou "O homem sabe beber". Tais elogios
são duplamente agradáveis a um homem que pouco mais tem a
elogiar-se; vai ser difícil desistir deles.
102
Três Erros Médicos (c)
103
Um Sinal Sinistro
104
105
Capítulo XII
Os Indicadores Extramédicos
da Posição Final
"Como posso discernir os prenúncios e os sinais?"
H. W. LONGFELLOW
A Tabulologia Anormal
Fonofilia
106
utilizar duas ou mais dessas engenhocas ao mesmo tempo, sinal
infalível de fonofilia galopante. Tais casos degeneram rapidamente e
são considerados incuráveis.
(Aliás, a fonofilia, nos dias que correm, é cada vez mais
encontradiça entre mulheres que atingiram seu nível de incompetência
como donas de casa. O caso típico é um complicado sistema
microfone-áudio-controle-telefone, instalado na cozinha, permitindo à
tal dona de casa manter-se em contato fácil, constante e simultâneo,
com a sala de estar, a lavanderia, o alpendre do quintal, o restaurante,
as vizinhas e a mamãe.)
Papirofobia
O papirófobo não tolera livros e papéis em sua mesa ou, nos casos
extremos, em lugar nenhum do escritório. Provavelmente cada folha
de papel é para ele uma lembrança do trabalho que é incapaz de
realizar: não admira que lhe deteste a simples vista! Mas faz da fobia
uma virtude e, "mantendo a mesa limpa", como diz, tenta criar a
impressão de que despacha seus assuntos com incrível rapidez .
Papiromania
Arquivofilia
107
Gigantismo Tabulatório
Tabulofobia Privada
Manifestações Psicológicas
Autocomiseração
Rigor Cartis
108
Nos empregados em nível de incompetência, tenho frequentemente
assinalado o Rigor Cartis, um interesse anormal pela confecção de
organogramas e fluxogramas; e uma encanzinada insistência em
canalizar cada pequenino assunto estritamente de acordo com as
linhas e flechas da carta, pouco importando as demoras e perdas que
daí resultem. A vítima do Rigor Cartis muitas vezes exporá suas cartas
e gráficos ostensivamente pelas paredes do escritório, e será visto de
vez em quando perdido em contemplação frente a seus ícones.
Alternação Coativa
A Síndrome de Gangorra
109
lados. Racionalizará essa indecisão por meio de sérias alusões ao
"processo democrático" ou à "visão longa no tempo". Em geral, trata
os problemas que lhe chegam engavetando-os, até que alguém tome
uma decisão ou seja tarde demais para uma solução.
Noto, a propósito, que as vítimas da gangorra muitas vezes são
também papirófobos, e têm, portanto, que encontrar meios de livrar-se
dos papéis. Para isto, em geral, adotam a técnica de Passar Adiante a
Bola, para Baixo, para Cima e para Fora.
No Passe para Baixo, os papéis são remetidos a um subordinado
com a ordem "Não me traga ninharias". O subordinado é intimado,
então, a tomar decisões que de fato estão acima de suas
responsabilidades.
O Passe para Cima requer alguma habilidade: a vítima da gangorra
deve examinar o caso até encontrar algum pequeno ponto que saia um
pouco do ordinário e justifique o encaminhamento para o escalão
superior.
O Passe para Fora pode exigir simplesmente a reunião de uma
comissão composta dos pares da vítima, seguindo-se a decisão da
maioria. Uma variante é o Passe Diversionário para o Zé-Povo:
remeter os documentos para alguém que levará a efeito uma pesquisa
de opinião para descobrir o que pensa do assunto o cidadão médio.
Um paciente da Síndrome de Gangorra, funcionário público,
resolveu seu problema de maneira original. Quando tinha um caso que
era incapaz de decidir, simplesmente retirava a pasta do escritório, à
noite, e a jogava fora.
Um Caso Clássico
110
Tem-se como certo que N. Bonaparte, no fim de sua carreira,
começou a julgar homens pelo tamanho do nariz, e concedia
promoção apenas aos mais narigudos.
Algumas vítimas dessa obsessão podem fixar suas infundadas
antipatias em tolices como a forma de um queixo, um sotaque
regional, o talhe de um casaco, o tamanho de um nó de gravata.
Competência ou incompetência no trabalho é coisa ignorada. Chamo
esse preconceito de Transferência Cesárea.
Inércia Cachinatória
Estruturofilia
111
sofre de estruturofilia e portanto sua recomendação ao doador é "Dê-
nos um novo edifício". Os curadores de igrejas, conselheiros de
escolas e as juntas das fundações podem ver-se na mesma situação de
complexo. Encontram tanta incompetência nas profissões, que acham
preferível investir em edifícios, não em especialistas ou programas.
Tal como em outros complexos psicológicos, disso resultam
comportamentos bizarros.
Qual é Qual
112
Tiques e Manias
Fundindo a Cuca
113
as situações, talvez com umas poucas mudanças de adaptação à
plateia.
Em meu Projeto de Pesquisa das Cestas de Papel e Latas de Lixo
de Executivos12* apareceram as seguintes anotações, fragmentos
evidentes do rascunho de um Discurso de Uso Geral. O autor disto já
tem problemas suficientes para que eu ainda vá identificá-lo. Minha
causa é a educação, não a humilhação. Eis os apontamentos:
114
fixamente voltadas para nossa herança de tradições, e para o
culto de nossa história, que é onde hoje e sempre está nossa
verdadeira força.
115
116
Capítulo XIII
13
Quociente de Promoção: expressão numérica das perspectivas de promoção
do empregado. Quando o QP desce a zero, ele está inteiramente desqualificado
para promoção. O QP está minuciosamente explicado na monografia inédita O
P e r fil de P e te r , que trata dos aspectos matemáticos da incompetência.
117
Julga que trabalhando mais dominará as dificuldades iniciais de
sua nova posição, e se tornará competente. Maltrata-se, então, sem
pena; perde a hora do cafezinho, trabalha na hora do almoço e leva
trabalho para casa à noite e nos fins de semana.
Sucumbe logo à Síndrome de Posição Final.
A Substituição: Um Salva-Vidas
118
técnica é a busca de especialistas em lugar dos vivos, a procura de
precedentes.
119
realmente útil.
120
Usando plantas em larga escala do edifício, elaborou um refinado
sistema de tráfego. Mandou pintar linhas e setas de várias cores nos
pisos e paredes, e fechou questão por uma rígida observância de suas
leis de fluxo. Nenhum aluno podia atravessar uma linha branca.
Digamos que um menino, durante um tempo de aula, tivesse que levar
um recado de sua sala para a sala em frente. Não podia atravessar a
linha existente no meio do corredor: tinha de caminhar até a
extremidade do corredor, contornar a ponta da linha e voltar pelo
outro lado.
Dutor passava boa parte do tempo rondando pelo edifício, atento a
violações de seu sistema; escreveu muitos artigos sobre o esquema,
em publicações profissionais; levou a percorrerem o edifício grupos
visitantes de educadores Especializados-em-Faceta-Lateral; no
momento, escreve um livro sobre o assunto, cheio de ilustrações,
figuras e fotografias.
Está ativo e satisfeito, gozando de boa saúde, sem o mais leve
indício da Síndrome de Posição Final. Outro triunfo da Especialização
em Faceta Lateral!
121
Anotem que embora essa técnica cause satisfação a quem a usa,
isso não quer dizer que necessariamente satisfaça o empregador!
O Placebo de Peter é muito conhecido dos políticos em todos os
níveis. Eles não perdem oportunidade de falar sobre a importância, a
sacrossantidade, a fascinante história do sistema democrático (ou do
sistema monárquico, ou do sistema comunista, ou do sistema tribal,
conforme o caso), mas não fazem grande coisa no sentido de cumprir
com os deveres de sua posição.
A técnica também é muito usada nas artes. A. Fresco, pintor de
Excelsior City, produziu algumas telas, depois pareceu perder a
inspiração. Fundou, então, sua carreira de conferencista sobre o valor
da arte. Típico é o Escritor de Mesa de Bar, que senta pelos cafés o dia
inteiro, em seu país ou no exterior, charlando sobre a importância de
escrever, as falhas dos outros escritores, e as grandes obras que ele
próprio vai escrever um dia.
122
Os conselhos diretores de universidades, os grupos de
assessoramento e comissões de inquérito governamentais, são
excelentes regiões de caça para os Completo-Irrelevantistas.
Em hierarquias industriais e comerciais, esta técnica só se assinala
nos mais elevados escalões. Porém nas hierarquias domésticas, ela é
excessivamente comum ao nível das donas de casa. Muitas senhoras
que atingiram seu nível de incompetência como esposas e/ou mães
conseguem uma Substituição feliz e bem sucedida devotando todo seu
tempo e energia à Completa Irrelevância e deixando que os maridos e
filhos cuidem de si próprios.
123
pesquisando para sua História da Emolduração de Quadros. Segundo
as últimas informações, Carpenter compreendeu que jamais aprenderá
tudo que existe sobre molduras; decidiu concentrar seus estudos nos
vários tipos de cola que têm sido ou podem ser usados na emolduração
de quadros.
Certo historiador tornou-se a maior autoridade mundial sobre os
primeiros trinta minutos da Reforma.
Vários médicos firmaram reputações estudando alguma doença da
qual existem apenas três ou quatro casos conhecidos, enquanto outros
tornaram-se especialistas que tratam apenas de uma pequena área do
corpo.
Um acadêmico incompetente para entender o significado e valor de
um trabalho literário, pode escrever um tratado com o título "Um
Estudo Comparativo Sobre o Uso da Vírgula nas Obras Literárias de
Otto Garatujuan".
Substituição Recomendada
124
125
Capítulo XIV
Incompetência
Criativa
"Faça sempre uma coisa a menos
do que acha que pode."
B. M. BARUCH
Um Exemplo Interessante
126
atendendo. Porém era feliz como oficial de carpinteiro. Não tinha
preocupações: podia deixar o emprego às quatro e meia de cada dia.
Sabia que, chefe de turma, passaria as noites e fins de semana
preocupado com o trabalho do dia seguinte e da semana seguinte. Por
isso, recusava firmemente a promoção.
Leve-se em conta que C. Rador era solteiro, sem parentes
próximos e dado a poucos amigos. Podia agir como bem entendesse.
127
jardinagem. Descobri que J. Verdi, o jardineiro, era um homem feliz e
ameno, cheio de afeição por suas plantas e de cuidados com suas
ferramentas. Fazia aquilo de que mais gostava: jardinagem.
Ira competente em todos os aspectos de seu trabalho, exceto num:
quase sempre extraviava, ou preenchia mal, recibos e canhotos de
entrega do material que recebia, embora manejasse requisições
bastante bem.
A falta dos talões de entrega irritava o departamento do
contabilidade, e Verdi foi repreendido mais de uma vez pelo gerente.
Suas explicações eram vagas.
— Acho que plantei os papéis junto com as mudas.
— Talvez os ratos da sementeira tenham comido os talões.
Devido a sua incompetência com o trato dos papéis, Verdi não foi
considerado para o posto quando se precisou de um novo encarregado
Entrevistei Verdi inúmeras vezes. Polido e cooperativo, insistia em
que a perda dos documentos era acidental. Conversei com a esposa de
Verdi. Disse-me ela que Verdi mantinha registros perfeitos e
completos de seus trabalhos caseiros de jardinagem, sendo capaz de
calcular o custo do que quer que produzisse na estufa ou tio jardim
Um Caso Paralelo?
128
profissional, mas nunca foi cogitado para vice-diretor. Isso me
espantou, e comecei a fazer perguntas. Um alto funcionário explicou-
me: Trâneo não desconta seus cheques de pagamento. A cada três
meses, temos de lembrá-lo que seria conveniente para nós se ele
descontasse os cheques para que pudéssemos manter a escrita em dia.
Eu simplesmente não entendo uma pessoa que não desconta seus
cheques.
Interroguei um pouco mais.
— Não, não! Nós não desconfiamos dele — foi a resposta. — Mas
evidentemente, conjeturamos se terá alguma fonte de renda particular.
— Os senhores suspeitam de que possa estar envolvido em
quaisquer atividades ilegais? — perguntei.
— Absolutamente não! Não temos o menor indício contra ele. Um
ótimo professor! Excelente pessoa! Uma reputação ilibada!
A despeito desses desmentidos, tirei a conclusão de que a
hierarquia não pode confiar num homem cujas finanças são tão bem
administradas que dispensam a necessidade de sair correndo para o
banco a descontar ou depositar seu cheque de salário a fim de pagar as
contas. Em suma, S. Trâneo mostrara-se incompetente em comportar-
se como se espera que um empregado normal se comporte; estava fora
de cogitações para promoção.
Seria mera coincidência que S. Trâneo gostasse tanto de ensinar e
não desejasse uma promoção que lhe traria obrigações
administrativas?
Eureka!
129
Este é um meio infalível de evitar a promoção final; esta é a chave
da saúde e da felicidade no trabalho e na vida particular; isto é
Incompetência Criativa.
Abandone o Comum
130
Recusar o pagamento de sua cota no Fundo Social da firma ou do
departamento; não tomar café no intervalo do cafezinho; trazer sua
marmita, num emprego em que todos almoçam fora; desligar
persistentemente o ar refrigerado e abrir as janelas; negar-se a
contribuir para presentes de casamento e aposentadoria; um mosaico
de excentricidade arredia (o Complexo de Diógenes) criará o
montante exato de suspeita e desconfiança que o desqualificará para
promoção.
14
Pelo menos julgo tê-los observado. A marca da perfeita Incompetência Criativa é
ninguém, nem mesmo o hierarquiologista adestrado, ter certeza de que não se trata de
incompetência comum.
131
Aniversário do Fundador da Firma. A moça recém-formada numa
escola de aperfeiçoamento europeia, e F. nunca a vira antes da festa. E
claro que não conseguiu a moça e, evidentemente, desqualificou-se
para promoção, depois de tão descarada tentativa de golpe-do-baú.
A Srta. L., da mesma firma, conseguiu ofender a esposa do chefe,
na mesma festa, imitando-lhe, ao alcance do ouvido, a risada peculiar.
O Sr. P. obteve de um amigo que lhe fizesse uma falsa chamada
telefônica para o escritório. Com todos os colegas ouvindo e
assistindo, P. reagiu dramaticamente, pediu "piedade" e "mais tempo",
e suplicou:
— Não diga a minha esposa. Se ela descobrir é capaz de morrer.
Teria sido apenas uma das brincadeiras de mau gosto de P., ou uma
inspirada peça de Incompetência Criativa?
Precaução Importante
132
O detido estudo do Capítulo 12 proverá o leitor com bom número
de ideias para a formulação de seu próprio tipo de Incompetência
Criativa. Ademais devo enfatizar a capital importância de se esconder
o fato de que se quer evitar uma promoção!
Como dissimulação, o leitor pode mesmo dar-se o luxo de, uma
vez que outra, resmungar mansamente para os colegas:
— Diabo de coisa engraçada como alguns conseguem promoção
nesta empresa, enquanto outros são passados para trás!
Tendes Coragem?
133
134
Capítulo XV
A Ampliação Darwiniana
"Os mansos possuirão a Terra."
JESUS DE NAZARÉ
135
nível de humanidade).
Outras espécies tiveram muitas promoções, para no fim atingirem
seus níveis de incompetência existencial. O dinossauro, o tigre de
dentes-de-sabre, o pterodáctilo, o mamute, surgiram e vicejaram em
virtude de certas qualidades — corpulência, caninos, asas, presas. Mas
as próprias qualidades que a princípio lhes garantiram promoções
levaram-nos, por fim, à incompetência. Pode-se dizer que a
competência traz sempre em si o germe da incompetência. A bonomia
vulgar do General Goodwin, a falta de originalidade da Srta. Idênia, a
personalidade dominante do Sr. Petuos — eram qualidades que lhe
valeram a promoção; essas mesmas qualidades mais tarde
constituíram obstáculo a qualquer nova promoção! Assim, várias
espécies animais, após eras de promoção constante, atingiram seus
níveis de incompetência e tornaram-se estáticas, ou chegaram à
superincompetência e se extinguiram.
O mesmo aconteceu a muitas sociedades humanas e civilizações.
Alguns povos que floresceram em estado colonial, sob a tutela de
nações mais fortes, mostraram-se incompetentes quando receberam a
promoção do autogoverno. Outras nações, que tão competentemente
cuidaram de si como cidades-estados, repúblicas ou monarquias,
foram incompetentes para sobreviver como potências imperiais.
Civilizações que medraram na dureza e na adversidade, resultaram
incompetentes em resistir às tensões do sucesso e da afluência.
E que dizer da raça humana como um todo? Engenhosidade é a
característica que conquistou para a humanidade promoção após
promoção. Terminará essa engenhosidade constituindo obstáculo a
novas promoções? Chegará mesmo a levar a humanidade à condição
de superincompetência (vide Capítulo 3), assegurando, assim, sua
pronta dispensa da hierarquia existencial?
1 Regressão Hierarquial
136
sistema escolar típico, no que concerne aos professores que o
compõem. Olhemos agora a escola sob o ângulo de como afeta os
alunos.
O sistema escolar de antigamente era a lídima expressão do
Princípio de Peter. Um aluno era promovido, série por série, até que
chegava ao seu nível de incompetência. Dizia-se, então, que fora
"reprovado" na 2.ª série ou na 4.ª série etc. Tinha que "repetir o ano";
quer dizer, era obrigado a permanecer em seu nível de incompetência.
Em alguns casos, porque a criança se estava desenvolvendo
mentalmente, sua competência intelectual aumentaria no ano da
repetição, tornando-a, novamente, passível de promoção. Caso
contrário, seria "reprovada" outra vez, e "repetiria" outra vez.
(Convém notar que essa "reprovação" é o mesmo a que, nos
estudos profissionais, denominamos "sucesso", ou seja, a consecução
da posição final no nível de incompetência.)
Os funcionários escolares não gostam desse sistema: são da
opinião de que a acumulação de estudantes incompetentes baixa os
padrões da escola. Disse-me um administrador:
— Quisera eu poder passar todos os alunos fracos e reprovar os
brilhantes; isso elevaria os padrões e as notas melhorariam. Esse
amontoado de maus alunos, ao reduzir o desempenho médio, baixa os
padrões de minha escola.
Uma política tão extrema não será, em geral, tolerada. Daí, para
evitar o represamento de incompetentes, os administradores
maquinaram o plano de promover todo mundo, tanto os incompetentes
como os competentes. Encontram justificação psicológica para essa
política, dizendo que assim se poupam os estudantes da dolorosa
experiência de um fracasso.
Na realidade, o que estão simplesmente fazendo é aplicar a
sublimação percuciente aos alunos incompetentes.
O resultado dessa sublimação percuciente por atacado que a
formatura no ginásio pode vir a representar o mesmo nível de avanço
escolar que, faz alguns anos, era representado pela aprovação na 2.ª
Série. Com o tempo, a formatura vai igualar-se, em valor, ao nível da
1.ª Série, depois ao do Admissão, etc.
Esse fenômeno é o que chamo regressão hierarquial.
137
Resultados da Regressão Hierarquial
16
Vale a pena ressaltar que a regressão hierarquia) não constitui um fenômeno
inteiramente moderno. Há muitos anos, a alfabetização, em si, era tida e havida como
certidão de competência para muitas posições de importância. Depois, foi-se verificando a
existência crescente de idiotas alfabetizados, de maneira tal que os empregadores
começaram a levantar seus padrões — 3.° ano, 5.° ano, etc. Cada um desses estágios
começou sendo um certificado de competência; com o tempo, todos acabaram
considerados atestados de incompetência.
138
engenheiros, cientistas, sacerdotes, professores, automóveis, maçãs,
astronautas, sabe-se lá o quê, os padrões de aceitação necessariamente
caem: estabelece-se a regressão hierarquial.
O leitor, na qualidade de consumidor, empregador, artesão ou
professor, sem dúvida enxerga os resultados da regressão hierarquial.
Voltarei ao assunto mais adiante, para sugerir meios de como pode ela
ser controlada.
2 Incompetência Computadorizada
139
ordem de compra, o computador foi instalado e a equipe "excedente"
dispensada.
Mas Fogg percebeu logo que o trabalho da firma não estava sendo
manipulado tão bem, nem tão depressa, como antes. Havia dois
aspectos do uso de um computador que ele não entendera bem. (Pelo
menos não compreendera que se aplicariam a suas operações).
a) Um computador enjeitar qualquer instrução menos clara,
simplesmente pisca as luzes e fica esperando esclarecimento.
b) O computador não tem tato. Não adula. Não usa de
julgamento. Nunca diz "Sim, senhor; agora mesmo, senhor!"
ante uma instrução errada, depois sai e faz certo o que tem
que fazer. Simplesmente segue as ordens erradas, contanto
que sejam claras.
O negócio de Fogg decaiu rapidamente, e em um ano sua
companhia estava falida. Ele sucumbira vitimado pela Incompetência
Computadorizada.
Três Observações
140
programado. Esta espécie de incompetência jamais pode ser
eliminada, pois o Princípio de Peter aplica-se às fábricas onde os
computadores são planejados e construídos.
Mesmo quando é competente, o computador amplia enormemente
os resultados das incompetências de seus donos ou operadores.
O computador, qual o empregado humano, está sujeito ao Princípio
de Peter . Se começa realizando bem, há uma forte tendência para
promovê-lo a tarefas de maior responsabilidade, até que atinge seu
nível de incompetência.
Os Sinas Interpretados
141
fuligem e nevoeiro. A terra e a água estão envenenadas de pesticidas,
a ponto de matarem pássaros, abelhas, peixes e rebanhos. O campo é
um despejadouro de lixo e carros velhos.
Isso é o progresso! Temos feito tanto progresso que não podemos
sequer falar confiantes na perspectiva de sobrevivência humana.
Estiolamos a promessa deste século e convertemos os milagres da
ciência num túnel dos horrores, onde um holocausto nuclear pode ser
a armadilha fatal para toda a espécie humana. Se continuarmos
febrilmente a planejar, inventar, construir e reconstruir mais desse
progresso, atingiremos o nível de Incompetência Existencial Total.
Os Remédios de Peter
142
Eis o que ofereço:
1. A Profilaxia de Peter — meios para evitar-se a promoção ao
nível de incompetência.
2. Os Paliativos de Peter — para aqueles que já atingiram seus
níveis de incompetência, meios de prolongar a vida e manter
a saúde e a felicidade.
3. Os Placebos de Peter — destinados à supressão dos sintomas
que compõem a Síndrome de Posição Final.
4. A Prescrição de Peter — curas para os males do mundo.
143
O leitor pode aplicar o poder do pensamento negativo. Pergunte a
si próprio: Gostaria eu de trabalhar para o chefe do meu chefe?
Mire, não ao seu chefe, a quem julga que poderia substituir, mas ao
chefe dele. Até que ponto seria bom trabalhar para o homem dois
degraus acima de você? A resposta a esta questão muitas vezes tem
resultados profiláticos.
No trato com a incompetência em escala municipal, nacional ou
mundial, o poder do pensamento negativo detém grande potencial.
Consideremos, por exemplo, os méritos de um dispendioso
programa de exploração submarina. Antevejamos os desconfortos e
perigos da vida no fundo do mar; olhemos o contraste com o conforto
e a segurança de uma tarde à beira da piscina, ou de uma festa na
praia, à noite.
Ponderemos o mau cheiro, o mau ambiente e os perigos encerrados
na aspersão de pesticidas pelo mundo inteiro; comparemo-lo com o
prazer simples e o exercício terapêutico de borrifar o jardim à mão.
O poder do pensamento negativo pode ajudar a evitar que nos
elevemos a um nível de incompetência existencial e, portanto, a
prevenir a destruição do mundo.
144
Promoção na hierarquia das viagens deveria avançar o homem de
viajor terrestre para viajante espacial. Mas isto seria escalar por
escalar. O homem não tem necessidade de explorar a Lua, Marte ou
Vênus, pessoalmente. Já enviou radar, TV e instrumentos fotográficos,
que transmitem vividas descrições desses corpos celestes. Os relatos
sugerem que se trata de lugares aparentemente inóspitos.
O homem estaria muito melhor sem a promoção a viajante
espacial. Mas, como já tivemos oportunidade de ver, recusar uma
promoção não é coisa fácil. A maneira eficiente, segura e agradável, é
parecer não merecê-la: isto é incompetência criativa.
O homem tem, agora, chance de exibir incompetência criativa
neste campo da viagem espacial.17* Dá-se-lhe a oportunidade de
refrear sua perigosa engenhosidade e mostrar um pouco de sadia
incompetência.
Compete ao Leitor
17
Os erros, as demoras e os desastres ligados às viagens espaciais insinuam que o pessoal
envolvido pode, em realidade, estar praticando incompetência criativa. Friso que pode,
porque a marca da autêntica incompetência criativa é não permitir que o observador
afirme com certeza se a incompetência é deliberada ou não.
145
Existencial Total — digamos, pela poluição da atmosfera, a guerra
nuclear, a fome global ou a invasão de bactérias marcianas — seria de
bom juízo empregar a Profilaxia de Peter.
Pondo-se em prática o pensamento negativo e a incompetência
criativa, e dessa maneira evitando dar o passo final, aumentaria a
possibilidade de sobrevivência humana. A Profilaxia de Peter protege
contra as Promoções Patológicas.
146
tempo de deixar os estudos, ser-lhe-ia conferido um diploma de
Membro Vitalício do Instituto de Aperfeiçoamento Permanente.
Dessa maneira, o arabesco lateral afasta-o para o lado. Não há
interferência na instrução dos alunos que ainda estão subindo, nem se
degrada o valor dos títulos e certificados obtidos por esses alunos em
ascensão.
A técnica já comprovou eficiência para os indivíduos. Por que não
experimentá-la em larga escala no campo educacional? O Paliativo de
Peter protege contra a sublimação percuciente.
147
Que poderia resultar, para a espécie humana, da aplicação da
Prescrição de Peter?
A Profilaxia de Peter evitaria que milhões de pessoas chegassem a
seus níveis de incompetência. Em consequência, aqueles mesmos
milhões que, no sistema atual, estão frustrados e improdutivos, seriam
úteis e felizes membros da sociedade, a vida inteira.
Com os Paliativos e Placebos de Peter, os que já houvessem
atingido seus níveis de incompetência conservar-se-iam
inofensivamente ocupados, ditosos e saudáveis. Tal mudança
libertaria para o trabalho produtivo os milhões de pessoas atualmente
empregadas para cuidar da saúde e reparar os erros de todos aqueles
incompetentes.
E o resultado líquido? Um cabedal imenso de homens-hora, de
criatividade, de entusiasmo, à disposição de fins construtivos.
Poderíamos, por exemplo, criar sistemas de transportes seguros,
eficientes e confortáveis, para nossas grandes cidades. (Custariam
menos que naves lunares e serviriam a muito maior número de
usuários).
Poderíamos introduzir novas fontes de energia (p. ex., usinas com
base em fornalhas de escória, sem fumaça) que não poluíssem a
atmosfera. Assim, contribuiríamos para a saúde do povo, o
embelezamento de nossa paisagem e a maior visibilidade da paisagem
mais bela.
Poderíamos melhorar a qualidade e aumentar a segurança de
nossos automóveis, paisagear nossas estradas, pistas e freeways, dessa
maneira restaurando certa medida de segurança e prazer às viagens de
superfície.
Poderíamos aprender a repor em nossas terras a matéria orgânica
que enriquecesse o solo sem envenená-lo.
Muita sucata hoje amontoada seria aproveitada e convertida em
novos produtos, empregando-se um sistema de coleta tão complexo
quanto nossos atuais sistemas de distribuição.
Por outro lado, o refugo inútil poderia ser utilizado para obturar
minas a céu aberto, hoje abandonadas e reabilitar a terra para fins
construtivos.
Imagine o Leitor
148
O espaço não permite entrar em mais pormenores. O leitor sério
terá capacidade para divisar a aplicação da Prescrição de Peter à sua
vida e ao seu trabalho, 18 bem como à vida e ao trabalho de sua cidade,
do seu país, e do seu planeta.
Há que convir que o homem não pode atingir maior realização na
busca de quantidade pela qualidade: realizar-se-á, sim, pelo
aperfeiçoamento da qualidade da vida, em outras palavras, pela fuga à
incompetência existencial.
A Prescrição de Peter oferece melhoria à qualidade da vida, em
lugar da irracional promoção ao oblívio.
18
Apliquei-a à educação. (Vide Prescriptive Teaching, de Laurence J. Peter. Nova Iorque:
McGraw-Hill Book Co., 1965).
149
GLOSSÁRIO
150
12.
Coordenador — funcionário com a missão de extrair competência de
incompetentes.
Corolário de Peter — No tempo, cada posto tende a ser ocupado por
alguém que é incompetente para suas funções.
Cume Flutuante Livre — supervisor sem subordinados. Cap. 3.
Drible de Peter — circunvenção, contorno, ultrapassagens de um
supertitular. Cap. 4.
Empistolado — empregado que tem Pistolão. Cap. 4.
Esfoliacão Hierarquial — descarte de empregados supercompetentes
e superincompetentes. Cap. 3.
Especialização Restringente — técnica de Substituição. Cap. 13.
Especialização em Faceta Lateral — técnica de Substituição. Cap. 13.
Espiral de Peter — curso sem progresso, seguido pelas organizações
afetadas pela incompetência de alto nível. Cap. 10.
Estaticismo — a oportuna renúncia à Arte de Passar Um-Acima. Cap.
8.
Estudar Métodos Alternativos — técnica de Substituição. Cap. 13.
Exceções — não há exceções ao Princípio de Peter.
Fator Antiguidade — pressão para baixo, oposta ao movimento
ascensional dos empregados competentes.
Fonofilia — desejo anormal de posse e uso de aparelhos de
transmissão e gravação da voz. Cap. 12.
Gargantuan Monumentalis — síndrome dos cemitérios-parque
gigantescos, lápides enormes, grandes mausoléus. Cap. 12.
Gigantismo Tabulatório — obsessão por mesas grandes. Cap. 12.
Hierarquia — organização cujos membros ou empregados se dispõem
em ordem de posto, graduação ou categoria.
Hierarquia feudal, ou de Quéops — estrutura piramidal com muitos
empregados de grau baixo e poucos empregados de grau alto. Cap. 8.
Hierarquiologia — uma ciência social, o estudo das hierarquias, sua
estrutura e funcionamento, alicerce de toda a ciência social.
Hierarquiologia Comparada — um estudo incompleto. Capítulo 7.
Hierarquiologia Universal — campo de estudo ainda não penetrado.
Cap. 7.
Igualitarismo — sistema social que assegura a ação mais livre e mais
rápida do Princípio de Peter. Cap. 7.
151
Imagem Suplanta Desempenho — técnica de Substituição. Cap. 13.
Inércia Cachinatória — dizer piadas em vez de trabalhar. Cap. 12.
Incompetência — quantidade nula: incompetência mais incompetência
igual a incompetência. Cap. 10.
Incompetência Compulsiva — condição exibida por Competentes
Apicilares. (Vide "Competência Apicilar").
Incompetência, Computadorizada — aplicação incompetente das
técnicas de computação, ou incompetência inerente a um computador.
Cap. 15.
Incompetência Criativa — incompetência fingida pede a oferta de
promoção indesejada. Cap. 14. Input — vide Aporte.
Interpretação Peteriana — aplicação da ciência hierarquiológica aos
fatos e ficções da História. Cap. 15.
Inutilidade — condição ocasionalmente percebida pelos empregados,
mais frequentemente pela gerência. Cap. 9.
Inversão de Peter — compatibilidade interna mais valorizada que a
eficiência. Cap. 3.
Invertido de Peter — pessoa para quem os meios tornaram-se fins.
Cap. 3.
Mansidão — técnica de Incompetência Criativa. Cap. 15. Nível de
Competência — numa hierarquia, posição em que um empregado faz
mais ou menos o que dele se espera.
Nível de Incompetência — posição numa hierarquia, em que um
empregado é incapaz de fazer o que se espera dele.
Nuance de Peter — diferença entre as síndromes de
Pseudoconsecução e de Locação Final. Cap. 5.
Ordem — "Primeira lei do Céu": base do instituto hierarquial. Cap. 8.
Output — vide Produção.
Padrinho — alguém que acelera a promoção de empregados abaixo
dele, na hierarquia. Cap. 4.
Paliativos de Peter — aliviam os sintomas de incompetência. Cap. 15.
Panela — que muitos mexem, alguns incompetentes. Capítulo 8.
Papirofobia — desejo anormal de ter a "mesa limpa". Cap. 12.
Papiromania — acumulação compulsiva de papelada. Capítulo 12.
Parada de Peter — recusa a uma promoção oferecida. (Não se
recomenda). Cap. 14.
Paradoxo de Peter — os empregados de uma hierarquia, na realidade,
152
não fazem objeções à incompetência de seus colegas. Cap. 4.
Partido — organização hierárquica destinada a selecionar candidatos
a cargos políticos. Cap. 7.
Passar Adiante a Bola, para Cima, para Baixo e para Fora —
técnicas para evitar responsabilidades. Capítulo 12.
Passe Diversionário para o Zé-Povo — esteio indevido na opinião
pública. Cap. 12.
Peso morto — em qualquer nível de uma hierarquia, acumulação de
empregados que atingiram seu nível de incompetência.
Pistolão — relacionamento de um empregado — por sangue,
casamento ou amizade — com a pessoa acima dele. Cap. 4.
Placebo de Peter — uma grama de imagem vale quilos de
desempenho. Cap. 13.
Plateau de Peter — o nível de incompetência.
Ponte de Peter — um teste importante: você consegue motivar seu
Padrinho? Cap. 4.
Ponto de Passagem de Peter — situação de caminho bloqueado por
um supertitular. Cap. 4.
Prescrições de Peter — curas para os males individuais e mundiais.
Cap. 15.
Primeiro Mandamento — "A hierarquia tem que ser mantida". Cap. 3.
Primeiro o que vem primeiro — técnica de Substituição. Cap. 13.
Princípio de Peter — Numa hierarquia, todo empregado tende a subir
até seu nível de incompetência.
Produção (Output) — o desempenho de trabalho útil. Capítulo 3.
Profilaxia de Peter — uma pitada de prevenção. Cap. 15.
Profissão Médica — grupo que demonstra apatia e hostilidade em
relação à hierarquiologia. Cap. 11.
Prognose de Peter — Dedique tempo suficiente à confirmação da
necessidade, e ela desaparecerá. Cap. 13.
Promoção — movimento para cima, partindo de um nível de
competência.
Prosperusdiabolusfobja — medo causado nos superiores quando um
subordinado demonstra que não é um "pobre-diabo" e tem potencial
de liderança. Cap. 6.
Protegido — vide "Empistolado".
Proto-hierarquiologistas — autores que poderiam ter contribuído para
153
o pensamento hierarquiológico. Cap. 8.
Provérbios — repositórios de falácias hierarquiológicas. Cap. 8.
Qualificado — qualquer empregado que cumpre bem suas funções
está qualificado para promoção.
Quociente de Madureza — Medida da ineficiência de uma hierarquia.
Cap. 7.
Quociente de Promoção — expressão numérica da possibilidade de
promoção. Cap. 13.
Remédios de Peter — meios de prevenir a incompetência existencial
total. Cap. 15.
Reprovação — vide "Sucesso".
Rigor Cartis — interesse anormal em cartas e gráficos, com
preocupação decrescente pelas realidades que os gráficos representam.
Cap. 12.
Santos — bons homens, mas polemistas incompetentes.
Segredo — a alma do Esforço. Cap. 5.
Síndrome de Gangorra — incapacidade de tomar decisões. Cap. 12.
Síndrome de Heep — grupo de sintomas indicativos de que o paciente
acredita em sua própria inutilidade. Observada por D. Copperfield,
descrita por C. Dickens.
Síndrome de Incompetência Existencial — causa de frustração. Cap.
8.
Síndrome de Posição Final — patologia ligada á colocação no nível
de incompetência. Cap. 11.
Síndrome de Pseudoconsecução — complicação de males
físicos resultante de esforço excessivo. Cap. 5.
Sublimação Percuciente — ser chutado para cima: uma
pseudopromoção. Cap. 3.
Substituição — técnica salva-vidas para empregados no Plateau de
Peter. Cap. 13.
Sucesso — locação final no nível de incompetência. Cap. 8.
Supercompetência — trabalhar bem demais; característica perigosa.
Cap. 3.
Superincompetência — completa falta de produção e aporte: motivo
para demissão. Cap. 3.
Supertitular — pessoa acima de você que, tendo chegado ao nível de
incompetência, bloqueia seu caminho para promoção. Cap. 4.
154
Tabulofobia Privada — incapacidade de tolerar a presença de mesas.
Cap. 12.
Tabulologia Anormal — estudo de arrumações inusitadas de mesas,
escrivaninhas, bancadas, etc. Cap. 12.
Teorema de Hull — "O Pistolão combinado de vários Padrinhos é
igual à soma dos Pistolões de cada um, multiplicada pelo número de
Padrinhos". Cap. 4.
Terapia Recreacional — tratamento para alívio da Síndrome de
Locação Final. Cap. 11.
Termos Emocionais — não se usam em hierarquiologia. Cap. 9.
Testes de Aptidão — meio muito popular de apressar a locação final.
Cap. 9.
Transferência Cesárea — preconceito, irracional contra uma
característica física. Cap. 12.
155
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